Geração de Valor para o Acionista:

82
· 1200001174 · " 11'" 1111111111111111" 111111111111111 Geração de Valor para o Acionista: Um estudo dos conceitos e das medidas de desempenho sob o enfoque do acionista Banca Examinadora: Prof. Orientador: Dr. José Carlos Guimarães Alcântara Prof. Dr. Antonio Carlos Manfredini da Cunha Oliveira Prof. Dr. João Carlos Douat

Transcript of Geração de Valor para o Acionista:

Page 1: Geração de Valor para o Acionista:

· 1200001174· " 11'" 1111111111111111" 111111111111111

Geração de Valor para o Acionista:

Um estudo dos conceitos e das medidas de desempenhosob o enfoque do acionista

Banca Examinadora:

Prof. Orientador: Dr. José Carlos Guimarães Alcântara

Prof. Dr. Antonio Carlos Manfredini da Cunha Oliveira

Prof. Dr. João Carlos Douat

Page 2: Geração de Valor para o Acionista:

À Ana Cláudia e aos meus filhos Vitor Augusto e

Gabriela Cristina.

Page 3: Geração de Valor para o Acionista:

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

GABRIEL RIBEIRO

Geração de Valor para o Acionista:

Um estudo dos conceitos e das medidas de desempenhosob o enfoque do acionista

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação daFGV/EAESP.Área de Concentração: Finanças como requisito paraobtenção do título de mestre em Administração - OpçãoMBA.

FundaçãO Getulio VÇlrgasEscola de Administraçãode"Empresas de Silo Paulo

Biblioteca

Orientador: Prof Dr. José Carlos Guimarães Alcântara1200001174

- - --

São Paulo

1999 .,..,;,.:;t''''

"

Page 4: Geração de Valor para o Acionista:

-;"t.,

..'.'-... 'k~.

".

SP-00017843-1

RIBEIRO, Gabriel. Geração de valor para o acionista: um estudo dos conceitos e dasmedidas de desempenho sob o enfoque do acionista. São Paulo: EAESPIFGV, 1999.76p. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESPIFGVcomo requisito para obter o título de mestre em Administração - Opção MBA, Área deConcentração : Finanças).

Resumo: Trata da análise do desempenho de empresas na criação de valor tomando porbase o enfoque de avaliação do acionista. Aborda os principais conceitos sobre os quaissão construídos os modelos de gestão dedicados à geração de valor para o acionista.Analisa as principais medidas utilizadas para se avaliar o desempenho das empresas nageração de valor. Elege uma medida e a compara com uma situação alternativa comoforma de aferir sua abrangência e qualidade.

Palavras-Chave - Acionista, Valor da Empresa, Retomo, Custo de Capital, LucroResidual, Lucro Econômico, Economic Value Aded, Market Value Aded, DiscountedCash Flow, Cash Flow Return on Investiment, Total Shareholder Return e TotalBusiness Return.

ii

Page 5: Geração de Valor para o Acionista:

..---

Sumário

Agradecimentos...................................................................................... IV

1. Introdução........................................................................................ 1

2. Gerar Valor para o Acionista2.1 A Empresa e seus Participantes......................................................... 42.2 O Acionista........................................................................................ 62.3 Criação de Valor - Conjugação de Interesses 9

3. Valor para o Acionista3.1 O Conceito de Valorda Empresa 123.2 ·Dividendos como Determinantes do Valor da Empresa 163.3 O Valor da Empresa por Fluxo de Caixa.......................................... 18

4'. Custo de Capital4.1 O Conceito do Custo de Capital 204.2 Fontes de Capital e Composição da Taxa de Custo 214.3 Custo do Capital Próprio :.......................................... 234.4 Custo do Capital de Terceiros 264.5 A Estrutura ótima de capital 29

5. Medidas de Desempenho5.1 Evolução das Medidas 315.2 Lucro Residual 355.3 Lucro Econômico 365.4 Economic Value Aded - EVA 395.5 Market Value Aded - MV A. 425.6 Discounted Cash Flow 445.7 Cash Flow Retum on Investiment - CFROI 495.8 Total Shareholder Retum - TSR e Total Business Retum - TBR.... 52

6. Comparação entre as Medidas de Geração de Valor6.1 Comparação das Medidas 576.2 Considerações Gerais sobre os Casos de Análise 606.3 Empresa A 616.4 Empresa B 646.5 Empresa C 676.6 Análise Comparativa 70

7. Conclusão 72

Bibliografia 74

iii

Page 6: Geração de Valor para o Acionista:

Agradecimentos

Agradeço à empresa Camargo Corrêa SA, cujo apoio foi fundamental para a realização de

um projeto que se concretiza com este trabalho.

Ao Sr. José Augusto Muller Oliveira Gomes manifesto meu mais profundo agradecimento

por todo o incentivo e inestimável colaboração para a realização deste projeto.

Agradeço ao orientador Prof. Dr. José Carlos Guimarães Alcântara, cujos ensinamentos

inspiraram a realização deste trabalho.

Agradeço, também, aos professores cujos ensinamentos contribuíram para formar o

conteúdo deste estudo.

iv

.,.-

·::i~t/.~rl~:

Page 7: Geração de Valor para o Acionista:

1. INTRODUÇÃO

As teorias econômica e financeira nos dizem que os investimentos de capital são

feitos quando seus detentores vislumbram a possibilidade de obter um montante superior

ao que foi investido.

Esta expectativa de retomo se constituiu num marco referencial para o investidor,

que passa a utilizá-la como parâmetro de medição dos retornos que são posteriormente

gerados ao incorporá-la ao valor investido, prevendo o ganho econômico potencial.

o valor de um ativo para o investidor não representa apenas o montante de

recursos que foi aplicado em sua aquisição, mas incorpora um prêmio pela expectativa

dos retornos que ele deve gerar adicionalmente ao mínimo requerido. Podemos dizer

que todo ativo, seja ele financeiro ou real tem, assim, um valor econômico.

Se passado um intervalo de tempo, observar-se que o retomo gerado pelo ativo

supera a expectativa inicial sob a qual ele foi realizado, diz-se que houve geração de

valor para o investidor. Caso contrário, quando o retomo esperado não é atingido, há

destruição do valor que o investidor esperava realizar.

Os sistemas de gestão de empresas baseados na geração de valor para os

acionistas - Value Based Management - VBM têm como fundamento a adoção de

estratégias de negócio que permitam elevar o valor econômico do patrimônio de seus

acionistas.

Essa elevação se dá através da devolução de caixa para o acionista, que se toma

disponível para novas opções de investimento, assim como do crescimento do valor

econômico da empresa.

É curioso que, apesar de ser um conceito já debatido ao final do século passado,

apenas a partir da década de 80 é que se passou a considerar a expectativa de retomo do

acionista como um dos propósitos fundamentais da empresa e, consequentemente,

nortear os modelos de gestão e estratégias corporativas.

1

Page 8: Geração de Valor para o Acionista:

Os hostiles takeovers' que ocorreram com companhias norte amencanas na

década de oitenta são um exemplo da insatisfação de acionistas com empresas que não

atendiam às suas expectativas de retomo. Para atender aos interesses dos acionistas a

criação de valor tomou-se foco das estratégias corporativas como forma da empresa

responder aos interesses tanto dos acionistas como dos demais participantes da empresa,

consolidadas no conceito Value Based Management- VBM.

Uma questão que surge para as empresas que adotam este modelo de gestão é

estabelecer a forma de medir a sua performance na criação de valor para os acionistas,

seja para efeito de avaliação dos próprios acionistas seja para uso no estabelecimento de

metas a serem perseguidas pela estrutura da empresa.

Algumas medidas foram criadas com o propósito de melhor indicar a

performance das empresas e vêm sendo utilizadas pelas firmas internacionais de

consultoria empresarial como forma de auxiliar seus clientes na melhoria de seu

desempenho.

A gestão baseada na criação de valor não se resume, porém, na adoção de

medidas de avaliação de desempenho. Ela é antes de tudo um conceito de

gerenciamento. Mas, a escolha de medidas adequadas é fundamental, pois estas servem.

de indicadores para orientar os gestores, os analistas e os principais interessados, os

acionistas, quanto ao sucesso das estratégias adotadas pela empresa.

Os modelos de avaliação da geração de valor por uma companhia foram

construídos, em sua maior parte, com base em mercados financeiros bastante

diversificados, com grande volume de empresas tendo suas ações negociadas no

mercado (em Bolsa de Valores). Via de regra, esses modelos utilizam-se do preço de

mercado das ações da empresa como referencial para avaliar o seu desempenho e a

criação de riqueza ao acionista.

1 Hostile takeover é a transação de transferência de controle acionário de uma companhia que ocorrecontra os interesses de seu grupo gerencial e diretores.

2

Page 9: Geração de Valor para o Acionista:

No Brasil ainda há um grande número de empresas cujo capital é fechado. Nestes

casos, aplicações desses modelos tornam-se mais complexas, pois não há a figura do

mercado avaliando o desempenho da empresa, refletidas nos preços de suas ações.

Este estudo pretende explorar os conceitos fundamentais dos modelos de

avaliação de performance da empresa quando analisada quanto a sua capacidade e

eficiência na criação de valor sob a ótica do acionista, que sejam aplicáveis tanto a

companhias de capital aberto ou fechado.

Vamos analisar os fundamentos teóricos que tratam da definição de valor de um

investimento utilizados para a construção dos modelos de gestão de empresas voltados

a criar valor para seus acionistas e as formas de aferir sua eficiência.

Posteriormente, vamos analisar os principais modelos que vêm sendo adotados

pelas empresas, geralmente suportados pela orientação de firmas de consultoria como

McKinsey, Stearn Stewart & Co. e Boston Consulting Group/ Alcar . Desta análise

vamos notar as vantagens e desvantagens de cada medida de aferição relacionada ao

modelo e estabelecer aquela que se demonstre mais capaz de refletir para o acionista a

criação de valor propiciada pelo seu investimento.

Para avaliar a qualidade da medida escolhida vamos fazer uma análise

comparando-a com os resultados apontados pelo Lucro Econômico, que é a medida que

foi adotada para efeito de análise de desempenho de três casos que servem de base de

dados para este estudo.

A par das conclusões finais sobre a superioridade de uma medida para o acionista

avaliar o desempenho da empresa, vamos observar que cada uma delas tem aplicações

práticas capazes de subsidiar os modelos de gestão na busca de um desempenho superior

na criação de valor. Vamos observar, também, que algumas medidas se complementam,

devendo na verdade serem aplicadas de forma combinada.

3

Page 10: Geração de Valor para o Acionista:

2. GERAR VALOR PARA O ACIONISTA

2.1 A Empresa e seus Participantes

As organizações econômicas são entidades criadas por indivíduos onde estes

interagem a fim de atingir objetivos econômicos individuais e ou coletivos

(MILGRON,1992). A empresa é uma entidade de finalidade essencialmente econômica,

cujos indivíduos que nela interagem podem ser agrupados segundo a natureza de seus

interesses. O quadro abaixo ilustra a classificação dos grupos de interesse que

participam' desse processo de interação.

Figura 1 - Os Participantes da Empresa.

ACIONISTA

tCLIENTE

EMPRESA

GOVERNO

FORNECEDOR s-" ~ FINANCIADOR

EMPREGADO

A partir dessa classificação podemos, também, identificar os fatores de satisfação

dos interesses de cada um desses grupos de participantes:

2 Os participantes da empresa são usualmente denominados stakeholders.

4

Page 11: Geração de Valor para o Acionista:

Cliente:

Fornecedor :

Empregado:

Governo:

Financiador:

Acionista:

através da aquisição de bens e serviços que maximizem suas

utilidades" ;

com a realização de negócios continuados que lhe permita obter

remuneração em suas transações, que atenda aos interesses de seus

participantes;

pelo emprego de sua força de trabalho e contraprestação em salários;

arrecadação de tributos e desenvolvimento econômico da sociedade;

obter remuneração dos capitais emprestados e recuperá-los no tempo

planejado;

obter ganhos que o recompense por assumir os riscos de aplicar seu

capital na empresa.

o objetivo econômico dessa entidade denominada empresa podemos extrair do

pressuposto básico da Teoria da Firma: as firmas buscam maximizar lucros. A partir

desse pressuposto, constrói-se a análise das escolhas de capital, mão de obra e materiais

que a empresa utilizará para produzir bens e serviços que serão ofertados ao mercado,

de forma a gerar o maior lucro possível com a configuração escolhida.

o beneficiário final desse objetivo da firma é o seu empreendedor, o acionista,

mas, para a firma atingir seu objetivo é necessário um equilíbrio no atendimento do

conjunto de interesses de seus participantes.

No entanto, estratégias corporativas adotadas ao longo dos tempos, como

verticalização e aumento de participação de mercado, deixaram os interesses dos

acionistas subordinados a essas estratégias, resultando nos hostiles takeovers, os quais

levaram as organizações e suas estruturas entenderem que elas não são um fim por si só.

3 Utilidade representa o grau de satisfação que a pessoa tem ao consumir um bem ou produto ou executaruma atividade. Em economia este conceito sumariza o ranking de preferências de um individuo diante deopções de consumo. Para maior detalhe ver PINDYCK, 1997.

5

Page 12: Geração de Valor para o Acionista:

2.2 O Acionista

Ao se fazer o confronto tradicional de despesas e receitas, normalmente

traduzido através de uma Demonstração de Resultado, podemos observar de maneira

simples como se dá o atendimento aos interesses de cada um desses participantes.

Quadro 1 : A Demonstração de Resultado e os Participantes.

Natureza de registro Participante

RECEITA Cliente

CUSTO DAS MERCADORIAS Fornecedor

DESPESAS GERAIS Fornecedor

DESPESAS COM sÁLARIOS Empregado

LUCRO DAS OPERAÇÕES

DESPESA COM JUROS Financiador

LUCRO ANTES DE IMPOSTOS

IMPOSTO DE RENDA Governo

LUCRO LÍQUIDO Acionista

A Demonstração de Resultados mostra, genericamente, não apenas o quanto dos

interesses de cada participante foi atendido num intervalo de tempo, mas também a

hierarquia de atendimento a esses interesses. Primeiro os clientes consomem os bens e

serviços oferecidos pela empresa, de cujo produto descontam-se os custos que a empresa

incorreu com fornecedores e empregados. Desse resultado subtrai-se a obrigação com os

financiadores que disponibilizaram capital. Posteriormente, existindo sobra o Governo

recebe uma fração dessa renda para, finalmente, destinar-se o resíduo final ao acionista.

O acionista é o último participante a ter seus interesses atendidos.

6

Page 13: Geração de Valor para o Acionista:

Diz-se, aSSIm, que o acionista é o beneficiário residual da empresa, ou seja,

somente após atendidos os interesses dos clientes, dos fornecedores, dos empregados,

dos financiadores de capital e do governo é que o acionista poderá avaliar o lucro gerado

em seu empreendimento e se apropriar dos ganhos obtidos.

Sabemos que o lucro, por sua vez, não é algo predeterminado. Ele é fruto do

sucesso da empresa em exercer suas atividades operacionais, obtendo receitas que

superem os custos e despesas necessários para a geração dessas receitas.

Consequentemente, a remuneração do acionista não é fixada 4 ou seja, ela varia

conforme o sucesso ou fracasso da empresa em gerar lucros. Assim, ao mesmo tempo

que corre os riscos do insucesso de um empreendimento, ele se apropria de todo o lucro

obtido no caso de seu êxito. Esta perspectiva é o fator que estimula o acionista a aplicar

seus capitais numa organização.

Apesar desta condição de participante residual nos lucros, o acionista tem em seu

escopo as principais decisões que determinam a existência da organização, visto que ele

é o provedor fundamental do capital para a empresa. Essas decisões se referem a :

o Realização de novos investimentos estratégicos;

o Política de distribuição de dividendos e capitalização da empresa.

Políticas de capitalização da empresa com novos investimentos e dividendos que

distribuem apenas excedentes de caixa determinam a capacidade da empresa em

atualizar seus ativos operacionais e se manter competitiva, além de sinalizar a satisfaçã'6) ;"do acionista com o seu desempenho.

~~~,~:.,A - d d d .. r fu damental nara uue este se esti I ~O«1'~remuneraçao a equa a o aciomsta e n amenta para que este se estimu e a~~~.

, •.-;,~·JlI'.1~~':I'i. ?l"

reaplicar recursos em novos projetos da empresa, fazendo-a continuar existindo e ar

mesmo tempo oferecendo aos demais participantes a oportunidade de continuarem ia"~;

buscar nela a satisfação de seus objetivos.

4 No Brasil a Lei 6.404/76 estabelece as regras para definição de dividendo mínimo a ser pago no ano emque ocorrem lucros, os quais são sujeitos a decisões soberanas da Assembléias de Acionistas .

7 ,

Page 14: Geração de Valor para o Acionista:

Caso a remuneração não seja adequada, o acionista tende a extrair recursos da

empresa para destiná-los a outros investimentos que se aparentem mais rentáveis ou que,

até, não o exponham ao grau de riscos assumido com a empresa. Este tipo de decisão se

materializa, por exemplo, com a maximização de distribuição de dividendos.

Ao maximizar os dividendos a empresa tende a perder sua capacidade de

reinvestir na atualização de seus ativos operacionais e de manter-se competitiva em seus

mercados. Consequentemente, terá sua capacidade de gerar novos lucros reduzida e

dificilmente causará estimulo a novos investimentos dos demais participantes.

À medida que a empresa deixa de ser atrativa para seus acionistas surge a

oportunidade para transações que não atendem aos interesses conjuntos dos demais

participantes. Os hostiles takeovers que ocorreram no início da década de 80 nos

Estados Unidos da América são exemplos da desagregação de interesses, onde os

raiders identificaram organizações que não atendiam aos objetivos de retomo de seus

acionistas e as adquiriram a preços abaixo do potencial de valor existente na empresa,

procedendo reestruturações de negócios, com a substituição de executivos. Nessas

operações empresas foram vendidas e o seu desmembramento e venda de divisões

operacionais geravam valores superiores ao da aquisição do conjunto.

Conclusivamente podemos afirmar que o acionista, apesar de residual, é o

participante cujos interesses na empresa não podem ser negligenciados. Cabe, então,

entender como o acionista avalia a satisfação de seus interesses.

Admitimos inicialmente que a empresa é uma entidade de natureza econômica. O

acionista ao aplicar seus capitais espera obter retornos que o compensam pelo risco

assu,mido ,com est: decisão. As questões básicas que o acionista formula para avaliar'ftl

seu investimento sao: -,

D Qual o retomo gerado com esse investimento?

ti.

I,D Quanto vale o investimento no momento atual?

5 Risco em finanças corporativas é o grau de incerteza quanto ao retomo que um ativo deve gerar,expresso através da variância dos resultados. Para maior detalhe ver GAPENSKI, 1997.

8

Page 15: Geração de Valor para o Acionista:

o Esse retorno compensa o risco a que o capital foi exposto num determinado período?

o Qual a perspectiva de retorno futuro que o investimento deve gerar?

Respostas a essas questões vão demonstrar se o acionista teve seus interesses

atendidos e se a empresa é atrativa para ele não apenas manter seu investimento, como

também converter maiores parcelas de seus recursos em seu capital.

A resposta básica que o modelo de gestão baseada na geração de valor propõe é

que os investimentos na empresa vão ser atrativos ao acionista quando esta for capaz de

adicionar valor a esse investimento acima daquele normalmente esperado em função das

características da empresa e de seu mercado de atuação.

2.3 Criação de Valor - Conjugação de Interesses

Uma.discussão comum que ocorre quando se estabelece uma gestão baseada em

geração de valor para o acionista numa empresa é se ao se dar prioridade ao acionista

não se está subjugando os interesses dos demais participantes.

Podemos dizer que é exatamente o contrário. Como vimos anteriormente o

acionista é o participante residual da empresa e este somente mantém seu investimento

se a empresa tiver sucesso na realização de suas atividades. Sem avançar no campo das

estratégias de negócio, o que não é objetivo deste trabalho, podemos com alguns

exemplos ilustrar como o sucesso da empresa, e consequente geração de valor para o

acionista, se desdobra no atendimento aos interesses dos demais Participan~.!l

o A empresa que gera valor necessita ter baixos custos de operação, que a habilitem

a oferecer bens e serviços a preços que satisfaçam às expectativas dos clientes;

o Além do fator preço, a empresa necessita criar novos produtos e serviços que

agreguem utilidade aos clientes, que geram a necessidade de investimentos de capital,

criando oportunidades para que financiadores ofereçam seus recursos para que eles se

viabilizem;

9

Page 16: Geração de Valor para o Acionista:

o A busca de custos ótimos de produção e a inovação implicam no relacionamento

eficaz com fornecedores, estabelecendo relações de negócio que beneficiam as duas

partes;

o A consecução das operações e a geração de lucros resultam no pagamento de

tributos ao governo, habilitando-o a exercer seu papel social;

o A empresa bem sucedida assegura aos funcionários a oportunidade de aplicação de

sua força de trabalho e remuneração justa.

Portanto, todos os participantes tendem a ganhar se a empresa for eficiente e

capaz de gerar valor para seus acionistas.

Para os gestores da empresa a maximização do valor para o acionista tem

consequências específicas no modelo organizacional e no processo de relacionamento

com os acionistas.

Primeiro que ela permite alinhar os interesses dos executivos ( agentes) e dos

acionistas (principal). O conflito agente x principal ocorre à medida em que o principal

não detém suficiente controle sobre as atitudes dos agentes, o que permite a estes

últimos agirem em beneficio próprio. Os planos de remuneração variável atrelados à

performance dos executivos na geração de valor para os acionistas servem de estímulo a

que estes executivos alinhem suas ações gerenciais aos interesses dos acionistas, pois se

o acionista ganha ele também ganha.

Segundo, ao gerar valor para o acionista os gestores diminuem o risco da

empresa sofrer um takeover, que tem como uma consequência rotineira a substituição

dos próprios executivos por outros que possam ser mais eficazes.

Terceiro, o sucesso ou fracasso das organizações em gerar valor para seus

acionistas tem reflexos no mercado de trabalho para os executivos. Profissionais capazes

de atender aos interesses dos acionistas das organizações em que atuam tendem a ser

reconhecidos e visados no mercado por empresas que necessitam de suas habilidades

para conseguirem obter um desempenho superior.

10

Page 17: Geração de Valor para o Acionista:

Maximizar o valor para o acionista tornou-se politicamente correto, afirma

RAPPAPORT(1998). Na verdade não apenas politicamente correto mas, podemos dizer,

necessário para que uma empresa possa distribuir a todos os seus participantes um

quinhão justo do seu empenho em aproveitar o potencial que surge dessa conjunção de

interesses que a empresa é.

11

Page 18: Geração de Valor para o Acionista:

3. VALOR PARA O ACIONISTA

3.10 Conceito de Valor da Empresa

o acionista é essencialmente um investidor, portanto, a satisfação de seus

interesses na empresa deve ser entendida como a resposta de um investimento ao

interesse do capital:

retorno

De forma genérica o retomo de um investimento em um ativo6, do ponto de vista

do investidor, pode ser expresso por:

r= retomo - fluxo de entradas 1fluxo de saída com o investimento

Considerando o investimento como o capital aplicado pelo acionista na empresa,

os valores considerados como entradas são aqueles devolvidos na forma de :

o Recebimento de dividendos num intervalo de tempo após o investimento inicial;

o Valor de venda do ativo após decorrido um intervalo de tempo.

Com base nesses elementos podemos reescrever a expressão de retomo para o

caso específico da empresa da seguinte forma:

r dividendos + valor de vendainvestimento inicial (Vo)

1

6 Vamos utilizar neste trabalho a definição de ativo como algo capaz de gerar fluxos monetários para seuproprietário.

12

Page 19: Geração de Valor para o Acionista:

A partir da fórmula de retomo podemos também obter a expressão que determina

o valor do investimento na empresa em um período:

Vo = Dl + VII+ r

No momento em que se faz o investimento, o investidor tem a expectativa de

obter um retomo específico dada a natureza desse ativo. Portanto, o valor econômico do

ativo não é apenas o valor de face do investimento feito, mas incorpora a soma dos

retornos futuros que o investidor espera obter.

Ao incorporarmos o fator expectativa à formula acima encontramos a expressão

que, segundo, a Moderna Teoria de Investimentos (HAUGEN,1997), determina o valor

da ação de uma empresa em função do retomo mínimo esperado pelo investidor:

Vo = E(D1) + E(V1)

1+ E( r)

onde:

Vo = Valor atual da ação

E(Dt} = Valor do dividendo esperado para o próximo período (ano)

E(V 1) = Valor de mercado esperado para a ação ao final do próximo período

E(r) = Taxa de retomo esperada para a ação

A partir da expressão acima podemos observar que a forma de elevar o valor

econômico da empresa, a um mesmo nível de risco expresso na expectativa de retomo, é

gerar alternativas que possibilitem elevar as devoluções de capital, ou seja, os

dividendos e o valor de mercado da ação.

13

Page 20: Geração de Valor para o Acionista:

Como analisamos anteriormente, os resultados gerados por uma empresa são

fruto de seu sucesso no desempenho de suas atividades. Consequentemente, existe

incerteza quanto a efetiva realização dessas expectativas, associadas ao próprio risco das

operações da empresa. Quanto maior a incerteza maior o retomo ( Ke) que o investidor

requer para correr o risco do investimento.

Sendo o valor da ação num dado momento determinado pela soma do valor

presente dos dividendos no periodo seguinte mais o valor da ação no final desse período,

e que este último será a soma do valor presente dos dividendos no período subsequente

mais o valor da ação ao final desse período e assim sucessivamente, podemos

estabelecer que o valor da ação é obtido pela soma do valor presente do fluxo de

dividendos que serão gerados nos períodos seguintes ao do momento de apuração.

o fluxo de dividendos pode ter um padrão sistemático de crescimento que

possibilita uma simplificação do processo de cálculo do valor da ação. O Modelo de

Gordon, conforme GAPENSKI(1997), permite determinar o valor de uma ação em

função do valor presente dos dividendos futuros esperados, admitindo-se uma taxa de

crescimento constante dos dividendos:

Po=Ke-g

Onde:

Po = Valor de uma ação num determinado momento

D, = Dividendo esperado ao final do período (ano) seguinte

Ke = Taxa de retomo anual requerida para o ativo

g = Taxa de crescimento normal e constante

14

Page 21: Geração de Valor para o Acionista:

Se o crescimento esperado dos dividendos for nulo, então a expressão do Modelo

de Gordon resulta no modelo de perpetuidade do fluxo ( dividendos):

Po=Ke

o ciclo de vida das'empresas não permite que muitas vezes se adote um modelo

de crescimento constante. Por exemplo, o período posterior a um grande investimento

estratégico pode resultar em oscilações na taxa de crescimento dos resultados da

empresa. Consequentemente os fluxos de dividendos são afetados por este

comportamento. Neste caso, GAPENSKI (1997) recomenda que sejam estimados os

fluxos de cada período de comportamento anormal" e a partir de então adotar-se o

modelo de crescimento constante, trazendo todos os resultados a valor presente.

Outra forma de se determinar o valor do ativo é a partir do quadro de fluxos de

caixa que ele gera no futuro. O dividendo é pago em função dos fluxos de caixa que se

tomam disponíveis à decisão do acionista. Sabendo-se o retomo requerido no

investimento, podemos calcular o valor da seguinte forma:

Vo CFl + CF2 + + CFn

( l+Kl)I (1+ K2i (l+Knt00

~

CFt

(1 + Kt)tt=1

A equação acima se constitui num modelo genérico de determinação do valor de

um ativo, qualquer que seja o padrão de tempo e o comportamento dos fluxos de caixa

de cada período.

7 O crescimento anormal pode ser supennormal quando a taxa de crescimento num dado período ésuperíor ao comportamento normal esperado. Pode também ser negativo, caracterizando uma empresa emdeclínio. Para maior detalhe ver GAPENSKI, 1997.

15

Page 22: Geração de Valor para o Acionista:

3.2 Dividendos como Determinantes do Valor da Empresa

Robert HAUGEN(1997) afirma que, a única forma de uma corporação

transferir saúde para os acionistas é através de dividendos. As razões desta afirmação

podem ser resumidas como segue:

Q Primeiro, o dividendo por si só é a representação de fluxo de caixa que se realiza de

fato para o acionista após decorrido um certo prazo de seu investimento.

Q Segundo, o próprio valor corrente de mercado de uma ação pode ser expresso como

uma função do dividendo esperado para o ano seguinte e o valor de mercado da

ação naquele momento, o qual também é uma função da expectativa de dividendos a

serem recebidos no futuro.

As implicações dessa abordagem baseada em dividendos pode ser entendida em

interpretações do processo de decisão do acionista a saber;

Se o dividendo é baixo pode-se chegar a duas conclusões :

Q O acionista está satisfeito com o índice de dividendos que retoma em seu

investimento por esperar que seja compensado com crescimento dos dividendos

futuros, o que se reflete em ganho de capital ( ex. Microsoft);

Q A empresa é incapaz de gerar caixa adequado para pagar dividendos, implicando

inclusive em perdas de capital.

Se o dividendo é muito elevado pode-se chegar à conclusão de que a empresa

não identifica oportunidades de investimentos que gerem retornos atraentes, levando o

acionista a preferir dispor do caixa para outras opções de investimento.

A política de dividendo é, assim, a forma da empresa demonstrar sua capacidade

de produzir crescimento auto sustentado, com a reaplicação do caixa disponível em

ativos operacionais que deverão resultar em projeções de ganhos futuros adicionais

refletidos em novos dividendos, ou a empresa gera excedentes de caixa que oferece ao

acionista por não dispor de alternativas atrativas.

16

Page 23: Geração de Valor para o Acionista:

Graficamente podemos verificar o processo de decisão ao qual o acionista está

sujeito ao avaliar a política de dividendos e novos investimentos na empresa

desenvolvido por MYERS ( 1996) :

Figura 2: Processo de Decisão do Investidor.

INVESTIR. EJ a,N_O_S__ --l<_--lI EMPRESA ,-I_---,> ACIONISTA c=)_ATIVOS

1...- --1

INVESTIREM OUTRAopçÃO

Decisão

Reinvestirnaempresa

Alternativa:Pagardividendos

Decisãoindividual deinvestimento

Fonte: MYERS,1996

o grau de atratividade ao capital do acionista vai ser determinado pela

capacidade da empresa em gerar opções de investimento operacionais que lhe ofereçam

a possibilidade de auferir retornos que excedam aos de outras opções de igual risco que

lhe são acessíveis.

A análise da política de dividendos da empresa implica em se analisar a evolução

de seus negócios para que haja uma correta interpretação das decisões tomadas pelos

acionistas.

17

Page 24: Geração de Valor para o Acionista:

3.3 Valor da Empresa por Fluxo de Caixa

Em muitos casos, principalmente em empresas de capital fechado, ou naquelas

em que prepondera um dono, a decisão de distribuição de dividendos pode ser afetada

por outros fatores que são externos ao raciocínio financeiro. Por exemplo:

o Beneficios fiscais para distribuir ou não dividendos;

o Ganhos de escala em concentrar aplicações financeiras na empresa;

o Confusão entre a personalidade da empresa e do acionista.

Nesses casos, para uma utilização adequada dos instrumentos de determinação de

valor da empresa é necessário aprofundar a abordagem que nos traz a noção da geração

de valor para o acionista.

Segundo COPELAND et al. (1994) o dividendo é extraído da empresa a partir da

geração de fluxos de caixa livres. A visualização desse fluxo pode ser construído da

seguinte forma:

Lucro Operacional Líquido de Impostos (NOPLAT)

(+) Despesas que não geram fluxo de caixa

(-) Investimentos decapital em ativos fixos

(-) Aumentos no capital de giro

= Fluxo Líquido Livre

(-) Custo financeiro e Amortização da Dívida

= Fluxo de Caixa Livre para o acionista

18

Page 25: Geração de Valor para o Acionista:

A partir da projeção dos fluxos de caixa livres e da expectativa de crescimento

futuro é possível determinar o valor das operações da empresa, ou valor da Entidade

conforme denominação dada por COPELAND. Ao deduzirmos o fluxo de caixa da

dívida podemos encontrar o valor para o acionista, do qual se pode visualizar o caixa

disponível para distribuição no período seguinte e a expectativa futura desse fluxo. O

quadro a seguir demonstra a relação entre os fluxos de caixa livres e o valor da empresa

para o acionista:

Figura 3 : Valor da Empresa para o Acionista.

Este modelo preconizado por COPELAND(1994) será mais detalhadamente

analisado ao discutirmos os modelos de avaliação de performance na criação de valor

para o acionista.

19

Page 26: Geração de Valor para o Acionista:

4. CUSTO DE CAPITAL

4.10 Conceito do Custo de Capital

o custo de capital aplicado na empresa é um dos fatores mais importantes que

compõem os modelos destinados a avaliar se a empresa gera valor ou não. Estão

implícitos em sua apuração dois elementos essenciais:

o A remuneração esperada por cada um dos provedores de capital:

o O risco associado ao negócio e à estrutura de capital adotada.

Ao se analisar a sensibilidade de um negócio em termos de valor presente líquido

de seus retornos futuros de caixa em função de diferentes taxas de custo de capital

podemos observar:

Fluxo de Caixa Valor Valor Presente Em To

Nominal Taxa de 10% Taxa de 15%

Período 1 2.000 1.818 1.739

2 2.000 1.653 1.512

3 2.000 1.502 1.315

4 2.000 1.366 1.143

5 2.000 1.242 994

Soma 10.000 7.581 6.703

Pode-se observar que um fluxo de caixa nominal pode trazer resultado a valor

presente bastante diferente em função da taxa de custo de capital. Ao compararmos esses

resultados com o valor de investimento podemos chegar a conclusões distintas.

Na hipótese do investimento original para o caso acima ser de $ 7.000,00 os

retornos acima indicariam que a uma taxa de custo de capital de 10% ao ano ocorreria

20

Page 27: Geração de Valor para o Acionista:

adição de valor, porém, caso o custo fosse de 15% o valor atual do investimento não

retomaria com a remuneração desejada, destruindo valor.

Através desse exemplo podemos ver que uma empresa cria valor para seus

acionistas quando ela gera retornos que excedem o custo de oportunidade do capital, o

que adiciona valor econômico ao capital investido. O retomo isolado de um ativo não se

traduz em valor sem que seja considerado à luz do custo de capital necessário para

realizá-lo.

Outra conclusão que podemos encontrar é que o custo de capital se constitui

assim, numa taxa de corte para decisões de investimento, ou seja, se o investimento gera

uma taxa de retomo acima do custo do capital necessário para realizá-lo ele deve ser

aceito, enquanto que se a taxa de retomo for inferior ele deve ser rejeitado . No exemplo

anterior, o investimento gera uma taxa de retomo inferior a 15% ao ano, portanto, se este

fosse o custo de capital incidente o projeto deveria ser rejeitado.

O custo de capital se constitui numa das ferramentas disponíveis aos gestores

para elevar o valor da empresa que, resumidamente, corresponde a encontrar a

composição de fontes de capital que produzam a menor taxa de custo.

4.2 Fontes de Capital e Composição da Taxa de Custo

As fontes de capital que a empresa pode utilizar são":

a Empréstimos Financeiros ( Bancos, Debêntures e outros títulos financeiros emitidos

pela empresa) ;

a Capital integralizado por acionistas.

8 Há outras fontes de capital, denominadas expontâneas, que são derivadas das práticas comerciaisutilizadas no mercado que a empresa atua. São os fornecedores, os empregados os impostos, cujos custosestão embutidos nas operações, seja utilizando dívida financeira ou não.

21

Page 28: Geração de Valor para o Acionista:

Os provedores de cada uma dessas fontes de capital requerem uma remuneração

que os satisfaça em razão do risco que assumem ao disponibilizarem seus recursos ao

uso da empresa.

A taxa de custo de capital da empresa deve ponderar a participação de cada uma

das fontes na composição do capital e os seus requisitos de retomo:

Custo da Dívida

Custo do Capital

Próprio

Figura 4 : Fontes de Capital e Custos.

x

Custo

Médio

Ponderado

Do Capital

(WACC)

O Weighted Average Cost of Capital - WACC é a taxa adequada para descontar

o fluxo de caixa da firma ao valor presente. Ela é composta pelos custos de capitais de

terceiros e custo de capital próprio ponderados pela suas proporções na composição do

capital empregado nas operações.

Dívida / Capital

Empregado

A taxa de custo de capital deve ser tomada pelo seu valor marginal, ou seja, o

custo que a empresa incorrerá para obter novo capital para financiar as operações futuras

e os novos investimentos, que deverão gerar novos fluxos de caixa a serem

disponibilizados para atender aos compromissos da dívida e do capital .

x

Capital Próprio /

Capital Empregado

A fórmula de cálculo do WACC é:

22

Page 29: Geração de Valor para o Acionista:

DE + Kd x (l-t) xWACC= Ke x(E+D) (E+D)

Onde

Ke = Custo do capital próprio

Kd (l-t) = Custo do capital de terceiros ajuste pelo beneficio fiscal da despesa gerada

E= Capital Próprio

D = Capital de terceiros

A taxa do WACC representa a média ponderada, de acordo com a estrutura alvo

de capital, dos custos das fontes individuais de financiamento. Representa a menor taxa

de retomo que um negócio pode oferecer para obter os recursos de capital para financiar

sua realização.

4.3 Custo do Capital Próprio

O custo do capital próprio corresponde ao custo de oportunidade equivalente ao

retomo total que os investidores poderiam obter se aplicassem seus recursos em

alternativas de risco semelhante.

O modelo CAPM - Capital Asset Pricing Model, desenvolvido por Willian

Sharpe'' a partir do modelo de portfólio de Markowits'", constitui-se na mais importante

ferramenta para analisar a relação custo e retomo de um ativo.

9 Sharpe divulgou o CAPM no artigo "Capital Asset prices: A theory at MarketEquilibrium UnderConditions of Risk" na edição de setembro de 1964 do Journal of Finance.10 A teoria de Portfólio de Markowits pressupõe um modelo de decisão que permite ao investidorclassificar, estimar e controlar a combinação de risco e retomo que expõe seu patrimônio.

23

Page 30: Geração de Valor para o Acionista:

o raciocínio do modelo é de que os investidores são, em princípio, avessos ao

risco. Para exporem seus ativos ao risco eles esperam receber um prêmio que os

recompense. Quanto maior o risco maior o prêmio requerido.

Cada ativo, por sua vez, possui um risco próprio, não sistemático, o que leva os

investidores buscarem formar portfólios compostos de ativos diferentes, minimizando o

risco total de seu patrimônio. A diversificação busca assim, compensar os diversos

riscos específicos dos ativos, que é a fração do risco que está associada às características

da empresa e de seu segmento de atuação.

A diversificação, porém, não elimina todo o risco dos ativos. O risco

remanescente ao processo de diversificação é denominado risco sistemático ou não

diversificável e representa a parcela do risco que está associada a fatores conjunturais

que afetam todo o mercado e, consequentemente, todos os ativos.

O modelo considera a relação entre o preço de um ativo em relação ao

comportamento de preço de um portfólio de investimentos, que no modelo corresponde

ao retomo de mercado. O cálculo do custo do capital próprio, segundo o CAPM é :

Ke = Rf + ( E(Rm) - Rf) x J3

Onde:

Ke = Custo do capital próprio ( retomo esperado)

Rf= Taxa retomo livre de risco

Rm = Retomo de mercado de ações

J3= Beta = fator de sensibilidade dos retornos da empresa em relação aos

movimentos do mercado de ações.

Graficamente o modelo é demonstrado como segue:

24

Page 31: Geração de Valor para o Acionista:

Figura 5 : O Modelo CAPM (relação risco e retorno).

Retomo RequeridoSML

Rm

Rf

1 Risco, Beta

o gráfico demonstra como a expectativa de retomo de um ativo é relacionada

com a taxa de retomo livre de risco e a taxa de retomo do mercado, que se constitui de

um portfólio composto por todas as ações nele negociadas.

o CAPM traz implícito a determinação do Beta, que mede o risco sistemático de

uma companhia, determinado pela tendência de seu retomo subir ou descer com maior

ou menor intensidade (em ambos sentidos), em função do comportamento de mercado.

Beta acima de 1 indica que o retomo do ativo oscila em maior intensidade que o

mercado e um beta menor que 1 indica uma oscilação menos intensa. Beta negativo

indicará uma variação contrária à do mercado.

o cálculo do custo do capital próprio segundo o modelo pode ser exemplificado a

partir das variáveis hipotéticas abaixo:

Retomo Livre de risco = 6% ao ano

Retomo de Mercado = 15% ao ano

Beta do ativo = 0,6

Temos o seguinte resultado:

Ke = 6 + ( 15 - 6) x 0,6 = 11,4 % ao ano

25

Page 32: Geração de Valor para o Acionista:

Este modelo foi desenvolvido com base no norte americano de ações. Para sua

utilização em outros países os principais autores das teorias atuais sobre geração de

valor, como COPELAND e STEWART m, recomendam que se façam alguns ajustes ao

modelo: ".:~:i~(:\~i~~o Risco país : agregar ao custo o spread exigido pelo mercado para investir em títulos ,\<:

do país em função do risco que este representa em relação a outros países;

o Inflação: excluir a taxa de inflação americana do retorno livre de risco e do

mercado e incorporar a inflação do país;

o Beta: calcular o retorno do setor de atuação e apurar-se o beta em relação a este

índice ou utilizar o beta de uma empresa similar nos Estados Unidos da América ou

do correspondente setor de atuação daquele país.

Este ajustes são um processo de simplificação para se preservar a essência do

modelo em outros mercados, ressalvando que não elimina as diferenças estruturais das

economias dos países. O mais recomendável, porém, é que os parâmetros sejam

calculados para o mercado específico.

4.4 Custo do Capital de Terceiros

Uma das formas que a empresa tem para financiar suas decisões de investimentos

é a utilização de dívida financeira.

O capital de terceiros é representado por linhas de crédito bancário, bem como

por títulos de emissão da empresa como as Debêntures e Notas Promissórias . Essas

obrigações têm como característica fundamental o cronograma financeiro para

pagamento dos juros e da amortização do principal da dívida.

Uma das grandes vantagens da utilização de capital de terceiros é o beneficio

fiscal pela dedutibilidade das despesas financeiras no cálculo do imposto de renda.

26

Page 33: Geração de Valor para o Acionista:

o termo Kd x (l-t) representa o custo de capital de terceiros após o efeito do

imposto de renda; onde :

I:l t é o percentual de imposto de renda que incide sobre as operações da empresa, ou

seja, a alíquota pela qual a empresa economiza imposto de renda ao deduzir a

despesa financeira.;

I:l Kd é a taxa de custo que a empresa terá que pagar sobre o capital obtido junto a

terceiros.

Ou seja, o custo efetivo da dívida é menor que a taxa nominal pela qual ela foi

contraída, desde que a empresa gere lucro tributável antes da despesa com os juros ser

apropriada.

A decisão de utilizar capital de terceiros depende, fundamentalmente de :

I:l Taxa de custo requerida pelo fínanciador;

c Necessidade de capital para novos investimentos, não suportado plenamente por

acionistas.

O custo de capital de terceiros está relacionado com o grau de endividamento da

empresa e o risco que esses provedores correm ao disponibilizar seus fundos à mesma.

Da mesma forma que o investidor em ação o financiador exige retorno pelo risco

que expõe seu capital. Quanto maior o risco maior o prêmio requerido pelo financiador.

O risco fundamental do financiador é o risco de crédito. A classificação desse

risco é feita por agências de análise como Standard & Poors's e Moody's Investors

Service e se baseiam, normalmente, na capacidade da empresa gerar fluxos de caixa nas

suas operações suficientes para o pagamento dos juros da dívida e resgate do principal.

Os dois índices mais utilizados para este fim são a "cobertura de juros" e o grau

de "endividamento", que são calculados como segue:

27

Page 34: Geração de Valor para o Acionista:

Cobertura de Juros = Lucro Antes de Juros e Impostos / Despesa de Juros

Endividamento - Dívida Financeira / Capital Próprio

Esses índices subsidiam essas agências na análise de crédito e formação dos

ratings das emissões de títulos das empresas, os quais servem de referência para o

mercado determinar o prêmio que será cobrado acima das taxas de juros de mercado

pelos investidores para cobrir o risco de crédito da empresa.

A taxa de juros cobrada da empresa traz em sua constituição outros elementos

formadores, quais sejam, a taxa de juros reais do mercado, o prêmio pela expectativa de

inflação futura e o prêmio pela manutenção do título até o vencimento, a par das

oscilações da taxa de juros de mercado. Para maior detalhe sobre a formação das taxas

de juros da dívida ver DAMODARAN (1996).

o custo da dívida deve ser considerado como a taxa marginal de juros que a

empresa incorrerá para obter novos recursos junto às fontes de financiamento.

(GAPENSKI,1997). A razão dessa regra é simples e claramente definida por

RAPPAPORT(1998): os resultados futuros da empresa eos investimentos em

perspectiva pela empresa serão financiados por custos novos e não por custos passados

ou sunk costs":

Podemos ainda analisar duas consequências de ser necessária a premissa da

dívida nova:

o custo da dívida atual pode ser inferior à taxa requerida pela dívida nova, o que altera

a taxa ponderada do custo de capital 0NACC), e pode influenciar na decisão sobre a

realização ou não de um novo investimento.

o custo da dívida atual pode não refletir a estrutura alvo de capital que foi planejada,

resultando nas mesmas implicações do item anterior.

11 Sunk cost é termo que define custos incorridos para os quais não há possibilidade de serem recuperados.

28

Page 35: Geração de Valor para o Acionista:

Lembremos ainda que o capital próprio tem seu custo medido pela perspectiva de

retomo futuro que o acionista deseja obter com o seu ativo, o qual pode ser afetado pelo

grau de risco que a empresa passa a representar com o endividamento assumido.

Segundo DAMODARAN(1997), os beneficios e desvantagens do endividamento

para a empresa são :

Quadro 2 : Beneficios e Desvantagens da Dívida.

Benefícios Desvantagens

l. Beneficio fiscal pela dedução das 1. Custo decorrente do risco de default, que

despesas com juros no cálculo do imposto está associado ao risco do negócio e a

de renda. incerteza do recebimento pelo emprestador.

2. Maior disciplina dos gestores em função 2. Custo adicional relativo à incerteza do

dos compromissos financeiros e acessórios finaciador quanto ao grau de priorização

que a dívida requer. dos interesses dos acionistas em prejuízo

das obrigações da dívida.

3. Perda de flexibilidade quanto à

destinação futura dos fluxos de caixa em

-função das obrigações da dívida .

A decisão de utilizar capital de terceiros deve considerar tais fatores numa

relação de custo x beneficio marginal a ser obtido pela empresa.

4.5 A Estrutura Ótima de Capital

A estrutura ótima de capital é aquela que estabelece a proporção de participação

das fontes na formação do capital empregado no negócio que produz a menor taxa de

custo de capital possível para a empresa.

29

Page 36: Geração de Valor para o Acionista:

o Teorema de Miller e Modigliani'f estabelece que o valor da firma não é

afetado pela estrutura de capital adotada. As premissas sobre as quais o teorema foi

construído são:

o Não há efeito tributário com as despesas de juros;

o Não há custo de transação para a colocação dos títulos;

o Não há custo adicional pelo risco de falência ( bankrupt).

DAMODARAN conclui que no ambiente de Miller e Modigliani as vantagens e

desvantagens da dívida desaparecem, sendo irrelevante a estrutura de capital adotada.

No entanto, observa que no mundo real o balanço entre beneficios e desvantagens da

dívida tende a indicar uma estrutura ideal de capital, dado que as premissas de Miller e

Modigliani não estão sempre presentes.

12 O Teorma de Miller e Modigliani foi desenvolvido por Merton Miller e Franco Modigliani e seconstitui num dos mais importantes textos escritos em finanças corporativas. Diversos autores discutem oteorema e sua aplicação, dos quais é interessante ver também MILGRON, 1992 e MYERS, 1996.

30

Page 37: Geração de Valor para o Acionista:

5. MEDIDAS DE DESEMPENHO

5.1 Evolução das Medidas

Uma grande preocupação de investidores, gestores e analistas financeiros sempre

foi encontrar uma medida adequada para avaliar o desempenho da empresa. Desde a

década de 20 diversas maneiras de se calcular o retomo gerado por uma empresa foram

utilizados. Gradativamente foram sendo incorporados conceitos à medida que os

mercados de capitais evoluíram e a informação tomou-se cada vez mais disponível.

o quadro sinóptico abaixo demonstra como evoluíram as medidas de

performance ao longo dos anos:

Quadro 3 : Paradigmas de Desempenho.

A partir de 1920 A partir de 1970 A partir de 1980 A partir de 1990

MODELO DUPONT EPS - LUCRO POR MARKETIBOOK ECONOMIC VALUEAÇÃO ADED-EVA

RETURN ON PRlCEIEQUlTY RETURN ON EQUlTY - MARKET VALUE ADED

INVESTMENT MULTIPLES ROE -MVA

LUCRO RESIDUAL RETURN ON NET ASSET EBITDA-RONA

DISCOUNTED CASH TOTAL SHAREHOLDERFLOW RETURN ( TSR)

CASH FLOW RETURNON INVESTlMENT -

, CFROI

Fonte: Perspectives on Business Innovation

Como discutimos anteriormente, o custo de capital é um dos eleme~tos;?J',

fundamentais na definição de valor de uma empresa e, consequentemente, influencia à~~;Slr'M'._.I.~ '<,.

análise de geração de valor. .: '\.. '

'.: -,:.~' ..A partir do momento em que passamos a considerar o custo de capital cohfÇk\:'{

• ~,.. •• <

necessário para avaliar a real geração de valor para o acionista, as medidas de .

desempenho podem ser classificadas conforme a seguinte ordem :

31

Page 38: Geração de Valor para o Acionista:

Quadro 4 : Medidas de Desempenho e Custo de Capital.

Consideram o Custo de Capital Não consideram o custo de capital

ECONOMIC VALUE ADED - EVA MODELO DUPONT

MARQUET VALUE ADED - MVA RETURN ON INVESTMENT

TOTAL SHAREHODER RETURN ( TSR) EPS - LUCRO POR AÇÃO

CASH FLOW RETURN ON INVESTIMENT - CFROI13 PRICEIEQUITY MUL TIPLES

DISCOUNTED CASH FLOW MARKETIBOOK

RESIDUAL INCOME RETURN ON EQUITY - ROE

RETURN ON NET ASSET - RONA

EBITDA

Mais do que simplesmente considerar o custo de capital, as medidas maisI

recentes trazem uma dimensão diferente na análise do valor do negócio.

Figura 6 : Enfoque das Medidas de Desempenho.

FUTUROPASSADO

hojetempo

FOCO DE MEDIDASBASEADAS EM DADOSCONTÁBEIS

FOCO DE MEDIDASCOM ÊNFASEECONÔMICA

13 A medida CFROI não utiliza o custo de capital em seu cálculo, mas é expressa em uma taxacomparável.

32

Page 39: Geração de Valor para o Acionista:

As medidas tradicionais se baseiam em dados contábeis passados para que os

investidores nelas se apoiem para criar a expectativa de desempenho futuro. O valor da

empresa é estabelecido através de índices e múltiplos de lucros, sendo que em alguns

casos esses lucros sofrem ajustes para se aproximarem do conceito de caixa.

As principais restrições que podemos observar quanto ao uso das medidas

contábeis são debatidas por RAPPAPORT (1998) e também foram analisadas de forma

exaustiva por Marion SCHEEL(1997). Em síntese, essas restrições são:

[J Os princípios contábeis permitem a utilização de critérios alternativos na avaliação

de ativos e passivos, que podem gerar resultados distintos. Como exemplo o LIFO

(Last In First Out) em opção ao FIFO ( First In First Out) na avaliação de estoques

pode causar acréscimos nos custos dos produtos, principalmente em negócios cujos

insumos oscilam de preços (Ex: insumos agrícolas);

[J Essas medidas não consideram a necessidade de realização de novos investimentos

de capital que se destinem a manter a empresa competitiva em seus mercados. A

depreciação contábil tem a finalidade de reservar fundos para que os ativos sejam

renovados, todavia, o grau de antiguidade dos ativos e o valor da carga de

depreciação podem não refletir a necessidade de capital para o reinvestimento, bem

como para sustentar o crescimento dos negócios;

[J O valor do lucro não reflete, necessariamente, o real nível de atividade da empresa,

suas perspectivas futuras e os riscos aos quais o capital está exposto para sua

geração;

[J As medidas contábeis não consideram o valor do dinheiro no tempo. O raciocínio é

que um dólar hoje vale mais que um dólar amanhã, pois o dinheiro pode ser

aplicado em ativos que geram retornos (RAPPAPORT,1998).

Outra grande questão que surge em relação a medidas baseadas em dados

passados é se imaginar que o passado deve se reproduzir no futuro. A dinâmica de

atualização dos ambientes competitivos das empresas não permite que sejam utilizadas

tais projeções com relativo grau de conforto.

33

Page 40: Geração de Valor para o Acionista:

Mesmo com tais restrições as medidas tradicionais de desempenho ainda são

bastante utilizadas pelos analistas do mercado de capitais, o que é facilmente notado em

publicações de grandes bancos e consultores de investimentos como Goldman Sachs e

Donaldson, Lufkin & Jenrette.

Já discutimos anteriormente as razões que levam o acionista, em seu papel de

investidor, preocupar-se com os resultados futuros da empresa. Essas razões estão

associadas ao fato de que:

o o investidor espera adicionar valor ao seu investimento atual em função da

expectativa de ganhos futuros ;

o ganhos futuros podem compensar perdas passadas, justificando a manutenção do

investimento;

o perdas futuras podem destruir ganhos ocorridos, exigindo reavaliações do

investimento.

Medidas mais recentes de desempenho de empresas vêm sendo modeladas com a

consideração da expectativa futura que o investidor tem em relação ao seu investimento,

incluindo em seu cálculo o cômputo do custo de capital ou que, ao menos, resultam em

taxas que com ele possam ser comparadas.

Essas medidas buscam, assim, gerar respostas que satisfaçam o acionista em sua

necessidade de analisar o retomo de seu investimento.

Paralelamente, essas medidas também têm sido utilizadas pelos gestores das

empresas como sinopse de um conjunto de medidas derivadas, que visam medir a

aderência das ações gerenciais tomadas pela empresa ao seu objetivo primário, que é

gerar valor para o acionista.. ;

34

Page 41: Geração de Valor para o Acionista:

5.2 Lucro Residual

o fundamento do Lucro Residual é o de se obter o resultado da empresa

deduzindo-se uma despesa extra ao lucro contábil, correspondente aos juros calculados a

taxas correntes sobre o capital investido.

Esse conceito foi introduzido por Allfred MARSHALL em 1890, que considerou

necessário computar-se o custo de oportunidade do capital para se avaliar a verdadeira

criação de valor por uma companhia.

Para MARSHALL, os juros de mercado seriam representativos da remuneração

mínima que a empresa pagaria se o acionista decidisse obter um empréstimo para fazer o

investimento na empresa.

Analogamente, a comparação que se faz é que o acionista poderia obter como

retomo sobre seu capital os juros pagos pelo mercado financeiro caso ele não tivesse

investido na empresa, simplesmente emprestando seus recursos a terceiros. Assim, o

investimento em títulos financeiros constitui uma alternativa para o acionista caso ele

não vislumbre a oportunidade de ganho adicional com a empresa.

Portanto, a alternativa dos juros é o custo de oportunidade que o acionista tem

para aplicar seus capitais. Ao optar pela empresa ele espera obter uma remuneração que

compense o risco adicional a que se expõe por empreender. Na ausência de outra

alternativa, podemos admitir que o retomo mínimo tolerável pelo acionista será o juro de

mercado.

o Lucro Residual foi o primeiro conceito desenvolvido de forma a se mensurar

ganhos econômicos gerados pela empresas a seus acionistas. No entanto, ela não

possibilita que o desempenho seja comparado com o de outras empresas ou opções de

investimento que submetam o acionista a risco semelhante .

Posteriormente, com os avanços do mercado de capitais e dos recursos de análise

e cálculo, outras medidas foram desenvolvidas a partir desse fundamento básico.

35

Page 42: Geração de Valor para o Acionista:

5.3 Lucro Econômico

o modelo de Lucro Econômico introduz no cálculo da geração de valor o

conceito do risco do negócio através do cômputo do custo de capital pelo WACC.

A fórmula básica de cálculo do lucro econômico é :

Lucro Econômico = Capital Investido x ( ROIC - WACC)

Onde:

Capital Investido: Representa o montante de capital investido nas operações do negócio.

É composto pela soma do capital de giro, do ativo permanente e de

outros ativos circulantes e de longo prazo, subtraídos das dívidas não

financeiras.

ROIC: É a taxa de retomo obtida pela divisão do NOPLAT sobre o capital

Investido. O NOPLAT é a terminologia de Net Operating Profits

Less Adjusted Taxes, e representa os lucros operacionais da empresa

ajustados pela taxa de imposto de renda incidente em base de caixa.

WACC: É o custo ponderado do capital investido na empresa, conforme

detalhado no capítulo 4.

O modelo de Lucro Econômico pressupõe que o valor presente de uma

companhia é igual ao valor do capital investido mais um prêmio equivalente ao valor

presente dos lucros econômicos futuros.

Segundo COPELAND et alo(1994), a lógica desse raciocínio é que se a empresa

ganha exatamente seu Custo de Capital todo ano, então o Valor Presente Líquido de

seus fluxos de caixa projetados, descontados ao custo de capital, vão ser exatamente

iguais ao capital investido.

.,'i"

36

Page 43: Geração de Valor para o Acionista:

Num modelo hipotético para um investimento podemos verificar esta

coincidência:

Premissas de hipótese: - Investimento no momento inicial $1.000

Taxa de desconto ( WACC) 10% ao ano

Venda do ativo pelo valor nominal ao final do período

Não há depreciação

O lucro é imediatamente convertido em caixa

Dados de Resultado:

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Receita 1.000 1.100 1.200 1.300 1.400

Custos e Impostos 750 770 840 910 980

Lucro Operacional 250 330 360 390 420

Capital investido no 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000início do período

O Fluxo de caixa sería:

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Fluxo Operacional 250 330 360 390 420

Venda dos Ativos O O O O 1.000

Fluxo de caixa 250 330 360 390 1.420

Valor Presente em lo 227,3 272,7 270,5 266,4 881,7

VPL total em To 1.918,6

37

Page 44: Geração de Valor para o Acionista:

Ao calcularmos o valor da empresa pela soma do capital investido com a soma

dos lucros econômicos futuros a valor presente:

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 AnoS

Lucro Operacional 250 330 360 390 420

(-) Custo de Capital 100 100 100 100 100

Lucro Econômico 150 230 260 290 320

Valor Presente do LE 136,4 190,0 195,3 198,1 198,8

VPL total dos LE em To 918,6

Capital Investido em To 1.000,0

Valor do Negócio em To 1.918,6

O Lucro Econômico é uma medida que pode ser apurada anualmente, permitindo

medir o desempenho da empresa na criação de valor durante esse intervalo de tempo.

Daí a grande utilização desta métrica como fator de desdobramento de estratégias

de negócio, que geralmente são de longo prazo, com metas de desempenho de curto

prazo. O Balanced Scored Card'" é uma ferramenta que vem sendo utilizada para

desdobrar as metas planejadas para os direcionadores de valor para os níveis mais

operacionais das organizações.

A interpretação dos resultados obtidos em cada período deve ser feita à luz das

estimativas de resultados de longo prazo da empresa. Análises isoladas de curto prazo

podem causar erros de interpretação.

14 O Balanced Score Card se traduz num processo de determinação de indicadores de desempenhooperacionais a partir de estratégias corporativas de negócio. Para maior detalhe ver KAPLAN, 1996.

38

Page 45: Geração de Valor para o Acionista:

5.4 Economic Value Aded - EVA®

o conceito de Lucro Econômico foi aprofundado por Joel STERN e Bennett

STEWART m ao desenvolveram o termo EVA - Economic Value Aded, patenteado

pela firma de consultoria empresarial Stern Stewart & Company, da qual ambos são

sócios.

Através do livro The Quest for Value, Joel STERN e Bennett STEWART 111

descrevem o conceito EVA, como calculá-lo e quais as suas aplicações práticas. Trata-se

de uma variação da forma de cálculo do Lucro Econômico, cuja definição dada pelos

autores é:

"EVA é o Lucro Residual obtido após a subtração do custo de todo o capital que

foi empregado para produzir o lucro operacional".

o cálculo dessa medida pode ser obtido de duas formas alternativas:

EVA = (r- c) x Capital

Ou

EVA = NOPAT - c x Capital

Onde:

NOPAT = mesmo conceito descrito na medida Lucro Econômico como NOPLAT, qual

seja o lucro operacional antes dos juros e impostos deduzidos do índice de

imposto a que a empresa está sujeita;

c = Taxa do custo de capital (W ACC );

Capital = é o capital empregado representado pela soma do ativo permanente com o

ativo circulante menos o passivo circulante, somando-se ao resultado os

equivalentes patrimoniais.

39

Page 46: Geração de Valor para o Acionista:

Os termos da fórmula de cálculo do EV A são semelhantes aos utilizados no

cálculo do Lucro Econômico, com a inclusão do conceito dos equivalentes patrimoniais

para cálculo do capital empregado. Segundo STEWART IH ( 1994), os equivalentes

patrimoniais são ajustes necessários em função de despesas reconhecidas contabilmente

em provisões e reservas que reduzem ao valor dos ativos. Os principais equivalentes

patrimoniais e sua forma de ajuste são:

Soma-se:

D A provisão para perdas com devedores duvidosos ao Contas a Receber de Clientes;

D A amortização do ágio pago na compra de ativos ao valor do ativo correspondente;

D A despesa com amortização de despesa com Pesquisa e Desenvolvimento ao ativo

permanente ;

D valor da baixa contábil de ativos ( Write-off') ao ativo correspondente.

O objetivo desses ajustes é obter o valor efetivamente investido pela empresa em

ativos, que quando foram realizados consumiram caixa que seria disponível aos

acionistas equivalendo, portanto, a um reinvestimento de dividendos que poderiam ter

sido distribuídos.

Segundo STEW ART III (1994), a firma de consultoria Stem Stewart identificou

164 problemas no processo de cálculo do EVA, que demandam ajustes nos

demonstrativos contábeis para uma apuração adequada, em virtude de terem origem na

forma e critérios de aplicação dos princípios contábeis. Os principais ajustes propostos

referem-se a :

D Avaliação de estoques (LIFO x FIFO);

D Sazonalidade;

D Depreciação;

40

Page 47: Geração de Valor para o Acionista:

o Critérios de reconhecimento de receitas;

o Baixa contábil de ativos;

o Capitalização e amortização de despesas com Pesquisa e Desenvolvimento;

o Despesas com processos de reestruturação;

o Amortização de ágio pago na aquisição de ativos;

o Avaliação de contingências e formação de reservas;

o Alocação de despesas de administração geral (over head) entre negócios:

o Ajustes de inflação sobre os saldos contábeis.

Ainda conforme STEWART Ill, nem todos os ajustes são necessários e

aplicáveis em todos os casos. Na prática, entre 5 e 10 ajustes são feitos. Marion

SCHEEL(1997) fez uma análise de 11 dos principais ajustes recomendados por

STEWART m, que inclui os acima indicados, descrevendo sua natureza e implicações.

Num enfoque bastante prático, STEWART IH (1994) estabeleceu as questões

básicas que devem ser respondidas para se aplicar ajustes aos dados contábeis:

o Ocorrerá um impacto material na apuração do EVA?;

o Os gestores podem influenciar a apuração do resultado interferindo no parâmetro do

ajuste?

o O pessoal operacional pode facilmente entender o ajuste?

o A informação necessária é relativamente fácil de ser obtida?

t .As principais restrições verificadas por Marion SCHEEL( 1997) ao estudar o

modelo EVA, e que se aplicam ao modelo de Lucro Econômico, foram:

41 1

Page 48: Geração de Valor para o Acionista:

o Pode-se aumentar o EV A reduzindo-se o capital empregado. Isto pode ser prejudicial

se a empresa necessitar de recursos para obter vantagens competitivas que a

habilitem gerar resultados consistentes e duradouros no tempo;

o Pode haver distorção de cálculo em função da idade dos ativos da empresa, já que o

cálculo é feito a partir do capital empregado apurado pelos registros contábeis. A

inflação pode distorcer os valores representativos dos ativos, causando a impressão

de que se está gerando valor, mas a base de cálculo do custo de capital é subavaliada;

o Como observamos em relação ao Lucro Econômico, o cálculo do EVA também pode

ser afetado por ocasião da realização de investimentos de montante relevante, cujo

retomo se dá a médio e longo prazos.

A par de tais restrições, o EVA é uma medida que busca avaliar a geração de

valor para o acionista num determinado período, contrapondo ao lucro contábil a carga

de custo econômico pelo capital que foi utilizado para gerá-lo.

Um grande atributo do EV A é que ele integra a eficiência operacional em obter

lucro com o gerenciamento dos ativos numa única medida que pode ser entendida pelo

pessoal operacional da empresa.

Por consequência, o EVA é uma medida que pode ser desdobrada em indicadores

derivados das alavancas de valor da empresa, a exemplo do Lucro Econômico, servindo

para o uso gerencial.

5.5 Market Value Aded - MVA®

Por definição o MV A - Market Value Aded, ou Valor de Mercado Adicionado, é

a diferença entre o valor total da empresa e o montante de capital que os acionistas nela

investiram.

42

Page 49: Geração de Valor para o Acionista:

A fórmula básica é :

MVA= Valor total da empresa - Capital total Investido

Onde:

Valor Total da Empresa = Valor total da empresa a preço de mercado, ou seja, aquele

que representa o montante de caixa que o acionista poderia

obter se vendesse suas ações no momento;

Valor Total Investido = Montante de caixa que os investidores aplicaram na

empresa durante a sua existência, inclusive os lucros que

ficaram retidos no negócio.

Ilustrativamente, o conceito pode ser demonstrado como segue:

Figura 7 - Relação l\1tVA e Capital Investido.

---------MVA

Valor de--------.----- -----_.--

Capital Mercado

Investido

Trata-se de um conceito também desenvolvido por ·STEWART m (1991) no

livro The Quest for Value, e que se relaciona diretamente com o conceito EVA. ~

Como vimos anteriormente, o EVA representa o lucro econômico gerado pela

empresa num determinado período. Vimos, também, que o valor econômico da empre.sa ••

num dado momento pode ser expresso pela soma do capital investido com o valor

43

Page 50: Geração de Valor para o Acionista:

presente dos lucros econômicos futuros. Portanto, o MV A representa a soma dos EV As

futuros a valor presente.

Deve-se ressaltar, porém, que o MV A é uma medida de mercado. Portanto,

conforme ALCÂNT ARA(1997), o MVA pode ser visto como o valor que o mercado

coloca nofluxo de EVAs anuaisfuturos.

o MV A se resume numa medida que mostra o quanto a empresa tem sido

eficiente na alocação e gerenciamento dos recursos de forma a maximizar os retornos

futuros percebidos pelo mercado, resultando ganhos econômicos para seus acionistas.

A observação isolada da medida, no entanto, não reflete necessariamente a

criação de valor como fiuto de um processo de gestão, pois não oferece a noção do

intervalo de tempo em que esse valor foi criado. Ou seja, o MV A pode ser positivo mas

a empresa pode estar destruindo valor num determinado período. É necessário verificar,

portanto, o comportamento evolutivo desta medida.

Uma restrição ao MV A é que ele expressa um resultado em valor absoluto, o

que dificulta comparar negócios de diferentes tamanhos de capital investido.

Outra questão que pode influenciar o cálculo do MV A são as distorções que

podem afetar a apuração do capital investido como a inflação, alterações reais de preços

dos ativos e oscilações do custo de oportunidade ao longo do tempo.

5.6 DISCOUNTED CASH FLOW

o método do Discounted Cash Flow oferece como resultado final a estimativa de

valor da empresa num determinado momento, obtido em função da expectativa de

geração futura de caixa do capital investido nas operações.

o processo de cálculo deste método pressupõe a previsão de fluxos livres de

caixa para um determinado período, a estimativa de valor de continuidade ao final desse

44

Page 51: Geração de Valor para o Acionista:

período e traz ambos ao presente, descontados ao custo médio ponderado de capital (

WACC).

o valor das operações da empresa é resultante de :

Valor presente dos fluxos=L estimados de caixa para o +

período projetado

Valor presente do fluxode caixa estimado paraapós o período projetado

Valor

o fluxo de caixa livre para um determinado período pode ser calculado a partir

de parâmetros usualmente adotados na apuração de resultados de uma empresa. O

cálculo, de acordo com COPELAND et aI., 1994 é o seguinte:

Lucro antes dos juros e do imposto de renda

(-) Imposto de renda sobre o LAJIR

(=) Lucro líquido operacional após o imposto de renda

(+) Despesa de depreciação

(=) Fluxo de caixa bruto

(-) Variação no capital de giro

Investimento de Capital

Variação em outros ativos

(=) Fluxo de Caixa Livre

45

Page 52: Geração de Valor para o Acionista:

Os cálculos de valor presente de cada fluxo do período de projeção são feitos

com base na fórmula básica de desconto:

Valor = Ct

(l+rY

onde

C, = Fluxo de caixa do momento t

r = taxa de desconto

O período de projeção de fluxos de caixa deve ser tal que compreenda todo o

ciclo dos negócios, localizando o final da série num momento de geração média de

caixa. Assim, o período de projeção captura a geração normal de caixa de todo um ciclo

que o negócio tem, bem como permite que o valor da continuidade possa refletir a

repetição desses ciclos de atividade.

O valor de continuidade das operações após o período de projeção é resultado da

fórmula abaixo, cuja resultante deve ser trazida a valor presente:

Valor de continuidade =(WACC-g)

onde

Ct+1 = Fluxo de caixa do momento do primeiro período após o intervalo de previsão

WACC = Taxa de desconto = custo de capital

g = Crescimento esperado ( constante) nos fluxos de caixa após o intervalo de previsão

46

Page 53: Geração de Valor para o Acionista:

o Fluxo de caixa livre não é afetado pela estrutura de capital da empresa. Ele

reflete a geração operacional de caixa da empresa, que se torna disponível para atender

as obrigações com os provedores de capital, sejam eles os financiadores sejam os

acionistas.

Este modelo permite, aSSIm, que se avalie o valor de carxa gerado pelas

operações, bem como sua distribuição aos provedores de capital

Para se determinar o valor da empresa para os acionistas deve-se então subtrair

do valor da empresa a dívida pelo valor presente. Note-se que o custo da dívida já é

cobrado das operações através da sua parcela incluída na taxa de WACC.

o valor para os acionistas será assim:

Valor presente do fluxo operacional no período projetado

(+) Valor presente do valor de continuidade após a projeção

(=) Valor presente da empresa

(-) Valor presente da divida

(=) Valor presente para os acionistas

Elevar o valor para o 'acionista é elevar o valor da empresa, que neste caso é

verificado pelo spread positivo entre o valor presente da empresa para o acionista e o

valor do investimento feito.

De forma ilustrativa podemos visualizar a resultante do modelo de fluxo de caixa

livre e as relações com o valor investido para se determinar a geração de valor:

47

Page 54: Geração de Valor para o Acionista:

DFigura 8 : Criação de Valor - DCF.

r---- ..---,,D Retomo<W ACC

~-------r------~-------- Retomo>WACC,fo- _

,,,,

VPLdo VPLdo Valor Dívida Valor Investiperíodo Valor Total da para0 mentode de Operação acionistaprojeção Continu

idade

Este quadro demonstra claramente que a empresa que gera valor presente em

suas operações acima do WACC adiciona valor para o acionista.

Esta ferramenta é de grande utilidade para a análise de valor da empresa em um

determinado momento em função de realizações de operações como:

[J Realização de novos investimentos de capital;

[J Transações de compra e venda de ações;

[J Ganhos em Fusões e Incorporações.

A criação de valor se expressa pela comparação do valor da empresa em dois

momentos. No entanto, o desempenho ocorrido no intervalo entre os dois momentos não

fica claramente destacado, estando implícito no valor de cada momento ao se somar o

saldo de disponibilidades se não houver distribuição de caixa ou aumentos de capital.

48

Page 55: Geração de Valor para o Acionista:

5.7Cash Flow Return 00 Investiment - CFROI

o CFROI é uma medida similar à taxa interna de retomo, ajustada à inflação, que

busca a taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos futuros de caixa de uma

empresa, ou unidade de negócios, ao investimento inicial.

Para um investimento isolado o cálculo do CFROI se faz da seguinte forma:

1. Estimam-se as entradas e saídas de caixa ao longo do ciclo de vida esperado do

investimento;

2. Ajustam-se os fluxos de caixa em termos de medidas de poder de compra constantes;

3. Calcula-se a taxa interna de retomo desses fluxos que, por ser ajustada pela inflação,

representa a taxa real de retomo do projeto.

Como a empresa é uma combinação de diversos projetos isolados, com exceção

de casos específicos como as SPCs ( empresas de um único empreendimento), é

necessário um tratamento distinto no processo de cálculo. Conforme ALCÂNTARA

(1997) o processo de cálculo segue os seguintes passos:

1. Estima-se a vida útil dos ativos - isto permite estabelecer o horizonte de tempo de

vida médio dos ativos da empresa, principalmente os ativos permanentes. Esse

cálculo se faz dividindo-se o valor líquido dos ativos permanentes pela despesa de

depreciação do ano.

2. Calcula-se o fluxo de caixa das operações a preços correntes para cada ano de vida

dos ativos;

3. Calcula-se o total de ativos brutos a preços correntes para se obter o montante de

capital investido na empresa. Esse cálculo resulta, via de regra, da soma do capital

circulante líquido e dos ativos permanentes.

4. Encontra-se a taxa de retomo, o CFROl

49

Page 56: Geração de Valor para o Acionista:

o CFROI é uma taxa de retomo. Da mesma forma que outras taxas de retomo,

sua análise isolada sem uma referência de comparação não permite que se obtenha

conclusões consistentes. Alta taxa de CFROI não é bom nem ruim, pois esta conclusão

depende do custo de capital incidente sobre o investimento para obtê-la.

Se comparamos dois investimentos que tenham os seguintes parâmetros

hipotéticos de comparação podemos ver o equívoco de uma limitação de uma análise de

desempenho baseada apenas no CFROI.

Quadro 5: Comparativo CFRI x Custo de Capital.

Negócio CFROI Custo de Capital

A 20% 25%

B 12% 8%

Pode-se verificar claramente que o negócio A possui uma taxa de CFROI maior

que a de B, porém esta taxa não é suficiente para cobrir o custo de capital incidente. Já o

negócio B demonstra um retomo superior ao seu custo de capital, tomando-se mais

atrativo que o negócio A, apesar da taxa de CFROI de B ser bastante inferior à de A.

Como vimos anteriormente, as firmas criam valor investindo o capital dos

acionistas e obtendo um excedente positivo entre o retomo sobre o capital e o custo

daquele capital. Logo, taxas de CFROI que excedam o custo de capital demonstram que

os negócios futuros adicionam valor ao patrimônio dos acionistas através do spread entre

essas taxas.

Ao se comparar a taxa com a taxa de custo de capital, verifica-se a expectativa de

adição de valor ao capital empregado. Desta forma, é necessário que se utilize a taxa de

custo de capital como referência para análises de desempenho.

50

Page 57: Geração de Valor para o Acionista:

Conforme observa ALCÂNTARA(1997), o estudo de MADDEN conclui que o

CFROI é uma maneira superior para se medir o desempenho em relação a medidas

baseadas em dados contábeis uma vez que busca estimar os ganhos futuros em termos de

caixa e a moeda corrente, evitando distorções provocadas por critérios contábeis e

inflação.

Um grande atributo do CFROI é que ele se traduz numa taxa que é comparável

ao longo do tempo entre empresas com ativos compostos internamente de forma

distinta. Também possibilita a comparação de operações que utilizam tamanhos

diferentes de capital.

Por ser uma taxa que mede o retorno de ativos ela pode ser utilizada para

comparar a performance de negócios desenvolvidos em regiões distintas, inclusive em

diferentes partes do mundo.

Outro aspecto favorável é que o CFROI gera uma medida que é expurgada dos

efeitos de inflação, traduzindo uma taxa de retorno real dos negócios.

Uma restrição à essa medida é que o tempo de vida útil dos bens a partir de dados

contábeis está sujeito a distorções entre a real durabilidade dos ativos e os critérios

contábeis para registro da despesa de depreciação.

Esta taxa também considera o retorno da empresa pelo esgotamento de seus

ativos, não levando em conta as necessidades de reaplições de capital.

Por se assemelhar à taxa interna de retorno o CFROI está sujeito à mesma

restrição daquela, qual seja, ela pressupõe que os fluxos de caixa gerados são

reinvestidos à mesma taxa de retorno que o CFROI, o que não reflete, necessariamente,

a realidade das alternativas de investimentos disponíveis ao acionista .

51

Page 58: Geração de Valor para o Acionista:

5.8 Total Shareholder Return - TSR e Total Business Return - TBR

o Total Shareholder Retum - TSR - ou Retomo Total do Acionista - é uma

medida expressa na forma de taxa constituída de dois elementos:

o Índice de dividendos pagos num período em relação ao valor econômico inicial

o Variação entre o valor econômico do ativo entre o início e o final do período.

A fórmula de cálculo que pode ser aplicada para sua apuração é a seguinte:

+TSR -

Onde:

D, = Dividendo pago no período 1

Vo = Valor Econômico no início do período 1

VI = Valor Econômico ao final do período 1

Os parâmetros básicos de cálculo são facilmente definidos a partir de dados

disponíveis para empresas que têm suas ações negociadas em bolsas de valores, onde o

valor econômico da empresa é representado pelo seu preço de negociação nos pregões e

os dividendos são declarados publicamente.

Esta medida traz como essência a medição da evolução do valor econômico de

um ativo no transcorrer do tempo somada ao valor que se converteu em caixa para o

acionista através da distribuição de dividendos.

A conjugação desses dois elementos permite ao acionista interpretar o quanto seu

investimento evolui além do montante de dividendos distribuídos , através do preço que

52

Page 59: Geração de Valor para o Acionista:

o mercado põe na perspectiva de dividendos futuros que ele deve gerar. Da mesma

forma, não restringe a sua análise à simples comparação entre as cotações de seu

investimento em momentos distintos,· pois resgata na medida o retorno ocorrido na

forma de dividendos.

Exemplificando o cálculo do TSR temos:

TSR no período 1 = ?

Dados:

Dividendo pago em TI = $ 150

Valor Econômico do Ativo ao final de To = $ 2.000

Valor Econômico do Ativo ao final de To = $ 2.070

Aplicando-se a fórmula enunciada temos:

TSR no período = 150 + 2.070 - 2.000 = 11%

2.000 2.000

Neste exemplo vemos que o retorno ao acionista se constituiu de um dividendo

de 7,5 % sobre o valor econômico inicial eque, sobre este ainda houve uma valorização

de 3,5 % que se realizaria também em caixa para o acionista caso ele vendesse seu ativo

ao final do período.

Um fator fundamental a se considerar é que o TSR tem como foco fornecer uma

medida de análise utilizando critérios de apuração que se adequam ao ponto de vista do

investidor.

Diferentemente de outras medidas onde se compara o valor econômico do

negócio com o capital investido apurado a partir de dados contábeis, sejam ajustados ou

não, o TSR toma por base a evolução do valor econômico agregado ao patrimônio do

acionista.

53

Page 60: Geração de Valor para o Acionista:

o TSR tem como principais atributos :

o Indica claramente a criação de valor do ponto de vista do acionista;

o Pode ser medido em relação a empresas similares ou em relação ao mercado,

independentemente do fator tamanho do negócio;

o Não está sujeito aos efeitos de critérios de contabilização pois é tomado com base no

movimento de caixa do fluxo de dividendos;

o É uma medida cujo resultado é dificil de ser manipulado, pOIS está calcada na

avaliação de mercado do negócio.

A Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio

Vargas e a firma de consultoria The Boston Consulting Group firmaram uma associação

que tem por objetivo divulgar, implantar e disseminar os conceitos de criação de valor

para o acionista.

Como fruto dessa associação foi concebido o ranking GVA 50®, que envolve a

classificação das cinquenta empresas brasileiras mais negociadas em bolsa quanto a sua

capacidade de geração de valor para o acionista, classificadas em ordem decrescente de

suas respectivas taxas de retomo total ao acionista (TSR).

Para uma aplicação mais ampla do TSR, que dificilmente se aplicaria a empresas

não negociadas em Bolsa, foi desenvolvido o Total Business Retum - TBR - ou Retomo

Total do Negócio, que se baseia na estimativa dos fluxos de caixa livres como

determinantes do valor econômico do negócio ou empresa. Como vimos no capítulo 3 o

valor da empresa pode ser determinado pela projeção de seus fluxos de caixa futuros.

Segundo RAPP APORT ( 1998) a abordagem de valor para o acionista consiste

em se estimar o valor econômico de um investimento descontando a previsão dos fluxos

de caixa futuros pelo custo de capital. Este processo é consistente com a definição

prévia de valor da empresa que analisamos no capítulo 3 e que permite estabelecer a

correlação entre o TSR e o TBR em relação ao valor do ativo:

54

Page 61: Geração de Valor para o Acionista:

Figura 9 : Correlação TSR e TBR.

TSR TBR

Preço Real

Final

Valor Estimado

Da ação

Final

I Dividendos

Valor Estimado

Da ação

Inicial

I Fluxo de Caixa

Preço Real

Início

Fonte: Adaptado de BCG-FGV

Estudos empíricos realizados pelo BCG nos Estados Unidos indicou uma

correlação de 40% entre o TBR calculado e o TSR de' mercado para um período de um

ano de sua amostra de empresas, que se elevou para 57 % quando considerados três anos

de intervalo, que foi considerada bastante alta quando comparada com outras medidas.

Uma forma de se calcular o valor para o acionista segundo RAPP APORT (1998),

pode ser determinado obtendo-se o valor total da empresa ou unidade de negócio, o

corporate value, e deduzir a Dívida. A expressão por ele definida é :

Valor para o Acionista = Corporate Value - Dívida

Para se estimar o Corporate Value é necessário a definição de dois elementos

básicos:

o Valor presente do fluxo de caixa das operações durante o período de projeção;

o Valor residual, ou valor de continuidade que, como vimos anteriormente representa a

parcela do valor presente do negócio atribuível ao período posterior ao intervalo de

projeção.

55

Page 62: Geração de Valor para o Acionista:

Este cálculo é consistente com o modelo de cálculo proposto por COPELAND et

aI (1994) ao definir o valor de uma companhia pela projeção de seus fluxos de caixa

livres.

Para obter o Shareholder Value Aded - SVA RAPP APORT recomenda ainda

que se some no cálculo do Corporate Value os excedentes de caixa aplicados no

mercado financeiro, que não são essenciais para a operação do negócio. Esse tipo de

investimento e as receitas correspondentes não são consideradas nas projeções dos

fluxos operacionais, mas eles efetivamente têm valor e, portanto, devem ser somados ao

se apurar o valor para o acionista da empresa.

Se não houver distribuição de dividendos ou outras movimentações de capital, o

caixa gerado no período deverá estar incluído no saldo de disponibilidades fazendo com

que a medida SVA seja correspondente ao TBR. Havendo movimentações de capital (

dividendos ou aportes) esses deverão ser ajustados ao saldo para uma adequada apuração

do retomo propiciado ao acionista. A restrição a esta inclusão é que a receita financeira

pode gerar taxa diferente do retomo do negócio, afetando o resultado obtido.

A medida TBR tem como atributo adicional a facilidade de ser interpretada pela

organização, pois seu elemento fundamental é a geração de caixa realizada e estimada. A

geração de caixa é uma medida que pode ser desmembrada em seus diversos elementos

formadores e, consequentemente, permitira visualização da contribuição de cada um no

processo de gerenciamento voltado a criar valor para o acionista.

Críticas ao TSR e ao TBR têm sido relacionadas com a determinação do valor da

empresa no início e no final do período de medição:

Para o TSR é utilizada a cotação das ações no mercado, a qual pode estar afetada

por movimentos especulativos que ocorrem nos pregões da Bolsa de Valores. Neste caso

a restrição seria válida também para o MV A.

o TBR é calculado a partir das projeções de fluxo de caixa da empresa, o qual

pode ser afetado por ação dos gestores, dada a assimetria de informações entre estes e os

acionistas.

56

Page 63: Geração de Valor para o Acionista:

6. COMPARAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS DE GERAÇÃO DE

VALOR

6.1 Comparação das medidas

As diversas medidas de desempenho analisadas no capítulo 5 trazem como

resultante números absolutos ou relativos que procuram expressar o quanto a empresa

foi capaz de adicionar valor para seus acionistas.

Cada medida estabelece um parâmetro de apuração que pode ser baseado num

enfoque da gestão da empresa ou da análise do ponto de vista do acionista.

Uma das principais finalidades das medidas de desempenho, na verdade não deve

ser a de apenas apontar números, mas sim de permitir que se estabeleça um elo de

ligação entre a estrutura da empresa e o processo de criação de valor para o acionista.

Escolher uma medida como ideal depende do quanto o seu entendimento deverá

permear pela empresa e qual a satisfação com que o acionista irá utilizá-la como

instrumento de avaliação de seu ativo.

A análise comparativa que faremos a seguir não visa estabelecer, assim, uma

regra de escolha da medida ideal. Trata-se de, como estabelecido no objetivo deste

estudo, identificar uma medida que melhor expresse a criação de valor para o acionista

para ser comparada com a medida utilizada para os casos selecionados como referência

de dados deste estudo.

A medida básica para comparação, que é utilizada nos casos a serem analisados,

é o Lucro Econômico conforme definido por COPELAND et al.(1994).

Para efeito de comparação entre as medidas vamos nos valer de um quadro

resumo dos principais atributos de cada medida, os quais foram explicitados quando se

fez a respectiva análise.

57

Page 64: Geração de Valor para o Acionista:

A definição dos atributos segue os seguintes critérios de julgamento formulados

como questões que qualificam a medida com a resposta sim:

Comparável - a medida permite a comparação entre negócios de diferentes ramos,

tamanhos e regiões?

Risco - é levado em consideração o risco inerente ao negócio para efeito de cálculo da

medida?

Sofre distorções contábeis - a medida pode ser afetada por diferentes formas de se

aplicar os critérios contábeis ou pelas próprias normas de registro das transações?

Longo Prazo - a medida traz a visão de longo prazo do negócio?

Curto Prazo - a medida incorpora o desempenho ocorrido no curto prazo?

Valor Econômico - leva em consideração o valor econômico do negócio para aferir a

criação de valor?

Essencialmente essas questões foram formuladas levando-se em conta o ponto de

vista do acionista, que é o foco central deste trabalho. Outras questões poderiam ser

formuladas mas essas são as mais relacionadas com as questões que consideramos

básicas ao acionista ao avaliar um negócio, já citadas anteriormente, quais sejam:

o Quanto vale o investimento no momento atual?

o Qual o retomo gerado com esse investimento?. -:> .~.~';'~'i

.~,Í'~k,,~·,o Esse retomo compensa o risco a que o capital foi exposto num determinado período? ·':W~*f~~.\

{~l~"'~~o Qual a perspectiva de retomo futuro que o investimento deve gerar? .;'tt.,{::;: ....~,~...~~;~~*':{~~

O quadro a seguir indica o resultado que podemos extrair das análises contidas' ..•"'::~<;~no capítulo 5 para responder as questões. A estrutura do quadro foi baseada em modelo. .

;~':+\""-•

utilizado por RAPPAPORT (1998) : .3":f

58

Page 65: Geração de Valor para o Acionista:

Quadro 6 : Comparação de Atributos de Medidas de Desempenho.

Questão Lucro Lucro EVA MVA CFROI Discounted TSR

Residual Econômico Casb F10w TBR

Comparável Não Não Não Não Sim Não Sim

Risco Não Sim Sim Sim -Não Sim Sim

Livre Distorção Contábil Não Não Não Não Não Sim Sim

Longo Prazo Não Não Não Sim Não Sim Sim

Curto Prazo Sim Sim Sim Não Sim Não Sim

Valor Econômico Não Não Não Sim Não Sim Sim

Com base no quadro de análise acima vemos que a medida TBR ou TSR atende a

todas as questões formuladas, mostrando-se superior às demais quando se leva em conta

o enfoque do acionista.

Comparável - por ser expressa por uma taxa é possível comparar o retomo da empresa

com a de outros ativos, independente do tamanho, natureza, setor ou região;

Risco - o risco está imputado través da taxa de desconto pela qual se apuram os valores

econômicos no início e final do período;

Livre de distorção Contábil - O TBR é computado com base na geração de caixa

ocorrida e futura, independente do tratamento contábil dado aos ativos;

Longo Prazo - os valores econômicos da empresas trazem em sua apuraçãô4,ka

perspectiva dos resultados futuros, em termos de caixa, decorrentes da atuação futura; "f1;,

Curto Prazo - a medida incorpora o desempenho efetivamente ocorrido no curto prazo,

que se traduz no caixa gerado que fica à disposição do acionista para novos

investimentos ou distribuição de dividendos;

Valor Econômico - mede-se a evolução do valor econômico da empresa e não os valores

de registro contábeis dos ativos.

59

Page 66: Geração de Valor para o Acionista:

6.2 Considerações Gerais sobre os Casos de Análise

Vamos proceder a uma análise de três casos de empresas para as quais é utilizada

a medida Lucro Econômico, tal como definida por COPELAND (1994), para avaliação

de desempenho na criação de valor. Vamos 'comparar os resultados obtidos para o ano de

1998 com essa medida com os obtidos ao se calcular o TBR do período.

Os nomes das empresas não estão sendo declarados neste estudo, uma vez que a

medida TBR implica na consideração do valor econômico das empresas, o que tem

implicações de ordem estratégica.

Neste sentido, todos valores indicados também serão multiplicados por um fator

distinto em cada caso, de forma que os valores realizados não permitam identificar as

empresas.

Vale ressaltar que o propósito desta análise é o de avaliar as interpretações que

podem ser obtidas com a utilização de cada uma das medidas e não saber se a empresa

A, B ou C é mais eficiente na geração de valor para o acionista.

As premissas gerais que se aplicam a todos três casos são:

Q Os resultados estão expressos a moeda de poder aquisitivo constante, em R$ mil ;

o As empresas não utilizam dívida financeira;

Q Valor da empresa ao final de 1997 e 1998 calculado com base no valor presente dos

fluxos de caixa projetados para um período de 10 anos subsequentes, somado ao

valor presente da expectativa de valor de continuidade;

Q Não ocorreram movimentações de capital que afetassem a posição patrimonial das

empresas como distribuição de dividendos ou aumento de capital.

Q Caixa não necessário às operações está excluído do valor do capital empregado,

assim como do valor do negócio nos períodos de comparação.

60

. -"! .~.

Page 67: Geração de Valor para o Acionista:

6.3 Empresa A

Contexto operacional:

A empresa A efetuou um grande investimento estratégico no ano de 1997, o qual se

destinou a propiciar ganhos de eficiência e flexibilidade comercial para acompanhar as

tendências de seu segmento de mercado.

Os resultados desse investimento deverão concretizar -se a médio prazo quando poderão

ser consolidados os ganhos de processo operacional com novas oportunidades

comerciais que foram vislumbradas por ocasião do investimento.

O ano de 1998 se constitui assim, no primeiro período após o investimento, fase em que

ocorrem inclusive perdas pela necessidade de ajustes de processo tanto para a melhoria

de eficiência como para oferecer novas opções comerciais.

Parâmetros para Cálculo para a Empresa A:

Custo de Capital: 12,5% Calculado considerando apenas o Ke, como segue:

Rf= 4,5%;

Rm - Rf = 5,5%;

J3 = 0,63

Risco país = 4,5 %

Ke = 4,5 + (5,5 x 0,63) + 4,5

Capital Investido ao final de 1998: R$ 35.975

Valor Calculado para o negócio ao final de 1997 (vide premissas gerais) R$ 38.333

Valor Calculado para o negócio ao final de 1998 (vide premissas gerais) R$ 40.500·.i

Na perpetuidade foi considerado crescimento dos fluxos em 1,2% ao ano

61

Page 68: Geração de Valor para o Acionista:

Resultado da Empresa A em 1998 - R$ mil

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

Descrição Valor

Receita Bruta 38.835

(-) Custos e Deduções 27.480

Margem Bruta 11.355

(-) Despesas Operacionais 5.586

Lucro Bruto 5.769

(-) Imposto de Renda 1.817

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.952

Resultado Financeiro Líquido de I Renda 42

Lucro Líquido do Exercício 3.994

APURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA LIVRE

Descrição Valor

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.952

+ Depreciação 843

(-) Investimentos em Ativo Permanente 1.412

(-) Aumento do Capital de Giro e Outros 73

Fluxo de Caixa Livre das Operações 3.310

62

Page 69: Geração de Valor para o Acionista:

DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO ECONÔMICO

Descrição Valor

Capital Empregado ao final de 1998 35.975

X Custo de Capital s e Deduções 12,5%

Valor do Custo de Capital 4.496

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.952

Lucro (Prejuízo) Econômico (544)

DEMONSTRAÇÃO DE CÁLCULO DO TBR

Descrição Valor

Fluxo de Caixa do Período 3.310

Valor do Negócio ao final de 1997 38.333

Taxa Equivalente a Dividendos 8,63%

Valor do Negócio ao final de 1998 40.500

Valor do Negócio ao final de 1997 38.333

Variação de Valor 98/97 2.167

Ganho de Capital sobre 1997 5,65%

TBR total da Empresa 14,28%

63

~ •••• ti· --

Page 70: Geração de Valor para o Acionista:

6.4 Empresa B

Contexto operacional:

A empresa B atua num segmento de mercado que atravessa um período de

transformações do cenário competitivo. A abertura comercial atraiu empresas

estrangeiras para o setor, que se instalaram no país dispostas a conquistar participação

com práticas comerciais bastante agressivas. Apesar de ainda conseguir boas margens de

lucro, dado a posição consolidada de seus produtos, a competição forçou a adoção de

novas práticas comerciais também pela empresa B, que implicaram num significativo

empate de recursos no capital de giro.

A longo prazo se espera a recuperação do capital empatado em 1998, mas o mercado

mais competitivo deve afetar as margens de lucro, reduzindo a taxa de remuneração de

capital que vinha sendo historicamente obtida.

o ano de 1998 contrasta um resultado com margem de lucro bastante atrativa, mas com

comprometimento adicional de caixa

Parâmetros para Cálculo:

Custo de Capital: 11,4% Calculado considerando apenas o Ke, como segue:

Rf=4,5%;

Rm-Rf= 5,5%;

J3 = 0,43

Risco país = 4,5 %

Ke = 4,5 + (5,5 x 0,43) + 4,5

Valor Calculado para o negócio ao final de 1997 (vide premissas gerais) R$ 92.600

Capital Investido ao final de 1998: R$ 70.188

Valor Calculado para o negócio ao final de 1998 (vide premissas gerais) R$ ,101.550

Na perpetuidade não foi considerado crescimento dos fluxos.

64

Page 71: Geração de Valor para o Acionista:

Resultado da Empresa B em 1998 - R$ mil

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

Descrição Valor

Receita Bruta 127.631

(-) Custos e Deduções 105.868

Margem Bruta 2l.763

(-) Despesas Operacionais 9.323

Lucro Bruto 12.440

(-) Imposto de Renda 4.020

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 8.420

Resultado Financeiro Líquido de I. Renda 538

Lucro Líquido do Exercício 8.958

APURAÇÃO DO FLUXO DE GAIXA LIVRE

Descrição Valor

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 8.420

+ Depreciação 3.758

(-) Investimentos em Ativo Permanente 4.750

(-) Aumento do Capital de Giro e Outros 12.288

Fluxo de Caixa Livre das Operações (4.860)

65

Page 72: Geração de Valor para o Acionista:

DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO ECONÔMICO

Descrição Valor

Capital Empregado ao final de 1998 70.188

X Custo de Capital s e Deduções 11,4%

Valor do Custo de Capital 8.001

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 8.420

Lucro (Prejuízo) Econômico 419

DEMONSTRAÇÃO DE cÁLCl)LO DO TBR

Fluxo de Caixa do Período (4.860)

Valor do Negócio ao final de 1997 92.600

Taxa Equivalente a Dividendos (5,25)%

Valor do Negócio ao final de 1998 10l.550

Valor do Negócio ao final de 1997 92.600

Variação de Valor 98/97 8.950

Ganho de Capital sobre 1997 9,66%

TBR total da Empresa B 4,41%

66

Page 73: Geração de Valor para o Acionista:

6.5 Empresa C

Contexto operacional:

A empresa C atua num segmento de mercado amadurecido em que as empresas de

melhor desempenho são as que conseguem adicionar serviços a seus clientes, assim

como manter suas unidades produtivas atualizadas. O mercado é de produtos essenciais,

que no entanto sofrem pressões sazonais nos preços dos insumos, o que afeta a

expectativa de risco do negócio.

Os investimentos se destinam basicamente a manter o parque produtivo atualizado e não

há expectativa de grandes avanços tecnológicos que possam estabelecer uma vantagem

competitiva relevante para algum participante do mercado.

O ano de 1998 se caracterizou por grande estabilidade nas regras de mercado, com os

preços de venda e os custos operacionais mantendo-se equilibrados ao longo do ano, o

que permitiu assegurar uma margem operacional atrativa.

Parâmetros para Cálculo:

Custo de Capital : 13,0% Calculado considerando apenas o Ke, como segue:

Rf=4,5%~

Rm-Rf= 5,5%~

13=0,73

Risco país = 4,5 %

Ke = 4,5 + (5,5 x 0,73) + 4,5

Capital Investido ao final de 1998: R$ 28.356

Valor Calculado para o negócio ao final de 1997 (vide premissas gerais) R$ 35.560

Valor Calculado para o negócio ao final de 1998 (vide premissas gerais) R$ 36.450

Na perpetuidade não foi considerado crescimento dos fluxos.

67

Page 74: Geração de Valor para o Acionista:

Resultado da Empresa C em 1998 - R$ mil

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

Descrição Valor

Receita Bruta 47.600

(-) Custos e Deduções 37.838

Margem Bruta 9.762

(-) Despesas Operacionais 4.505

Lucro Bruto 5.257

(-) Imposto de Renda 1.655

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.602

Resultado Financeiro Líquido de I. Renda 410

Lucro Líquido do Exercício 4.012

APURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA LIVRE

Descrição Valor

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.602

+ Depreciação 2.380

(-) Investimentos em Ativo Permanente 2.420

(-) Aumento do Capital de Giro e .outros (205)

Fluxo de Caixa Livre das Operações 3.767

68

Page 75: Geração de Valor para o Acionista:

DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO ECONÔMICO

Descrição Valor

Capital Empregado ao final de 1998 28.356

X Custo de Capital s e Deduções 13,0%

Valor do Custo de Capital 3.686

Lucro Operacional Após o Imposto de Renda 3.602

Lucro (Prejuízo) Econômico (84)

DEMONSTRAÇÃO DE CÁLCULO DO TBR

Fluxo de Caixa do Período 3.767

Valor do Negócio ao final de 1997 35.560

Taxa Equivalente a Dividendos 10,60%

Valor do Negócio ao final de 1998 36.450

Valor do Negócio ao final de 1997 35.560

Variação de Valor 98/97 890

Ganho de Capital sobre 1997 2.51%

TBR total da Empresa C 13,1%

69

Page 76: Geração de Valor para o Acionista:

6.6 Análise Comparativa dos Casos

o quadro abaixo sintetiza comparativamente os resultados obtidos com as duas

medidas para cada uma das empresas.

Quadro 7 : Comparativo Lucro Econômico x TBR.

Empresa Lucro Econômico $ TBR% Custo de Capital %

A (544) 14,28% 12,5%

B 419 4,41% 11,4%

C (84) 13,10% 13,0%

Como se pode notar as duas medidas apresentam resultados discrepantes,

principalmente em relação às empresas A e B, que apresentam contexto operacional de

comportamento mais variável.

A empresa A apresenta Prejuízo Econômico no período o que é inerente a fase de

amadurecimento do investimento recentemente feito. No entanto, a evolução de

resultados esperada para os próximos anos deve recuperar esse resultado negativo,

propiciando ganho econômico ao acionista. Essa perspectiva é capturada pelo TBR que

resulta superior ao custo de capital do negócio

A empresa B obteve Lucro Econômico no período. No entanto, esse resultado

não se refletiu no caixa, que por deterioração do cenário competitivo exigiu maiores

recursos aplicados no capital de giro, cuja recuperação deve ocorrer a longo prazo e sem

a perspectiva de ser suficientemente remunerado. O TBR da empresa B captura essa

perda de valor no negócio (há crescimento do valor econômico da empresa entre 1997 e

1998, porém menor que os recursos aplicados no capital de giro), indicando a destruição

de valor ocorrida no período.

70

Page 77: Geração de Valor para o Acionista:

o enfoque de curto prazo do Lucro Econômico penaliza a Empresa A, cuja

expectativa de retornos futuros é superior ao resultado imediato. Para a empresa B o

resultado é inverso, ou seja, há forte expectativa de destruição de valor em função de

comprometimento adicional de caixa no capital de giro, enquanto o Lucro Econômico

demonstra desempenho superior.

Já em relação ao caso da empresa C a discrepância entre a mediadas é mínima,

podendo até ser desprezada, pois ao analisarmos tanto o pequeno montante do prejuízo

econômico como a proximidade do TBR ao Custo de Capital, podemos dizer que a

empresa C vem trazendo para seus acionistas o retomo desejado expresso através da

taxa de custo de capital. Nesta condição as medidas são semelhantes.

Podemos concluir que o TBR traduz com mais fidelidade o retomo que o

acionista está obtendo com seus investimentos nessas empresas, revelando-se uma

medida superior ao Lucro Econômico ao incorporar a percepção da expectativa do

retomo a ser obtido no futuro com os negócios, seja influenciando favoravelmente ou

não o resultado.

71

Page 78: Geração de Valor para o Acionista:

7. CONCLUSÃO

o interesse do acionista com seu investimento numa empresa é, basicamente,

obter uma remuneração sobre seu capital que o recompense pelo risco que ele assume

com essa decisão.

Criar valor para o acionista significa propiciar a ele uma remuneração acima da

mínima requerida para o negócio, adicionando valor econômico ao seu patrimônio.

A gestão baseada na criação de valor para o acionista ganhou ênfase nas

estratégias corporativas a partir da década de oitenta, principalmente pela pressão dos

próprios acionistas, que sentiram seus interesses não sendo suficientemente atendidos.

A necessidade de se estabelecer uma forma de gerir a empresa com foco no

acionista suscitou o aparecimento de modelos destinados a alinhar as estratégias de

negócio a esse objetivo.

De forma geral, esses modelos foram construídos sobre uma mesma base

conceitual, o CAPM - Capital Asset Pricing Model, desenvolvido na década de sessenta.

No entanto, primeiros conceitos associados à necessidade de se reconhecer a

remuneração desejada pelo acionista data do final do século passado.

Esses modelos trouxeram implícitas formas de medição do desempenho

propondo-se a um mesmo fim: oferecer uma correta demonstração do quanto a gestão da

empresa foi eficaz e quanto valor ela agregou ao patrimônio do acionista. A medida que

ganhou mais popularidade foi o EVA, patenteado pela firma Stem Stewart & Co.

Vimos que medir o desempenho é uma questão fundamental para se validar as

estratégias de gestão de uma empresa e orientar as decisões do acionista em relação ao

destino de seu capital.

Surge então a questão sobre qual a medida que melhor expressa o desempenho da f'empresa na criação de valor para seus acionistas, quando analisada sob o enfoque do

acionista.

72

Page 79: Geração de Valor para o Acionista:

Neste sentido, procedemos a uma análise sobre os atributos das principais

medidas de desempenho que se propõem a suportar os modelos de gestão com foco na

criação de valor.

Neste estudo constatamos que o TBR traduz com mais fidelidade o retomo que o

acionista está obtendo com seus investimentos. Em comparação com a medida Lucro

Econômico, ela se mostrou superior ao incorporar a perspectiva dos retornos que se

espera obter no futuro com os negócios, independentemente do resultado que se aufere

no curto prazo.

Confrontando seus atributos com outras medidas também concluímos pela

superioridade do TSR/TBR, ainda que em base teórica.

Um fator relevante que denota a superioridade do TBR é a consideração da

evolução do valor econômico da empresa, quando outras medidas tomam por base o

valor de aquisição dos ativos.

A adoção de uma medida de desempenho deve no entanto, considerar os

objetivos que se pretende atingir com sua implantação. Como dissemos inicialmente, a

gestão baseada em valor é um processo de gestão. A escolha da medida deverá estar

inserida no contexto do que se deseja medirno processo. Ao se dar ênfase ao ponto de

vista do acionista concluímos pela superioridade do TSR/TBR.

73

Page 80: Geração de Valor para o Acionista:

BIBLIOGRAFIA

ALCÂNT ARA, José C. G. A Experiência de Empresas Brasileiras com a Implantação

do Sistema de Shareholder Value Based Management - Um Estudo Clínico. São

Paulo: EAESPIFGV, 1997. 167p. ( Tese, Doutorado, Administração Contábil e

Financeira).

AMPUERO, Marcos, GORANSON, Jesse, SCOTT, Jason. Solving the Measurement

Puzzle : How EVA and the Balanced Score Card fit toghether. Perspectives on

Business Inovation, Cambridge, v.2, p 45-52,1999.

BONQUIST, John A, MIlBOURN, Todd T., THAKOR, Anjan V. How do You Win

the Capital Alocation Game?, Sloan Management Review, volume 39, número 2,

1998, p. 59-71. , Artigo reproduzido com o título "A decisão de Investimento",

HSM Management, volume 12, janeiro fevereiro 1999.

BRIGHAM, Eugene F. e Louis. C. GAPENSKI. Financial Management - Theory and

Practice. Orlando: The Dryden Press, 1997.

CHADA, B. Utilities - Show Me The Money!.SBC Warburg Dillon Read - Utilities,

United Kingdom, Suiss Bank Corporation, outubro, 1997.

COPELAND, Thomas, KOLLER, Tim, MURRIN, Jack. Valuation: Measuring and

Managing the Value of Companies. 2 ed.. New York :McKinsey & Co., John

Wiley & Sons, 1994., ~r\r"'ii··

____ o Why Value Value?, The Mckinsey Quarterly, Number 4, pp 97 -109, 1994.'v .....

D' AMBROSIO, Daniela. EVA determina remuneração de executivos. Gazeta Mercantil,

15 junho 1999. p. C-5.

DAMODARAN, Aswath. Corporate Finance Theory and Practice. New York: John .\~J~:Wiley & Sons.Inc., 1997. Cap 5 a 9, 15,17,19 e 22.

74

Page 81: Geração de Valor para o Acionista:

____ . Investiment VaIuation : TooI and techniques for determining the value of

anyasset. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1996.

HAUGEN, Robert A . Modem Investment Theory. 4a ed .. New Jersey : Prentice - Hall,

Inc., 1997. cap 1 alI.

KAPLAN, Robert S., e NORTON, David P. The BaIanced Score Card: tranlating

strategy into action. Boston: Harvard Business School Press, 1996. cap. 1,3,5,9,10.

KOLLER, Timothy M., DOBBS, Richard F. C. The Flaws in TRS - The Mckinsey

Quarter1y, Number 3, pp 32 - 43, 1998 .

. LUCA, Léa. Empresas deram prejuízo ao acionista em 98. Gazeta Mercantil, São Paulo,

09 junho 1999. p. C 4.

MARSHAL, Alfred. Principals of Economics. New York: MacMillan & Company,

1890. Vol. 2. cap 4.

MILGRON, Paul, ROBERTS, John. Economics, Organiz~tion and Management, New

Jesrsey: Prentice Hall, 1992. cap 2, 14 e 15.

MYERS, Stewart. C., BREALEY , Robert. A . Principals of Corporate Finance, 5a ed.,

New York: McGraw-Hill, 1996. capo 2 a 16.

O"BYRNE, Stephen F. EVA and Market VaIue. Joumal of Applied Corporate Finance,

vol. 9, no. 1 , verão 1996.

o Desafio da Geração de Valor para o Acionista. Gerenciamento de Valor para o

Acionista. The Boston Consulting Group e Escola de Administração de Empresas

de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, V. 1, 1998.

PINDYCK, Robert S., RUBINFELD, Daniel L. Microeconomics. 4a ed. New Jersey:

Prentice Hall, 1997. cap 1,3,5,15 e 17.

RAPPAPORT, Alfred. Creating Shareholder VaIue : A Guide for Managers and

Investors. 2a ed .. New York: The Free Press, 1998.

75

Page 82: Geração de Valor para o Acionista:

SCHEEL, Marion. Medidas de Desempenho Tradicionais e EVA: uma descrição da

evolução das principais medidas de desempenho tradicionais até o surgimento do

EVA, suas implicações práticas e limitações. São Paulo: EAESPIFGV,1997. 69p. (

Dissertação, Mestrado, Administração de Empresas- Opção MBA).

STEW ART m, George B. The Quest for Value . New York: Harper Business, Harper

Collins Publishers, 1991.

_____ . "EVA: Fact and Fantasy". Journal of Applied Corporate Finance,v.7, n.

2, verão, 1994.

_____ . EVA Is Not Just Another Metric. EVA Latin America, Volume 1, No 1,

dezembro, 1998.

STICKNEY, Clyde P., WEIL, Roman L. Financiai Accounting: An Introduction to

Concepts,Methods and Uses, 98 Ed., Orlando, The Dryden Press, 1997.

TULLY, Shawn. "The Real Key to Creating Wealth". Fortune, 20 setembro, 1993.

76