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GEOGRAFIA POLÍTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI 148 CAPÍTULO 1: REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO 1- O MUNDO DIVIDIDO: PAÍSES CAPITALISTAS E SOCIALISTAS 1.1 FASES DO CAPITALISMO O Capitalismo Comercial Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde fins do século XV até o século XVIII. Foi marcada pela expansão marítima das potências da Europa Ocidental na época (Portugal e Espanha). O grande acúmulo de capitais se dava na esfera da circulação, ou seja, por meio do comércio, daí o termo capitalismo comercial para designar o período. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista, que, em sentido amplo, pregava a intervenção governamental na economia, a fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse sentido, defendia a necessidade de riquezas no interior dos Estados, e a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo. Outro meio de acumular riquezas era manter uma balança comercial sempre favorável, daí o esforço para exportar mais do que importar, garantindo saldos comerciais positivos. O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, como resultado de um comércio altamente lucrativo, das explorações das colônias e da pirataria, grande acúmulo de capitais nas mãos da burguesia européia. Karl Marx designou essa fase como a da acumulação primitiva do capital. O Capitalismo Industrial O capitalismo industrial foi marcado por grandes transformações econômicas, sociais, políticas e culturais. As maiores mudanças resultam do que se convencionou chamar Revolução Industrial (estamos nos referindo aqui à Primeira Revolução Industrial, ocorrida no Reino Unido na segunda metade do século XVIII). Um de seus aspectos mais importantes foi a enorme potencialização da capacidade de transformação da natureza, por meio da utilização cada vez mais disseminada de máquinas movidas a vapor, tornando acessível aos consumidores uma quantidade cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores. O comércio não era mais a essência do sistema. O lucro objetivo dessa nova fase do capitalismo advinha fundamentalmente da produção de mercadorias. A toda jornada de trabalho corresponde uma remuneração, que permitirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe na forma de salário, e essa fatia de trabalho não-pago é apropriada pelos donos das fábricas, das fazendas, das minas, etc. Dessa forma, todo produto ou serviço vendido traz embutido esse valor não transferido ao trabalhador, permitindo o acúmulo de lucro pelos capitalistas. Se no mercantilismo (fase comercial), o Estado absolutista era favorável aos interesses da burguesia comercial, no tocante a atuação da nova burguesia industrial, ou capitalista, era um empecilho. Ele não deveria intervir na economia, que funcionaria segundo a lógica do mercado, guiada pela livre concorrência. Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Dentro das fábricas, mudanças importantes estavam acontecendo: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam velozmente; aprofundava-se a divisão de trabalho e crescia a produção em série. Nessa época, segunda metade do século XIX, estava ocorrendo o que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo. Com o brutal aumento da produção, pois a industrialização expandia-se para outros países, acirrou-se cada vez mais a concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantirem novos mercados consumidores, novas fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos. Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África. A partilha imperialista das potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho, pela qual as colônias se especializavam em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se industrializavam. Tal divisão, delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. A Alemanha, por ter se unificado tardiamente (1871), perdeu a fase mais importante da corrida imperialista e sentiu-se lesada, especialmente frente ao Reino Unido e à França. Além disso, como a sua indústria crescia em ritmo mais rápido que a dos demais países, também se ressentia mais da falta de mercados consumidores. O choque de interesses internos e externos entre as potências imperialistas européias acabou levando o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

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    CAPTULO 1: REGIONALIZAO DO ESPAO 1- O MUNDO DIVIDIDO: PASES CAPITALISTAS E SOCIALISTAS 1.1 FASES DO CAPITALISMO O Capitalismo Comercial

    Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde fins do sculo XV at o sculo XVIII. Foi marcada pela expanso martima das potncias da Europa Ocidental na poca (Portugal e Espanha).

    O grande acmulo de capitais se dava na esfera da circulao, ou seja, por meio do comrcio, da o termo capitalismo comercial para designar o perodo. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista, que, em sentido amplo, pregava a interveno governamental na economia, a fim de promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse sentido, defendia a necessidade de riquezas no interior dos Estados, e a riqueza e o poder de um pas eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuam. Esse princpio ficou conhecido como metalismo.

    Outro meio de acumular riquezas era manter uma balana comercial sempre favorvel, da o esforo para exportar mais do que importar, garantindo saldos comerciais positivos.

    O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, como resultado de um comrcio altamente lucrativo, das exploraes das colnias e da pirataria, grande acmulo de capitais nas mos da burguesia europia. Karl Marx designou essa fase como a da acumulao primitiva do capital. O Capitalismo Industrial

    O capitalismo industrial foi marcado por grandes transformaes econmicas, sociais, polticas e culturais. As maiores mudanas resultam do que se convencionou chamar Revoluo Industrial (estamos nos referindo aqui Primeira Revoluo Industrial, ocorrida no Reino Unido na segunda metade do sculo XVIII). Um de seus aspectos mais importantes foi a enorme potencializao da capacidade de transformao da natureza, por meio da utilizao cada vez mais disseminada de mquinas movidas a vapor, tornando acessvel aos consumidores uma quantidade cada vez maior de produtos, o que multiplicava os lucros dos produtores.

    O comrcio no era mais a essncia do sistema. O lucro objetivo dessa nova fase do capitalismo advinha fundamentalmente da produo de mercadorias.

    A toda jornada de trabalho corresponde uma remunerao, que permitir a subsistncia do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor maior do que aquele que recebe na forma de salrio, e essa fatia de trabalho no-pago apropriada pelos donos das fbricas, das fazendas, das minas, etc. Dessa forma, todo produto ou servio vendido traz embutido esse valor no transferido ao trabalhador, permitindo o acmulo de lucro pelos capitalistas.

    Se no mercantilismo (fase comercial), o Estado absolutista era favorvel aos interesses da burguesia comercial, no tocante a atuao da nova burguesia industrial, ou capitalista, era um empecilho. Ele no deveria intervir na economia, que funcionaria segundo a lgica do mercado, guiada pela livre concorrncia. Consolidava-se, assim, uma nova doutrina econmica: o liberalismo.

    Dentro das fbricas, mudanas importantes estavam acontecendo: a produtividade e a capacidade de produo aumentavam velozmente; aprofundava-se a diviso de trabalho e crescia a produo em srie. Nessa poca, segunda metade do sculo XIX, estava ocorrendo o que se convencionou chamar de Segunda Revoluo Industrial. Uma das caractersticas mais importantes desse perodo foi a introduo de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo.

    Com o brutal aumento da produo, pois a industrializao expandia-se para outros pases, acirrou-se cada vez mais a concorrncia. Era cada vez maior a necessidade de garantirem novos mercados consumidores, novas fontes de matrias-primas e novas reas para investimentos lucrativos. Foi dentro desse quadro que ocorreu a expanso imperialista na sia e na frica.

    A partilha imperialista das potncias industriais consolidou a diviso internacional do trabalho, pela qual as colnias se especializavam em fornecer matrias-primas baratas para os pases que ento se industrializavam. Tal diviso, delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo industrial. Assim, estruturou-se nas colnias uma economia complementar e subordinada das potncias imperialistas.

    A Alemanha, por ter se unificado tardiamente (1871), perdeu a fase mais importante da corrida imperialista e sentiu-se lesada, especialmente frente ao Reino Unido e Frana. Alm disso, como a sua indstria crescia em ritmo mais rpido que a dos demais pases, tambm se ressentia mais da falta de mercados consumidores. O choque de interesses internos e externos entre as potncias imperialistas europias acabou levando o mundo Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

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    O Capitalismo Financeiro

    Uma das conseqncias mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista foi o brutal processo de concentrao e centralizao de capitais. Vrias empresas surgiram e cresceram rapidamente: indstrias, bancos, corretoras de valores, casas comerciais, etc. A acirrada concorrncia favoreceu as grandes empresas, levando a fuses e incorporaes que resultaram, a partir de fins do sculo XIX, na monopolizao ou oligopolizao de muitos setores da economia.

    O liberalismo restringe-se cada vez mais ao plano da ideologia, pois o mercado passa a ser oligopolizado, dominado por grandes corporaes, substituindo a livre concorrncia e o livre mercado. O Estado, por sua vez, passa a intervir na economia, seja como agente produtor ou empresrio. Essa atuao do Estado na economia intensificou-se aps a crise de 1929, que viria a sepultar definitivamente o liberalismo clssico.

    A crise de 1929 deveu-se ao excesso de produo industrial e agrcola, pois os baixos salrios pagos na poca impediam a expanso do mercado de consumo interno; recuperao da indstria europia, que passou a importar menos dos Estados Unidos; e exagerada especulao com aes na bolsa de valores.

    Colocando em prtica em 1933, pelo ento presidente Franklin Roosevelt, o New Deal (novo acordo) foi um clssico exemplo de interveno do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de obras pblicas, com o objetivo principal de acabar com o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperao da economia norte-americana.

    Essa poltica de interveno estatal numa economia oligopolizada, que acaba favorecendo o grande capital, ficou conhecida como Keynesianismo, por ter sido o economista ingls John Maynard Keynes seu principal terico e defensor. 1.2 - CARACTERISTICAS DO CAPITALISMO

    Propriedade Privada dos meios de produo Os meios de produo (bancos, supermercados, lojas,...) pertencem predominantemente a uma pessoa ou a um grupo de pessoas.

    Economia de Mercado So as empresas que decidem como e quanto produzir e estabelecem o preo e as condies de circulao das mercadorias.

    Lei da Oferta e da Procura Os preos das mercadorias variam de acordo com a procura por parte do consumidor e a quantidade do produto em oferta, isto , colocada venda.

    Trabalho Assalariado O trabalhador recebe um salrio por seu trabalho, havendo concentrao de renda, principalmente nos pases mais pobres.

    Neoliberalismo Doutrina econmica que, especialmente nas duas ltimas dcadas, retomou vrios preceitos do liberalismo clssico. Um dos pontos principais do neoliberalismo a idia do Estado mnimo, isto , o governo deveria ter sua atuao restrita ao campo social (destinando o mnimo de recursos sade, educao e previdncia, por exemplo), alm de no interferir no processo econmico, que seria regulado exclusivamente pelas leis de mercado.

    1.3 ORGANIZAO DAS EMPRESAS NO SISTEMA CAPITALISTA

    Monoplio Situao em que h uma nica empresa fornecedora de determinado produto, que controla sua oferta e seu preo.

    Oligoplio Grupo constitudo por um pequeno nmero de empresas que controlam os preos de um produto.

    Cartel Associao ou combinao entre empresas, geralmente de um mesmo segmento, para garantir o controle da produo e dos preos.

    Truste fuses e incorporaes entre empresas que realizam uma mesma atividade com o intuito de garantir o domnio do mercado.

    Holding Uma empresa que detm o controle de diversas outras empresas, que atuam em diferentes ramos de atividades. As holding so grandes corporaes que podem produzir desde canetas a aparelhos eletrnicos, carros e avies.

    1.4 SISTEMA SOCIALISTA

    Estatizao As terras e os meios de produo devem pertencer ao Estado, que tambm passa a controlar e a definir o salrio dos trabalhadores.

    Economia Planificada As atividades econmicas devem seguir uma planificao idealizada e executada pelo Estado, que decide o que e como produzir.

    Pleno emprego Para executar suas vrias funes e diminuir as desigualdades sociais, o Estado cria um imenso quadro de funcionrios, garantindo emprego a todos.

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    Relao Social O objetivo eliminar as diferenas sociais, gerando uma melhor distribuio da renda.

    1.5 GUERRA FRIA

    Ordem Bipolar Por serem superpotncias econmicas e militares, EUA e URSS influenciavam outras naes, que a eles se aliaram na formao dos dois grandes blocos que polarizaram a economia e a sociedade do ps - segunda guerra. Essa situao perdurou at a dcada de 1990.

    Muro de Berlim Em 1949, como conseqncia da bipolarizao, os pases da Europa alinharam-se em dois blocos: a Europa Ocidental capitalista, sob a influencia dos EUA, e a Europa Oriental socialista, sob a influncia da URSS e em 1961 foi construdo o muro de Berlim.

    A partir de 1990, praticamente todos os pases do bloco socialista passaram a adotar o capitalismo. Atualmente, praticamente somente China, Cuba e Coria do Norte continuam socialistas, embora incluam em sua economia algumas caractersticas do capitalismo.

    Com o fim da Unio Sovitica em 1991 e a conseqente dissoluo do socialismo, os Estados Unidos viram-se transformados em vencedores da Guerra Fria, assumindo o papel de grande potncia mundial. Porm, apesar do grande poderio norte-americano, Japo e Alemanha (reunificada) tambm apareciam como plos da economia mundial, formando uma nova era multipolar, em detrimento da bipolaridade outrora existente. Desta forma, temos o mundo sob a influncia de trs grandes plos, os EUA, o Japo e a Europa, representada pela Unio Europia, tendo Alemanha, Frana e Reino Unido como sustentculos econmicos. O FIM DA GUERRA FRIA

    Muito se discute sobre uma possvel data que marque o fim da Guerra Fria, o fato que uma srie de acontecimentos desencadearam a dissoluo do conflito Leste x Oeste. A falta de democracia, o atraso econmico e a crise nas repblicas soviticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da dcada de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas so reunificadas. No comeo da dcada de 1990, o ento presidente da Unio Sovitica, Mikhail Gorbachev comeou a acelerar o fim do socialismo naquele pas e nos aliados. Com reformas econmicas, acordos com os EUA e mudanas polticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um perodo de embates polticos, ideolgicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos pases socialistas. Os Estados Unidos assumiram o papel de nica superpotncia, os conflitos tnicos e nacionais ressurgiram com fora total, e o poder no mais de quem tem armas mais poderosas, mas de quem tem a economia mais forte. Veremos a seguir alguns fatores responsveis pelo fim da bipolaridade mundial.

    A crise da URSS A economia sovitica teve um considervel sucesso no perodo em que o mundo guiava-se pelos padres tecnolgicos estabelecidos pela II Revoluo Industrial (industrias de siderurgia, qumica, petrolfera,

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    aeronutica, naval, etc). Isto colocou a URSS em igualdade com as economias capitalistas e em alguns momentos frente, como o lanamento do primeiro satlite Sputnik I, em 1957, e o primeiro homem em rbita ao redor da Terra, Iri Gagrin, em 1961. Guiados pelo padro tecnolgico da II Revoluo Industrial, a URSS priorizou indstrias de bens de produo e de capital, com grande prioridade para a indstria blica. Isto porm virou um problema na medida em que as indstrias de bens de produo no possuam os devidos investimentos, gerando um grande descompasso econmico, com produes excessivas de ferro e ao de um lado, e a carncia de eletrodomsticos e automveis de outro. O quadro crtico acentua-se a partir da dcada de 1970, com a chamada Terceira Revoluo Industrial, que demanda altos investimentos em pesquisa e tecnologia favorecendo o crescimento de setores como a informtica e a robtica (estes exigem uma economia mais dinmica, baseada numa economia de mercado). ( ver texto A Terceira Revoluo industrial no captulo 8) A URSS comea a se defasar econmica e tecnologicamente em meados de 1970, sendo reconhecida apenas por seu poderio militar, seu arsenal nuclear e sua capacidade de destruio em massa. Graas a seu baixo dinamismo econmico, sua produtividade industrial no acompanhava nem de longe os avanos dos pases capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado, era incapaz de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a prpria populao. As filas interminveis eram parte do cotidiano dos soviticos e o descontentamento se generalizava. A situao agravasse nos anos 80, com o governo norte-americano de Ronald Reagan, que aumentou os oramentos com defesa. Como a Unio Sovitica no tinha mais condies de continuar com a corrida armamentista, os acordos de paz entre as duas superpotncias tornaram-se necessrios. Foi com essa misso que Gorbachev chegou, em 1985, liderana da URSS. A era Gorbachev (1985-1991) e o fim da Unio Sovitica

    Sua plataforma poltica defendia a necessidade de reformar a Unio Sovitica, para que ela se adequasse realidade mundial. Em seu governo, uma nova gerao de polticos se firmou, e impulsionou a dinmica de reformas na URSS e a aproximao diplomtica com o mundo ocidental.

    Dentre as reformas propostas por Gorbachev, temos a Perestroika e a Glasnost: - Perestroika (reestruturao): srie de medidas de reforma econmicas. Para Gorbatchov, no seria

    necessrio erradicar o sistema socialista, mas uma reformulao deste seria inevitvel. Para tanto, ele passou a diminuir o oramento militar da Unio Sovitica, o que implicou em diminuio de armamentos. Alm disso, era preciso acabar com a ditadura, desmontando o aparelho repressor erigido na era Stlin.

    - Glasnost (transparncia) : visava a "liberdade de expresso" imprensa sovitica e a transparncia do governo para a populao, permitindo o pluripartidarismo e retirando a forte censura que o governo comunista impunha. Esta abertura poltica desencadeou uma srie de movimentos separatistas na URSS, levando sua completa fragmentao poltica. Gorbachev sofreu um golpe de Estado, liderado pelos comunistas conservadores, porm, o golpe fracassou e Mikhail foi reconduzido ao poder com o apoio de Boris Yeltsin. No entanto, o poder central se enfraqueceu, visto que as repblicas uma a uma proclamavam sua independncia poltica. A cartada final ocorreu em dezembro de 1991, quando a prpria Rssia, sustentculo da Unio Sovitica, proclamou a sua independncia. Com o fim da Unio Sovitica um novo acordo foi firmado (acordo de Minsk), originando a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), composto pelas antigas repblicas soviticas, exceto Estnia, Letnia e Litunia. Boris Yeltsin foi eleito o novo presidente, renunciando em dezembro de 1999. Em seu lugar, Vladimir Putin foi eleito em maro de 2000.

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    Hoje a Rssia sofre graves problemas com desemprego e baixo crescimento econmico, resultados da tumultuada transio do socialismo para o capitalismo. O PIB s veio a crescer significativamente a partir de 1999. Um dos grandes problemas enfrentados hoje o grande nmero de movimentos separatistas dentro de seu territrio.

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    O LESTE EUROPEU

    Durante toda a Guerra Fria, a regio do Leste europeu fez parte do chamado 2 mundo, sendo controlada pela URSS atravs do Pacto de Varsvia. Com as polticas reformistas de Gorbachev e o fim da URSS, as frentes de independncia se tornaram mais fortes nessa regio, fazendo com que os pases aderissem ao capitalismo e reorganizassem a sua economia e poltica. Os pases integrantes* do Leste Europeu eram/so:

    - Plonia - Alemanha Oriental (hoje reunificada) - Tchecoslovquia (hoje dividida em repblicas Tcheca e Eslovquia) - Hungria - Romnia - Bulgria - Albnia** - Iugoslvia** (hoje dividida em Srvia, Montenegro, Eslovnia, Crocia, Bsnia-Herzegovina e

    Macednia)

    * Estes pases formavam um bloco fechado na Europa, limitado pela Cortina de Ferro. ** Apesar da Albnia e Iugoslvia no estabelecerem relaes diretas com Moscou, o regime socialista ditatorial era presente em ambos. Polnia e Hungria Na Polnia, a abertura poltica comeou com a legalizao do Solidariedade (sindicato poltico fundado em 1980 que defendia a liberdade de expresso dos trabalhadores) em 1989. No mesmo ano, a URSS comeava a retirar do Leste europeu suas tropas do pacto de Varsvia. Sem a presso militar dos soviticos, as medidas liberais ganharam fora, no s na Polnia como em outros pases da regio. Alm disso, restabeleceram a ligao religiosa com o Vaticano e a liberdade religiosa. A Hungria tambm iniciou suas reformas em janeiro de 1989, quando o parlamento aprovou a lei que permite o pluripartidarismo. O pas tornou-se uma democracia e passou a se chamar Repblica da Hungria.

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    Alemanha Oriental Em 9 de novembro de 1989, a conselho de Gorbachev, o governo anunciou a livre passagem dos alemes da parte oriental para a ocidental., levando a prpria populao iniciativa de derrubar o muro de Berlim. Em 1990, Lothar de Maiziere, primeiro-ministro da Alemanha oriental, negociou a unificao das duas Alemanhas com Helmut Kohl, que governava a Alemanha ocidental. A Repblica Democrtica Alem no existia mais. Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada. Tchecoslovquia e Bulgria Em 1 de janeiro de 1993, a Tchecoslovquia se dividiu, de forma pacfica, dando origem a dois pases diferentes: na sua poro menos desenvolvida, formou-se a Eslovquia; e na sua parte mais desenvolvida e industrializada, a Repblica Tcheca, destaque na produo de automveis e cerveja. Na Bulgria a transio tambm aconteceu de forma pacfica. O pluripartidarismo foi admitido em 1988 e as reformas passaram a acontecer com o fim do Partido Comunista. Em 1990, passou a ser denominado Repblica da Bulgria. Romnia Na Romnia, as reformas aconteceram lentamente. Com uma economia superada, a Romnia tem aproveitado a entrada do capital estrangeiro, nos ltimos anos, para melhorar sua situao econmica e tentar se reerguer. ex-Iugoslvia O desmembramento da Iugoslvia deu origem a novos pases: Unio da Srvia e Montenegro, Eslovnia, Crocia, Bsnia-Herzegovina e Macednia. A separao do pas foi marcada por sangrentos conflitos. Atualmente ocorreu a separao da Srvia e Montenegro, em maio de 2006 Albnia Foi o ltimo Estado do Leste Europeu a implementar reformas. Encerrou sua fase socialista com altos nveis de pobreza. Foi aliado da URSS at 1961, para posteriormente aliar-se China at 1978. Depois das relaes cortadas com a China, o pas fechou-se num regime altamente autoritrio e isolado, fiel doutrina stalinista. Esta situao de instabilidade deixou o pas extremamente despreparado para a transio econmica. Sem rumo, o governo albans procura administrar os mecanismos do novo regime, ao mesmo tempo em que tenta encontrar solues para os eternos problemas de misria e desemprego.

    O presidente George Bush (1989-1992) chamou de Nova Ordem Mundial. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econmicos opostos que buscavam competir usando a capacidade militar. O mundo passava a funcionar sob a gide do capitalismo. A multipolaridade econmica no mudou significativamente a distribuio da riqueza no mundo. Os pases ricos continuam ricos. E os pobres (ex-terceiro mundo) continuam pobres. A corrida armamentista perdeu fora e a prioridade passou a ser a busca

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    por novos mercados e crescimento do capitalismo. Esta nova fase passou a ser chamada de Globalizao, com um crescente fluxo de informaes, mercadorias, capital, servios e pessoas em escala global. As redes que ordenam este fluxo podem ser materiais e virtuais, transformando o mundo em uma espcie de aldeia global. 2- OS TRS MUNDOS Durante o perodo da Guerra Fria tambm era comum regionalizar o espao mundial em trs mundos.

    Primeiro Mundo Constitudo pelos pases capitalistas desenvolvidos, como EUA, Reino Unido, Frana, etc.

    Segundo Mundo Formado pelos pases socialistas, como China, URSS, Polnia, Hungria, etc.

    Terceiro Mundo Constitudo por um conjunto muito heterogneo de pases subdesenvolvidos (pobres), como Brasil, Marrocos, Egito, etc.

    3- REGIONALIZAO PELO NVEL DE DESENVOLVIMENTO PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS PASES DESENVOLVIDOS

    Elevado padro de vida da maior parcela da populao.

    Dominao econmica, tecnolgica e poltica sobre pases subdesenvolvidos.

    Desenvolvimento industrial e tecnolgico.

    Os setores secundrios e tercirios abrigam a maior parte da PEA.

    Elevados investimentos em educao e em cincia.

    Baixo ndice de mortalidade infantil e de analfabetismo.

    Ingesto de calorias dirias muito acima do mnimo recomendado.

    Predomnio de populao urbana.

    Expectativa de vida alm dos setenta anos.

    Acesso aos benefcios sociais maioria da populao.

    Emprego predominante de tcnicas modernas, de mquinas e mo-de-obra qualificada no campo.

    Modernos e eficientes meios de comunicao e de transportes.

    A maior parte da populao pertence classe mdia e tem elevado padro de vida e de consumo. PASES SUBDESENVOLVIDOS

    Quando, a partir da Segunda guerra Mundial, se comeou a falar correntemente do subdesenvolvimento (era, soube-se muito mais tarde, a traduo do termo under-development que os polticos americanos tinham fabricado), atravs disso foi possvel saber que trs quartos da humanidade sofriam de fome e atrair a ateno sobre o fato de que a populao dos pases pobres seria mais que o dobro nos trinta anos seguintes...

    (LACOSTE, Yves. Geografia do Subdesenvolvimento: geopoltica de uma crise. 1985:31)

    Apesar de s comear a ser discutido aps a segunda guerra mundial e de ser um termo originado por polticos norte-americanos, podemos dizer que as origens do subdesenvolvimento esto no longo perodo de dominao poltica e econmica e no tipo de relao estabelecida entre colnia e metrpole, durante a existncia dos grandes imprios coloniais. Esses grandes imprios surgidos nos perodos denominados colonialismo (sc. XV a XVIII) e imperialismo (sc. XIX) refletiam o poder de antigas potncias mercantilistas (Portugal e Espanha) e de potncias da Revoluo Industrial (Frana, Inglaterra e Holanda). O fato de se tornarem independentes no garante s ex-colnias o desenvolvimento. Junto sua independncia somam-se os problemas decorrentes de sua antiga relao com as metrpoles alm da sua prpria incapacidade de administrar o prprio destino. Governos ditatoriais, submisso aos interesses de empresas transnacionais, corrupo, conflitos tnicos e dvida externa so outros agravantes da situao de pobreza j existente nesses pases. Apesar das diferenas entre os prprios pases subdesenvolvidos, algumas caractersticas se fazem comuns:

    M distribuio de renda.

    Dependncia econmica, poltica, tecnolgica e at mesmo cultural em relao aos pases desenvolvidos.

    Economia primrio-exportadora (pases pouco industrializados).

    Os setores primrio e tercirio da economia e o mercado informal abrigam a maior parte da populao empregada.

    Altos ndices de analfabetismo, de mortalidade e de natalidade e elevado crescimento populacional.

    Ingesto de calorias dirias abaixo do mnimo recomendado.

    Alto ndice de pessoas vivendo em submoradias.

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    Dividas externas impagveis.

    Proliferao de grandes centros urbanos sem infra-estrutura.

    Concentrao de renda. PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DOS PASES EMERGENTES

    No existe homogeneidade na classificao dos pases subdesenvolvidos. Enquanto alguns ainda permanecem com as relaes econmicas existentes na poca colonial, outros se industrializaram e cresceram economicamente. Estes ltimos pertencem ao grupo dos Novos Pases Industrializados (NICs New Idustrialized Countries), tambm chamados de economias emergentes e pases capitalistas semiperifricos. A este grupo pertencem pases como Brasil, Argentina, Mxico, ndia, frica do Sul e Tigres Asiticos (Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coria do Sul).

    So paises pobres, industrializados ou em fase de industrializao. Apesar de industrializados, so dependentes de tecnologia. 4 CONFRONTO: NORTE / SUL

    Na lgica bipolar, era comum classificarmos os pases em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, alm do constante uso da expresso conflito Leste x Oeste. Com a Nova Ordem Mundial, essa classificao j no tem mais sentido. Como o Segundo Mundo, que era formado pelas naes socialistas, no existe mais, os pases so classificados em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o mundo ficou dividido em pases do Norte (desenvolvidos) e pases do Sul (subdesenvolvidos). Na Nova Ordem, o conflito Leste-Oeste da guerra fria foi substitudo pelo conflito Norte-Sul, que ope entre si as grandes diferenas que separam a riqueza, a tecnologia e o alto nvel de vida da pobreza, da excluso dos novos meios tcnico-cientficos e dos baixos nveis de vida.

    Algumas caractersticas desta nova diviso:

    - O grande contingente de ex-colnias asiticas, africanas e americanas (com exceo de Estados Unidos, Canad, Austrlia e Nova Zelndia) forma o bloco dos pases do Sul. Apesar de terem caractersticas comuns, esses pases apresentam profundas diferenas entre si.

    - Alguns pases se destacam na oferta de oportunidades para investimentos das empresas transnacionais. So pases subdesenvolvidos industrializados ou em fase de industrializao. So os chamados pases emergentes, e o Brasil est entre eles.

    - Os antigos pases socialistas so chamados hoje de pases de economia em transio, porque passam por uma fase de adaptao economia de mercado. Apenas China*, Cuba, Coria do Norte, Vietn, Lbia e Laos ainda resistem como socialistas.

    - A frica Subsaariana est margem da economia global. Seus pases sofrem com conflitos tribais, fome, seca e aids. Alm disso, encontram-se na total dependncia do FMI e do Banco Mundial. Diante

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    desse estado de misria, a frica no desperta interesse, nem como consumidora nem como opo de investimento de capital especulativo.

    * O caso chins especial, visto que possui um socialismo de mercado, ou seja, uma economia capitalista regida por uma poltica socialista. Nota: A oposio Norte rico ou desenvolvido e Sul pobre ou subdesenvolvido bastante esquemtica. Como classificar os pases do Leste Europeu, por exemplo? Eles pertencem ao Norte ou ao Sul? J a China, pelos aspectos demogrfico, econmico e geopoltico e por suas contradies, inclassificvel. Alm disso, cada vez mais o Sul aparece dentro do Norte, em conseqncia do aprofundamento das desigualdades sociais e do aumento da imigrao.

    MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espao geogrfico e globalizao. 2005 5- O SISTEMA-MUNDO: CENTRO E PERIFERIA Uma outra forma de classificao dos pases seria a de pases centrais e pases perifricos. Esta forma de classificao tambm surgiu com o fim da Guerra Fria, sendo extremamente conveniente ao sistema capitalista. Ela designa os pases como centrais (que se encontram no centro do sistema capitalista) e perifricos (o restante, na periferia do sistema capitalista). Observe o mapa abaixo:

    Pases centrais uma expresso usada para designar uma trade: Estados Unidos, Japo e unio Europia, que comandam o sistema capitalista. O restante do mundo formado por pases de periferia com maior ou menor grau de integrao a um dos plos que compem o centro do sistema capitalista. Os Estados unidos o nico que influencia o mundo inteiro; os outros pases do centro tm uma influncia mais regional. Mesmo na periferia h naes com certa influncia regional, como o caso da China, da ndia e do Brasil. A China, alis, ora classificada como potncia, quando se considera o aspecto geopoltico (Potncia militar e membro do conselho de segurana da ONU), ora como pas emergente, quando se considera que se trata de um pas da periferia, como mostra o mapa, embora muito importante economicamente. Em resumo, nem sempre h consenso na classificao dos pases.

    MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espao geogrfico e globalizao. 2005 6- REGIONALIZAO SEGUNDO IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) O IDH um eficiente mtodo para analisar a qualidade de vida de um pas, pois no levam em considerao apenas indicadores econmicos, mas tambm variveis como expectativa de vida e educao. As variveis utilizadas so:

    - Expectativa de vida: a esperana de vida ao nascer

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    - Educao: o conhecimento, medido pela taxa de alfabetizao de adultos e pela taxa bruta de matrculas no ensino fundamental, mdio e superior.

    - PPC (PIB per capita): a renda distribuda para a populao, permitindo um padro de vida mais decente.

    Estas trs variveis combinadas oscilam entre valores de 0 a 1. Quanto mais prximo de 1, melhor o padro de vida da populao, quanto mais prximo de 0, pior.

    EXERCCIOS DE APLICAO: 01) Assinale a alternativa que caracteriza pas subdesenvolvido: a) Hegemonia econmica e comercial; indstria incipiente est relacionada agroindstria e beneficiamento de recursos minerais. b) Baixo ou mdio IDH (ndice de Desenvolvimento Humano), considerando-se as dimenses renda, educao e expectativa de vida. c) Distribuio de renda igualitria; a pobreza generalizada da populao leva necessidade de recorrer ajuda internacional. d) Grande crescimento populacional; altas taxas de natalidade e mortalidade infantil refletem no aumento da expectativa de vida. e) Exportador de recursos energticos; a independncia do mercado mundial de petrleo e urnio fragiliza a economia. 02)(UFJF/2009 - VESTIBULAR A DISTNCIA) Em Geografia, o que representa o espao concreto dominado e apropriado por uma sociedade ou por um Estado e identificado pela posse :

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    a) a natureza. b) a paisagem. c) a regio. d) o lugar. e) o territrio. 03)(PASES I/2009) Leia o trecho do romance abaixo, que revela a viso do escritor ao observar o espao: Eram cinco horas da manh e o cortio acordava, abrindo, no os olhos, mas a sua infinidade de portas e janela alinhadas. [...] Entretanto, das portas surgiam cabeas congestionadas de sono; ouviam-se amplos bochechos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se por toda a parte; comeavam as xcaras a tilintar; o cheiro quente do caf aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janelas para janelas as primeiras palavras, os bons dias; reatavam-se conversas interrompidas noite; a pequenada c fora traquinava j, e l dentro das casas vinham choros abafados de crianas que ainda no andam.

    (AZEVEDO, Alusio. O Cortio. Disponvel em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000003.pdf. Acesso em: 07 nov. 2008.)

    Considerando os conceitos de Geografia, CORRETO afirmar que, neste trecho do romance, aparece presente o conceito de: a) territrio, pois revela uma forma de contemplao do espao. b) paisagem, j que indica uma forma de observar e descrever um espao. c) regio, uma vez que revela uma forma de representar o espao. d) meio ambiente, pois assinala a relao entre o poeta e o local descrito. e) Nenhuma das anteriores. 04)(UERJ/2008)

    O prncipe Michael Bates anunciou que quer vender seu pas, Sealand. Trata-se de uma antiga plataforma militar, construda pela Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial e abandonada aps o conflito. Em 1967, o ex-major ingls Roy Bates, sua mulher e seu filho Michael desembarcaram no local, proclamaram a independncia, instauraram um reinado, criaram uma constituio, um hino e uma bandeira. Eles so sustentados por pessoas que compram ttulos para virar cidados de Sealand, mas preferem continuar vivendo em seu pas de origem. Sealand emite selos, passaportes e cunha moedas, entre outras caractersticas de um Estado independente. Adaptado de poca, 15/01/2007 At o momento nenhum pas reconhece a existncia de Sealand. A famla Bates, no entanto, argumenta que Sealand possui os trs principais elementos constitutivos do Estado-Nao Moderno. Estes trs elementos so: (A) povo governo territrio (B) moeda hino fronteira (C) constituio etnia histria (D) cidado legislao bandeira

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    05)(PISM III/2008) Observe a figura abaixo que apresenta uma afirmativa feita por Lnin.

    A afirmativa de Lnin representada por um perodo em que as duas potncias, Estados Unidos e Unio Sovitica, a fim de garantir suas reas de influncia, colocaram seus arsenais blicos, inclusive os nucleares, em permanente exposio e assinaram tratados militares com seus aliados, criando a Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsvia, liderado pela Unio Sovitica. A rivalidade entre as duas potncias levou o mundo a um perodo de tenso conhecido como: a) Guerra Fria. b) Guerra Ideolgica. c) Guerra do Golfo. d) Guerra Mundial. e) Guerra do Vietn. Gabarito:

    01-B 02-E 03-B 04-A 05-A

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    CAPTULO 2: GLOBALIZAO Polticos: ANTES DA POSSE: Nosso partido cumpre o que promete. S os tolos podem crer que no lutaremos contra a corrupo. Porque, se h algo certo para ns, que a honestidade e a transparncia so fundamentais para alcanar nossos ideais Mostraremos que grande estupidez crer que as mfias continuaro no governo, como sempre. Asseguramos sem dvida que a justia social ser o alvo de nossa ao. Apesar disso, h idiotas que imaginam que se possa governar com as manchas da velha poltica. Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que se termine com os marajs e as negociatas. No permitiremos de nenhum modo que nossas crianas morram de fome. Cumpriremos nossos propsitos mesmo que os recursos econmicos do pas se esgotem. Exerceremos o poder at que Compreendam que Somos a nova poltica. APS A POSSE: LEIA NOVAMENTE AGORA DE BAIXO PARA CIMA 1- GLOBALIZAO

    Globalizao Tendncia pela qual o mundo todo vem passando nos ltimos anos e que objetiva a constituio de um amplo mercado de dimenses planetrias, explorado pelas grandes corporaes transnacionais. As fronteiras nacionais, por conta da maior liberdade comercial e tambm pelo avano das novas tecnologias de difuso das informaes, passariam a no mais serem obstculos para os fluxos econmicos globais.

    um fenmeno observado na necessidade de formar uma Aldeia Global [...].A rigor, as sociedades do

    mundo esto em processo de globalizao desde o incio da Histria. Mas o processo histrico a que se denomina Globalizao bem mais recente, datando (dependendo da conceituao e da interpretao) do colapso do bloco socialista e o conseqente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnao econmica da URSS (a partir de 1975) ou ainda do prprio fim da Segunda Guerra Mundial. As principais caractersticas da globalizao so a homogeneizao dos centros urbanos, a expanso das corporaes para regies fora de seus ncleos geopolticos (transnacionais), a revoluo tecnolgica nas comunicaes e na eletrnica (Revoluo tcnico-cientfica), a reorganizao geopoltica do mundo em blocos comerciais regionais (no mais ideolgicos), a hibridizao entre culturas populares locais e uma cultura de massa supostamente "universal", entre outros. (Wikipedia, 2007). Na realidade, sob um novo rtulo, encontra-se um processo muito antigo, que continua a se expandir. A Globalizao um processo pelo qual o espao mundial adquire unidade. O ponto de partida desse movimento remonta s grandes navegaes europias do sc. XV, que conferiram unidade aventura histrica dos povos e configuraram, na conscincia dos homens, a imagem geogrfica do planeta. Entretanto, os fatores que contriburam para que o processo de globalizao se intensificasse so decorrentes do encurtamento de distncias no planeta, promovido pela extraordinria evoluo dos sistemas de transporte e comunicaes.

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    Esta evoluo est totalmente inserida no contexto da Terceira Revoluo Industrial, ou Revoluo Tcnico-Cientfica. Em suma, vale lembrar esse processo de integrao mundial chamado globalizao no s econmico. Ele tem ao mesmo tempo uma dimenso poltica, social e cultural enraizadas em seu processo. 1.1 Revoluo Tcnico-cientfica * O setor mais importante dessa revoluo certamente a indstria da informtica, como surgimento dos softwares e o avano no armazenamento e processamento de informaes por redes digitais e cabos de fibras pticas. A informtica invadiu bancos, Bolsas de Valores, hospitais, reparties pblicas, escolas, fbricas, lojas e supermercados e at mesmo a nossa casa. Isto contribuiu para o inevitvel avano das telecomunicaes e setores como a biotecnologia. Alm destes, os meios de transporte tambm so beneficiados, proporcionando uma velocidade cada vez maior de deslocamento a grandes distncias. Podemos dizer que o avano deste conjunto de tcnicas combinadas responsvel pelo encurtamento das distncias e pela eliminao de fronteiras atravs dos fluxos das redes mundiais. Porm, os lugares que apresentam as melhores infra-estruturas e o maior poder aquisitivo so privilegiados. Estes lugares esto sobretudo nas cidades globais, localizadas predominantemente nos pases desenvolvidos. 1.2 A mundializao do capital e o papel das transnacionais A globalizao o atual momento da expanso capitalista. Pode-se dizer que ela est para o capitalismo informacional assim como o colonialismo esteve para sua etapa comercial ou o imperialismo para o final da fase industrial e incio da financeira. Trata-se de uma expanso que visa aumentar os mercados e, portanto, o lucro, o que de fato move os capitais, tanto produtivos como especulativos, no mercado mundial.

    - capitais especulativos: de curto prazo, conhecidos como smart money (dinheiro esperto) ou hot money (dinheiro quente), vidos por lucratividade e movimentam-se com grande rapidez no sistema financeiro.

    - capitais produtivos: a entrada destes capitais mais demorada, pois so investimentos de longo prazo, por isso so menos suscetveis s oscilaes do mercado.

    As empresas transnacionais so consideradas as principais responsveis pela mundializao dos capitais produtivos, constituindo-se num grande smbolo da globalizao do capital.

    A Terceira Revoluo Industrial

    No ps-Segunda Guerra Mundial, embalados pelo auxlio econmico do Plano Marshall e de acordos bilaterais, os aliados dos Estados Unidos na Europa e na sia cresceram aceleradamente. Movidas por acirrada

    concorrncia, as empresas dos EUA, do Japo e da Europa Ocidental fizeram um grande esforo visando introduo de novas tecnologias, principalmente daquelas aplicadas ao processo produtivo, tais como a informtica e a robtica. Isso possibilitou uma crescente elevao dos ndices de produtividade dessas

    economias, tornando-as mais competitivas. Evidentemente, para alcanar esse novo patamar tecnolgico houve um esforo conjunto entre as

    empresas e os Estados em que elas estavam sediadas no sentido de se investir maciamente em pesquisa e desenvolvimento e na elevao dos nveis de qualificao de mo-de-obra. A essas novas tecnologias e s

    mudanas radicais que elas esto provocando, no s do ponto de vista socioeconmico, mas tambm cultural, d-se o nome de Terceira Revoluo Industrial, ou Revoluo Tcnico-cientfica ou, ainda, Revoluo

    Informacional. o capitalismo adentrando seu atual perodo tcnico-cientfico, no dizer do gegrafo Milton Santos, ou em sua etapa informacional, segundo definio do socilogo Manuel Castells. Os pases lderes

    desse processo que est em curso so os Estados Unidos e o Japo, seguidos de perto pela Unio Europia, bloco em que se destacam a Alemanha, a Frana e o Reino Unido.

    MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil, espao geogrfico e globalizao. So Paulo, 2005

    2- MIGRAES INTERNACIONAIS

    A populao de um pas no apenas modificada pelas mortes e nascimentos de seus habitantes. preciso levar em conta, tambm, os movimentos de entrada e de sada, ou seja, as migraes que ocorrem em seu territrio.

    As migraes internas so aquelas que se processam no interior de um pas como, por exemplo, o xodo rural, que constante no Brasil. A partir das duas ltimas dcadas do sculo XX tem-se verificado no Brasil um acrscimo acentuado de migraes. As migraes internacionais recentes no Brasil tm, como pases

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    de destino, essencialmente, os EUA, Portugal, Espanha, Itlia, Inglaterra, Frana, Canad, Austrlia, Sua, Alemanha, Polnia, Blgica, Pases Baixos, Japo, Paraguai e Israel, quase num movimento inverso ao que se deu no sculo XIX. Note-se, no entanto, que as migraes brasileiras para o Paraguai constituram um fenmeno que teve o seu incio ao longo dos anos 70. Segundo as estatsticas, o maior nmero de brasileiros imigrantes est nos Estados Unidos. O segundo contingente situa-se no Paraguai (os chamados "brasiguaios").

    No fluxo inverso, porm, expressiva a presena de imigrantes provenientes da Bolvia e do Peru desde os anos 80, os quais tm, em sua maioria, se radicados em So Paulo.

    Segundo a Conveno das Naes Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, mais conhecida como Conveno de Genebra de 1951, refugiado toda a pessoa que, em razo de fundados temores de perseguio devido sua raa, religio, nacionalidade, associao a determinado grupo social ou opinio poltica, encontra-se fora de seu pas de origem e que, por causa dos ditos temores, no pode ou no quer regressar ao mesmo.

    O nmero de refugiados no planeta tem aumentado nos ltimos anos em decorrncia do elevado nmero de conflitos tnicos, nacionalistas e religiosos verificados no planeta, principalmente a partir dos anos 80 e 90, coincidente com a acentuao das caractersticas da globalizao que deram mais visibilidade s minorias graas evoluo dos meios de transporte e telecomunicaes.

    Xenofobia - comumente associado a averso a outras raas e culturas. tambm associado fobia

    em relao a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivduo que apresenta a fobia habitualmente no entra em contato e evita. Na Europa encontramos nos dias atuais o pior cenrio onde se pode visualizar os problemas trazidos por vises xenfobas, aumentam cada vez mais as restries imigrao, com a subida ao poder de organizaes de direita e extrema direita que acusam os imigrantes de roubar os empregos da populao europia, mas o grande seno dessa histria que a Europa enfrenta uma sria crise de desemprego estrutural que no tem nada a ver com a imigrao e sim com a concorrncia com as economias asiticas que oferecem mo de obra barata e custos trabalhistas bem menores em relao ao estado de bem estar social ainda vigente em vrias sociedades europias. Outra questo grave a ser analisada diz respeito ao envelhecimento da populao europia que ter que recorrer imigrao para repor os estoques de mo de obra futuros. 3- GLOBALIZAO ENQUANTO UM MOVIMENTO CONTNUO DOS FLUXOS

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    4- CARACTERSTICAS DA ECONOMIA GLOBAL A partir da segunda metade do sculo XX, as empresas industriais, comerciais e de prestao de servios (bancos, hotis, redes de restaurantes, companhias de telecomunicaes etc.) comearam a instalarem filiais em vrios pases do mundo, num processo que ficou conhecido como mundializao ou internacionalizao do capital e da produo. O processo de expanso do capitalismo constituiu a chamada economia global, que influenciou diversos pases e se caracteriza pelo seguinte:

    Crescimento do comrcio internacional O fluxo de mercadorias entre os pases foi multiplicado por seis entre 1975 e 1995. Nos ltimos anos, produtos originrios de vrios lugares do planeta podem ser encontrados no mercado interno dos pases. Entretanto, cerca de dois teros do fluxo mundial de mercadorias ocorre entre os pases desenvolvidos, que tm maior capacidade de consumo. Uma deciso poltica ou econmica tomada em qualquer ponto do planeta pode provocar reaes em todo o mundo. Por exemplo, se o banco Mundial eleva a taxa de juros de emprstimos, todos os pases que tm dvida externa so prejudicados.

    Mundializao da produo Grande parte da produo e do comrcio mundiais controlada por empresas que tm sedes nos pases desenvolvidos. Essas empresas tm filiais em vrios pases dos cinco continentes e se beneficiam da mo-de-obra barata, das matrias-primas, dos mercados consumidores, da reduo de impostos oferecidos pelos governos locais e da ausncia de legislao e fiscalizao rigorosas, principalmente nos pases subdesenvolvidos. A busca por maiores lucros leva as empresas transnacionais a produzir componentes de um produto no pas ou na regio onde as condies lhes sejam mais favorveis. Assim, um automvel, por exemplo, pode ter as peas fabricadas em vrios pases e ser montado em outro. a fbrica global. Na economia global, as atividades desenvolvidas pelos mais variados tipos de trabalhadores exigem cada vez mais criatividade e qualificao. As empresas modernas querem funcionrios capazes de se adaptar s novas tecnologias introduzidas no processo de produo. As jornadas de trabalho e os salrios esto mais flexveis. A carga horria perde em importncia para a qualidade do trabalho e os pagamentos so efetuados de acordo com a produtividade de cada trabalhador.

    Rpida expanso dos fluxos financeiros Bilhes de dlares so movimentados pelo mundo todos os dias, como investimentos em bolsas de valores ou pagamentos por mercadorias o servios. Com o desenvolvimento da informtica e dos meios de comunicao, as transnacionais realizam-se de forma mais rpida.

    Crescente importncia da tecnologia O desenvolvimento tecnolgico nas reas de informtica e telecomunicaes permite que uma pessoa receba informao em tempo real em qualquer ponto do planeta. A expanso das telecomunicaes foi possvel graas construo de satlites e criao e instalao de fibras pticas, que so cabos que transmitem dados a uma altssima velocidade.

    Sociedade global A grande circulao de informaes, mercadorias e pessoas fez surgir uma sociedade em que determinados valores so globais. H uma padronizao das formas de trabalho, da produo e do consumo. Milhares de pessoas do planeta alimenta-se nas mesmas redes de restaurantes, bebem os mesmos refrigerantes, ouvem as mesmas msicas e assistem aos mesmos filmes. Contudo, cabe destacar que a globalizao seletiva, beneficiando alguns lugares do planeta e determinadas sociedades ou grupos sociais. Milhes de pessoas ainda esto excludas desse processo.

    Os centros de poder da economia global Um grupo formado por cinco pases, o chamado G5 (EUA, Japo, Alemanha, Frana e Inglaterra), o que mais se beneficia com o processo de globalizao. Esses novos centros de poder econmico e tecnolgico detm as sedes de muitas das principais empresas transnacionais que atuam nos mais variados setores da economia global. A atuao desses cinco pases promove uma regionalizao do espao mundial de acordo com seus interesses econmicos.

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    5- O BRASIL E O BRIC

    Fonte: Atualidades, Vestibular + ENEM 2011. So Paulo: Ed. Abril, 2010. pg. 128-133.

    Com uma economia em franca expanso, o Brasil ganha influncia no cenrio mundial e integra o grupo de pases emergentes que podem se tornar a maior fora econmica do mundo.

    Embora possua um territrio de dimenses continentais, riquezas naturais invejveis e a quinta maior populao do mundo, o Brasil sempre exerceu papel secundrio no cenrio internacional. Mas essa situao comeou a mudar nos ltimos anos, e o pas passou a ocupar um lugar de maior destaque nas grandes questes da atualidade.

    No front econmico, o Brasil consolida a sua influncia mundial como o principal exportador de commodities (matrias-primas). Com a descoberta de enormes reservas de petrleo em camadas profundas (pr-sal), a expectativa a de que o pas tambm se torne um grande fornecedor de energia. Na ltima dcada, ao lado da estabilizao financeira, que converteu o Brasil num destino seguro e desejado para o capital estrangeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro esteve em franca expanso at a ecloso da crise mundial, no fim de 2008 - mas o impacto no pas foi considerado modesto, e a expectativa de 2010 foi de

    crescimento de 5%. O reconhecimento externo da importncia econmica do Brasil cristalizou-se com a incluso do pas num seleto grupo de naes emergentes que vem dando o que falar na imprensa mundial: o Bric, nome formado pelas iniciais de Brasil, Rssia, ndia e China.

    medida que amplia a sua participao na economia global, o pas busca maior projeo poltica. Alm de ser um dos lderes do movimento pela reforma do Conselho de Segurana da ONU, o ex-governo Lula veio assumindo a dianteira na campanha pela maior liberalizao do comrcio mundial. Nas crises regionais, o Brasil tambm marca presena ao chefiar desde 2004 a misso da paz da ONU no Haiti. Em 2010, a diplomacia brasileira deu um passo ambicioso, ao tentar mediar o impasse nuclear envolvendo o Ir e as potncias ocidentais. Depois, entrou em choque direto com os Estados Unidos, ao votar contra as novas sanes aprovadas na ONU contra o Ir.

    Nasce o Bric Em 2001, quando o economista Jim O'Neill, chefe de pesquisa em economia global do banco Goldman

    Sachs, debruou-se sobre os principais dados econmicos desses quatro grandes pases emergentes, percebeu que eles se destacavam dos demais. No apenas porque Brasil, Rssia, China e ndia so pases grandes e populosos; nem somente porque apresentavam economia em rpido crescimento. O que chamou sua ateno foi a constatao - com base em projees demogrficas e econmicas - de que o grupo, quando somado, poderia representar em 2050 a maior fora econmica do planeta, suplantando os Estados Unidos, o Japo e os membros da Unio Europeia.

    O economista juntou os quatro pases e criou um bloco que no existia. Para nome-lo, ele concebeu um acrnimo, ao pegar emprestado de cada pas a sua letra inicial: Bric. Acrnimo o nome que se da a uma palavra que surge quando se juntam uma ou mais letras iniciais de um conjunto maior com o objetivo de simplificar a comunicao. Pode "pegar" ou no, dependendo da sua adequao ou originalidade. E chamar os quatro grandes emergentes de Brics caiu no gosto de jornalistas e economistas, e dos prprios governos desses pases, que em junho de 2009 realizaram sua primeira reunio, em Ecaterimburgo, na Rssia, e emitiram uma declarao conjunta, pedindo o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar.

    Consumo interno A expectativa para a prxima dcada de expanso da classe mdia na rea do Bric e em larga

    medida, a fora do Bric provem da enorme fatia da populao mundial concentrada nos quatro pases. Neles vivem 2,7 bilhes de habitantes, o equivalente a 40% da humanidade. A grande maioria contingente e de chineses e indianos, os pases com as mais aceleradas taxas de crescimento econmico entre as grandes economias. O Bric tambm possui um territrio enorme. Somada, a rea dos quatro pases representa um quarto das terras do planeta. Nesse vasto territrio, h muita riqueza, como petrleo (Rssia e Brasil), produtos agrcolas (Brasil), mo de obra farta e barata (China) e potencial para o desenvolvimento de mais produtos com as inovaes cientficas e tecnolgicas (China e ndia).

    De acordo com um informe publicado em 2010 pelo Goldman Sachs, a expanso da classe mdia no Bric, especialmente na China e na ndia, orientara o mercado mundial, j que o perfil de consumo dessa classe

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    social difere daquele tpico das camadas mais pobres - no qual o peso do gasto com comida e roupa proporcionalmente bem mais elevado do que com educao ou lazer. 6- GLOBALIZAO E MEIO AMBIENTE

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    7 - GLOBALIZAO E OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS As fronteiras nacionais no mundo globalizado tm sido ultrapassadas por outras fronteiras mais amplas, mais abrangentes: as fronteiras supranacionais dos organismos internacionais de financiamento, empresas transnacionais e blocos econmicos, que agem no territrio do Estado-nao ultrapassando suas fronteiras e pondo em xeque a prpria soberania do Estado. Alm de organismos com fins econmicos, temos tambm os organismos com fins humanitrios, como A ONU.

    - FMI (Fundo Monetrio Internacional): surgiu na conferncia de Bretton Woods em 1944 e comeou a funcionar em 1945. Est sediado em Washington e seus objetivos so promover a cooperao monetria internacional, favorecer a expanso e o desenvolvimento do comrcio internacional e dar assessoria aos pases membros que enfrentam dificuldades financeiras. O FMI age sob a tica do neoliberalismo. Uma das exigncias impostas por esse organismo a adoo de prticas econmicas liberais para quem recorre a ele. Estados Unidos, Japo, Alemanha, Frana e Reino Unido so os maiores acionistas do fundo.

    - Banco Mundial: tambm originado na conferncia de Bretton Woods. Tem sede em Washington e

    composto pelos mesmos pases do FMI. Porm, enquanto o FMI se encarrega de preservar o sistema financeiro internacional, o Banco Mundial se encarrega de estabelecer projetos que visam o desenvolvimento e melhores condies de vida. A diminuio da pobreza o seu principal objetivo. O Banco mundial comeou seus trabalhos em maro de 1946, atravs do BIRD (Banco Internacional de Reconstruo e Desenvolvimento). Hoje formado por mais quatro instituies alm do BIRD: Associao Internacional de Desenvolvimento (AID), Corporao Financeira Internacional (CFI), Agncia Multilateral de Garantia de Investimento (AMGI) e Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi).

    - GATT e OMC: o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comrcio) foi um acordo provisrio que entrou em

    vigor em janeiro de 1948, durando at 1995, quando se tornou a Organizao Mundial de Comrcio (OMC). Existem algumas diferenas bsicas entre GATT e OMC. O primeiro era s um acordo provisrio, a OMC uma organizao mundial. Quando o GATT foi criado, o comrcio mundial era dominado por bens e produtos (agrcolas, minerais, industriais). Com o passar do tempo a economia mundial ficou mais complexa. O comrcio mundial de servios (transporte, turismo, telecomunicaes) e de ideias (livros, patentes), classificadas como propriedades intelectuais, tornou-se extremamente importante. Nesses setores, a OMC ampliou o GATT, que foi extinto como rgo, mas teve preservados seus acordos para o comrcio de bens e produtos, fazendo parte dos tratados da OMC. Em suma, a OMC tem status permanente, uma organizao internacional (como o FMI e o Banco Mundial) e suas resolues tm base legal, visto que seus membros concordam em seguir as regras estabelecidas.

    - ONU: A ONU foi criada em 1945, na conferncia de San Francisco. Foi criada com o objetivo de

    preservar a paz mundial e desenvolver relaes de cooperao entre os povos. A Assemblia Geral e o Conselho de Segurana so os dois rgos de deliberao das Naes Unidas. Na Assemblia Geral, cada Estado dispe de um voto e as decises so tomadas por maioria simples. No que concerne s questes de paz e segurana, a Assemblia Geral est limitada a produzir recomendaes, pois a tomada de decises atribuda ao Conselho de Segurana. O Conselho de Segurana composto por 5 membros permanentes e 10 rotativos, eleitos pela Assemblia Geral. Os membros permanentes Estados Unidos, Rssia, China, Gr-Bretanha e Frana dispem de direito de veto. As decises dependem de uma maioria de 9 votos e da inexistncia de 1 veto. Embasada na doutrina Bush, a invaso do Iraque em 2003 desencadeou a crise da ONU. O ataque norte-americano ao Iraque tinha o apoio da Gr-Bretanha, mas enfrentava a oposio dos outros 3 membros permanentes do Conselho de Segurana e a resoluo elaborada por Washington no reuniria os 9 votos necessrios para aprovao. A operao militar foi deflagrada revelia da ONU. A articulao da Frana, Rssia e China para bloquear a resoluo proposta por Washington revelou a instabilidade da ordem mundial. O desrespeito ao Conselho de Segurana, pela maior potncia do mundo, atingiu a credibilidade do sistema global de segurana coletiva.

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    - TERCEIRO SETOR: Para entendermos o que o Terceiro Setor devemos localizar anteriormente quais so o Primeiro Setor e o Segundo Setor. Na conceituao tradicional, o primeiro setor o Estado, representado por entes polticos (Prefeituras Municipais, Governos dos Estados e Presidncia da Repblica), alm de entidades a estes entes ligados (Ministrios, Secretarias, Autarquias, entre outras). Quer dizer, chamamos de primeiro setor o setor pblico, que obedece ao seu carter pblico e exerce atividades pblicas. O segundo setor o Mercado (Empresas), composto por entidades privadas que exercem atividades privadas, ou seja, atuam em benefcio prprio e particular. O Terceiro Setor composto de por organizaes privadas sem fins lucrativos, que atuam nas lacunas deixadas pelos setores pblico e privado, buscando a promoo do bem-estar social. Quer dizer, o terceiro setor no nem pblico nem privado, um espao institucional que abriga entidades privadas com finalidade pblica. Esta atuao realizada por meio da produo de bens e prestao de servios, com o investimento privado na rea social. Isso no significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formao de uma sociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor no , e no pode ser, substituto da funo do Estado. A idia de complementao e auxlio na resoluo de problemas sociais. Para comparar com os termos financeiros anteriormente explicados, no caso do Terceiro Setor utiliza-se o dinheiro privado em atividades pblicas. Fonte: , acesso em 21/01/2010.

    - TERCEIRA VIA: A terceira via uma corrente da ideologia social-democrata. tambm conhecida

    como social-democracia contempornea. Este pensamento defende um Estado necessrio, em que sua interferncia no seja, nem mxima, como no socialismo, nem mnima, como ocorre no liberalismo. Mas que a atuao estatal seja adequada conjuntura vivida pelo pas. Esta teoria tambm defende a responsabilidade fiscal dos governantes, o combate misria, carga tributria proporcional renda, com o Estado sendo o responsvel pela segurana, sade, educao, previdncia etc. Algumas figuras polticas como Bill Clinton, Barack Obama, Tony Blair - conhecido tambm como o corifeu da terceira via - e Fernando Henrique Cardoso so exemplos da terceira via. Um dos principais defensores e difusores do pensamento da Terceira Via o socilogo britnico Anthony Giddens. Ele expe regularmente suas vises por meio de contribuies ao think tank Policy Network do Reino Unido.

    8- INTEGRAO E BLOCOS ECONMICOS

    Na economia-mundo h uma grande ampliao das trocas comerciais internacionais. Por causa dessa forte integrao, alguns pases procuram agrupar-se para enfrentar melhor a concorrncia no mercado mundial globalizado. A formao de blocos econmicos uma regionalizao dentro do espao mundial, mas tambm uma forma de aumentar as relaes em escala global, pois, ao participar de um bloco, um pas tem acesso a vrios mercados consumidores, dentro e fora de seu bloco. Os principais blocos regionais so: Unio Europeia, Mercosul, Nafta e Apec. Na formao dos blocos econmicos existem etapas distintas que determinam o nvel de integrao dos pases membros.

    As etapas de integrao econmica se constituem em cinco: a zona de livre comrcio, a unio aduaneira, o mercado comum, a unio monetria e a unio poltica.

    Zona de Livre Comrcio: nesta, as mercadorias circulam livremente entre os pases membros. As tarifas alfandegrias so eliminadas, h flexibilidade nos padres de produo, controle sanitrio e de fronteiras. O NAFTA encontra-se neste estgio.

    Unio Aduaneira: alm da eliminao de tarifas ocorrida na Zona de Livre Comrcio, existe aqui a adoo de uma tarifa externa comum (TEC), adotada para as relaes com outros pases fora do bloco. O Mercosul encontra-se neste estgio.

    Mercado Comum: alm da TEC e da livre circulao de mercadorias, existe aqui a livre circulao de capitais, servios e pessoas. comum a padronizao de impostos para a populao, empresas, leis trabalhistas, ambientais, etc.

    Unio Monetria (Econmica): engloba todas as caractersticas anteriores com a adio de uma moeda comum (emitida por um nico Banco Central). H tambm a padronizao de polticas macroeconmicas para todos os pases. O nico bloco que atinge esse nvel de integrao a Unio Europeia. Cabe ao Banco Central Europeu a emisso da moeda nica utilizada.

    Unio Poltica: a etapa mais avanada da integrao. Alm de todas as caractersticas anteriores engloba a unificao das polticas de relaes internacionais, defesa, segurana interna (terrorismo, narcotrfico) e segurana externa (guerras). A Unio Europeia planeja chegar a este patamar.

    http://www.cedac.org.br/OSCIP.pdfhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ideologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Social-democratahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Estadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade_fiscalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mis%C3%A9riahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Carga_tribut%C3%A1riahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rendahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Seguran%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Previd%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_Clintonhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Barack_Obamahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Blairhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Corifeuhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Henrique_Cardosohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anthony_Giddenshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Think_tankhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Policy_Network&action=edit&redlink=1
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    Os Blocos Econmicos so frutos do mundo globalizado. Os agentes da globalizao esto cada vez mais interessados em acordos internacionais que permitam a livre circulao de seus produtos e na formao de blocos econmicos que possibilitem diminuir as tarifas alfandegrias. Essa tendncia coloca em risco a importncia poltica de alguns pases que em alguns casos podem perder o controle da sua economia. Uma das formas de manter os mercados globalizados sob o controle dos Estados foi criao de blocos econmicos regionais. Os principais so: Nafta (Acordo de livre comrcio da Amrica do Norte), Mercosul (Mercado Comum do Sul), Asean (Associao das naes do sudeste asitico), Apec (Cooperao Econmica da sia e do Pacfico), UE (Unio Europia).

    EXERCCIOS DE APLICAO:

    01)(ENEM/2010) Um banco ingls decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda vez que recorressem aos funcionrios de suas agncias. E o motivo disso que, na verdade, no querem clientes em suas agncias; o que querem reduzir o nmero de agncias, fazendo com que os clientes usem as mquinas automticas em todo tipo de transaes. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionrios.

    HOBSBAWM, E. O novo sculo. So Paulo: Companhia das Letras, 2000 (adaptado). O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoo de novas tecnologias na economia capitalista contempornea. Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequncia social de tal aspecto esto em A) qualidade total e estabilidade no trabalho. B) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos. C) diminuio dos custos e insegurana no emprego. D) responsabilidade social e reduo do desemprego. E) maximizao dos lucros e aparecimento de empregos. 02)(ENEM/2010) OG-20 o grupo que rene os pases do G-7, os mais industrializados do mundo (EUA, Japo, Alemanha, Frana, Reino Unido, Itlia e Canad), a Unio Europeia e os principais emergentes (Brasil, Rssia, ndia, China, frica do Sul, Arbia Saudita, Argentina, Austrlia, Coreia do Sul, Indonsia, Mxico e Turquia). Esse grupo de pases vem ganhando fora nos fruns internacionais de deciso e consulta.

    ALLAN, R. Crise global. Disponvel em: http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2010.

    Entre os pases emergentes que formam o G-20, esto os chamados BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China), termo criado em 2001 para referir-se aos pases que A) apresentam caractersticas econmicas promissoras para as prximas dcadas. B) possuem base tecnolgica mais elevada. C) apresentam ndices de igualdade social e econmica mais acentuados. D) apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsionar a economia global. E) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a economia mundial. 03)(UFJF/2010) Leia abaixo notcia veiculada no site da BBC:

    Socorro a bancos em 1 ano supera ajuda a pases pobres em 50, diz ONU A indstria financeira internacional recebeu no ltimo ano quase dez vezes mais dinheiro pblico em

    ajuda do que todos os pases pobres em meio sculo, segundo aponta um relatrio divulgado pela Campanha da ONU pelas Metas do Milnio.

    Segundo a organizao, que promove o cumprimento das metas das Naes Unidas para o combate pobreza no mundo, os pases em desenvolvimento receberam em 49 anos o equivalente a US$ 2 trilhes em doaes de pases ricos.

    Disponvel em: . Acesso em: 24 jun. 2009. Adaptado.

    Leia as afirmativas a seguir:

    http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/
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    I - Um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio garantir que, at 2015, todos os jovens, de ambos os sexos, terminem uma etapa de curso do ensino superior. II - O papel dos bancos dar liquidez e financiar a produo, mas, nos Estados Unidos, eles transformaram-se em ferramenta de especulao, sendo uma das causas da crise financeira atual. III - Os governos neoliberais utilizam a nacionalizao apenas para forarem os bancos a promover os financiamentos da economia sem acrscimos exagerados nas taxas de juro. IV - Depois do sistema financeiro, a outra prioridade dos governos ser combater o desemprego, no por sentimento de humanidade com os trabalhadores vitimados, mas para evitar agitao social. Sobre a atual crise financeira mundial, assinale a alternativa CORRETA. a) Apenas as afirmativas I e II so verdadeiras. b) Apenas as afirmativas II, III e IV so verdadeiras. c) Apenas as afirmativas I, II e III so verdadeiras. d) Apenas as afirmativas II e IV so verdadeiras. e) As afirmativas I, II, III e IV so verdadeiras. 04)(ENEM/2009*)

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    05)(ENEM/2009*)

    06)(UFMG/2006) O comrcio internacional, aps o fim da Guerra Fria, foi marcado por importantes mudanas. Assim sendo, INCORRETO afirmar que, entre essas mudanas, se inclui o fato de que A) a nova configurao do mercado internacional, resultante do crescente antagonismo entre pases pobres e ricos, ou seja, entre Sul e Norte, provocou redirecionamento dos fluxos de troca. B) a Organizao Mundial do Comrcio (OMC), visando a ampliar a reduo de tarifas alfandegrias e a dar instituio maior poder de controle sobre o comrcio internacional, substituiu o Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT). C) o comrcio apresentou grande crescimento em algumas reas continentais, chegando a superar, em certos casos, as trocas realizadas com pases situados a distncias maiores. D) o comrcio internacional adotou regras que facilitam as trocas, mas, por outro lado, conservou, ainda, artifcios que restringem as vantagens dos pases menos desenvolvidos. 07)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicao (rdio, televiso, internet, telefone) possibilitaram um aumento nos fluxos de informaes no Mundo, integrando regies que anteriormente eram quase isoladas. Com base nesta afirmativa, responda: Quais as regies mundiais que apresentam a rede de meios de comunicao mais densa? 08)(UFV/2006) Os diferentes meios de comunicao (rdio, televiso, internet, telefone) possibilitaram um aumento nos fluxos de informaes no Brasil, integrando regies que anteriormente eram quase isoladas. Com base nesta afirmativa, responda: a) Qual a regio brasileira que apresenta a rede de meios de comunicao mais densa? b) Aponte dois motivos que justificam a maior densidade dos fluxos de informaes nesta regio. Explique cada um deles. 09)(PISM III/2008) Leia, com ateno, o texto abaixo.

    Em Honolulu tudo muito bem planejado, o que d a sensao que se um ator participando de um filme. Em nenhum outro lugar essa sensao parece ser to forte. Ao caminhar-se, particularmente pela rea dos hotis, na praia de Waikiki, a sensao de cenrio de filme se refora. Os hotis, uns ao lado dos outros - como grandes torres fincadas no cho - tm lobbies que se comunicam, pontuados por belssimos (mas falsos) jardins tropicais, absolutamente simtricos, sem uma nica folha cada no cho, sem nem tampouco folhas amarelecidas, fontes de gua corrente, lagos com peixes coloridos, tochas, alias serpenteadas por belos gramados de todos os tamanhos, poltronas confortveis, bancos colocados estrategicamente e, evidentemente, muitas lojas. Tudo muito limpo. Um filme de Elvis Presley. A sada do hotel para ir praia tambm no parecia menos controlada, elevadores conduziam os hspedes das vrias torres rouparia para se pegar toalhas de praia ( claro que s depois de assinar um recibo, no qual se esclarecia sobre o uso e o horrio da devoluo).

    (CARLOS, Ana Fani A. O turismo e a produo do no-lugar. Disponvel em: . Acesso em: 23 out. 2007.)

    De acordo com o texto, a indstria do turismo:

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    a) uma forma de indstria gerenciada pelo turista. b) liberta as horas de lazer das regras de mercado. c) produz espao com uma forte identidade. d) produz espaos heterogneos e inclusivos. e) transforma tudo o que toca em artificial. 10)(PISM III/2007) Sobre a mobilidade populacional do mundo contemporneo CORRETO afirmar que: a) as migraes econmicas so causadas pelas semelhanas existentes entre o crescimento econmico e o crescimento populacional de um pas ou de uma regio. b) o desenvolvimento do capitalismo europeu, do incio do sculo XIX at os dias atuais, fez com que as ondas migratrias, freqentes no velho continente, fossem suspensas. c) a globalizao aumentou a fuga de crebros: a transferncia de profissionais altamente qualificados, dos pases subdesenvolvidos para os desenvolvidos. d) os pases que convivem com grandes exploses demogrficas estimulam polticas para a atrao de imigrantes; a ocorrncia do fenmeno conhecido como imigrao. e) os migrantes, ao remeterem dinheiro aos seus pases de origem, no afetam a economia nacional, que perde a arrecadao de impostos e investimentos nas cidades natais. GABARITO:

    01-C 02-A 03-B 04-A 05-E

    06-A 07-ABERTA 08-ABERTA 09-E 10-C

    AMRICA

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    Capitulo 3: Amrica

    MAPA DA AMRICA

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    1- BLOCOS ECONOMICOS DO CONTINENTE AMERICANO

    MERCOSUL: Com a criao do Mercosul, em 1991, o Brasil e a Argentina ganharam a oportunidade de superar suas divergncias histricas e buscar solues comuns para seus problemas, por meio da cooperao e da integrao econmica. A eles juntaram-se o Paraguai e o Uruguai, que assumiram o objetivo de tornar a regio capaz de competir em escala mundial, caminhando no sentido da construo de um espao econmico integrado. O objetivo o de favorecer o crescimento do comrcio interno latino-americano e, alm disso, ampliar as relaes econmicas com outros plos importantes da economia mundial. As dificuldades da busca dessa unificao tm se colocado de vrias maneiras ao longo do tempo e esto ligadas grande diferena de dimenses entre as economias dos parceiros, principalmente a do Brasil e a dos demais membros do bloco. As crises econmicas que os dois principais integrantes do bloco tm atravessado colocam dificuldades nesse processo. Apesar disso, o intercmbio comercial no Cone Sul revelou extraordinrio dinamismo aps a constituio do Mercosul. A perspectiva, entretanto, de que a integrao dos pases do Mercosul continue evoluindo. Neste sentido, o bloco j conseguiu a adeso de dois pases como associados (Chile e Bolvia) e negocia o estreitamento de relaes com a CAN (Comunidade Andina das Naes), incluindo a possibilidade de unificao dos dois blocos. A frica do Sul e a ndia esto negociando acordos comerciais com o Mercosul e comearam contatos nesse sentido com a China.

    NAFTA CANAD: Um dos pases mais desenvolvidos do mundo, porm, possui algumas dificuldades. Grande parte do territrio apresenta clima muito frio (obstculo sua ocupao e incremento da populao). Este pequeno nmero de habitantes gera problemas de ordem econmica (mercado interno reduzido e escassa mo-de-obra). Resultado: dependncia de investimentos externos (EUA). MXICO: Embora o Mxico possa se beneficiar da integrao econmica, percebe-se uma ampliao muito maior da rea de influncia das empresas norte americanas e canadenses, que passaram a dispor da ampla mo-de-obra barata* formada pelos mexicanos. O pas enfrenta grandes problemas sociais e alto crescimento vegetativo, acentuando os movimentos migratrios. A Regio metropolitana da cidade do Mxico abriga aproximadamente 30% da populao do pas. Esta urbanizao crescente e desordenada aumenta as tenses sociais j existentes (pobreza, desemprego, marginalidade). A delicada situao torna-se fator de peso para que a emigrao clandestina para os EUA aumente cada vez mais. Alm disso, existe a forte dependncia tecnolgica e financeira e a alta concentrao fundiria (Regio sul do pas - Chiapas). * Maquiladoras:a explorao da mo-de-obra barata ocorre principalmente na regio norte do pas. L esto instaladas as empresas chamadas maquiladoras, ou seja, filiais de empresas dos EUA que produzem visando o retorno para o mercado de consumo norte-americano, principalmente automveis, eletrnicos e autopeas. A tecnologia e os componentes so norte-americanos, cabendo ao Mxico apenas a montagem final. Estas empresas geram lucros pois reduzem seus custos, utilizam-se de fontes de energia mexicanas e poluem o ambiente desse pas, preservando o seu lugar de origem. ESTADOS UNIDOS: a economia mais dinmica do mundo (PIB na casa dos 12,4 trilhes de dlares) e um enorme e potente mercado consumidor. Os EUA so os maiores interessados na manuteno do Nafta e de outros blocos econmicos na Amrica. No Nafta, seus interesses esto no livre trnsito de sua produo industrial nos dois pases membros, ampliando seu mercado consumidor. Cerca de 80% do capital industrial do Canad norte-americano. No Mxico, o Nafta visa estancar o fluxo de mexicanos para o pas, facilitando a fixao de empresas no Mxico. Os EUA so tambm os idealizadores e os maiores interessados na implementao da Ala no continente americano. Ao mesmo tempo, est em negociao j h algum tempo uma srie de acordos com a Unio Europeia, tambm no sentido de se buscar desenvolver relaes econmicas com o menor nmero de obstculos possveis. Como vemos, alm de buscar o fortalecimento interno de seus membros, o Mercosul expande-se na Amrica Latina e viabiliza o estabelecimento de parcerias com outros blocos e outros pases importantes no

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    cenrio econmico mundial, como a frica do Sul, a ndia e a China. Visa, dessa maneira, tambm fortalecer as relaes com pases fora do eixo Europa - EUA - Japo.

    ALCA: Na primeira reunio da Cpula das Amricas, entre outros temas, foi discutida a proposta da constituio da ALCA (Associao de Livre Comrcio das Amricas), formulada pelo governo dos EUA, com a previso do envolvimento de todos os pases americanos, com exceo de Cuba. Foi definido tambm que as negociaes entre os pases para a sua implementao deveriam estar concludas at 2005 e que funcionaria a partir de 2006. Entretanto, em funo de divergncias entre os pases, as negociaes devero se estender por um perodo maior. A ALCA foi concebida, desde o incio, como um projeto de grande envergadura. Se vier a ser criada, ela no ser uma rea de livre comrcio tradicional, isto , no envolver apenas o comrcio de bens dentro das Amricas. A proposta de sua constituio aponta no caminho de se estabelecer um acordo global que pretende abarcar servios, o sistema financeiro, as compras governamentais e os investimentos. A Alca, tal como foi proposta pelos EUA, levaria perda de autonomia na conduo de aspectos essenciais da poltica econmica pelos pases participantes. O Brasil, por exemplo, seria obrigado a manter o seu mercado interno sempre aberto, para os produtos dos EUA e de outros pases do continente americano. As empresas brasileiras teriam de concorrer com as grandes corporaes norte-americanas e todo o seu poder tecnolgico, financeiro e comercial. Em funo dessas questes, que so agravadas pela grande disparidade ente os nveis da atividade econmica dos EUA e do restante da Amrica, nota-se resistncia de vrios pases e abrirem seus mercados e abrirem mo de sua capacidade de formular polticas nos prprios territrios. Dessa maneira, aquilo que poderia ser uma forma de integrao continental enfrenta uma srie de dvidas quanto a sua real capacidade de promover o progresso para todos os pases que formariam esse bloco, pois muitos acreditam que esse tipo de organizao, se for implementado com as caractersticas que apresenta hoje, somente contribuiria para aumentar a pobreza, a estagnao econmica e o agravamento da subordinao da economia de grande parte dos pases do continente aos fluxos da riqueza mundial.

    Pacto Andino: Os membros so: Bolvia, Colmbia, Equador, Peru e Venezuela. Formado com o objetivo de aumentar a integrao econmica entre os pases-membros. Em 1992 comeou a vigorar como zona de livre comrcio.

    CARICOM: Antigo Comunidade e Mercado Comum do Caribe e atual Comunidade do Caribe, um bloco de cooperao econmica e poltica, criado em 1973, formado por 14 pases e seis territrios da regio caribenha. Estabelecido em 4 de Julho de 1973 pelo Tratado de Chaguaramas (Trinidad e Tobago) e com sede em Georgetown (Guiana), a CARICOM veio substituir a CARIFTA (Associao de Livre Comrcio do Caribe), que existia desde 1965.O Objetivo do bloco foi formado por ex-colnias de potncias europias que, aps a sua independncia, viram-se na contingncia de aliar-se para suprir limitaes decorrentes da sua nova condio e acelerar o seu processo de desenvolvimento econmico. Alm de incentivar a cooperao econmica entre os membros, a organizao participa da coordenao da poltica externa e desenvolve projetos comuns nas reas de sade, educao e comunicao. Este bloco de integrao regional visa promover o livre comrcio, o livre movimento do trabalho e do capital; coordenar a agricultura, a indstria e poltica estrangeira entre os seus pases membros. Desde 1997 defendem o tratamento diferenciado para economias pouco desenvolvidas, incluindo prazos maiores para o cumprimento de futuros acordos de comrcio. Em 1998, Cuba foi admitida como observadora do Caricom. O bloco marca para 1999 o incio do livre comrcio entre seus integrantes, mas a deciso no se efetiva. Em maio e em julho de 2000 a Repblica Dominicana e Cuba, respectivamente, firmam acordos de livre comrcio com o bloco. Na cpula da Caricom, em julho, fica estabelecida a criao de uma Corte Caribenha de Justia e marcada para dezembro a finalizao da estruturao do livre comrcio entre os membros. Os pases-membros sao: Antgua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lcia, So Cristvo e Nvis, So Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago e Suriname. Sendo os territrios associados: Bermudas, Montserrat (1974), Ilhas Virgens Britnicas, Turks e Caicos (1991), Ilhas Caimn e Anguilla (1999).

    APEC: (Cooperao Econmica da sia e do Pacfico). Membros: Austrlia, Brunei, Canad, Indonsia, Japo, Malsia, Nova Zelndia, Filipinas, Cingapura, Coria do Sul, Tailndia, EUA, China, Hong Kong, Taiwan, Mxico, Papua Nova Guin, Chile, Peru, Rssia e Vietn. A queda das tarifas j vem ocorrendo nos ltimos anos. Em 2000 o bloco destacou-se como o maior do planeta em volume de negcios. De tudo que exportado no mundo, cerca de 30% parte da APEC.

    Fonte: Obra coletiva concebida. Projeto Ararib - Geografia 8 srie. So Paulo: Ed. Moderna, 2006. p. 58.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Bloco_econ%C3%B4micohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bloco_econ%C3%B4micohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1973http://pt.wikipedia.org/wiki/Caribehttp://pt.wikipedia.org/wiki/4_de_Julhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1973http://pt.wikipedia.org/wiki/Trinidad_e_Tobagohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Georgetownhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guianahttp://pt.wikipedia.org/wiki/CARIFTAhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1965http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4niahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAdehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_com%C3%A9rciohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Agriculturahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstriahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/1997http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rciohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1998http://pt.wikipedia.org/wiki/Cubahttp://pt.wikipedia.org/wiki/1999http://pt.wikipedia.org/wiki/Maiohttp://pt.wikipedia.org/wiki/2000http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_Dominicanahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cubahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADgua_e_Barbudahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bahamashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Barbadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belizehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dominicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Granadahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guianahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Haitihttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jamaicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_L%C3%BAciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Crist%C3%B3v%C3%A3o_e_N%C3%A9vishttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Vicente_e_Granadinashttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Vicente_e_Granadinashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Trinidad_e_Tobagohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Surinamehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bermudashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Montserrathttp://pt.wikipedia.org/wiki/1974http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Virgens_Brit%C3%A2nicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Turks_e_Caicoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/1991http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Caim%C3%A1nhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anguillahttp://pt.wikipedia.org/wiki/1999
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    2- HAITI A GUERRA CIVIL

    O Haiti um pas da Amrica Central, que faz fronteira com a Repblica Dominicana, a leste. Alm

    desta fronteira, os territrios mais prximos so as Bahamas e Cuba a noroeste, Turks e Caicos a norte, e Navassa a sudoeste. A capital Porto Prncipe.

    Em 5 de dezembro de 1492, Cristvo Colombo chegou a uma grande ilha, qual deu o nome de Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de So Domingos pelos franceses. Dividida entre dois pases, a Repblica Dominicana e o Haiti, a segunda maior das Grandes Antilhas.

    A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida Frana pela Espanha em 1697. No sculo XVIII, a regio foi a mais prspera colnia francesa na Amrica, graas exportao de acar, cacau e caf. Aps uma revolta de escravos, a servido foi abolida em 1794. Nesse mesmo ano, a Frana passou a dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint l'Ouverture tornou-se governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O lder Jacques Dessalines organizou o exrcito e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi declarada a independncia e Dessalines proclamou-se imperador.

    Aps perodo de instabilidade, o pas dividido em dois e a parte oriental - atual Repblica Dominicana - reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre Boyer reunificou o pas e conquistou toda a ilha. Em 1844, porm, nova revolta derrubou Boyer e a Repblica Dominicana conquistou a independncia.

    Da segunda metade do sculo XIX ao comeo do sculo XX, 20 governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados Unidos da Amrica ocuparam o Haiti entre 1915 e 1934, sob o pretexto de proteger os interesses norte-americanos no pas.

    Depois de mais um perodo de grande conturbao poltica, foram realizadas eleies presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide. Em setembro de 1991,

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  • GEOGRAFIA POLTICA/2012 PROFESSOR: TIAGO DALESSI

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    Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A Organizao dos Estados Americanos (OEA), a Organizao das Naes Unidas (ONU) e os EUA impuseram sanes econmicas ao pas para forar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.

    Em julho de 1993, Cedras e Aristide assinaram pacto em Nova York, acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Foras Armadas. Em outubro de 1993, porm, grupos paramilitares impediram o desembarque de soldados norte-americanos, integrantes de uma Fora de Paz da ONU. O elevado nmero de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a presso americana pela volta de Aristide.

    Em maio de 1994, o Conselho de Segurana da ONU decretou bloqueio total ao pas. A junta militar empossou um civil, mile Jonassaint, para exercer a presidncia at as eleies marcadas para fevereiro d