Gastronomia2+_140111
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SALVADOR SEXTA-FEIRA 14/1/20118 2GASTRONOMIA Biografia de Giulia Melucciregistra fiasco no amor e sucesso na cozinha
Paixões esabores paraguardar nalembrançaDANIELA CASTRO
É entre a cama e a mesa que boaparte da vida humana se de-senrola – cada um que faça suascontas e perceba quanto tempogasta entre comer, beber, dor-mir e fazer sexo.
Talvez por isso as conexõesentre o que se faz no quarto e nasala de jantar continuem ren-dendo novidades para as pra-teleiras das livrarias. Uma delasatende pelo nome de Amei, per-di, fiz espaquete – Memórias deboa comida e péssimos namo-rados, lançado no Brasil pelaeditora Record.
Trata-se de uma biografia danorte-americana Giulia Melucci,que revela suas duas vocaçõesessenciais já no título. Além decozinhar muito bem (ela é des-cendente de italianos e sabeapreciar o comer bem), a autorasofre da síndrome do ”dedo po-dre para homem”.
AutoironiaÉ, o livro é um relato dos fra-cassos amorosos de Giulia, queestudou numa escola só parameninas, até entrar na faculda-de, e sempre se sentiu um peixefora d’água por ter chegado aos23 anos pura e virgem.
Mas Amei... está longe de seraquela lenga-lenga baixo-as-tral. É claro que, volta e meia, aautora reflete sobre o que cha-
ma de “impulso de mulher-de-sesperada-para-ser-ama-da-por-homens-impossíveis”.Felizmente, ela também tem vo-cação para a autoironia.
Énessetomqueelaapresentaao leitor figuras como Ethan Bin-der, um judeu que “amava tudoque tinha a ver com comida e serconsultado sobre ela”. Esse aíGiulia conquistou a duras penas
Sarah Shatz / Divulgação
Com bom humor, autora revela a incontrolável mania de cozinhar para agradar os homens errados
RECEITABORBOLETAS DO PRIMEIROENCONTRO
INGREDIENTES2xícaras(115g)de farfalle1colherdesopadeazeitedeoliva1/2cebolamédiapicada1pitadadepimentacalabresa1lata(170g)deatumcomazeite1colherdesopadealcaparras1/2colherdechádesal3colheresdesopadevinhobrancoseco2colheresdesopadesalsinhaitalianapicadaPimenta-do-reinomoídanahora
PREPAROLeveumapanelagrandedeáguaaofogoalto.Quandoborbulhar, junteumagrandedosedesal,amassaetampeatéaáguaborbulhardenovo.Mexaalgumasvezes.Esquenteoazeitenumafrigideira,junteacebolaeapimentaefriteatéacebolaficartranslúcida.Escorraoatumejunte-oàscebolasedepoisasalcaparras,osaleovinho.Baixeofogoecozinheatéamassaficarpronta.Escorraamassaejunteomolho,salpiquecomazeitedeoliva,salsinhapicadaepimentapretamoída.
AMEI, PERDI, FIZ ESPAGUETE/ GIULIA
MELUCCI
Record/ 320 p. / R$ 44,90/www.record.com.br
–aempreitadadurou“noveme-ses e 27 refeições”.
Tem também Mitch Smith,um escritor de romances eró-ticos que exige que ela pague opróprio ingresso na primeira idaao casal ao cinema. Já MarcusCaldwell, um cartunista demeia-idade, anda de vespa equer casar com ela. Kam, o jor-nalista indiano, revela que é ca-
sado depois de duas semanasde encontros.
Inspirações culináriasTrocando em miúdos, ela só semete em roubada. Mas não con-segue controlar o impulso decozinhar em cada uma delas.“Todos os homens que passa-ram pela minha vida foram ins-pirações culinárias”, confessa.
Para provar que leva a coisatoda na esportiva, a autora ba-tiza a maioria das receitas queacompanham os relatos comnomes pra lá de sugestivos. Alista tem mais de 60 itens, entreos quais estão “borboletas doprimeiro encontro” (à base defarfalle), “risoto com coraçõesem camadas intrincadas” (comalcachofras), ”jantar para im-
pressionar um cavalheiro maisvelho” (filé grelhado) e “umapáscoa para os não crentes“(com carne de boi, é claro).
Lá para o final do livro, o leitorhá de rir como o tal “nhoquesem coito”, feito numa fase emque Giulia Melucci resolveu darum tempo para viver um caso deamor com uma igreja católicanemumpoucoortodoxa–bastadizer que, uma vez, ela tomoudrinques com o padre num baraté ficarem altos.
Isso, claro, antes de ela voltarà ativa, com figuras como o es-critor Lachlan Martyn, paraquem cozinhou o “coq au vincalmante” e ainda o “linguadoincendiário”.
Em nome do paiA autora também tira do baúlembranças do pai italiano, umotorrinolaringologista desacos-tumado ao afeto. Ela chega aconfessar ressentimento por elenunca ter lhe ensinado a falarsua língua. Mas o homenageiacom uma receita de minestrone,únicacoisaqueelesabiafazernacozinha.
Giulia aproveita para contar osegredo da sopa italiana e en-corajar o leitor: “Todos os ele-mentos eram cortados com aprecisão do cirurgião que eleera. Isso eu não consigo imitar,não importa quanto tente, mastalvez você possa”.
Ótimo ambiente para um menu mediano
Daniela CastroRepórter do 2+
Gostoso, gostoso mesmo é olugar. Instalado numa rua re-sidencial do Stiep, o restauranteMarinata tem no ambiente oseu maior trunfo: é arejado,agradável, elegante.
Até bucólico, já que parte dasmesas estão dispostas sob a co-pa de uma grande amendoeira.Mas quem escolhe ficar ali correo risco de ouvir um impropériodo garçom: “Tem certeza? aquidentro o senhor vai ser melhoratendido”. Hein?
Carros-chefesVê-se, então, que o atendimen-to é irregular. Educadíssimos namaioria das vezes, eles pecampor deixar escapar indelicade-zas como essa e por não co-nhecerem bem o menu da casa– pergunte o que vem num de-terminado prato e percebe al-guém te olhar como se você fos-se um alienígena.
Mas vamos ao que interessa.A degustação não pode dispen-sar um pão de alho, um doscarros-chefes da casa. Paga-seR$ 6,20 por uma “meia porção”,que pode satisfazer umas trêspessoas como antepasto.
Bem, pode satisfazer ou de-cepcionar. Isso depende doquanto o comensal seja apai-xonado por maionese, sabordominante na pasta que vemsobre a baguete fumegante. Oalho per si passa longe.
A polpeta, bolinho de carnetradicional na cozinha italiana,também está entre as entradas,podendo ser pedido individual-mente (R$ 5,90) ou em porção
de seis (R$ 24,60). Melhor tor-cer para ser seu dia de sorte.Caso contrário, receberá na me-sa um bolinho ressecado, mer-gulhado num molho de tomateque não parece tão fresco comoprometido no cardápio.
EsquecívelQuem seguir a trilha até o pratoprincipal pode apostar no filé àparmegiana (R$ 29,10 a porçãoindividual), outro bambambãdacasa.Mas,vamoscomcalma.É saboroso, mas não a ponto detorná-lo inesquecível.
Entre as massas, pode-se ar-riscar um promissor rondele demassa verde com mussarela, ri-cota, espinafre e nozes (o preçovaria de R$ 18,50 a R$ 34). Masnão vai além do razoável.
Na sobremesa, vale dar umagarfada na torta gelada de cho-colate (R$ 7,20). Mas é difícilentender porque a taça Mari-nata custa R$ 15: a fórmula con-siste em sorvete e cobertura in-dustrializados e um único sus-piro para decorar.
MARINATA (3341-6000) / RUA SOLIMÕES,
107, STIEP / WWW.MARINATA.COM.BR
Em atendimentoirregular, váriosgarçons servemuma mesma mesae não conhecem opróprio cardápio
CURTAS
Forneria renovada nocircuito Rio Vermelho
A forneria Quintano reabriu asportas no Parque Cruz Aguiar(Rio Vermelho), com design ecardápionovos.AgorabatizadadeQuintanoContemporâneo,acasa tem menu assinado porJoão Silva, que pretende fazeruma releitura de clássicos noforno a lenha. A torta de maçãestá entre as apostas do chef,que também sugere pratos co-mo bacalhau gratinado, costelade porco defumada e linguadoao pesto de castanha de caju. Adireção é de Simone Pacheco eprojeto é de Yeda Brito. Elesatendem no (71) 3334-5290.
Pratos e drinquespara publicitários
Publicidade e propaganda sãotemas caros ao bar 30 Segun-dos (Rio Vermelho), reduto debalzaquianos que gostam decurtir a noite com música e pa-quera. O mote também marcapresença no cardápio, que des-taca pratos criados em home-nagem a publicitários brasilei-ros.UmdeleséoRicardoBraga,escondidinho com purê de ba-nana-da-terra, linguiça picantee charque. De repente, pode seracompanhado pelo drinqueque homenageia seu tio, DudaMendonça, que combina vodcacom frutas vermelhas.
PIZZA PARA VEGETARIANOS
A cooperativa Rango Veganpromove noite de pizza aosom de chorinho. Amanhã, às18 horas. Ingresso a R$ 10.Tel.: (71) 3488-2756
AULAS DE CULINÁRIA
A chef Andrea Torres ministraaulas de culinária francesa,italiana e exótica no ateliêMaria Margarida, entre osdias 18 e 27. O aluno aprendea fazer e degusta entrada,prato principal e sobremesa.Informações: (71) 8138-3363
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