Goiana

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Informe Fecomércio-PE | MAI/JUN 2012 | 1 38 Ceape-PE: 20 anos ajudando o pequeno empreendedor 20 Mercado de óticas Investimento traz inovação Impresso Especial 9912266613/2010-DR/PE Fecomércio-PE ... CORREIOS ... Crescimento de Pernambuco chega à Mata Norte A revista do comércio de Pernambuco | Ano I – nº 03 | Mai-Jun/2012

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Crescimento de Pernambuco chega à Mata Norte

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Informe Fecomércio-PE | MAI/JUN 2012 | 1

Goiana 38 Ceape-PE: 20 anos ajudando

o pequeno empreendedor

20 Mercado de óticas Investimento traz inovação

ImpressoEspecial

9912266613/2010-DR/PEFecomércio-PE

... CORREIOS ...

Crescimento de Pernambuco chega à Mata Norte

A revista do comércio de Pernambuco | Ano I – nº 03 | Mai-Jun/2012

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anuncio_rev_fecomercio_maio_jul2012.pdf 1 07/06/2012 11:00:08

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Informe Fecomércio-PE | MAI/JUN 2012 | 3

Sede Provisória: Rua do Sossego, 264, Boa Vista, Recife, Pernambuco, CEP 50050-080Tel.: (81) 3231.5393 - Fax: (81) 3222.9498 www.fecomercio-pe.com.br e-mail: [email protected]

Presidente Josias Silva de Albuquerque

1º Vice-Presidente Frederico Penna Leal; 2º Vice-Presidente Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; 3º Vice-Presidente Alex de Oliveira da Costa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Atacadista Rudi Marcos Mag-gioni; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Varejista Joaquim de Castro Filho; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Agentes Autônomos Severino Nascimento Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Arma-zenador José Carlos Raposo Barbosa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Turismo e Hospitalidade Júlio Crucho Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Serviços de Saúde José Cláudio Soares; 1º Dir.-Secretário João de Barros e Silva; 2º Dir.-Secretário José Carlos da Silva; 3º Dir.-Secretário José Stélio Soares; 1º Dir.-Tesoureiro José Lourenço Custódio da Silva; 2º Dir.-Tesoureiro Roberto Wagner Cavalcanti de Siqueira; 3ª Dir.-Tesoureira Ana Maria Caldas de Barros e Silva; Dir. p/ Assuntos Tributários Diógenes Domingos de Andrade Filho; Dir. p/ Assuntos Sindicais José Manoel de Almeida Santos; Dir. p/ Assuntos de Relações do Trabalho José Carlos de Santana; Dir. p/ Assuntos de Desenvolvimento Comercial Eduardo Melo Catão; Dir. p/ Assuntos de Crédito Michel Jean Pinheiro Wanderley; Dir. p/ Assuntos de Consumo Silvio Antonio de Vasconcelos Souza; Dir. p/ Assuntos de Turismo José Francisco da Silva; Dir. p/ Assuntos do Setor Público Milton Tavares de Melo Júnior; Dir. p/ Assuntos do Comércio Exterior Celso Jordão Cavalcanti. Conselho Fis-cal - Efetivos: João Lima Cavalcanti Filho, João Jerônimo da Silva Filho, Edilson Ferreira de Lima

Sindicatos Filiados:Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife, Olinda e Jaboatão - Tel.: 3224.5180 Pres. José Francisco da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Catende, Palmares e Água Preta - Tel.: 3661.0775 Pres. Sérgio Leocádio da Silva; Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru - Tel.: 3721.5985 Pres. José Carlos da Silva; Sind. dos Lojistas no Comércio do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. Frederico Penna Leal; Sind. do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife - Tel.: 3221.8538 Pres. José Lourenço Custódio da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco - Tel.: 3231.5164 Pres. Ozeas Gomes da Silva; Sind. do Comércio Varejista dos Feirantes do Estado de Pernambuco - Tel.: 3446.3662 Pres. João Jerônimo da Silva Filho; Sind. do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. José Stélio Soares; Sind. do Comércio Varejista de Garanhuns - Tel.: 3761.0148 Pres. João de Barros e Silva; Sind. do Comércio de Hortifrutigranjeiros, Flores e Plantas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3252.1313 Pres. Alex de Oliveira da Costa; Sind. do Comércio de Jaboatão dos Guararapes - Tel.: 3476.2666 Pres. Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; Sind. do Comércio Varejista de Maquinismos, Ferragens e Tintas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3221.7091 Pres. Celso Jordão Cavalcanti; Sind. do Comércio Varejista de Petrolina - Tel.: 3861.2333 Pres. Joaquim de Castro Filho; Sind. dos Lojistas do Comércio de Caruaru - Tel.: 3722.4070 Pres. Michel Jean Pinheiro Wanderley; Sind. do Comércio de Autopeças do Estado de Pernambuco - Tel.: 3471.0507 Pres. José Carlos de Santana; Sind. dos Representantes Comerciais e Empresas de Representações Comerciais de Pernambuco - Tel.: 3226.1839 Pres. Severino Nascimento Cunha; Sind. das Empresas de Comércio e Serviços do Eixo Norte - Tel.: 3371.8119 Pres. Milton Tavares de Melo Júnior

Conselho Editorial: Lucila Nastassia, Nilton Lemos, José Fernandes de Menezes, Luiz Kehrle, José Oswaldo Ramos

Coordenação-Geral/Edição: Lucila NastassiaReportagens: Amanda Nóbrega, Janayna Brasil, Kamila Nunes, Mariana Fabrício, Mariana Nepomuceno, Marina Andrade, Nilton Lemos, Tony Duda (Multi Comunicação); Ceça Ataides, Tatiana NotaroCapa: André MarinhoDesign/Diagramação: André Marinho/Thiago MaranhãoFotos: Agência Rodrigo Moreira Revisão: Laércio Lutibergue Impressão: Gráfica Flamar Tiragem: 7.000 exemplares

INFORME FECOMÉRCIO-PEA Revista do Comércio do Estado de Pernambuco

Josias AlbuquerquePresidente do Sistema

Fecomércio/Senac/Sesc-PE

Goiana é um dos dez maiores centros econômicos do Estado de Pernambuco. Produz cimento, embalagens de papelão, açúcar, cal, móveis e artefatos de fibra de coco, além de ter um comércio muito movimentado e com feira todos os dias. A economia do município começou a crescer mais aceleradamente depois da criação do Distrito Industrial de Goiana e do Polo Farmacoquímico e de Biotecnologia de Pernambuco, que estão causando uma grande mudança no local e na sua população. Antes, Goiana sobrevivia exclusivamente da monocultura da cana-de-açúcar.

Vislumbrando essas mudanças, a terceira edição da revista Informe Fecomércio-PE dedicou sua reportagem de capa à cidade que tem hoje o quinto maior PIB do interior de Pernambuco, destacando-se na área de agricultura, a quarta maior do Estado, e na área de serviços. A matéria especial destaca também a chegada à região da nova unidade da montadora italiana Fiat em um terreno de 1,3 hectare, num projeto orçado em R$ 3,5 bilhões.

A revista mostra também o trabalho que a Fecomércio-PE vem desenvolvendo no local em parceria com a Agência de Desenvolvimento de Goiana (AD Goiana), com a realização de fóruns de debates com o empresariado da região e das cidades circunvizinhas. Na entrevista exclusiva para a revista, a diretora regional do Senac Pernambuco, Lygia Leite, fala do trabalho do Senac na área. E para comemorar os 20 anos do Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos de Pernambuco (Ceape-PE), do qual sou presidente, a revista apresenta o saldo do trabalho realizado em duas décadas, todo voltado para o micro e pequeno empreendedor pernambucano. Foram mais de R$ 273 milhões emprestados, aproximadamente 196 mil pessoas atendidas e muitos sonhos realizados. Boa leitura a todos!

Investimentos em Goiana

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SUMÁRIO

Nós sempre acreditamos no potencial de crescimento de Pernambuco,

por isso, investimos nas pessoas!

www.fecomercio-pe.com.br

www.pe.senac.br

www.sesc-pe.com.br

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SUMÁRIO

6 Notas

8 As divergências das sacolas sustentáveis

10 Redução do IPI para móveis

13 Senac prepara profissionais para trabalhar no RioMar Shopping

14 Economia em pauta

16 Restaurante-escola do Senac Recife comemora 40 anos

18 Jurídico em pauta

20 Investimento traz inovação para o mercado de óticas

26 Entrevista com Lygia Leite

28 Goiana ganha unidade do Sesc Ler

30 Comércio comemora ano ímpar nas vendas da linha branca

32 Revenda de veículos volta a acelerar

35 Rio+20: economia verde, educação e liderança empresarial

38 20 anos ajudando o pequeno empreendedor

40 Serviços: impactos e retornos positivos

42 Mapeamento do turismo em Olinda mira copa do Mundo de 2014

45 Arco-Íris fortalece sua rede

48 Tributário em pauta

22 CAPA

Goiana, da cana à indústria Na reportagem de capa, veja porque Goiana é hoje um dos maiores centros econômicos de Pernambuco

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Foi lançada a primeira aceleradora de empreendimentos inovadores das regiões Norte e Nordeste, que consolida, ao lado do Porto Digital, um grande cluster de tecnologia da informação no Recife. O espaço servirá como um “ponto de encontro” voltado a receber jovens empreendedores que acabaram de sair das universidades ou que ainda estão em formação. O objetivo desses grupos de trabalho será desenvolver ideias e soluções tecnológicas para grandes desafios empresariais das mais diversas áreas de atuação. A aceleradora dará aos novos empreendimentos a condição de permanecerem “incubados” por cinco meses no Armazém da Criatividade, oferecendo até R$ 40 mil de “capital-semente”. Os recursos são para cobrir despesas como internet, telefone e consultoria de negócios. Ao final do processo, as startups (empresas recém-criadas) serão apresentadas para potenciais investidores, como o próprio Instituto Talentos Brasil.

NOTAS

PE investe mais R$ 296 milhões em obras de mobilidade urbana

Mais um conjunto de intervenções que preparam a Região Metropolitana do Recife (RMR) para além da Copa do Mundo. Foi assinada a ordem de serviço para início das obras de dois corredores exclusivos de ônibus. O objetivo é dar mais fluidez ao trânsito nos sentidos norte-sul e leste-oeste. O investimento gira em torno de R$ 296 milhões, com recursos do Tesouro Estadual e do PAC Copa. O projeto prevê a construção de 45,5 km de corredores exclusivos de ônibus, que atenderão cerca de 300 mil passageiros/dia. Maio de 2013 é o prazo de entrega, um ano antes do estipulado pelo calendário da Copa e no mesmo período em que o Estado receberá a Copa das Confederações.

Fecomércio passa a emitir certificado digital

A frequência de roubo de dados e fraudes que ocorrem na internet aumenta a incerteza nos usuários em relação à autenticidade dos documentos que são gerados de forma digital. Para facilitar a troca de dados e garantir o sigilo de informações na internet, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE) passa a emitir o Certificado Digital, exercendo a função de autoridade de registro, elaborando o documento para empresas ou pessoa física. A Federação passou a exercer a função desde janeiro deste ano e emite 20 certificações por dia e a partir de junho expande o serviço para as cidades de Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada e Petrolina. Para garantir a credencial digital, os interessados devem solicitá-la à Fecomércio. A elaboração do documento ocorre na sede da entidade. Mais informações: (81) 3231-6175.

PE vai abrir escritório na China

O Estado que mais cresce no Brasil vai marcar presença na economia

que mais cresce no mundo. Pernambuco vai abrir um escritório

de representação na unidade da Associação Brasileira de Promoção

às Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em Pequim. O

escritório vai focar a divulgação de setores considerados estratégicos

para a economia pernambucana, como a indústria automotiva, a

produção de energia renovável e os setores de petróleo, gás e off

shore. A balança comercial Brasil-China, que era de US$ 2,7 bilhões

em 2000, pulou para US$ 77 bilhões no ano passado com as exportações

brasileiras, superando em US$ 17 bilhões as importações.

Armazém da Criatividade

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Cartões potencializam as vendas

O uso de cartões como forma de pagamento é um caminho sem volta. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o mercado de cartões de crédito, débito e de redes ou lojas registrou R$ 178,5 bilhões de faturamento no primeiro trimestre de 2012, alta de 23% em comparação com o mesmo período de 2011. Um dos impulsionadores do mercado foi a unificação dos terminais (uma mesma máquina para pagamentos com Visa ou Mastercard), ocorrida em 2010. O aumento do uso de cartões tem sido acompanhado pela queda na aceitação do cheque. Uma pesquisa da Abecs, feita em parceria com o Datafolha, mostra que 51% dos estabelecimentos analisados o aceitavam em 2010. No ano seguinte, essa taxa caiu para 41%. Do ponto de vista do empresário, a aceitação do cartão traz benefícios, mas também é preciso certos cuidados para evitar imprevistos, alerta a professora Dariane Castanheiras, do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento, da Fundação Instituto Administração (Proced-FIA). (Fonte: Portal Terra)

R$ 900 milhões a mais para investir em obras

O governo do Estado e o Banco Mundial (BIRD) assinaram o contrato de financiamento no valor de U$S 500 milhões (R$ 900 milhões) para investimentos em Pernambuco. Os recursos estarão liberados até o final do mês deste mês e serão aplicados em obras de infraestrutura, saúde, mobilidade, habitação, entre outras áreas. O acordo bilateral marca a maior tomada de crédito para investimentos públicos realizada em Pernambuco nos últimos 20 anos. Pernambuco é o primeiro Estado do Nordeste e o quarto do Brasil a conseguir aderir a essa modalidade de empréstimo do Banco Mundial. A operação tem um perfil moderno e de aplicação flexível, podendo financiar quaisquer despesas de capital do orçamento de Pernambuco, desde que previstas no Plano Plurianual (PPA 2012/2015).

Uma norma federal de 1999 estabelece que empresas com 100 funcionários ou mais são obrigadas a contratar pessoas com deficiência. É a chamada Lei de Cotas. O percentual varia conforme o tamanho do estabelecimento. De 100 a 200 funcionários, 2% deles têm de ser pessoas com deficiência; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1.000, 4%; e acima disso, 5%. Dessa forma, pequenas empresas, que segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) têm, no máximo, 99 funcionários, não são afetadas pela lei, mas as de médio porte precisam se adequar a ela. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, 306.013 pessoas com deficiência trabalhavam em 2010 em regime CLT; em 2009, esse número era de 288.593. As pessoas com deficiência física são as que mais conseguem colocação no mercado de trabalho (166.690 do total), enquanto as que possuem deficiência intelectual e deficiência múltipla são as menos incluídas - 15.606 e 3.845, respectivamente. (Fonte: Portal Terra)

Contratação de pessoas com deficiência

Mudanças na cidade da Copa

De uma só vez, foi anunciada uma série de obras em São Lourenço da Mata. A cidade da Copa vai ganhar uma Agência do Trabalho, uma Academia das Cidades, o Terminal Integrado de Transporte Alternativo e o Hospital e Maternidade Petronila Campos. Ao todo será investido mais de R$ 1,5 milhão nas quatro ações na cidade da Copa. “Essas mudanças vão para além da Copa do Mundo, elas transformarão São Lourenço na nova centralidade urbana do Estado que mais cresce do Brasil”, disse o governador Eduardo Campos, durante a inauguração da Avenida Governador Miguel Arraes, que liga oito bairros e foi totalmente reformada pela Prefeitura de São Lourenço.

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A utilização das sacolas descartáveis é um tema que divide opiniões. De um lado, a medida

adotada em São Paulo, no mês de abril, obriga os estabelecimentos comerciais a substituir as sacolas de plástico por outras de material biodegradável. A Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, em Brasília, vem realizando audiências

públicas que discutem o PLC 612/07. Caso o projeto seja aprovado, a medida será de âmbito nacional, inclusive para os Estados e municípios que ainda não possuem legislação específica para a restrição do material de plástico.

“Várias ações diretas de inconstitucionalidade já foram propostas em decorrência da adoção dessas medidas sobre a proibição de sacolas convencionais em diversos municípios. Muitos são os argumentos das diversas correntes”, explica o consultor da presidência do Sistema Fecomércio-PE, o advogado José Almeida de Queiroz. No entanto, ainda há resistência em trocar. “Essa medida é muito confusa porque se por um lado dizem que sacola plástica causa danos ao

meio ambiente, por outro, já ouvi informações de que as ecobags causam muito mais impacto para serem produzidas, e o preço delas também não ajuda”, comenta o designer Temístocles Gonçalves.

Para a estudante de biologia, Vanessa Azevedo, a medida será mais do que bem-vinda. “É um absurdo o número de sacolas plásticas que são descartadas todos os dias. Além de serem ecologicamente corretas, as ecobags são mais práticas, mais resistentes e bonitas”, explica. Em relação ao preço, Vanessa é direta. “Pagaria caro sim e tenho muitas ideias de como posso produzir as minhas próprias sacolas sustentáveis. Além disso, a ecobag pode ser utilizada de diversas formas”, enfatiza.

Na opinião da bióloga Gabriela Fernandes, usar sacolas sustentáveis é uma atitude válida. “Além de contribuir para a preservação do meio ambiente também ajuda no marketing da empresa. Essas ações podem dar a ela credibilidade e força no mercado”, diz. Para Gabriela, o homem está entendendo que faz parte de um sistema complexo e, para que ele continue em equilíbrio, é necessário desempenhar um

As divergências das sacolas sustentáveis

Especialistas e consumidores têm opiniões diferentes sobre a utilização do produto sustentável

Por Amanda Nóbrega

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“É um absurdo o número de sacolas plásticas que são descartadas todos os dias. Além de serem ecologicamente

corretas, as ecobags são mais práticas, mais resistentes e bonitas”

Vanessa Azevedo

bom papel. “O preço deve afastar os consumidores no começo, mas com o tempo e com o investimento do governo nessas medidas ecológicas, as pessoas vão aderindo ao produto”, diz.

Para o proprietário da Parla Deli, Marcelo Silva, os estabelecimentos devem informar ao consumidor se a sua empresa vende as sacolas sustentáveis. “Comercializamos as nossas ecobags com o logo da Parla Deli e a renda é revertida para instituições de caridade. Essa foi uma das formas que encontramos para incentivar os nossos clientes a comprá-la”, relata. Ainda de acordo com ele, a medida que obriga os supermercados a utilizar outros tipos de sacolas deve chegar ao Recife. “Não podemos esperar pela conscientização das pessoas. O Estado precisa intervir”, finaliza.A experiência na capital paulista, que não está utilizando sacolas plásticas nos supermercados, é considerada positiva pelo presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. Ele lembra que a entidade assinou, em 2011, um compromisso de reduzir em no máximo 30% até o final de 2013 o consumo das sacolas plásticas no Brasil.

Sacolas diferentesSegundo uma pesquisa que foi comentada pelo consultor da presidência do Sistema Fecomércio-PE, o advogado José Almeida Queiroz, 81% dos clientes são contra a eliminação da sacola e 5% dos consumidores já estão trazendo embalagens para casa. Agora a discussão é sobre o modo como essas sacolas podem ajudar

a melhorar o meio ambiente e os prejuízos ecológicos. Além das ecobags, outra opção para quem quer tomar atitudes mais sustentáveis é a sacola biodegradável.

O plástico biodegradável é aquele que pode ser degradado por bactérias ou fungos na presença de água, dióxido de carbono e algum material biológico. É importante frisar que nem todas as sacolas biodegradáveis são feitas a partir de fontes renováveis. Esse material também pode ser produzido a partir do petróleo. A utilização dessas sacolas ainda é controversa. Alguns consideram que os aditivos

podem contaminar os lençóis freáticos, outros defendem a sua utilização.

Outro material que também pode ser utilizado para substituir o plástico é o bioplástico. “É uma alternativa fabricada a partir de etanol obtido de processos fermentativos de recursos renováveis, como milho, cana-de-açúcar e beterraba. Essa fonte não seca, agride menos o meio ambiente e é degradável”, explica a bióloga Gabriela Fernandes. Geralmente, esse material é obtido de produtos vegetais. Enquanto o produto tradicional demora até 500 anos para desaparecer na natureza, o bioplástico leva 18 semanas.

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As vitrines de lojas de móveis nos maiores polos moveleiros do Recife, a Rua do Aragão, no Centro

da cidade, e a Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, mostram ofertas irresistíveis aos consumidores que querem montar ou apenas dar uma mudada no visual da residência e/ou do escritório. Conjuntos estofados que custavam R$ 1.290,00 podem ser adquiridos por R$ 990,00. O preço de uma mesa com seis cadeiras de madeira “maciça” sofreu uma redução de R$ 2.900,00 para R$ 2.050,00. E, se o consumidor pesquisar, pode encontrar produtos ainda mais baratos e ao gosto do freguês.

A redução de preço dos móveis foi possível devido à medida do Governo Federal que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), adotada desde o final de novembro do ano passado, que estaria em vigor até abril e foi prorrogada agora passando a valer até o final de setembro. A alíquota que incide sobre esses produtos, que era de 5%, foi reduzida para zero. A intenção do governo é estimular principalmente as classes C, D e E a consumir, aproveitando o bom momento vivido pela economia brasileira, que se completa com a redução dos juros do sistema bancário.

Para o consultor da Fecomércio-PE, José Fernandes de Menezes, em Pernambuco este incentivo ocorre em um bom momento, quando o Estado atravessa uma fase de instalação de grandes empreendimentos, como a Refinaria de Suape, o Polo Farmacoquímico de Goiana e muitos outros, que geram emprego e renda para a população. Com renda fixa garantida mensalmente, diz o consultor, o comércio ganha, pois os consumidores, especialmente nas classes de menor renda, se arriscam em crediários de pequenas parcelas para adquirir produtos que antes nem poderiam sonhar. Mas, aconselha Fernandes, tem melhor vantagem quem compra à vista, pois pode barganhar ainda mais.

Opinião dos lojistas - A expectativa dos comerciantes de móveis com relação à redução do IPI é otimista. Para eles, deve haver um aquecimento nas vendas desses produtos até o final do prazo. Mas esse possível incremento, segundo a maioria dos comerciantes do polo do Aragão, só poderá ser sentida em médio prazo. Por enquanto, eles apostam em outras ferramentas para garantir a venda, como o marketing televisivo e o atendimento primoroso.

Redução do IPI para móveis estimula a atividade econômicaPor Ceça Ataides

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Para Eduardo Moura, gerente comercial da Ipanema Móveis e Colchões, o que leva realmente o consumidor a comprar é a propaganda e a boa receptividade na loja. “Temos que mostrar ao cliente o quanto ele é importante, mesmo que não compre nada na ocasião, sempre volta para comprar depois.” Luciana Almeida, gerente da Requinte Móveis, tem a mesma opinião. “A redução do IPI não influenciou muita coisa nas vendas. A diferença está no marketing e na qualidade dos produtos ofertados.”

Segundo o gerente comercial do Salão do Móvel, Argemiro Júnior, as associações dos lojistas de móveis estão investindo fortemente no marketing como estratégia de aumentar as vendas, incluindo nas campanhas publicitárias a redução do IPI para chamar a atenção. O material está exposto em vitrines das lojas, em encartes promocionais distribuídos a quem vai olhar os móveis e nos próprios produtos que estão em promoção. Ele mostrou-se satisfeito com as vendas e disse que, com a redução do IPI, o volume de vendas da loja

aumentou consideravelmente se comparado ao do mês de maio do ano passado.

Na opinião de Geisa Maria Dias, responsável pela parte administrativa e financeira da Formato Móveis, com duas unidades no Recife, houve uma movimentação maior dos clientes na procura por móveis devido à redução do IPI na primeira semana pós-anuncio da resolução do governo. “A expectativa é que o governo fixe definitivamente essa decisão, prevendo inclusive o

aumento do fluxo de vendas de final do ano, com a chegada no Natal, quando sai também o 13º salário, onde as pessoas costumam trocar os móveis de casa”, enfatiza.

Para Carlos Gouveia, 32 anos, arquiteto, morador de Areias, no Recife, que estava pesquisando preços para adquirir um conjunto estofado para sua residência, antes de efetivar a compra, é preciso analisar bastante.

“Entro em quase todas as lojas e verifico os preços e também a qualidade do material. Se houver a união do preço com a boa qualidade do produto, realizo a compra. A redução do IPI é boa, mas não é o principal item na avaliação para a compra”, revela o arquiteto.

Construção civil – A gerente da loja Exclusiva Móveis, com filial na Avenida Conselheiro Aguiar, Luciana Vieira, acentua a tendência do mercado de móveis em ascender paralelamente ao mercado imobiliário. Em duas décadas de altos e baixos, a construção civil tem encontrado saídas para crescer. Mercados como o de produtos de madeira, móveis e luminárias são impulsionados nessa fase positiva. “Os comerciantes vêm comemorando as vendas de móveis desde o ano passado, quando começou o aquecimento da construção civil”, garante Argemiro Júnior, do Salão de Móveis. Segundo ele, quem compra uma casa ou apartamento costuma também adquirir móveis novos. “A ideia está associada a uma nova oportunidade de vida, de começo”, explica o gerente.

“As associações dos lojistas de móveis

estão investindo for-temente no marketing

como estratégia de aumentar as vendas, incluindo nas campa-nhas publicitárias a

redução do IPI”

Argemiro Júnior

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Qualificar os moradores do entorno para as ocupações ligadas ao RioMar Shopping, o mais novo

empreendimento da Zona Sul do Recife. Esse é o objetivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) com o Programa de Qualificação para o Varejo. Por meio desse programa, é possível acompanhar o processo formativo, aperfeiçoar as funções e, principalmente, aumentar o índice de empregabilidade local.

Para organizar o programa, foram detectadas as principais ocupações do varejo, que foram alinhadas com os dados obtidos no Cadastro Geral da Comunidade. Assim, foram definidos os cursos necessários para atender ao perfil do Rio Mar. Os três eixos de atuação do empreendimento identificados são administração, operação e lojista.

A programação dos cursos foi planejada por meio de uma metodologia que une a teoria e a prática. Além disso, pode ser considerada interdisciplinar, em que são associadas estratégias para desenvolver a capacidade crítica e criativa dos candidatos.

O convênio entre o Senac e o RioMar foi firmado em maio de 2011. Após um ano, foram formadas mais de 2 mil pessoas.

Banco de talentosApós o processo de formação dos jovens, uma das iniciativas complementares será a criação de um banco de talentos, onde as principais informações das pessoas formadas nos cursos do Programa de Qualificação para o

Senac prepara profissionais para trabalhar no RioMar ShoppingPor Kamila Nunes

Programa de Qualificação para o Varejo completa um ano e mais de 2 mil pessoas já estão formadas

ADMINISTRATIVO Administrador de redes 201h 1 turmaAgente em prevenção de perdas 200h 1 turmaAlmoxarife 240h 2 turmasAuxiliar administrativo 240h 2 turmasAuxiliar de limpeza 160h 2 turmasAuxiliar de operações logísticas 200h 2 turmasAuxiliar de pessoal 240h 1 turmaMont./manutenção micro 167h 3 turmasOperador de computador 160h 9 turmasOperador de Telemarketing 170h 2 turmasRecepcionista 240h 2 turmasWeb designer 200h 1 turma

LOJISTAAtendente de lanchonete 160h 1 turmaAuxiliar de cozinha 240h 4 turmasAuxiliar de crédito e cobrança 160h 2 turmasGarçom básico 200h 1 turmaOperador de caixa 160h 4 turmasOperador de supermercado 160h 1 turmaPromotor de vendas 160h 1 turmaVendedor 160h 4 turmasOPERAÇÕESPorteiro e vigia 160h 2 turmasCopeiro 160h 1 turmaBombeiro civil 210h 2 turmas

Conheça agora os cursos oferecidos

Varejo serão sistematizadas em um ambiente virtual e apresentadas aos empresários do RioMar.

O Banco de talentos será um espaço de interação entre egressos, que terão oportunidade de participar de processos seletivos, de acordo com sua área de formação, e de empresários, que terão oportunidade de estabelecer o contato com profissionais qualificados.

Serviço: Instituto JCPM – (81) 3031-4387 / Senac – (81) 3413-6626

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Confie na renda, não no crédito

ECONOMIA EM PAUTA | LUIZ KEHRLE

O crédito é capaz de melhorar a vida do consumi-dor por permitir que o consumo se ajuste à renda de longo prazo, não ficando restrito ao rendimen-to presente. Se alguém espera uma renda futura

maior que a presente, não há por que restringir o con-sumo à disponibilidade monetária atual. O crédito pode antecipar parte do que seria consumo futuro, equalizan-do a trajetória de gastos. E há o outro lado da moeda: se alguém tem uma renda maior agora do que terá no futu-ro, não precisa consumir toda a renda presente, podendo poupar parte dela para consumir posteriormente. Isto é bom para o consumidor e para a economia.

Todavia o consumo presente financiado por uma renda futura tem um preço, e esse preço chama-se taxa de juros. Esse é o prêmio que se tem de pagar a quem abdicou do consumo atual - o poupador - e a quem fez o trabalho de trazer o dinheiro poupado até o bolso do consumidor - o sistema financeiro. Muitas vezes o sis-tema financeiro cobra muito alto para levar o dinheiro do poupador para o consumidor. Pode haver muitas razões para isso, como inadimplência alta, pequena vo-lume de poupança em relação à procura por fundos ou mesmo pequena concorrência no sistema, permitindo que os bancos e as financeiras cobrem taxas de juros mais altas.

Quando o governo decide usar os bancos oficiais para forçar a baixa dos juros, como atualmente, é porque acredita que a concorrência está pequena. Medidas de aumento da concorrência são sempre bem-vindas, mas tem que se ter o cuidado de que as taxas cobradas pelos bancos públicos de fato remunerem o capital empres-tado, o que inclui o custo dos bancos. Caso contrário, no futuro seremos convidados a pagar a capitalização desses bancos via aumento de impostos.

O papel benéfico do crédito como elemento de ajuste da trajetória de consumo está fora de discussão. O problema surge quando o crédito é, por exemplo, usa-do como política compensatória, um uso que tem um exemplo dramático muito recente.

O economista Raghuram Rajan, com suas creden-ciais de ex-economista-chefe do FMI, põe na origem da grande crise financeira de 2008 a utilização do crédito como compensação ao grande aumento de desigualda-de de renda na sociedade americana: em 1975 a renda dos 10% mais ricos era três vezes maior do que a dos 10% mais pobres; em 2005, 30 anos depois, era cinco ve-zes maior. Como a renda da classe média cresceu quase como a dos mais pobres, cresceu muito a desigualdade e um grande aumento do crédito foi então utilizado para tornar palatável à maioria a perda relativa de poder de compra. O resultado sabemos qual foi.

Não se pode acusar o governo brasileiro de estar usando o crédito com o mesmo fim porque a desigualda-de está caindo no Brasil. Mas não há duvida quanto a ter sido o crédito um dos principais responsáveis pelo atual ciclo de crescimento da demanda. No início do ciclo a política estava correta. Em 2009, com a grande retração da demanda causada pela crise, também era justificada. Mas, no presente, o que justifica a expansão do crédi-to? Que o governo continua fomentando a expansão do crédito, não há dúvida. Basta ver que em abril de 2012 os bancos oficiais foram responsáveis por 44,2% do total de crédito contratado, contra 41,8% um ano antes. A questão é saber por quê.

A justificativa do governo para a atual política de crédito é aquecer a demanda, em busca de uma taxa de crescimento do PIB este ano no entorno de 3,5%, que parece difícil de ser obtida. Como a queda forçada dos

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Luiz KehrleConsultor econômico do Centro de Pesquisa da Fecomé[email protected]

juros e a redução do IOF podem não ser suficientes para compensar as pressões de contenção do crédito deriva-das do aumento do endividamento, comprometimento da renda das famílias e da inadimplência, o governo ameaça com um pacote específico para essa última, o que não deixa de ter uma componente esdrúxula.

Segundo o Banco Central, em abril as famílias já tinham comprometido mais de 22% de sua renda com o pagamento de dívidas, que por sua vez já representam quase 43% da renda delas. A inadimplência das pessoas físicas era de 7,6%, cerca de 1,5% acima de abril do ano passado. A tendência de crescimento dessas variáveis deixa claro que será necessária uma forte indução para que o crescimento seja acelerado, mesmo com a baixa dos juros e com o aumento do emprego e da renda.

Além do mais, não se pode esquecer que a inten-sificação da demanda atual deve levar a pressões infla-cionárias ainda no final deste ano, o que certamente causaria uma retração do crédito já no início do pró-ximo ano. Uma das características dessas políticas de monitoramento intensivo da demanda é sua mutabili-dade, o que pode levar a uma grande variabilidade no desempenho do varejo. Quem duvidar é só ver o que aconteceu no ramo de vendas de automóveis em todo o Brasil. Na Região Metropolitana do Recife, as vendas de automóveis, que puxaram o varejo nos anos anteriores, foram as únicas a ter desempenho negativo no primeiro quadrimestre do ano, recuando 17,4% em relação a igual período no ano passado.

Por tudo isso, mesmo reconhecendo as excelên-cias do crédito, não se fie nele como garantia de uma expansão permanente dos negócios. Para isso, confie no aumento do emprego e da renda. Ou o que é melhor ainda, torça para que as reformas avancem e que em consequência a produtividade da economia cresça no longo prazo. Nisso sim, e não no crédito, pode o varejo depositar sua confiança.

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Consolidado como uma das principais instituições de formação para quem atua na área, o Centro de

Hotelaria e Turismo do Senac Recife comemorou, no mês de maio, os 40 anos do seu Restaurante-Escola. Responsável por revelar ao circuito gastronômico local e nacional chefs como César Santos, da Oficina de Sabor, Sílvio Romero, do restaurante Due, Claudemir Barros, do Wiella Bistrô, entre outros, o Restaurante-Escola alcança essas quatro décadas com várias vitórias para celebrar. A estrutura física atual do Restaurante-Escola não é nem de longe a mesma da inaugurada em maio de 1972. Com a expansão de suas dependências, foi possível atender mais clientes, além de

oferecer a oportunidade a mais alunos de vivenciar o dia a dia da profissão de chef de cozinha. Atualmente, são servidos de 180 a 200 pratos por dia no local – número bastante superior às cerca de 40 refeições servidas no início da trajetória do restaurante. As turmas, que eram inicialmente formadas por dez pessoas a cada módulo, passaram a reunir o dobro de interessados em mergulhar no mundo da gastronomia. O contexto social da época da inauguração do Restaurante-Escola também já não é mais o mesmo. Basta ver que a opção pela carreira dentro da cozinha não era vista com bons olhos nem mesmo por familiares, porém dos anos 1990 para cá ser cozinheiro

se transformou em sinônimo de prestígio social. Sendo assim, cada vez mais têm surgido cursos superiores de gastronomia e de especializações na área com o objetivo de suprir a demanda gerada por quem deseja viver em meio a caçarolas e escumadeiras. Quem enfrentou pessoalmente o preconceito por sua escolha profissional foi o chef Ivalmir de Souza, cuja história se confunde com a do Restaurante-Escola do Senac Recife, já que ele está há 25 anos trabalhando no local. Quando optou por seguir a carreira, aos 18 anos, ele foi expulso de casa pela mãe e não encontrou apoio nos irmãos. “Naquela época era muito difícil, os pais não queriam um cozinheiro

Restaurante-Escola do Senac Recife comemora 40 anos

Por Marina Andrade

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em casa, mas sim um seminarista ou um professor. Hoje todo mundo quer ser cozinheiro e a mídia tem estimulado bastante isso”, afirma o chef Ivalmir, que foi formado no Senac, onde começou a estudar em 1974. Após terminar o curso e trabalhar em vários lugares, ele retornou como funcionário, em 1986, ao local onde iniciou os estudos, para supervisionar os alunos que auxiliam no funcionamento tanto da cozinha quanto do salão. De acordo com a gerente do Centro de Hotelaria e Turismo, Mércia Araújo, passam, anualmente, pelo Restaurante-Escola uma média de 1.020 alunos dos cursos de cozinheiro, garçom, bartender, auxiliar de cozinha e atendente de lanchonete. Com a inauguração da adega, será lançado também o curso de sommelier. “Observa-se que o mercado tem absorvido os alunos com formação profissional realizada no Restaurante-Escola, visto o grande número de solicitações deste segmento através da Copeg, que é o setor responsável pelo encaminhamento dos alunos do Senac para o mercado de trabalho. Além disso, estamos sempre encontrando ex-alunos que hoje são profissionais trabalhando em restaurantes, hotéis, pousadas e bares”, completa Mércia. Atualmente 23 cozinheiros trabalham no Restaurante-Escola do Senac Recife, sendo todos formados na própria instituição. Para o aluno Deyvson Roberto, a possibilidade de estar em contato direto com os clientes e vivenciar o cotidiano da profissão é o principal diferencial dos cursos oferecidos pela

instituição na área de gastronomia. Ex-aluno do curso de cozinheiro do Senac Recife e, hoje, proprietário do Wiella Bistrô, o chef Claudemir Barros acredita que o Restaurante-Escola é de grande importância para Pernambuco. “É nele que os jovens têm uma verdadeira noção de como funciona uma cozinha e do que é a profissão. O Restaurante-Escola do Senac foi um lugar muito importante para mim, onde aprendi todas as bases de técnicas, molhos, cortes, etc., e recebi não apenas teoria, mas também bastante ensinamentos práticos. Na minha opinião, o Restaurante-Escola do Senac fez a história da gastronomia pernambucana na prática”, afirma. Além de comemorar a trajetória alcançada até agora, o Centro de Hotelaria e Turismo continua trabalhando para manter o seu papel. “São 40 anos oferecendo

educação profissional capaz de mudar as vidas de muitas pessoas. Que venham mais 40 anos para mudar a vida de muito mais gente”, conclui o chef Ivalmir. CardápioDe acordo com o chef Ivalmir, o Restaurante-Escola do Senac Recife tem oferecido um cardápio cada vez mais elaborado, com opções de pratos à la carte e também self-service. Com capacidade para 120 pessoas, o local funciona das 12h às 15h de segunda a sexta-feira. Para diversificar o serviço, os pratos oferecidos à la carte são modificados de dois em dois anos, enquanto os do self-service variam de semana a semana. Entre os destaques do cardápio, estão os pratos Sabor do Mar Suassuna (filé de peixe com camarão grelhado ao azeite); Camarão à Espanhola (camarão refogado no azeite com alho, tomate, pimentão e molho ao sugo); e Bacalhau à Imperial (bacalhau com orégano e manjericão, cebola, alho-poró, azeitona e batata). Sobremesas como musses, tortas, pudins, sorvetes, além de frutas da região, também são oferecidas pelo Restaurante-Escola do Senac.

“Na minha opinião, o Restaurante-Escola do Senac fez a história

da gastronomia pernambucana na prática”

Chef Ivalmir de Souza

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JURÍDICO EM PAUTA| JOSÉ ALMEIDA DE QUEIROZ

Cuidados à pessoa com deficiência

José Almeida de QueirozConsultor da Presidência do Sistema Fecomé[email protected]

O Ministério da Saúde editou a Portaria nº. 793, de 24 de abril de 2012, instituindo a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, por meio da criação, ampliação e articulação de pontos de

atenção à saúde para pessoas com deficiência temporária ou permanente, progressiva ou estável, intermitente ou contínua, cabendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) ampliar e diversificar a atenção às pessoas com deficiência física, auditiva, intelectual, visual ou com múltiplas deficiências, além daquelas que passaram por ostomia (cirurgia para a abertura de um orifício no corpo).

Essa Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do SUS complementa a orientação estabele-cida na Portaria nº. 2.488/GM/MS, de 21 de outubro de 2011, que aprovou a Política Nacional de Atenção Bási-ca, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), considerando o Relatório Mundial sobre a Deficiência, publicado pela Organização Mundial de Saúde em 2011, sob o título

“Word Report on Disability”. São diretrizes para o funcionamento da Rede

de Cuidados à Pessoa com Deficiência: I - res-peito aos direitos humanos, com garantia de autonomia, independência e liberdade às pes-

soas com deficiência para fazerem as pró-prias escolhas; II - promoção da equidade; III - promoção do respeito às diferenças

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Rua Dr. Manoel Borba, 68, Centro,

Garanhuns, Pernambuco,

CEP: 55.295-020

Tel./Fax: (81) 3761.0148

E-mail: [email protected]

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e aceitação de pessoas com deficiência, com enfrentamento de estigmas e preconceitos; IV - garantia de acesso e de qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; V - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; VI - di-versificação das estratégias de cuidado; VII - desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; VIII- ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; IX - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; X - promoção de estratégias de educação perma-nente; XI - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com defi-ciência física, auditiva, intelectual, visual, ostomizadas ou com múltiplas deficiências, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular; e XII - desenvolvimento de pesquisa clínica e inovação tecnológi-ca em reabilitação, articuladas às ações do Centro Nacional em Tecnologia Assistiva.

Os principais objetivos são: I - ampliar o acesso e qualificar o atendi-mento às pessoas com deficiência temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua no SUS; II - promover a vinculação das pessoas com deficiência auditiva, física, intelectual, ostomi-zadas ou com múltiplas deficiências e suas famílias aos pontos de atenção; e III - garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento e classificação de risco. A Comissão Intergestores Regional (CIR) deverá de-senvolver as atribuições, as responsabilidades e o aporte de recursos neces-sários pela União, pelo Estado, pelo Distrito Federal e pelos municípios na elaboração dos planos e com a programação de atenção à saúde das pessoas com deficiência, que serão objeto de normas específicas, previamente dis-cutidas e pactuadas no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), cabendo ao Ministério da Saúde acompanhar, monitorar, avaliar e, se neces-sário, revisar em até 180 dias a Portaria nº. 793/2012.

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O mercado oftalmológico nacional vem mudando e inovando a cada dia. No Brasil, há um forte

investimento estrangeiro na indústria local. As principais produtoras de lentes do mundo já implantaram laboratórios no país, trazendo consigo novos produtos, inovação tecnológica e melhoria na logística de distribuição de produtos.

A indústria de óculos em geral tem investido forte no design, pois o consumidor acredita que os óculos não são apenas uma alternativa para resolver problemas de visão, são um acessório de moda, o que é evidenciado pelas inúmeras grifes nacionais e internacionais. Além disso, a oferta cada vez maior de produtos no setor fez com que o consumidor se tornasse mais exigente, levando as empresas a investir em novas tecnologias e treinamento mais eficiente. “Isso tudo proporcionou, naturalmente, a modernização da rede de distribuição, operando na comercialização dos produtos com equipamentos de padrão internacional, colocando o setor do Brasil como um dos mais modernos do mundo”, explica Laércio Lima, diretor-geral da Central de Óculos, que está presente em Pernambuco há 16 anos e foi destaque empresarial no Estado e premiada nacionalmente.

Investimento traz inovação para mercado de óticas

Cenário econômico brasileiro contribui para mudança do ramo no Recife

Por Kamila Nunes

LAÉRCIO Lima, diretor-geral da Central de Óculos

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Diante de tanta novidade no setor, Laércio aponta uma irregularidade preocupante: o índice de descumprimento à legislação de funcionamento do setor, baseada nos decretos 20.931, de 11/1/1932, e 24.492, de 28/6/1934, que ainda é muito alto. De acordo com dados da Associação das Empresas do Setor Ótico de Pernambuco (Aotiscape), é grande a quantidade de óticas em todo o Estado funcionando clandestinamente. Além disso, todas as óticas no Brasil são obrigadas por lei a manter em cada estabelecimento, seja loja ou laboratório, um técnico com formação em ótica oftálmica. “Para formarmos esses novos profissionais, procuramos o Senac/PE e através da nossa associação conseguimos apoio para a criação do curso técnico em óptica, recentemente aprovado pelo Conselho Estadual de Educação, por meio da Portaria 4.704, de 7/7/2011”, conta. A primeira turma desse curso deve começar ainda no decorrer do primeiro semestre.

Outro fato relevante que vem acontecendo no setor é a regulamentação técnica na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), num trabalho que está sendo conduzido pela Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abiótica). “Essa regulamentação é fundamental para que o mercado tenha referência no momento de avaliar a qualidade de materiais, equipamentos de produção e produtos finais, entre outros itens”, explica. “Lugar de gente feliz” – Óticas Diniz são exemplo de inovação “O cliente sempre tem razão.” Esse é um lema bastante conhecido no mundo dos negócios. E é assim que se faz em uma das redes de óticas mais prestigiadas pelos pernambucanos e eleita oito vezes consecutivas a marca mais lembrada no segmento ótico pelo “Recall de Marcas”, do Jornal do Commercio, as Óticas Diniz.

Liderada pelo executivo Guilherme Diniz, a rede de óticas, que está na capital pernambucana desde 2004, já conta com 13 pontos de vendas espalhados pela Região Metropolitana do Recife, abrindo mais dois até o final do ano. Pelo Brasil, são mais 540 lojas. A receita dessa expansão de sucesso está em um conjunto de detalhes que fazem a diferença, segundo Diniz. “O foco é muito importante. Quem não sabe aonde quer chegar, não chega a lugar nenhum”, afirma. As Óticas Diniz trouxeram ainda um novo conceito para o segmento no Recife, o formato prime, que segundo o executivo traz um mix diferenciado de produtos das melhores marcas e grifes do mundo, voltado para um público mais exigente e de maior poder aquisitivo. Além disso, as Óticas Diniz Prime focam o atendimento e a qualificação dos profissionais. Para Diniz, ainda existe muita informalidade no segmento e pouca fiscalização para combater esse problema. “As empresas formais têm que se sacrificar para manter-se no mercado”, conta. A esperança é que o cenário atual mude rapidamente, pois o segmento está totalmente ligado à saúde, o que deixa a situação bastante delicada. “Contudo, ainda há grandes possibilidades para crescer na região”, acredita. Além de ser a marca mais lembrada do segmento, as Óticas Diniz receberam ainda o prêmio “Marcas que Eu Gosto”, do Diario de Pernambuco. Guilherme Diniz revela o segredo do sucesso: “O nosso objetivo é deixar o cliente feliz”.

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Goiana H

á pouco tempo, Goiana era apenas mais um dos municípios da Mata Norte de Pernambuco. Distante cerca de 60 quilômetros da capital, sobrevivia prioritariamente da monocultura

da cana-de-açúcar até que o crescimento econômico estendeu seu lastro e determinou que ali fosse instalado o Polo Farmacoquímico. Indo além, junto à Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), vieram a nova fábrica da Fiat no país e a Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), além de empresas sistemistas, milhares empregos e uma grande mudança no local.

De acordo com dados do governo do Estado, a área norte soma R$ 15 bilhões em investimentos. Somente da Hemobrás, o aporte chega a R$ 670 milhões, e o projeto, que já teve a câmara fria de armazenamento de plasma concluída, prevê ainda outros 19 prédios que comporão o polo.

Vale vislumbrar as mudanças: a partir da Hemobrás, serão distribuídos fatores de coagulação 8 e 9, atendendo aos cerca de 12 mil hemofílicos brasileiros. “Não há nada parecido dos Estados Unidos para baixo. E estamos falando de Goiana, um local onde,

historicamente, só se plantava cana-de-açúcar e servia de passagem para a Paraíba”, diz o presidente da companhia, Romulo Maciel. De fato, Goiana nunca mais será a mesma.

Mas sem dúvida o grande anúncio de 2011 foi a chegada da nova unidade da montadora italiana Fiat a Pernambuco, que, de saída, trocou cerca de 400 hectares de área no Complexo Industrial Portuário de Suape por mais espaço em Goiana. Em 2014, a Fiat começa sua nova operação em um terreno de 1,3 mil hectares, com uma estrutura que inclui fábrica e pista de teste de veículos. O empreendimento deve atrair mais de 40 sistemistas. Com a terraplenagem concluída, as obras civis estão prestes a começar, concretizando o projeto de R$ 3,5 bilhões.

Por outro lado, a cana-de-açúcar deve se manter como um componente da economia da Zona da Mata Norte. O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, acredita que o Estado seguirá um caminho como o de São Paulo, onde a monocultura canavieira convive com outras atividades. “A diversificação da economia é salutar. Estamos em fase de implantação,

da cana à indústriaCrescimento de Pernambuco chega à Mata Norte e já transforma a vida do interior Por Tatiana Notaro

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Empresa Setor Investimento Área ocupada Empregos diretos

Hemobrás Hemoderivados R$ 670 milhões 25 hectares 320

Multisaúde Medicamentos homeopáticos R$ 4,31 milhões 4,31 hectares 43

Riff Soros R$ 83,8 milhões 6, 15 hectares 228

Ibesa (Rishon) Cosméticos R$ 6 milhões 9 hectares 105

Vita Derm Cosméticos R$ 30 milhões 6,8 hectares 350

AC Diagnóstico Kits de diagnóstico R$ 13,5 milhões 2,66 hectares 270

Ion Química Insumos para indústria farmacêutica R$ 18 milhões 50 hectares 50

Hair Fly (Cosméticos Indústria e Comércio) Cosméticos R$ 20 milhões 9,27 hectares 180

Agroindustrial Frutnaã Bebidas R$ 495 mil - 42

Klabin S.A. Papel R$ 43 milhões - 37

Hallertau Indústria de Bebidas Bebidas R$ 34,4 milhões - 221

Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP) Vidros R$ 77 milhões - 370

Nutra Nutrição Animal do NE S.A. Nutrição animal R$ 13,9 milhões - 26

mas chegará a etapa de ajustes. Lembramos que o açúcar e o etanol são matérias-primas para as indústrias de alimentos e energia”, considerou.

ImpostosEm março deste ano, com presença do governador Eduardo Campos, foram iniciadas as obras civis da Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), empresa do Grupo Cornélio Brennand, prevista para entrar em atividade em 2013. Próxima ao Polo Farmacoquímico, em Goiana, a fábrica recebeu R$ 670 milhões em investimentos. “Essa é uma indústria muito importante, ligada à construção civil, à indústria de automóveis, à linha branca de eletroeletrônicos. Ela vai fazer com que o Brasil economize muito dinheiro em busca de vidros planos no estrangeiro, e que agora vão ser feitos aqui, pela mão de nossa gente”, declarou, na ocasião, o governador.

E a CBVP é um dos casos clássicos da política de atração de investimentos que o governo tem empregado. O Estado costuma arcar com obras de terraplenagem e fazer doações de terrenos em contrapartida à instalação de fábricas. Com a Companhia dos Brennands, que vai ocupar um terreno de 90 mil metros quadrados (m²), houve a concessão de crédito presumido de 95% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) durante 12 anos, prorrogáveis por igual período. Trata-se do Programa para o desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe). A busca do governo pela interiorização do desenvolvimento concede mais

incentivos a empreendimentos que se instalam fora da Região Metropolitana do Recife (RMR). É uma das razões pelas quais Pernambuco tem recebido grandes empresas, como a Kraft Foods, que já funciona em Vitória de Santo Antão. Outros exemplos são a WHB, indústria de componentes automotivos, e a fábrica de macarrão instantâneo da Nissin, ambas já em obras em Glória do Goitá.

A questão agora é que essa “guerra fiscal” entre Estados está sub judice. Convém lembrar que a prática de os Estados estabelecerem os próprios incentivos fiscais, sem participação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), é inconstitucional. E a questão pode ser posta em xeque pelo Supremo Tribunal Federal (STF), onde a pauta entrará em análise. A medida pode pôr fim ao embate fiscal entre os Estados brasileiros.

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“Foram gerados 574.450 empregos formais em Pernambuco durante os dois anos do governo Lula”Antônio Carlos Maranhão

Mão de obraSe os incentivos fiscais atraem, a falta de mão de obra poderia ser um entrave para as empresas que decidem se instalar em Pernambuco. Na tentativa de solucionar o problema, o governo criou vários programas de qualificação – como o Qualipetro, focado na cadeia de petróleo e gás.

Os empregos são o resultado mais direto do crescimento econômico. Como destacou o secretário de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo do Estado, Antônio Carlos Maranhão, durante palestra no UFPEtro, evento sobre a cadeia de petróleo e gás, a queda na informalidade é um grande referencial. Segundo Maranhão, enquanto em 1985 mais de 50% dos empregos eram informais no país, em 2010, esse número caiu para 16%. “Foram gerados 574.450 empregos formais em Pernambuco durante os dois anos do governo Lula”, detalhou.

“Temos foco, mas teremos resultados amanhã? Não. Foram anos de recessão no Nordeste, de um povo que precisava comer e não simplesmente se capacitar”, disse. Maranhão ainda defendeu a importância da qualificação profissional, especialmente nesta fase econômica do Estado, mas com ressalva: “Joga-se pelo ralo o dinheiro

da qualificação que não prevê a alta da escolaridade dessas pessoas”. Nesse caminho, disse o secretário, o Estado avança para corrigir o deficit da educação básica. Efetivou 20 mil matrículas em 2010, prevê 50 mil para este ano e 100 mil em 2014.

E é preciso andar, porque a demanda aumenta a cada dia, em todo o Estado. A Fiat, por exemplo, nem sequer começou a ser efetivamente erguida e já seleciona funcionários. A primeira etapa do processo recrutou mais de 6,7 mil pessoas, que passarão por capacitações para trabalhar na construção da planta industrial. Já houve, também, intercâmbio de profissionais que foram levados para a unidade da Fiat em Betim-MG, e na matriz, em Turim, na Itália. Para lá, foram dez estudantes pernambucanos, para um curso de 18 meses.

Fórum e númerosAs mudanças são muitas e precisarão entrar em debate, até porque a sociedade como um todo – mesmo as pessoas que não estão diretamente envolvidas nos processos – verá transformações. Inclusive, o diálogo será importante para que as oportunidades sejam plenamente aproveitadas. Nessa linha, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE) promoveu, no mês de abril, a primeira edição do Fórum Empresarial do Polo Econômico de Goiana, em parceria com a Agência de Desenvolvimento de Goiana (AD Goiana). Em pauta, o tema “Cenários para formação profissional e cadeia de fornecedores”.

“O polo de Goiana e mais três municípios vizinhos estão recebendo uma carga grande de investimentos estruturadores, dois grandes empreendimentos imobiliários. Todos vão demandar mão de obra para construção e execução, então é fundamental que a

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sociedade comece a perceber essa demanda”, comentou o diretor executivo do Instituto Fecomércio, responsável pelo fórum, Oswaldo Ramos. Ele destacou ainda que há uma carência de mão de obra, “não por quantidade, mas por qualificação”. Ramos ressaltou um ponto importante dessa industrialização da Mata Norte: envolver empresas que possam se tornar fornecedores de bens e serviços para grandes, como a Fiat e a Hemobrás.

Na opinião de Oswaldo Ramos, essa primeira edição do Fórum já trouxe resultados, com a participação de 300 empresários de Pernambuco e de outros Estados. “É interessante que haja a sensibilização dos empresários para este momento, eles são fundamentais para a dinamização da economia. Inclusive, participaram do Fórum representantes da Fiat, Hemobrás, CBVP e do Sistema Fecomércio.”

Durante o evento, a Fecomércio fez um levantamento sobre as demandas das empresas e os requisitos necessários de fornecedores para o polo de Goiana. Segundo a diretora regional do Senac, Lygia Leite, a pesquisa analisou perfil de empresas, segmentos de atividades demandadas na implantação e operação de cada empreendimento e as expectativas de cada uma delas. “Treze empresas responderam aos questionamentos, quantitativo que representa um total de 2,5 mil empregos diretos nas fases de implantação e operação do empreendimento”, comentou.

De acordo com Lygia Leite, 39% das empresas são do segmento de hospedagem e alimentação, 23% da construção civil, 15% da indústria farmacêutica e 23% de outras atividades. Tempo de experiência para o cargo e idade mínima são os requisitos principais, seguidos por escolaridade e tempo de experiência.

MoradiaA especulação imobiliária já chegou a Goiana, o que é visível até no valor de aluguéis de pequenos imóveis. Por lá, também já chegam os grandes empreendimentos imobiliários, pensados para serem grandes projetos de cidades planejadas. Recentemente, o consórcio formado pela GL Empreendimentos e os grupos Cavalcanti Petribu, Moura e Queiroz Galvão anunciou a implantação da Cidade Atlântica.

“Trata-se de um empreendimento sintonizado com o modelo da nova sociedade. Uma cidade planejada plenamente, do urbanismo à implantação em etapas, das primeiras habitações ao escalonamento da oferta de serviços”, explica o diretor regional do Grupo Queiroz Galvão, Múcio Souto, sobre o projeto, que será implantado em uma área de 600 hectares em Goiana.

Serão 18 mil moradias projetadas para receber cerca de 60 mil pessoas, em dois bairros. O projeto inclui, ainda, centros de convivência e serviços, centro comercial, além de infraestrutura para serviços, hospital, educação, negócios, esportes, lazer e segurança. “Preservar a Mata Atlântica é parte fundamental do projeto, que prevê áreas para bosques e parques públicos, além da manutenção e do reflorestamento de reservas naturais”, complementa o representante do Grupo Cavalcanti Petribu, Frederico Vilaça.

Goiana também vai receber o Northville, outro projeto do mesmo formato do Cidade Atlântica. Pertence ao consórcio Paradigma (AWM Engenharia, São Bento Incorporadora e CA3 Empreendimentos) e prevê 2,1 mil habitações, além de hotéis, hospitais, faculdades e shopping center.

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Informe Fecomércio (IF)- Como o Senac tem trabalhado a capacitação para os empregos que têm sido gerados no Estado?

Lygia Leite (LL) - O Senac tem uma longa história. São 65 anos comprometidos com a educação profissional em Pernambuco. Nos últimos cinco anos, temos realizado em média 90 mil atendimentos, distribuídos em cursos de capacitação, técnicos e ações extensivas.O modelo que adotamos tem duas características básicas. A primeira é voltada para o cidadão interessado em se qualificar, que busca uma formação técnica ou mesmo que se mantém preocupado com a atualização. Esses são atendidos dentro do que denominamos de “demanda espontânea”, para os quais temos uma vasta programação em nossas unidades no Recife, Paulista, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns, Petrolina e no site. A segunda está direcionada para estudos regionais, demandas qualificadas por segmentos do comércio, serviços ou os mais especializados como hospitalidade e gastronomia. Nesses casos, podemos adotar as parcerias, o Programa Senac de Gratuidade ou executar programas como Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Governo Federal.É fato que para todo modelo precisamos nos vincular às novas e permanentes demandas por educação profissional necessária à qualidade da inclusão produtiva dos pernambucanos, em especial dos jovens.

IF - Em algumas qualificações em curso (outras, como Qualipetro, por exemplo), chegou a ser noticiada uma evasão de inscritos. A que se deve? Que tipo de obstáculos vocês enfrentam para efetivar essas qualificações?

LL - São muitas as dificuldades e vamos destacar algumas, mas adiantando que são todas questões superáveis e que merecem a atenção de todos os que fazem a educação no país.A primeira delas, creio, está associada à baixa escolaridade. Temos enfrentado em quase todos os programas uma enorme necessidade de realizar uma complementação da escolaridade, reforço em matemática básica e linguagem. A segunda grande dificuldade está associada à inserção precoce e desqualificada das pessoas no mercado de trabalho. As necessidades do

ENTREVISTA | LYGIA LEITEDiretora Regional do Senac-PE

emprego e do trabalhador têm gerado um movimento preocupante: a entrada na vida produtiva sem qualificação e a busca por parte do empresariado de pessoas para ocupar as vagas, mesmo sem capacitação. Temos advertido que é necessária a definição, nos processos seletivos, de um padrão mínimo. Creio que dessa forma estaremos incentivando uma certificação com qualidade. É também evidente que as pessoas e o Estado não se prepararam antecipadamente e com a mesma velocidade para responderem a tantas demandas e com um maior nível de exigência das ocupações. Ainda podemos falar do imediatismo, muitas vezes temos alunos cursando uma qualificação ou mesmo um curso técnico e não conseguem terminar pela necessidade do emprego ou porque a sua vaga bateu à porta.

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Informe Fecomércio-PE | MAI/JUN 2012 | 27

IF - Para quantas empresas o Senac estima estar qualificando mão de obra hoje?

LL - É difícil estimar um quantitativo de empresas, porém ressaltamos o trabalho que estamos desenvolvendo em parcerias com instituições que representam grupos empresariais, como o caso da Associação Brasileira da Indústria e Hotéis de Pernambuco (ABIH-PE), com o Grupo JCPM, qualificando a população para atender ao empreendimento do Shopping RioMar, e com a AD Goiana, que foi nossa parceira na realização do 1° Fórum Empresarial do Polo Econômico de Goiana, e outros.

IF - Como gestora, que tipo de transformações acredita que surgirão deste momento econômico do Estado?

LL - Esse movimento de compromisso coletivo, das pessoas, instituições, governos e empresários, acreditamos que vai além das mudanças econômicas. Vai provocar uma grande mudança no perfil do capital humano e social em Pernambuco. Há um crescente reconhecimento da importância de profissionais com qualificação técnica, o espaço profissional começa a dar sinais de que a juventude não tem apenas o caminho do ensino superior. Esse espaço de qualidade também é técnico e de trabalhadores com cursos de qualificação certificados e reconhecidos pela sociedade.

IF - E especificamente para o município de Goiana, até então focado na monocultura de cana?

LL - Em Goiana os desafios são ainda maiores, porque, historicamente, a mão de obra dessa região sempre foi vinculada à cultura canavieira, e essa história muda no momento em que o desenvolvimento aponta para outros segmentos. Será, com certeza, uma das grandes novas riquezas, uma nova força social que se desenvolverá não só com o segmento da indústria automotiva, farmacoquímica, logística, mas também com um novo comércio, com serviços de saúde, educacionais e com um impulso especial aos segmentos de serviços turísticos e gastronômicos da região.

“Precisamos nos vincular às novas e permanentes demandas por educação profissional necessária à qualidade da inclusão produtiva dos pernambucanos, em especial dos jovens”Lygia Leite

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Situado na Zona da Mata Norte de Pernambuco, a 62 km do Recife, o município de Goiana tem se destacado

por receber empresas de grande porte, como a fábrica da Fiat e o Polo Farmacoquímico. Na rota desse crescimento, comerciários e a população da cidade e da região também vão ganhar em qualidade de vida com a chegada do Sesc Ler, que tem inauguração prevista para o início de 2013. Em uma área total de 54.614 m², o Sesc Ler Goiana será um complexo de grande porte com centro administrativo e educacional, teatro,

Goiana ganha unidade do Sesc LerPor Janayna Brasil

Com inauguração prevista para o início de 2013, serão oferecidos aos comerciários e à população serviços de saúde, educação, cultura, lazer e assistência

ginásio, parque aquático, museu, praça de eventos, pista de bicicletas e cooper, pátio de carretas, estádio de futebol e quadras poliesportiva, de vôlei de praia e futebol-soçaite. “Iremos oferecer todos os nossos serviços, atendendo de forma ampla desde a criança até o idoso através dos programas e atividades”, destacou a diretoria da Divisão de Educação e Cultura (DEC) do Sesc Pernambuco, Teresa Ferraz. Com a construção da unidade do Sesc Ler Goiana, além da formação a partir da criança, passando pelo jovem e também pelo adulto, os associados e dependentes do

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sistema Sesc terão um conjunto de atividades em todas as áreas, que vão contribuir para o aperfeiçoamento da mão de obra local e regional. A escolha do nome da unidade não poderia ser outra. Figura popular na cidade e famoso por treinar guaiamuns gigantes que servem bebidas aos clientes no seu restaurante, o Buraco da Gia, Luiz Moraes, empresário de 86 anos, foi indicado para ser o patrono do Sesc Ler Goiana. “Fico feliz em ter sido escolhido entre tantos empresários e comerciantes da cidade. Este é um presente e uma homenagem que o tempo não irá apagar”, disse Luiz Moraes. A cultura da cidade estará bastante presente no Sesc, onde haverá um museu que vai abrigar uma exposição permanente com peças doadas pelo colecionador e museólogo Luiz Gomes Correia. São mobiliários, retábulos, portas, nichos, armários, mesas e cadeiras dos prédios da arquitetura seiscentista não só de Goiana, como também das fazendas

Na assistência, o pátio de carretas receberá unidades móveis do Sesc – OdontoSesc – e do Senac, sendo esta última equipada com salas de aula para realização de cursos profissionalizantes à população. “Cada espaço foi planejado para atender às necessidades voltadas aos princípios básicos do desenvolvimento do ser humano, procurando se incorporar na luta pela eliminação da exclusão social e cultural de grande parte da população brasileira”, declarou o arquiteto responsável pelo projeto, Waldecy Pinto.

e engenhos da região. A população vai contar com teatro e cinema para 300 pessoas e uma praça de eventos, que terá um palco em formato de concha acústica para realização de shows. Para o lazer está sendo construído um parque aquático com piscina infantil e semiolímpica térmica para recreação, prática de hidroginástica e provas de natação, e no espaço haverá arquibancada com capacidade para 400 espectadores. Além do ginásio de esportes e do estádio de futebol, os associados terão acesso às quadras de futebol-soçaite, vôlei de praia e poliesportiva para a prática de esportes como handebol, futsal, vôlei e basquete. No edifício destinado à escola, serão três blocos, sendo o primeiro para a educação de crianças iniciantes (1° grau menor), o segundo reservado aos jovens do 1º e 2º graus e o terceiro bloco para biblioteca e restaurante com cozinha industrial, onde serão servidas, em média, 176 refeições por turno.

Luiz Moraes, empresário de 86 anos, foi indicado

para ser o patrono do Sesc Ler Goiana

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Para os comerciantes que lidam com a linha branca e outros eletrodomésticos, só existem motivos para

comemoração. É que a venda de geladeiras, fogões, máquinas de lavar, assim como liquidificadores, secadores de cabelo, chapinhas e outros produtos, está em ascensão. Eles figuram entre as opções mais procuradas nas lojas para opção de compra de presentes, segundo a maioria dos vendedores, superando inclusive, no Dia das Mães, pela primeira vez nos últimos dez anos, a venda de vestuário, calçados e outros artigos pessoais, como perfumes e bijuterias, que vinham se mantendo na liderança no ranking das vendas.

Os comerciantes acreditam que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vem contribuindo para essa ascensão do mercado. A desoneração para a linha branca que entrou em vigor em 1º de dezembro de 2011 foi prorrogada até o mês de agosto. O imposto para fogão passou de 4%

para zero; da geladeira, de 15% para 5%; e da máquina de lavar, de 20% para 10%. Para incentivar a redução do consumo de energia elétrica, a medida só vale para produtos com selo “A” de eficiência energética do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Esse incentivo vem impulsionar fortemente o comércio da linha branca”, enfatiza o consultor econômico do Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-PE, Luiz Kehrle.

Para a Fecomércio-PE, este é um ano ímpar para o comércio de eletroeletrônicos, e a explicação é simples. Este cenário é resultante da soma entre a maior oferta de crédito, renda mensal garantida, com novos postos de trabalho, juros bancários em queda e a prorrogação dos impostos. “Dá para perceber claramente a mudança no cenário do consumo. As pessoas vêm investindo nos bens duráveis, que hoje estão com preços muitas vezes mais acessíveis que os de vestuário. Há alguns anos, com o valor do

preço de uma geladeira se adquiria uma grande quantidade de roupas; hoje o volume se reduziu a algumas peças de vestuário”, comenta o consultor Luiz Kehrle.

Com o valor dos eletrodomésticos em queda, o consumidor pode levar uma televisão LCD de 32 polegadas por preços que variam entre R$ 600 e R$ 800, dependendo da marca e do modelo. Para Cinthia Lobato, 29 anos, moradora de Bairro Novo, em Olinda, “hoje com o mesmo valor de preço de uma calça e duas blusas de uma loja de grife, a gente pode levar a TV que vai durar muitos anos, se bem conservada, enquanto as roupas têm uma durabilidade bem menor”.

Outro fator atrativo na aquisição dos eletrodomésticos é a facilidade de obter financiamento e os prazos para pagamento das prestações, que podem chegar até a 24 meses, com taxas de juros bem menores. A possibilidade de financiar a longo prazo com taxa de juros

Comércio comemora ano ímpar nas vendas da linha brancaPor Ceça Ataides

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menores, segundo o consultor, faz o consumidor ir às compras com mais confiança de que vai conseguir honrar os compromissos na hora de efetuar o pagamento. “Outro fator que ajuda é o aumento da renda, principalmente para as classes D e E, que ainda não possuem esses aparelhos. Muitas dessas pessoas estão colocando os produtos dentro de casa pela primeira vez”, diz Kerhle. Ele acredita que, com o mercado de construção civil em alta e a chegada das festas de fim de ano, as vendas de eletrodomésticos vão continuar por um bom tempo nesse ritmo ascendente.

Ascensão das vendas – Micro-ondas tem sido um dos produtos da linha branca mais procurados pelos consumidores. Com apenas R$ 200, o consumidor poderá levar um produto de boa qualidade. Celulares e câmeras digitais também têm tido uma boa

procura. Mas, para o gerente da Ipanema Móveis, Eduardo Moura, nada supera a percentagem de vendas de televisores com tela de LCD. “Mesmo quem já tem uma TV nova, que não seja LCD, está comprando. Remaneja a mais antiga para os quartos e coloca a mais recente aquisição na sala de visita”, explica o gerente.

“As vendas estão bem aquecidas nos últimos meses”, garante o gerente comercial da Loja Eletroshopping da Rua Nova, no Centro do Recife, Ednaldo Soares.

Para ele, o Dia das Mães foi um dos melhores dos últimos anos. Como receita do sucesso, além da redução do IPI na linha branca, o comércio vem investindo fortemente no marketing. “A estratégia é aliar a publicidade à redução do IPI. Vem dando bens resultados”, declara o gerente.

Já Paulo César, gerente comercial do Ponto de Promoção, na Rua da Palma, a redução do IPI na linha branca e outras mercadorias realmente acelerou o ritmo das vendas. “Hoje o cliente não compra apenas nas datas comemorativas, mas em qualquer época. A loja continua com as vendas aquecidas. Realizamos a reposição continua de mercadorias e procuramos facilitar na forma de pagamento do cliente”, acentua. Há diversas categorias de bens duráveis que a classe média pensa em conquistar. A expectativa é que as venda continuem fortes, segundo o gerente. Para ele, agora as pessoas passam a readequar o orçamento para não ter que abrir mão de alguns desses bens.

A estratégia é aliar a publicidade à redução do IPI

Ednaldo Soares

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Após amargarem a queda na comercialização de veículos, no início do ano, as revendedoras

de automóveis da Região Metropolitana do Recife começam a pisar no acelerador e já percebem mudanças no cenário. Há empresas que registram crescimento nas vendas em torno de 10%, nos primeiros meses deste ano, e agora esperam elevar ainda mais esse percentual, até o final de 2012. De acordo com o setor, essa alta tem sido impulsionada principalmente por causa da queda das taxas de juros. Em abril, o Banco Central cortou, pela sexta vez consecutiva,

na esperança de aumentar as vendas nesse mesmo percentual, em 2012. “Ano passado houve um aperto no crédito. Mas agora o consumidor está percebendo mais facilidade e voltando a comprar”, adiantou o gerente de vendas, Rômulo Martiniano. Segundo ele, os clientes buscam principalmente carros novos e da linha popular. Para estimular ainda mais as vendas, a empresa aposta em divulgação, feirões de automóveis e financiamento próprio, por meio de banco da montadora, que, dependendo do valor da entrada na hora da compra, oferece juro zero ao público.

Revenda de veículos

volta a acelerara taxa básica de juros brasileira, ficando a Selic em 9% ao ano. Tal medida tem levado alguns bancos privados a pegar carona com o governo e também a puxar os juros para baixo. Resultado: com juros menores, o consumidor percebe maior facilidade na hora da compra e volta a buscar as concessionárias para adquirir um quatro rodas. Essa pelo menos é a atitude esperada pelo mercado, de olho na baixa maior nos juros e no retorno do consumidor. Seguindo nessa direção, a Caxangá Veículos - que atua há 40 anos no bairro da Várzea - está preparando estoque 20% maior com a indústria,

Para Maurício Oliveira, queda nos juros, redução no valor do carro e divulgação são atrativos

Por Tony Duda

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RetomadaQuem também está otimista é a Eurovia - que conta com três unidades, nos bairros de Piedade, Afogados e Imbiribeira. “Começamos o ano bem, depois a crise na Europa reduziu um pouco as vendas e agora elas estão retomando”, adiantou o gerente da loja Eurovia em Piedade, Maurício Oliveira. Os números de maio ainda não estão fechados, mas a movimentação já mostra sinais favoráveis, afirma ele, sem apresentar dados. Além da baixa dos juros no sistema financeiro, a empresa tem trabalhado com financiamento próprio, que tem abocanhado maior parte das vendas a prazo, na unidade. O diferencial, segundo Maurício, é oferecer financiamento

com custo cerca de 10% mais em conta que os praticados no mercado. Outro atrativo é a redução entre 3% e 4% no valor do veículo, dependendo do modelo. Isso é possível graças à negociação acordada anteriormente com a indústria. Essas quedas, conforme o gerente da unidade da Eurovia em Piedade, tendem a se manter. Retranca Juros em baixa, mercado aquecido. Esse é um cenário favorável para as empresas impulsionarem os negócios e os consumidores conseguirem adquirir seu desejado veículo. No entanto, ainda é incerto o contexto econômico no segundo semestre, principalmente por causa da crise na Europa, que pode respingar no Brasil. Além disso, muitos consumidores ainda

continuam tímidos na hora das compras. Pudera! A inadimplência aumentou, fazendo com que bancos e financeiras freassem o crédito aos consumidores. Com isso, as vendas de veículos despencaram. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), no primeiro trimestre deste ano, as concessionárias do Grande Recife tiveram queda de 13,27% nas vendas. Já no país, houve retração de 3,14% na comercialização de

Para Maurício Oliveira, queda nos juros, redução no valor do carro e divulgação são atrativos

Rômulo Martiniano diz que prepara estoque 20% maior para atender

mercado

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Incentivo

Para estimular a venda de veículos no país, o governo federal lançou um pacote que vai ajudar a indústria automotiva. A medida - que reduz o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) - vai atingir principalmente os carros zero-quilômetro. O primeiro incide sobre automóveis e utilitários e o segundo para crédito a pessoas físicas. Este é o sétimo pacote para apoiar o setor.

carros de passeio, nos três primeiros meses do ano, conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Agora o mercado quer virar essa página e dar reviravolta nessa história. Tanto que até bancos privados concorrem entre si para disponibilizar mais dinheiro e com juros mais baixos ao consumidor. Principalmente àqueles que estão dispostos a comprar um carro ou ainda estão na retaguarda, aguardando que os juros caiam ainda mais para concretizar o negócio. Ressalva - Na opinião do professor de economia da Universidade Federal Rural de Pernambuco Luiz Maia, o momento atual é propício para movimentar os negócios. No entanto, ele faz ressalva. “As vendas estão aquecidas, mas o que vai

Em contrapartida, as montadoras vão oferecer desconto de 2,5% sobre o preço de tabela dos carros populares com até 1.000 cilindradas. No caso de automóveis entre 1.000 e 2.000 cilindradas, o desconto será de 1,5%. Já os utilitários serão comercializados com desconto de 1%. As indústrias também se comprometeram a não demitir funcionários.

definir o cenário de crescimento do país é o segundo semestre”, avaliou o também professor do City Business School/Ibmec. Para ele, apesar do apetite aguçado, é necessário ao consumidor ter cautela, limitando a margem de endividamento para não haver comprometimento da renda, nem impactar nos negócios do mercado corporativo. Só para se ter ideia, em março deste ano, as dívidas sem pagamento por mais de 90 dias chegaram a 5,7%. Isso representa quase o dobro da inadimplência de 3% registrada no mesmo mês de 2011, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).

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Terminada a Rio +20, muitos se apressaram em dizer que a conferência resultou em mais uma frustração

típica dos encontros de cúpula. Talvez essa visão esteja ligada apenas a uma análise precipitada do documento oficial divulgado e aos discursos dos chefes de Estado, cheios de intenções e sem traduções concretas. Não vejo assim, prefiro me reunir àqueles que viveram esses dias históricos intensamente, com a escuta e o olhar que lhes são devidos. A nossa interpretação é que o porvir testemunhará a concretização dos processos de mudança ali iniciados.

Com um público quase três vezes maior do que o da Rio92, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável foi o maior evento já realizado pela ONU. Foram dez dias de encontros e diálogos em

Rio+20: economia verde, educação e liderança empresarialPor Susana Simões Leal

vários níveis: sociedade, organizações, corporações, ciências, academias, além de governantes de 188 países e organismos multilaterais. Em torno de 45 mil pessoas do mundo inteiro foram credenciadas para a conferência oficial, além daqueles que participaram dos eventos abertos da Cúpula dos Povos, da PUC e UFRJ, do espaço humanidade 2012, do Píer Mauá e de centenas de outros espaços que se espalharam por toda a cidade do Rio de Janeiro.

Segundo organizadores, mais de 50 milhões de pessoas no mundo inteiro acessaram o site da conferência e muitos entre eles contribuíram interativamente com a pesquisa “The future we want”. Sem falar da repercussão

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que o evento teve na mídia do mundo inteiro. Essa mobilização toda não permitiu que o mundo conectado ficasse indiferente ao que se passava na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 não ficou apenas em compromissos e promessas, surgiram milhares de ações concretas registradas em seus anais e milhões de dólares para investimentos em economia verde.

Tudo leva a crer que a repercussão deste evento não terminará por aí, há de se considerar que muito ainda está para acontecer à medida que for se concretizando a crescente tomada de consciência das pessoas sobre o fato de que vivem num mundo cuja lotação e recursos são finitos. Esta nova consciência levará as pessoas fatalmente a uma revisão dos valores de vida, consumo e desenvolvimento. As palavras de Bernardo Toro e Leonardo Boff sobre a necessidade da criação de novos paradigmas humanos que passem pela empatia e pelo cuidado - legado do mestre Paulo Freire - ficaram ecoando na cabeça daqueles que estiveram presentes àquele show de lucidez oferecido no espaço Humanidade 2012.

Pessoalmente, a Rio+20 trouxe-me momentos de grande aprendizagem. Ter tido o privilégio de participar de evento dessa magnitude, com passe livre em cerca de 800 eventos diários, fez-me sentir um esfomeado que se depara com um banquete inteiro a seu dispor. Dividir a participação naquela avalanche de possibilidades, exposições, painéis, diálogos, oficinas, etc., com ganhadores do Prêmio Nobel, líderes sociais, empresariais e de

Estado, e ter que focar, era sem dúvida um grande desafio. Assim, escolhi o que considero ser a essência das mudanças que se deseja ver no mundo: a educação e suas conexões com a liderança, a economia e a sustentabilidade. A Economia Verde, tema trazido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), envolve iniciativas que resultam na melhoria do bem-estar humano e na equidade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez de recursos naturais. Sua sustentação se faz em três bases: baixo nível de emissão de carbono, um eficiente uso dos recursos naturais e na inclusão social. Este, porém, é um conceito que ainda suscita muitos e variados debates, e alguns acirrados sobre os limites do crescimento econômico. Críticos advertem que mesmo respeitando os princípios estabelecidos, se a economia verde se mantiver na perspectiva do crescimento econômico constante, tenderá a neutralizar em algum momento os ganhos com eficiência energética e uso de matérias-primas. Por outro lado, advertem que, sem a readequação do consumo sem limites dos países ricos, não há como incluir populações que hoje estão à margem da economia sem ampliar o uso de matérias-primas e a sobrecarga adicional dos sistemas naturais. Falar dos atuais padrões perdulários de consumo dos mercados toca diretamente nos estilos de vida e comportamento das pessoas e na forma como elas entendem sua prosperidade. Dizer que o bem-estar humano está diretamente relacionado com sistemas sociais mais equitativos e com a utilização

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mais regrada e consciente dos recursos do planeta é uma contraposição à compreensão de que a aquisição e a acumulação de bens são um princípio para a segurança e a sobrevivência da espécie humana. Estes são valores que, por exemplo, compõem a concepção do lucro tal como vem sendo ensinada nas escolas de administração e negócios.

Mediante estas e outras questões, as discussões que permearam inúmeros encontros de empresários na Rio+20 trazem a constatação de que a educação é uma solução transversal para a mudança que se deseja. Nesta esteira, chega-se à conclusão de que as escolas de administração e negócios precisam dar mais espaço para os temas relacionados à sustentabilidade em suas grades curriculares de forma a acompanhar as mudanças que inevitavelmente virão dos futuros mercados. Estas vão exigir executivos mais preparados e líderes com visões mais sistêmicas para condução das empresas na transição para a nova economia. Nesta perspectiva, o Brasil sai na frente com a notícia de que a partir do ano que vem a sustentabilidade será incluída no currículo acadêmico das suas universidades. O compromisso, anunciado e já publicado no Diário Oficial da União, teve a assinatura do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. São Muitas as referências internacionais na educação superior envolvendo ONGs e universidades. Um exemplo vem da organização ambientalista WWF com o “One Planet MBA”, um curso de formação para os negócios que leva em conta que só temos um planeta

e que as empresas precisam atuar de forma consciente, calculando e adaptando seus impactos ambientais e sociais a essa realidade.

Outro vem da escola de negócios IMD (França) que realizou curso para executivos baseado em: conhecimento geral de sustentabilidade, motivação pessoal e ferramentas. Já a Universidade de Exeter (Inglaterra) cria mestrado que incorpora disciplinas importantes para a sustentabilidade dos negócios, como: contabilidade verde, análise do ciclo de vida de um produto, valoração de serviços ambientais, risco carbono, sistemas de reaproveitamento e outras. Subjacente a estes currículos se oferece às futuras lideranças empresariais oportunidade para desenvolverem compreensão mais profunda sobre si mesmo, sobre o contexto de mundo que se vive, o significado da vida humana, seus valores, propósitos, aspirações e como tudo isto se relaciona com suas ambições pessoais e profissionais. Sobretudo, buscar fazê-los entender que a sustentabilidade é um problema de múltiplas partes conectadas

que requer soluções colaborativas, e ajuda-los a incorporar valores como o da interdependência, flexibilidade e resiliência. Em que pesem os caminhos de esperança apontados pela Rio+20, é preciso que se atente que estes são longos, processuais e podem não refletir a urgência que se requer em resposta ao atual contexto de mundo. A humanidade está numa tremenda encruzilhada, a responsabilidade desta geração é enorme e, se não acertarmos agora, não teremos mais 20 anos para corrigir a rota. O horizonte de mudanças que surge da Rio+20 nos afeta e desafia como indivíduos e organizações. Então, como tudo isso pode repercutir nas iniciativas empresariais de Pernambuco ou de qualquer outro parte do planeta? Agora, após Rio+20, todos nós temos obrigação de responder a esta pergunta. Susana Simões Leal, mestra em Educação para Sustentabilidade pela Universidade de Plymouth (UK), cofundadora e membro do Conselho de Administração do Instituto Ação Empresarial pela Cidadania, e cofundadora do movimento Observa-tório do Recife. Fonte: Nações Unidas e Comissão Nacional Organi-zadora da Rio+20

“Tudo leva a crer que a repercussão deste evento não

terminará por aí, muito ainda está para acontecer à medida

que for se concretizando a crescente tomada de consciência das pessoas sobre o fato de que

vivem num mundo cuja

lotação e recursos são finitos”

Susana Simões Leal

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Duas décadas de muito trabalho voltado para o micro e o pequeno empreendedor pernambucano. Mais de R$ 273 milhões emprestados, aproximadamente 196 mil pessoas atendidas e muitos sonhos realizados. Esse é o saldo do trabalho realizado nesses 20 anos pelo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos de Pernambuco (Ceape-PE). Mas o esforço continua e a instituição têm números arrojados para 2012. Até abril o balanço registrava mais de R$ 8 milhões nas mãos dos seus clientes, em um total de 3.324 pessoas beneficiadas e uma inadimplência de 3,68%. A expectativa é fechar este ano com uma carteira de R$ 10 milhões com seus clientes, totalizar 4.300 clientes ativos com inadimplência de 3%, totalizando mais de R$ 30 milhões emprestados até dezembro.

Para o diretor executivo do Ceape, José Ventura, é satisfatório ver o crescimento dos clientes. “Nosso objetivo é promover e desenvolver os micros e pequenos empreendedores de Pernambuco com a massificação do crédito e nada melhor do que ver que o valor recebido sendo bem aplicado e nossos clientes se consolidando no mercado em que atuam”, ressalta. Ventura também não se esquece

do apoio que recebe diariamente da sua equipe, hoje com 48 funcionários e 12 estagiários, espalhados em 12 unidades (Recife, Caruaru, Petrolina, Santa Cruz do Capibaribe, Garanhuns, Prazeres , Carpina, Paulista, Gravatá, Toritama, Surubim e Juazeiro na Bahia). “É com o apoio e dedicação dessa equipe que conseguimos nos destacar no serviço que oferecemos. A nossa seriedade é o grande ingrediente para o nosso sucesso”, finaliza o diretor. O Ceape acaba de receber da FGV o título Microfinance Information Exchange e Small Business, que ressalta a qualidade e confiabilidade das empresas do setor de crédito.

Clientes – Ao longo dos anos, muitas histórias marcaram a existência do Ceape. Uma delas é do senhor José Abílio da Silva, cliente da unidade de Caruaru desde 1996. Para começar suas atividades na área na produção de massa fina para a construção civil, ele retirou um crédito de R$ 1.000. Depois, foram mais de 35

ajudando o pequeno empreendedor20 anos

“O que me levantou foi o Ceape. O centro me ajudou muito. Assim que termino

de pagar um empréstimo, já faço outro”

Francisca Maria da Hora

Por Nilton Lemos

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empréstimos, que possibilitaram sua empresa a contratar mão de obra qualificada, máquinas, caminhões e aumentar a produção.

Outro caso interessante é Maria Madalena da Silva, que possui uma loja de confecção infantil. Com a ajuda do Ceape, ela aumentou seu negocio, contratou mais colaboradores e passou a exercer melhor o lado empreendedor. “Ela sempre teve um incrível visão para a área de moda, identificava novidades e tendências com facilidade”, explica José Ventura.

Mais um exemplo que marca esses 20 anos de existência do Ceape é o caso de dona Francisca Maria da Hora. O negócio dela é de confecções e seu primeiro empréstimo foi há 17 anos, no valor de R$ 200,00. Desde então faz empréstimos para levantar seu negócio e está feliz com o resultado. “O que me levantou foi o Ceape. Hoje tenho casa,

carro e faço minhas viagens porque o centro me ajudou muito. Assim que termino de pagar um empréstimo, já faço outro”, ressalta Francisca. Além de fiel ao Ceape, ela levou o filho, que estava entrando no ramo de venda de bolsas e calçados. Erick José da Hora fez o seu primeiro empréstimo há cinco anos, no valor de R$ 500,00, e segue o mesmo caminho da mãe fazendo empréstimos contínuos.

História – O marco da história do Ceape foi em 1992, quando a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), juntamente com a Associação Comercial de Pernambuco (ACP), a Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Pernambuco (FCDL-PE), a Associação de Micros e Pequenas Empresas de Pernambuco, a Federação das Indústrias do

Estado de Pernambuco (Fiepe) e a Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado) estiveram reunidas com representantes do Unicef, agência das Nações Unidas que promove a defesa dos direitos das crianças.

O objetivo do encontro era a criação de uma entidade com a missão de apoiar pessoas empreendedoras capazes de desenvolver uma atividade produtiva. Daí surgiu o Ceape-PE, que funciona fazendo empréstimos para capital de giro, sem burocracia, liberando o dinheiro dentro de 48 horas, na maioria das vezes, e ainda orienta os clientes sobre a melhor maneira de conduzir os negócios. Em uma média geral, até hoje o crédito por cliente gira em um pouco mais de R$ 2.400,00, sendo a maior parte (51%) para mulheres. Os setores mais procurados são o comércio (56,59%), a produção (32,15%) e o setor de serviços (11,26%).

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Os bons ventos para o varejo começam, todos os anos, no mês de maio, com o Dia das Mães – a segunda

melhor data para o comércio, depois do Natal. Junto com a comemoração dos namorados, formam a tríade mais rentável para as empresas, influenciando positivamente no faturamento dos setores de varejo e serviços.

Se o aumento do poder de compra como um todo (não só da classe C) rende dividendos às lojas, reflete também nas contas de bares, restaurantes, hotéis e outros. “Eu diria que influencia ainda mais positivamente nos serviços. Em pesquisa feita,

verificamos que estes empresários estavam mais otimistas que os comerciantes tradicionais (de lojas de ruas) e equiparados com os do comércio ‘moderno’ (de shopping centers)”, compara o economista e consultor do Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-PE José Fernandes.

Dias das Mães e dos Namorados são datas especialmente propícias para o setor de serviços. E especificamente no 12 de junho, além de restaurantes e bares, entram na lista hotéis e motéis, que têm a data como a melhor do ano.

Especificamente os motéis têm muito a contabilizar. Dono do

Serviços: impactos e retornos positivos

Setor é um dos

mais beneficiados do

momento econômico

e grande gerador

de empregos

Por Tatiana Notaro

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Lemon, um dos maiores do Recife, Carlos Rique espera que no Dia dos Namorados quadruplique o movimento usual de clientes. “Esperamos uma média de seis a sete entradas por suíte”, calcula Rique. No objetivo de atrair consumidores, o Lemon vai oferecer almoço e jantar de cortesia.

Aliás, o Lemon é um bom exemplo do tipo de consumo agora estabelecido no Recife e do quanto o setor se beneficia de datas comemorativas. Mesmo cobrando a partir de R$ 470 em uma suíte completa, o motel, que tem duas unidades no Recife e uma em Caruaru, espera registrar o pico de 170 entradas na comemoração dos namorados. “Os clientes ainda podem contratar decoração especial, com pétalas de rosas, iluminação à luz de velas, frutas com chocolate, espumante Chandon e até opções mais sensuais”, comenta o empresário.

Fernandes fala justamente sobre essa visível mudança nos hábitos de consumo no Estado, averiguado nas pesquisas realizadas pela Fecomércio. No último Dia das Mães, a mostra apontou que

a maioria dos consumidores das classes C e D entrevistados optaram por eletroeletrônicos na hora de presentear, desbancando as usuais preferências, como roupas e calçados. “Além do aumento do poder aquisitivo, a facilidade de crédito, maiores prazos e a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) influenciam nesse resultado”, analisa.

NúmerosPara ilustrar, José Fernandes lembra que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontou uma leve queda no saldo de ocupados no Estado no último mês de abril. O resultado é devido, principalmente, ao período de entressafra da cana-de-açúcar, que segue até setembro. Por outro lado, serviços e comércio aparecem com

resultados positivos: 1.218 (+0,23%) e 978 (+0,36%), respectivamente. “O Estado vem numa projeção crescente, mas a indústria sofre com a sazonalidade, que atinge muito mais esse setor que os demais”, comenta o economista e consultor do Cepesq Luiz Kehrle.

O economista ratifica a observação de José Fernandes sobre o novo momento pelo qual passam os dois setores hoje: se há aumento de renda, há um consumidor com mais “disposição” para gastar e, consequentemente, mais exigente. Kehrle considera que o setor de serviços tende a ser ainda mais beneficiado pelo bom momento econômico. “Se você tem pouco dinheiro, a tendência é que ele seja destinado à subsistência. Suprido isso, a lista aumenta para serviços como saúde, educação, transporte”, exemplifica.

Kehrle aponta no Recife um exemplo de um cenário de serviço ascendente. “Observe que há uma melhoria na qualidade do que é oferecido e que o Recife é hoje um polo gastronômico e de saúde. Além disso, há muitas lojas de serviços de luxo, de vinhos finos, salões de beleza”, diz. Existe também uma expansão dos estabelecimentos de bairro nesse sentido, explica o economista.

Bom lembrar que os setores de comércio e serviços, além de geradores de empregos, são os grandes fatores da soma que resulta no Produto Interno Bruto (PIB) nacional e também têm grande força no resultado em Pernambuco. E, como explica Luiz Kehrle, o próprio governo é uma “máquina” pautada nos serviços.

“Há uma melhoria na qualidade do que é oferecido

e o Recife é hoje um polo gastronômico e de saúde”

Luiz Kehrle

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A beleza que salta aos olhos de quem circula por Olinda, seja nas ruas sinuosas de sua cidade alta,

ao longo de sua orla ou mesmo na cidade baixa, está longe de ser mistério para os pernambucanos e também para os turistas. Um novo ângulo, porém, dessa cidade tão cantada por artistas como Capiba e Alceu Valença e cortejada por poetas como Carlos Pena Filho, foi revelado por um levantamento inédito do Centro de Pesquisa da Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio-PE).

Mapeamento do turismo em Olinda mira Copa do Mundo de 2014Por Marina Andrade

Divulgada no último mês de abril, a pesquisa piloto teve como foco o turismo de Olinda, dando voz aos empresários de hotéis e restaurantes do município. Eles apontaram algumas das principais necessidades para que o setor local se desenvolva e também as expectativas que já nasceram com a proximidade da Copa do Mundo de 2014. Entre os dados levantados, está o percentual de 91,30% dos empresários que esperam ter aumento de faturamento durante a

passagem do principal campeonato de futebol do mundo pelo Estado. Quanto aos entraves ao desenvolvimento turístico, de uma forma geral, o empresariado do município considerou a segurança o principal problema, seguida pelos preços internos.

No que diz respeito aos pontos específicos para a não evolução do turismo no Brasil, o empresariado afirmou que os maiores problemas são a má qualidade da mão de obra (55,07%), a falta de infraestrutura (54,59%) e a falta de qualidade na

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divulgação/propaganda (54,11%). De acordo com a proprietária da Estação Café 4 Cantos, Ticiane Didier, a mão de obra que forma o setor hoteleiro olindense tem uma particularidade que chama atenção.

“Em sua maioria, os negócios em Olinda são pequenos, então um profissional acaba desempenhando várias funções, sendo polivalente mesmo. Um garçom não é só garçom, pois, geralmente, também está envolvido com outras demandas. Então, o ideal é investir em treinamentos in loco para moldar essa formação que é necessária”, explica a empresária, que gerencia nove funcionários em sua galeria de arte, que conta com uma cafeteria.

A pesquisa que aponta a necessidade de melhorias nesse quesito, então, vem em boa hora tendo em vista que o turismo estará

em alta no Estado de Pernambuco durante os próximos anos, por conta de eventos como a Copa do Mundo de 2014. As observações apontadas pelos empresários poderão guiar novos caminhos em busca do desenvolvimento turístico de Olinda.

“A divulgação desses dados tanto para a imprensa quanto para o governo e a prefeitura, e para todos os envolvidos nesse setor em Olinda, é muito importante, porque sensibiliza as pessoas sobre o que está acontecendo no município. Nem os próprios moradores sabem como anda o turismo na cidade”, destaca a proprietária da Pousada dos Quatro Cantos, Graça Didier. Para ela, que montou seu negócio há 30 anos nesta cidade que é considerada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, o perfil do público que tem frequentado sua pousada

tem passado por uma profunda mudança.

“A maioria dos hóspedes que costumávamos receber era formada por turistas estrangeiros, mas agora sentimos o impacto das empresas que estão sendo instaladas no Estado e passamos a hospedar bastante empresários e funcionários desses novos negócios”, observa Graça, que está investindo na ampliação física do seu negócio de olho na movimentação que se anuncia junto com a Copa do Mundo.

A pesquisa piloto teve como foco o turismo

de Olinda, dando voz aos empresários de

hotéis e restaurantes do município

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Segundo Ticiane, da Estação Café 4 Cantos, Olinda tem se afastado mais da rota do turismo de lazer e se aproximado da rota do turismo de negócios. “As pessoas precisam descobrir que Olinda é um shopping a céu aberto e que tem uma vida cultural intensa. É preciso divulgar melhor essa programação”.

FórumEssa “radiografia” de Olinda foi divulgada durante a primeira edição do Fórum de Empresários do Segmento Hospitalidade e Lazer, realizado no Senac Recife com a presença da Câmara Setorial de Turismo e da Fecomércio. Para a diretora regional do Senac, Lygia Leite, a principal importância dessa iniciativa é a chance de atuar coletivamente de forma focada nas reais necessidades e experiências dos diversos segmentos envolvidos, além de possibilitar a sistematização de uma metodologia que poderá ser levada a outros locais que também devem ter atenção durante os preparativos para a Copa.

O coordenador da Câmara Empresarial do Turismo de PE, José Otávio Meira Lins, ressalta que, durante o encontro que reuniu apenas representantes do trade de Olinda, foram discutidas, principalmente, as necessidades de cursos de formação de mão de obra adaptados às particularidades de Olinda. “Essa sondagem irá possibilitar que o Senac ofereça cursos mais adequados ao destino Olinda, adequando suas grades curriculares a um destino que tem na sua maioria pequenos e médios hotéis, pousadas, ateliês e restaurantes”, explica Meira Lins.

Nesse cenário, a qualificação da mão de obra se consolida como uma das principais armas para o desenvolvimento do turismo no Estado. “O Senac está desenvolvendo várias parcerias para preparar os empreendimentos e seus colaboradores, assim como criar oportunidades para as pessoas que desejam se engajar no segmento de turismo e hospitalidade, que se amplia com a proximidade da Copa do Mundo e da Copa das Confederações. Destacamos a programação que estamos disponibilizando especificamente voltada para fins de capacitação para esses eventos no Pronatec, atendendo a um chamado do Governo Federal através do Ministério da Educação

(MEC) e do Ministério do Turismo (MTur). São em média 6 mil vagas para 2012, os cursos estão todos detalhados no site do Ministério do Turismo (www.turismo.gov.br)”, completa Lygia.

O objetivo é que esse mesmo levantamento conjuntural seja realizado na Região Metropolitana do Recife e em todo o Estado. Segundo Meira Lins, só após a implantação das iniciativas previstas para o turismo em Olinda, é que a Fecomércio-PE e a Câmara Empresarial de Turismo de PE vão partir para a sondagem em outros destinos, como Recife, Jaboatão, Litoral Sul, além de cidades do interior, como Gravatá, Caruaru e Garanhuns.

“Essa sondagem irá possibilitar que o Senac ofereça cursos mais adequados ao destino Olinda, adequando suas grades curriculares a um destino que tem na sua maioria pequenos e médios hotéis, pousadas, ateliês e restaurantes”

José Otávio de Meira Lins

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Seu Armínio Guilherme trabalhava numa usina quando a esposa, dona Antônia, teve a ideia de

vender alguns artigos de perfumaria e alimentos na janela da própria casa em que moravam com os sete filhos, no bairro de Santo Inácio, no Cabo de Santo Agostinho. Com o sucesso da empreitada, seu Armínio deixou o trabalho na usina e, com o dinheiro da indenização, conseguiu um boxe no Mercado Municipal. A primeira loja foi no Cabo, onde era uma padaria. A segunda foi na mesma cidade, na Vila da Cohab. As primeiras lojas começaram nas proximidades de feiras livres. Passados 31 anos, a pequena venda se transformou numa rede com vinte lojas em

Pernambuco e um quadro de quase dois mil funcionários diretos. Assim nasceu o Supermercados Arco-Íris.

Em 2010, a rede ficou em 48º lugar no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em 2011, subiu mais duas posições, chegando à 46ª posição. A receita de sucesso, de acordo com Edivaldo Guilherme, presidente da empresa e filho mais velho de seu Armínio e dona Antônia, é um equilíbrio entre profissionalismo, valores empresariais sólidos e atenção ao colaborador. Porém, existe um ingrediente adicional e fundamental: a eficiência da gestão, como aponta o consultor econômico da Fecomércio José Fernandes de Menezes. “Existe

Arco-Íris fortalece sua redePor Mariana Nepomuceno

Empresa investe em política de RH e na melhoria do

atendimento das lojas

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uma grande concorrência local. O Arco-Íris soube aliar eficácia administrativa a outros elementos importantes: o tipo de venda e a localização das suas lojas”, analisa.

Com unidades no Cabo, Jaboatão dos Guararapes, Abreu e Lima, Recife e Igarassu, a rede está preparando um estudo para checar a viabilidade de uma nova loja em Goiana, polo da Zona da Mata Norte do Estado que tem atraído bastantes investimentos. Porém, a prioridade da empresa para o biênio 2012/ 2013 é o fortalecimento das lojas já existentes, melhorando ainda mais o atendimento e também pensando em ações voltadas para o bem-estar dos funcionários. “Estamos investindo no espaço físico das lojas, na política de recursos humanos e valorização do funcionário e no

maquinário, tudo para melhorar o atendimento nas lojas. Para os próximos dois anos, o foco principal é a retenção de talentos e o investimento na equipe”, afirmou Edivaldo, que, além de liderar a rede de lojas, ocupa a presidência da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes). Um segundo ponto importante é a profissionalização da gestão, com participação em feiras e com apoio de consultores. Há dez anos, sob a orientação da TGI, foi criada a Central de Distribuição e elaborado o organograma da rede, que também tem suporte de uma consultoria especializada em prevenção de perdas.

De acordo com ele, o momento positivo da economia de Pernambuco tem atraído muitos investidores, o que aumenta a disputa pelos bons profissionais locais. “Buscamos valorizar a prata da casa, aqueles que já estão inseridos na cultura e nos valores da empresa. Quem chega de fora, às vezes não consegue se adequar, não se adapta”, comenta. Para contar com o sucesso dessa estratégica, os supermercados

Arco-Íris contam com um setor de recursos humanos liderado por três psicólogas responsáveis pela política da empresa de oferecer chances de crescimento para quem trabalha lá. Gerente de Recursos Humanos da rede, Renata Erlich aponta a necessidade de dar visibilidade para os colaboradores das oportunidades de crescimento dentro da empresa.

“Criamos um processo seletivo interno criterioso e estruturado em etapas, que vão desde a sondagem de perfil do profissional para a vaga até a fase de adaptação ao novo cargo. Fazemos um esforço para divulgar isso entre todos.” Renata é um exemplo de quem cresceu na empresa. Ela chegou à rede quando ainda era estudante universitária. Outro funcionário que tem uma história parecida para contar é Eric Oliveira, gestor de logística. Há 19 anos na empresa,

“Criamos um processo seletivo interno criterioso e estruturado em etapas,

que vão desde a sondagem de perfil do profissional para a vaga até a fase de adaptação ao novo cargo”

Renata Erlich

ERIC Oliveira, gestor de logística

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“Estamos investindo no espaço físico das lojas, na política de recursos humanos e valorização do funcionário... tudo para

melhorar o atendimento nas lojas”

Edivaldo Guilherme

Eric começou nos supermercados Arco-Íris quando ainda era adolescente. Trabalhou de embalador, repositor, passou pelos setores de hortifrutigranjeiros, açougue, encarregado de portaria (responsável por receber as entregas de uma das lojas), assumiu a gerência de uma das unidades até que foi chamado para trabalhar na Central de Distribuição, comando geral da empresa, há três anos. Ele foi promovido a gerente de logística depois que outros dois profissionais vindos de outra empresa não obtiveram sucesso na função.

“Eric se destacou pelo empenho, pela dedicação e pela coragem de enfrentar desafios”, aponta Edivaldo Guilherme. Elogiado pelo presidente da empresa, Eric timidamente desconversa: “É importante ter um objetivo e também gostar do trabalho”. E, já que o slogan do Arco-Íris é “O supermercado da família”, foi na empresa que Eric conheceu a esposa. Supermercado da família e de Pernambuco A rede enfrenta o desafio de disputar clientes da cada vez maior classe C com redes multinacionais e mercadinhos de bairro. “Existe uma tendência, hoje, de que até mesmo grandes redes de supermercados invistam em modelos de lojas de bairro, para atender a classe C”, explica José Fernandes de Menezes, consultor da Fecomércio. Para enfrentar a concorrência, a rede Arco-Íris usa a informação como ponto de apoio. “Contamos com ferramentas de pesquisa de mercado que contribuem para o monitoramento

do perfil do nosso público e para a adequação do mix de produtos”, explica o presidente da empresa, Edivaldo Guilherme.

Todas as lojas vendem, além dos tradicionais itens de supermercados, aparelhos de telefonia celular e eletrônicos. Uma ação recente de destaque do grupo é a loja-âncora do Shopping Costa Dourada, maior unidade da rede, dispondo de 2,2 mil m². A loja também é a única da empresa que se enquadra no perfil de atacarejo.

Além da estratégia de investimento no colaborador, outro ponto a que Edivaldo Guilherme

atribui o sucesso da empresa é a união da família em torno do empreendimento que começou com os pais dele, Antônia e Armínio. Os sete irmãos trabalham nos supermercados, com funções distribuídas entre cargos da diretoria e da gerência. “Os valores que aprendemos com eles são importantes até hoje para nós”. De DNA 100% pernambucano, a empresa reforça sua origem na comunicação com o público. Os atores escolhidos para suas campanhas sempre são pernambucanos, por exemplo. A atriz mais recente a protagonizar um comercial da rede de supermercados foi a humorista Fabiana Karla.

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TRIBUTÁRIO EM PAUTA | LUIS RODRIGUES

No planejamento estratégico ou operacional da sociedade empresarial de grande porte, é comum a existência de capítulo específico contemplando a prevenção e gestão de riscos. Geralmente são riscos corporativos e de mercado, operacionais

e legais, estes com foco especial no aspecto tributário, e de conformidade, especificamente os de cunho ambiental e de regulamentação.

Em apertada síntese e sem pretender esgotar o assunto, aqui o nosso propósito é realçar a importância da prevenção de risco

quanto aos aspectos legais e aos cuidados mínimos, que devem merecer atenção especial de todo e qualquer empreendedor,

seja o seu empreendimento de grande ou de pequeno porte.Tratando-se de sociedade empresarial, constituída

por familiares ou por pessoas sem vínculos ou paren-tescos formais, independentemente do interesse e

da vontade de empreender em conjunto (affectio societatis) através da conjugação de esforço e de

capital, deve-se atentar para que o contrato ou estatuto social contemple a regulação de situ-

ações nem sempre imaginadas no momen-to da constituição da sociedade, tal como

responsabilidade dos administradores, quóruns específicos para decisões, re-lacionamento entre os sócios e destes

Prevenção de riscos na formalização e conformidade na operacionalização de empreendimento

Luis Rodrigues Assessor tributário da Presidência da Fecomé[email protected]

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com a sociedade, bem como da sociedade com terceiros e, entre outras situações, a extremada exclusão de sócio por causa justificada.

Na mesma linha, o empreendimento já em ope-ração sob a forma de sociedade empresarial pode e deve revisar seu contrato ou estatuto social para prevenir eventuais riscos, podendo até alterar o tipo societário, objetivando a prevenção de riscos que possam prejudi-car a sociedade ou os sócios. Ressalte-se que no caso de empreendimento individual também pode ser avaliada a possibilidade de prevenir riscos sem alterar a estrutura do capital aplicado no negócio, mediante simples altera-ção do seu tipo ou da sua natureza jurídica.

A estruturação ou formalização inadequada de qualquer empreendimento pode acarretar riscos com efeitos indesejáveis e chegar, inclusive, a causar preju-ízo irreversível para o patrimônio familiar do empreen-dedor. Entretanto, além da estruturação e da formali-zação adequada, é de fundamental importância que a operacionalização do negócio ou empreendimento seja conduzida e executada com foco no respeito às regras ambientais, tributárias, contratuais e gerais de mercado, este especialmente quando regulado.

Assim, merece atenção redobrada a análise dos con-tratos em geral, desde o de simples ou complexa locação até o de produção ou fornecimento de mercadorias e serviços. Todo e qualquer contrato envolve direitos e obrigações, consequentemente, envolve risco de execução que nem sempre depende exclusivamente dos contratantes, razão pela qual deve ser bem avaliado antes de assinado, inclusi-ve quanto aos efeitos legais e tributários decorrentes.

Não são raros os casos em que a falta da previsão de condição resolutiva, ou mesmo de adequada cláusula penal no contrato, causaram transtornos e prejuízos ir-reparáveis para o empreendimento, abalando, destarte, a relação entre os sócios e os administradores.

Também importante para o regular desenvolvi-mento do negócio é o cuidado em relação ao cumpri-

mento das normas que tratam da formalização operacio-nal da atividade, naquilo que diz respeito aos cadastros, licenças e às obrigações sociais e tributárias.

A administração pública tributária, nas esferas fe-deral, estadual e municipal, aprimora a cada dia os seus controles e exigências, fazendo com que fornecedores e clientes também passem a exigir dos parceiros o efetivo cumprimento das normas reguladoras de determinadas operações e de procedimentos específicos, tanto quan-to às obrigações fiscais em geral, principal ou acessória, quanto ao meio ambiente e, em alguns casos, quanto ao relacionamento com a comunidade e responsabilidade social no meio em que atua, ou seja, o empreendimento deve buscar sempre conhecer e abraçar as regras da con-formidade e fazer com que se reflitam no negócio.

Cumprir regiamente as regras contratuais e as nor-mas trabalhistas, fiscais e regulatórias é a forma adequa-da de buscar o caminho da conformidade operacional e eliminar ou prevenir riscos inerentes à atividade, garan-tindo a continuidade regular do negócio com seguran-ça. Os sistemas eletrônicos de processamento de dados são meios poderosos usados pela administração pública para monitorar informações e estabelecer parâmetros que são utilizados para acompanhar eletronicamente as operações de determinado contribuinte e comparar com o segmento em que opera, a fim de identificar pos-síveis distorções.

Com a administração pública respaldada pela in-tegração dos sistemas eletrônicos, que facilita o com-partilhamento de informações disponibilizadas pelos próprios contribuintes, cabe aos empreendedores e ad-ministradores adotar postura adequada para garantir que as informações relativas às suas operações sejam registradas e amparadas pelo instituto da legalidade, buscando assim prevenir riscos e se habilitar para uma relação transparente e segura com os órgãos públicos fiscalizadores, bem como em relação aos seus clientes e fornecedores.

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