Genero Textual - Fabula

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEP DEPA COLÉGIO MILITAR DE CURITIBA 6º ANO EF – Língua Portuguesa Professoras: Rosana Aparecida Ribeiro Santos e Alcina Brasileiro GÊNERO TEXTUAL: FÁBULA Conceito e estrutura de fábula A fábula tem por finalidade instruir divertindo e, se for necessário criticar, ela também o faz. É uma narrativa curta e finalizada por uma mensagem, que é a moral da história. É um gênero de texto que expressa pensamentos de forma indireta; porém, seu estilo é de proposital simplicidade e de fácil leitura. O enredo desse tipo de narrativa é baseado em simbologias. Geralmente são animais que agem como seres humanos e apresentam, pois, sentimentos. Sendo o animal humanizado, os fatos apresentados na fábula são, obviamente, fictícios. Ao apontar os vícios ou virtudes próprias do homem, transplantando- os, simbolicamente, por exemplo, para o macaco, lobo, cordeiro ou qualquer outro animal, o fabulista pretende acentuar os desvios de uma sociedade e mostrar a direção a ser tomada. Portanto, as fábulas geralmente têm um cunho crítico, já que nos fazem refletir. A força da narrativa e da moral que a conclui visa sugerir que o homem faça um exame de consciência, reveja seus atos e se decida por uma postura que enobreça a raça humana. Nas fábulas, os animais agem de acordo com seus atributos naturais, isto é, o leão será representado como um animal dotado de força e ferocidade. Suas atitudes, nessas narrativas, devem estar de acordo com esses atributos. Para entender as alegorias propostas pelo fabulista, é bom que se dê, por exemplo, ao lobo, suas características de ferocidade, e, ao cordeiro, a mansidão e a inocência que lhes são inerentes. Não é à toa que esse último tem a representação bíblica de Cristo. Na Bíblia, uma das designações referentes a Cristo é a de “Cordeiro de Deus” (vide tabela de atributos humanos a animais). A moral das fábulas

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MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO DEP DEPA COLGIO MILITAR DE CURITIBA 6 ANO EF Lngua Portuguesa Professoras: Rosana Aparecida Ribeiro Santos e Alcina Brasileiro

GNERO TEXTUAL: FBULA

Conceito e estrutura de fbula

A fbula tem por finalidade instruir divertindo e, se for necessrio criticar, ela tambm o faz. uma narrativa curta e finalizada por uma mensagem, que a moral da histria. um gnero de texto que expressa pensamentos de forma indireta; porm, seu estilo de proposital simplicidade e de fcil leitura.O enredo desse tipo de narrativa baseado em simbologias. Geralmente so animais que agem como seres humanos e apresentam, pois, sentimentos.Sendo o animal humanizado, os fatos apresentados na fbula so, obviamente, fictcios. Ao apontar os vcios ou virtudes prprias do homem, transplantando-os, simbolicamente, por exemplo, para o macaco, lobo, cordeiro ou qualquer outro animal, o fabulista pretende acentuar os desvios de uma sociedade e mostrar a direo a ser tomada. Portanto, as fbulas geralmente tm um cunho crtico, j que nos fazem refletir.A fora da narrativa e da moral que a conclui visa sugerir que o homem faa um exame de conscincia, reveja seus atos e se decida por uma postura que enobrea a raa humana.Nas fbulas, os animais agem de acordo com seus atributos naturais, isto , o leo ser representado como um animal dotado de fora e ferocidade. Suas atitudes, nessas narrativas, devem estar de acordo com esses atributos.Para entender as alegorias propostas pelo fabulista, bom que se d, por exemplo, ao lobo, suas caractersticas de ferocidade, e, ao cordeiro, a mansido e a inocncia que lhes so inerentes. No toa que esse ltimo tem a representao bblica de Cristo. Na Bblia, uma das designaes referentes a Cristo a de Cordeiro de Deus (vide tabela de atributos humanos a animais).

A moral das fbulas

Apesar de tradicionalmente a fbula ensinar e instruir, ela pode apresentar preceitos discutveis e polmicos. Isso faz com que muitas pessoas discutam se recomendvel que esse gnero textual esteja presente nos livros infantis.

A histria da fbula

A fbula uma antiga forma de narrar. Veio da ndia. Sabe-se que Esopo, na Grcia, no sculo VI a.C., tambm se servia desse tipo de histria para mostrar como os homens deveriam agir, fazendo uso da sabedoria.Esopo um nome presente ainda hoje quando se fala em fbula. Ele era um escravo, e, como tal, no podia dizer livremente o que pensava. Esopo ento criou textos que pudessem transmitir seus pensamentos. Suas fbulas, escritas em prosa, so breves e precisas, trazem uma moral e ensinam.Fedro foi um dos seguidores de Esopo. Viveu em Roma no sculo I da era crist. Tambm foi escravo e dizem que seu senhor gostava tanto de seus escritos que acabou por libert-lo. Fez uso do mesmo mecanismo de expresso de Esopo: manifestou-se por meio das fbulas.As fbulas gregas e latinas so bem mais simples e curtas que as modernas, porm no se desviam de sua finalidade moral. Tudo o que Esopo ou Fedro queriam em suas fbulas era que os erros dos homens fossem corrigidos.La Fontaine (1621-1695), escritor francs de temperamento potico, sonhador e galanteador, teve uma vida instvel e cheia de contrastes. Iniciou-se na vida eclesistica e, ao deix-la, seguiu o curso de Direito.Alis, ele pouco inventou e mais imitou. No criou mais do que vinte fbulas, mas dedicou-se recriao dos textos de seus mestres: Esopo e Fedro. o prprio La Fontaine quem diz que a inveno no est na matria, mas na maneira como se cria. As fbulas gregas e romanas tm uma forma direta, sem rodeios. J La Fontaine diz que possvel dar aos mais srios assuntos um certo charme e um ar agradvel. Por respeito tradio, ele faz salientar o carter utilitrio das fbulas.Nos dias de hoje, entre ns, o desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista brasileiro Millr Fernandes (1923-2012) traduziu fbulas do escritor guatemalteco Augusto Monterroso (1921-2003), que, alm de

reproduzir, tambm criou suas fbulas. Ele no se desvia do conceito estrutural de fbula, porm seu estilo de total irreverncia. Enxerga a vida com humor e assim que chega moral de suas histrias. Leia uma de suas fbulas publicadas no livro A ovelha negra e outras fbulas (Monterroso, 1983), com traduo de Millr Fernandes:

O Coelho e o LeoAugusto Monterroso

Um clebre Psicanalista encontrou-se certo dia no meio da selva, semiperdido. Com a fora que do o instinto e o desejo de investigao, conseguiu facilmente subir numa rvore altssima, da qual pde observar vontade no apenas o lento pr-do-sol, mas tambm a vida e os costumes de alguns animais, que comparou algumas vezes com os dos humanos.Ao cair da tarde viu aparecer, por um lado, o Coelho; por outro, o Leo.A princpio no aconteceu nada digno de mencionar, mas pouco depois ambos os animais sentiram as respectivas presenas e, quando toparam um com o outro, cada qual reagiu como desde que o homem homem.O Leo estremeceu a selva com seus rugidos, sacudiu majestosamente a juba como era seu costume e feriu o ar com suas garras enormes; por seu lado, o Coelho respirou com mais rapidez, olhou um instante nos olhos do Leo, deu meia-volta e se afastou correndo.De volta cidade, o clebre Psicanalista publicou cum laude seu famoso tratado em que demonstra que o Leo o animal mais infantil e covarde da Selva, e o Coelho, o mais valente e maduro: o Leo ruge e faz gestos e ameaa o universo movido pelo medo; o Coelho percebe isso, conhece sua prpria fora, e se retira antes de perder a pacincia e acabar com aquele ser extravagante e fora de si, a quem ele compreende e que afinal no lhe fez nada.

Glossrio:Clebre que tem fama; ilustre.Cum Laude expresso latina que significa: com honra; com louvor.Tratado estudo sobre um tema; acordo entre pases.

Animais associados a caractersticas do comportamento humano.

Burro: ingnuo, tolo.Cigarra: fanfarrona, preguiosa.Co: fiel, protetor.Cobra: perigosa, ardilosa.Cordeiro: inocente, frgil.Corvo: feio, agourento.Formiga: trabalhadeira, simples. Hiena: risonha, irnica.Leo: forte, belo, poderoso, lder.Lebre: gil, rpida.Lobo: astuto, maldoso.Macaco: peralta, agitado.Papagaio: tagarela, debochado.Pavo: vaidoso, exibido.Preguia: cansada, preguiosa.Raposa: esperta, persuasiva.Tartaruga: lenta, persistente.Coruja: feia, misteriosa.