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NOTAS O Ministério do Interior russo publicou novas instru- ções sobre como policiais devem tratar cidadãos com sinais de embriaguez. Segundo o documento, o policial não pode ofender o embriagado e deve chamar a ambulância e acompanhar o indivíduo para que ele não seja roubado ou espancado. Da mesma maneira, o poli- cial deve proteger os médi- cos de qualquer agressão por parte do alcoolizado. O documento proíbe o po- licial de ignorar pessoas com intoxicação alcoólica ou nar- cótica em locais públicos. Caso o médico se recuse a atender o indivíduo, é obri- gação do policial recolhê-lo à delegacia. Kommersant Governo manda polícia proteger os bêbados Cientistas do interior da Rússia divulgaram à im- prensa a descoberta de uma droga capaz de livrar o corpo humano do vírus da hepa- tite C, assim como o da herpes. “Foram dezenas de anos de trabalho. Hoje, eles mos- tram apenas os primeiros resultados, os primeiros es- tudos que provam que a ideia encontrou sua aplicação prá- tica, curando indivíduos in- fectados”, disse o membro do Conselho Fiscal do Grupo de Farmacêutica dos Urais, Aleksandr Petrov. A vacina, batizada comer- cialmente como “Profetal” já foi testada em 30 pacien- tes. Testes com outro grupo devem confirmar os resul- tados iniciais. Ria-Nóvosti No final de fevereiro, o em- presário brasileiro Sérgio Palamartchuk foi condeco- rado pelo presidente russo Dmítri Medvedev com a Medalha Púchkin. A cerimônia ocorreu na residência presidencial e premiou outros cinco estran- geiros com a medalha. “Fi- quei muito satisfeito com o reconhecimento de nossos trabalhos na divulgação da cultura e do idioma russo no Brasil”, disse Palamartchuk. Cura para hepatite à vista Brasileiro premiado Lago Vostok Cientistas alcançam lago intocado na Antártida P.3 QUARTA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2012 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru Câmeras contra as fraudes A Rússia realizou suas primeiras eleições presi- denciais monitoradas por câmeras que transmiti- ram a votação de mais de 90 mil seções eleitorais em tempo real na internet, no dia 4 de março. A iniciativa foi levada a cabo a pedido do primeiro- ministro – e candidato eleito – Vladímir Pútin. Se- gundo Anton Lopátin, membro da Comissão Elei- toral Central, não houve registro de falhas durante a transmissão. “Houve casos em que as câmeras só registraram parte das seções eleitorais, o que não foi raro”, declarou Evguêni Koliúchin, outro membro da Co- missão Eleitoral Central. Segundo ele, as imagens captadas pelas câmaras nas seções eleitorais “não têm nenhuma força jurídica”. As opiniões sobre as filmagens nas seções elei- torais estão divididas. Segundo Aleksêi Didenko, deputado federal do Partido Liberal Democrata, a resolução das câmeras impede a identificação de ilegalidades concretas. A imagem obtida não per- mite sequer notar quantas cédulas são deposita- das na urna por um eleitor. “Nosso partido continua com a prática de fiscali- zação do processo eleitoral localmente, com ob- servadores em seções eleitorais”, disse Aleksêi Urazov, assessor de imprensa do comitê do can- didato independente Mikhail Prôkhorov. “Esse é o método mais eficaz. É impossível acompanhar as imagens transmitidas por todas as câmaras ao mesmo tempo”, diz Urazov. Segundo ele, a inicia- tiva é boa, mas a maneira como foi implementa- da tecnicamente deixou a desejar. Já o Partido Comunista reagiu de maneira favo- ravel. “Em princípio, não temos reclamações a fa- zer. Esperávamos que as câmaras funcionassem pior, embora nem todas funcionaram como deve- riam. Na seção eleitoral da região de Novosibirsk, por exemplo, faltavam quatro câmaras. Em algu- mas seções eleitorais da cidade de Tula, as câme- ras estavam direcionadas para o teto”, afirmou Andrêi Strógui, advogado do Comitê Central do Partido Comunista da Federação da Rússia. Pútin venceu o pleito com 64% dos votos. Kommersant Desde 1967, quando foi fundada, a Febraban (Fede- ração Brasileira de Bancos), que congrega os 167 bancos do país, recebeu pela primei- ra vez uma delegação de ban- queiros russos no dia 27 de fevereiro, em sua sede. O pre- sidente da Febraban, Murilo Portugal abriu os trabalhos diante de uma grande mesa, em torno da qual se perfila- vam, de um lado, 13 brasi- leiros e, do outro, 13 russos. Não havia plateia, e uns poucos jornalistas puderam acompanhar o encontro his- tórico. Foi meio a portas fe- chadas porque o maior obje- tivo era permitir que executivos dos dois países trocassem informações para conhecer melhor os sistemas de cada país. Durante as quatro horas de reunião, ouviram-se 12 exposições, sete feitas por brasileiros e cinco por rus- Bancos Russos e brasileiros se encontram em São Paulo sos. Ficaram muito nítidas as diferenças e as semelhan- ças entre os dois países e os seus sistemas bancários. “Nós tínhamos 3 mil bancos antes da crise de 2008, e agora in- felizmente temos mil”, disse Anatóli Aksakov, presidente da Associação dos Bancos Regionais da Rússia. O que para ele foi um recuo, para Portugal é um avanço. “Acho que em algumas áreas talvez o Brasil esteja um pouco mais adiantado que a Rússia. Me chamou a atenção, por exemplo, a menção de Anatóli para o processo de consolidação bancária pelo qual a Rússia vem passando, com 3 mil bancos comerciais se redu- zindo a mil. Aqui no Brasil também estamos nesse pro- cesso, talvez numa fase um pouco mais avançada: temos apenas 167 bancos no país inteiro. Talvez haja algumas lições aí”, disse Portugal. “Na minha opinião, se o banco é fraco, ele tem que fechar. Mas diminuir por di- minuir não é o caso”, disse Aksakov. Outro ponto de di- vergência diz respeito à in- ternacionalização. “A crise de 2008 foi muito pesada para a Rússia. Dos países do G-8, tivemos os níveis mais altos de queda do PIB, de 8%. A produção industrial caiu 10%”, conta Aksakov. A recuperação deu-se com forte ajuda do governo, que injetou 200 bilhões de dóla- res no sistema financeiro (dos 590 bilhões das reservas acu- muladas). Rússia e Brasil têm participação semelhante de bancos estatais, ao redor de 48%. Mas divergem quanto ao futuro. “Até 2020 não ha- verá mais nenhum banco es- tatal na Rússia por decisão do governo”, declarou Ak- sakov. Murilo Portugal não comentou. Há mais semelhanças entre os dois países, no en- tanto, do que diferenças. Brasil e Rússia têm níveis semelhantes de PIB per ca- pita, da ordem de 11 mil dó- lares. Os países também têm indicadores parecidos de de- semprego e ambos tiveram uma recuperação rápida da crise de 2007 a 2009 – e en- frentam desafios comuns nessa época de crises que vão e vem. “Há dinheiro sobre a mesa”, diz presidente da Febraban Anatóli Aksakov (centro) e Murilo Portugal (dir.) Encontro histórico entre bancos russos e brasileiros visa incrementar comércio entre os dois países. ALEX SOLNIK ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 O ministério russo dos Correios e Telecomunicações acaba de aprovar um protó- tipo de plataforma de softwa- re nacional. O sistema ope- racional de produção nacional será destinado a substituir o Windows nos computadores de organizações governamen- tais e escolas secundárias. A empresa desenvolvedora, a PingWin Software, propôs tomar como base quatro dis- tribuições russas tipo de sis- tema operacional Linux em vez de uma única distribui- ção padrão. Com a implan- tação da plataforma, o gover- no russo pretende economizar no pagamento de licenças de software cerca de US$ 55,3 bilhões – ou 80 % do total de gastos com programas de computador estrangeiros. A primeira menção à pla- taforma foi feita ainda em 2010. Na época, decidiu-se seguir os passos de outros pa- íses e tomar como base uma distribuição Linux gratuita Tecnologia Software livre Licitação foi aberta em setembro de 2011 e tecnologia será usada nos computadores de órgãos do governo e de escolas. e de código-fonte aberto. De acordo com o programa na- cional “Sociedade da Infor- mação”, o governo deve dis- ponibilizar 490 milhões de rublos (R$ 28 milhões) até 2020 para o desenvolvimen- to da plataforma. Prevê-se que, um ano após o início do programa, que se deu em setembro passado, a plataforma já opere em 2% dos computadores de insti- tuições e organizações gover- namentais, além de órgãos centrais e locais. No ano se- guinte o número deverá che- gar a 5%. “O protótipo é uma coisa complicada”, explica um dos membros da comissão de li- citação, Vitáli Lipatov, dire- tor-geral da Etersoft, empre- sa desenvolvedora de Linux em São Petersburgo. “É um grande projeto. O programa de testes tem 73 itens que não são um simples aperto do botão”, disse Dmí- tri Komissárov. Segundo o executivo, os testes duraram cinco dias: três dias no ministério e dois à distância. O projeto foi examinado várias vezes e passou por Rússia testa sistema alternativo ao Windows ROMÁN DÓROKHOV VEDOMOSTI Pútin faz discurso vitorioso na Praça Manej ao lado do atual presidente, Dmítri Medvedev. Iniciativa de implantar câmeras foi do premiê DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO PHOTOXPRESS PHOTOSHOT/VOSTOCK-PHOTO Confira mais em gazetarussa.com.br/14217 © ALEKSEI DRUZHININ_RIA NOVOSTI Mikhail Prôkhorov 7,98 % Vladímir Pútin 63,6 % Guennâdi Ziuganov 17,18 % Vladímir Jirinóvski 6,22 % Serguêi Mironov 3,86 % RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

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NOTAS

O Ministério do Interior russo publicou novas instru-ções sobre como policiais devem tratar cidadãos com sinais de embriaguez.

Segundo o documento, o policial não pode ofender o embriagado e deve chamar a ambulância e acompanhar o indivíduo para que ele não seja roubado ou espancado. Da mesma maneira, o poli-cial deve proteger os médi-cos de qualquer agressão por parte do alcoolizado.

O documento proíbe o po-licial de ignorar pessoas com intoxicação alcoólica ou nar-cótica em locais públicos. Caso o médico se recuse a atender o indivíduo, é obri-gação do policial recolhê-lo à delegacia.

Kommersant

Governo manda polícia proteger os bêbados

Cientistas do interior da Rússia divulgaram à im-prensa a descoberta de uma droga capaz de livrar o corpo humano do vírus da hepa-tite C, assim como o da herpes.

“Foram dezenas de anos de trabalho. Hoje, eles mos-tram apenas os primeiros resultados, os primeiros es-tudos que provam que a ideia encontrou sua aplicação prá-tica, curando indivíduos in-fectados”, disse o membro do Conselho Fiscal do Grupo de Farmacêutica dos Urais, Aleksandr Petrov.

A vacina, batizada comer-cialmente como “Profetal” já foi testada em 30 pacien-tes. Testes com outro grupo devem con� rmar os resul-tados iniciais.

Ria-Nóvosti

No � nal de fevereiro, o em-presário brasileiro Sérgio Palamartchuk foi condeco-rado pelo presidente russo Dmítri Medvedev com a Medalha Púchkin.

A cerimônia ocorreu na residência presidencial e premiou outros cinco estran-geiros com a medalha. “Fi-quei muito satisfeito com o reconhecimento de nossos trabalhos na divulgação da cultura e do idioma russo n o B r a s i l ” , d i s s e Palamartchuk.

Cura para hepatite à vista

Brasileiro premiado

LagoVostokCientistas alcançam lagointocado naAntártida

P.3

QUARTA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2012

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUSSIA BEYOND THE HEADLINES

www.rbth.ru

Câmeras contra as fraudesA Rússia realizou suas primeiras eleições presi-denciais monitoradas por câmeras que transmiti-ram a votação de mais de 90 mil seções eleitorais em tempo real na internet, no dia 4 de março. A iniciativa foi levada a cabo a pedido do primeiro-ministro – e candidato eleito – Vladímir Pútin. Se-gundo Anton Lopátin, membro da Comissão Elei-toral Central, não houve registro de falhas durante a transmissão. “Houve casos em que as câmeras só registraram parte das seções eleitorais, o que não foi raro”, declarou Evguêni Koliúchin, outro membro da Co-missão Eleitoral Central. Segundo ele, as imagens captadas pelas câmaras nas seções eleitorais “não têm nenhuma força jurídica”. As opiniões sobre as filmagens nas seções elei-torais estão divididas. Segundo Aleksêi Didenko, deputado federal do Partido Liberal Democrata, a resolução das câmeras impede a identificação de ilegalidades concretas. A imagem obtida não per-mite sequer notar quantas cédulas são deposita-das na urna por um eleitor. “Nosso partido continua com a prática de fiscali-zação do processo eleitoral localmente, com ob-servadores em seções eleitorais”, disse Aleksêi Urazov, assessor de imprensa do comitê do can-didato independente Mikhail Prôkhorov. “Esse é o método mais eficaz. É impossível acompanhar as imagens transmitidas por todas as câmaras ao mesmo tempo”, diz Urazov. Segundo ele, a inicia-tiva é boa, mas a maneira como foi implementa-da tecnicamente deixou a desejar. Já o Partido Comunista reagiu de maneira favo-ravel. “Em princípio, não temos reclamações a fa-zer. Esperávamos que as câmaras funcionassem pior, embora nem todas funcionaram como deve-riam. Na seção eleitoral da região de Novosibirsk, por exemplo, faltavam quatro câmaras. Em algu-mas seções eleitorais da cidade de Tula, as câme-ras estavam direcionadas para o teto”, afirmou Andrêi Strógui, advogado do Comitê Central do Partido Comunista da Federação da Rússia. Pútin venceu o pleito com 64% dos votos.

Kommersant

Desde 1967, quando foi fundada, a Febraban (Fede-ração Brasileira de Bancos), que congrega os 167 bancos do país, recebeu pela primei-ra vez uma delegação de ban-queiros russos no dia 27 de fevereiro, em sua sede. O pre-sidente da Febraban, Murilo Portugal abriu os trabalhos diante de uma grande mesa, em torno da qual se per� la-vam, de um lado, 13 brasi-leiros e, do outro, 13 russos.

Não havia plateia, e uns poucos jornalistas puderam acompanhar o encontro his-tórico. Foi meio a portas fe-chadas porque o maior obje-t ivo era per m it i r que executivos dos dois países trocassem informações para conhecer melhor os sistemas de cada país.

Durante as quatro horas de reunião, ouviram-se 12 exposições, sete feitas por brasileiros e cinco por rus-

Bancos Russos e brasileiros se encontram em São Paulo

sos. Ficaram muito nítidas as diferenças e as semelhan-ças entre os dois países e os seus sistemas bancários. “Nós tínhamos 3 mil bancos antes da crise de 2008, e agora in-felizmente temos mil”, disse Anatóli Aksakov, presidente da Associação dos Bancos Regionais da Rússia. O que para ele foi um recuo, para Portugal é um avanço.

“Acho que em algumas

áreas talvez o Brasil esteja um pouco mais adiantado que a Rússia. Me chamou a atenção, por exemplo, a menção de Anatóli para o processo de consolidação bancária pelo qual a Rússia vem passando, com 3 mil bancos comerciais se redu-zindo a mil. Aqui no Brasil também estamos nesse pro-cesso, talvez numa fase um pouco mais avançada: temos

apenas 167 bancos no país inteiro. Talvez haja algumas lições aí”, disse Portugal. “Na minha opinião, se o banco é fraco, ele tem que fechar. Mas diminuir por di-minuir não é o caso”, disse Aksakov. Outro ponto de di-vergência diz respeito à in-ternacionalização. “A crise de 2008 foi muito pesada para a Rússia. Dos países do G-8, tivemos os níveis mais altos de queda do PIB, de 8%. A produção industrial caiu 10%”, conta Aksakov.

A recuperação deu-se com forte ajuda do governo, que injetou 200 bilhões de dóla-res no sistema � nanceiro (dos 590 bilhões das reservas acu-muladas). Rússia e Brasil têm participação semelhante de bancos estatais, ao redor de 48%. Mas divergem quanto ao futuro. “Até 2020 não ha-verá mais nenhum banco es-tatal na Rússia por decisão do governo”, declarou Ak-sakov. Murilo Portugal não comentou.

Há mais semelhanças entre os dois países, no en-tanto, do que diferenças. Brasil e Rússia têm níveis semelhantes de PIB per ca-pita, da ordem de 11 mil dó-lares. Os países também têm indicadores parecidos de de-semprego e ambos tiveram uma recuperação rápida da crise de 2007 a 2009 – e en-frentam desafios comuns nessa época de crises que vão e vem.

“Há dinheiro sobre a mesa”, diz presidente da Febraban

Anatóli Aksakov (centro) e Murilo Portugal (dir.)

Encontro histórico entre bancos russos e brasileiros visa incrementar comércio entre os dois países.

ALEX SOLNIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2

O ministério russo dos Correios e Telecomunicações acaba de aprovar um protó-tipo de plataforma de softwa-re nacional. O sistema ope-racional de produção nacional será destinado a substituir o Windows nos computadores de organizações governamen-tais e escolas secundárias.

A empresa desenvolvedora, a PingWin Software, propôs tomar como base quatro dis-tribuições russas tipo de sis-tema operacional Linux em vez de uma única distribui-ção padrão. Com a implan-tação da plataforma, o gover-no russo pretende economizar no pagamento de licenças de software cerca de US$ 55,3 bilhões – ou 80 % do total de gastos com programas de computador estrangeiros.

A primeira menção à pla-taforma foi feita ainda em 2010. Na época, decidiu-se seguir os passos de outros pa-íses e tomar como base uma distribuição Linux gratuita

Tecnologia Software livre

Licitação foi aberta em setembro de 2011 e tecnologia será usada nos computadores de órgãos do governo e de escolas.

e de código-fonte aberto. De acordo com o programa na-cional “Sociedade da Infor-mação”, o governo deve dis-ponibilizar 490 milhões de rublos (R$ 28 milhões) até 2020 para o desenvolvimen-to da plataforma.

Prevê-se que, um ano após o início do programa, que se deu em setembro passado, a plataforma já opere em 2% dos computadores de insti-tuições e organizações gover-namentais, além de órgãos centrais e locais. No ano se-guinte o número deverá che-gar a 5%.

“O protótipo é uma coisa complicada”, explica um dos membros da comissão de li-citação, Vitáli Lipatov, dire-tor-geral da Etersoft, empre-sa desenvolvedora de Linux em São Petersburgo.

“É um grande projeto. O programa de testes tem 73 itens que não são um simples aperto do botão”, disse Dmí-tri Komissárov.

Segundo o executivo, os testes duraram cinco dias: três dias no ministério e dois à distância.

O projeto foi examinado várias vezes e passou por

Rússia testa sistema alternativo ao Windows

ROMÁN DÓROKHOVVEDOMOSTI

Pútin faz discurso vitorioso na Praça Manej ao lado do atual presidente, Dmítri Medvedev. Iniciativa de implantar câmeras foi do premiê

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Mikhail Prôkhorov

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Vladímir Jirinóvski

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Serguêi Mironov

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RESULTADOS DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

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Com a contratação de Vitáli Petrov, Caterham ganha a maior empresa petroquímica da Rússia como nova patrocinadora da temporada.

Os Estados Unidos vão comprar da Rússia um lote de espin-gardas semi-automáticas Saiga-12, calibre 12 e de alma lisa, para suas unidades policiais.

LEIA NO SITE

Moscou tem o único museu de esculturas de gelo do mundo, a uma tempera-tura de 10ºC negativos. Na construção das esculturas, em uma área de 500 metros quadrados, foram utilizadas 800 toneladas de gelo e 200 de neve.

gazetarussa.com.br/14192

Pável Durov, fundador e diretor-geral do Vkontakte, a maior rede social da Rús-sia, prometeu no mês pas-sado fazer uma doação mi-lionária para a Wikipedia. A enciclopédia mantida com doações, enfrenta uma grave crise � nanceira.

gazetarussa.com.br/14125

Imóveis comerciais conti-nuam a atrair investidores à Rússia mesmo diante da ins-tabilidade econômica mun-dial. No ano passado, o vo-lume de investimentos em imóveis comerciais dobrou no país, atingindo o equiva-lente a US$ 8,3 bilhões, se-gundo dados da consultoria Jones Lang LaSalle.

Em comparação com os lí-deres do mercado, o montan-te não é grande, e equivale ao volume de investimentos feitos no mercado imobiliá-rio de Hong Kong, que ocu-pou o 6 º lugar no ranking mundial.

Os líderes são Londres, Nova York, Paris, Tóquio e Cingapura (ver infográ� co).

Analistas atribuem o cres-cimento à reativação do mer-cado de capitais. Em 12 meses, o volume de crédito concedido a pessoas jurídi-cas aumentou 25%, segundo o departamento de pesquisa de mercado da consultoria Knight Frank. A acessibili-dade dos fundos contribuiu para o aumento do valor médio das transações. Os ne-gócios com valores de mais de US$ 100 milhões repre-sentaram cerca de 50%, em-bora, em 2010, não tivessem ultrapassado 30%.

Aproximadamente um terço do total de transações teve participação de capital estrangeiro. No período pós-crise, de 2009 a 2010, o in-vestimento externo foi frag-mentário. A grande ativida-de dos investidores em 2011 foi, em parte, culpa do acú-mulo de demanda dos anos passados. “Ao mesmo tempo, no � nal de 2011 veri� camos

Investimento Apesar de aumento, volume de transações continua baixo

Combustível No bolso do motorista

um aumento de preocupações dos players do mercado de-vido aos problemas � nancei-ros da Europa e a um perío-do de transição política no país que se iniciou com as re-centes eleições parlamenta-res e se intensi� cou diante das eleições presidenciais”, assinala o diretor de vendas da Knight Frank, Evguêni Smirnov.

Os investimentos se distri-buíram igualmente entre os segmentos de imóveis comer-ciais e de escritórios, caben-do a cada um 40% do total.

Os hotéis e armazéns, que normalmente têm demanda menor entre investidores, so-maram 13% e 7%, respecti-vamente. No mercado mos-covita, o segmento de escri-tórios mantém a liderança

em volume de negócios. Os maiores investidores no

mercado imobiliário russo são empresas dos Estados Unidos , Reino Unido, países escandinavos e russas. Entre os asiáticos, os mais ativos são os chineses. De 2009 a 2010, eles investiram US$ 480 milhões em imóveis russos, dos quais US$ 350 milhões foram aplicados apenas no

centro de negócios Gre-enwood, nos arredores da ca-pital. Entre outros projetos, merece atenção o Pérola Bál-tica, um dos maiores de São Petersburgo, e que foi con-cret i zado com capita l chinês.

Os fatores que vão de� nir o mercado de investimento neste ano serão o estado da economia global e a crise da dívida na Europa. “Compa-rado ao ano passado, marca-do por tendências positivas no mercado, como alta ativi-dade de locatários, acessibi-lidade de fundos bancários, fechamento de transações com investidores estrangei-ros, este ano promete ser um pouco mais complicado. Ape-sar de o mercado de locação se manter ativo, o � nancia-mento se tornou mais caro e menos acessível, o que pode vir a exercer pressão sobre as taxas de capitalização”, disse a chefe de análise de mercado da consultoria Jones Lang LaSal le, Olessia Cherdântseva.

Em 2012, a capital russa poderá liderar o ranking de preços do mercado imobili-ário de luxo, de acordo com previsão feita pela Knight Frank. O levantamento, que analisou 29 cidades em cinco regiões do mundo, concluiu que os preços das habitações de luxo em Moscou podem aumentar 20% no período.

Segundo os autores do es-tudo, a alta dos preços será provocada pela oferta limi-tada de imóveis de alto pa-drão e mantida pelo a� uxo de capitais de regiões proble-máticas do mundo e o desejo que investidores abastados têm de aplicar seus capitais em ativos reais, inclusive o imobiliário, em vez de lidar com produtos financeiros mais voláteis.

Segundo os analistas da Knight Frank, investidores estrangeiros não devem se dedicar ao mercado de imó-veis de alto padrão de Mos-cou - onde operam, até o mo-mento, somente construtoras locais.

A oferta de habitações de luxo na cidade está dimi-nuindo, atingindo no tercei-ro trimestre de 2011 o mesmo nível de 2008. Os espaços re-servados à construção habi-tacional na capital é limita-do e contratos de investimen-tos assinados pelo prefeito anterior estão sendo revisa-dos pelo atual, Serguêi Sobiânin.

Rússia é líder de crescimento em imóveis comerciais

Volume de transações é equivalente ao de Hong Kong, que ocupa 6° lugar no ranking

Maior aumento ocorreu no setor de imóveis comerciais, mas habitações de alto padrão também devem ter maior demanda.

VÍKTOR KUZMINESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Investimentos imobiliários em 2011

diversos ajustes, disse o atual ministro dos Correios e Te-le comu n ic açõ e s , Í gor Chégolev.

Um dos resultados do de-senvolvimento do protótipo

da plataforma foi a elabora-ção de especi� cações técni-cas para a próxima licitação para o desenvolvimento de plataforma própria.

A PingWin sugeriu tomar como base quatro distribui-ções russas – Alt Linux, MS-

VSfera, NauLinux e Rosa –, ao invés de uma distribuição padrão e demonstrar sua compatibilidade. O resulta-do é que cada programa de-senvolvido para uma distri-buição funciona perfeitamen-te nas outras.

Agora, pretende-se criar um estoque de algoritmos e programas compatíveis com todas as distribuições e um operador responsável por sua manutenção.

Segundo declarou o vice-ministro dos Correios e Te-lecomunicações, Iliá Mas-sukh, será possível escrever programas para a platafor-ma não só no Linux: os mi-nistérios, agências e outras organizações governamen-tais poderão usar também programas obtidos via inter-net através de serviços de nuvem. Em meados de 2011, a Pingwin Software regis-trou uma reclamação sobre as condições apresentadas na licitação, principalmente em relação ao prazo demasiada-mente curto para a elabora-ção do protótipo e a propos-ta de criar uma única versão da plataforma.

A documentação do pro-tótipo foi entregue em outu-bro, e registrada em dois meses.

Plataforma quer substituir Windows

Linux: código aberto é base da nova plataforma

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

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A Rússia ocupa penúltimo lugar no ranking de preços de varejo da gasolina de 95 octanas na Europa e na CEI (Comunidade dos Países In-dependentes), de acordo com

“A Rússia é muito forte nas comodities minerais, espe-cialmente petróleo, mas é um importador de algumas co-modities agrícolas, uma área onde o Brasil produz em abundância e com muita competitividade internacio-nal. As semelhanças nos aproximam, e as diferenças nos complementam”, diz Por-tugal. “Esse comércio tem crescido, mas no caso do Bra-sil representa apenas 1,5% do comércio exterior total”, completa. “Estamos deixan-do dinheiro em cima da mesa, e nós da área bancária não gostamos de deixar dinhei-ro em cima da mesa.”

A ksakov concordou: “Temos todo interesse em co-laborar com o sistema ban-cário brasileiro”. E aprovei-

resultados de 2011. A lista, da agência RIA-Analítika, é baseada em estatísticas o� -ciais dos países. O preço médio da gasolina russa em 2011 foi de 28,4 ru-blos (R$ 1,62) por litro. De acordo com os dados, a gaso-lina mais barata é a da Bie-lorrússia (R$ 1,35/litro). O país registrou também o maior au-mento de toda Europa e da CEI, de 88,3%.

Vice-campeã em gasolina barata

Encontro bilateral de bancos

Murilo Portugal (esq.), da Fe-braban, e Anatóli Aksakov

Produto está no top dos mais baratos da europa e da CEI

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GAZETARUSSA.COM.BR/14246PATROCINADORES RUSSOS CHEGAM À FÓRMULA 1

GAZETARUSSA.COM.BR/14165POLÍCIA AMERICANA COMPRA ARMAS RUSSAS

Primeiro lugar é da Bielorússia (R$ 1,35/litro); o país que vende mais caro é a Noruega (R$ 5,86).

VÍKTOR KUZMÍNKOMMERSANT

tou para convidar Murilo Portugal e os executivos bra-sileiros para nova reunião, em setembro, em Moscou, du-rante o Fórum Internacional de Bancos.

Único museu de gelo

US$ 1 milhão para Wikipédia

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR CiênciaDescoberta Trabalhos de escavação que alcançaram a superfície do lago subterrâneo Vostok em fevereiro começaram há duas décadas

No início de fevereiro, cien-tistas da expedição russa à Antártida � nalmente alcan-çaram a superfície do lago Vostok, segundo o Instituto de Pesquisas no Ártico e na Antártida e a Expedição Ma-rinha de Prospecção Polar.

A descoberta é um dos maiores êxitos cientí� cos da segunda metade do século 20. O lago foi isolado da super-fície da Terra durante cen-tenas de milhares de anos por uma camada de quatro qui-lômetros de gelo. Além disso, os cientistas acreditam que existam organismos vivos nas águas do Vostok.

“O lago foi descoberto por uma equipe internacional que inclui cientistas russos, americanos e britânicos”, a� rmou Valéri Massolov, o chefe da Expedição Marinha de Prospecção Polar russa, ao site Science and Techno-logies Russian Federation (strf.ru).

“Em julho de 1994, duran-te uma reunião do Comitê Cientí� co de Pesquisas da An-tártida em Roma, o geógrafo Andrêi Kapitsa fez o primei-ro anúncio público da desco-berta. Em 1995, uma equipe internacional de cientistas pu-blicou o primeiro artigo sobre o lago na revista britânica Na-ture”, conta Massolov.

A perfuração do gelo para estudos paleoclimáticos na estação Vostok foi iniciada em 1989 por pesquisadores de uma expedição conjunta de cientistas soviéticos, fran-ceses e americanos.

Sob uma profundidade de 3.539 metros, que foi alcan-çada em 1996, a composição química e isotópica do gelo e sua estrutura cristalográ-fica mudaram. Assim, os cientistas descobriram que naquele ponto o gelo já era composto por água do lago. A demora para atingir o Vos-tok foi causada principal-mente pela inquietação da comunidade científica es-trangeira, que temia o uso de um anticongelante à base

de querosene – que podia con-taminar a água e comprome-ter a possível microfauna.

No entanto, de acordo com vice-diretor do Instituto do Ártico e Antártida, Valéri Lukin, a tecnologia já vinha sendo testada em condições s e m e l h a n t e s n a Groenlândia.

Os trabalhos de perfura-ção do gelo sobre o Vostok recomeçaram em 2 de janei-ro de 2012 e foram interrom-pidos no dia 5 de fevereiro, logo após o contato da sonda de perfuração com a super-fície da água do Vostok. “En-contramos certos microorga-nismos que não deveriam estar lá”, revela Massolov.

O inverno inicia-se agora na Antártida e dura dez meses. Os cientistas continu-arão a pesquisa apenas em dezembro.

Antártida revela lago intocado

Cientistas acreditam que microorganismos desconhecidos no lago podem comprovar que a vida na Terra veio do espaço

Interrompida durante o inverno, perfuração deve ser retomada em dezembro. Quatro quilômetros de geleira cobrem o lago.

NIKOLAI PODORVANIUKGAZETA.RU

material biológico que pode-mos encontrar no lago. Du-rante milhões de anos, a água do lago não teve contato com a atmosfera da Terra. Por isso, lá a evolução poderia ter ocorrido de acordo com leis diferentes das da Terra”, diz Valéri Lukin, vice-diretor do I n s t ituto do Á r t ico e Antártida.

Os cientistas esperam en-contrar nas amostras de água do lago Vostok microorganis-mos desconhecidos. Mas tam-bém consideram importante encontrar micróbios já vis-tos em outros lugares, pois isso lhes dará razões para dizer que em Europa, a lua de Júpiter, também há pos-

sibilidade de vida. A lua Eu-ropa é considerada um dos satélites com maiores proba-bilidades de abrigar vida, e também está coberta por

uma camada de gelo, cuja es-pessura alcança 100 quilô-metros (o lago Vostok é co-berto por uma camada de gelo de 4 km). Supõe-se que a lua de Júpiter possua enor-mes oceanos subglaciais.

“Os cálculos mostram que, a uma profundidade de 80 a 100 km, o gelo deve se trans-formar em água líquida sob a ação de altas temperaturas

e pressão”, a� rma Vladímir Surdin, cientista-sênior do Instituto Nacional de Astro-nomia Sternberg.

Tais condições, de� nidas por alta pressão atmosférica, falta de luz solar e radiação

Quatro quilômetros sob o gelo

As falhas que marcaram as atividades do setor espacial russo em 2011 não impedi-ram a Roscosmos (Agência Espacial Russa) de prosse-guir com a a construção de um sistema nacional de na-vegação via satélite. Conce-bido para ser uma alternati-va e� caz ao GPS (Sistema de Posicionamento Global) nor-te-americano, o Glosnass já tem sua constelação de saté-lites em órbita.

Os gastos com a manuten-ção e desenvolvimento do sis-tema, porém, vão aumentar signi� cativamente nos pró-ximos anos. Se o programa federal da Glonass consumiu 107 bilhões de rublos (cerca de R$ 6,2 bilhões) de 2001 a 2011, a previsão é que se in-vistam cerca de 347 bilhões de rublos (R$ 20,2 bilhões) entre 2012 e 2020.

A maior parte dos recur-sos será destinada à manu-tenção dos satélites. Serão lançados 13 satélites Glonass-M (o principal do sistema russo) e 22 Glonass-M mo-dernizados, que têm vida útil aumentada para até sete anos (dos dois ou três da versão anterior) e para dez anos na

Satélites Novas instalações russas cobrirão área desde o Brasil até a Indonésia

rencial” e três satélites re-transmissores em órbita geoestacionária.

BenefíciosAs estações terrestres lo-

calizam os satélites do siste-ma Glonass e passam, por meio de um satélite retrans-

missor, informações adicio-nais para os aparelhos dos usuários � nais. Até 2020, pre-tende-se aumentar a preci-são para 0,6 metros – contra os 0,7 metros do GPS.

Pelo menos 16 estações desse tipo serão instaladas na Rússia e duas na Antár-tida, nas bases russas Bellinshausen e Novolazare-vskaia. As novas estações co-brirão desde o Brasil até a Indonésia para servir a todo o hemisfério Sul – hoje do-minado pelo GPS – com o sis-tema Glonass.

Assim como o sistema nor-te-americano, o Glonass foi projetado para uso militar e a possibilidade de uso comer-cial só passou a ser discuti-da há alguns anos. Os pri-

Glonass vai brigar com GPS pelo hemisfério Sul

Silene stenophylla LedebPreparação para o lançamento de três satélites Glonass-M: investimentos pesados em vista

Um grupo de biólogos russos obteve uma planta a partir de sementes que se conser-varam congeladas no perma-frost (solo constituído por terra, gelo e rochas perma-nentemente congelados) da Sibéria durante cerca de 30 mil anos.

Sob a orientação de David Guilichínski, do Instituto de Problemas Físico-Químicos e Biológicos do Solo, na ci-dade de Púchino, o grupo en-controu as sementes a 38 me-tros de profundidade do permafrost, perto do rio Kolimá.

A região de Magadan con-serva grandes concentrações de plantas primitivas que cresceram no nordeste da Si-béria de 25 a 40 mil anos atrás. Os restos da Silene ste-nophylla Ledeb, planta her-bácea muito resistente a tem-peraturas negativas, foram encontrados na toca de um roedor primitivo.

Não é a primeira vez que cientistas encontram frag-mentos de sementes pré-his-tóricas, mas elas nunca antes foram recuperadas devido a danos internos.

O teste radiométrico por carbono mostrou que as se-mentes tinham cerca de 30

Era do Gelo DNA congelado

mil anos de idade. Os frag-mentos mais bem conserva-dos foram colocados em uma cultura especial e em pouco tempo brotaram e foram plantados em solo.

Para obter sementes nor-mais, os biólogos cruzaram os brotos da planta antiga entre si e com suas “paren-tes” modernas e � zeram res-surgir uma planta primitiva a par ti r das sementes encontradas.

Os vestígios fósseis de ani-mais e plantas congelados fornecem informações im-portantes sobre como era a vida na Terra milhares de anos atrás. Fragmentos de DNA encontrados em tais vestígios podem reproduzir a � ora da Terra antes do sur-gimento do Homo sapiens.

Nasce planta de sementes de 30 mil anosSementes foram encontradas a 38 metros de profundidade em solo na região da Sibéria.

Para expandir seu sistema de localização por satélite ao território hoje dominado por norte-americanos, russos vão dobrar investimento.

GAZETA.RU

ILIÁ KRAMNIKESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Vostok pode indicar origem da vidaMicroorganismos desconhecidos no lago virgem Vostok podem mostrar que a vida chegou à Terra vinda do espaço.

FEDERALSPACE.RUOs cientistas russos estão a um passo de uma descober-ta que já se compara em im-portância à chegada do homem à Lua. Se nas amos-tras de água colhidas do lago primitivo Vostok, na Antár-tida, forem encontrados mi-croorganismos desconheci-dos, será con� rmada a teoria de que a vida chegou à Terra a partir do espaço.

“Os microorganismos nos darão a informação sobre o

A água do lago não esteve em contato com a atmosfera terrestre por milhões de anos

Micróbios conhecidos no lago levarão a crer que também há vida em Europa, satélite de Júpiter

cósmica, são duras para a vida. Ainda assim, os micro-biologistas estão animados. As descobertas dos últimos anos mostraram que essas condições não impedem o de-senvolvimento de vida.

“Agora sabemos que os or-ganismos podem surgir na ausência de substâncias or-gânicas e obter energia a par-tir de reações químicas”, diz Elena Vorobiova, cientista-sênior da Faculdade de Ci-ências do Solo da Universi-da Estatal de Moscou. “Se a vida pode surgir em situa-ções semelhantes às do lago subglacial, é muito provável que exista também em Europa.”

m e i r o s d i s p o s i t i v o s comerciais do Glonass apa-receram no � m de 2009.

Em 2011, a receita da ope-radora de navegação NIS Glonass foi de cerca de 3,3 bilhões de rublos (cerca de US$ 193 milhões), quase 4,5 ve ze s o va lor do a no anterior.

“A partir deste ano, outro motor de crescimento serão os programas regionais de implantação do Glonass, que já existem em15 unidades da Federação Russa e em ela-boração em outras 46”, disse o diretor-geral da NIS Glo-nass, Aleksandr Gurkó. A maior parte dos programas se destina ao uso civil.

A fase seguinte consistirá no aumento de precisão do sistema. Quando essa atin-gir menos de um metro, será possível utilizar o Glonass para o monitoramento de unidades como pontes, arra-n h a - c é u s e o u t r a s instalações.

Equipamentos capazes de se relacionar com os dois sis-temas de navegação por sa-télite existentes serão insta-lados nas novas pontes de Vladivostok (no Extremo Oriente russo), que devem ser construídas por ocasião da cúpula da APEC (Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pací� co) em 2012.

Além disso, nos próximos anos deverão ser implemen-tados dois projetos de impor-tância estratégica para o país e suas Forças Armadas: a produção em série de muni-ções guiadas por satélite e o desenvolvimento de um sis-tema uni� cado de controle de unidades táticas. Já há muitos anos os EUA desen-volvem sistemas teleguiados e de controle com base em seu sistema GPS, e sua ex-periência pode ser útil à Rússia.

O que é o GlonassGlonass é o sistema de nave-gação global por satélite rus-so, equivalente ao Navstar GPS norte-americano.O Glonass é composto de 24 satélites. A principal diferença entre o sistema russo e o GPS é que o movimento orbital dos

satélites do Glonass não tem ressonância com a rotação da Terra, garantindo maior esta-bilidade. Assim, o Glonass não precisa de ajustamento adi-cional. A vida útil dos satélites Glonass, porém, é considera-velmente mais curta.

versão Glonass-K. Além disso, será aumentada tam-bém a precisão de posiciona-mento das coordenadas – hoje ela já é de menos de três me-tros e deve crescer.

Um elemento importante para isso serão as “estações terrestres de correção dife-

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Em Foco Opinião

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOSIVAN E OS CACHORROS ATÉ 1 DE ABRIL, SÁB. E DOM. ÀS 20H30, TEATRO CULTURA INGLESA - PINHEIR0S, SÃO PAULOA peça, baseada em fatos reais ocorridos em Moscou, conta a história de Ivan Mishukov, que viveu nas ruas da cidade dos quatro aos seis anos de idade.

www.festival.culturainglesasp. ›com.br

MINHA FELICIDADEESPAÇO UNIBANCO E CINESESC, DATAS E HORÁRIOS A CONFERIR, SÃO PAULOFilme alemão conta a história de um caminheiro que se perde na Rússia. Durante o trajeto, ele acaba conhecendo os habitantes locais e suas histórias de vida.

www.sescsp.org.br ›www.itaucinemas.com.br ›

HELIRUSSIA 2012DE 17 A 19 DE MAIO, CROCUS EXPO, MOSCOU - RÚSSIAEm sua quinta edição, a exibição internacional de helicópteros reúne engenheiros, fabricantes de componentes, de cabines e equipamentos especiais, companhias de transporte e revendedores.

www.helirussia.ru/en ›

FÓRUM INTERNACIONAL DE TURISMO “VISITE A RÚSSIA”DE 25 A 26 DE MAIO, IAROSLAV - RÚSSIARealizado às margens do rio Volga, o fórum é organizado pelo governo local e central. Reunirá especialistas em turismo, hotelaria e negócios e promoverá debates.

www.visitrussia-yar.ru ›

CONFIRA MAISwww.gazetarussa.com.br

Nos calabouços da biblioteca do Museu Politécnico, no cen-tro de Moscou, foi encontrado um verdadeiro tesouro: um depósito secreto de livros e re-vistas antigos.Não se sabe quando, quem e, o mais importante, por que motivo alguém escondeu as publicações. Mas todo o ma-terial tem valor único e sem precedentes – não apenas como antiguidade, mas tam-bém devido ao seu conheci-mento cientí� co.

A descoberta ocorreu quan-do os funcionários já emba-lavam os livros da biblioteca para transferi-la temporaria-mente a outro local, já que o edifício centenário que a abri-ga precisava ser restaurado.

“A disposição da sala não é exatamente adequada para uma biblioteca, por isso a dis-posição dos livros foi feita ale-atoriamente. Quando era pre-ciso um lugar novo, no improviso, íamos construin-do prateleiras onde era pos-sível”, contou à Gazeta Russa a diretora-adjunta da biblio-teca, Svetlana Kukhtevitch.Para gerar espaço para as cai-xas de livros, prateleiras va-zias foram desmontadas. Então, atrás de uma delas, foi encontrada uma parede de madeira compensada, que “ba la nç ava de for m a estranha”.

“Removemos a madeira compensada e vimos que atrás dela havia livros! Imediata-mente, claro, quebramos a pa-

Tesouro Descoberta ocorreu durante reforma de biblioteca em museu

rede e na nossa frente apare-ceram montanhas de livros empilhados, do chão até o teto!”, diz Svetlana.

De acordo com cálculos pre-liminares, no nicho de dois metros de comprimento havia cerca de 30 mil livros, já con-siderados perdidos. No escon-derijo foram encontrados ba-sicamente livros do período

pré-revolucionário em línguas estrangeiras: francês, alemão, latim e grego.

“Todos os estudiosos e qual-quer pessoa minimamente instruída do século 19 sabiam diversas línguas, por isso, não havia demanda por livros em russo”, a� rma Svetlana.

O exemplar mais antigo é o livro “Descrição pictórica das áreas ocupadas pela Ale-manha”, publicado em 1706. Mas a maioria foi publicada no � nal do século 19, início

do século 20. Um dos mais re-centes é o “Mapa Adminis-trativo da URSS”, de 1936, da editora do NKVD (Comissa-riado do Povo Para Assuntos Internos).

EstatizaçãoA maior parte do material

que entrou na biblioteca do Politécnico provém de um de-pósito público que mantinha todas as coleções privadas que foram estatizadas. Assim, em um catálogo completo de aves, publicado em francês, estão registrados desenhos dos co-merciantes Mámontov, proe-minentes a partir de meados do século 19 no país.

Em vários livros há a ano-tação “remover ex libris” e em outros, páginas arrancadas. Milagrosamente, a marca pes-soal do conde Semion Uvarov, ministro da Educação Popu-lar durante o reinado do tzar Nicolau I, permaneceu, em le-tras de ouro, em uma edição francesa de “A História dos Insetos”, datada de 1734.

Dos livros em russo, mere-ce atenção especial o tomo “As Forças Produtivas da Rússia”, sobre todas as fábricas do país

nos mais diversos setores. “Ao ler um livro desses você en-tende por que houve tanto pro-gresso no nosso país. Progres-so que talvez não tenha acontecido em vários países ocidentais”, acredita a biblio-tecária-chefe do espaço, Olga Plechkova.

Datado de 1906, o livro de história de Serguêi Tchel-nokov, um estudante do se-gundo ano do ginásio, conser-vou sua antiga vida no subterrâneo. Dentro dele, fo-lhas foram mantidas com as anotações a lápis do menino. A princípio, ele começa a es-crever uma lição ou a fazer anotações, e quando se cansa, desenha alguma coisa e exer-cita a escrita do nome do co-mandante russo Barclay de Tolly.

Uma parede após a outraApós essa descoberta, en-

controu-se ainda outra pare-de de madeira compensada, quebrada sem demora. Lá se encontravam dois nichos cheios até o teto de periódi-cos estrangeiros do século 19: revistas sobre a história da ci-ência e da tecnologia, sobre artes e arquitetura.

“Agora podemos não ape-nas complementar nossa co-leção de periódicos, mas tam-bém substituir as revistas copiadas sem valor por aque-las encontradas no esconde-rijo”, a� rma Svetlana.

Algumas das dádivas ali são, por exemplo, quase todas as edições da revista “Enge-nharia”, desde 1884. Tal des-coberta bene� cia não somen-te bibliógrafos, mas também pesquisadores da área.

Mas o enigma permanece sem resposta: por que escon-der todos esses livros ideolo-gicamente inofensivos e revis-tas sobre química, física, biologia, agricultura, mate-mática, história, astronomia e outras ciências?

Não há nenhuma evidência de que a gerência da biblio-teca ou o governo soviético tenha emitido diretrizes es-pecí� cas para que se destru-íssem os livros. Mas, talvez por medo de perder essas pu-blicações valiosas, os funcio-nários do museu decidiram escondê-las.

“Nós � cávamos imaginan-do que em algum lugar na bi-blioteca poderia ter um escon-derijo com livros, mas não sabíamos onde. A antiga di-retora trabalhou aqui por 30 anos e não encontrou nada”, diz Kukhtévitch. Os bibliote-cários já desconfiam onde podem descobrir o próximo esconderijo.

O depósito secreto de livros antigos

A coleção recém-descoberta tem joias, como obras editadas no século 18

Atrás de uma parede, 30 mil livros e revistas escondidos

Funcionários já suspeitam de outros esconderijos no local

Esconderijo foi encontrado após retirada de parede de madeira. Funcionários teriam protegido material da destruição comunista.

ALEKSANDRA GUZEVAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Biblioteca do Museu PolitécnicoA biblioteca do Museu Poli-técnico foi fundada em 1871, antes mesmo do próprio mu-seu, e sua coleção consistia ini-cialmente de doações da So-ciedade de História Natural, composta por professores da Universidade Estatal de Moscou (Mendelêiev, Butlerov, Metchni-kov, entre outros).Seu acervo foi reforçado por meio de trocas com o Mu-seu de História Natural de Pa-

ris e com a Sociedade Real de Edimburgo. Após a Exposição Politécnica em Moscou, da qual a biblioteca fez parte, ela pas-sou a receber literatura de to-dos os congressos científicos e exposições e, nos tempos sovi-éticos, fazia parte do Comissa-riado de Educação do Povo.Hoje, em seus arquivos, abso-lutamente todos os livros sobre história da ciência e tecnologia têm traduções para o russo.

“A gente imaginava que havia um esconderijo de livros, mas não sabia onde”, conta diretora

AS MATÉRIAS PUBLICADAS NA RÚBRICA OPINIÃO EXPÕEM OS PONTOS DE VISTA DOS AUTORES, E NÃO NECESSARIAMENTE REPRESENTAM

A POSIÇÃO EDITORIAL DA GAZETA RUSSA OU DA ROSSIYSKAYA GAZETA

A atual situação no Oriente Médio permite falar da proximidade do � m do conceito de mundo multi-polar. O contexto geopolítico que

está se constituindo no mundo parece não tanto uma ordem internacional multipo-lar, mas um mundo sem polos, em que as funções de liderança são exercidas muito mal, independentemente de quem as assume.

Os EUA se enfraquecem devido à redis-tribuição da economia mundial, à crise � -nanceira e à difusão de tecnologia (in-cluindo de aplicação militar) em países antes dominados pelo Ocidente.

Enquanto concorrente econômico dos Estados Unidos, a União Europeia tornou-se vulnerável e inconsistente. As mortes de soldados tornaram a Otan (Organiza-ção do Tratado do Atlântico Norte) susce-tível a críticas, enquanto os altos gastos com operações militares da aliança fora das fronteiras nacionais dos países-mem-bros trouxeram desgastes à organização.

Na ausência de um inimigo ideológico tão forte quanto a União Soviética – cujo papel di� cilmente poderia ser hoje assu-mido por Rússia ou China, países em busca de integração ativa ao sistema polí-tico e econômico mundial – as tentativas de mobilizar a sociedade ocidental contra um novo “eixo do mal” não têm surtido efeito como nos tempos da Guerra Fria.

Como consequência, países como a Tur-quia, Irã e China, condenados já no início do século 20 a obedecer e ser divididos, adotam uma política independente, recu-perando suas históricas zonas de in� uên-cia. O mesmo ocorre com Índia, Japão, Coreia do Sul, África do Sul, alguns paí-ses do Sudeste Asiático e países árabes do Oriente Médio, cujos interesses deixam de depender do Ocidente.

A crescente oposição do Irã xiita à aliança árabe sunita, liderada pelas mo-narquias conservadoras da Península Arábica e unidas pelo Conselho de Coope-ração dos Estados Árabes do Golfo (CCG), pode levar a região a uma guerra.

Possivelmente, será uma “guerra de desgaste”, menos perigosa para Teerã do que ações como o bloqueio do Estreito de Ormuz ou um ataque contra a “ilha dos árabes” para o resto do mundo, uma vez que provocarão inevitavelmente uma rea-ção dos EUA e de outros países da Otan responsáveis pela segurança das monar-quias árabes. Na expectativa desse con� i-to, a Arábia Saudita e o Bahrein reprimi-ram as manifestações xiitas com a ajuda do corpo ocupacionista do CCG.

Primavera para quem?Já a luta pelo poder na “primavera

árabe” foi perdida tanto pelos círculos ou-trora ligados à União Soviética quanto pelos liberais pró-ocidentais. No Magreb e no Egito, o poder é disputado entre a “Ir-mandade Muçulmana” e seus numerosos clones, sala� stas e tradicionalistas, in-cluindo as ordens su� s in� uentes, patroci-nadas política e � nanceiramente pelas monarquias árabes. O Ocidente é seu par-ceiro e mercado em potencial. A Rússia não lhes interessa.

A queda dos regimes autoritários no Norte da África criou um vácuo de poder e deixou disponível uma grande quantida-de de material de guerra, incluindo mís-seis antiaéreos e anticarros portáteis, minas pesadas etc., dando início a uma nova fase de guerra subversiva e terroris-ta travada pela Al-Qaeda no Iraque, na Península Arábica e nos países islâmicos do Magreb, além de grupos na Somália, Nigéria, Afeganistão e Paquistão. Todos esses grupos, movimentos e organizações,

MANTER APARÊNCIAS É BASE DA ESTRATÉGIA PARA O ORIENTE MÉDIO

Evguêni Satanóvski

CIENTISTA POLÍTICO

com raras exceções, como o braço sírio do movimento palestino Hamas, lutam não só contra os governos laicos, xiitas ou contra o Ocidente, mas também contra a Rússia.

A Jordânia e o Marrocos, países que têm relações estáveis com a Rússia e são convi-dados do Conselho de Cooperação do Golfo, têm grandes problemas internos e dependem mais do apoio do Ocidente e das monarquias do Golfo Pérsico do que de Moscou.

O governo militar da Mauritânia conta com o apoio da França e dos Estados Uni-dos, apesar de não se ter unido à aliança antissíria. A Argélia se mantém distancia-da, sendo a última autocracia laica do Magreb.

A única fronteira através da qual na Síria não se in� ltram armas nem extre-mistas armados é com Israel. Jerusalém, formalmente em guerra com Damasco, está interessada em uma Síria estável, já que o colapso do país teria como conse-quência inevitável uma reação em cadeia no Líbano, Jordânia e Cisjordânia.

A Turquia tem um papel especial na si-tuação em torno do Irã e da Síria, contro-lando os grupos de oposição armados nas regiões fronteiriças da Síria, acolhendo em seu território refugiados sírios e apoiando os oponentes de Bashar al Assad. Caso decida atacar a Síria, o país não terá nenhuma chance de repelir a agressão turca.

Como alternativa, a Turquia pode intro-duzir no norte da Síria um contingente de tropas, assim como aconteceu no Iraque, e será apoiada pelo mundo árabe e ociden-tal. Assim, a Otan, da qual a Turquia faz parte, se veria envolvida no con� ito.

A ONU realiza uma função técnica na crise sírio-iraniana. Ainda que os Estados Unidos não necessitem de aprovação das Nações Unidas para realizar uma opera-ção militar, a julgar pelo que aconteceu no Iraque, o Congresso norte-americano e os parlamentos europeus se mostram mais maleáveis nos debates dos orçamentos mi-litares quando uma operação militar tem aprovação da ONU.

O sistema das Nações Unidas permitiu que Rússia e China usassem seu poder de veto para impedir a aprovação da resolu-ção sobre a Síria, mas não devemos exage-rar o signi� cado dessa ação. A opção mili-tar é importante para a Otan, que falhou em coordenar as ações das forças aliadas na Líbia, onde até mesmo o papel da Ale-manha, um dos principais países euro-peus, foi passivo e simbólico.

A Rússia tem poucas opções em relação à situação em torno da Síria e do Irã. A ideia de transformar Moscou em aliado político e militar de Teerã e colocá-la con-tra o Ocidente também é destrutiva para a Rússia. A atual estratégia do país lhe per-mite “manter as aparências” e ganhar tempo.

Taticamente, entregar seus aliados a Washington pode ter efeito positivo, mas arriscado. Um � erte com os islamistas não trará nada além de outro 11 de Setembro, embora as monarquias do Golfo Pérsico demonstrem como os EUA dependem de seus aliados árabes.

Evguêni Satanóvski é presidente do Instituto de Estudos sobre o Oriente Médio.

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Aliar-se ao Teerã e colocá-lo contra o Ocidente também é uma ideia destrutiva para a Rússia, e um flerte com islamistas pode levar a outro11 de Setembro

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