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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 107ª aula: O cristão no lar Textos complementares GEAEL Aula 107 — Entre muitas, a lição que fica: “O lar terreno significa a hospedaria da boa vontade, em que o homem e a mulher conjugam-se na divina tarefa de servir, amar e orientar os espíritos amigos ou adversos que, por Lei Sideral, se encarnam, buscando o amparo fraterno e dispostos a acertarem as contas pregressas!”. — A Vida Humana e o Espírito Imortal — Ramatís / Hercílio Maes 1. Introdução Na intimidade do templo doméstico de- senvolvem-se as provas e as oportunidades de reencontro entre espíritos em reajustes. No convívio do lar, manifestamos mais niti- damente aqueles sentimentos de intolerân- cia, de impaciência, de revolta, precisamen- te na intensidade em que os mesmos ainda permanecem no nosso íntimo, em processo de transformação. Do que foi até agora estudado, cabe- -nos dirigir a atenção para o ambiente do convívio familiar, aonde se intensifica o nos- so esforço de autoeducar-nos nos mesmos propósitos cristãos que já nos dispusemos seguir anteriormente. Analisemos juntos a importância dos itens abaixo e pessoalmente focalizemos a nossa posição e o nosso comportamento diante dessas diretrizes. 2. Vida conjugal “Assim também vós, cada um em particular, ame a sua pró- pria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o seu marido” – Paulo (Efésios, 5:33). Acentuam-se nos nossos dias os desajustes conjugais atribuídos principalmente à incompatibilidade dos tempera- mentos, aos desencantos da vida íntima ou às aflições domés- ticas. Refletem todos a intolerância e a irresponsabilidade, tão comuns na criatura humana. As desarmonias e os desencontros surgem do convívio, onde, sob os impulsos espontâneos dos nossos sentimentos ín- timos, mostramo-nos como realmente ainda somos. Ocorrem as decepções, resultantes da nossa própria imaturidade, e se não estivermos munidos dos propósitos mais sólidos, alicer- çados nos ideais cristãos, colocamos realmente em perigo a estabilidade do lar. O cristão não pode ignorar os laços profundos dos compro- missos escolhidos na Espiritualidade, que se renovam na expe- riência terrena, para a instituição dos divinos fundamentos da amizade real. Abandonar a tarefa no lar é contrair pesadas dívi- das que nos serão cobradas com os acrescidos juros que a nossa irresponsabilidade terá que saldar em existências próximas. Suportemos o quanto pudermos a esposa exigente e in- compreensiva, o marido árido e indiferente, os filhos irreve- rentes e agressivos e testemunhemos no seio familiar os ensi- namentos do Cristo que já começam a nos tocar as fibras mais sutis do coração.

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

107ª aula: O cristão no larTextos complementares

GEAEL

Aula 107 — Entre muitas, a lição que fica:“O lar terreno significa a hospedaria da boa vontade, em que o homem e a mulher conjugam-se na divina tarefa de servir, amar e orientar os espíritos amigos ou adversos que, por Lei Sideral, se encarnam, buscando o amparo fraterno e dispostos a acertarem as contas pregressas!”. — A Vida Humana e o Espírito Imortal — Ramatís / Hercílio Maes

1. Introdução

Na intimidade do templo doméstico de-senvolvem-se as provas e as oportunidades de reencontro entre espíritos em reajustes. No convívio do lar, manifestamos mais niti-damente aqueles sentimentos de intolerân-cia, de impaciência, de revolta, precisamen-te na intensidade em que os mesmos ainda permanecem no nosso íntimo, em processo de transformação.

Do que foi até agora estudado, cabe--nos dirigir a atenção para o ambiente do convívio familiar, aonde se intensifica o nos-so esforço de autoeducar-nos nos mesmos propósitos cristãos que já nos dispusemos seguir anteriormente.

Analisemos juntos a importância dos itens abaixo e pessoalmente focalizemos a nossa posição e o nosso comportamento diante dessas diretrizes.

2. Vida conjugal

“Assim também vós, cada um em particular, ame a sua pró-pria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o seu marido” – Paulo (Efésios, 5:33).

Acentuam-se nos nossos dias os desajustes conjugais atribuídos principalmente à incompatibilidade dos tempera-mentos, aos desencantos da vida íntima ou às aflições domés-ticas. Refletem todos a intolerância e a irresponsabilidade, tão comuns na criatura humana.

As desarmonias e os desencontros surgem do convívio, onde, sob os impulsos espontâneos dos nossos sentimentos ín-timos, mostramo-nos como realmente ainda somos. Ocorrem

as decepções, resultantes da nossa própria imaturidade, e se não estivermos munidos dos propósitos mais sólidos, alicer-çados nos ideais cristãos, colocamos realmente em perigo a estabilidade do lar.

O cristão não pode ignorar os laços profundos dos compro-missos escolhidos na Espiritualidade, que se renovam na expe-riência terrena, para a instituição dos divinos fundamentos da amizade real. Abandonar a tarefa no lar é contrair pesadas dívi-das que nos serão cobradas com os acrescidos juros que a nossa irresponsabilidade terá que saldar em existências próximas.

Suportemos o quanto pudermos a esposa exigente e in-compreensiva, o marido árido e indiferente, os filhos irreve-rentes e agressivos e testemunhemos no seio familiar os ensi-namentos do Cristo que já começam a nos tocar as fibras mais sutis do coração.

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3. Pais

“E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai--os na doutrina e admoestação do Senhor” — Paulo (Efésios, 6:4).

Sempre que o homem e a mulher, na vida conjugal, com-preendem o caráter divino e a oportunidade que a paternida-de e a maternidade oferecem aos espíritos na escalada evolu-tiva, uma atmosfera de dedicação e sacrifício reflete-se no lar.

Lamentável observar as limitações comodistas de alguns pares, que cerceiam as chances de espíritos, muitas vezes afins, desejosos de retornarem as experiências no plano físico, evitando a gravidez.

Os filhos são as obras preciosas que o senhor confia aos casais, esperando-lhes a cooperação amorosa e eficiente no trabalho desprendido de preparação daquelas criaturinhas que, conduzidas pelas suas mãos, poderão levar aos homens de amanhã os exemplos do amor e respeito ao Mestre Jesus, transmitidos pelos seus pais.

A criação prevê admoestação, porém qual seria a admoes-tação do Senhor? Equilíbrio e justiça com amor, nem excessos de ternura e condescendências, nem demasia de exigências.

A disciplina e o comportamento à luz do Evangelho vão alicerçando os espíritos ainda infantis. Robustecendo-os nas provas que a vida no nosso planeta lhes proporcionará.

4. Filhos

“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais, no Senhor, por-que isto é justo”. — Paulo ( Efésios, 6:1).

Os espíritos, ainda na idade adolescente, quando nas suas necessidades de reafirmações, muitas vezes desdenham as experiências daqueles que os embalaram, ao darem os primeiros passos nos caminhos das iniciativas próprias; reto-mam, muitas vezes tardiamente, os rumos na atual existência, quando o sofrimento ou a madureza dos anos lhes restauram a compreensão.

Os filhos, hoje tão libertos e impulsivos, são grandemente atraídos para os prazeres da idade, no incontido desejo de vi-ver a felicidade que sempre é procurada fora de nós mesmos.

Iludidos, desobedecem aos apelos dos pais, contrariando-os pelos caprichos venenosos que, na maior das vezes, os leva à imprudência e à insensatez.

É indispensável prestar obediência aos progenitores, den-tro do espírito de Cristo, porque semelhante atitude é justa. E o jovem, amadurecido no amor e no respeito, compreende o zelo e as advertências dos mais experientes, já vividos em situações semelhantes, com acumulados resultados à disposi-ção deles, que apenas se iniciam na caminhada.

Ouvir e ponderar, num diálogo de companheiros, sem barreiras ou distâncias, sem prevenções nem imposição, é o clima desejável em todas as situações.

5. Familiares

“Porquanto qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. — Jesus (Marcos, 3:35).

A instituição da família no nosso mundo, sem dúvida tem obediência aos planos sábios emanados da Espirituali-dade. Nos pequenos agrupamentos particulares, células da sociedade, jungidas as criaturas pelos deveres consangüíneos, estabelecem-se progressivamente os laços espirituais eternos.

É a construção dos Planos Divinos, segundo as leis de amor, que identificam aqueles parentes anunciados pelo nos-so Mestre.

O parentesco estende-se dos pais e filhos para os avós, tios, primos e sobrinhos, nos seus graus de ligação, ampliando-se o relacionamento familar. Igualmente dilatamos os nossos laços afetivos, dedicando a todos a nossa atenção, emprestando o nosso cuidado, colaborando nas necessidades mais imediatas do sustento material daqueles que a sorte não favoreceu.

Nos transes difíceis da vida, em que as comoções profun-das envolvem os lares mais próximos pelos laços familiares, o nosso apoio e a nossa compreensão, exaltando a oportunida-de das provas no nosso aprendizado cristão e o despertamen-to da nossa sensibilidade e interesse pelos menos afortunados, cujas misérias são observadas por nossos olhos, revelam quão agraciados ainda somos pela misericórdia Divina.

O perdão, a tolerância, a paciência, o refreamento dos costumeiros falatórios, no ambiente familiar e no convívio

com os parentes, devem ser mais intensamente vivi-dos, amortecendo as nossas paixões desenfreadas e equilibrando os nossos impulsos violentos.

6. Divórcio e lar

“Não separeis o que Deus juntou”. — Jesus.

Tema muito discutido em nossos dias e condu-zido ao sabor dos interesses e inclinações pessoais de cada um. Vejamos, no entanto, a colocação que nos cabe situar dentro da conduta compatível com

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os ensinamentos do Divino Pastor.

É a lei do amor que real-mente une as criaturas em quaisquer rela-ções. E o amor, no matrimônio, se reveste não exclusivamente da atração física que tanto fala aos

sentidos. Duas criaturas que se unem no casamento, são assim principalmente chamadas ao amparo mútuo, afetivo e material.

Dois corações que se entreguem um ao outro, desde que se fundem nas mesmas promessas e realizações recíprocas, passam a responder, de maneira profunda, aos imperativos de causa e efeito, dos quais não podem efetivamente escapar.

Individualmente, já não nos pertencemos completamen-te, e a necessária reflexão interior certamente nos despertará para a renúncia, do que nos cabe, de interesses particulares, despertando a capacidade pessoal de doar-se, de desprender--se, de sacrificar-se mesmo, em benefício da harmonia e do equilíbrio emocional no convívio caseiro.

O cristão, já consciente, não pode fugir aos compromis-sos assumidos nos Planos Espirituais, dentro da tarefa que o lar, em primazia, nos convida a desempenhar.

Diz-nos Emmanuel: “Indubitavelmente o divórcio é com-preensível e humano, sempre que o casal se encontre à beira da loucura ou da delinqüência”.

No entanto, nos completa ele: “...é razoável se peça aos cônjuges o máximo esforço para que não venham a interrom-per os compromissos a que se confiaram no tempo.”

7. O lar e o trabalho doutrinário

Muito de nós, atendendo aos impulsos idealistas do tra-balho doutrinário nos diversos campos de serviço ao próximo, envolvidos no entusiasmo que os nossos corações, à semelhan-ça do viajor que, perdido no deserto árido da ociosidade, en-contra no oásis o líquido balsamizante para saciar a sede, à sombra da proteção e do aconchego dos Amigos Espirituais, somos assim inclinados a dedicar a maior parte de nossos tem-po disponível, ao trabalho desinteressado que tanto nos edifica.

Absorvemo-nos, às vezes, nas nossas ocupações idealis-tas, afastando-nos momentaneamente dos compromissos pri-meiros com aqueles mais próximos, no convívio familiar, ale-gando para nós mesmos, as justificativas de ordem superior, pautadas no exemplo dos pioneiros da Cristandade.

Todo trabalho idealista, realizado com o coração desin-teressado, é antes de tudo a sustentação sutil para o trabalho mais profundo de transformação interior, na nossa realidade presente, à qual estamos condicionados pela lei de causa e efei-

to. A evolução é sempre lenta e progressiva, realizada com mui-to trabalho e paciência. E se atendemos aos nossos melhores impulsos de servir ao Divino Mestre, a serenidade e o equilíbrio nos evidenciam que esse mesmo serviço inicia-se com aqueles que a própria Providência Divina nos uniu sob um mesmo teto.

Quando buscamos acariciar aqueles pequeninos necessi-tados na nossa atividade social, observemos primeiramente se aqueles que em casa deixamos chorando, já foram supridos com as nossas atenções orientadoras cristãs.

Quando nos deslocamos, para levar a nossa palavra às assembléias reunidas para receber os chamados evangélicos, meditemos se já transmitimos aos poucos que nos circundam no lar, o carinho e os ensinamentos do Sublime Peregrino.

Quando nos empenhamos em oferecer as nossas energias nos trabalhos de assistência espiritual, revitalizando pelos passes os que carecem do equilíbrio físico e espiritual, anali-semos se já distribuímos a confiança e o ânimo aos abrigados no mesmo ninho que, nas depressões, abrem as portas às en-fermidades.

Para alçar os vôos mais altos, é necessário que constru-amos, com o nosso trabalho, as asas elevadoras, igualmente fortificadas na dedicação ao próximo, de dentro e de fora do nosso meio doméstico. Pois, na ordem de nossas obrigações, ambos não podem ser esquecidos.

8. O culto do evangelho no lar

Onde quer que o Cristianismo lance raízes de aperfei-çoamento e sublimação, o culto do Evangelho no Lar é uma necessidade.

No círculo dos nossos familiares, com os quais nos com-pete desempenhar com o Senhor os compromissos de renova-ção e entendimento, o conhecimento das palavras e dos exem-plos do Meigo Rabi, sob forma singela e fraterna, ao alcance de todas as idades, despertam as disposições mais nobres nos corações que evoluem no mesmo caminho.

Os benefícios dos sentimentos de bondade, compreensão, fraternidade, fé e bom ânimo, emitidos em conjunto, trans-põem os limites das paredes em ondas de paz e entendimento.

O aconchego com os Amigos Espirituais, nesses momen-tos, envolvem e fortificam o nosso espírito na caminhada com Jesus. E somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado para distribuir o pão divi-no da Boa-Nova junto da multidão, embora devamos o escla-recimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana, em todas as circunstâncias.

A reunião semanal, em torno do Mestre Redentor, é traba-lho de profundidade na preparação dos corações, que devem ser encaminhados na senda do amor cristão. Quem cultiva o Evangelho no Lar, faz da própria casa um templo de Jesus.

Iniciação EspíritaAutores diversosEditora Aliança

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4 107ª aula: O cristão no lar

PERGUNTA: — Conforme tendes explicado, a família é o agrupamento humano de espíritos amigos ou adversos, que, através dos laços consangüíneos, unem-se pelo afeto ou vinculam-se pelas dívidas cármicas do passado. Não é assim?

RAMATÍS: — Realmente, a família carnal tanto é cons-tituída por espíritos afins, assim como se compõe de almas adversas e de graves conflitos do passado! No seio do lar processa-se o adestramento espiritual orientado para a vida superior, em que o amor une os espíritos amigos e o ódio imanta os adversários! Por isso, a família tanto pode ser um ensejo abençoado, que entretém as almas amorosas numa preliminar do Paraíso, assim como gera conflitos, desafios e lutas emotivas, que podem terminar pela separação; e, às vezes, conforme noticiam os jornais, até pelo crime de morte!

PERGUNTA: — Qual é a outra finalidade do lar terre-no, além da oportunidade de retificação cármica dos seus componentes familiares?

RAMATÍS: — A família humana é o fundamento ou a miniatura da família universal, pois os laços consangüí-neos apenas delimitam as vestimentas físicas e transitórias numa existência humana, mas sem eliminar a autenticidade espiritual de cada membro ali conjugado. Sem dúvida, a ancestralidade biológica ou a herança genealógica própria da constituição carnal reúne os mais diversos temperamentos espirituais sob uma só configuração consangüínea, a fim de estabelecer uma contemporização amistosa. O lar terreno significa a hospedaria da boa vontade, em que o homem e a mulher conjugam-se na divina tarefa de servir, amar e orien-tar os espíritos amigos ou adversos que, por Lei Sideral, se encarnam, buscando o amparo fraterno e dispostos a acerta-rem as contas pregressas! Acima do sentimento ególatra ou de “propriedade”, que em geral domina os esposos na posse sobre os filhos, deve prevalecer o conceito elevado de irman-dade universal, porquanto a realidade do espírito imortal não deve ser sacrificada às simpatias e posses do corpo carnal!

PERGUNTA: — Como compreendermos que a família humana é uma experiência ou adestramento para compor a futura família universal?

RAMATÍS: — A família humana é um conjunto de almas oriundas da mesma fonte divina; difere, apenas, em sua periferia, pela convenção terrena de cônjuges, filhos, pais ou parentes, cuja vestimenta consangüínea ancestral contem-poriza a reunião de desafetos do passado, num treino ativo e em direção à futura família universal!

Os corpos carnais não passam de escafandros transitó-rios, que proporcionam aos espíritos encarnados o recurso de

desempenharem as suas atividades na vida humana, enquan-to desenvolvem os sentimentos fraternos e avivam as demais virtudes latentes no âmago da alma. Os interesses egocên-tricos, as idéias artísticas, preferências políticas, tendências científicas, ambições sociais ou entretenimentos religiosos, são os ensejos que proporcionam às almas a melhoria de sua graduação espiritual. As dissidências tão comuns no seio das famílias terrenas resultam da diferença de idade espiritual entre os seus componentes, em que os mais primários produ-zem aflições, sofrimentos e prejuízos aos mais evoluídos, em face do mesmo vínculo cármico do passado.

Mas, no decorrer das sucessivas existências no mundo físico, os espíritos diversificados pelos mais opostos tempera-mentos aprimoram-se e amenizam os seus conflitos pregres-sos através do sofrimento e serviços recíprocos, até alcança-rem a compreensão espiritual definitiva. Lentamente, velhos adversários aproximam-se atraídos pelos laços da parentela humana e, louvavelmente, fazem as pazes e confraternizam-se para a ventura em comum. Embora a diferença de interesses, o choque de ambições, e a cobiça pelo melhor, possam atiçar velhos ódios e frustrações do pretérito, a vida em comum, no seio da família, ameniza os desentendimentos e os estigmas entre os espíritos fadados à mesma angelitude. É certo que os mais embrutecidos e escravos das paixões animais chegam a sacrificar o companheiro consangüíneo nas competições dos valores do mundo físico, pois no subjetivismo da alma pres-sentem a presença do algoz ou desafeto de outrora.

Em conseqüência, a pilhagem, belicosidade e avareza ainda são conseqüências dessa feroz competição humana, em que litigam os espíritos na trajetória da vida física, entre acertos louváveis e equívocos censuráveis, porém jamais deserdados do amor do Cristo e impedidos de serem felizes! Assim prossegue a safra de vítimas e algozes, que retornam em sucessivas existências vinculadas à mesma roupagem car-nal consangüínea para a organização das famílias humanas, no sentido de extinguir a personalidade humana e separatista do homem ciumento, egotista e impiedoso escravo dos ins-tintos animais. Através do exercício afetivo no lar, na troca de favores e iniciativas dos membros da família, a individu-alidade espiritual vai externando os seus valores eternos de feição moral.

A Vida Humana e o Espírito ImortalRamatís / Hercílio Maes

Editora do Conhecimento

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Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 5

5. Recordando fatos

Ao tratar dos deveres dos discípulos julgamos útil nos referir novamente às Fraternidades do Espaço, já enumeradas em opúsculo já distribuído pela Aliança.

Essas fraternidades atualmente agrupam-se em torno a ISMAEL - o guardião espiritual de nosso País e assessor do Divino Mestre para a orientação espiritual do planeta, en-quanto, em nosso estado, a direção estaria com Paulo de Tar-so, cujo destinação se expressa no próprio nome.

Formam-se assim três centros direcionais de gradativa influência espiritual no estado, no país e no planeta, este, como sabemos, sendo dirigido pelo próprio Divino Mestre Je-sus, o Cristo.

A esses centros direcionais incluem-se os próprios dos demais estados do país; e, de todos eles, surgem lutadores va-liosos que diariamente engrossam as hostes do Divino Mestre, podendo citar, entre outros, Bezerra de Menezes, que fez sua profissão de fé espírita no Rio de Janeiro onde, até seu desen-carne, em 11 de abril de 1900, desenvolveu intensa atividade de propagação doutrinária e de serviço do bem aos semelhan-tes, notadamente no campo do atendimento de doentes e ne-cessitados, que lhe valeram o epíteto de “médico dos pobres”.

Na organização da FEESP - Federação Espírita do Esta-do de São Paulo, em 1940, esse irmão maior recebeu o encar-go de sua direção espiritual, na mesma ocasião em que outras Entidades respeitáveis também os receberam, por exemplo, Emmanuel, a cuja orientação ficou a difusão intelectual da Doutrina no País.

Radicado, pois, na FEESP, a organização da casa na sua jurisdição estadual foi estudada, planejada e executada sob a inspiração benévola e fraterna de Bezerra até 1967 quando, por limitações naturais humanas, modificou-se a administração sem prejuízos doutrinários. Mas, pouco depois, esboçando-se alterações na estrutura, efetuaram-se retraimentos na cobertu-ra espiritual que, todavia, não passaram de certos limites, sen-do de esperar que todas as atividades possam voltar ao status anterior inicial, com prevalência da feição religiosa evangélica.

Na situação atual, o que realmente deve preocupar os dirigentes em geral de Casas Espíritas, é o respeito e a con-servação, o mais fiel possível, da Escola de Aprendizes do Evangelho e de Médiuns, como também e decorrentemente, da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, mantendo-se rigoro-samente suas finalidades iniciais de organismos formadores dos futuros discípulos e médiuns para as urgentes e indispen-sáveis testemunhações evangélicas no meio social, tão carente e contaminado de inferioridades.

Nesta Escola, devem ser respeitados e considerados os processos adotados de início para a efetivação da reforma ín-tima obrigatória, fugindo o mais possível do academicismo

do ensino que, quando exagerado, deturpa e prejudica essas finalidades iniciais.

No momento, conforme já publicamos no opúsculo de-nominado Fraternidades do Espaço, diretamente ligadas à direção espiritual do país e entre outras ali sediadas, criou-se a Fraternidade da Lei Áurea, dirigida pelo “pacificador” Ca-xias, constituída por várias legiões como, entre outras, a dos silvícolas, a dos pretos, a dos bandeirantes, a dos escritores e jornalistas, a dos militares e outras. Essa Fraternidade apóia francamente as estruturas e os processos novos que formam a “Iniciação Espírita”, compreendendo escolas, cursos, práticas e atendimentos públicos em geral.

O intercâmbio com essa Fraternidade, desde sua organi-zação em 1977 e com outras, vem sendo mantido pelo Grupo da Rosa Mística integrado à Aliança Espírita Evangélica, em trabalhos especialmente organizados para isso.

Ouçamos agora as palavras do irmão maior Bezerra de Menezes, proferidas em 1978, em referência à Iniciação Espí-rita, lançada em 1950 na FEESP e ao ingresso, como ocorre no Espaço, de concorrentes à Fraternidade do Trevo, da qual a Fraternidade dos Discípulos de Jesus adotou a insígnia.

Diz ele:“Essa Fraternidade do Trevo, é um exemplo a ter presente

quanto ao rigor na inclusão de novos membros.Não bastaria pertencer à Fraternidade dos Discípulos de

Jesus para nela ingressar e receber oportunidade de tarefa a executar. Como regra, não basta ser discípulo de Jesus, mas discípulo esclarecido, responsável, de mente aberta para o Bem, capaz de entender e sentir o que significa pertencer a um grupo que toma como chefe o próprio Divino Mestre.

Para o discípulo será diminuir-se não trabalhar adequada-mente, não produzindo o necessário e o melhor e não se colo-cando à altura das necessidades e dos compromissos assumidos.

É certo que existe a inevitável gama de variações de capa-cidades, de sentimentos e de entendimento, entre um discípulo e outro discípulo, e por isso não se deve chegar ao exagero de exigir que todos sintam da mesma forma. Mas há sempre um mínimo de sentimento, de entendimento e de ação consciente que devem, justamente, atestar sua condição de discípulo.

Quanto mais esse mínimo se alcança e se supera, tanto mais se consolida a caminhada na direção do Mestre.

Nosso trabalho está sendo ainda uma tentativa no campo das transformações morais, para que a Fraternidade dos Dis-cípulos de Jesus possa cooperar, em maior aproximação, com a antiga Fraternidade do Trevo”.

E, recordando o trabalho já feito, prossegue: “No princí-pio a idéia principal era agrupar os discípulos por sintonia de entendimento, o que já não era fácil. Mas, na realidade, como começamos nós? Muito arrojadamente, agrupando e reunin-do em nome de Jesus (o que é imensamente grande).

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6 107ª aula: O cristão no lar

Mas, mesmo assim, muita coisa grande em seu nome se fez, conquanto ainda como início.

Hoje, feitas as provas, não podemos mais nos iludir com aparências; precisamos selecionar elementos, enxergar mais fundo nas agitações e controvérsias, no descontentamento e até mesmo nas pequenas agressões, para melhor defender a obra, sobretudo dos que alimentam desejos pessoais, sem ide-al maior, sem desprendimento.

Também já assinalamos aqueles que já entendem, não se apressam mais, não se precipitam e por isso se fixam melhor; não se deixaram nesse longo período arrastar por desgarres de qualquer origem, justamente porque entenderam, amadu-receram ante as verdades evangélicas, visto que, depois que se entende e se aceita é que se evolui, não sendo mais possível parar no rumo da ascensão.

Mas há os que param como, também, os que permanecem firmes nas rotas traçadas; estes são os mais felizes, porque são os que se aproximam mais depressa do Divino Mestre.

Há sempre um limite que, depois de transposto, não permite retorno. Quando se consegue captar a verdade e o coração vibra nesse mesmo diapasão, não há mais receios, hesitações, temores e arrependimentos tardios. Os que trans-puseram esses limites, atingindo a situação de discípulos de Jesus, esses não mais voltarão atrás.

É, todavia, certo que somente a experiência, o esforço próprio, a sinceridade no exercício das funções e no desem-penho das tarefas revelam a têmpera do lutador. É isto que o Mestre espera da sinceridade e do alto idealismo que deve ornar o caráter dos verdadeiros discípulos”.

6. Respeito às tradições

Eis agora as palavras de Razin, na interpretação da ine-fável entidade maior feminina que todos amamos:

“As tradições milenares de iniciação que após a adapta-ção feita, chegaram à atual Fraternidade dos Discípulos de Jesus para serem levadas diretamente ao coração dos homens dos nossos dias e por estes recolhidas e testemunhadas na vivência evangélica, sem necessidade de permanecerem isola-das e secretas em diferentes processos de culto e simbologia; estas agora estão abertamente reveladas em escolas e cursos públicos, com as exemplificações compatíveis com as condi-ções de cada um no ambiente que lhe é próprio.

Mas, superadas as diferenças aparentes, os ensinamen-tos são sempre os mesmos, profundos, antigos, únicos, reais, apresentados das mais diferentes formas, em palavras e mol-duras variadas, mas tudo finalmente contido no simples e profundo ensinamento do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Quando os homens entenderem que esses ensinamentos se encontram em tudo o que existe, malgrado as diferentes formas e condições ambientais, como as no tempo de Jesus; quando perceberem essas verdades e souberem aplicá-las na vivência comum, então haverá fraternidade no mundo.

Enquanto isso, compete ao discípulo de Jesus, sua divul-

gação e desenvolvimento e a devida exemplificação com boa vontade, cordura e compreensão, esclarecendo e iluminando as mentes ofuscadas pelos aparatos exteriores dos templos, mas evitando apresentá-las com aspereza ou imperatividade e sujeitando-se até mesmo a revezes, indiferenças e ingratidões; e se assim fizerem estarão cumprindo seus compromissos com fidelidade inegável.

Esta é a tarefa: estejam os discípulos onde estiverem, os testemunhos devem ser dados e serão vistos; e se não hou-ver repercussões no próprio meio, o clamor deles soará nos Planos Maiores, onde a justiça de Deus não é a justiça dos homens. Aqueles que conseguirem propagar essas verdades evangélicas reunindo, esclarecendo, socorrendo e encami-nhando seus irmãos para as luzes da Divindade Criadora, esses conhecerão verdadeiramente o caminho do aprisco do Senhor e para Ele se dirigirão sem hesitações, nada havendo que possa impedi-los; receberão o aperto de mãos agrade-cidas dos companheiros de luta nos dois planos, não como simples elogios, mas como a mais sincera e pura alegria pelo trabalho bem executado nas hostes do Senhor.

Nesta terra abençoada a tarefa foi lançada, iniciada e prossegue em franco andamento; e embora não possamos adivinhar seu desenvolvimento, a todos nós compete prosse-guir, nos mesmos rumos, com corações cheios de esperanças e de fé, porque as gerações se sucedem uma às outras e propa-gam o cabedal evolutivo que recebem das que vieram antes.

Somos de Deus; a Ele servimos, aceitando Sua vontade como lei; executamos o que nos compete, demonstrando fé, devotamento, desprendimento e perseverança e permanecere-mos tranqüilos como se um manto de paz envolvesse nossos corações para sempre.

Esta é a tarefa: estejam os discípulos onde estiverem, prossigam devotadamente nos testemunhos, e suas tarefas estarão para sempre consolidadas, porque o coração do discí-pulo é o templo do próprio Mestre.

Trilharemos sempre as mesmas sendas e nada nos afas-tará, porque o que nos une e nos salva o destino, é a magia do amor que se renova perpetuamente enquanto progredimos e evoluímos, e porque o Senhor deste mundo está atento infin-davelmente como um pólo central poderoso da corrente for-mada pelo seu imenso amor, que transcende o próprio globo”.

7. Sucessão das gerações

Esta atual geração do mundo, para ser entendida do pon-to de vista evolutivo, deve ser classificada em três escalões etários a saber: o dos homens idosos, acima de 70 anos, que formam a atual classe dos velhos e que dentro de vinte anos não existirá mais aqui; o dos homens atualmente adultos, en-tre 40 e 60 anos que, em poucas décadas, estará na classe dos velhos; e dos jovens de hoje, que serão os adultos de amanhã e em cujos ombros estará o peso dos governos do mundo.

Esta será a situação no início do 3° milênio, justamente quando os fenômenos naturais, humanos e cósmicos, estarão no ponto mais alto de suas atividades, na passagem do 2°

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Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica (8ª turma/GEAEL) 7

para o 3° milênio.O peso das responsabilidades espirituais estará portanto

com os discípulos de hoje, adultos de amanhã, então na ple-na força da sua maturidade espiritual; e com aqueles que as Escolas de Aprendizes do Evangelho estejam formando hoje e parte dos mais jovens, que terminam agora sua preparação para discípulos.

A eles vai caber a testemunhação do Evangelho nessa época terrível, enfrentando o desvario da humanidade enlou-quecida pelo excesso de sofrimento, pela perda das esperan-ças e pelo terror do desconhecido na terra e no céu.

Poucos nesses dias poderão resistir a essa situação e nes-sa hora é que aos discípulos de Jesus cabe transformarem-se em colunas de apoio, faróis nas tormentas e nas trevas, conso-lo no desespero, guias abençoados que mostrarão o caminho único e certo para a salvação no redil do Senhor.

Neles está depositada por Jesus a tarefa hercúlea e subli-me de serem seus porta-vozes, seus apóstolos, na hora triste da separação dos bons e dos maus, para a redenção dos milhões de seres humanos que devem formar o núcleo mais numeroso dos habitantes do novo mundo regenerado em que a Terra se transformará, com a humanidade formada por aqueles que se salvaram da inferioridade animal e se tornaram aptos a viverem fraternalmente, bafejados pelas luzes do amor e da fraternidade universal.

Considerando esse futuro difícil mas glorioso, compreen-de-se mais facilmente porque essas gerações de discípulos de hoje devem receber nas Escolas e na Fraternidade dos Discí-pulos os mais perfeitos e rigorosos cuidados na sua formação e atividades espirituais, não simplesmente doutrinárias ou intelectuais mas profundamente integradas na essência e no sentido sacrificial do Evangelho de Jesus.

Não se trata, pois, de exigências escolares descabidas ou exa-geradas mas, muito ao contrário, justas, indispensáveis e precio-sas, para benefício dos nossos semelhantes necessitados de enca-minhamento, para o reino prometido por Jesus a todos aqueles que nele crescem e seguem seus ensinamentos redentores.

Por qualquer ângulo que se encare esse problema mag-no do selecionamento da humanidade, nossa esperança está sempre em Cristo, que é o amor em sublime essência e espe-rança, para nossa vida nos tempos futuros.

Medimos agora o valor imenso que ele possui e glorifi-quemos a Deus por sermos, humildemente, seus discípulos.

8. Planejamento e ação

Desde que inscrito na Fraternidade, o discípulo deve com-preender: 1°) que este fato não significa, como já dissemos, o termo final dos seus esforços mas, justamente ao contrário, o início de um outro período muito mais amplo, elevado e definitivo; 2°) que da condição subordinada de aluno sujeito às servidões escolares, conquistou agora uma posição inde-pendente, de ação por inteiro livre-arbítrio, único responsável pela própria conduta, a começar do planejamento do trabalho a executar.

Sabendo que o esforço agora é o da produção de tra-balho, na execução de tarefas no campo da testemunhação evangélica, cabe agir por conta própria, individualmente ou fazendo parte de uma instituição espírita ou um grupo de companheiros. Nestes dois últimos casos escolherá o agru-pamento que julgar preferível e a ele agregar-se-á como tra-balhador consciente de suas responsabilidades, podendo, no entanto, proceder como convier, segundo seus compromissos, também respeitáveis, domésticos, sociais e de trabalho, sem nunca entretanto perder de vista que deve sempre manter a unidade do esforço comum doutrinário.

Compreenderá também que, do ponto de vista espiritu-al, seu maior compromisso é com o Divino Mestre, com seus ensinamentos redentores, dos quais deve fazer-se testemunho vivo enquanto viver em nosso mundo material, sendo, pois, necessário, como já dissemos, balancear e conciliar esses dife-rentes interesses, garantindo sempre, porém, a prioridade das tarefas espirituais.

Tudo isto considerado e tomadas estas disposições, só lhe resta lançar-se ao trabalho com a maior boa vontade, fé, des-prendimento e humildade, para que possa contar com o apoio e a proteção jamais negados pelo Mestre, através de seus men-sageiros espirituais e servidores, em tudo o quanto for julgado acertado e digno e enquanto agir na Terra como um verdadeiro e operante trabalhador, em espírito e verdade, isto é, segundo a essência dos ensinamentos e das virtudes que levam à fraterni-dade universal e à redenção da humanidade.

Desde que terminou a preparação na Escola de Aprendi-zes do Evangelho e ingressou na Fraternidade, o discípulo deve decidir se vai trabalhar isoladamente, ou integrado a alguma Casa Espírita, já de antemão conhecida, caso em que se apro-veitará dessa organização para desenvolver ali seu trabalho de assistência aos necessitados, nada mais tendo de projetar, neste primeiro passo, senão respeitar os programas da Casa.

Mas, caso opte por trabalho próprio, independente, procurará então formar um grupo de trabalho com alguns companheiros já anteriormente escolhidos e organizar com eles um programa adequado, mas temporário, até que, com os resultados desses primeiros esforços e as experiências ad-quiridas, possa constituir um Grupo definitivo ou um centro espírita regular, integrando-o à Aliança Espírita Evangélica.

Nesse grupo inicial deve haver médiuns videntes, de incor-poração, de curas etc. para que haja condições de executar desde logo um programa de atividade em benefício dos semelhantes.

Estabelecida uma sede, por pequena que seja, para as reuniões do Grupo, ali mesmo realizarão sessões de estudos e de atendimento a necessitados que os procurem.

O campo do trabalho é sempre amplo porque imensas são as necessidades do povo humilde e pobre e, por isso, de-vem começar atendendo aos pedidos encaminhados pelos próprios membros do Grupo, conhecidos e familiares. Logo nas primeiras reuniões devem estabelecer contato seguro e franco com os amigos do Plano Espiritual, solicitando a de-signação de um Diretor espiritual e orientador para os traba-lhos do Grupo, sobretudo na parte referente ao atendimento de doentes e perturbados.

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2. Com essas palavras, Jesus mostra claramente que a vida futura, à qual faz referência em muitas circunstâncias, é a meta a que se destina a humanidade, devendo ser também o objeto das principais preocupações do homem na Terra. Todas as Suas máximas têm relação com esse extraordinário princípio. Sem a vida futura, na verdade, a maior parte dos Seus preceitos morais não teria razão de ser. É por isso que aqueles que não crêem na vida futura, imaginando que Je-sus só Se referia à vida presente, não compreendem os Seus ensinamentos ou os consideram ingênuos.

Portanto, esse princípio pode ser considerado a base dos preceitos do Cristo. Eis por que foi colocado no início desta obra, pois deve ser a meta de todos os ho-mens. Só ele pode corrigir as anomalias da vida terrena e ajustá-la de acordo com justiça de Deus.

3. Com respeito à vida futura, os judeus apenas possuíam idéias muito vagas: acreditavam nos anjos, que consideravam seres privilegiados da Criação, mas não imaginavam que um dia os homens pudessem se tornar anjos e partilhar de sua felicidade. Para eles, o cumprimento das leis de Deus era recompensado com bens terrenos, com a supremacia do seu povo e com a vitória sobre os inimigos. As cala-midades públicas e as derrotas eram a punição pela desobediência. Por esse motivo é que Moisés não pôde falar mais sobre este tema para um povo formado por pasto-res rudes que se preocupavam, acima de tudo, com as coisas mundanas. Mais tarde é que Jesus veio lhes revelar a existência de um outro mundo, em que a justiça de Deus segue seu curso. É esse o mundo que Ele promete aos que seguem os mandamentos de Deus e onde os bons encontrarão sua recompensa. Esse mundo é o Seu reino. É lá que Ele ha-bita em toda a Sua glória, e para onde retornou ao deixar a Terra.

Contudo, ao ajustar Seus ensina-mentos à situação dos homens de Sua época, Jesus achou conveniente não lhes proporcionar um esclarecimento mais profundo que, ao invés de ensi-nar, acabaria por confundi-los. Então, limitou-Se a expor a vida futura como uma regra, uma lei da natureza, da qual ninguém pode escapar. Por isso, todo cristão acredita forçosamente na vida futura, embora muitos façam dela uma idéia vaga, incompleta, ou mesmo errada quanto a vários pon-tos. Para outros, trata-se apenas de uma crença, sem certeza absoluta. Daí as dúvidas e até a incredulidade.

Capítulo 2Meu reino não é deste mundo

O Evangelho Segundo o Espiritismo

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

Nesse ponto, como em muitos ou-tros, o espiritismo veio complementar o ensinamento de Jesus, no momento em que os homens já estão preparados para compreender a verdade. Com o es-piritismo, a vida futura deixou de ser uma hipótese, um simples artigo de fé, para tornar-se uma realidade material comprovada por fatos descritos por tes-temunhas oculares com tantos detalhes que não resta possibilidade de dúvidas. Até mesmo a mais simples inteligência pode fazer idéia do seu verdadeiro as-pecto, como se imaginasse um lugar do qual tem apenas uma descrição deta-lhada. Ora, a descrição da vida futura é tão pormenorizada e as condições de uma existência feliz ou infeliz, daqueles que nela se encontram, são tão racionais que, mesmo a contragosto, precisamos admitir que não podia ser de outra for-ma e que ela representa a verdadeira justiça de Deus.