GERANDO REUNIÕES PRODUTIVAS

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GERANDO REUNIÕES PRODUTIVAS Francisco Bittencourt "Em uma boa reunião há um momento que surge da troca espontânea de idéias frescas e produz resultados extraordinários. Este momento depende da liberdade permitida aos participantes" Harold Geneen A reunião conceitualmente pode ser definida como um processo de decisão coletiva, através do qual os envolvidos, após exposição e discussão de suas idéias conseguem chegar a uma conclusão capaz de atingir as expectativas e objetivos de todos os que mantinham interesse em seus resultados. Será que é isso mesmo? Participar de uma reunião pressupõe que é a melhor forma de se conseguir chegar a uma conclusão efetiva sobre determinado tema – decisão, superação de problema, desenvolvimento de uma nova idéia, adoção de um processo de mudanças, e tantos outros menos votados. Os manuais sobre reunião existentes no cenário de negócios são amplos – embora escassos no que diz respeito a sua contemporaneidade – já que há pouca coisa nova nas livrarias. A reunião pode ser vista como uma excelente oportunidade de se conseguir informações não conhecidas por nós, e que servem de subsídio para nossas decisões. A reunião também é uma oportunidade de compartilhar com pessoas que fazem parte de nosso universo produtivo nossas percepções e visões acerca de assuntos de interesse, como também trocar informações que possam ser agregadas a nossa experiência. Há um significativo número de profissionais que criticam a reunião, a seu ver uma forma improdutiva de tomar decisões. Percebe-se, todavia que o erro das reuniões, em geral, não está no evento em si, mas nas atitudes que são tomadas por seus participantes. É essencial que reflitamos sobre a qualidade de nossas atitudes, posturas, comportamentos antes, durante e depois de reuniões para as quais somos convidados, ou aquelas nas quais somos nós os geradores da necessidade, liderando e coordenando seus trabalhos. Vamos, em seguida, levantar alguns aspectos que, sem dúvida, comprometem de forma significativa o desenrolar de uma reunião que se propõe a ser produtiva: Sua necessidade real – pode ser substituída por outra forma de decisão?

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Para gestores preocupados em ter reuniões que gerem resultados

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GERANDO REUNIES PRODUTIVAS

Francisco Bittencourt"Em uma boa reunio h um momento que surge da troca espontnea de idias frescas e produz resultados extraordinrios. Este momento depende da liberdade permitida aos participantes"Harold GeneenA reunio conceitualmente pode ser definida como um processo de deciso coletiva, atravs do qual os envolvidos, aps exposio e discusso de suas idias conseguem chegar a uma concluso capaz de atingir as expectativas e objetivos de todos os que mantinham interesse em seus resultados.Ser que isso mesmo?Participar de uma reunio pressupe que a melhor forma de se conseguir chegar a uma concluso efetiva sobre determinado tema deciso, superao de problema, desenvolvimento de uma nova idia, adoo de um processo de mudanas, e tantos outros menos votados.Os manuais sobre reunio existentes no cenrio de negcios so amplos embora escassos no que diz respeito a sua contemporaneidade j que h pouca coisa nova nas livrarias. A reunio pode ser vista como uma excelente oportunidade de se conseguir informaes no conhecidas por ns, e que servem de subsdio para nossas decises.A reunio tambm uma oportunidade de compartilhar com pessoas que fazem parte de nosso universo produtivo nossas percepes e vises acerca de assuntos de interesse, como tambm trocar informaes que possam ser agregadas a nossa experincia.H um significativo nmero de profissionais que criticam a reunio, a seu ver uma forma improdutiva de tomar decises. Percebe-se, todavia que o erro das reunies, em geral, no est no evento em si, mas nas atitudes que so tomadas por seus participantes. essencial que reflitamos sobre a qualidade de nossas atitudes, posturas, comportamentos antes, durante e depois de reunies para as quais somos convidados, ou aquelas nas quais somos ns os geradores da necessidade, liderando e coordenando seus trabalhos.Vamos, em seguida, levantar alguns aspectos que, sem dvida, comprometem de forma significativa o desenrolar de uma reunio que se prope a ser produtiva: Sua necessidade real pode ser substituda por outra forma de deciso?

Seu objetivo h clareza quanto o que se pretende com este tipo de instrumento?

Sua finalidade para que serve? O que vai trazer de valor agregado ao processo produtivo?

Sua oportunidade em relao ao tema a ser discutido, o momento o mais adequado, h disponibilidade dos interessados (com representatividade para participar da reunio)

Seu custo o benefcio gerado pelo evento justifica o investimento inicial tempo, valor hora dos envolvidos, recursos?

Ocorrncia qual o melhor local para se efetivar? Qual a disponibilidade de espao que otimize o conforto e a liberdade dos decisores?

Se as questes acima forem respondidas de forma satisfatria, no havendo dvidas que comprometam o resultado, acreditamos que a nossa reunio pode ser realizada.A partir deste momento entramos no conjunto de medidas que tornam a reunio eficaz. No h porque repet-las, j que os textos existentes so prdigos em informaes sobre elas. Anexo a este artigo, estamos disponibilizando um roteiro, com base na bibliografia de referncia desse texto, que nos ajudar a entender o ritual.Nossa preocupao, como foi dito nos pargrafos acima, com nossas atitudes durante a reunio, e o impacto que elas podem causar em seus resultados.O primeiro desses aspectos diz respeito a qualidade da comunicao que nos propomos a adotar em momentos de discusso coletiva.Qual a qualidade de nossa linguagem? Somos capazes de desenvolver uma linguagem de resultados, ou nos preparamos para adotar uma linguagem de estimulao: Ao nos dirigirmos aos demais participantes, com o intuito de obtermos esforo para objetivos, resultados, lucros metas, ou concordncia com nossas idias, usamos uma linguagem de gesto cobradora, ou ns a associamos a uma linguagem de reconhecimento pelo envolvimento, de oportunidade de crescimento e aperfeioamento, de participao nos benefcios?

Quando falamos de erros cometidos, simplesmente apontamos os erros, julgando seus geradores, ou adotamos uma linguagem de questionamento, descrevendo fatos, orientando para resultados, provocando nos demais uma atitude de acompanhamento de nosso raciocnio?

Quando discutimos pontos sensveis, capazes de gerar desconforto e ansiedade entre os demais, preocupamo-nos em firmar nossa posio, clarificando-a, ou simplesmente adotando uma posio de neutralidade, sem comprometimento ou apoio aos demais?

Quando o assunto envolve algo com condies de provocar algum tipo de perda ou que afete de forma negativa os demais participantes, posicionamo-nos empaticamente, ou colocamo-nos a margem da sensibilidade geral?

Em suma, nossa forma de comunicao durante a reunio assume ares ameadores ou somos capazes de mostrar espontaneidade em nossa postura, capaz de gerar apoio s nossas idias e propostas?

O cuidado com a qualidade da comunicao em processos de deciso coletiva deve nos levar a perceber, complementarmente um conjunto de fenmenos atitudinais essenciais, para o sucesso do momento: Exercitamos a prtica da escuta eficaz, onde estamos atentos ao que nos dito, ou ao que dizemos aos demais, para percebermos se faz sentido?

Somos capazes de questionarmos os demais, ou nos questionarmos, sempre que observarmos necessidade de que sejam revistas as mensagens emitidas pelos demais, ou por ns mesmos, at que o entendimento seja uniforme?

Nos preparamos convenientemente para abordar os diversos assuntos a serem discutidos, como forma evoluda de participao, conforme afirma David Berlo (1.989), respeitando a linguagem e a condio de acesso informao de nossos interlocutores?

fundamental o nosso entendimento de que uma reunio um fenmeno decisrio que tem:a. pr-existncia - preparao

b. existncia - debates

c. durao - validade

d. concluso resultados

e. ps-existncia acompanhamento

Nosso papel ser to valorizado quanto formos capazes de moldar uma atitude coerente, do primeiro ao ltimo momento de um evento do qual participamos, e no qual, seguramente, somos parte importante.Reflitamos sobre nossa capacidade de influir na deciso, no tanto pelo nosso conhecimento dos assuntos a serem tratados, mas sim, e principalmente pela qualidade de nossa atitude.Vale concluir essa nossa reflexo com a afirmativa de Thomas L. Quick: seja um lder em reunies, mesmo com quem voc jamais se sentaria.Como complemento desse nosso texto, inclumos um anexo, onde os aspectos operacionais de uma reunio so fixados. Esse anexo foi elaborado atravs pesquisa na bibliografia de referncia.REUNIES troca de idias e experincias sobre um ou mais assuntos para que haja aceitao pelos envolvidos e provocando uma deciso coletiva, onde todos se comprometem com o que foi decidido.

PROBLEMAS COM REUNIES reunies longas

agenda extensa

representatividade dos participantes

dilogo truncado

mal planejamento

liderana inbil

falta de concluso

QUALIDADES DA REUNIO proposta conhecida e entendida

agenda organizada

convidados necessrios e oportunos

liderana adequada e assumida

mensagens claras

papis dos participantes entendidos

envolvidos preparados para os temas da reunio

FATORES PREPARATRIOS preparao da agenda

notificao a envolvidos

confirmao e presena de todos

instalaes prontas e adequadas

durao pr definida

material disponvel e de qualidade

secretaria da reunio consciente e eficaz

infraestrutura efetiva

CLIMA NEGATIVO EM REUNIES atraso do lder

local no disponvel nem adequado

abertura inconveniente

despreparo da liderana

participantes retardatrios

interrupes irrelevantes e freqentes

despreparo geral dos participantes

discusses inseguras e improdutivas

falta de objetividade na abordagem dos temas

ausncia de seriedade e descompromisso

assuntos paralelos competindo com os temas centrais

CLIMA POSITIVO EM REUNIES confirmao e checagem de presenas

cancelamentos prvios e com antecedncia suficiente

material de trabalho com boa qualidade

agenda distribuda a todos os participantes

incio na hora marcada e fim na hora prevista

obedincia a agenda

intervalos negociados e rgidos

REGRAS DA BOA ESTRUTURA EM REUNIES linguagem dos presentes homognea

manuteno do interesse e do controle do evento

temas discutidos de forma objetiva e concisa

comportamento firme e assertivo da liderana

participantes conscientizados da necessidade da reunio

discusses do grupo orientadas e dirigidas de forma eficaz

sugestes de participantes ouvidas e discutidas

RESPONSABILIDADES DA LIDERANA gerenciamento do tempo da reunio

imparcialidade diante de debates

firmeza e delicadeza assertividade

estmulo discusso

manuteno e controle dos rumos da reunio

encorajamento da deciso pelos participantes

avaliao dos resultados da reunio

expresso de idias incentivada e reconhecida

manuteno da harmonia interna

alerta sobre indisciplina

perguntas abertas e dirigidas

reforo de colocaes consistentes e coerentes

ajuda ao alinhamento de raciocnios

expresso de exemplos relevantes para consolidao de idias

neutralizao de dominadores

estmulo a passivos e apticos

incluso de temas relevantes e excluso de temas frgeis

presena marcante

CLIMA DE DEFESA NOS PARTICIPANTES DE REUNIES avaliao e julgamento: avaliar, acusar, julgar, doutrinar, corrigir;

controle: mudar, influenciar, restringir, coagir, intimidar;

estratagemas: trair, manobrar, tramar;

neutralidade: apatia, passividade, ausncia de sentimentos;

superioridade: evitar relacionamento com participantes, evitar feedback dos participantes, mostrar-se independente dos demais.

Infalibilidade: dogmatismo, inflexibilidade.

CLIMA DE BOA VONTADE ENTRE PARTICIPANTES Descrio, enumerao, citao: desejo autntico de maiores informaes, mais fatos, mais dados concretos;

Orientao para soluo de problemas: busca e planejamento conjunto par ao encontro de solues;

Espontaneidade: motivaes simples, no complicadas, claras, objetividade, relacionamento aberto;

Empatia: aceitao dos sentimentos alheios, identificao com o problema do outro, compartilhamento de sentimentos, compreenso, confiana;

Igualdade: respeito mtuo, confiana mtua, possibilidade de autocrescimento, reciprocidade;

Flexibilidade: busca de coisas novas, criatividade, inovao, aceitao do feedback.

CONCLUSOFaa uma anlise de seu desempenho em reunies anteriores das quais participou, e verifique o que pode ser melhorado, o que deve ser eliminado, o que voc deveria Ter feito e no fez.Analise o que voc fez na reunio e que ajudou a transform-la em uma reunio eficaz, com resultados bons e objetivos.Verifique quais foram as questes que interferiram na reunio, e tente, juntamente com outros participantes, elimin-las das prximas.Pense antes de falar, verbalize seus argumentos, cuidadosamente, fique atento as palavras que voc utiliza, especialmente quando for analisar ou criticar a opinio de outros ou posio contrria a sua.Antes de comunicar algo, explique claramente como voc enxerga o problema ou assunto que vai tratar; isto ajuda os outros a compreender melhor sua posio.Aceite a discusso como uma necessidade, pois o debate pode ser o momento mais produtivo da reunio.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 3M TEAM EQUIPE DE GERENCIAMENTO DE REUNIES 3M. Reunies de Negcios. RJ: Editora Record

SILVEIRA NETO, Fernando Henrique. Outra Reunio? RJ: Editora COP

THOMSET, Michael. Reunies de Negcios. SP: Editora Maltese Norma, 1.992

COVEY, Stephen. Os 7 Hbitos das Pessoas Muito Eficazes. SP: Editora Best Seller

BERLO, David. O Processo de Comunicao. SP: Editora Nobre, 1.989

MENDES, Eunice. Comunicao sem medo. RJ: Editora Gente, 1.999

BITTENCOURT, Francisco R. Gesto de Reunies. Apostila, 1.999

Consultor -FRANCISCO BITTENCOURT - CONSULTOR DO INSTITUTO MVC M. VIANNA COSTACURTA ESTRATGIA E HUMANISMO