GERADOR DE ALTA TENSÃO CAPAZ DE PRODUZIR EFEITO CORONA

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS RELATÓRIO TÉCNICO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO Aluno: Jhonatan Machado Caldeira Curso Técnico Em Eletrotécnica Professor Orientador: Listz Simões de Araújo Curvelo - MG

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Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Técnico em Eletrotécnica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais.Orientador: Listz Simões de AraújoCo-orientador: Ailton Lopes Souza

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAISRELATÓRIO TÉCNICO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Aluno: Jhonatan Machado Caldeira

Curso Técnico Em Eletrotécnica

Professor Orientador: Listz Simões de Araújo

Curvelo - MG

12/2015

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JHONATAN MACHADO CALDEIRA

GERADOR DE ALTA TENSÃO CAPAZ DE PRODUZIR EFEITO CORONA

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como parte das atividades para

obtenção do título de Técnico em

Eletrotécnica do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais.

Orientador: Listz Simões de Araújo

Co-orientador: Ailton Lopes Souza

CEFET-MG – Unidade Curvelo

Rua Santa Rita, 900 – Santa Rita, Curvelo – MG

Jhonatan Machado Caldeira Listz Simões de Araújo

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APROVAÇÃO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

JHONATAN MACHADO CALDEIRA

Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos

Supervisor de Estágio

Jhonatan Machado Caldeira

Estagiário(a)

CEFET-MG

Curvelo - MG

12/2015

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DADOS GERAIS

Dados do Estagiário

Aluno: Jhonatan Machado Caldeira

Rua: -------------------------

Bairro: -----------------

Cidade: -------------

CEP: ----------------

Tel: (38) ----------------

E-mail: [email protected]

Dados da Empresa

Empresa: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Supervisor: Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos

Endereço: Rua Santa Rita, 900

Bairro: Santa Rita

Cidade: Curvelo

CEP: 35790-000

Tel: (38) 3729-3900

Área na empresa onde foi realizado o estágio:

Setor(es): Lab. De Eletrônica e Controladores Lógicos Programáveis

Data de início: 20/05/2015

Data de término: 20/12/2015

Total de horas realizadas: 480h

Supervisor(a) da Empresa:

Nome: Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos

Função: Subcoordenador de Curso de Eletrotécnica

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por todo apoio que foi me dado para ir atrás do

que sempre quis, em especial a meu pai, por todo conhecimento e técnica que

me foi compartilhado.

Aos professores Listz Simões de Araújo e Ailton Lopes Souza pelo

incentivo desde a origem e concepção dos primeiros passos deste trabalho,

pelo apoio e pelas palavras de otimismo, além da dedicação e profissionalismo.

Aos funcionários da CEMIG, cujo incentivo e instruções foram

importantes, especialmente por permitirem o acompanhamento de manutenção

em linha viva com o fim de instruir-me sobre o trabalho envolvendo alta tensão

e seus riscos, e a todos que contribuíram de alguma forma para a realização

deste trabalho.

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RESUMO

O sistema elétrico de potência é composto por ramos de linhas de transmissão

de alta tensão e subestações de energia que estão sob a influência contínua de

altíssimos níveis de campo elétrico em regime permanente. Quando tal campo

elétrico é maior que a rigidez dielétrica do ar, descargas elétricas parciais se

iniciam gerando um efeito luminoso ao redor dos componentes submetidos ao

campo elétrico. A literatura reporta tal fenômeno como efeito corona. O

presente trabalho aborda a construção de um gerador de alta tensão portátil a

partir de um circuito ressonante que é capaz de fornecer elevados campos

elétricos em sua saída, atingindo tensões em torno de 30 kV. Objetiva-se

apresentar o comportamento visual do efeito corona em eletrodos e construir

um sistema de medição que seja capaz de fornecer a forma de onda da tensão

de saída do gerador. Em função de se trabalhar com circuitos de altas tensões,

um sistema de segurança foi projetado e construído para evitar acidentes. Uma

montagem física do sistema foi construída e descargas elétricas poderão ser

visualizadas durante a apresentação.

Palavras-chave: Fonte de alta tensão, descargas elétricas, efeito corona.

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SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES

A - Ampères

R - Resistência

L - Indutância

C - Capacitância

kV - kiloVolt

q - Carga (C)

RA - Ruído Audível

RI - Rádio interferência (dBµV/m)

t - Temperatura (ºC)

AC - Tensão Alternada

DC - Tensão Continua

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................9

1.1 DEFINIÇÕES.........................................................................................91.2 EFEITO CORONA...................................................................................9

1.1.1 Tipos de corona..........................................................................101.1.2 Problemas relacionados.............................................................10

2 OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DO TRABALHO........................................12

2.1 GERADOR DE ALTA TENSÃO.................................................................122.1.1 A ressonância.............................................................................12

2.2 DESCARGAS DE CORONA......................................................................142.3 DESCARGAS ELÉTRICAS.........................................................................15

3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO...................................................17

3.1 O GERADOR......................................................................................173.2 OPERAÇÃO, ZVS E LIMITES..................................................................173.3 MONTAGEM......................................................................................19

4 RESULTADOS...................................................................................22

5 CONCLUSÕES..................................................................................24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................25

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Definições

O uso do termo Alta Tensão é comum no âmbito da engenharia elétrica,

este termo é comumente utilizado para identificar as considerações de

segurança nos sistemas elétricos de potência, desde a geração à utilização da

energia elétrica, baseando-se no valor da tensão elétrica.

Apesar de existirem diferentes faixas de tensão que são utilizadas para

definir a alta tensão, esta, normalmente, é caracterizada por ser um valor que

leva a conter risco considerável para o surgimento de arcos elétricos no ar.

Para se definir melhor o termo podem ser considerados dois fatores, a

possibilidade de centelhamento no ar, arcos elétricos, e o perigo de choque

elétrico por contato ou proximidade, podendo abranger tanto a tensão entre

dois condutores como um condutor qualquer e a terra.

1.2 Efeito Corona

Figura 1 – Efeito corona sobre cadeia de isoladores de 500kV

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ACorona_discharge_1.JPG (2013)

Na eletricidade, o efeito corona é uma descarga elétrica resultante da

ionização de um fluido, normalmente o ar, nas redondezas de um condutor, a

qual ocorre quando o gradiente elétrico, ou seja, a diferença de cargas elétricas

(q) excede certo valor, porém, as condições ainda permanecem insuficientes

para que ocorra um arco elétrico.

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1.1.1 Tipos de corona

Existem dois tipos de Coronas, as positivas e as negativas, conforme a

polaridade nos eletrodos. A física das coronas positivas e negativas são

completamente distintas, assimetria resultante da diferença de massa entre os

elétrons e íons carregados positivamente. A produção de ozônio ao redor de

condutores é um dos resultados de uma descarga de corona, as coronas

negativas geram mais ozônio que as positivam.

Figura 2 – Produção de ozônio durante corona

Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/37457/000822126.pdf (2011)

1.1.2 Problemas relacionados

Um dos principais problemas causados pela descarga de corona é o

surgimento de ruído audível (RA) e de rádio interferência (RI) principalmente

nas proximidades de linhas de transmissão. Além disso, corona na eletricidade

representa perda e desperdício de energia, sua ação nas partículas da

atmosfera, associada à produção de ozônio e NOx, podem ser prejudiciais à

saúde humana em locais de proximidade entre as linhas de transmissão e

regiões habitadas. Por isto, os equipamentos de transmissão de energia já são

projetados de forma a minimizar a formação destas descargas, como visto na

figura 3, existem diversos modelos de anéis projetados para evitar a ocorrência

do corona nas linhas de transmissão.

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Figura 3 - Anéis anti-corona fabricados pela MacLean Power Systems®

Fonte: https://www.macleanpower.com/products/item.asp?ITEM_ID=2481 (2015)

Este efeito é muito interessante visualmente, o efeito corona torna-se

mais intenso na durante períodos de chuva, em que ao chover as gotas de

água nos condutores provocam uma concentração do campo eléctrico, o que

acaba por consequência elevando o nível de perdas e interferência. Outro fator

que propicia a ocorrência desse efeito são as condições físicas e estruturais da

superfície do condutor, por exemplo, se este for arranhado, sujo ou sofre algum

processo de deterioração que faça com que sua superfície se torne mais

rugosa pode facilitar a ocorrência do efeito. Normas técnicas, como a NBR

5422 no Brasil, explicitam um limite de interferência máximo que pode ser

provocado pelas linhas de transmissão em suas proximidades, geralmente

estes limites são especificados para condições de clima ameno.

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2 OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DO TRABALHO

2.1 Gerador de Alta Tensão

Este trabalho tem por objetivo principal construir um gerador de alta

tensão de pequeno porte que seja capaz de produzir, em escala reduzida, o

efeito corona e descargas elétricas, servindo como base de estudos e

desenvolvimento de pesquisas sobre tal efeito, seus riscos, consequências,

vantagens e desvantagens para diversos métodos e aplicações. Como, por

exemplo, o estudo dos meios de proteção para equipamentos contra os efeitos

da sobre tensão e descargas elétricas.

2.1.1 A ressonância

Figura 4 – Circuito ressonante serie (a) e Circuito ressonante paralelo (b)

Fonte: http://www.ufrgs.br/eng04030/Aulas/teoria/cap_12/circress.htm

Utilizando o principio de Ressonância temos que esta ocorre em um

circuito elétrico do tipo RLC (Resistor, Indutor e Capacitor) quando este é

submetido a uma determinada frequência, denominada frequência de

ressonância, esta, por consequência, faz com que as partes imaginárias

capacitivas e indutivas das impedâncias, ou admitâncias, do circuito sejam

iguais.

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Figura 5 – Amplitude da tensão para diferentes valores de frequência e resistências

.

Fonte: http://people.seas.harvard.edu/~jones/es154/pages/nicetut/book4/images/resonance2.gif

A ressonância paralela no sistema elétrico é uma situação crítica para

todo o sistema, pois esta tem a característica de distorcer a tensão fazendo

com que esta tenha o potencial de chegar a valores extremamente elevados.

Tal situação pode causar significativos danos à infraestrutura elétrica da

instalação. Normalmente, a parte mais sensível, que são os capacitores, serão

os primeiros a serem danificados, com possibilidade real de explodirem

causando ainda mais danos em suas proximidades, pois em geral, os

capacitores não suportam as correntes de ressonância.

Devido a este efeito, mesmo com pequenas fontes é possível se

desenvolver significativas tensões que, se saírem do controle, podem vir a

comprometer sua operacionalidade e segurança.

O estudo da ressonância permite, principalmente, entender o risco das

harmônicas na rede elétrica, pois quando se tem harmônicas presentes na rede

acima dos valores pré-estabelecidos pelas normas, corre-se o risco que ocorra

ressonância série entre os trafos e os capacitores, ou banco de capacitores, ou

ressonância paralela entre os mesmos e as cargas (motores, etc.).

Nesta situação, e comum o uso de indutores anti-harmônicas em série

com os capacitores, os quais evitam a ressonância dos capacitores com todo o

espectro de harmônicas que possa ser gerado.

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2.2 Descargas de Corona

O efeito Corona é também conhecido como fogo de Santelmo, este que,

é o padroeiro dos marinheiros, o termo fogo de Santelmo surgiu quando

antigos marinheiros observavam uma tênue luz nos mastros dos navios.

Posteriormente, observou-se que tal luz ocorria principalmente nas regiões

tropicais, em condições que precediam tempestades quando as nuvens

eletrizadas induziam as cargas nas pontas dos mastros, produzindo o efeito

corona. O efeito corona não é exclusividade do ramo da eletricidade, ele está

muito presente também na aviação, normalmente mais presenciado em

helicópteros que em aviões por não estarem em elevadas altitudes já foram

registrados diversas vezes, como na figura 6.

Figura 6 – Efeito corona nas pás de um Chinook (Helicóptero militar americano).

Fonte: Michael Yon (2009)

Em 1899 o físico Nikola Tesla reproduziu as descargas de corona em

suas experiências laboratoriais, comprovando que estas eram um fenômeno

elétrico que poderia ser produzido e repetido em laboratório, o que abriu ainda

mais o campo para o estudo da eletricidade controlada.

Um fator de extrema influencia é o nível de tensão de transmissão das

linhas, nas quais, quanto maior o nível de tensão, maiores serão as perdas

devido ao efeito corona, no entanto, tem-se por outro lado que quanto maior for

o nível de tensão, menores serão as perdas por efeito Joule. Para buscar uma

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tensão com maior eficiência de transmissão devem-se pesar as perdas de

modo que seja obtida a melhor relação entre as mesmas.

O corona é de extrema importância no estudo dos meios de transmissão

e distribuição de energia, pois ele normalmente não é inserido nos modelo

matemáticos das linhas de transmissão, mas ele pode representar enormes

perdas, chegando a atingir níveis de W/km e até kW/km, em que perdas no

caminho entre a geração e consumo são prejuízos para as concessionarias e

centrais geradoras.

2.3 Descargas elétricas

Além do estudo sobre as descargas de corona e frequências de

ressonância, este projeto visa contemplar a área de descargas elétricas,

abrangendo curtos-circuitos e descargas atmosféricas, através do estudo das

descargas elétricas permite também compreensão do funcionamento e

importância dos sistemas de aterramento e proteção contra surtos, uma vez

que as descargas elétricas compreendem as descargas atmosféricas.

Figura 7 – Descarga atmosférica do tipo ascendente no Pico do Jaraguá - SP

Fonte: ELAT (2012)

No Brasil, as descargas atmosféricas são responsáveis por um elevado

numero de desligamentos, tanto das linhas de transmissão como das de

distribuição, chegando a cerca de 70% dos desligamentos na transmissão e

40% na distribuição, assim como um número considerável, também cerca de

40%, dos transformadores de distribuição são queimados por descargas

atmosféricas.

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Os desligamentos podem ocorrer, não somente pelo impacto direto

sobre as linhas, mas também pela tensão induzida que possa vir a ocorrer

devido uma descarga que ocorra próximo às linhas, trazendo risco do

surgimento de arcos, tanto nas linhas como nos transformadores.

Para minimizar tais impactos e principalmente os números de

desligamentos, que são diretamente relacionados com os números referentes à

qualidade de energia, o estudo sobre descargas elétricas e seus efeitos é

indispensável, principalmente no desenvolvimento e aperfeiçoamento de

técnicas, como o aperfeiçoamento dos sistemas de aterramento, visando

minimizar a impedância de aterramento, e aprofundamento nos estudos

envolvendo para-raios.

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3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

3.1 O Gerador

Para construir tal gerador foi usada como base uma versão adaptada do

projeto desenvolvido por Vladimiro Mazzilli, engenheiro italiano que

desenvolveu um circuito conversor, uma vez que a alimentação é proveniente

de uma fonte DC tornando necessária sua conversão para AC e utilizando-se

de MOSFET’s e baseando no método de ZVS, Zero Voltage Switching, ou seja,

o circuito alterna seu estado entre ligado e desligado exatamente no ponto de

tensão zero do ciclo AC.

3.2 Operação, ZVS e Limites

Figura 10 – Esquema baseado na versão idealizada por Vladmiro Mazilli

Ao se usar MOSFET’s é possível se obter dois modos de operação o

hard-switching e o soft-switching, também chamado de Quasi-ressonant

switching. O hard-switching normalmente tem por característica uma onda

próxima da quadrada tanto na tensão quanto na corrente, porém o uso do

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modo soft-switching tem como característica permitir o surgimento de uma

onda senoidal na corrente.

Figura 8 – Formas de onda do modo hard-switching.

Fonte: Ver item 13 em Referências Bibliográficas.

Figura 9 – Formas de onda do modo soft-switching.

Fonte: Ver item 13 em Referências Bibliográficas.

Ao se observar a figura 8, percebe-se que a comutação apresenta duas

zonas (apontadas pelas setas), estas que representam perdas e que são

responsáveis por reduzir a eficiência de conversão em comparação ao soft-

switching, visto na figura 9, o uso do Quasi-resonant switching se mostra como

uma excelente técnica para aumentar a eficiência dos conversores.

Ao se usar tal modo e o método de ZVS, ou seja, com a comutação

ocorrendo após a tensão chegar ao zero, qualquer sobreposição entre a tensão

e a corrente é eliminada, minimizando por consequência as perdas energéticas

que poderiam ocorrer.

Um fator limitante do desenvolvimento é o uso de MOSFET’s, devido ao

fato de que eles tendem a aumentar o valor de resistência de condução,

aumentando as perdas, por este motivo não existem MOSFET’s para tensões

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acima de 1000V. Para superar tais limitações foram desenvolvidos os IGBT’s,

que traz como características suas baixas perdas por condução, operação em

tensões elevadas (1200V) além de poder operar em frequências de até

200kHz.

Por trabalha em frequências elevadas, da ordem de kHz ao invés de Hz,

as dimensões do transformador são completamente diferentes dos conhecidos

normalmente que trabalham em 50Hz ou 60Hz, mas devido ao uso dos

conversores, em sua maioria, apresentam transformadores cujas dimensões

são extremamente compactas.

3.3 Montagem

O circuito foi construído em uma placa de circuito impresso compacta para que

fosse facilmente acoplada a uma pequena caixa de acrílico fabricada com a

finalidade de conter o transformador em seu interior isolando quaisquer pinos

ou cabos que estejam energizados, o resultado pode ser visto na figura 11.

Figura 11 – Gerador

Depois de realizados os primeiros testes, com a finalidade de atestar o correto

funcionamento e operação do gerador, perceberam-se, durante uma análise do

diagrama interno do transformador, que este apresentava um capacitor interno,

visto no canto esquerdo da figura 12, o qual, quando devidamente conectado,

permitiu que o gerador possuísse dois modos de operação, denominados,

Contínuo e Pulsante (com capacitor conectado).

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Figura 12 – Estrutura interna do transformador

Fonte: http://www.noahtec.com/flyback-divider.jpg

A análise do diagrama interno também permitiu visualizar que no secundário do

transformador existem alguns diodos em serie com seu enrolamento, estes

diodos garantem que a tensão na saída seja uma sempre CC, ou seja, eles

permitem que somente apresente o ciclo positivo da senoide AC na saída e o

clico negativo é bloqueado, dessa forma sua simples presença faz com que

estes atuem exatamente como um retificador de meia-onda.

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Figura 13 – Diagrama interno do Flyback

Fonte: http://www.technotronic-dimensions.com/CF1147_DWG.jpg

Como visto na figura 13, entre os enrolamentos do secundário do

transformador existem os diodos já acoplados, mas, além disso, também é

possível observar o capacitor (ligado ao pino 14) que permitiu a operação em

modo pulsante.

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4 RESULTADOS

Pode-se observar que o gerador foi capaz de reproduzir tanto as

descargas elétricas como a descarga de corona, assim, alcançando seu

objetivo principal e como podem ser vistas nas figuras 13 e 14.

Figura 13 – Descarga elétrica ponta-ponta

A descarga elétrica ocorrendo em um arranjo ponta-ponta, com gap de

ar pouco maior de 1,0cm. A intensidade do campo elétrico ocasiona a ruptura

da rigidez dielétrica do ar, 30kV/cm em condições normais de pressão e

temperatura, ou seja, baseando-se nesta informação é possível inferir que a

tensão na saída foi acima de 30kV.

Figura 14 – Descarga de corona ponta-ponta

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Já a descarga de corona somente é visível em ambientes escuros e

ocorre quando a diferença de cargas e/ou o valor de tensão se tornam bastante

elevados, diferente da descarga elétrica a descarga de corona é mais evidente

em um arranjo ponta-ponta, uma vez que, quanto mais finas as pontas, maior a

concentração de carga nas mesmas, como visto na figura 14.

Devido à necessidade quanto ao controle da tensão de saída é previsto

o desenvolvimento de um medidor de tensão, justamente pelo fato da saída

apresentar elevada tensão, existe grande dificuldade do desenvolvimento

desse medidor, uma vez que, ele precisará medir com segurança qualquer

tensão presente na saída, mas, atualmente, a maioria dos equipamentos

capazes de realizar medições de tal porte somente está disponível em escala

industrial.

Assim como na tensão também há grande dificuldade para medições de

corrente, mesmo em condições de curto-circuito, esta dificuldade também está

diretamente relacionada ao valor da tensão, pois de acordo com a Lei de Ohm,

quanto maior a tensão, menor será a corrente para a mesma potência. Ou seja,

apesar da elevada tensão na saída, esta apresentará uma corrente

relativamente baixa em comparação à tensão, o que faz com que o sistema de

medição deva apresentar alta precisão e exatidão, mas que também suporte a

alta tensão e não tenha seu funcionamento comprometido por ela.

Tais sistemas de medição são necessários para melhores resultados,

além de controle do gerador, a expectativa é de que sejam ambos

desenvolvidos e aplicados no sistema e para garantir maior de segurança foi

usada uma caixa de acrílico de modo que todas as descargas ocorressem em

seu interior, garantindo maior segurança antes, durante e depois de qualquer

operação, além da presença também de aterramentos internamente,

garantindo que qualquer descargas seja conduzida de forma segura à terra

sem qualquer presença de risco, tanto para o sistema, o gerador, operador ou

qualquer pessoa ou objeto em sua proximidade.

Page 24: GERADOR DE ALTA TENSÃO CAPAZ DE PRODUZIR EFEITO CORONA

5 CONCLUSÕES

A dificuldade moderada do desenvolvimento e construção de tal gerador

e, principalmente, os níveis de tensão que podem ser alcançados por ele

abrem espaço para questionamentos referentes à segurança do usuário, já

que, devido à facilidade de acesso às peças necessárias para a construção, já

que estas são facilmente encontradas no mercado, acabam por permitir que

pessoas inexperientes e sem capacitação ou conhecimento de segurança

envolvendo alta tensão possam construir e utilizar de modo inseguro este

gerador. A corrente na saída pode chegar a mais de 200mA, valor várias vezes

maior que a corrente letal, além de tensões maiores que 30kV.

O efeito corona, principal objetivo do projeto, já tem seus estudos, mas

ainda requer atenção, por ser algo praticamente inevitável atualmente devido à

necessidade de tais níveis de tensão, como, por exemplo, as linhas de

transmissão de 500kV que tem a finalidade de reduzir as correntes percorridas

pelos condutores e, portanto as perdas provenientes de efeito Joule, mas se

deixado de lado o Corona também pode gerar enormes perdas assim como o

efeito Joule podendo atingir valores da ordem de kW/km, sendo prejudicial

além de para o Sistema Elétrico, como também para qualquer habitação ou

equipamentos próximos por causa da rádio interferência e ruído gerado.

As descargas elétricas, diferentemente da descarga de corona,

representam um enorme risco, uma vez que uma descarga que atinja uma

grande linha possa a vir causar um enorme desligamento, ou seja, blackout.

Assim como o corona, as descargas elétricas também já vem sendo estudadas

e analisadas, mas os meios de proteção contra seus efeitos ainda possuem

grande espaço para estudos que os tornem mais eficazes, garantindo assim

maior segurança tanto para equipamentos como pessoas.

A operação do circuito foi exatamente como esperada, porém a conexão

do capacitor que fez com que o circuito ganhasse uma nova funcionalidade que

não estava prevista inicialmente no projeto, o que possibilitou que o circuito

pudesse operar também de maneira pulsante, possibilitando a reprodução das

descargas elétricas, mais aproximadas das descargas atmosféricas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[9] O Que É Efeito Corona?. Disponível em: <http://profcide.blogspot.com.br/2011/04/o-que-e-efeito-corona.html>. Acesso em: 27/09/2015.

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[14] MEZAROBA, Marcello “Conversor Elevador / Abaixador Com Comutação Zvs E Grampeamento Ativo”. Disponível em: < http://www.lepo.joinville.udesc.br/_publicacoes/arquivo379.pdf>. Acesso em: 29/09/2015.

[15] Pomilio, J. A. “Conversores Com Outras Técnicas De Comutação Suave”. Disponível em: < http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/CAP5.pdf>. Acesso em: 01/10/2015.

[16] DONOSO GARCIA, Pedro; CABALEIRO CORTIZO, Porfírio; BOLAÑOS, Abdiel - "Células de Comutação ZVS/ZCS-Auxiliar Incorporadas a um Conversor Boost", Anais do COBEP'97 – 4º Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência, Belo Horizonte, MG, 1997, pp. Vol. 01 / 73 -78.