Gramática Com Textos 7º Ano

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Gramática com textos: 7º ano - pronomes pessoais e possessivos Introdução Esta é a quinta de uma série de 16 sequências didáticas que fazem parte de um programa de estudo de gramática para 6º a 9º ano do Ensino Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da série. Objetivos Analisar o foco narrativo presente no texto "O Negrinho do Pastoreio" e relacioná-lo às pessoas do discurso; perceber os elementos envolvidos na narrativa - foco narrativo e a consequente escolha de pronomes pessoais, oblíquos e possessivos; realizar a modificação da pessoa do discurso e alteração da conjugação verbal; utilizar os pronomes pessoais como substitutos do nome no interior de um texto; utilizar os pronomes pessoais retos e oblíquos e dos pronomes possessivos correspondentes. Conteúdos Foco narrativo; conjugação verbal; pronomes pessoais, oblíquos e possessivos. Ano 7º ano Tempo estimado Cinco aulas Material necessário Texto "O Negrinho do Pastoreio" In: PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997. Desenvolvimento 1ª etapa Leia para os alunos o conto "O Negrinho do Pastoreio". O Negrinho do Pastoreio Na época da escravidão, vivia no Sul do Brasil um meigo menino negro. Seus pais tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto ele cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patrão. Ninguém sabia o nome que os pais haviam lhe dado e, como ele cuidava muito bem dos animais do pasto, todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio. Negrinho montava com tanta habilidade que alguns diziam que na verdade ele era filho de um saci. Mas o menino não gostava disso. Ele era muito amigo do padre da fazenda e acreditava piamente na bondade de Nossa Senhora, que considerava sua protetora. Certa noite, um garanhão que estava sob os cuidados dele desapareceu pelos pastos. Temendo ser castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na escuridão levando apenas uma vela e rezando para que Nossa Senhora o ajudasse. Suas súplicas foram atendidas. Quando já não aguentava mais andar, o menino viu pingos que caíram de sua vela se transformar numa linda fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando o animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe pusesse as rédeas. Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das terras, impiedoso, simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia

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  • Gramtica com textos: 7 ano - pronomes pessoais e

    possessivos

    Introduo

    Esta a quinta de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Objetivos

    Analisar o foco narrativo presente no texto "O Negrinho do Pastoreio" e

    relacion-lo s pessoas do discurso;

    perceber os elementos envolvidos na narrativa - foco narrativo e a

    consequente escolha de pronomes pessoais, oblquos e possessivos;

    realizar a modificao da pessoa do discurso e alterao da conjugao

    verbal;

    utilizar os pronomes pessoais como substitutos do nome no interior de um

    texto;

    utilizar os pronomes pessoais retos e oblquos e dos pronomes possessivos

    correspondentes.

    Contedos

    Foco narrativo;

    conjugao verbal;

    pronomes pessoais, oblquos e possessivos.

    Ano

    7 ano

    Tempo estimado

    Cinco aulas

    Material necessrio

    Texto "O Negrinho do Pastoreio" In: PRIETO, H. L vem Histria: Contos do

    Folclore Mundial. So Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.

    Desenvolvimento

    1 etapa

    Leia para os alunos o conto "O Negrinho do Pastoreio".

    O Negrinho do Pastoreio

    Na poca da escravido, vivia no Sul do Brasil um meigo menino negro. Seus

    pais tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto ele

    cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patro. Ningum sabia o nome

    que os pais haviam lhe dado e, como ele cuidava muito bem dos animais do

    pasto, todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio.

    Negrinho montava com tanta habilidade que alguns diziam que na verdade ele

    era filho de um saci. Mas o menino no gostava disso. Ele era muito amigo do

    padre da fazenda e acreditava piamente na bondade de Nossa Senhora, que

    considerava sua protetora.

    Certa noite, um garanho que estava sob os cuidados dele desapareceu pelos

    pastos. Temendo ser castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na

    escurido levando apenas uma vela e rezando para que Nossa Senhora o

    ajudasse. Suas splicas foram atendidas. Quando j no aguentava mais

    andar, o menino viu pingos que caram de sua vela se transformar numa linda

    fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando

    o animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe

    pusesse as rdeas.

    Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das

    terras, impiedoso, simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia

  • com os escravos que falhavam ao cumprimento de suas obrigaes. Ordenou

    ao capataz que o levasse a um imenso formigueiro e l o abandonasse, todo

    amarrado para que no pudesse fugir. Depois de ter obedecido ordem do

    patro, o capataz chorava de tanta tristeza, pois no conseguia se conformar

    em ter aplicado um castigo horrvel daqueles no menino.

    Na manh seguinte, decidiu que salvaria o menino mesmo que tivesse que

    morrer junto com ele. Correu at o local onde o havia deixado, certo de iria

    encontr-lo bastante ferido. Mas qual no foi sua surpresa ao chegar:

    Negrinho estava de p ao lado do cavalo, cercado por uma belssima luz

    dourada e sem uma picada sequer. Olhou bem no fundo dos olhos do capataz

    e disse:

    - Agora vou partir. Obrigado por sua generosidade. Sei que seu corao

    bom. E, sempre que voc perder alguma coisa, chame por mim e, em

    companhia de Nossa Senhora, minha me querida, eu o ajudarei a encontr-

    la. Diga isso a todas as crianas. Principalmente s que so distradas. Eu

    serei o seu eterno protetor.

    Nesse instante, um bando de passarinhos o rodearam e o levaram para longe.

    E at hoje, naquela regio, as pessoas que perderam objetos acendem velas

    para que o Negrinho as ajude a recuper-los, dizendo:

    - Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora, encontre para mim

    tudo o que j perdi.

    (Histria do folclore brasileiro)

    PRIETO, H. L vem Histria: Contos do Folclore Mundial. So Paulo, Cia das

    Letrinhas, 1997.

    Pergunte a eles se j conheciam a histria do Negrinho do Pastoreio. Caso

    conheam, pergunte qual a fonte desse conhecimento. Questione se gostaram

    da histria. Oua-os.

    Aps essa introduo, mencione a escravido negra no Brasil e assinale a

    importncia dos negros na constituio da cultura de nosso pas. Explique aos

    alunos o eixo das prximas aulas: o foco narrativo e os ajustes que ele exige

    do texto.

    Analise com a turma como a narrativa foi construda. Pergunte a eles quem

    conta a histria.

    Caso no consigam dizer com preciso, leve-os a refletir sobre os

    mecanismos lingusticos. Pergunte se quem conta a histria o Negrinho do

    Pastoreio. Indague-os a razo da possvel resposta negativa. Caso algum

    aluno assinale a presena do ele, reforce-a.

    2 etapa

    Insista que, ao falar sobre o outro, ns usamos os pronomes da 3 pessoa. D

    exemplos variados; use pequenas afirmaes sobre fatos que estejam em

    pauta no cotidiano - uma msica polmica, um tcnico de futebol, as aes de

    um poltico.

    Em seguida, proponha aos estudantes a reescrita do conto, substituindo a

    terceira pessoa e a primeira pessoa, nos discursos diretos, pela presena do

    "ns". Dessa forma, o narrador ser uma voz coletiva - os negrinhos do

    pastoreio. Antes de iniciar, discuta com os alunos o significado da primeira

    pessoa do plural, que inclui o eu e o outro.

    D alguns exemplos para o trabalho de reescrita. Construa coletivamente, no

    quadro, o primeiro pargrafo, pedindo que os alunos ditem o texto. Faa, com

    eles, os ajustes necessrios - conjugaes verbais, pronomes pessoais retos

    e oblquos e pronomes possessivos.

    O incio poder ficar assim:

    Na poca da escravido, vivamos no Sul do Brasil. ramos meninos negros.

    Nossos pais tinham sido vendidos para uma fazenda, e ns para outra,

  • portanto crescemos sozinhos, trabalhando nos pastos do patro.

    Alguns elementos, como a explicitao ou no do pronome pessoal do caso

    reto diante do verbo, podem ser objeto de escolha daquele que realiza a

    reescrita.

    Anote no quadro os pronomes pessoais retos, oblquos e os pronomes

    possessivos correspondentes. Explique a funo desses pronomes e, por

    meio de exemplos, faa os alunos perceberem que h uma correspondncia

    entre a pessoa do discurso escolhida para uma narrao e os pronomes

    pessoais retos ou oblquos e os pronomes possessivos.

    3 etapa

    Proponha aos alunos que, em dupla, continuem a reescrita do conto com a

    mudana do foco narrativo. Pea que cada dupla reescreva dois pargrafos.

    Divida o texto de modo que duas duplas reescrevam os mesmos pargrafos.

    Terminada a atividade, pea que os alunos se juntem com os colegas que

    esto com o mesmo trecho do texto, leiam os trabalhos conjuntamente e

    comparem com o que fizeram.

    4 etapa

    Rena os trabalhos da turma e proponha a leitura de todo o conto com as

    mudanas realizadas. Pea que cada grupo leia um pargrafo e faa as

    observaes necessrias.

    5 etapa

    Retome a sistematizao dos pronomes pessoais e possessivos. Pea que os

    alunos levem para a classe a Gramtica utilizada pela escola e faa junto com

    eles a leitura e a anlise dos tpicos referentes aos pronomes pessoais retos

    e oblquos e possessivos. Caso julgue interessante e pertinente, vale a pena

    mencionar o uso do pronome na primeira pessoa do plural na expresso

    "Nossa Senhora", utilizada para designar o nome de Maria, me de Jesus, no

    conto. Pergunte a eles quais as implicaes semnticas desse uso. Isso

    interessante, pois muitas vezes fazemos uso da lngua, mas nos esquecemos

    das implicaes subjacentes a ela. Permitir aos alunos esse exerccio uma

    maneira de instigar o interesse pela lngua que falamos.

    Avaliao

    Como atividade avaliativa, proponha aos alunos que individualmente

    reescrevam as quadras populares abaixo, mudando o discurso da primeira

    pessoa do singular para a primeira pessoa do plural.

    Quadras

    1)

    Dois beijos tenho na boca

    Que jamais esquecerei

    O primeiro que me deste

    O primeiro que te dei.

    2)

    Eu amo a quem no me quer

    E desprezo a quem me ama

    Fujo de quem me procura

    Quero bem a quem me engana.

    3)

    A roseira quando nasce

    Toma conta do jardim

    Eu tambm ando buscando

    Quem tome conta de mim.

    AZEVEDO, R. Armazm do Folclore. So Paulo: tica, 2000.

  • Gramtica com textos: 7 ano - perodo simples e ordem direta

    Introduo

    Esta a sexta de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Objetivos

    Analisar a construo de perodos simples a partir do verbo e suas variaes

    morfossintticas.

    Refletir sobre a construo de sentenas que respeitam a ordem direta.

    Analisar a ordem de elementos indicativos de circunstncias de tempo e de

    lugar na construo dos perodos simples.

    Contedos

    Perodo simples e ordem direta

    Tempo estimado

    Cinco aulas

    Desenvolvimento

    Antes de comear a aula, leia a experincia abaixo, realizada pelo linguista

    Ataliba Teixeira de Castilho.

    Texto de apoio ao professor

    Na Nova Gramtica do Portugus Brasileiro, Ataliba Teixeira de Castilho

    prope ao leitor uma brincadeira. Ele deve dizer a um amigo as seguintes

    palavras:

    encher

    propaganda

    final de ano

    intervalo

    comercial

    enjoativamente

    Ataliba pensa em duas reaes possveis. Se de bom humor, o amigo pode

    indagar ao leitor se ele brinca de dicionrio ambulante; caso contrrio, poder

    inferir a sua loucura. A salvao vir, diz o professor, se o proponente

    organizar os dados lexicais, transformando-os em uma construo aceitvel.

    Ele d o exemplo:

    "Seguinte: para mim, a propaganda de final de ano enche enjoativamente os

    intervalos comerciais."

    A brincadeira proposta pelo autor da gramtica o ponto de partida para

    discutir o princpio de projeo, "que associa a transitividade, a colocao e a

    concordncia num s impulso de criao lingustica", e o de colocao dos

    termos na sentena proferida. Nesse bloco de aulas, o contedo gira em torno

    do perodo simples e da ordem direta dos termos na orao. O objetivo

    permitir aos alunos a percepo da lngua como instncia de determinaes e

    liberdade.

    1 etapa

    Proponha aos seus alunos uma brincadeira similar construda pelo professor

    Ataliba. Apresente a eles o exerccio abaixo. Explique que foram escolhidas

    duas manchetes de jornal redigidas na ordem direta (Sujeito Verbo

    Complemento), cada uma com um nico verbo. As preposies, artigos e

    conectivos foram suprimidos e os verbos foram retirados. Com isso, foram

    feitas essas duas listas de palavras. A tarefa reordenar cada bloco,

    relacion-lo com um dos verbos e recriar a manchete.

    Pea que os alunos se coloquem em duplas para realizar a atividade. Explique

    a eles que uma das manchetes foi retirada do caderno Cotidiano e a outra, do

  • Cincia do jornal Folha de S.Paulo. Essa informao importante, pois ela

    cria um universo de expectativa na mente dos alunos e ativa as possveis

    escolhas.

    Exerccio:

    Verbos: a) derrotam b) provoca

    seco frica

    tempo elefantes

    hospitais formigas

    filas

    D um tempo para que realizem a atividade. Para iniciar a correo, pergunte

    aos alunos sobre as estratgias utilizadas para criar as manchetes. Analise os

    dois verbos junto com a turma. O verbo provocar, no sentido de ocasionar,

    pressupe que algum ou alguma coisa provoque/ocasione outra coisa. Isso

    coloca a necessidade de dois termos com os quais o verbo se relaciona. O

    mesmo ocorre com o verbo derrotar.

    A escolha dos termos aos quais os verbos se relacionam e o papel ocupado

    por esses termos na manchete - sujeito ou predicado - vinculam-se ordem

    da colocao deles na sentena e concordncia. Assim, o verbo derrotam,

    devido marca de plural, associa-se a um sujeito que esteja no plural. Isso

    coloca como possibilidade de sujeito as palavras: formigas, elefantes, filas e

    hospitais. O verbo provoca, por sua vez, liga-se a um sujeito no singular e,

    nesse caso, as palavras a serem escolhidas so: tempo, seco, frica.

    Analise a palavra seco. Ela um adjetivo, qualifica outro termo com o qual

    compartilha gnero e nmero; assim, associa-se a um termo singular e

    masculino. A expresso tempo seco apresenta-se como provvel sujeito do

    verbo provocar. Respeitando a determinao da escolha da ordem direta,

    teramos as seguintes manchetes como possveis:

    Tempo seco provoca (ocasiona) filas em hospitais.

    frica provoca (ocasiona) elefantes e formigas.

    Filas derrotam ar seco em hospitais.

    Elefantes e formigas derrotam frica.

    Elefantes derrotam formigas na frica.

    Formigas derrotam elefantes na frica.

    Analise com os alunos cada uma das possveis manchetes. Gramaticalmente

    todas respeitam as regras dadas - possuem um nico verbo e esto redigidas

    na ordem direta.

    Indague-os, ento, se todas so plausveis, ou seja, so possveis no nosso

    mundo dentro de determinadas condies. Essa reflexo interessante, pois

    a manchete construda com as palavras da primeira coluna plausvel -

    Tempo seco provoca filas em hospitais - ao passo que a realizada com as

    palavras da segunda coluna , primeira vista, inusitada, embora

    verdadeira:Formigas derrotam elefantes na frica.

    Discuta com os alunos a importncia do verbo na construo das sentenas:

    ele d pista sobre os termos a ele vinculados. Essa importncia, diga a seus

    alunos, ocorre tambm no processo de leitura: o verbo nos permite identificar,

    por meio da sua desinncia, a quem ele remete.

    2 etapa

    Entregue aos alunos as duas notcias referentes s manchetes que foram

    analisadas.

    Formigas derrotam elefantes na frica

    GIULIANA MIRANDA

    DE SO PAULO

    SABINE RIGHETTI

    COLABORAO PARA A FOLHA

  • s vezes, at uma formiga capaz de vencer um elefante. No se trata de

    mais um refro de autoajuda: justamente isso que acontece quando certas

    espcies desses insetos vivem em accias.

    Pesquisadores notaram que elefantes (Loxodonta africana) das savanas da

    frica ao sul do Saara, que devoram folhas e galhos de muitas espcies de

    rvores, no chegavam perto de um tipo de accia (conhecida como Acacia

    drepanolobium).

    Os cientistas descobriram que quatro espcies de formigas (Crematogaster

    mimosae, C. nigriceps, C. sjostedti e Tetraponera penzigi) protegem as

    rvores onde moram dos ataques dos elefantes.

    A estratgia simples: elas entram nas trombas e comeam a picar e morder

    suas partes internas. Ao contrrio do couro do elefante, que muito

    resistente, a tromba tem muitas terminaes nervosas extremamente

    sensveis.

    Isso no acontece com as girafas. Devido sua superlngua, esses animais

    conseguem "varrer" as formigas das folhas para se alimentar.

    Aparentemente, os elefantes so os nicos animais vulnerveis aos ataques.

    SEM FORMIGAS

    Os pesquisadores realizaram um experimento de 12 meses e verificaram que,

    sem formigas, os elefantes voltavam a se alimentar normalmente dessas

    accias.

    A densidade de rvores e a quantidade de elefantes est diretamente

    relacionada na frica. Quando as populaes dos animais aumentam, a

    quantidade de rvores diminui --o que significa reduo de absoro de CO2.

    "A cobertura das rvores regula o ecossistema como um todo, incluindo a

    absoro de carbono e a dinmica da alimentao dos bichos", diz Todd

    Palmer, da Universidade da Califrnia, um dos autores do estudo.

    Por isso, os pesquisadores esto avaliando a possibilidade de usar as

    formigas como barreiras naturais para proteo das rvores. O estudo foi

    publicado na revista "Current Biology".

    Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/794353-formigas-

    derrotam-elefantes-na-africa.shtml. Acesso em 08 de set. 2010

    Tempo seco provoca filas em hospitais

    SLVIA FREIRE

    LUIZ GUSTAVO CRISTINO

    DE SO PAULO

    O final de semana continuou seco durante o final de semana no Estado de

    So Paulo, com as cidades do interior do Estado registrando os piores ndices

    de umidade relativa do ar, com reflexo imediato no atendimento de sade.

    Havia filas para atendimento de pacientes com doenas respiratrias em

    hospitais. Em Presidente Prudente (542 km de So Paulo), onde a umidade

    relativa do ar chegou a 6%, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do

    Estado de SP).

    "Pela nossa experincia, o fluxo de pacientes dobrou", disse a enfermeira

    Daniele de Oliveira, da Santa Casa de Misericrdia da cidade.

    Nos postos de sade de So Jos dos Campos (97 km de So Paulo), o

    nmero de atendimentos aumentou 20%, segundo a prefeitura.

    "Mesmo na manh de domingo, que costuma ser mais tranquila, o pronto-

    socorro estava cheio", disse a enfermeira Adriana Fernandes, do Pronto-

    Socorro Municipal de Avar (267 km de So Paulo).

  • Segundo o mdico Andr Santana, do Hospital Beneficncia Portuguesa de

    Bauru, a baixa umidade resseca as vias respiratrias superiores, o que

    aumenta a incidncia de problemas respiratrios.

    Em outras cidades do Estado, como Ribeiro Preto (313 km de So Paulo), os

    valores da umidade foram inferiores a 20%. Em Araatuba (527 km de So

    Paulo), o ndice chegou a 12%. Abaixo desse patamar, a situao de

    emergncia, segundo a Organizao Mundial de Sade.

    INCNDIOS

    A Defesa Civil e os bombeiros de So Jos dos Campos esto em alerta

    devido aos incndios. Os focos aumentaram 100% em relao ao mesmo

    perodo de 2009.

    Em Piracicaba (160 km de SP), havia, no sbado, trs grandes incndios

    sendo combatidos e seis pedidos de atendimento, segundo os bombeiros.

    Em Araras, onde no chove h 47 dias, os nveis dos reservatrios que

    abastecem a cidade esto baixos e h risco de racionamento de gua.

    Adaptado dewww1.folha.uol.com.br/790897-tempo-seco-provoca-filas-em-

    hospitais-do-interior-do-estado-de-sp.shtml. Acesso em 08 de set. 2010. Com

    cortes

    Pea que leiam os textos em dupla. Solicite que redijam uma nova manchete

    para as notcias, utilizando outro verbo, no presente do indicativo e a ordem

    direta. Faa a correo da tarefa. Pea que cada dupla leia uma das

    manchetes criadas.

    Como tarefa para casa, proponha que os alunos encontrem quatro manchetes

    de jornais que utilizem a ordem direta e apresentem um nico verbo. As

    manchetes devem ser copiadas no caderno.

    3 etapa

    Realize a correo da tarefa proposta para casa na aula anterior. Em seguida,

    mostre aos alunos que as manchetes das notcias lidas na aula anterior

    continham, alm do sujeito, do verbo e complemento, um elemento indicativo

    de lugar: em hospitais e na frica. Esses elementos podem ser deslocados

    para o incio ou para o meio da sentena. Isso modifica a nfase no que est

    sendo dito e acrescenta informaes ao ttulo, especificando-o.

    Assim poderamos ter:

    Em hospitais, tempo seco provoca filas.

    Tempo seco provoca, em hospitais, filas.

    Ou

    Na frica, formigas derrotam elefantes.

    Formigas derrotam, na frica, elefantes.

    Nenhuma dessas manchetes causaria estranhamento no leitor. Isso ocorreria,

    entretanto, se o sujeito, no caso dessas duas manchetes, fosse posposto ao

    objeto. Nesse caso, as construes seriam as seguintes:

    Filas, tempo seco provoca em hospitais.

    Elefantes, formigas derrotam na frica.

    Afirme aos alunos que as inverses da ordem direta so possveis e bastante

    comuns na literatura, sobretudo na poesia. Essas inverses, diga a eles, esto

    associadas aos efeitos de sentido que se quer produzir. Elas podem dificultar

    a leitura e devido a isso que a ateno do leitor no pode vacilar no seu

    contato com o texto.

    Apresente aos alunos o poema Enquanto morrem as rosas de Manuel

    Bandeira.

    Enquanto morrem as rosas

  • Morre a tarde. Erra no ar a divina fragrncia.

    Fora, a mortia luz do crepsculo arde.

    Nas rvores, no oceano e no azul da distncia

    Morre a tarde ...

    Morrem as rosas. Minhas plpebras se molham

    No pranto das desesperanas dolorosas.

    Sobre a mesa, ptala a ptala, se esfolham,

    Morrem as rosas...

    Morre o teu sonho? ... Neste instante o pensamento

    Acabrunha o meu ser com um pesar medonho.

    Ah, por que temo assim? Dize, neste momento

    Morre o teu sonho?...

    BANDEIRA, M. Estrela da Vida Inteira. So Paulo: Crculo do Livro, 1998.

    Leia-o e pea que identifiquem as inverses realizadas e, em duplas, discutam

    os efeitos de sentido provocados pela colocao do verbo morrer antes do seu

    sujeito.

    4 etapa

    Inicie a aula, relendo o poema junto com os alunos. Identifique as inverses

    realizadas e solicite que as suprimam, estabelecendo a ordem direta. Um

    exemplo o perodo Erra no ar a divina fragrncia. Colocando-o na ordem

    direta tem-se A divina fragrncia erra no ar.

    Veja se os alunos perceberam que o verbo morrer antecede o sujeito em

    todas as suas ocorrncias. Essa anteposio, discuta com eles, refora o

    verbo, enfatiza a ao de morrer, que est em primeiro plano, e no o ser que

    morre. Essa ao, observe, apresenta-se no poema de forma gradativa -

    morre a tarde, morrem as rosas, morre o teu sonho.

    Outro elemento pode ser analisado com os alunos. O verbo morrer, diferente

    dos verbos provocare derrotar, presentes nas manchetes dadas na primeira

    aula, no necessita de um complemento; ele se associa apenas ao sujeito.

    Pea que pensem e digam algum outro verbo que, semelhante a esse, esteja

    vinculado apenas a um sujeito e no necessite de complemento para que seu

    sentido se realize.

    Mostre a eles tambm como os indicadores de circunstncias de tempo e de

    lugar - formados por uma (fora) ou vrias palavras (nas rvores, no oceano e

    no azul da distncia) - localizam-se ora no incio ora no meio ou no fim do

    perodo.

    Avaliao

    Proponha a realizao de um exerccio similar ao do incio desse bloco de

    aulas. Escolha duas manchetes de jornal e proponha aos alunos as seguintes

    atividades:

    1) Reconstituio das manchetes, partindo da anlise do verbo e dos

    elementos que a ele se associam. A ordem direta deve ser respeitada.

    2) Expanso das manchetes construdas com o acrscimo de uma

    circunstncia de tempo ou de lugar.

    Informe aos alunos que uma das manchetes foi retirada do caderno Cotidiano

    e a outra do Folhateen, caderno dedicado aos jovens do jornal Folha de S.

    Paulo.

    Exerccio:

    Verbos: Criam

    Precisar

  • Garotos

    Autoescola

    Manobras

    Moto

    Novas

    Nova

    Radicais

    Manobras

    Mais

    Gramtica com textos: 7 ano - complemento verbal

    Introduo

    Esta a stima de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    O texto inicial dessa aula uma resenha. Esse gnero caracteriza-se pela

    anlise de um livro, filme ou exposio. Nessa resenha, o objeto o

    livro Metamorfoses, organizado por Heloisa Prieto. A obra qualificada como

    uma brincadeira baseada em um trecho da obra homnima de Ovdio e do

    livro de Kafka, Metamorfose. A "brincadeira" remete intertextualidade: um

    dos mecanismos da criao artstica; nesse caso, a literria.

    Objetivos

    - Analisar a transitividade verbal

    - Identificar o papel dos complementos verbais e as mudanas de sentido que

    eles podem gerar

    - Analisar o papel dos pronomes oblquos como complemento verbal

    Contedos especficos

    - Transitividade verbal

    - Pronomes oblquos

    - Complemento verbal

    Tempo estimado

    Seis aulas

    Desenvolvimento

    1 etapa

    Inicie a aula caracterizando o gnero resenha. Em seguida, entregue o texto

    abaixo aos alunos. Diga aos alunos que nele algumas palavras foram

    suprimidas. Pea que leiam o texto e procurem restitu-las.

    Texto - Metamorfoses

    Textos bastante variados, de fantasma, humor negro, entre homenagens e

    reflexes, falam ____ mutaes que a vida nos impe

    Esta antologia nasceu de uma espcie de jogo literrio - como bem definiu sua

    organizadora, Heloisa Prieto - do qual participaram quatro escritores de

    renome: Ana Miranda, Ricardo Azevedo, Angela Lago e Heloisa Seixas. Prieto

    sugeriu aos convidados a leitura de dois textos sobre o tema da transmutao

    - um trecho das Metamorfoses de Ovdio, obra escrita numa poca que a

    narrativa se reportava a um tempo e espaos mgicos, nos quais cada ser

    continha a possibilidade secreta da transformao; e o primeiro captulo

    da Metamorfose de Kafka, considerada por muitos a metfora mais perfeita da

    condio do homem contemporneo. Com base nessas leituras, eles criariam

    seus prprios contos.

    Os resultados foram textos to dspares quanto nossos universos pessoais.

    Ora mais prximos de um dilogo com a literatura clssica, ora inspirados nos

    textos da modernidade, eles falam _____ uma indiazinha que, de certa

    maneira, vira pssaro; ____ algum que resolve se enterrar vivo, optando por

  • afundar em sue prprio abismo; ____ solido de uma viva mineira e sua

    paixo por gatos vira-latas, aparentemente inocentes, e at ____ Raul Seixas.

    Os contos so ilustrados e vm acompanhados pelos dois textos que serviram

    de inspirao. Na mesma srie de antologias juvenis criadas por Heloisa

    Prieto esto os volumes Vida Crnica e De Primeira Viagem.

    Disponvel em: http://www.ciadasletrinhas.com.br/detalhe.php?codigo=13020 .

    Acesso em 18 set. 2010.

    Inicie a correo da tarefa, solicitando que dois alunos leiam o texto. Um l o

    ttulo, o trecho que o segue e o primeiro pargrafo; o outro, o segundo

    pargrafo com as devidas inseres.

    Aps a leitura, pergunte se eles tm alguma questo sobre o contedo do

    texto. Explique o que uma metamorfose e explicite a sua presena na obra

    de Ovdio e Kafka. Diga aos alunos que, na histria da literatura, h vrios

    exemplos de metamorfoses, ou seja, poemas ou narrativas em que

    personagens sofrem transformaes dolorosas, com sentido alegrico.

    Retome a correo da tarefa. A primeira supresso est associada ao

    verbo falar. Esteja atento se os alunos perceberam a relao entre a palavra

    escolhida e o verbo. Pare e reflita com eles sobre as escolhas realizadas.

    Podemos em Lngua Portuguesa dizer falam de mutaes, falam

    sobre mutaes. Mostre a eles que o trecho de mutaes completa o sentido

    do verbo. O importante que os alunos percebam que o verbo falar, nesse

    caso, significa discorrer sobre algo e nesse sentido ele est associado a um

    complemento precedido de preposio.

    Os prximos espaos preenchidos pela moada remetem ao mesmo verbo.

    Nessas ocorrncias, ele tambm significa discorrer. Mostre aos alunos que

    nelas o verbo apresenta-se uma vez, mas quatro construes so regidas por

    ele. O sujeito eles e o verbo falam esto suprimidos, mas ficam implcitos na

    construo da enumerao marcada pelo uso do ponto e vrgula.

    Assim temos:

    Ora mais prximos de um dilogo com a literatura clssica, ora inspirados nos

    textos da modernidade, eles falam

    de uma indiazinha que, de certa maneira, vira pssaro;

    de algum que resolve se enterrar vivo, optando por afundar em sue prprio

    abismo;

    da solido de uma viva mineira e sua paixo por gatos vira-latas,

    aparentemente inocentes, e

    at de Raul Seixas.

    2 etapa

    Escolha um dicionrio, retire dele algumas acepes do verbo falar e mostre

    aos alunos que esse verbo possui mltiplas regncias e elas associam-se

    variedade de significados e, por vezes, s variantes lingusticas, ou seja, ao

    uso da lngua por grupos diferentes em contextos diferentes. A

    construo falar sobre algo, por exemplo, usada com frequncia entre ns,

    para alguns gramticos vista como galicismo, ou seja, trao da influncia do

    francs na lngua portuguesa.

    Veja abaixo o exemplo de alguns significados desse verbo retirados do

    dicionrio Aurlio. O dicionrio indica 26 significados e o uso de mais quatro

    expresses, envolvendo o verbo. A ltima expresso a gria Falou!,

    significando isso mesmo.

    Falar: V. int. 1. Ser muito expressivo: Seus olhos falam. 2. Revelar o que no

    era permitido: O prisioneiro falou. T.d. 3. Exprimir por meio de palavras,

    proferir, dizer.Falou a verdade e ningum acreditou. 4. Dizer, contar, referir:

    Falava muita gente, mas sem provas . T. i. 5. Conversar ou discursar,

    discorrer: Falarei de ns como de um sonho. 6.Falar ou dizer mal;

    maldizer: Lngua viperina, a daquele homem: capaz de falar da prpria me.

    (Com cortes)

  • Caso voc escolha usar o exemplo acima, explique o teor das abreviaes

    presentes no verbete.

    v.i - verbo intransitivo: no exige complemento - constitui o predicado sozinho.

    v.t. - verbo transitivo: exige complemento - no constitui sozinho o predicado.

    v. t. d. - verbo transitivo direto - exige complemento sem a presena da

    preposio.

    v. t. i. - verbo transitivo indireto - exige complemento com a presena de

    preposio

    Releia a resenha com os alunos e enfatize os complementos dos verbos

    sugerir (sugeria), reportar (reportava) e conter (continha). Pea que eles

    sublinhem no texto o verbo sugerir. Ele apresenta transitividade, ou seja, exige

    complemento - aos (preposio a + o artigo), diante da pessoa - convidados -

    e apenas o artigo a, diante da coisa - a leitura. O verbo reportar apresenta-se

    acompanhado pela preposio a e do artigo um - reportava a um tempo e

    espaos mgicos -; o verbo conter acompanhado apenas do artigo - cada

    ser continha a possibilidade secreta da transformao . Realize com os alunos

    um quadro em que presena dos complementos esteja visvel, assim como a

    presena ou no da preposio.

    Proponha como tarefa para casa a reescrita dos trechos em que h a

    ocorrncia do verbo falar: o trecho que antecede o incio da resenha e o

    segundo perodo do segundo pargrafo. Os alunos devem substitu-lo pelos

    verbos discorrer e apresentar e assinalar as diferenas ocorridas.

    3 etapa

    Inicie a aula, corrigindo a tarefa proposta. O emprego do verbo discorrer na

    resenha, com o significado de abordar um assunto, coloca a necessidade de

    um complemento introduzido pela preposio sobre. Escreva no quadro os

    trechos com as substituies necessrias. O verboapresentar, por sua vez,

    tambm necessita de complemento quando significa mostrar, exibir, mas,

    diferente dos verbos discorrer e falar, esse verbo no tem seu complemento,

    introduzido por preposio.

    Discuta com os alunos as diferenas de sentido entre o verbo falar, constante

    na resenha, e os verbos discorrer e apresentar utilizados para substitu-lo no

    exerccio proposto. O uso de falar, no sentido empregado no texto, pertence

    variante informal, possui traos do registro coloquial; os

    verbos discorrer e apresentar, por sua vez, indiciam maior grau de

    formalidade.

    Aps essa correo, apresente aos alunos o texto O Gigante Adamastor da

    adaptao da obraOs Lusadas realizada por Rubem Braga e Edson Rocha

    Braga. Antes da leitura do texto, faa uma sntese da obra de Cames.

    Originalmente, ela um grande poema pico - so 8.816 versos -, mas a

    adaptao utilizou o discurso em prosa. Diga aos alunos que, no episdio a

    ser lido, Vasco da Gama conta ao rei Melinde o encontro com o gigante

    Adamastor e a histria narrada pelo monstro aos portugueses. Nela,

    Adamastor informa aos navegantes como se transformou no Cabo das

    Tormentas. Assim, a histria do gigante, como os textos da obra organizada

    por Heloisa Prieto, a narrativa de uma mutao; de uma metamorfose.

    Leia o texto para os alunos.

    Texto O Gigante Adamastor

    O rei de Melinde, vivamente impressionado, seguia com grande ateno o

    relato de Vasco da Gama.

    Cinco dias, depois de deixarmos aquela terra, seguimos com ventos

    favorveis por mares desconhecidos quando, numa noite, surgiu uma nuvem

    que tomou conta do cu. Era uma nuvem to carregada e ameaadora que

    encheu nossos coraes de medo. Ento, de repente, surgiu no ar um

    monstro robusto, com o rosto zangado, cor de terra. Tinha uma barba enorme,

    olhos encovados, cabelos desgrenhados e cheios de terra, a boca negra, os

  • dentes amarelos. Era to grande que ao v-lo, comparei ao Colosso de Rodes

    - uma das maravilhas do mundo antigo. Num tom de voz que parecida sair do

    mar profundo, arrepiando a todos ns, ele nos falou:

    "- gente ousada, mais que todas as que no mundo realizaram grandes

    faanhas, gente que nunca repousa de tantos trabalhos e tantas guerras, e

    que ousa navegar meus longos mares, jamais sulcados por navios desta ou

    de outras partes. Vocs, que vm desvendar os segredos do oceano, ouam

    agora de mim os castigos que os aguardam. Saibam que quantas naus se

    atreverem a fazer esta viagem que agora realizam tero esta paragem como

    inimiga, enfrentando grandes ventos e tormentas."

    E o gigante passou a fazer previses sobre as terrveis desgraas que os

    portugueses sofreriam naquela regio. Disse, entre outras coisas, que

    aplicaria um grande castigo em seu descobridor, Bartolomeu Dias, quando ele

    por ali passasse outra vez, e que a morte seria o menor mal para quem

    ousasse se aproximar dele.

    "- Mas quem voc, afinal?" - perguntei.

    "- Sou aquele grande cabo" - respondeu - "a quem vocs chamam das

    Tormentas. Marco o final da costa africana, neste promontrio que aponta

    para o plo Antrtico. Meu nome Adamastor, lutei na guerra dos tits contra

    Jpiter e os demais deuses. Fui incumbido de derrotar a armada de Netuno, e

    tamanha empresa aceitei por amor da ninfa Ttis, pois, sendo eu muito feio e

    grande, s me restava o caminho das armas para tir-la da corte do deus do

    mar. Vindo a saber do meu intento, ela disse que se entregaria a mim, para

    livrar o oceano da guerra. Ah, como grande a cegueira dos amantes!

    Desistindo da luta, uma noite fui encontr-la. Vi-a aparecer ao longe,

    completamente nua. Como um louco, corri em sua direo; abracei-a e beijei-

    lhe os olhos, o rosto e os cabelos. Porm - a lembrana ainda di - logo

    descobri o engano: no era Ttis que estava em meus braos, mas um monte

    selvagem. Tremendo de raiva, fui procura de um lugar esconder meu pranto

    e me esconder do escrnio. Nesse meio tempo, meus irmos gigantes foram

    derrotados pelos deuses e muitos deles aprisionados debaixo de montanhas.

    Quanto a mim, eles transformaram meu corpo em terra e meus ossos em

    rochas, para depois me estenderem aqui, debruado sobre as ondas que

    tanto me lembram Ttis."

    Ao terminar sua histria - prosseguiu Vasco da Gama -, o gigante

    desapareceu diante dos nossos olhos, em meio a um choro medonho. A

    nuvem negra se desfez e o mar bramiu. Levantando as mos ao cu, que nos

    guiara de to longe, pedi a Deus que afastasse de ns os desastres previstos

    por Adamastor.

    Suas preces foram ouvidas. De manh, o sol revelou aos portugueses o

    promontrio em que o gigante fora transformado. Logo depois, a esquadra

    singrava as guas que banham a costa oriental da frica.

    CAMES, Luiz de. Os Lusadas. Adaptao de Rubem Braga e Edson Rocha

    Braga. So Paulo: Scipione, 1997. (Com alterao)

    Explicite as referncias cultura greco-romana. Pergunte aos alunos o que

    acharam da narrativa. Caso julgue pertinente, pea auxlio ao professor de

    Histria. Ele pode explicitar para a classe o papel do Cabo das Tormentas no

    imaginrio europeu no fim da Idade Mdia.

    Pea aos alunos a elaborao de uma pequena resenha do texto: uma sntese

    acompanhada de um comentrio sobre ele. Nessa produo, eles devem usar

    os seguintes verbos aborda (no sentido de tratar de um tema ou assunto)

    e indico (no sentido de sugerir, aconselhar). Para a prxima aula, solicite que

    os alunos tragam um minidicionrio de uso da classe. Caso no o possuam,

    outra estratgia pode ser proposta.

    4 etapa

    Inicie a aula solicitando aos alunos a leitura das resenhas produzidas.

  • Observe se os verbos solicitados foram usados de modo correto.

    Faa o levantamento oral com os alunos dos outros significados que podem

    ser atribudos aos verbos abordar e indicar alm dos propostos para a

    realizao do exerccio. A cada ideia dos alunos pea que construam uma

    sentena que exemplifique o sentido proposto.

    Pea que procurem os verbos abordar e indicar no dicionrio. Faam a leitura

    dos significados desses verbos. Discuta com eles os vrios significados que

    uma palavra pode assumir; mostre que as alteraes dos significados podem

    associar-se s mudanas na transitividade: o verbo pode exigir ou no

    complemento e, caso exija, pode ou no ser seguido de preposio ou, ainda,

    exigir preposies diferentes de acordo com os significados assumidos. O

    verbo apontar presente no texto indica direo e, nesse caso, vem

    acompanhado da preposio para. Sem o uso dessa preposio ele indica o

    ato de apontar um lpis, por exemplo, ou de surgir, de apontar um

    determinado objeto.

    Pea que procurem no dicionrio o significado de assistir. Solicite a um aluno

    a leitura do verbete. Faa-os observar as diferenas: no sentido de ver, ele

    necessita de preposio: assisti ao filme, mas no sentido de auxiliar, ele no

    exige a presena de preposio: eu assisti o meu amigo doente. Caso o

    dicionrio possua exemplos, indique o registro no caderno, explicitando se o

    complemento comporta ou no a preposio. Caso no os possua, construam

    coletivamente um exemplo para cada um dos significados propostos. Discuta

    com os alunos que a ocorrncia que associa o verbo ao uso da preposio no

    sentido de ver, acompanhar visualmente, tem, cada vez mais, se restringido

    ao discurso formal. No uso cotidiano do portugus brasileiro, h o predomnio

    de assistir seguido de complemento direto: Eu vou assistir o filme.

    5 etapa

    Pea aos alunos que retomem o texto do episdio do gigante Adamastor.

    Faa a leitura compartilhada do texto. Assinale junto com os alunos as

    ocorrncias abaixo de pronome oblquo no texto:

    a) Era to grande que, ao v-lo, comparei-o ao Colosso de Rodes;

    b) Num tom de voz que parecia sair do mar profundo, arrepiando a todos ns,

    ele nos falou;

    c) Vocs, que vm desvendar os segredos do oceano, ouam agora de mim

    os castigos que osaguarda;

    d) Fui incumbido de derrotar a armada de Netuno, e tamanha empresa aceitei

    por amor da ninfa Ttis, pois sendo eu muito feio e grande, s me restava o

    caminho das armas para tir-la da corte do deus do mar;

    e) Desistindo da luta, uma noite fui encontr-la;

    f) Vi-a aparecer ao longe, completamente nua;

    g) Como um louco, corri em sua direo; abracei-a e beijei-lhe os olhos;

    h) Quanto a mim, eles transformaram meu corpo em terra e meus ossos em

    rochas, para depoisme estenderem aqui;

    i) Levantando as mos ao cu, que nos guiara de to longe.

    Com base nos trechos acima, analise com a turma o papel sinttico dos

    pronomes oblquos. Diferente dos pessoais, eles atuam como complemento

    do verbo e no como sujeito.

    Proponha aos alunos uma atividade em dupla. Eles devem reconstituir os

    complementos que os pronomes substituem, explicitando se os verbos aos

    quais se vinculam demandam ou no a presena da preposio. Analise com

    os alunos que isso no depende simplesmente do pronome escolhido, mas

    remete s exigncias do verbo. Caso tenham dvida, sugira que consultem

    um dicionrio em que a regncia verbal se apresente. Nesse caso, eles

    devem prestar ateno regncia e ao significado do verbo, pois um mesmo

    verbo pode possuir mais de um significado.

    Durante a correo, atente para a colocao pronominal. Em alguns casos, o

    pronome antecede ao verbo. Diga aos alunos que essa localizao vincula-se

    atrao exercida por palavras comoo que, advrbios ou pronomes

  • pessoais.

    Avaliao

    Como atividade avaliativa, proponha a leitura do texto e o preenchimento das

    lacunas com as palavras dadas. Essas palavras podem vir acompanhadas de

    preposio ou artigos.

    Texto O papel das mulheres na Idade Mdia

    A sociedade medieval era dominada pelos homens, mas as mulheres

    desempenhavam -------------------------- essencial em casa e no trabalho.

    As mulheres trabalhavam em todo lugar. As camponesas cuidavam --------------

    ------------ e

    ----------------------------------, cozinhavam, recolhiam ------------------------------,

    cuidavam --------------------------------, sangravam -------------------------------.

    Frequentemente aravam ---------------------------- como os homens. Na cidade,

    as mulheres dos artesos fiavam e teciam. Mesmo grvidas, elas continuavam

    trabalhando e s paravam para dar luz.

    BRISOU-PELLON, E. e al. A Vida na Idade Mdia. So Paulo: Scipione, 1998.

    Palavras que devem ser inseridas:

    Casa porco papel solo madeira ptio crianas

    Gramtica com textos: 7 ano - complemento nominal

    Introduo

    Esta a oitava de uma srie de 16 sequncias didticas que fazem parte de

    um programa de estudo de gramtica para 6 a 9 ano do Ensino

    Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da srie.

    Objetivos

    Analisar a transitividade nominal

    Entender a nominalizao das formas verbais

    Contedos

    Transitividade nominal

    Complemento nominal

    Tempo estimado

    Cinco aulas

    Desenvolvimento

    1 etapa

    Escreva o poema abaixo no quadro.

    Vento vadio

    s vezes vem um vento

    e levanta a aba do pensamento

    jogando o meu chapu

    pra l da possibilidade

    CHACAL. In: Poesia Marginal. So Paulo: tica, 2006

  • Leia-o para os alunos. Pea a eles que o leiam novamente e anotem o que

    julgarem interessante para a discusso do poema. Inicie a discusso do

    poema, pedindo que os alunos falem sobre as ideias que ele lhes traz

    mente.

    provvel que os alunos se atenham aos aspectos do contedo: o vento que

    levanta o pensamento e joga o chapu para longe, para algo inusitado. Oua-

    os.

    Comece a anlise a partir dos elementos do contedo e os relacione aos

    aspectos formais. Aspectos que podem ser mencionados:

    a) A passagem do vento. Afirmao dessa passagem do ponto de vista formal:

    a sonoridade v, sugerindo o prolongamento desse ato, associada ao gerndio,

    jogando, forma verbal indicativa do prolongamento da ao.

    b) A ausncia da pontuao. Indague os alunos a respeito do possvel

    significado dessa ausncia. Caso no consigam responder, pergunte a eles

    qual o papel do ponto final em um enunciado. A partir disso, reflita se essa

    ausncia pode sugerir a no completude, o no fechamento do poema.

    c) O substantivo possibilidade. Essa incompletude pode tambm se vincular

    ao substantivo possibilidade, ltima palavra do poema. Pergunte qual

    significado atribuiriam a esse substantivo. possvel dizer que ele significa

    "pensvel", "imaginvel". Outra anlise aponta para "possibilidade do desejo",

    "possibilidade do amor" "possibilidade do pensamento". Nesse caso, observe,

    o sentido do substantivo careceria de um complemento; e, assim, a ausncia

    do ponto final remeteria ao carter inconcluso do poema. Caberia ao leitor unir

    os elementos do texto e pensar, usando a aba do seu pensamento, uma

    concluso possvel.

    d) O entendimento do poema. Para finalizar, diga a eles que a compreenso

    do texto potico envolve no apenas o entendimento dos elementos do

    contedo. O leitor deve estar atento tambm pontuao, sonoridade,

    escolha das palavras e organizao desses elementos.

    2 etapa

    Leia a manchete e o primeiro pargrafo da notcia abaixo.

    Aps denncia de ameaa de bomba, polcia no encontra

    artefato

    Redao SRZD | Internacional | 25/09/2010 16h51

    A suspeita de bomba no avio da companhia area paquistanesa foi desfeita

    na tarde neste sbado. Na aeronave, que foi desviada para a Sucia, nenhum

    explosivo foi encontrado com o cidado canadense suspeito, depois de um

    telefonema feito por uma mulher dizendo que um passageiro no avio

    carregava explosivos.

    Disponvel em: http://news.google.com.br/nwshp?hl=pt-BR&tab=wn. Acesso

    em 23 set 2010. Com cortes

    Sublinhe os termos denncia e encontra. Analise-os com os alunos. Mostre a

    eles a transitividade desses termos, ou seja, eles requisitam um complemento.

    No caso de denncia, o trecho de ameaa de bomba complementa o seu

    sentido. No caso do verbo encontra, o complemento a palavra artefato.

    Observe tambm que o substantivo denncia tem o seu complemento

    introduzido pela preposio de. O mesmo no ocorre com o complemento do

    verbo encontra.

    Pea que os alunos leiam o trecho dado da notcia e analisem as palavras

    suspeita e carregava quanto transitividade. Proponha que comparem a

    transitividade do substantivo com a do verbo.

    Durante a correo, assinale que os complementos dos substantivos foram

    introduzidos pela preposio. Isso no ocorreu com os dois verbos. Diga a

  • eles que os complementos verbais podem ter ou no a presena da

    preposio; mas, no caso dos complementos nominais, elas sempre esto

    presentes. interessante reforar isso, indicando que a transitividade est

    associada no apenas aos verbos, mas tambm a nomes. Jos Carlos de

    Azeredo, na Gramtica Houaiss da Lngua Portuguesa, explica a regncia

    nominal e verbal da seguinte forma:

    "A rege um termo B sempre que a presena de B no contexto da orao

    depende da presena de A; em muitos casos, a prpria forma de B

    determinada por sua relao com A. Em sentido estrito, ocorre regncia

    quando A requer a anexao de B, de sorte que B exerce o papel sinttico de

    complemento de A. Se A um verbo, temos regncia verbal (...), se A um

    substantivo, um adjetivo ou um advrbio, temos regncia nominal".

    No necessrio dizer isso aos alunos, mas a explicao de Azeredo pode

    ser uma baliza para aquela que voc realizar.

    Escreva no quadro as manchetes abaixo.

    Manchetes

    PF prende candidatos por suspeita de compra de votos com carro zero em

    RR

    Stio do Picapau Amarelo comemora a chegada da nova estao

    Secretaria mantm suspenso da vacinao contra raiva em SP

    Hospital da UFF faz campanha para aumentar doaes de leite materno

    Pea que os alunos analisem os termos suspeita, chegada, suspenso e

    doaes quanto transitividade. Quando se trata de complementos de nomes

    - sejam eles substantivos, adjetivos ou advrbios -, eles esto sempre

    acompanhados de preposies que relacionam A a B.

    Realize a correo da tarefa, enfatizando a ideia da transitividade nominal. Em

    seguida, mostre aos alunos que os nomes analisados no exerccio podem

    transformar-se em verbos. Assim, suspeita pode transformar-se em suspeitar;

    chegada em chegar; suspenso em suspender e doaes em doar. Proponha

    a eles a reescrita das trs primeiras manchetes, substituindo as formas

    nominais pelas formas verbais.

    Exemplifique, utilizando a ltima manchete:

    Com o intuito de aumentar o ato de doar leite materno, hospital da UFF faz

    campanha

    ou

    Hospital da UFF faz campanha para que populao doe mais leite materno.

    3 etapa

    Inicie a aula, perguntando aos alunos se eles conhecem a Constituio da

    Repblica Federativa do Brasil. Analise o papel da Constituio na

    determinao da vida de uma nao. Diga a eles que nessa aula vocs lero

    o trecho inicial dessa Constituio.

    Leia o trecho abaixo para os alunos.

    Presidncia da Repblica - Casa Civil

    Subchefia para Assuntos Jurdicos

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

    PREMBULO

    Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional

    Constituinte para instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o

  • exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-

    estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de

    uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia

    social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a soluo

    pacfica das controvrsias, promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

    TTULO I

    Dos Princpios Fundamentais

    Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos

    Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

    Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

    I - a soberania;

    II - a cidadania;

    III - a dignidade da pessoa humana;

    IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    V - o pluralismo poltico.

    Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

    representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

    Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o

    Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:

    I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

    II - garantir o desenvolvimento nacional;

    III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais

    e regionais;

    IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor,

    idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    Disponvel em: www.planalto.gov.br/.../constituicao/constituiao.htm - Acesso

    em 26 set 2010

    Explique os significados das palavras desconhecidas e pergunte se j tinham

    lido trechos de lei. Discuta com eles a linguagem adotada na redao da

    Constituio. Assinale, como aspectos importantes, a clareza, a ausncia de

    ambiguidades, o paralelismo na redao dos itens - presena de artigos

    definidos e de substantivos e adjetivos iniciando os itens do Artigo 1 e de

    verbos no infinitivo iniciando o Artigo 2. Outro aspecto pode ser mencionado:

    o uso do presente do indicativo e seu carter assertivo. Isso se explica, pois a

    Constituio vlida para todos os brasileiros.

    Proponha que os alunos realizem, em dupla, a reescrita do Artigo 1 da

    Constituio. A atividade deve partir do trecho abaixo, no qual foi includa a

    expresso "a defesa". A partir dela, a turma dever alterar o texto:

    A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados

    e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de

    Direito e tem como fundamentos a defesa ...

    Ao corrigir o exerccio, enfatize que o substantivo defesa, nesse caso, exige

    complemento introduzido pela preposio de. Assim, os itens no podero

    iniciar-se com os artigos, mas colocaro a exigncia da contrao do de com

    os artigos o ,a, os, gerando:

    A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados

    e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de

    Direito e tem como fundamentos a defesa ...

    a) da soberania;

    b) da cidadania;

    c) da dignidade da pessoa humana;

  • d) dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    e) do pluralismo poltico.

    Aps a correo desse exerccio, proponha que reescrevam, tambm em

    dupla, o Artigo 3, realizando nominalizao das formas verbais infinitivas. O

    trecho inicial pode ficar assim:

    Segundo a Constituio brasileira, os objetivos fundamentais da Repblica

    Federativa do Brasil so...

    Durante a correo, assinale as modificaes necessrias como a presena

    da preposio que segue o substantivo, realizando a ligao entre o

    substantivo e a expresso que o complementa. Discuta com os alunos

    tambm a presena do paralelismo na redao do exerccio - construo de/

    garantia de/ erradicao da/ promoo de. Esse um recurso que deve ser

    transposto para as produes textuais realizadas por eles. A lngua, diga a

    eles, permite-nos escolhas. Quanto mais a conhecemos, mais liberdade

    teremos em nossas produes.

    4 etapa

    Inicie esta etapa apresentando a notcia abaixo aos alunos.

    Bradesco condenado por proibir que funcionrios usem

    barba

    A 7. Vara do Trabalho de Salvador condenou ontem o Bradesco a pagar R$

    100 mil de indenizao por dano moral coletivo, por discriminao esttica - o

    banco probe que os funcionrios usem barba.

    De acordo com a deciso do juiz Guilherme Ludwig, o valor deve ser

    encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o banco ainda

    deve divulgar, "nos jornais de maior circulao na Bahia, durante dez dias

    seguidos, e em todas as redes de televiso aberta, em mbito nacional", uma

    mensagem reconhecendo a "ilicitude de seu comportamento" e a alterao de

    seu "Manual de Pessoal, para incluir expressamente tal possibilidade" (o uso

    de barba por parte dos funcionrios).

    O Bradesco ainda pode recorrer da sentena.

    A ao, apresentada pelo procurador Manoel Jorge e Silva Neto, do Ministrio

    Pblico do Trabalho da Bahia, em fevereiro de 2008, foi baseada na denncia

    de um dirigente do Sindicato dos Bancrios do Estado, funcionrio do banco.

    Por ter a pele sensvel lmina, o barbear dirio causava erupes em seu

    rosto.

    A instituio financeira alegou, em sua defesa, que uma pesquisa interna

    apontou que barba "piora a aparncia" e que seu uso pode atrapalhar o

    sucesso profissional.

    Na sentena, Ludwig alegou que a pesquisa foi feita apenas com executivos,

    "pblico que no se confunde com o brasileiro mdio", e citou Jesus Cristo,

    Charles Darwin, Machado de Assis e prprio presidente Luiz Incio Lula da

    Silva, entre outros, para rebater o argumento.

    Segundo o documento, a proibio constitui "conduta patronal que viola

    inequivocamente o direito fundamental liberdade de dispor e de construir a

    prpria imagem em sua vida privada".

    Disponvel em:

    http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100924/not_imp614486,0.php.

    Acesso em: 26 de set 2010.

    Solicite a leitura silenciosa do texto e depois realize a leitura compartilhada.

    Pergunte aos alunos o que acharam do contedo da notcia. Oua-os.

  • Em seguida, pea que relacionem o trecho inicial da Constituio proibio

    realizada pelo banco. Escolha alguns alunos para que exponham a reflexo

    que realizaram.

    Diga turma que, na prxima aula, ser realizada a avaliao desse bloco de

    aulas. Os textos para essa avaliao sero o trecho dado da Constituio e a

    notcia acima. recomendvel que discutam os textos com os colegas e, se

    possvel, com os familiares.

    Avaliao

    Proponha aos alunos as seguintes atividades:

    1) Reescrita do trecho abaixo da notcia, substituindo as palavras em negrito

    por substantivos.

    a) Bradesco condenado por proibir que funcionrios usem barba

    b) A 7. Vara do Trabalho de Salvador condenou ontem o Bradesco

    a pagar R$ 100 mil de indenizao por dano moral coletivo, por discriminao

    esttica - o banco probe que os funcionrios usem barba.

    2) Produo textual

    Ttulo: A proibio do Bradesco e os Princpios Fundamentais da Constituio

    da Repblica Federativa do Brasil.

    Na sua produo, o aluno deve usar, pelo menos uma vez, a nominalizao

    do verbo determinar.