GERADOR DE ALTA TENSÃO CAPAZ DE PRODUZIR EFEITO CORONA
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAISRELATÓRIO TÉCNICO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Aluno: Jhonatan Machado Caldeira
Curso Técnico Em Eletrotécnica
Professor Orientador: Listz Simões de Araújo
Curvelo - MG
12/2015
JHONATAN MACHADO CALDEIRA
GERADOR DE ALTA TENSÃO CAPAZ DE PRODUZIR EFEITO CORONA
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como parte das atividades para
obtenção do título de Técnico em
Eletrotécnica do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais.
Orientador: Listz Simões de Araújo
Co-orientador: Ailton Lopes Souza
CEFET-MG – Unidade Curvelo
Rua Santa Rita, 900 – Santa Rita, Curvelo – MG
Jhonatan Machado Caldeira Listz Simões de Araújo
APROVAÇÃO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
JHONATAN MACHADO CALDEIRA
Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos
Supervisor de Estágio
Jhonatan Machado Caldeira
Estagiário(a)
CEFET-MG
Curvelo - MG
12/2015
DADOS GERAIS
Dados do Estagiário
Aluno: Jhonatan Machado Caldeira
Rua: -------------------------
Bairro: -----------------
Cidade: -------------
CEP: ----------------
Tel: (38) ----------------
E-mail: [email protected]
Dados da Empresa
Empresa: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Supervisor: Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos
Endereço: Rua Santa Rita, 900
Bairro: Santa Rita
Cidade: Curvelo
CEP: 35790-000
Tel: (38) 3729-3900
Área na empresa onde foi realizado o estágio:
Setor(es): Lab. De Eletrônica e Controladores Lógicos Programáveis
Data de início: 20/05/2015
Data de término: 20/12/2015
Total de horas realizadas: 480h
Supervisor(a) da Empresa:
Nome: Emanuel Philipe Pereira Soares Ramos
Função: Subcoordenador de Curso de Eletrotécnica
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por todo apoio que foi me dado para ir atrás do
que sempre quis, em especial a meu pai, por todo conhecimento e técnica que
me foi compartilhado.
Aos professores Listz Simões de Araújo e Ailton Lopes Souza pelo
incentivo desde a origem e concepção dos primeiros passos deste trabalho,
pelo apoio e pelas palavras de otimismo, além da dedicação e profissionalismo.
Aos funcionários da CEMIG, cujo incentivo e instruções foram
importantes, especialmente por permitirem o acompanhamento de manutenção
em linha viva com o fim de instruir-me sobre o trabalho envolvendo alta tensão
e seus riscos, e a todos que contribuíram de alguma forma para a realização
deste trabalho.
RESUMO
O sistema elétrico de potência é composto por ramos de linhas de transmissão
de alta tensão e subestações de energia que estão sob a influência contínua de
altíssimos níveis de campo elétrico em regime permanente. Quando tal campo
elétrico é maior que a rigidez dielétrica do ar, descargas elétricas parciais se
iniciam gerando um efeito luminoso ao redor dos componentes submetidos ao
campo elétrico. A literatura reporta tal fenômeno como efeito corona. O
presente trabalho aborda a construção de um gerador de alta tensão portátil a
partir de um circuito ressonante que é capaz de fornecer elevados campos
elétricos em sua saída, atingindo tensões em torno de 30 kV. Objetiva-se
apresentar o comportamento visual do efeito corona em eletrodos e construir
um sistema de medição que seja capaz de fornecer a forma de onda da tensão
de saída do gerador. Em função de se trabalhar com circuitos de altas tensões,
um sistema de segurança foi projetado e construído para evitar acidentes. Uma
montagem física do sistema foi construída e descargas elétricas poderão ser
visualizadas durante a apresentação.
Palavras-chave: Fonte de alta tensão, descargas elétricas, efeito corona.
SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES
A - Ampères
R - Resistência
L - Indutância
C - Capacitância
kV - kiloVolt
q - Carga (C)
RA - Ruído Audível
RI - Rádio interferência (dBµV/m)
t - Temperatura (ºC)
AC - Tensão Alternada
DC - Tensão Continua
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................9
1.1 DEFINIÇÕES.........................................................................................91.2 EFEITO CORONA...................................................................................9
1.1.1 Tipos de corona..........................................................................101.1.2 Problemas relacionados.............................................................10
2 OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DO TRABALHO........................................12
2.1 GERADOR DE ALTA TENSÃO.................................................................122.1.1 A ressonância.............................................................................12
2.2 DESCARGAS DE CORONA......................................................................142.3 DESCARGAS ELÉTRICAS.........................................................................15
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO...................................................17
3.1 O GERADOR......................................................................................173.2 OPERAÇÃO, ZVS E LIMITES..................................................................173.3 MONTAGEM......................................................................................19
4 RESULTADOS...................................................................................22
5 CONCLUSÕES..................................................................................24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................25
1 INTRODUÇÃO
1.1 Definições
O uso do termo Alta Tensão é comum no âmbito da engenharia elétrica,
este termo é comumente utilizado para identificar as considerações de
segurança nos sistemas elétricos de potência, desde a geração à utilização da
energia elétrica, baseando-se no valor da tensão elétrica.
Apesar de existirem diferentes faixas de tensão que são utilizadas para
definir a alta tensão, esta, normalmente, é caracterizada por ser um valor que
leva a conter risco considerável para o surgimento de arcos elétricos no ar.
Para se definir melhor o termo podem ser considerados dois fatores, a
possibilidade de centelhamento no ar, arcos elétricos, e o perigo de choque
elétrico por contato ou proximidade, podendo abranger tanto a tensão entre
dois condutores como um condutor qualquer e a terra.
1.2 Efeito Corona
Figura 1 – Efeito corona sobre cadeia de isoladores de 500kV
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File%3ACorona_discharge_1.JPG (2013)
Na eletricidade, o efeito corona é uma descarga elétrica resultante da
ionização de um fluido, normalmente o ar, nas redondezas de um condutor, a
qual ocorre quando o gradiente elétrico, ou seja, a diferença de cargas elétricas
(q) excede certo valor, porém, as condições ainda permanecem insuficientes
para que ocorra um arco elétrico.
1.1.1 Tipos de corona
Existem dois tipos de Coronas, as positivas e as negativas, conforme a
polaridade nos eletrodos. A física das coronas positivas e negativas são
completamente distintas, assimetria resultante da diferença de massa entre os
elétrons e íons carregados positivamente. A produção de ozônio ao redor de
condutores é um dos resultados de uma descarga de corona, as coronas
negativas geram mais ozônio que as positivam.
Figura 2 – Produção de ozônio durante corona
Fonte: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/37457/000822126.pdf (2011)
1.1.2 Problemas relacionados
Um dos principais problemas causados pela descarga de corona é o
surgimento de ruído audível (RA) e de rádio interferência (RI) principalmente
nas proximidades de linhas de transmissão. Além disso, corona na eletricidade
representa perda e desperdício de energia, sua ação nas partículas da
atmosfera, associada à produção de ozônio e NOx, podem ser prejudiciais à
saúde humana em locais de proximidade entre as linhas de transmissão e
regiões habitadas. Por isto, os equipamentos de transmissão de energia já são
projetados de forma a minimizar a formação destas descargas, como visto na
figura 3, existem diversos modelos de anéis projetados para evitar a ocorrência
do corona nas linhas de transmissão.
Figura 3 - Anéis anti-corona fabricados pela MacLean Power Systems®
Fonte: https://www.macleanpower.com/products/item.asp?ITEM_ID=2481 (2015)
Este efeito é muito interessante visualmente, o efeito corona torna-se
mais intenso na durante períodos de chuva, em que ao chover as gotas de
água nos condutores provocam uma concentração do campo eléctrico, o que
acaba por consequência elevando o nível de perdas e interferência. Outro fator
que propicia a ocorrência desse efeito são as condições físicas e estruturais da
superfície do condutor, por exemplo, se este for arranhado, sujo ou sofre algum
processo de deterioração que faça com que sua superfície se torne mais
rugosa pode facilitar a ocorrência do efeito. Normas técnicas, como a NBR
5422 no Brasil, explicitam um limite de interferência máximo que pode ser
provocado pelas linhas de transmissão em suas proximidades, geralmente
estes limites são especificados para condições de clima ameno.
2 OBJETIVOS E RELEVÂNCIA DO TRABALHO
2.1 Gerador de Alta Tensão
Este trabalho tem por objetivo principal construir um gerador de alta
tensão de pequeno porte que seja capaz de produzir, em escala reduzida, o
efeito corona e descargas elétricas, servindo como base de estudos e
desenvolvimento de pesquisas sobre tal efeito, seus riscos, consequências,
vantagens e desvantagens para diversos métodos e aplicações. Como, por
exemplo, o estudo dos meios de proteção para equipamentos contra os efeitos
da sobre tensão e descargas elétricas.
2.1.1 A ressonância
Figura 4 – Circuito ressonante serie (a) e Circuito ressonante paralelo (b)
Fonte: http://www.ufrgs.br/eng04030/Aulas/teoria/cap_12/circress.htm
Utilizando o principio de Ressonância temos que esta ocorre em um
circuito elétrico do tipo RLC (Resistor, Indutor e Capacitor) quando este é
submetido a uma determinada frequência, denominada frequência de
ressonância, esta, por consequência, faz com que as partes imaginárias
capacitivas e indutivas das impedâncias, ou admitâncias, do circuito sejam
iguais.
Figura 5 – Amplitude da tensão para diferentes valores de frequência e resistências
.
Fonte: http://people.seas.harvard.edu/~jones/es154/pages/nicetut/book4/images/resonance2.gif
A ressonância paralela no sistema elétrico é uma situação crítica para
todo o sistema, pois esta tem a característica de distorcer a tensão fazendo
com que esta tenha o potencial de chegar a valores extremamente elevados.
Tal situação pode causar significativos danos à infraestrutura elétrica da
instalação. Normalmente, a parte mais sensível, que são os capacitores, serão
os primeiros a serem danificados, com possibilidade real de explodirem
causando ainda mais danos em suas proximidades, pois em geral, os
capacitores não suportam as correntes de ressonância.
Devido a este efeito, mesmo com pequenas fontes é possível se
desenvolver significativas tensões que, se saírem do controle, podem vir a
comprometer sua operacionalidade e segurança.
O estudo da ressonância permite, principalmente, entender o risco das
harmônicas na rede elétrica, pois quando se tem harmônicas presentes na rede
acima dos valores pré-estabelecidos pelas normas, corre-se o risco que ocorra
ressonância série entre os trafos e os capacitores, ou banco de capacitores, ou
ressonância paralela entre os mesmos e as cargas (motores, etc.).
Nesta situação, e comum o uso de indutores anti-harmônicas em série
com os capacitores, os quais evitam a ressonância dos capacitores com todo o
espectro de harmônicas que possa ser gerado.
2.2 Descargas de Corona
O efeito Corona é também conhecido como fogo de Santelmo, este que,
é o padroeiro dos marinheiros, o termo fogo de Santelmo surgiu quando
antigos marinheiros observavam uma tênue luz nos mastros dos navios.
Posteriormente, observou-se que tal luz ocorria principalmente nas regiões
tropicais, em condições que precediam tempestades quando as nuvens
eletrizadas induziam as cargas nas pontas dos mastros, produzindo o efeito
corona. O efeito corona não é exclusividade do ramo da eletricidade, ele está
muito presente também na aviação, normalmente mais presenciado em
helicópteros que em aviões por não estarem em elevadas altitudes já foram
registrados diversas vezes, como na figura 6.
Figura 6 – Efeito corona nas pás de um Chinook (Helicóptero militar americano).
Fonte: Michael Yon (2009)
Em 1899 o físico Nikola Tesla reproduziu as descargas de corona em
suas experiências laboratoriais, comprovando que estas eram um fenômeno
elétrico que poderia ser produzido e repetido em laboratório, o que abriu ainda
mais o campo para o estudo da eletricidade controlada.
Um fator de extrema influencia é o nível de tensão de transmissão das
linhas, nas quais, quanto maior o nível de tensão, maiores serão as perdas
devido ao efeito corona, no entanto, tem-se por outro lado que quanto maior for
o nível de tensão, menores serão as perdas por efeito Joule. Para buscar uma
tensão com maior eficiência de transmissão devem-se pesar as perdas de
modo que seja obtida a melhor relação entre as mesmas.
O corona é de extrema importância no estudo dos meios de transmissão
e distribuição de energia, pois ele normalmente não é inserido nos modelo
matemáticos das linhas de transmissão, mas ele pode representar enormes
perdas, chegando a atingir níveis de W/km e até kW/km, em que perdas no
caminho entre a geração e consumo são prejuízos para as concessionarias e
centrais geradoras.
2.3 Descargas elétricas
Além do estudo sobre as descargas de corona e frequências de
ressonância, este projeto visa contemplar a área de descargas elétricas,
abrangendo curtos-circuitos e descargas atmosféricas, através do estudo das
descargas elétricas permite também compreensão do funcionamento e
importância dos sistemas de aterramento e proteção contra surtos, uma vez
que as descargas elétricas compreendem as descargas atmosféricas.
Figura 7 – Descarga atmosférica do tipo ascendente no Pico do Jaraguá - SP
Fonte: ELAT (2012)
No Brasil, as descargas atmosféricas são responsáveis por um elevado
numero de desligamentos, tanto das linhas de transmissão como das de
distribuição, chegando a cerca de 70% dos desligamentos na transmissão e
40% na distribuição, assim como um número considerável, também cerca de
40%, dos transformadores de distribuição são queimados por descargas
atmosféricas.
Os desligamentos podem ocorrer, não somente pelo impacto direto
sobre as linhas, mas também pela tensão induzida que possa vir a ocorrer
devido uma descarga que ocorra próximo às linhas, trazendo risco do
surgimento de arcos, tanto nas linhas como nos transformadores.
Para minimizar tais impactos e principalmente os números de
desligamentos, que são diretamente relacionados com os números referentes à
qualidade de energia, o estudo sobre descargas elétricas e seus efeitos é
indispensável, principalmente no desenvolvimento e aperfeiçoamento de
técnicas, como o aperfeiçoamento dos sistemas de aterramento, visando
minimizar a impedância de aterramento, e aprofundamento nos estudos
envolvendo para-raios.
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
3.1 O Gerador
Para construir tal gerador foi usada como base uma versão adaptada do
projeto desenvolvido por Vladimiro Mazzilli, engenheiro italiano que
desenvolveu um circuito conversor, uma vez que a alimentação é proveniente
de uma fonte DC tornando necessária sua conversão para AC e utilizando-se
de MOSFET’s e baseando no método de ZVS, Zero Voltage Switching, ou seja,
o circuito alterna seu estado entre ligado e desligado exatamente no ponto de
tensão zero do ciclo AC.
3.2 Operação, ZVS e Limites
Figura 10 – Esquema baseado na versão idealizada por Vladmiro Mazilli
Ao se usar MOSFET’s é possível se obter dois modos de operação o
hard-switching e o soft-switching, também chamado de Quasi-ressonant
switching. O hard-switching normalmente tem por característica uma onda
próxima da quadrada tanto na tensão quanto na corrente, porém o uso do
modo soft-switching tem como característica permitir o surgimento de uma
onda senoidal na corrente.
Figura 8 – Formas de onda do modo hard-switching.
Fonte: Ver item 13 em Referências Bibliográficas.
Figura 9 – Formas de onda do modo soft-switching.
Fonte: Ver item 13 em Referências Bibliográficas.
Ao se observar a figura 8, percebe-se que a comutação apresenta duas
zonas (apontadas pelas setas), estas que representam perdas e que são
responsáveis por reduzir a eficiência de conversão em comparação ao soft-
switching, visto na figura 9, o uso do Quasi-resonant switching se mostra como
uma excelente técnica para aumentar a eficiência dos conversores.
Ao se usar tal modo e o método de ZVS, ou seja, com a comutação
ocorrendo após a tensão chegar ao zero, qualquer sobreposição entre a tensão
e a corrente é eliminada, minimizando por consequência as perdas energéticas
que poderiam ocorrer.
Um fator limitante do desenvolvimento é o uso de MOSFET’s, devido ao
fato de que eles tendem a aumentar o valor de resistência de condução,
aumentando as perdas, por este motivo não existem MOSFET’s para tensões
acima de 1000V. Para superar tais limitações foram desenvolvidos os IGBT’s,
que traz como características suas baixas perdas por condução, operação em
tensões elevadas (1200V) além de poder operar em frequências de até
200kHz.
Por trabalha em frequências elevadas, da ordem de kHz ao invés de Hz,
as dimensões do transformador são completamente diferentes dos conhecidos
normalmente que trabalham em 50Hz ou 60Hz, mas devido ao uso dos
conversores, em sua maioria, apresentam transformadores cujas dimensões
são extremamente compactas.
3.3 Montagem
O circuito foi construído em uma placa de circuito impresso compacta para que
fosse facilmente acoplada a uma pequena caixa de acrílico fabricada com a
finalidade de conter o transformador em seu interior isolando quaisquer pinos
ou cabos que estejam energizados, o resultado pode ser visto na figura 11.
Figura 11 – Gerador
Depois de realizados os primeiros testes, com a finalidade de atestar o correto
funcionamento e operação do gerador, perceberam-se, durante uma análise do
diagrama interno do transformador, que este apresentava um capacitor interno,
visto no canto esquerdo da figura 12, o qual, quando devidamente conectado,
permitiu que o gerador possuísse dois modos de operação, denominados,
Contínuo e Pulsante (com capacitor conectado).
Figura 12 – Estrutura interna do transformador
Fonte: http://www.noahtec.com/flyback-divider.jpg
A análise do diagrama interno também permitiu visualizar que no secundário do
transformador existem alguns diodos em serie com seu enrolamento, estes
diodos garantem que a tensão na saída seja uma sempre CC, ou seja, eles
permitem que somente apresente o ciclo positivo da senoide AC na saída e o
clico negativo é bloqueado, dessa forma sua simples presença faz com que
estes atuem exatamente como um retificador de meia-onda.
Figura 13 – Diagrama interno do Flyback
Fonte: http://www.technotronic-dimensions.com/CF1147_DWG.jpg
Como visto na figura 13, entre os enrolamentos do secundário do
transformador existem os diodos já acoplados, mas, além disso, também é
possível observar o capacitor (ligado ao pino 14) que permitiu a operação em
modo pulsante.
4 RESULTADOS
Pode-se observar que o gerador foi capaz de reproduzir tanto as
descargas elétricas como a descarga de corona, assim, alcançando seu
objetivo principal e como podem ser vistas nas figuras 13 e 14.
Figura 13 – Descarga elétrica ponta-ponta
A descarga elétrica ocorrendo em um arranjo ponta-ponta, com gap de
ar pouco maior de 1,0cm. A intensidade do campo elétrico ocasiona a ruptura
da rigidez dielétrica do ar, 30kV/cm em condições normais de pressão e
temperatura, ou seja, baseando-se nesta informação é possível inferir que a
tensão na saída foi acima de 30kV.
Figura 14 – Descarga de corona ponta-ponta
Já a descarga de corona somente é visível em ambientes escuros e
ocorre quando a diferença de cargas e/ou o valor de tensão se tornam bastante
elevados, diferente da descarga elétrica a descarga de corona é mais evidente
em um arranjo ponta-ponta, uma vez que, quanto mais finas as pontas, maior a
concentração de carga nas mesmas, como visto na figura 14.
Devido à necessidade quanto ao controle da tensão de saída é previsto
o desenvolvimento de um medidor de tensão, justamente pelo fato da saída
apresentar elevada tensão, existe grande dificuldade do desenvolvimento
desse medidor, uma vez que, ele precisará medir com segurança qualquer
tensão presente na saída, mas, atualmente, a maioria dos equipamentos
capazes de realizar medições de tal porte somente está disponível em escala
industrial.
Assim como na tensão também há grande dificuldade para medições de
corrente, mesmo em condições de curto-circuito, esta dificuldade também está
diretamente relacionada ao valor da tensão, pois de acordo com a Lei de Ohm,
quanto maior a tensão, menor será a corrente para a mesma potência. Ou seja,
apesar da elevada tensão na saída, esta apresentará uma corrente
relativamente baixa em comparação à tensão, o que faz com que o sistema de
medição deva apresentar alta precisão e exatidão, mas que também suporte a
alta tensão e não tenha seu funcionamento comprometido por ela.
Tais sistemas de medição são necessários para melhores resultados,
além de controle do gerador, a expectativa é de que sejam ambos
desenvolvidos e aplicados no sistema e para garantir maior de segurança foi
usada uma caixa de acrílico de modo que todas as descargas ocorressem em
seu interior, garantindo maior segurança antes, durante e depois de qualquer
operação, além da presença também de aterramentos internamente,
garantindo que qualquer descargas seja conduzida de forma segura à terra
sem qualquer presença de risco, tanto para o sistema, o gerador, operador ou
qualquer pessoa ou objeto em sua proximidade.
5 CONCLUSÕES
A dificuldade moderada do desenvolvimento e construção de tal gerador
e, principalmente, os níveis de tensão que podem ser alcançados por ele
abrem espaço para questionamentos referentes à segurança do usuário, já
que, devido à facilidade de acesso às peças necessárias para a construção, já
que estas são facilmente encontradas no mercado, acabam por permitir que
pessoas inexperientes e sem capacitação ou conhecimento de segurança
envolvendo alta tensão possam construir e utilizar de modo inseguro este
gerador. A corrente na saída pode chegar a mais de 200mA, valor várias vezes
maior que a corrente letal, além de tensões maiores que 30kV.
O efeito corona, principal objetivo do projeto, já tem seus estudos, mas
ainda requer atenção, por ser algo praticamente inevitável atualmente devido à
necessidade de tais níveis de tensão, como, por exemplo, as linhas de
transmissão de 500kV que tem a finalidade de reduzir as correntes percorridas
pelos condutores e, portanto as perdas provenientes de efeito Joule, mas se
deixado de lado o Corona também pode gerar enormes perdas assim como o
efeito Joule podendo atingir valores da ordem de kW/km, sendo prejudicial
além de para o Sistema Elétrico, como também para qualquer habitação ou
equipamentos próximos por causa da rádio interferência e ruído gerado.
As descargas elétricas, diferentemente da descarga de corona,
representam um enorme risco, uma vez que uma descarga que atinja uma
grande linha possa a vir causar um enorme desligamento, ou seja, blackout.
Assim como o corona, as descargas elétricas também já vem sendo estudadas
e analisadas, mas os meios de proteção contra seus efeitos ainda possuem
grande espaço para estudos que os tornem mais eficazes, garantindo assim
maior segurança tanto para equipamentos como pessoas.
A operação do circuito foi exatamente como esperada, porém a conexão
do capacitor que fez com que o circuito ganhasse uma nova funcionalidade que
não estava prevista inicialmente no projeto, o que possibilitou que o circuito
pudesse operar também de maneira pulsante, possibilitando a reprodução das
descargas elétricas, mais aproximadas das descargas atmosféricas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[3] CARDOSO, Alexandre. “Transmissão de Energia Elétrica”. Disponível em: <http://www.alexandre.eletrica.ufu.br/elet/Transmissao/ Arquivos_web/Teoria.htm>. Acesso em: 23/09/2015.
[4] GOMES, Flávio. “Transmissão De Energia Elétrica: Efeito Corona”. Disponível em: <http://www.ufjf.br/flavio_gomes/files/2011/01/ Transmissão-Aula-03.pdf>. Acesso em: 23/09/2015.
[5] STAROSTA, José. “O “Milagre” Da Multiplicação Dos Amperes: Aspectos de ressonância harmônica”. Disponível em: <http://www.osetoreletrico.com.br/web/colunistas/jose-starosta/507-o-milagre-da-multiplicacao-dos-amperes-aspectos-de-ressonancia-harmonica-parte-ii-ressonancia-serie-e-ressonancia-paralela-.html>. Acesso em: 24/09/2015.
[6] Manual De Correção Do Fator De Potência - Efeitos da Ressonância. Disponível em: < http://www.engeletrica.com.br/manual-Efeitos-da-Ressonância.html>. Acesso em: 25/09/2015.
[7] ORLANDO, Castor. “Fogo-De-Santelmo”. Disponível em: < http://fatoefarsa.blogspot.com.br/2013/08/fogo-de-santelmo-voce-ja-ouviu-falar.html >. Acesso em: 25/09/2015.
[8] Efeito Corona. Disponível em: < http://motoreletricofisica.blogspot. com.br/2010/12/efeito-corona-o-efeito-corona-e-tambem_03.html>. Acesso em: 27/09/2015.
[9] O Que É Efeito Corona?. Disponível em: <http://profcide.blogspot.com.br/2011/04/o-que-e-efeito-corona.html>. Acesso em: 27/09/2015.
[10] Sistema Elétrico. Disponível em: <http://www.inpe.br/webelat /homepage/menu/infor/relampagos.e.efeitos/sistema.eletrico.php>. Acesso em: 28/09/2015.
[11] BASCOPE, Rene. “Conversores CC-CC ZVS PWM Duplo Forward com Acoplamento Magnético”. Disponível em: < http://ivobarbi.com/PDF/Teses/Tese_Rene_Pastor_Torrico_Bascope.pdf>. Acesso em: 28/09/2015.
[12] FILHO, Edino. “Estudo Da Aplicação Dos Condutores Compactos Em Linhas Urbanas De 138 kV: Aspectos Elétricos De Corona E Ri”. Disponível em: < http://www.ppgee.ufmg.br/ defesas/243M.PDF>. Acesso em: 29/09/2015.
[13] KEEPING, Steven. “A Review of Zero-Voltage Switching and its Importance to Voltage Regulation”. 2014. Disponível em: <http://www.digikey.com/en/articles/techzone/2014/aug/a-review-of-zero-voltage-switching-and-its-importance-to-voltage-regulation >. Acesso em: 29/09/2015.
[14] MEZAROBA, Marcello “Conversor Elevador / Abaixador Com Comutação Zvs E Grampeamento Ativo”. Disponível em: < http://www.lepo.joinville.udesc.br/_publicacoes/arquivo379.pdf>. Acesso em: 29/09/2015.
[15] Pomilio, J. A. “Conversores Com Outras Técnicas De Comutação Suave”. Disponível em: < http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/CAP5.pdf>. Acesso em: 01/10/2015.
[16] DONOSO GARCIA, Pedro; CABALEIRO CORTIZO, Porfírio; BOLAÑOS, Abdiel - "Células de Comutação ZVS/ZCS-Auxiliar Incorporadas a um Conversor Boost", Anais do COBEP'97 – 4º Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência, Belo Horizonte, MG, 1997, pp. Vol. 01 / 73 -78.