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Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
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FRUTICULTURA
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SUMÁRIO Página
CAPÍTULO 1 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA .................. 01
CAPÍTULO 2 - PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS ................................ 12
CAPÍTULO 3 – MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO .................................................. 29
CAPÍTULO 4 - PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS ................................................. 42
CAPÍTULO 5 - PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS EM FRUTICULTURA........... 48
CAPÍTULO 6 – COLHEITA, PÓS-COLHEITA E ARMAZENAMENTO.................. 108
CAPÍTULO 7 – PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS............................................ 119
CAPÍTULO 8 – MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS......................... 124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 136
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CAPÍTULO 1 - IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA
A cadeia da fruticultura está emergindo e sendo chamada no resto do mundo – e
também no Brasil – como a “indústria das frutas” e não mais “fruticultura”. Por quê? Se
hoje visitarmos um pecking house (as instalações onde são beneficiadas, por exemplo,
as maçãs no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), verificaremos que são instalações
que já superaram a era da mecanização, e encontram-se na era da robotização. Irei
restringir a minha palestra à produção de frutas in natura devido ao tempo escasso mas,
por analogia, o que for abordado sobre as frutas frescas, refere-se também às frutas
secas, como as castanhas, além das polpas de frutas e os sucos.
O Brasil é hoje um dos três maiores produtores de frutas no mundo. Só perde
para a China e para a Índia. A produção brasileira superou 35 milhões de toneladas em
2005, o que representa 5% da produção mundial.
A fruticultura emprega hoje 5,6 milhões de trabalhadores, ou seja, 27% da mão-
de-obra agrícola. Para cada US$ 10 mil investidos, geram-se três empregos diretos
permanentes e dois empregos indiretos. A agricultura de exportação necessita de
recursos humanos qualificados e com conhecimento específico, em outras palavras,
oferece bons empregos.
A fruticultura está fundamentada em pequenas e médias propriedades e este
aspecto é extremamente importante para um país em desenvolvimento, onde se busca o
crescimento do setor rural, o aumento de renda e a fixação do homem à terra. Hoje um
produtor, produzindo frutas adequadas, na hora certa e de forma correta, tem uma
rentabilidade financeira suficiente não apenas para a sua sobrevivência, mas também
para a sua evolução socioeconômica e de sua família. Para se ter uma ideia, um produtor
de uvas sem sementes hoje, no Vale do São Francisco, pode conseguir com a sua
produção, em um hectare, renda bruta anual de US$ 20 mil.
A fruticultura está em constante evolução, sendo que a base agrícola deste setor
já ultrapassou os 2,3 milhões de hectares, gerando oportunidades de 2 a 5 postos de
trabalho na cadeia produtiva por hectare cultivado.
O Quadro 1 apresenta a produção de frutas no Brasil. Através dele, é possível se
verificar que a produção de citros mais a de banana, representam 77% da produção total
de frutas brasileiras. O país tem muito o que caminhar ainda.
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Fonte: Fernandes in 8º Congresso de Agribusiness
Apesar de serem produzidas frutas em todo o Brasil, frutas de clima temperado,
de clima sub tropical, frutas tropicais, de clima equatorial úmido, o grande consumo
deste produto ocorre na Região Sudeste brasileira que absorve 48,3% das frutas
produzidas no país. O estado de São Paulo consome os 25,53% da produção (Ilustração
1).
Este fenômeno é devido a dois fatores: o primeiro, é claro, pelo alto poder
aquisitivo, mas o outro motivo é extremamente importante: a fruticultura gera frutas,
frutas são alimentos e alimentos são consumidos proporcionalmente ao número de
pessoas. Consequentemente, há uma distribuição de consumo bastante concentrada
nesses grandes centros urbanos. Este aspecto é relevante para que haja competitividade
quando as frutas são produzidas longe desses centros de consumo. É preciso que se
cuide da logística para que se chegue aos mercados do Sudeste de forma competitiva.
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O Gráfico 1 apresenta a curva de evolução da exportação brasileira de frutas
frescas entre 1998 e 2000. Verifica-se que o Brasil chegou em 2005 com mais de 800
mil toneladas, equivalendo a US$ 440 milhões. E as perspectivas são de que, nos
próximos seis anos, o país atinja o patamar de 1 bilhão e 300 mil toneladas e ultrapasse
o patamar de US$ 1 bilhão, somente em frutas frescas.
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Com relação às exportações, o Gráfico 2 mostra que o Brasil exporta hoje para
55 países. Porém, gostaria de indagar: perante esse gráfico, qual é o país que mais
consome frutas frescas? É o Brasil? Colocamos esse gráfico para mostrar algumas
armadilhas da estatística e esta é uma delas. Realmente o maior mercado brasileiro hoje
é a Comunidade Europeia e a maior parte dos países que funcionam como entrada para
as frutas nacionais são dois: Inglaterra e Holanda. Porém, o maior consumidor de frutas
brasileiras e o qual temos mantido com muito carinho, é o alemão. Porque a maior parte
das importações alemãs são feitas indiretamente. Este é um viés que estamos
procurando modificar, porque se conseguirmos deixar essa intermediação por nossa
conta, iremos, além de uma melhor rentabilidade, termos um maior controle sobre
odestino das nossas frutas. Hoje é possível se encontrar melão na Rússia, cujo produtor,
o Rio Grande do Norte, nem imagina que seu produto esteja sendo vendido lá. É
necessário que passemos a controlar o destino e a forma como os produtos nacionais são
comercializados, pois precisamos valorizá-los. O alvo brasileiro para os próximos anos
não é nenhum desses países do Gráfico 2. Dentro dos próximos seis a oito anos, o futuro
grande mercado para as frutas brasileiras é o constituído pelos países árabes, os países
do Leste Europeu, os do Sudoeste Asiático, mais a China.
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O Quadro 2 lista as estrelas das exportações brasileiras. Verificarmos que, por
esta tabela, em termos de faturamento, a grande estrela brasileira é a uva de mesa
também seguida pelo melão. Mas, com relação ao volume exportado, a banana é a
vedete, seguida também pelo melão. Estamos vivenciando uma nova estratégia da
fruticultura de exportação, ou seja, a substituição de frutas de menor valor agregado
pelas de maior valor agregado, o que permite que seja alcançado maior faturamento com
menor volume de produção. Para se ter uma ideia, a uva sem semente produzida hoje no
Vale do São Francisco, está valendo na cotação de ontem em Rotterdam, cerca de US$
3.200 a tonelada o que não é nada ruim.
O crescimento da fruticultura nacional
Alguns indicadores dos gráficos anteriores mostravam o crescimento médio
anual da fruticultura desde 1998 a patamares de 32%, em volume exportado, e 42% em
valor. Se olharmos a avaliação de 2005 a 2004, verificaremos que esse crescimento não
foi brilhante, mas isso não deve nos preocupar, porque a fruticultura, como qualquer
outra atividade agrária, é um negócio de risco. E, normalmente, a maior parte das frutas
provêm de plantios perenes e tem ocorrido, durante estes últimos dois/três anos,
problemas bastante sérios de adversidades climáticas. Há três anos a maçã não consegue
alcançar seu potencial de produção no Rio Grande do Sul por causa de secas, e agora
por conta do granizo. O Vale do São Francisco inundou onde não chovia. Aconteceram
problemas com a uva relacionados a chuvas fora do tempo. A consequência é que foram
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obtidos, em 2005, menos 3% em volume (827,7 mil toneladas), em comparação com o
ano de 2004. Porém, houve um aumento de 19,5% em valor (US$ 440,1 milhões) que é
justamente o diferencial de valor agregado que estamos considerando.
O saldo da Balança Comercial de Frutas Frescas é crescente (US$ 315 milhões
em 2005). É evidente que a valorização do Real está desfavorecendo a fruticultura de
exportação como qualquer outro setor. Mas a fruticultura brasileira está começando a
mudar seu posicionamento negocial com uma nova filosofia de que não devemos mais
nos abater contra as adversidades, mas sim tentar contorná-las. Realmente, é com ações
pró-ativas e procurando-se conhecer melhor os mercados externos, suas atitudes e
costumes e também sabendo como negociar com cada um dos povos, inclusive com o
nosso – que precisa ser negociado para consumir mais frutas –, que teremos dias
melhores.
O Gráfico 3 apresenta as perspectivas do comércio exterior até 2008. Verifica-
se, pela cor mais escura, o crescimento médio anual do mercado internacional de frutas
como a maçã, o papaia, o melão, a manga, etc. E na cor mais clara, o crescimento médio
anual esperado para as exportações das frutas brasileiras. Constata-se que há
perspectivas de crescermos – ou de aumentarmos as nossas exportações – acima do
crescimento médio do comércio internacional. Isto significa que estamos ganhando
share de mercado e não exportando mais porque existe um mercado crescente, o que
não é verdade.
O mercado europeu, por exemplo, já há alguns anos, está saturado em termos de
consumo per capita de frutas e a única forma de conseguirmos nele entrar é com a
diferenciação, exportando para lá frutas diferentes, frutas brasileiras e tropicais. A nossa
estrela deverá continuar sendo a uva. Neste ano de 2006, já mais da metade dos
parreirais de uva de mesa para a exportação do Vale do São Francisco são de variedades
sem sementes. O produtor brasileiro está reagindo rapidamente às demandas do
mercado internacional. Hoje os melões – que inclusive estão disponíveis nos
supermercados brasileiros – são tão diferenciados que é até difícil reconhecê-los.
Conhecíamos o velho melão valenciano amarelo, e hoje o Brasil está
exportando melões nobres de todas as variedades demandadas e apreciadas no mercado
internacional.
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Peculiaridades do comércio exterior da fruticultura
Vamos agora entender um pouco o comércio exterior, que é muito falado, mas
que para a fruticultura existem uma série de peculiaridades que merecem ser tratadas e
discutidas. Como indicador referencial, a produção mundial de frutas hoje é de
aproximadamente 633 milhões de toneladas (em 2005). Qual é o destino dessa
produção? Cerca de 91,5% permanece nos mercados domésticos, ou seja, a maior parte
da produção de frutas são consumidas nos países onde são produzidas. O mercado
internacional de frutas representa apenas de 8,5% a 9% da produção. Nos mercados
externos, 30% vão para a industrialização e 70% para o mercado in natura. No Brasil, se
for feita essa análise, ela não baterá muito bem, porque grande parte de nossa produção
de laranja vai para produção de suco. Mas, se desconsiderarmos este case, verificaremos
que a regra também se aplica ao nosso país. Portanto, o comércio internacional
apresenta um volume de 53,7 milhões de toneladas, e o valor é de aproximadamente
US$ 31,5 bilhões.
As características estruturais são interessantes para a fruticultura (Gráfico 4).
Dentro do comércio internacional existem dois tipos de mercados: os de proximidade,
que hoje equivalem a 24,8 milhões de toneladas; e os mercados de longa distância, que
representam 28,9 milhões de toneladas. Infelizmente, o Brasil não tem muitos mercados
de proximidade. Os nossos mercados de proximidade se resumiriam aos nossos vizinhos
territoriais, que não compram muito os nossos produtos. Assim, os grandes mercados de
proximidade são entre os países compradores do Hemisfério Norte, do Canadá para os
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Estados Unidos; dos Estados Unidos para o Canadá; da Alemanha para a França; da
França para a Espanha; e, consequentemente, se fecham as nossas perspectivas de
entrada. O que nos resta? Os mercados de longa distância, que se subdividem em apenas
um mercado, o de banana. Só a banana representa 29,6% da comercialização mundial de
frutas, o que explica a famosa “guerra das bananas”, para a conquista desse mercado,
que não é nada desprezível. As frutas exóticas e tropicais representam somente 8,4%.
Assim, temos que nos concentrar nos mercados de contra-estação, que
representam 15,8%. Que mercados são esses? Na Europa, quando começa a esfriar, não
há mais disponibilidade de frutas, sendo necessário importá-las, se a população quiser
continuar comendo frutas. Por exemplo, a Espanha hoje é o maior produtor do mundo
de melões mas, paradoxalmente, é o nosso maior importador do produto na Europa,
justamente nos meses mais frios, ou seja, em novembro, dezembro e uma parte de
janeiro.
As uvas que estamos exportando, além de uma série de outras frutas, como a
maçã são produtos de contra-estação. Salvo a manga, as nossas estrelas de exportação
têm como estratégia buscar esse mercado de contra-estação. Por quê? Porque são
produtos normalmente já conhecidos naqueles mercados, como a uva e a maçã não
sendo necessário se investir em marketing, em promoção de forma substancial para que
as pessoas se acostumem com essas frutas. Isso já não acontece com as frutas tropicais,
apesar de termos um mercado de 8,4%, e sermos hoje o terceiro exportador mundial de
manga e o primeiro de mamão papaia. O Brasil tem 70% do mercado europeu em suas
mãos, mas ele consome pouco e precisamos ensiná-los a consumir melhor. Para isso,
precisamos aperfeiçoar nossos sistemas de promoção e nossas estratégias de divulgação
das frutas brasileiras.
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Oportunidades
O Brasil tem um grande potencial de crescimento no setor da fruticultura com o
aumento, por exemplo, do cultivo de melões nobres (outras variedades); de frutas
orgânicas – se há um país que poderá realmente abastecer, não só o Brasil, como todo o
mundo, com frutas orgânicas, esse país chama-se Brasil, não tenham dúvidas sobre isso.
Outro fator de indução desse crescimento será o aumento do cultivo de uvas sem
sementes, que hoje predominam no mercado americano; com as uvas sem sementes
voltamos também a comercializar e a vender frutas para os Estados Unidos. Há também
a possibilidade de habilitação de mais packing houses para mangas, ou seja, sistemas de
manipulação de frutas para mangas. Não sei se todos sabem mas, para vendermos para o
Japão, para os Estados Unidos, os exportadores de manga têm que fazer um tratamento
quarentenário que pressupõe colocar a manga em temperatura de 58ºC durante tantos
minutos. Então, por favor, não comam manga nos Estados Unidos ou no Japão porque
elas já estão meio cozidas. Mas é o único jeito de se vender.
Precisamos mudar este tipo de mentalidade através de negociações
internacionais, porque não vamos matar nenhuma criancinha vendendo manga tirada do
pé. Mais uma oportunidade de crescimento do setor é a expansão do cultivo de banana
no Rio Grande do Norte e no Ceará, com qualidade e logisticamente mais competitiva.
Os grandes produtores de banana estão vindo para o Brasil, aliás, já estão aqui e os
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estados para exportarmos para a União Européia chamam-se Rio Grande do Norte e
Ceará. Por quê? Os custos de produção são menores e, consequentemente,
logisticamente estão mais perto da Europa, que recentemente abriu um mercado para a
banana e todos agora deverão concorrer em igualdade de condições, desde que paguem
E$ 176 por tonelada. Mas como são todos, creio que teremos vantagens.
Outro fator é o aumento das áreas certificadas de mamão no Nordeste, que vão
nos permitir entrar nos Estados Unidos que são, sem sombra de dúvidas, o maior
mercado de papaia. Outras frutas, a médio prazo, poderão entrar nos Estados Unidos
como o limão, as laranjas e as tangerinas. Obviamente, o Brasil pode aumentar a
produção de frutas o quanto quiser. Existem também oportunidades em novos
mercados, como, por exemplo, o Leste Europeu, países árabes, Sudeste Asiático e
China.
A potencialidade de aumento de competitividade internacional é real, mas temos
muito a melhorar em termos de custos e podemos melhorar nossa competitividade mais
ainda. Para se ter uma ideia, se considerarmos o custo “SIF” da uva sem semente
colocada no mercado de Rotterdam, com os economistas fazendo detalhamento da
planilha de custos, verificar-se que 80% dos custos provêm do custo de produção e de
embalagem, ou seja, se me derem o transporte de graça, ótimo, porque o meu problema
está com a produção e com as embalagens.
Barreiras e dificuldades
Não são poucas as barreiras que dificultam a expansão da competitividade da
fruticultura brasileira. Os custos de produção altos e pouca tradição no mercado
internacional estão entre elas. Normas e exigências diferentes são mais outras barreiras.
As diversidades de exigências são realmente significativas, não só as advindas das
legislações agro-alimentares, como agora, mais modernamente, as dos compradores e
consumidores.
Quem pretende exportar para determinada rede de supermercados precisa
cumprir os requisitos exigidos. Outra barreira enfrentada pela fruticultura é a baixa
capacitação dos pequenos produtores, apesar de o setor estar fundamentado em
pequenas propriedades, há muito o que se fazer para transformá-los de produtores em
empresários, porém é um trabalho gigantesco.
Mais uma dificuldade é a ausência de sistemas de organização competitivos para
a comercialização. Este é realmente o nosso grande “calcanhar de Aquiles”: sabemos
produzir, sabemos beneficiar, mas, na hora de comercializar, somos extremamente
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individualistas e não temos a mínima capacidade de organização. Precisamos melhorar
porque, de repente, alguém liga informando que chegaram dez contêineres juntos, ou
dez navios com contêineres de manga em Rotterdam, por exemplo, e ninguém soube. E
o que acontece na prática? Exatamente o que os intermediários querem: o preço vai lá
para baixo e os produtores vão receber talvez até menos do que o custo de produção que
eles tiveram.
O conhecimento insuficiente dos mercados e nichos é outra barreira bastante
importante e hoje é fundamental este conhecimento. Os nichos estão muito relacionados
com produtos diferenciados. Atualmente, para se ganhar mercados, existem três
alternativas no setor de fruticultura: produzir mais barato, o que não é muito fácil;
produzir com a mesma, ou com uma melhor qualidade que os demais, que também é
complicado; e, a terceira, competirmos com produtos diferenciados e é exatamente por
este caminho que iremos atingir nichos em outros segmentos.
Continuando a relacionar as dificuldades, é preciso haver uma análise
empresarial para a competitividade, além do aumento da concentração dos agronegócios
no mercado interno e externo. É uma realidade a fusão das grandes empresas, é um fato
com o qual temos que começar a conviver e traçar estratégias porque veio para ficar. E,
finalmente, a existência de barreiras fitossanitárias e também o baixo consumo de frutas
comercializadas no Brasil. É preciso se consumir mais frutas. Finalizando, se eu
perguntar a cada pessoa se considera as frutas um alimento, creio que unanimamente a
resposta será afirmativa. Porém, na prática não é o que acontece. O brasileiro considera
a fruta não como um alimento principal, mas sim como um complemento. Se o
Joãozinho passar na fruteira e pegar uma maçã antes do almoço, provavelmente, sua
mãe irá dizer: “coloque esta fruta aí na fruteira porque, senão, você não almoça,
Joãozinho”. E depois ele vai comer uma feijoada ou uma rabada, coisa leve!
Então, para nós brasileiros as frutas ainda são um complemento alimentar.
Existem muitos fatores que dificultam, falácias, preconceitos, como, por exemplo, “não
se pode dar abacaxi para crianças porque dá aftas”. Alguém já viu frutas tropicais na
fruteira de uma mãe que acabou de ter neném? Não, apenas algumas frutas mais
conhecidas tradicionalmente. Eu mesmo venho de um berço onde meus avós sempre me
ensinaram que “chupar laranja de manhã é ouro, à tarde é prata, e à noite mata”.
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CAPÍTULO 2 – PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS
Para se perpetuarem, as espécies se multiplicam. Os vegetais superiores
multiplicam-se naturalmente por duas vias: pelo ciclo sexuado e assexuado. No ciclo
sexuado, também denominado de ciclo reprodutivo a multiplicação ocorre pela união do
gameta masculino (grãos de pólen) com o gameta feminino (oosfera) gerando um
embrião que está presente nas sementes.
Nesse processo há recombinação genética, ocorrendo variabilidade no genoma.
Por essa razão, a nova planta que se origina da germinação da semente é denominada
indivíduo, pois será geneticamente diferente da planta matriz. Pelo ciclo assexuado
também denominado vegetativo, a nova planta gerada é oriunda de estruturas
vegetativas (propágulos) como brotos, e nesse caso não ocorre recombinação genética,
ou seja, elas possuem a mesma carga genética da planta matriz.
Essas novas plantas são denominadas clones, que são cópias perfeitas, ou seja,
geneticamente iguais à planta que lhe deu origem. Em fruticultura, que é uma atividade
com enorme potencial de crescimento, o Brasil encontra-se em posição privilegiada em
decorrência da extensão territorial, posição geográfica e condições de clima e solos, que
permite a produção de uma grande diversidade de frutas, em diferentes regiões, o ano
inteiro.
Nesse aspecto, a produção de mudas ou a multiplicação de plantas controlada
pelo homem representa um dos requisitos de maior importância para o sucesso
econômico da implantação de um pomar. Como a maioria das espécies frutíferas são
plantas perenes, que produzem por um longo período, é de suma importância que as
mudas sejam de qualidade, pois terão influência direta na produtividade e rentabilidade
do empreendimento agrícola.
Diversas técnicas são utilizadas na produção de mudas de árvores frutíferas. O
desenvolvimento dessas técnicas permite que as mudas sejam obtidas com as mesmas
características da planta que se deseja multiplicar, o que garante a uniformidade das
mesmas em campo.
Como cada espécie apresenta uma particularidade, é necessário conhecer suas
formas de propagação e, assim, utilizar o melhor método para formação das mudas. A
produção de mudas de árvores frutíferas pode ser realizada pelo uso de sementes, cujas
plantas originárias não serão idênticas. É bastante utilizada na produção de porta-
enxertos de algumas espécies, em árvores silvestres que ainda não possuem cultivares
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melhoradas e em algumas fruteiras que apresentam vantagens na produção de mudas
como maracujazeiro, mamoeiro e coqueiro. Porém, os métodos mais adequados para se
produzir mudas de plantas frutíferas são os propagativos, pois eles garantem à nova
planta as características desejáveis da planta matriz.
Razões do uso da propagação
A propagação deve ser utilizada para:
• Manter as características da variedade que se deseja propagar, como produção e
qualidade dos frutos e homogeneidade entre as plantas;
• Multiplicar em larga escala uma única planta, selecionada como planta matriz;
• Combinar duas espécies para formar uma só planta, pelo uso do método de enxertia;
• Produção precoce de frutos por evitar a fase juvenil da planta, devendo-se selecionar
propágulos de plantas adultas;
• Produção de mudas de espécies em que a propagação é o único meio de multiplicação.
Como exemplo, temos a bananeira, cujo método de propagação é por meio de rizomas.
Outras espécies como a lima ácida tahiti, laranja-de-umbigo e figueira também
dependem de alguma técnica de propagação, pois as sementes que produzem não são
viáveis;
• Multiplicar espécies em que a propagação é mais fácil, rápida e econômica.
Métodos de propagação
Os principais métodos de propagação, que proporcionam a clonagem de plantas
com características desejáveis são: estaquia, alporquia, mergulhia, enxertia e estruturas
especializadas. O que vai definir a escolha de um ou outro método será a adaptação e
facilidade de formação de mudas em cada espécie.
Um dos principais fatores para o sucesso na produção de mudas, por meio da
propagação, é a escolha da planta matriz que deve ser representativa da variedade, ter
boa sanidade, ou seja, sem pragas e doenças, ser produtiva e esteja sendo conduzida
com todos os tratos culturais recomendados para a cultura, principalmente adubação e
irrigação.
A seleção adequada do material vegetativo que será retirado da planta matriz, o
substrato, a disponibilidade de água e as condições apropriadas de luz, aeração,
temperatura e umidade são elementos fundamentais para o sucesso de qualquer método
de propagação que se deseja utilizar.
Estaquia
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A estaquia é um método de propagação simples que consiste na retirada e
utilização de partes da planta matriz que deseja-se propagar. Esse método consiste na
capacidade de regeneração dos tecidos da estaca e emissão de raízes adventícias e
brotações. Pode ser utilizada na produção direta de mudas ou para a produção de porta-
enxertos. As estacas, ou seja, partes da planta podem ser obtidas de órgãos aéreos ou
subterrâneos, tais como, folhas, ramos e raízes.
Tipos de Estacas
A preferência por um ou outro tipo de estaca irá depender da espécie, da
facilidade de enraizamento e da infraestrutura do local. Em fruticultura, as estacas de
ramos com pelo menos uma gema, são as mais utilizadas, pois precisam apenas formar
novas raízes adventícias visto que já possuem um ramo em potencial, a gema. Com
exceção de algumas espécies como figo da índia e framboesa, as estacas de folhas e de
raízes, não são utilizadas na produção comercial de mudas de espécies frutíferas (Figura
1).
Figura 1: Tipos de estacas
São diversos os fatores que afetam o enraizamento das estacas de ramos, tais
como: condições fisiológicas da planta matriz, juvenilidade, condições do ambiente de
enraizamento, posição e graus de lignificação dos ramos. Quanto ao grau de
lignificação, pode-se classificar as estacas de ramos em herbáceas, semilenhosas ou
lenhosas (Figura 2).
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As estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão lignificados, ou seja,
estão com tecidos tenros e de coloração verde. São retiradas da parte apical dos ramos
no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os fluxos de crescimento
vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta deve ser feita
preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem ser mantidas.
A função da manutenção das folhas é a continuação do processo fotossintético
que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto para a
formação das raízes. A utilização de estacas herbáceas é muito utilizada na produção de
mudas de goiabeira.
Estacas semilenhosas são obtidas de ramos parcialmente lignificados, após o
mesmo ter completado seu crescimento. Para enraizar, essas estacas ainda com folhas,
devem ser mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente com umidade
relativa alta para reduzir a perda de água pelas folhas. É bastante utilizada na
propagação de algumas espécies tropicais e subtropicais.
As fruteiras que perdem as folhas no outono (caducifólias), como figo e uva, por
exemplo, apresentam seus ramos lenhosos com boa capacidade de enraizamento. As
estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, sem folhas, com idade
superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de dormência da planta
(inverno).
A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais barata, pois são mais
resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e umidade.
Figura 2 - Graus de lignificação de ramos de seriguela
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Após a coleta das estacas da planta matriz, faz-se o preparo das mesmas,
colocando-as para enraizar em substrato adequado que possua boa capacidade de
retenção de água, drenagem satisfatória e esteja livre de patógenos de solo, planta
daninha e nematóide. Um dos principais substratos utilizados para o enraizamento de
estacas é a vermiculita.
Nessa etapa é importante garantir que o substrato esteja bem aderido à estaca.
Então se faz uma leve compactação do substrato ao redor das estacas, para evitar a
permanência de bolsões de ar, que impeçam a aeração na base das mesmas. É
importante lembrar que para algumas espécies frutíferas o uso de reguladores vegetais
auxilia no enraizamento, principalmente os produtos com ação auxínica comercializados
no mercado com os nomes de ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético
(ANA).
Por apresentarem difícil diluição em água, esses produtos podem ser dissolvidos
em solução alcoólica ou hidróxido de potássio para serem aplicados na forma líquida ou
misturados em talco para serem aplicados em pó. Depois de prontas, as estacas são
levadas para ambientes propícios ao enraizamento.
Ambiente para enraizamento
Devido à evapotranspiração, estacas semilenhosas e herbáceas requerem
instalações com sistema de nebulização intermitente, que permite a emissão de
pequenas gotículas de água, de tempo em tempo, mantendo a superfície das folhas
molhadas. No caso de estacas lenhosas, essas instalações não são necessárias, podendo
ser colocadas em canteiros de areia ou saquinhos contendo substrato com no máximo
uma tela de sombreamento para evitar os efeitos do excesso de radiação solar e chuva
(Figura 3 a, b, c).
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Figura 3 - Nebulizador com alta umidade relativa (a); canteiros de areia com
estacas lenhosas (b e c).
Alporquia
A alporquia é um método de propagação em que se faz o enraizamento de um
ramo ainda ligado à planta matriz (parte aérea), que só é destacado da mesma após o
enraizamento.
O método consiste em selecionar um ramo da planta, de preferência com um ano
de idade e diâmetro médio. Nesse ramo, escolhe-se a região sem brotação e faz-se um
anelamento, de aproximadamente dois centímetros, retirando toda a casca (floema) e
expondo o lenho. Depois disso, deve-se cobrir o local exposto com substrato
umedecido, a base de fibra de coco e envolvê-lo com plástico, cuja finalidade é evitar a
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perda de água, amarrando bem as extremidades com um barbante, ficando com o
aspecto de um bombom embrulhado. Os fotoassimilados elaborados pelas folhas e as
auxinas pelos ápices caulinares deslocam-se pelo floema e concentram-se acima do
anelamento, promovendo a formação das raízes adventícias nesse local. Recomenda-se
que a alporquia seja feita de preferência na época em que as plantas estejam em plena
atividade vegetativa, após a colheita dos frutos, com o alporque mantido sempre úmido.
A separação do ramo que sofreu alporquia da planta matriz, depende da espécie
e da época do ano em que foi feito o alporque. Após a separação, o ramo enraizado é
colocado num saco plástico contendo substrato e mantido à meia sombra até a
estabilização das raízes e a brotação da parte aérea. Quando isso ocorrer, as mudas
estarão prontas para serem plantadas no campo.
A alporquia é utilizada na propagação de muitas espécies frutíferas, e um
exemplo do sucesso do método ocorre na cultura da lichia.
Mergulhia
A mergulhia é um método de propagação semelhante à alporquia. A única
diferença é que na mergulhia, o enraizamento do ramo ainda ligado à planta matriz
ocorre no solo (Figura 4).
Figura 4 - Mergulhia natural em cajueiro/ Natal-RN
Assim como ocorre no processo de alporquia, na mergulhia a planta a ser
formada fica unida a planta matriz até o enraizamento. A mergulhia é feita no solo, vaso
ou canteiros, quando os ramos das espécies são flexíveis e de fácil manejo. O método de
mergulhia consiste em enterrar partes de uma planta, como ramos, por exemplo, com o
objetivo de que ocorra o enraizamento na região coberta. É um processo usado na
obtenção de plantas que dificilmente se propagariam por outros métodos.
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O enraizamento ocorre devido ao acúmulo de auxinas (hormônios endógenos)
pela ausência de luz na região enterrada ou coberta, que promove a formação das raízes
adventícias e também pelo aproveitamento do fornecimento contínuo de água e
nutrientes da planta matriz.
É muito importante que o local para a realização da mergulhia esteja isento de
patógenos, pois como é utilizado o solo para o enraizamento, há sempre o risco de
contaminação das novas plantas por doenças e/ou pragas. A mergulhia é um método
bastante utilizado na obtenção de porta-enxertos de macieira, pereira e marmeleiro.
Tipos de mergulhia
Há vários tipos de mergulhia, mas em fruticultura utiliza-se principalmente a
mergulhia de cepa, também chamada de amontoa.
Mergulhia de cepa
A mergulhia de cepa é muito utilizada na produção de porta-enxertos de
macieira. Inicialmente faz-se uma poda drástica da planta matriz do porta-enxerto,
deixando somente uma pequena parte do tronco, chamada de cepa. Essa poda irá
favorecer a emissão de inúmeras brotações jovens a partir da cepa. Após o
desenvolvimento dessas brotações, realiza-se a amontoa com terra, cobrindo a parte
inferior das mesmas.
Será nessa região enterrada que irá ocorrer o enraizamento de cada brotação
individualmente. Após o enraizamento, cada brotação será destacada da planta matriz,
formando um novo porta-enxerto. A planta matriz do porta-enxerto será novamente
podada drasticamente para iniciar um novo ciclo de produção, podendo ser utilizada por
muitos anos, dependendo de como as plantas são cuidadas.
Enxertia
A enxertia é um método de propagação que consiste em unir partes de plantas,
de tal maneira, que continuem seu crescimento como uma só planta. A parte superior
que formará a copa da nova planta recebe o nome de enxerto ou cavaleiro e a parte
inferior que formará o sistema radicular recebe o nome de porta-enxerto ou cavalo.
Cada uma das partes possui suas características próprias. O porta-enxerto tem a
função de dar suporte mecânico à planta, retirar água e nutrientes do solo, e em muitos
casos beneficiar a copa pela resistência a pragas e doenças de solo, seca ou a solos
encharcados. O enxerto ou copa é responsável pela fotossíntese que irá alimentar toda a
planta para a produção.
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A enxertia deve ser realizada para propagar espécies que não podem ser
facilmente multiplicadas por outros métodos, para obter benefícios do porta-enxerto,
mudar a cultivar copa em plantas adultas (sobreenxertia) ou substituir o porta-enxerto
(subenxertia).
O sucesso da cicatrização entre as partes após a prática da enxertia dependerá da
espécie que se estará trabalhando; da habilidade do enxertador; da atividade fisiológica
do enxerto e do porta-enxerto; das condições a que as plantas serão submetidas durante
e após a enxertia; dos problemas de pragas e doenças e da incompatibilidade que possa
ocorrer entre as partes.
É importante destacar também que existem alguns limites na enxertia
relacionados à combinação copa e porta-enxerto. A maior facilidade da enxertia ocorre
entre plantas de um mesmo clone, aumentando o grau de dificuldade à medida que se
enxertam diferentes cultivares da mesma espécie, diferentes espécies e diferentes
gêneros.
O sucesso da enxertia intergenérica (entre gêneros) é bastante limitado, sendo
conhecidos alguns casos como o de pereira sobre marmeleiro, por exemplo. Em
fruticultura não se conhece sucesso de enxertia entre plantas de famílias botânicas
diferentes.
Tipos de enxertia
São três os tipos de enxertia: borbulhia, garfagem e encostia. No primeiro caso,
o enxerto é uma borbulha, ou gema; no segundo, um pedaço de ramo ou garfo destacado
da planta matriz com uma ou mais gemas e no terceiro, a união de duas plantas inteiras.
Borbulhia
A borbulhia consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto
enraizado. Embora haja vários tipos de borbulhia, serão descritas as formas em “T”
normal, “T” invertido, placa ou janela aberta e janela fechada. Cada denominação varia
em função do tipo de corte efetuado e na forma de fixação das gemas (borbulhas) no
porta-enxerto (Figura 5).
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Figura 5 - Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em
placa ou janela aberta(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de
Hartmann et al. (2002)
As borbulhias em “escudo” e em “T” referem-se a uma mesma técnica (“T”
designa a aparência do corte no cavalo, onde a gema será introduzida e o “escudo”
refere-se ao formato dessa gema). O corte em “T” no porta-enxerto é feito abrindo uma
incisão transversal e outra longitudinal, onde será inserida a borbulha. A borbulha é um
fragmento de forma triangular, retirada da planta matriz após o corte do ramo que a
contém, também chamado de ramo porta-borbulha. Esse fragmento deve ter dimensões
proporcionais ao corte em “T” efetuado no porta-enxerto.
Com a ponta do canivete de enxertia, abre-se a região da casca abrangida pelas
incisões, levantando-a para inserção da borbulha que é introduzida com a gema voltada
para o lado externo. Em seguida, deve-se amarrá-la de cima para baixo, com o auxílio
de um fitilho plástico ou fita biodegradável. Toda essa operação deve ser rápida, para
que não ocorra ressecamento das regiões de união dos tecidos ou cicatrização dos cortes
antes que ela seja finalizada.
O “T” invertido é muito parecido, apenas o sentido do corte que o difere do
anterior, sendo o corte horizontal feito na extremidade inferior do corte perpendicular
do porta-enxerto. O escudo retirado da planta matriz agora tem sua base invertida. O
objetivo da variação na técnica é evitar a infiltração de água na região da enxertia. É
importante observar que a posição da borbulha não muda. A amarração do escudo deve
iniciar-se de baixo para cima no porta-enxerto. A facilidade operacional é maior, além
de impedir o acúmulo de água nos cortes, por isso é o tipo mais utilizado quando
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comparado ao corte em “T” normal. O “T” invertido é amplamente utilizado por
viveiristas, principalmente os produtores de mudas de citros.
Na produção de mudas de pessegueiro pode-se utilizar o método de borbulhia
por janela aberta ou placa, onde a gema é retirada da variedade copa com um segmento
retangular e encaixada num porta-enxerto previamente preparado com a mesma
abertura. São feitos dois cortes perpendiculares paralelos e outros dois transversais,
formando um retângulo. O pedaço da casca é retirado, com o auxílio de um canivete.
Toma-se o cuidado para que os dois retângulos sejam de tamanhos bem próximos.
Depois o escudo encaixado é amarrado com fitilho plástico ou fita biodegradável,
sempre deixando a gema do pessegueiro exposta, pois ela é muito sensível e pode se
quebrar.
Na borbulhia tipo janela fechada, o corte da copa deve permitir a abertura da
casca em duas partes, como as folhas de um portão, que serão fechadas sobre a borbulha
após sua inserção. Duas incisões transversais e paralelas são feitas no porta-enxerto, e
um corte perpendicular une as duas pelo ponto central de seu comprimento. Levanta-se
a casca entre os cortes e a borbulha retangular semelhante à janela aberta é introduzida,
ficando em estreito contato com os tecidos internos do caule. A casca deve ser fechada
contra o escudo e amarrada com fitilho plástico, aumentando o contato entre os tecidos.
Garfagem
Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de
um pedaço de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha
uma ou mais gemas para outra planta que é o porta-enxerto. Embora haja várias
denominações, os tipos mais comuns de garfagem são: meia-fenda, fenda cheia; fenda
dupla, fenda lateral, inglês simples e inglês complicado (Figura 6).
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Figura 6 - Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês
simples (c); Garfagem inglês complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al.
(2002)
Na garfagem em meia fenda, o garfo é cortado em bisel duplo. O porta-enxerto
é cortado transversalmente, fazendo-se, em seguida, uma incisão igual a largura do
bisel. Aprofunda-se a incisão para baixo, por meio de movimentos com o canivete de
enxertia, então introduz-se o garfo na fenda, de tal modo que as camadas das duas partes
fiquem em contato em pelo menos um dos lados. Esse tipo de garfagem é utilizado
quando os garfos são de diâmetros diferentes do porta-enxerto, sendo necessário que
pelo menos um dos lados esteja em contato com os tecidos para que ocorra o processo
de cicatrização e sobrevivência do enxerto.
Já na garfagem em fenda cheia, a obtenção do garfo é idêntica ao caso anterior.
O porta-enxerto é cortado transversalmente à altura desejada, praticando-se em seguida
uma fenda cheia, do mesmo tamanho do garfo que será introduzido nessa fenda, de
maneira que os dois lados desse garfo coincidam por completo com o diâmetro do
porta-enxerto. Para a prática da enxertia por inglês simples é necessário que o garfo e o
porta-enxerto tenham o mesmo diâmetro. Corta-se o porta-enxerto a uma altura
conveniente do solo, talhando-o em um bisel simples enquanto o garfo também é
cortado em bisel, exatamente para encaixar no porta-enxerto, a fim de que possam
coincidir em toda sua extensão.
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A garfagem por inglês complicado é realizada como no caso anterior, mas com
um encaixe mais perfeito. Coloca-se a lâmina do canivete um pouco acima do meio do
bisel do porta-enxerto e, a partir deste ponto, em sentido longitudinal e paralelo ao eixo,
fende-se o próprio cavalo, até que a fenda atinja o nível da base do seu bisel.
Faz-se o mesmo no bisel do enxerto. Então encaixa-se o garfo no porta-enxerto,
tomando o cuidado de fazer com que as cascas de ambos se coincidam. Os instrumentos
utilizados para a prática da garfagem são tesoura de poda e canivete.
Após a realização da garfagem, é importante amarrar bem forte o garfo no porta-
enxerto para manter as partes perfeitamente unidas. Depois, cobre-se o enxerto com um
saquinho plástico, os mesmos utilizados para sorvetes, para evitar que ocorra perda ou
infiltração de água na região de enxertia.
Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve
ocorrer por volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado
após 60 dias, para garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o
desenvolvimento da brotação para que as mudas possam ser plantadas em campo.
Encostia
A encostia é um método de enxertia usado para árvores frutíferas que
dificilmente se propagam por outros métodos. Em resumo é uma técnica que consiste na
junção de duas plantas inteiras, que são mantidas dessa forma até a união dos tecidos
(Figura 7).
Figura 7 - Enxertia por encostia. Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002)
Após essa união, uma será utilizada somente como porta-enxerto e a outra como
copa. Para fazer essa enxertia, o porta-enxerto deve ser transportado em um recipiente
até a planta que se quer propagar sendo geralmente colocado na altura da copa, através
da utilização de suportes de madeira que o sustentarão.
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Corta-se uma porção do ramo de cada uma das plantas, de mesma dimensão, e
encostam-se as partes cortadas, amarrando-as em seguida com fita plástica para haver
união dos tecidos.
O enxerto é representado por um ramo da planta matriz, sem dela se desligar até
que ocorra a soldadura ao porta-enxerto. Após 30-60 dias, havendo a união dos tecidos,
faz-se o desligamento da nova planta, cortando-se acima do ponto de união do porta-
enxerto.
Nessa fase, retira-se o fitilho plástico que estava amarrado e destaca-se o ramo
da planta original, formando uma nova copa. Tem-se, assim, a muda, constituída de
copa e porta-enxerto.
A primavera é a estação mais adequada para a prática da encostia e as que são
realizadas no outono desenvolvem-se muito lentamente.
Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto
A compatibilidade pode ser definida como a capacidade que duas plantas ou
parte de plantas enxertadas possuem de se desenvolverem satisfatoriamente como se
fossem uma única planta. Já a incompatibilidade pode ocorrer devido a diferenças
fisiológicas, bioquímicas e anatômicas entre as plantas que podem ser favoráveis ou
desfavoráveis à união do enxerto.
Os problemas de incompatibilidade ocorrem principalmente em função da
enxertia entre espécies de diferentes famílias e gêneros. Os principais sintomas
associados à incompatibilidade de enxertia são:
• expansão da união do enxerto quando ocorre o super crescimento do diâmetro do
tronco acima ou abaixo do ponto de enxertia;
• quebra ou ruptura do enxerto na ocorrência de ventos fortes ou até mesmo quando a
produção de frutos na planta for muito grande;
• morte prematura da planta;
• amarelecimento e queda prematura das folhas no outono;
• aparecimento de uma linha escura na região da enxertia pela morte dos tecidos.
A presença de um ou mais desses sintomas não significa necessariamente, que a
combinação seja incompatível. Podem ser resultantes de condições ambientais
desfavoráveis, tais como falta de água ou nutrientes, ataques de pragas, doenças ou
inclusive, enxertia mal sucedida.
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Micropropagação
A propagação “in vitro” ou micropropagação, consiste na aplicação da técnica
de cultura de tecidos para a produção de plantas idênticas a planta matriz. Este tipo de
propagação permite produzir mudas com alta qualidade genética e fitossanitária.
É feita em laboratórios a partir de pedaços de tecido vegetal. Estes fragmentos
retirados de vegetais são chamados de explantes e multiplicados em meio artificial (sem
solo), o qual fornece nutrientes e outras substâncias necessárias à multiplicação e
regeneração de novas plantas. A base para o cultivo de pequenas partes de plantas só é
possível pela propriedade da totipotência, que é a capacidade que toda célula vegetal
tem de regenerar uma planta completa, a partir de informações genéticas contidas na
mesma.
As técnicas de propagação “in vitro” permitem multiplicar vegetativamente
espécies de difícil propagação pelos métodos convencionais. Além disso, permite a
produção de um grande número de plantas a partir de um explante em menor tempo que
os métodos tradicionais de propagação. Possibilitam também, a produção de mudas
livres de patógenos causadores de doenças que pelos métodos convencionais de
propagação, podem ser transmitidos pelas mudas.
Entre as fruteiras tropicais multiplicadas pela cultura de tecidos destacam-se as
culturas do abacaxizeiro e da bananeira que estão sendo produzidas em maior escala por
algumas empresas do setor (Figura 8).
Figura 8 - Mudas de bananeira micropropagadas.
Estruturas especializadas
Algumas espécies possuem processos naturais de propagação por meio de
estruturas especializadas. Essas estruturas são caules, folhas ou raízes modificadas que
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além de funcionarem como órgãos de reserva de alimentos podem também ser utilizadas
na propagação. Em condições adversas são esses órgãos que possibilitam a
sobrevivência das plantas.
Vários tipos de estruturas especializadas podem ser utilizadas na produção de
mudas. Em espécies frutíferas, as principais estruturas são estolões, rebentos e rizomas
que são úteis na propagação de algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a
bananeira, o abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta.
Os estolões são definidos como caules aéreos especializados, muito comuns na
propagação do morangueiro; já os rizomas são caules subterrâneos que possuem gemas
para formação de novas brotações, as quais originarão novos pseudocaules e passarão a
ter o seu próprio sistema radicular. É o principal método de multiplicação das
bananeiras.
As mudas de bananeira são obtidas a partir do desenvolvimento das gemas do
rizoma. A denominação das mudas é dada de acordo com o desenvolvimento e peso do
rizoma. As mudas obtidas de rizoma inteiro são denominadas popularmente de:
• Chifrinho – apresentam de 20 a 30 cm de altura e têm unicamente folhas lanceoladas
(em forma de lança) com até 1,5 kg;
• Chifre – apresentam de 50 a 60 cm de altura e folhas lanceoladas, com peso variando
de 1,5 a 2,5 kg;
• Chifrão: apresentam de 60 a 150 cm de altura, com uma mistura de folhas lanceoladas
e folhas características de planta adulta, com peso superior a 2,5 kg.
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Figura 9 - Mudas do tipo chifrão, chifre e chifrinho com folhas (a), sem folhas (b);
Pedaços de rizoma (c)
Essas mudas podem ser obtidas diretamente do bananal, tomando o cuidado de
selecioná-las de plantas vigorosas, que represente a variedade a ser propagada, esteja
isenta do ataque de pragas e doenças e com idade que não seja superior a quatro anos.
Embora a propagação por rizomas seja muito utilizada, nos últimos anos tem
crescido muito a produção de mudas de bananeira utilizando a técnica de cultura de
tecidos, ou micropropagação, como visto anteriormente.
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CAPÍTULO 3 - MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO
O manejo do solo envolve todos os tratos culturais aplicados à camada de solo
utilizada pelas plantas frutíferas, desde o momento do plantio até a colheita. Deve ser o
mais eficiente possível quanto ao controle da erosão do solo, regulação da
disponibilidade de água, manutenção de um bom nível de matéria orgânica, redução da
competição com ervas daninhas, manutenção da fertilidade do solo, facilidade no
trânsito do homem e máquinas no pomar, levando em consideração a economicidade,
equipamentos e máquinas disponíveis na propriedade. O manejo do solo e a sua
execução estão intimamente ligados ao sistema de plantio, espaçamento adotado,
dimensão da área, espécie cultivada, clima e topografia.
Preparo do solo antes do plantio
As plantas frutíferas apresentam um sistema radicular que se concentra numa
faixa de 0 a 40cm, entretanto é possível que algumas espécies atinjam até alguns metros
de profundidade.
O solo, portanto, deve ser profundo, bem drenado e conter nutrientes e água em
quantidades adequadas para que a planta alcance um bom desenvolvimento. O solo deve
ser preparado até uma profundidade de 40 a 50cm, para que seja possível incorporar os
fertilizantes e corretivos. Para isso, é utilizada subsolagem seguida de lavração
profunda, quando as condições do terreno permitirem.
Para plantas frutíferas, o solo deve ser corrigido até uma profundidade de 40cm,
portanto a quantidade de corretivos deve ser duplicada, uma vez que a análise de solo
prescreve os corretivos para uma faixa que vai até 20cm de profundidade. Durante o
preparo do solo, antes do plantio, é a melhor ocasião para incorporar os corretivos em
profundidade, tendo-se em vista que os mesmos são pouco móveis no solo; e que,
depois de implantado o pomar, as dificuldades para colocá-los a disposição do sistema
radicular seriam aumentadas.
O preparo do solo de maneira superficial dificulta a penetração do sistema
radicular da planta e limita a disponibilidade de nutrientes e água, provocando menor
crescimento das mesmas, podendo, em algumas situações, aumentar o risco de erosão
pela menor retenção de água das chuvas. Deve-se levar em conta o tipo de solo e a
declividade do terreno, condições climáticas, recursos do fruticultor, espécie cultivada,
condução da planta e área do pomar. Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o
preparo normalmente é feito em covas.
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Preparo do solo com subsolagem e lavração profunda
A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50cm no solo,
seguida de lavração e gradagem. Este sistema permite colocar os nutrientes em maiores
profundidades e a disposição das raízes das plantas, melhorando a aeração do solo, e a
infiltração de água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a
penetração e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas.
Esta forma de cultivo não pode ser utilizada em solos rasos, pedregosos ou que
apresentem horizonte com adensamento. Exige máquinas apropriadas e apresenta um
custo inicial mais elevado. O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em
duas etapas; metade da quantidade antes da subsolagem e a outra metade antes da
lavração.
Quando for usado um fosfato natural, como fonte de P2O5, deve-se aplicá-lo
antes da aplicação do calcário, pois em meio ácido esta fonte de fósforo se solubiliza
mais facilmente, aproveitando, desta forma, a acidez natural do solo. Os corretivos são
aplicados em toda a área e, por ocasião do plantio, faz-se abertura de pequenas covas,
com tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo
necessidade de adubação nas covas. O plantio das mudas, dependendo da declividade,
poderá ser:
a) Em nível, quando a declividade do terreno for menor do que 3%;
b) Com construção de terraços, quando a declividade for menor do que 20% e;
c) Em patamares, quando a declividade for superior a 20%.
Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas
Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a
25cm, em seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes
são utilizados de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo.
Este sistema pode ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do
solo, devido à presença de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive
acentuado, ou quando a espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular
profundo. Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode
provocar acúmulo de água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a
adubação na cova cria um ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não
permite que haja uma expansão lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa)
ou químicos (maior disponibilidade de nutrientes na cova).
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Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas
Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a
25cm, em seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes
são utilizados de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo.
Este sistema pode ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do
solo, devido à presença de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive
acentuado, ou quando a espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular
profundo.
Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar
acúmulo de água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na
cova cria um ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não permite que haja
uma expansão lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos
(maior disponibilidade de nutrientes na cova).
Preparo convencional seguido da construção de terraços tipo camalhão
O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm, ao mesmo tempo em
que é realizada a correção de acordo com os resultados da análise do solo. Sobre o solo
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas sobre o solo
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas,
conforme indica a Figura.
Figura: Corte de um terraço, mostrando sua localização, bem como a do canal.
Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade. Permite um bom
desenvolvimento radicular da planta, pois aumenta a quantidade de solo arável a ser
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explorado; preparo totalmente mecanizado; contribui para o controle da erosão e auxilia
a drenagem em solos planos.
Preparo do solo em faixas
Consiste em preparar apenas uma faixa do terreno, na qual será plantada a
espécie frutífera. A faixa de preparo, dependendo do terreno, pode ser em nível e ter
uma largura de até 2,5m. Nesta faixa são aplicados todos os corretivos e a muda é
plantada sobre solo preparado. A medida que a planta vai crescendo, a faixa de cultivo
pode ser ampliada. Entre as duas filas de plantas pode permanecer uma faixa de
vegetação nativa ceifada periodicamente.
O preparo do solo pode ser com subsolagem e lavração profunda ou ainda
lavração convencional seguida da construção de camalhões. Este sistema tem um custo
menor na instalação do pomar e permite um bom controle da erosão do solo. A
desvantagem seria que ele não permite a instalação de culturas intercalares no pomar.
Figura: Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as
entrelinhas com cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello
Plantio em terraços tipo patamar
Este sistema envolve grande movimentação de solo e é restrito a áreas que
apresentam riscos de erosão, com declividade superior a 20%, e para culturas de alto
rendimento econômico, devido ao elevado custo da construção.
Deve-se dar preferência para o plantio em solos planos e com outros sistemas de
preparo do solo. Este sistema é utilizado na região da serra do RS, com viticultura.
Existem três tipos de terraços em patamar: patamar contínuo, utilizado em culturas
permanentes; patamar descontínuo ou "banquetas individuais", construído para cada
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planta do pomar a ser formado e; por último, o patamar de irrigação. Este sistema é
muito oneroso, pois implica em grandes movimentações de solo.
Outros sistemas e disposição dos carreadores
É possível, ainda, o cultivo de plantas em trincheiras, banquetas individuais,
entre outras. A escolha do melhor sistema ficará na dependência da espécie frutífera,
espaçamento, condições climáticas, solo, topografia, disponibilidade de equipamentos e
recursos financeiros.
Os carreadores, sempre que possível, devem ser planejados e em nível. Toda
água que sai do pomar deve ser canalizada para escoadouros protegidos, para evitar-se
problemas com erosão em voçorocas, principalmente.
Características do uso de máquinas no pomar
A utilização de equipamentos com tração mecânica permite grande rendimento
do trabalho e a execução das atividades dentro do menor espaço de tempo. Para que as
máquinas diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas,
recomenda-se:
a) Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam
as plantas;
b) Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas
rotativas, pois contribuem para aumentar a erosão do solo;
c) O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado nas épocas
adequadas para cada cultura;
d) Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar.
Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas
O sistema de cultivo ou manejo do solo refere-se às práticas culturais aplicadas à
superfície do solo e deve levar em conta:
a) Conservação da umidade e aeração do solo;
b) Adição de matéria orgânica e fertilizantes;
c) Conservação das características físicas do solo;
d) Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar;
e) Controle de erosão e plantas daninhas;
f) Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-de-obra e equipamentos
disponíveis;
g) Dimensão da área, espécie e espaçamento utilizado;
h) Topografia e clima.
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Pomar em formação
Nos primeiros anos de vida do pomar, recomenda-se manter uma faixa de solo
limpa periodicamente ao longo da linha das plantas. Esta faixa deve ser um pouco maior
que a projeção da copa das plantas. A área entre as filas de plantas é mantida com
cobertura vegetal nativa ceifada ou, principalmente, com culturas intercalares de porte
baixo, tais como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras. Este cultivo
intercalar deve receber adubação apropriada e não deve competir com a muda em luz,
umidade e nutrientes.
O cultivo intercalar é uma prática muito utilizada, pois, mantém uma cobertura
do solo, evitando problemas de erosão e propiciando melhorias nas condições físicas e
químicas do solo. Quando bem sucedidas, as culturas intercalares contribuem para
custear as despesas do pomar na fase de implantação. É importante que o solo
permaneça sempre com algum tipo de cobertura, assim diminui-se as perdas pela
erosão.
Pomar em produção
As plantas frutíferas para se desenvolverem necessitam encontrar, no solo, água,
ar e nutrientes minerais. Estas condições são básicas e precisam ser consideradas
quando se pretende estabelecer um bom sistema de manejo do solo.
Pomar permanentemente limpo
Neste sistema, toda área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou
invasoras, por meio de mobilizações periódicas e superficiais ou mesmo com uso de
herbicidas. Apesar desta forma de manejo evitar a concorrência das plantas daninhas,
facilitar a incorporação de nutrientes e demais tratos culturais, expõe o solo à erosão;
provoca compactação, pelo trânsito de máquinas e implementos agrícolas; além de
diminuir a matéria orgânica, deixando o solo mais sujeito às variações de temperatura
durante o dia e a noite.
O uso freqüente de equipamentos que pulverizam o solo, tais como enxadas
rotativas, além de desagregar o solo, facilita, enormemente, a erosão. A manutenção do
solo limpo, com aplicações sucessivas de herbicidas, provoca um endurecimento na
camada superficial, contribuem para aumentar os riscos de intoxicação dos aplicadores e
podem poluir os mananciais de água.
Pomar com cultivo intercalar
Neste sistema de cultivo, o pomar é mantido na entrelinha com um cultivo
intercalar, que pode ter um caráter temporário ou permanente. As espécies cultivadas
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devem ser de porte baixo e, normalmente, leguminosas ou associação com gramíneas e
têm o objetivo de melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, porém deve-se
considerar que, em períodos de seca, as leguminosas causam maiores prejuízos às
plantas do que as gramíneas, pois apresentam sistema radicular mais desenvolvido e,
com isso, uma maior capacidade de absorção de água do solo. Quando se mantém a
vegetação espontânea, a mesma é mantida ceifada periodicamente. Ao longo das filas é
mantida uma faixa limpa, do tamanho ou um pouco maior do que a projeção da copa
das plantas, através do uso de capinas ou aplicações de herbicidas.
Este sistema combina as vantagens do sistema que mantém o solo limpo na linha
da planta e da cobertura vegetal na entrelinha como auxílio no controle da erosão. Esta
modalidade de sistema pode ser alterada ao longo do ciclo vegetativo da planta, no caso
específico de plantas frutíferas de clima temperado. Depois que as frutas foram colhidas
pode-se deixar a vegetação espontânea crescer também ao longo da linha de plantas, até
o início da primavera seguinte.
No caso de algumas espécies de folhas permanentes, como é o caso de plantas
cítricas no estado de São Paulo, recomenda-se, na época das águas, manter a faixa limpa
periodicamente e a entrelinha ceifada ou discada através de grades. Se for utilizada uma
planta intercalar para exploração econômica, deve-se realizar a adubação da planta
independente da adubação da frutífera.
Pomar com cobertura vegetal permanente
O solo todo do pomar é mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou
cultivada de forma permanente. Oferece vantagens para a proteção do solo no que diz
respeito à melhoria na estrutura, proteção contra erosão, trânsito de máquinas e diminui
a compactação.
Entretanto, é um sistema que a vegetação dentro do pomar concorre com a
plantafrutífera em água e nutrientes, podendo causar prejuízos em épocas de estiagem.
Este sistema pode ser utilizado em solos com grande declividade, apenas realizando um
pequeno coroamento na projeção da copa durante o ciclo vegetativo da planta, através
do uso de capinas ou herbicidas. Pode ser utilizado em plantas que apresentem um
sistema radicular profundo, como é o caso da nogueira-pecan.
Pomar com cobertura morta permanente
O solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies
forrageiras, palha ou casca de arroz, serragem, palha de leguminosas, entre outras. A
espessura da cobertura varia de 10 a 20cm, conforme o material utilizado.
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Através de experimentos, verificou-se que é necessário cortar até 3m2 de área de
capim gordura para cobrir 1m2 do pomar com folha seca, numa espessura de 20cm.
Apesar deste sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas, traz vantagens para o
desenvolvimento das plantas, tais como:
a) Redução das perdas de água, pois funciona como uma válvula que permite a
penetração da água, opondo-se, no entanto, a sua perda por evaporação direta;
b) Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas pelo impacto direto;
c) Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo;
d) Contribui para o controle das ervas daninhas, possibilitando que as plantas possam
desenvolver o sistema radicular na superfície do solo.
As limitações para uso deste sistema de cultivo seriam:
a) Em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados;
b) Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática
pode trazer sérias consequências, pois o sistema mantém as raízes da planta na
superfície do solo;
c) A cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do
solo para o ar;
d) Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores;
e) O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria seca anualmente;
f) Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da planta, pois estimula o
desenvolvimento superficial das raízes da planta.
A adição periódica de restos vegetais faz com que se necessite de uma adubação
suplementar de nitrogênio, na base de 50 kg/tonelada de cobertura morta, uma vez que a
mesma altera a relação C/N.
Variantes para combinar sistemas de cultivo do pomar
Na prática os sistemas de cultivos citados anteriormente são pouco utilizados
isoladamente, o que se utiliza são as combinações deles durante o desenvolvimento da
cultura, baseados na espécie vegetal, regime hídrico, declividade, disponibilidade de
mão-de-obra, equipamentos e custos. Em algumas situações, pode-se utilizar:
a) Cobertura vegetal permanente e cobertura morta na linha das plantas;
b) Cobertura com vegetal ceifado na entrelinha e limpo na projeção da copa, através de
herbicidas e/ou capinas periódicas;
c) Cultivo do solo com planta leguminosa durante parte do ano para posterior
incorporação ao solo;
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d) Vegetação nativa na entrelinha, mantida rasteira através do uso de grades que
atingem pequenas profundidades do solo;
e) Vegetação natural ceifada no período das chuvas e limpo, na época da seca, com
máquinas ou herbicidas;
f) Vegetação natural ceifada quando necessário e plantas coroadas com herbicidas.
Escolha do sistema de cultivo
É difícil recomendar um ou outro sistema de cultivo apenas a partir de
considerações teóricas, pois a escolha do sistema deverá levar em conta:
a) Aspectos relativos à planta (espécie, espaçamento);
b) Aspectos relativos ao solo (profundidade, textura, estrutura, topografia);
c) Aspectos relativos ao clima (chuvas, geadas);
d) Aspectos econômicos (custo operacional, equipamentos disponíveis);
IRRIGAÇÃO EM FRUTICULTURA
As regiões tradicionais produtoras de frutas de todo o mundo utilizam a irrigação
como um insumo importante para garantir produtividade e qualidade das frutas. Isto
acontece na Argentina, Chile, Estados Unidos, Espanha, Itália, Egito, Israel, região
nordeste do Brasil, onde se produz um grande volume de frutas tropicais e temperadas
sob irrigação.
No Sul e Sudeste do Brasil, normalmente ocorrem precipitações em torno de
1.500mm, porém nem sempre há uma boa distribuição das chuvas durante o ano. É
comum acontecerem estiagens durante os meses de dezembro e janeiro e no período de
inverno, respectivamente. Estes períodos com falta de umidade do solo, ocasionam
perdas nas colheitas, pois provocam rachaduras nas frutas e diminuição do tamanho das
frutas, além de diminuir a absorção de nutrientes do solo.
Os sistemas de irrigação disponíveis permitem que se tenham projetos eficientes,
com economia hídrica e permitindo que sejam aplicados os fertilizantes através da água
de irrigação, a chamada fertirrigação.
A fertirrigação é o processo pelo qual os fertilizantes são aplicados junto com a
água de irrigação. Esta prática se converteu em rotina e é um componente essencial dos
modernos sistemas de irrigação. Neste sistema são aplicados os macro e micronutrientes
para as plantas frutíferas, para isso é necessário que os mesmos sejam solúveis em água.
O consumo de água depende de fatores como o solo, a cultura, a umidade do ar, entre
outros. A umidade do solo é determinada por tensiômetros. Por exemplo, quando os
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tensiômetros chegam a uma tensão de 15 a 20 centibares, em solos leves, deve-se
renovar a irrigação, pois a maior parte da água disponível no solo já foi aproveitada.
A retirada de água do solo pela planta aumenta à medida que se desenvolvem os
ramos e se amplia a área foliar. A multiplicação de células nessa fase (35 a 40 dias após
a floração) é muito grande, diminuindo após o fim da polinização. Como o número de
células irá determinar o tamanho final das frutas, a falta de água nesse período reduz o
número de células, diminuindo o tamanho da fruta e a produção. Após a divisão celular,
inicia-se a fase de aumento de volume da célula. Nesse período, a etapa mais crítica
ocorre durante a aceleração máxima do crescimento da fruta, duas a três semanas antes
da colheita. Pode-se manejar a água ao longo desse estágio, antes da etapa crítica,
reduzindo o teor de umidade do solo na fase que se inicia com a fruta no tamanho de
uma azeitona até o período de seu crescimento rápido, visando-se à economia de água e
melhoria da qualidade da fruta, sem comprometimento da produtividade.
Sistemas de Irrigação em Pomares
A escolha do sistema deve considerar o tipo de solo, clima, disponibilidade e
qualidade da água, sistema de cultivo, manejo do solo e custo da energia.
Irrigação por inundação
Este sistema requer um bom nivelamento do terreno, normalmente declives
inferiores a 1% e um grande fluxo de água, na ordem de 1,6 L seg. ha-1. É pouco
utilizado nas condições do Brasil, pois normalmente os pomares são implantados em
terrenos com declividade superiores. É um sistema que exige grandes volumes de água
e, mesmo em solos nivelados, dificilmente se consegue uma boa distribuição da água no
solo (70%).
Irrigação em sulcos
Como no sistema anterior, a irrigação em sulcos requer uma nivelação do
terreno, normalmente é recomendado para declives até 2%. Em declives superiores,
pode causar sérios problemas de erosão. O fluxo de inundação nos sulcos é da ordem de
1,2 a 1,5 L seg. ha-1 e a eficiência do sistema é da ordem de 40 a 70%. A principal
vantagem é o baixo custo de instalação em solos nivelados.
Irrigação por aspersão
Este sistema pode ser utilizado em terrenos onde os custos para nivelamentos
são elevados, em solos com topografia irregular, para controle de geadas e permite uma
boa uniformidade de distribuição da água.
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A irrigação por aspersão pode ser de dois tipos: sobrecopa e sub-copa, quando
feita por cima ou por baixo da copa das plantas. A irrigação sobrecopa apresenta como
principais desvantagens o molhamento das folhas, o que aumenta a incidência de
doenças, e maiores perdas por evapotranspiração e pela ação dos ventos. Já a aspersão
sub-copa apresenta como desvantagem principal a interferência do tronco e copa das
plantas, o que dificulta o molhamento uniforme do terreno.
Na aspersão, as vazões e pressões são, normalmente, de média a alta, exigindo
motobombas de maior potência e demandando maior consumo de energia em relação ao
gotejamento e à microaspersão. Por outro lado, os aspersores não necessitam de
equipamentos de filtragem e apresentam uma menor necessidade de manutenção.
Figura: Irrigação por aspersão em videira. Foto: Marco Antônio Fonseca
Conceição.
Irrigação por microaspersão
A irrigação por microaspersão é bastante usada em videiras e outras frutíferas,
diferindo da aspersão, basicamente, pela vazão menor dos aspersores. Este sistema
requer filtros, sendo comum, porém, empregar-se somente filtros de discos (ou tela).
Nesses sistemas podem ocorrer problemas com a entrada de insetos e aranhas nos
microaspersores, causando entupimentos e, com isso, prejudicando a aplicação de água.
Por isso deve-se optar, sempre que possível, por microaspersores com dispositivos anti-
insetos.
Na microaspersão os emissores são, normalmente, posicionados individualmente
ou a cada duas plantas, não havendo problemas de interferência dos troncos, como na
aspersão sub-copa.
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Figura: Irrigação por micraspersão em videira. Foto: Jair Costa Nachtigal
Irrigação por gotejamento
Trata-se de um sistema moderno de irrigação e consiste, basicamente, na
aplicação frequente de água a um volume de solo limitado e com um consumo inferior a
qualquer outro sistema. A água é aplicada em pontos localizados na superfície do
terreno, sob a copa das plantas. O solo é mantido próximo à capacidade de campo (CC),
o que proporciona condições mais adequadas ao desenvolvimento e à produção.
O gotejamento é uma instalação permanente, isto é, não pode ser deslocada de
uma área para outra e os gotejadores são distribuídos sob a planta ou enterrados no solo.
Este sistema utiliza pouca mão-de-obra e apresenta uma eficiência de 95% em zonas
tropicais, porém requer o uso de água de boa qualidade e de filtros eficientes,
normalmente filtros de areia.
Os gotejadores são peças especiais que dissipam a pressão da água de irrigação,
a fim de manter a vazão homogênea ao longo da linha de gotejamento. Tal dissipação de
energia se dá pela passagem da água por delgadas secções. Por essa razão ela deve ser
limpa e livre de impurezas em suspensão. Este sistema é muito utilizado na fruticultura
moderna e, normalmente, associado à fertirrigação.
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Figura: Irrigação por gotejamento em pereira. Foto: José Carlos Fachinello.
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CAPÍTULO 4 - PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS
A poda, muito embora seja praticada para dirigir a planta segundo a vontade do
homem, em fruticultura, é utilizada com o objetivo de regularizar a produção e melhorar
a qualidade das frutas.
A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente
com outras atividades, como fertilização, irrigação e drenagem, controle fitossanitário,
afinidade entre enxerto e porta-enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar
produtivo. Para que a poda produza resultados satisfatórios é importante que seja
executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada
com moderação e oportunidade.
4.1. Conceitos
Existem diversos conceitos referentes à poda, dentre eles:
a) Poda é a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de melhorá-la
em algum aspecto de interesse do fruticultor;
b) É a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo compatível com o fim
que se tem em vista.
c) É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas frutíferas, com o
objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a frutificação.
4.2. Importância da poda
A importância da poda varia com a espécie, assim para uma ela é decisiva,
enquanto que, para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à importância da
poda, as espécies podem ser agrupadas da seguinte maneira:
a) Decisiva - Videira, pessegueiro, figueira.
b) Relativa - Pereira, macieira, caquizeiro.
c) Pouca importância - Citros, abacateiro, nogueira-pecan.
4.3. Objetivos da poda
Os principais objetivos da poda são:
a) Modificar o vigor da planta;
b) Manter a planta dentro de limites de volume e forma apropriados;
c) Equilibrar a tendência da planta de produzir maior número de ramos vegetativos
ouprodutivos e vice-versa;
d) Facilitar a entrada de ar e luz no interior da planta, com a abertura da copa;
e) Suprimir ramos supérfluos, doentes e improdutivos;
f) Facilitar a colheita das frutas e os tratos culturais dentro do pomar;
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g) Evitar a alternância de safras, de modo a proporcionar anualmente colheitas médias
com regularidade.
4.4. Fundamentos da poda
Sob o ponto de vista fisiológico, a poda pode ser fundamentada pelo que segue:
a) A seiva se dirige com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta;
b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais;
c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior
será a vegetação e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais
gemas de flor serão formadas;
d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes remanescentes,
aumentando-lhe o vigor vegetativo;
e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo,
retardando a frutificação;
f) Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a
maturação das frutas, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas.
Nesse período, acumulam-se grandes quantidades de reservas nutritivas, que são
utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas;
g) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente as
gemas terminais são mais vigorosas;
h) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições
climáticas e edáficas;
i) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio
afeta o vigor e a longevidade das plantas.
Numerosos trabalhos têm demonstrado que a poda tem um efeito ananizante
sobre o crescimento vegetativo, ou seja, as plantas podadas, além de terem uma menor
longevidade, apresentam um porte menor.
Geralmente a poda reduz os pontos de crescimento da planta, aumentando,
assim, a provisão de nitrogênio aproveitável e de outros elementos essenciais para os
pontos de crescimento que permaneceram e isto, por sua vez, aumenta o número de
células que podem ser formadas. Desta maneira, a poda da copa favorece a formação de
células e a utilização de carboidratos. Por conseguinte, favorece a fase vegetativa e
retarda a fase reprodutiva.
O estímulo à fase vegetativa pode ser ou não desejável, depende da espécie
frutífera que se está trabalhando. A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que
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seja o método utilizado, leva consigo uma perda mais ou menos importante das reservas
contidas na madeira suprimida e na diminuição do número de folhas, ou seja, de órgãos
assimiladores de carbono.
Nos primeiros anos de vida, toda a energia produzida é gasta para o próprio
crescimento da planta. Depois de formada as estrutura da planta, então começa a sobrar
seiva elaborada, que se transforma em reserva e é armazenada na planta. Desta maneira,
a planta, através destas reservas, pode transformar as gemas vegetativas em botões
florais. Esta acumulação é maior nos ramos novos e finos do que nos ramos velhos e
grossos. O equilíbrio entre a fase vegetativa e reprodutiva onde se considera a relação
entre o carbono e o nitrogênio nas diferentes fases da vida da planta.
4.5. Hábito de frutificação das principais espécies frutíferas
Afim de entender as necessidades da poda das plantas cultivadas, é necessário
um conhecimento prático dos seus hábitos de frutificação. De acordo com a natu