Gatilho Nº 15 @ JANEIRO 2015

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Liliana Abreu coordenadora do projecto, reuniu mais de 10 grupos de teatro amador no CCA. GATILHO # Nº15.JANEIRO.2015

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Liliana Abreucoordenadora doprojecto, reuniumais de 10 gruposde teatro amadorno CCA.

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P’ra Ti [ ]São as escolhas de Elsa Cerqueira, numa viagem pelo Real Imaginário e atmosferas densas, poéticas e cinematográficas.Remete no projectado, uma constante abstração do tempoe da construção da mente e memórias humanas, despertandopermanentemente o sistema emocional de quem contempla.Obras que marcaram gerações que procuraram na Poética umaatitude de vida.

Livro: Ode Marítima (1915) de Álvaro de Campos com desenhos de Pedro Sousa Pereira (Lisboa, Edição Clube do Autor, 2014)

O que torna singular esta edição bilingue da “Ode Marítima”, com posfácio de Richard Zenith, é a relação de intimidade que se intui entre o texto poético e os desenhos.

Pedro Sousa Pereira conduz-nos, mas é simultaneamente conduzido, pelo “paquete” de Pessoa, numa viagem onde o exterior se harmoniza com o interior, o real com o imaginado, a singeleza dos traços com a complexidade dos elementos visuais utilizados, o equilíbrio das formas e das cores com o desequilíbrio paroxístico das sensações do Poeta.

Uma viagem literário-pictórica que transporta as emoções, as inquietações e as evocações do Poeta e do Pintor, despertando o “volante” interior do contemplador.

Filme: Ruínas de Manuel Mozos (Portugal, O Som e a Fúria, 2009)

“Ruínas” é um filme poético-filosófico sobre a inequívoca realidade da decomposição.

A panóplia de edifícios abandonados pelo animal humano constituem fragmentos de biografias, cujas imagens desfilam na tela entrelaçadas por algumas memórias que resistem à erosão dos tempos cronológico, físico e psicológico.

E se pensarmos que o envelhecimento é a ruína do corpo humano e que as memórias pouco claras constituem a ruína de uma mente lúcida, saberemos que todos nós somos, inelutavelmente, ruínas em potência.

Belíssima metáfora da natureza humana.

Álbum: The Bittersweet Constrain de Jill Tracy (125Records, 2008)

Jill Tracy surpreende pelo timbre melancólico, pelas letras intimistas e profundas nas quais aborda temáticas como a solidão, o suicídio, a vingança, mas também o amor. Celebra, nas suas músicas, o mistério e as obsessões humanas, hiperbolizadas por uma ambiência mágica herdeira de múltiplas referências, como as cinematográficas de F. W. Murnau, Alfred Hitchcock e Fritz Lang, as musicais de Bernard Herrmann e as literárias de Rod Serling e Ray Bradbury.

O seu mais recente trabalho é “Silver Smoke, Star of Night”, 2012.

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Sábado, dia 27 de Dezembro, a Porta 43 recebeu o lançamento do primeiro livro de poesia de José Basto, A Leste do Paraíso (Solstício).

Regina Sardoeira, professora de filosofia e também escritora, foi a oradora convidada e apresentou uma breve dissertação em torno do conceito de poesia.

O tema de José Mário Branco “Eu vim de longe” foi a senha escolhida pelo autor para dar início ao evento, seguindo-se a leitura de um dos seus poemas por Verena Basto, acompanhada na viola por Miguel Basto (filho do poeta).

José Basto brindou os presentes com um texto seu, onde partilhou o sentimento de felicidade e festa que o 25 de Abril de 1974 lhe havia trazido, isto porque foram esses os tempos que o inspiraram a escrever as linhas que hoje compõem o seu livro.

O evento terminou com a habitual sessão de autógrafos.

Para quem quiser folhear o livro enquanto toma um café ou uma outra bebida menos quente, informamos que se encontra uma disponível na Porta 43.

José Basto apresenta na Porta43.

A Leste do Paraíso

Amarante Romântica é a novacolecção de postais de EduardoTeixeira Pinto

curtas[ ]

A Associação para a Criação do Museu Eduardo Teixeira Pinto lançou uma colecção de postais com 6 fotografias, Amarante Romântica, de Eduardo Teixeira Pinto denominada Amarante Romântica. A Associação celebra um ano de existência e faz este lançamento como símbolo do seu primeiro ano de existência.

J. Emanuel Queirós apresenta livro no PortoTerraDepois da apresentação do livro, Terra - Portal de Vida, Planeta do Homem, no dia 19 de dezembro, na sede do Agrupamento de Freguesias de Amarante, com a participação de Prof. Doutor António Luis Crespí, José Emanuel Queirós apresenta mais uma vez a obra, desta vez na Invicta, na associação ambientalista Campo Aberto a 22 de fevereiro. A iniciativa é de entrada livre e ocorrerá nas instalações da própria associação.

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entrevista[ ]

ENRED’ARTE

Liliana, começa por nos falar do teu percurso pré-Enred'arte.

Comecei a fazer teatro amador aos 12 anos e sempre foi o que eu mais gostei de fazer porque o que me move é a vontade de fazer e a partilha. Quando fui para a universidade não tive coragem de dizer que queria estudar teatro e segui Turismo, pensando que iria ter uma formação que me desse alguma segurança financeira mas detestei o curso! Andei um pouco perdida até que decidi entrar para o CITAC (Circulo de Iniciação Teatral da Universidade de Coimbra), um grupo com 50 anos e extremamente experimental. Foi aí que fiz a minha escola, num curso anual com 4 horas de aulas por dia (das 20h às 00h) e no fim fiz um exercício final de avaliação. É um espaço com bastante liberdade, é o próprio grupo que vai criando, vai convidando encenadores… e foi todo este processo que me ajudou a encontrar o caminho que eu queria.

Depois abandonei um pouco o teatro, estudei Pedagogia e estive numa escola chamada Paideia, uma escola libertária, dediquei-me a processos libertários e movimentos sociais.

Acabei por tirar o curso de Encenação e Interpretação na ESMAE mas nunca me vi a fazer teatro profissional! Eu

Liliana Abreu é a alma e o coração do projecto Enred'arte. A Gatilho encontrou-a numa tarde fria de Dezembro para ter uma afável conversa sobre o seu percurso, aproveitando também para fazer o balanço do primeiro Encontro de Teatro e Comunidade que ocorreu no CCA.

Eu sempre procurei saber o que a arte pode contribuir para haver mudança social! Mais do que ser actriz ou especialista em Pedagogia, a minha vida pauta-se sempre por “como é que eu como pessoa posso contribuir para o local onde me encontro”, daí eu já ter vivido em vários sítios a fazer diferentes coisas mas sempre ligada ao teatro porque o vejo como uma forma muito fácil de comunicar e de juntar pessoas.

Acabei por fazer também um mestrado em teatro mas nunca trabalhei em teatro profissional, sempre preferi comunidades.

Como surgiu a tua vinda para Amarante?

Foi um acaso! Há cerca de 3 anos, vim acompanhar um grupo que veio tocar à feira do mel e conheci a associação Viver Canadelo. Começámos a falar do facto de faltar muita coisa às freguesias e de haver uma tradição de teatro amador e de tradição oral que agora estava estagnada. Propuseram-me criar um projecto que reavivasse o teatro amador e como eu tinha recentemente acabado um contrato como professora, estava livre para abraçar novos projectos! Começaram por me oferecer um estágio na associação para desenvolver esse projecto mas à medida que fui visitando as

LILIANA ABREUpor Gabriela TeixeiraFotografia de Miguel Basto

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como uma forma muito fácil de comunicar e de juntar pessoas.

Acabei por fazer também um mestrado em teatro mas nunca trabalhei em teatro profissional, sempre preferi comunidades.

E como se deu a construção desse projecto e da equipa?

Tive de fazer tudo sozinha com a ajuda do Francisco Matos da Viver Canadelo e andar de freguesia em freguesia a falar com as pessoas, a conhecê-las para tentar perceber o que elas queriam e a equipa foi-se criando assim. Mediante as necessidades de cada freguesia, recrutávamos formadores porque eu cheguei a um ponto em que me levantava às 6h da manhã e me deitava para cima da meia-noite e não dava conta do recado!

Este projecto foi-se sempre construindo de forma muito empática e orgânica.

Este projecto terá um fim breve ou pretendem que se estenda por mais tempo?

Honestamente propusemo-nos a fazer um ano zero. Nunca houve um projecto assim em Amarante com quatro áreas: rede rural de artes que faz sessões semanais; residências de criação; recolha e uma agenda cultural rural. Tudo isto está a

ser testado e desse modo propusemo-nos de Janeiro de 2014 a Junho de 2015 para podermos ter espaço para errar e para que os nossos parceiros também sintam que estamos todos a aprender. É mais uma vez neste sentido que eu digo que este projecto é empático, ninguém apresenta regras. As pessoas mudam e temos de nos adaptar a isso. A vida nas aldeias é muito diferente ao longo do ano, no Verão estão umas pessoas, no Inverno outras… queremos testar tudo isto para depois apresentarmos um projecto mais maduro. Sim, respondendo à tua pergunta há uma clara vontade de continuar!

E como é que as pessoas vos receberam? Tendo em conta que a maioria dos habitantes das freguesias mais rurais é mais envelhecida e pouco ou nada escolarizada…

A caracterização que fizeste é verdadeira mas muito redutora porque há muitos jovens nas aldeias! Por exemplo em Murgido temos um grupo de bombos em que o elemento mais velho não tem mais do que 30 anos! As pessoas receberam-nos com muito entusiasmo porque há um trabalho de proximidade. Antes de começarmos as actividades fizemos reuniões para nos darmos a conhecer, fomos às festas das aldeias, o padre da paróquia falava de nós…felizmente nunca tivemos falta de público para as nossas actividades. Uma das nossas actividades mais recentes é uma aula de ginástica semanal em Carneiro e o

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«Comecei por tocar´ saxofone mas um anodepois desisti porque não gostava e a minhaavó ofereceu-me a minha primeira violaacústica tinha eu 15 anos»

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espaço rapidamente ficou pequeno demais para tantas pessoas! A conclusão que retiramos disto tudo é que o nosso trabalho não deve ser assim tão mau mas acima de tudo as pessoas destes locais estavam sedentas por fazer coisas! Esta fase é muito crucial nas freguesias por causa da emigração. Muita gente, mesmo não querendo, teve de abandonar as aldeias e deixaram os filhos pequenos a cargo dos avós e sentimos que as nossas actividades tornam a vida das pessoas um bocadinho mais leve, mais sorridente.

O que é interessante é que vocês, a Enred'arte, vieram consciencializar os habitantes do centro de Amarante para o facto de o nosso concelho ter muitas freguesias algo longínquas com pessoas que também querem fazer coisas diferentes. Amarante não é só a ponte e o mosteiro, Amarante é muito mais…

É verdade e o nome Enred'arte não é ao acaso, nós queremos mesmo ser uma rede com consciência social. Quando cá chegámos vimos um território extremamente rico, vocês têm três serras! A Aboboreira não tem nada a ver com o Marão e nem as pessoas desses locais são iguais e é preciso olhar para essas diferenças de identidade com “olhos mais limpos”!

Outra coisa que me vim apercebendo é que muitas das pessoas que trabalham nos serviços que sustentam o centro da cidade moram nestas freguesias!

Uma técnica que eu aprecio muito no vosso trabalho, e refiro-me agora ao teatro, é o facto de usarem as tradições de cada sítio para construir histórias, ou seja vocês colocam as pessoas a falar de si mesmas… foi exactamente isso que tivemos oportunidade de ver no CCA no primeiro Encontro de Teatro e Comunidade. Fala-nos um bocadinho desse evento.

A necessidade de valorizar o património local permitiu que a arte fosse um veículo para tal. Por exemplo, quando nos apercebemos que a tradição do carnaval de Gondar está a ser esquecida em prol de um desfile normalíssimo como todos os outros, sentimos que tínhamos de fazer alguma coisa para ajudar a recuperar essa mesma tradição e nada melhor do que o teatro para dar a conhecer aos mais jovens o que se fazia há 50 anos no local onde nasceram!

Quando nos apercebemos que tínhamos um número tão grande de grupos, uma diversidade tal de espectáculos, tinha de haver um palco de convergência para podermos estar juntos e partilhar o trabalho e nada melhor do que um local de excelência aqui no centro da cidade como é o CCA. O centro de Amarante também faz parte da comunidade e nós também queremos trabalhar com a zona mais urbana trazendo a si a riqueza de todos que nem é rural nem é urbana, é de Amarante, é do Norte, é de Portugal!

Decidimos fazer o espectáculo cá porque não há muito o hábito da população mais urbana se deslocar às freguesias para assistir a eventos. Infelizmente isto tem a ver com a formação do público que ainda não está ciente da agenda

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cultural riquíssima que vai ocorrendo nas freguesias. Este evento foi pensado também para promover essa agenda rural. Agora as pessoas do centro já nos conhecem e esperamos que venham ver as nossas actividades e espectáculos.

Eu vi a maioria das peças do ETC e o que mais gosto me deu foi ver as pessoas mais velhas, o seu entusiasmo.

Sim, é apaixonante trabalhar com pessoas mais velhas e nomeadamente senhoras. Nas nossas actividades a maioria das senhoras já são viúvas e têm uma força incrível! Muitas delas tiveram uma vida dura e agora estão numa fase em que sentem que se podem divertir, há um renascer para serem felizes.

E que balanço fazes do ETC?

Não estávamos à espera de termos casa cheia! Foi uma vitória e as pessoas saíram de lá felizes e com vontade de fazer mais! Gostaríamos que as instituições públicas de Amarante estivessem mais envolvidas mas isso também é um processo formativo. É um balanço muito positivo e é para fazer de novo, sem dúvida!

Também esteve patente uma exposição de fotografia no CCA durante o ETC…

Sim, o ETC foi um evento mais focado no teatro mas também englobou outras coisas, tentou ser um encontro de várias formas artísticas onde se incluiu a exposição, a formação inicial de consciencialização para o movimento. O trabalho que a Ana Caridade nos trouxe chama-se Ecdise (que significa mutação). É fruto de um trabalho nosso de fusão com a Ana e para o qual temos três parceiros (Braga, Cabeceiras de Basto e Amarante). Esta exposição foi fruto de um trabalho de recolha em Cabeceiras de Basto relativamente ao conceito da bruxa na comunidade e esse processo levou-a a uma catarse emocional que foi fotografada. Ela deixou-se fotografar em momentos de dor e libertação da mulher-bruxa enquanto arquétipo.

A Ana vem trabalhar connosco, vai morar para Gondar e vai recolher a história do barro preto com o objectivo de escrever um livro para crianças.

Por fim, como é que vês a Gatilho?

Infelizmente, não tenho tempo para ir a todos os eventos promovidos pela Gatilho. Vou lendo a revista, no entanto, acho muito importante que haja um movimento artístico, que haja grupos de pessoas que se juntem, que falem e partilhem! O que vos destaca é o facto de vocês terem uma pluralidade de áreas ligadas ao design e às artes plásticas com as quais eu adoraria também poder trabalhar. O que eu sinto é que Gatilho e Enred'arte podiam comunicar mais do que comunicam actualmente. Acima de tudo falta-nos tempo para percebermos em que é nos podemos ajudar mutuamente. Fora isso, eu gostaria de ver o trabalho da Gatilho mais alargado, para lá do centro da cidade!

«Comecei por tocarsaxofone mas um anodepois desisti porquenão gostava e a minhaavó ofereceu-me aminha primeira violaacústica tinha eu 15 anos»

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A Gatilho Amarante, fechou esta temporada natalícia de forma “Infantil” e solidária, em vertente artístico educacional!

É o que acontece quando se reúnem vários miúdos para criar e se libertarem com a arte e a natureza, no Atelier que decorreu na Porta 43, sob a orientação de Diogo Cardoso. Pintaram, fizeram desenho cego, animação, percorreram paisagens naturais que ajudam a uma contemplação e interiorização da Beleza que os envolve; realizaram uma curta- metragem e uma foto-novela, que tem dado que falar no circuito intimo do núcleo, e amigos, e no virtual: a banda rock de rua Rockanos. E é aqui que descobrimos o “rock and roll” destas crianças, entre os 4 e os 12 anos. “Amigos para sempre”! Zoe, 10 anos, 5º ano aprende percussão com Márcio Pinto, dos Olive Tree Dance, recorda, “ acho que estava a passar Tnt dos Ac/Dc na Gatilho, o Diogo de 7 anos, achou-os “rockanos”. E baptizamos com este nome a nossa banda!”, diz-nos muito sério um “puto” que tem em Tara Perdida e Censurados os grandes nomes de referência. A ideia era o contacto com a música, considerada a mais universal das linguagens e um “trabalho permanente em equipe”. Até, porque um dos módulos dizia respeito, precisamente, à construção de instrumentos musicais pelos participantes, já que os 2 responsáveis principais são músicos de garagem que da há uns anos a esta parte, têm colorido o Imaginário colectivo dos amarantinos.” Nesta manhã, diferente e original com a ideia comum aos participantes de que “é bem melhor estar aqui do que na escola…. Fazemos coisas diferentes” e “o tempo passa bem”. Surge então no panorama da história da música “juvenil”, Os Rockanos a saltarem para o palco da rua. “Pura diversão”: Té, 10 anos e Carolina nos casus; Francisca na pandeireta; João Maia na guitarra, um dos activistas culturais a quem cabia orientar este grupo “terrorista cheio de criatividade”; Zoe e Diogo na voz e o formador Diogo Cardoso, no baixo! A partir de agora a palavra de ordem seria “Imaginar e rockar”!. O pequeno,Diogo, que costuma fazer “contruções em casa com livros e que gosta de Imaginar”, tem o sonho de ser artista e cozinheiro. Acha o artista diferente do resto do mundo, sendo “um senhor

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que gosta de fazer coisas giras”. Interessante a percepão infantil, ainda não contaminada pela “sociedade de consumo imediato”, como diriam os Táxi! É uma criança “muito “imaginária”. “O meu pai diz que eu sou um miúdo muito imaginário, muito sortudo e que gosto muito de pensar”… “, adorou cantar na rua, “havia muita gente a ver-nos. Não tive vergonha”, acrescentando muito convicto: “ não tinha vergonha de cantar para multidões”, o que vai de encontro a uma das ideias envolvidas neste projecto. O “mentor” refere, “ o mais importante é que eles não se limitem a fazer aquilo que o quotidiano lhes dá. Quero que eles procurem outras coisas: dar-lhes materiais e ferramentas para que eles possam alcançar aquilo que gostam”. Parece ser tudo de realização fácil, mas já há um embrião na mente deste grupo irreverente. Luna costuma acompanhar as pinturas da mãe, Joana Antunes e “adora misturar cores e sujar as mãos”, enquanto nos explica que a animação que naquele momento a ocupa é “a repressão dos homens aos animais”. A mensagem deste círculo de crianças será: “queremos mostrar que os animais não são maus”… Alguém dizia que por detrás de uma apreciação estética preside um valor e a ética. Miúdos que querem crescer e “inventar”, como nos diz Luna, 7 anos, 2ª classe: “o que eu mais gosto é de inventar desenhos, vou desenhando, vou pintando… se o desenho estiver como eu quero …. Depois vejo”. Sonhadora, “gosta de cantar na rua. Em qualquer lado. Mas, não queria ser cantora é “chato”. “Quero ser professora ou médica”, mas sem deixar de “desenhar”. Engraçado, como personalidades diferentes manifestam uma alta empatia com a arte. Ainda por cima, quando o formador nos diz “ que muitas vezes eles têm resultados que não são muito diferentes dos adultos”. Té, agora está determinada, “quero ser actriz porque quando vejo as novelas parece que é outra vida para as pessoas. É estranho”… Pensa que vai melhorar agora a Educação Visual, adorou estas 2 semanas, em que fez coisas que “nunca tinha feito”… E, apesar de nos dizer, que não tem preocupações com o mundo, porque “preocupações é para os adultos: há-de chegar a nossa vez”, por entre sorrisos, deixa um desejo para este novo ano, “eu gostava que toda a gente no mundo tivesse casa, roupas e o Amor dos pais e dos familiares” …

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Quando a Arte “Faz Crescer”… e é AmorDesde a sua fundação um dos princípios base da Gatilho é “agir

localmente para Pensar e Desenvolver Globalmente”, numa linha de pensamento que nos diz “que somos um ponto luz artístico do universo”, refere Gilberto Bento, da direcção. “Temos por alvo todos os segmentos etários, culturais e profissionais, ou seja, todos aqueles que procurem na Arte, uma concepção mais criativa e benéfica de vida”A investigação que teve por base alguns dos eventos culturais desta associação, nomeadamente o ATL Infantil remete-nos para a Ideia de que Arte é Educação; Arte é Cultura e Arte é Vida e Ética.. Se tivermos em conta alguns países que valorizam o “artista” como “algo elevado o acto criador pode ser um meio de poder desenvolver uma consciência de si próprio e do mundo. “A educação musical tende a desenvolver honradamente o coração, o espírito e os recursos íntimos do estudante”, pode ler-se in, Ministério da Educação da China, em 1985. E como o individual desagua no coletivo, sem qualquer referência politico partidária, mas acreditando no necessário crescimento individual para uma utilidade criativa à comunidade, o documento acrescenta,”aumentará o nível de ciência e da cultura de uma nação”. Indo mais fundo, na Urss a educação artística consistia, “num treino da juventude para o trabalho e para a actividade social, servindo o seu desenvolvimento intelectual e físico”. Já na Austrália, em 1983, o Departamento de Educação NSW faz saber: “o objectivo central da arte na educação, é guiar o desenvolvimento individual no contexto da sociedade, em direção à compreensão perceptiva, orientação própria e autonomia moral crítica responsável”. Parecem ser desafiantes os objectivos a que a Porta 43 se autodesignou para Amarante… Para o planeta! “Agimos de uma forma activa e dinâmica, num processo contínuo de partilhar conhecimento, desde a infância, que estimule as várias zonas da mente das crianças e claro, adultos. Ajudar a Crescer”, remata Gilberto Bento. Dimitri Kabalevsky dizia que compreender o papel desempenhado pela educação estética, e particularmente a Educação Musical, como meio de desenvolver a sociedade, deve-se ter sempre presente que uma

avaliação estética valoriza sempre uma avaliação ética e contribui para a formação das qualidades humanísticas do indivíduo”

Experiências novas para “crianças adultas”, que gostam de “pensar, inventar e Imaginar”….. Assim vai o Futuro, por Amarante !!!

por Carla BentoFotografia de Diogo Cardoso

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entrevista[ ]

Uma conversa com o amarantino Tiago Jaakko sobre ounderground, ainda resistentente em Portugal ou histórias sobre um «movimento cheio de alma»...Mostra-nos a rave culture como uma cultura de«libertação» em que os melhores nomes do Techno eProgressivo são a chave do sucesso da produtora Fusion,agora a contar 5 anos de vida cheios de «loucuras».Como DJ, este artista soma espectáculos por todo o lado,tendo sido um dos Djs convidados para o Boom 2010 e2012, um mundo paralelo que «pretende ser maisconsciente». Quando a arte atinge a maturidade

por Carla Bento

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Se te tivesses que apresentar para o Underground numa frase, o que dirias ?!

O underground define o movimento num momento sem filtros, cheio de alma e sentimento e intocado pela babilónia. Demasiado longo ?? A verdade é que é uma palavra tão forte que não é fácil...

E, ainda existe Underground em Portugal?!

O que é underground verdadeiramente? O que hoje vemos como underground amanhã já é comercial, é um ciclo infinito. No entanto acho que Portugal é um bom terreno para o underground, há um pequeno mas i n t e r e s s a n t e n ú m e r o d e p e s s o a s minimamente informadas, uma massa crítica que pesquisa e está informada não come apenas o que lhe põe no prato e isso é para mim muito motivante.

És dj, estás ligado à Fusion Productions, é fácil gerir as duas vertentes de artista e agente mais “comercial” de teres de gerir custos e proveitos?!

Na verdade é mesmo muito complicado, é quase como ter dois fatos de super-herói diferentes. A FUSION apareceu também porque eu queria tocar nas melhores festas e

«..O que hoje vemos comounderground amanhã já écomercial, é um ciclo infinito.No entanto acho que Portugalé um bom terreno para ounderground...»

poder controlar cada pormenor. O problema (bom) é que depois veio todo um trabalho enorme associado a isso. No entanto como artista, depois da primeira batida desligo o botão de produtor e a partir daí é só música. No dia-a-dia do trabalho de gestão e produção dos eventos da Fusion o conhecimento como artista é muito importante quer a nível técnico, quer musical. São dois trabalhos muito emocionais mas de alguma forma complementares. Adoro os dois e não abdicava de uma favor do outro.

Como está o panorama da música Electrónica em Portugal, no teu entender?!

O panorama está maduro, é um espectro muito grande, do mais comercial ao mais alternativo, mas entramos agora numa profissionalização de todos os agentes, é um terreno fértil para fazer coisas estruturadas e bonitas. Quem ganha é o público que tem muito por onde escolher embora que com diferentes graus de qualidade apresentada. Com esta maturação vem também uma maior exigência da parte do consumidor e penso que isso só pode ser positivo.

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Uma das vossas ideias é fazer de uma noite “mais do que uma mera noite de diversão”. Há valores que se subentendem à cultura dj?! O PLUR pode ser um príncipio real?! O apelo “ á família e amizade”?!

Na pista de dança fazemos amigos que depois passam a ser a nossa família do dia-a-dia. Por isso é tão importante que as noites sejam especiais...

A rave culture parece estar na sua maioridade. Achas que um movimento destes pode mudar o mundo para parâmetros mais equilibrados?!

Equilíbrio... nem pensar!! . A rave culture é um movimento de libertação não me parece que seja um objectivo equilibrar o mundo...

Qual a filosofia da Fusion?!

“The best Techno & Progressive Parties in Porto” !! Os melhores artistas, os melhores visuais e decor, o melhor soundsystem para o melhor público. Apontamos sempre para o topo e contentamo-nos apenas com o melhor, a nossa família fusion entende isso e por isso nos é tão fiel.

«Na pista de dança fazemosamigos que depoispassam a ser a nossa famíliado dia-a-dia.»

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Comemoraram este mês os 5 anos de existência: qual o balanço?!

O que começou com uma única festa desaguou neste 5 anos de loucuras. O balanço é fortemente positivo, mudou a minha vida, ergueu-se uma família Fusion composta por pessoas de um enormíssimo talento, é um hub de criativiade fantástico que me inspira todos os dias. As palavras e expressões de felicidade do nosso público – que também ele faz parte desta família – é a razão para tudo isto fazer sentido.

E momentos memoráveis…?!

Tantos, tantos... impossível enumerar, cada reunião é muito especial e é isso que tem feito a diferença neste caminho!!

Sabemos que estiveste no Boom a tocar, este ano! Como foi a experiência?! Dá a entender que é a criação de uma realidade paralela.

Toquei no boom em 2010 e 2012, é uma experiência fantástica poder fazer parte do line up do meu festival favorito, é uma energia incrível !! E sim obviamente entras numa realidade paralela, longe da babilónia, um mundo que pretende ser mais consciente. Este ano vou tocar na Hungria no Sun Festival acho que também vai ser especial ...

Nomes com quem tenhas tocado?

Felizmente já começa a ser uma lista de sonho: Plastikman aka Richie Hawtin, Laurent Garnier, Dave Clarke, Adam Beyer, Loco Dice, Minilogue, Ace Ventura, D-Nox, Emok ...

Revela-nos um bocadinho sobre o Maintech, o conceito que está subjacente….

O Maintech é a nossa marca para as Raves de techno. A próxima edição será 19 de Dezembro na Exponor com 6 artistas internacionais liderados pelo Barão do Techno Dave Clarke durante 12 horas non stop. O Maintech podia acontecer em Barcelona, Londres ou Berlim. Embora à nossa escala , os padrões de produção com que nos regemos são verdadeiramente “world class”, temos os olhos postos nas produções do Timewarp e o Awakenings … são as nossas inspirações !! são muito complicados

A música electrónica é visionária?! Como defendes a “tua dama”?!

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«Toquei no boom em2010 e 2012, é umaexperiência fantásticapoder fazer parte doline up do meu festivalfavorito, é uma energiaincrível»

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Pode fazer parte de um mundo visionário, nasceu como parte de uma tentativa de escape pela dança, o uso das tecnologias para produzir os sons e a música... Mas hoje já não me parece tão visionária, está um pouco amordaçada, segue demasiados padrões, é o preço da idade adulta....

Projectos que tenham em mãos no momento ….

O meu projecto JAAKKO, um novo projecto como dj – NAOISE – focado apenas no techno que vai começar a surgir em 2015. A Fusion Productions, a agência de artistas Fusionporto, o Maintech, o Resistance – Music & Urban Cultura Festival e para 2015 uma empresa de eventos corporate está também na forja...

Um dos objectivos da Fusion é tornar uma festa num “momento único e memorável”, segundo o vosso press… Como decorre o processo de tornar isso real para milhares de pessoas que venham às vossas festas?!

Pormenor, pormenor, pormenor !!! Cada pormenor é pensado, repensado, debatido por uma equipa super talentosa e a produção é levada ao mais ínfimo pormenor. Tudo para que o público tenha uma experiência única, que quando chegue a casa, e durante as semanas seguintes se recorde do que foi a última Fusion. Temos outra frase nossa que ilustra um pouco: “com memórias e sonhos se cruza o passado e o futuro na cidade invicta”. E é isso!! Da 1ª ideia que às vezes surge de uma conversa da equipa chegamos a conceitos que vão muitas vezes fazer a diferença.

Onde está neste momente o “crème de la crème” da E-music?!

Pergunta complicada!! Mas os nórdicos vão ser sempre os nórdicos e nos antípodas – Austrália e Nova Zelândia faz-se alguma da música mais fresca do universo da eletrónica. No entanto com a democratização das ferramentas para produzir música fazem com que hoje em dias existam muitos epicentros...

Por fim, trata-se de um movimento interventivo, no sentido de ter uma palavra a dizer no Mundo, no planeta, no crescimento das pessoas, ou é meramente estético?!

Se tivermos uma noite diferente, um festival fantástico, cheio de conversas interessantes, se chegarmos a casa cheios de alegria e com vontade de fazer uma mudança nas nossas vidas isso já não é o início de um novo Mundo ??

“com memórias e sonhos se cruza opassado e o futuro na cidade invicta”

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O Centro Cultural de Amarante recebeu o primeiro Encontro de Teatro e Comunidade.

O Centro Cultural de Amarante recebeu no último fim de semana de Novembro e no primeiro fim de semana de Dezembro o primeiro Encontro de Teatro e Comunidade. Durante quatro dias, os amarantinos puderam assistir a diversas peças protagonizadas por grupos de teatro amador das diferentes freguesias do concelho.

Este encontro só foi possível devido ao empenho e trabalho dos membros do projecto Enred'arte nas freguesias mais rurais e distantes de Amarante, procurando sempre as raízes e as tradições da nossa cidade, das nossas aldeias, das nossas serras e das nossas gentes como base da criação artística como forma de unir as comunidades.

Os grupos de Rebordelo, Padronelo, Gondar, Vila Chã, Fridão, T'amaranto… vieram mostrar que o teatro amador está vivo em Amarante e que corre nas veias dos mais jovens e dos menos jovens.

Para além dos espectáculos de teatro, esteve também patente uma exposição de fotografia protagonizada por Ana Caridade.

A adesão do público foi muito positiva, tanto que em alguns espectáculos o auditório tornou-se pequeno demais para albergar tantas pessoas!

A última noite terminou com uma performance do grupo profissional de Braga DEMO, que brindou a audiência com um espectáculo multifacetado de som, luz e movimento que abordou temas actuais mas sob o signo do experimentalismo.

Marta Carvalho e Liliana Abreu não podiam estar mais satisfeitas com o decorrer dos dias e deixaram bem expressa a vontade de repetir esta experiência algures neste ano que agora começa.

por Gabriela TeixeiraFotografia de Miguel Basto

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outsider[ ]

TRIPMANYDJ’S

Quando a música é paixão, surge nocenário os Trip Many Djs, de Celoricode Basto para a partilha de sabedoriavisionária, ou não fossem os Doors asua banda referência. Apareceram paradar uma alternativa à música em geral,«fraca», em encontros com a Liberdadeo o Divino...

por Carla Bento

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«Comecei por tocar saxofone masum ano depois desisti porque nãogostava e a minha avó ofereceu-mea minha primeira viola acústica tinhaeu 15 anos»

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