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GUARUJÁ Diversidade cultural e qualidade de vida História | Arte | Meio Ambiente | Arquitetura | Folclore | Turismo CIDADE & CULTURA | ARTE, CONHECIMENTO E HISTÓRIA | GUARUJÁ EDIÇÃO 01 www.cidadeecultura.com.br EDIÇÃO 01 Nº11 - R$ 10,00 - Brasil

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GUARUJÁDiversidade cultural e qualidade de vida

História | Arte | Meio Ambiente | Arquitetura | Folclore | Turismo

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Nº11 - R$ 10,00 - Brasil

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08 38 100LINHA DO TEMPOO caminho dos marcos de Guarujá

ArquITETurA A inovadora arte da construção retratada em obras magníficas

GAsTrONOMIAOs melhores pratos da cultura caiçara com toque sofisticado

10 42 104HIsTÓrICODas dificuldades de povoamento ao glamour de uma cidade vibrante

ArTEsANATOColorido, inventivo e útil

BAsE AérEA DE sANTOsOrgulho, bravura nos céus da cidade

108 BALsAs, BArCAs E CATrAIAsIdas e vindas com o charme das embarcações20 44rELIGIOsIDADE

A fé que move montanhas e ajuda nas adversidades

ArTEsO ecletismo em sua maior expressão

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DADOs EsTATísTICOsConheça os números deste arquipélago

GENTE DA TErrADiversas culturas em sorrisos largos

DEPOIMENTOsImpressões de uma ilha repleta de contrastes

26 52LENDAsHistórias orais que ainda persistem no imaginário

MEIO AMBIENTEPraias e ilhas paradisíacas, vistas incríveis e vislumbre do mundo submarino

34 HOTéIs A riqueza estampada à beira mar

94 CuLTurA CAIçArAUm estilo de vida que poucos conhecem

Índice

6 Cidade&Cultura

8228 FOLCLOrEAs raízes representadas pelas cores

EsPOrTEsCom o mar como parceiro, qualquer esporte é radical

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PARA ANUNCIAR: (11) 3021-8810CONHEÇA OS NOSSOS SITES www.cidadeecultura.com.brwww.abcdcultural.com.br

CIDADE & CULTURA é uma publicação anual da ABCD Cultural.Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não representando neces sariamente a opinião da revista. Todos os direitos reser vados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas.

EDITORIALCOnsELhO ExECUTIvO: Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Márcio Alves, Roberto Debouch e Leila M. MachadoEDITORA: Renata Weber NeivaREpORTAgEm: Alice Neiva, Jean de Castro e Nathália Weber AssIsTEnTE DE pRODUçãO: Evellyn AlvesREvIsãO: Silvia MourãoCOmERCIAL: Paulo Zuppa e Thabata AlvespRODUçãO gRáfICA: Purim Comunicação Visual (www.purimvisual.com.br)pRODUçãO DIgITAL: Vidapropria.compRODUçãO AUDIOvIsUAL: Leo LongofOTOgRAfIAs: Marcio Masula, Beto Maitino, Thabata Andrade e Thiago AndradefOTO CApA: Marcio MasulaImpREssãO: Gráfica Silvamarts

EditorialA cidade de Guarujá, uma vez explorada por

nós, trouxe-nos grandes surpresas. Seja nas ruas, matas, praias, trilhas e ilhas, nos co-moveram principalmente pela riqueza de diver-sidades de culturas. Assistimos verdadeiros espetáculos populares que nos encheram de orgulho de tanta representatividade. Grupos de origem africana, nordestina, italiana, caiça-ra, tudo misturado com o mar de pano de fun-do. Engana-se aquele que acha que a cidade é bela apenas na areia. O asfalto tem muito a nos oferecer culturalmente. E aqui, mostrare-mos um pouco do que pudemos captar nessa grande gama de diversidades.

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Linha do tempo

1932 19421934 1947

1502 1832

1923

1584AC

Sambaquis

Intitulado Distrito da Paz

Morre Santos Dumont

Inauguração do Forte dos Andradas

Elevadoà categoria de Município

Construída a Rodovia Anchieta – SP 150

Construção da Fortaleza da Barra Grande

Chegada da Esquadra de Américo Vespúcio

Guarujá torna-se Vila

8 Cidade&Cultura

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2014

1883 1892

1953 1960

192219121893

O distrito de Vicente de Carvalho é anexado ao território de Guarujá

Construída a Rodovia Anchieta – SP 150

Início da construção de grandes edifícios na orla das praias de Pitangueiras e Astúrias

Um dos principais cartões postais brasileiro

Companhia Prado Chaves encomenda dos Estados Unidos a Vila de madeira

Guarujá vira distrito da cidade de Santos

Inauguração do Gran Hotel de La Plage, marco do turismo de luxo brasileiro

Elevada a Vila Balneária de Guarujá

Fundação da cidade

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Histórico

GUARUJÁHISTÓRIA DE

Sala das Pedras Guaru-Yá

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Guarujá 11

GUARUJÁ

Anteriores aos índios, os povos sambaquieiros dei-xaram aqui os seus vestígios. Há aproximadamente 7 mil anos, eles viviam de pesca e extração, aglomerando restos de peixes e conchas para formar montanhas de calcário – os sambaquis –, que podem chegar a até 30 metros de altura. Encontramos também restos de ossos humanos e rochas polidas, indício de rituais religiosos. No Guarujá, temos um dos maiores sambaquis do pla-neta, com 31 metros de altura e 100 metros de largura, registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Esse sambaqui recebeu o nome de Crumaú 1, nome do rio onde está localizado, e se man-teve preservado por conta do difícil acesso ao local onde se encontra. Além do Crumaú 1, temos os sambaquis Buracão, Mar Casado, Maratuá, Ilha de Santo Amaro I, Ilha de Santo Amaro II e Ilha de Santo Amaro III.

Em tupi, Guarujá – gu-ar-y-yá – significa passagem estreita de um lado ao outro, isso por causa da antiga Sala de Pedra, que avançava como um pequeno pro-montório rochoso do morro Piquiú para dentro do mar, impedindo a passagem entre as praias de Laranjeiras (hoje Pitangueira) e Guarujá (hoje Astúrias). Atualmen-te, nesse lugar existe o Edifício Sobre as Ondas. Os indígenas que por aqui passavam só utilizavam a ilha para coleta de sal, pesca e prática de ritos. A Ilha de Santo Amaro, onde está situado o Guarujá, era chama-da Guaibê ou Guaimbê (planta aquática) pelos índios, Ilha Oriental ou Ilha do Sol pelos portugueses, e Ysla Oriental pelos espanhóis.

Em 22 de janeiro de 1502, chegou por essas ban-das a Armada de Américo Vespúcio, para reconheci-mento das terras descobertas por Cabral, exatamente na Praia Santa Cruz dos Navegantes, conhecida como “Pouca Farinha”. Posteriormente, passaram por aqui, em 1526, o veneziano Sebastião Caboto e, em 1530, o espanhol Alonso de Santa Cruz, que declarou: “Es-tas ilhas (São Vicente e Santo Amaro atuais) os por-tugueses creem ficar no continente que lhes pertence, dentro da sua linha de partilha, eles porém se enga-nam segundo está averiguado por criados de Vossa Majestade com muita diligência... de maneira que a li-nha não termina no‘Puerto de São Vicente’ e sim mais para o oriente, num porto chamado ’Sierras de San Se-bastian’”... Nota-se no relato acima que essas terras eram muito visadas pelos europeus e que a coroa de

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nasceu em Lisboa em 1497, foi navegador, militar e donatá-rio da Capitania de Santo Ama-ro. Seu maior legado foi o livro Diário da navegação, que rela-ta a viagem de Martim Afonso de Souza entre 1530 e 1532. na viagem de volta a Portugal, conseguiu capturar dois navios franceses na costa de Pernam-buco, o que lhe rendeu 50 lé-guas de terras no litoral brasi-leiro. Em 1539, Pero morreu em um naufrágio na Índia.

Construída em 1544, com pedra e cal, foi utilizada pelos padres José de Anchieta e Manoel da nóbrega para celebrar missas e catequizar os indígenas. nesse local, Anchieta escreveu o poema Milagre dos An-jos. “Além da catequese aos índios, prestava serviços educacionais e assistenciais aos colonos. O objeti-vo era manter a coesão dos coloni-zadores através da religião, evitando que fossem absorvidos pela cultura nativa. Anchieta foi designado para a Missão de São Vicente, aonde che-gou em 24 de dezembro de 1553. Sua atuação junto aos índios foi intensa; profundo conhecedor da língua e da cultura indígena, chegou a elaborar uma gramática tupi.” [Fon-te: 30 Anos em Prol da Cultura – Ins-tituto Histórico e Geográfico Bertioga – Guarujá – 1958 -1988]. Em 1966, em homenagem ao Padre Anchieta, foi rezada uma missa com mais de mil velas acendidas por caiçaras e moradores da região.

Pero Lopes de Sousa

Ermida de Santo Antônio do Guaibê

12 Cidade&Cultura

Histórico

Portugal tinha que tomar atitudes enérgicas para a fixação do territó-rio. Finalmente, em 1532, chegou a Armada de Martim Afonso. Essa Armada era composta de cinco navios e quatrocentos homens, e tinha o propósito de combater os franceses, assegurar a posse por-tuguesa e efetuar a colonização no Brasil entre Pernambuco e Ca-naneia. Alguns portugueses insta-laram-se na parte ocidental da Ilha de Santo Amaro, trabalhando com pesca, agricultura de subsistência e reparos de embarcações.

Com a divisão de terras admi-nistrativas sob orientação da Coroa pelo rei Dom João III, foi dado a Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, o lote de terras denomina-do Capitania de Santo Amaro, que englobava as áreas de Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião. nesse período foram distribuídas várias sesmarias e construídos en-genhos de cana de açúcar.

Em 1540, a ilha Guaibê estava sob o comando do capitão-mor Jorge Ferreira, que pediu a José Adorno, genovês que veio para cá junto com a Armada de Mar-

tim Afonso, que construísse uma capela sob a invocação de Santo Amaro, no local onde de-pois foi construída a Fortaleza da Barra Grande e que deu origem ao nome da Ilha de Santo Ama-ro. Jorge realizou muitas emprei-tadas na ilha para alavancar seu desenvolvimento: edificou mais engenhos, trouxe capivaras e ini-ciou muitos tipos de plantações.

Forte São FelipeA mando de Brás Cubas, o Forte São Felipe foi cons-

truído em 1552, com a intenção de “fechar” o Canal de Bertioga, que sempre foi um acesso fácil à Ilha de São Vicente. Grandes inimigos daquele tempo eram os índios tupinambás, que se aliaram aos franceses na luta contra a escravidão de seu povo pelos portu-gueses. Brás Cubas usou mão de obra escrava dos indígenas nessa construção. Do outro lado do Canal de Bertioga, está o Forte São João, formando uma perfeita barreira contra o inimigo. Também conhecido como Forte de São Luis e Forte de Pedra, o Forte São Felipe foi reparado em 1765.

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Muralha Forte São Felipe

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O Forte São Felipe, já entre os séculos XVIII e XIX, serviu como armação de baleias, uma das bases econômica do Brasil Colônia. No local, havia tudo o que era necessário para a produção do óleo de baleia: baleias, madeira, água potável, e foi a primeira indústria extrativista da Ilha de Santo Amaro. Por possuírem grande quantidade de gordura em sua estrutura, as ba-leias foram alvo de caçadas para o fornecimento de combustível para a iluminação de casas, vias públicas, as parcas indústrias, além de servir como matéria-prima para a confecção de arga-massa para a construção civil da época. Aqui os ossos serviam para a fabricação de pentes, bro-ches e agulhas, além de outros utensílios.

Alemão que residiu no Forte São Felipe, caiu nas mãos dos Tupinambás onde ficou cativo por nove meses. Resgatado pelo na-vio francês Catherine de Vettevil-le, escreveu o livro Meu cativeiro com os selvagens do Brasil, publi-cado em 1557.

Ermida de Santo Antônio do Guaibê Armação das Baleias

Hans Staden

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Forte - ruínas Forte São Felipe

ruinas da igreja Santo antônio do guaibê

ruinas da igreja Santo antônio do guaibê

Livro duas viagens ao Brasil de hans Staden

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14 Cidade&Cultura

Histórico

Com a vinda até a baía de Santos do corsário inglês Edward Fenton e sua esquadra – formada por uma nau e dois galeões, em dezembro de 1583 –, o rei da Espanha e de Portugal, Felipe I, viu a necessidade urgente de se construir uma forta-leza no canal da entrada de Santos a fim de proteger o porto e a Vila. Nesse período, o litoral brasileiro era constantemente atacado por pi-ratas e corsários. Então, em 1584, o almirante espanhol Diogo Flores Valdez construiu a imponente obra com areia de sambaqui, pedras e óleo de baleia onde hoje ainda rei-na soberana. Várias defesas foram feitas a partir desse núcleo bélico até o ano de 1893, sua última em-preitada, na Revolta da Armada co-mandada pelos almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama con-tra as medidas de abertura para os civis no Governo Federal, tomadas pelo presidente Floriano Peixoto.

Fortim do Góes

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande

Localizado na Praia do Góes, foi construído em 1767 por Morgado de Matheus durante o governo do capitão-general D. Luiz Antonio de Sou-za Botelho Mourão, para impedir o desembarque, por terra, à Fortaleza da Barra Grande. No fim do século XIX, já não havia mais armamentos. Hoje, ainda podemos ver parte da edificação ao lado direito da praia. “Este Forte foi chamado algumas vezes de Forte da Cortadura. (...) Em um corte feito no morro e acasamatado que, saindo da Fortaleza Grande, ia até o portão da cortadura (em estilo espanhol) e, dali, descendo, vinha até este forte, sob a proteção de um muro alto, semelhante ao anterior.”

[Fonte: História de Santos de Francisco Martins dos Santos – Poliantéia Santista. Fernando Martins Lighti.]

Em 1905, o Ministério da Guerra desarmou a fortaleza. Atualmente, está aberta a visitantes, que devem agendar com a Secretaria de Turis-mo da cidade. Podemos fazer uma volta ao passado, não só no edifício restaurado, mas também nas trilhas até o caminho da casa de armas,

embrenhando-nos mata adentro. Na capela, o valioso mosaico de vidro do artista Manabu Mabe, intitulado Vento Vermelho, deixa clara a impor-tância desse monumento para a his-tória nacional: ‘‘Eu me empenharei muito para poder deixar minha obra neste lugar tão maravilhoso”.

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ruína da casa de armas da Fortaleza da Barra Grande

capela da Fortaleza da Barra Grande

Mosaico de Manabu Mabi - Vento Vermelho

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Terceira fortificação construída na Ilha de Santo Amaro, o Forte Itapema, da metade do século XVI, primeiramente chamado Forte do Pinhão da Vera Cruz, teve como primeiro capitão o primo de Brás Cubas, Francisco Nunes Cubas. “Essa bateria deveria ser apenas uma ‘casa forte’ ou reduto, arma-do com primitivas bocas de fogo constituídas de bombardas, fal-cões e falconetes. A invasão de Thomas Cavendish em 1591, que entrou pela Barra Grande de San-tos, mostrou a ineficiência desses dois pontos fortificados isolados na Ilha de Santo Amaro.” Transformou-se em uma das principais fortificações do litoral brasileiro, com mapas datados de 1670 em destaque, que podemos encontrar na mapoteca do Itamarati. Sob a influ-ência direta de Torquato Teixeira de Carvalho, sargento-mor da Fortaleza, em 1723, foi feita uma reforma profunda na edificação e também nas provisões bélicas. Já em 1830, o Marechal Daniel Pedro Muller descreveu as provisões da fortaleza da seguinte maneira: em tempo de guerra, uma guarnição composta de 1 oficial superior, 2 inferiores, 8 artilheiros, 24 serventes-artilheiros e 20 soldados de infantaria. Após essa data o que vemos é, aos poucos, o seu desuso e, em 1883, a edificação sofreu um incêndio. “A planta semicircular primitiva, definida pela rocha arredondada natural que servia de embasamento (itape-ma), foi incorporada ao novo projeto de Silva Paes, que procurou transformar o antigo reduto em baluarte circular único.” No ano de 1905, por meio da Intendência Geral da Guerra, a fortaleza passou ao domínio da Alfândega, que construiu uma torre de 14 metros de altura para a instalação de holofotes como posto de observação para combater o contrabando. [Fonte: Arquitetura Militar – Um Panorama Histórico a Partir do Porto de Santos, Victor Hugo Mori, Carlos A. Cerqueira Lemos e Adler H. Fonseca de Castro.]

Forte da Vera Cruz

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Fortaleza de Vera cruz

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Americano nascido em 1864, atuou principalmente na América Latina como engenheiro. Foi vice-presidente da Atlantic Coast Electric Railway Co. e da Staten Island Electric Railway Co., que controlavam o serviço de bondes em Nova York. Foi também sócio e diretor da Companhia de Electricidade de Cuba e sócio e vice-presidente da Guatemala Railway. No Bra-sil, foi o responsável pela construção da Ferrovia Madeira- Mamoré, no estado de Rondônia, obra considerada impossível de se fazer e que até se tornou tema de minissérie de televisão.

Percival Farquhar

Por muitos anos, o Guarujá foi um povoado voltado para a pesca e a agricultura, com sua geografia composta de muitos morros dificultando a colonização. Foram construídos engenhos de cana de açúcar em vastos sítios como o da Glória, de propriedade do Sr. Miguel Francisco Bueno; no sítio da família Botelho de Carvalho; no da família Andra-da; na fazenda Perequê de propriedade do escravagista Valêncio Augusto Teixeira Leomil, entre outros. Foi apenas no final do século XIX, com a instalação do transporte que ligava Santos à cidade, que o turismo foi surgindo.

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Elias Pacheco Jordão era engenheiro civil e, em 1892, foi constituída a Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, ficando como presidente o Dr. Elias, com a intenção de instalar a Vila Balneária do Guarujá. A Companhia foi fundada em 1887, numa associação de duas importantes famílias, os Prado e os Chaves, que formavam a empresa Prado, Chaves e Cia., que planejou uma vila balneária na praia de Pitangueiras, encomendada dos Estados Unidos, composta de um

16 Cidade&Cultura

Histórico

hotel, com o nome La Plage (o “Grand Hotel La Pla-ge” foi consumido por um incêndio em 1897, sendo substituído por outra construção mais tarde), uma igre-ja, um cassino, 46 chalés residenciais desmontáveis, água, esgoto, luz elétrica, uma via férrea até a praia de Pitangueiras batizada de “Tramway do Guarujá”, e o serviço de trânsito náutico na travessia do canal de Santos. Com tudo feito e arrumado, essa infraestrutu-ra foi inaugurada em 2 de setembro de 1893, dia que foi marcado como a data da fundação do Guarujá.

Na década de 1910, a Cia. Prado Chaves foi ven-dida ao americano Percival Farquhar e passou a se chamar Companhia Guarujá que, em 1912, inaugurou o Grand Hotel de La Plage, um marco no turismo de luxo brasileiro, composto de quatro edifícios servidos por elevadores, 220 apartamentos, muitos deles com terraço de frente para o mar, e telefone em todos os apartamentos. Havia também um pavilhão para ba-nhistas com 100 cabines, um local para o exercício de ginástica sueca, duas piscinas de água doce, dois parques junto às áreas ainda florestadas, além de um jardim zoológico. Em 1882, iniciou-se a construção da ferrovia cujo curso era do porto do Itapema à praia de Pitangueiras, com uma extensão de 9 km. Não pode-mos esquecer que, naquela época, a cidade de Santos era concentrada na área do Porto, ou seja, não havia nada no bairro que hoje se chama Ponta da Praia. En-tão, é lógico que o início dessa ferrovia se dava na pon-ta do bairro atualmente chamado Vicente de Carvalho. As barcas a vapor, denominadas Cidade de Santos e Cidade de São Paulo partiam do Valongo, em Santos, e atracavam no Itapema (esse trajeto demorava 40 mi-nutos), onde ficava a primeira estação. A segunda es-tação era a Bento Pedro e a terceira, Guarujá, na Praia de Pitangueiras. Esta última estação tinha cafeteria, tabacaria e barbearia. Também construiu-se um ramal que ia até o bairro Santa Rosa.

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Grande Hotel de La Plage 1912 - Livro Guarujá História e Fotografias de Geraldo Anhaia Mello

Chalés de madeira pré fabricados em Rhode Island, EUA em Ptangueiras - Livro Guarujá História e Fotografia de Geraldo Anhaia Mello

Crianças brincando na Vila de Prado Chaves - Acervo Secretaria de Turismo de Guarujá

Balsa Guarujá-Santos

Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro

Cabine fixas troca de roupas - Livro Guarujá História e Fotografias de Geraldo Anhaia Mello

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18 Cidade&Cultura

Histórico

Entre 1918 e 1920, a cidade do Guarujá sofreu com a gripe es-panhola. Sem médicos na cidade, Mário Ribeiro, farmacêutico, tomou nas mãos a árdua tarefa de ajudar os enfermos. Na maioria das vezes, ele nem cobrava e muitos iam se tratar em sua própria casa. Assim como Mário, Raquel de Castro Fer-reira, primeira professora de Guaru-já, tinha uma escola rural e também colocou as mãos na massa para ajudar pais e alunos contra a gripe avassaladora. O primeiro médico a chegar à cidade, em 1919, foi o Dr. Arthur Costa Filho.

“Lá vinha o teco-teco, avião mono-motor, comum nas décadas de 1930 e 1940. Estava preparando o pouso. À medida que se aproximava da terra, ba-lançava de um lado para o outro, como um pato andando. A pista era toda a extensão de areia da Praia de Pitan-gueiras, que ficava vazia em tais ocasi-ões. Ninguém queria ser atropelado por aquela geringonça. Mas, o que estavam fazendo aqueles três homens? Assim que o avião encontrava-se a poucos metros do solo, eles dirigiram-se para a pista. Levavam cordas nas mãos, com laços nas pontas. A aeronave já estava taxiando. Aproximava-se dos homens que, em gestos rápidos, lançavam-lhes as duas asas e a cauda, segurando-o como se segura um touro no pasto. Era assim mesmo que se parava o te-co-teco em Pitangueiras. Evitando que ele se precipitasse no mar ou ficasse atolado em um banco de areia.”[Fonte: Pérola ao Sol. Mônica Damasceno e Pau-lo Mota.]

Mário Ribeiro e Raquel de Castro Ferreira

Curiosidades da época

Foi inaugurado em 1942, em uma área de 2,1 milhões de m², nas terras de Benedito Bueno e sua mulher, Rosa Maria Leite. Última a ser construída no Brasil, essa fortificação tinha o objetivo de ser a princi-pal defesa da entrada da Baía de Santos. Era de localização estratégi-ca, no alto do Morro do Monduba (monduba significa ruído estrondoso provocado pelo choque das ondas nas pedras), com 300 metros de altura. O primeiro nome do Forte foi 5° BIAC – Bateria Independente de Obuses de Artilharia da Costa. Contava com uma eficiente bateria composta de um túnel com 400 metros de extensão que abrigava as antigas câmaras de tiro e elevadores para levar a munição até o alto do morro. Hoje, a Bateria Comando da Segunda Brigada Mista é a base da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea. Com visitas monitoradas, podemos desfrutar das praias do Monduba e Bueno, isoladas e com uma vista maravilhosa.

Fontes consultadas: Guarujá, Três Momentos de Uma Mesma História – Angela Omati Aguiar VazHistória de Santos e Polianteia Santista – Francisco Martins dos SantosPérola ao Sol – Mônica Damasceno e Paulo MotaSite: www.novomilenio.inf.br

Forte dos Andradas

Vicente de CarvalhoNo início do século XX, existiam apenas dois núcleos na região:

Bocaina e Itapema (ita = pedra; pema = pedra lascada). Na Bocaina, moravam os mais simples, pescadores e trabalhadores do porto e tam-bém do atracadouro das barcas. Já em Itapema, moravam os que ti-nham maiores posses, e operavam os clubes náuticos, como o Clube Internacional de Regatas e o Clube de Regatas Saldanha da Gama, que abrigavam suas embarcações ali e mantinham as sedes sociais com seus salões de baile e de jogos, e também os famosos convescotes. Essas agremiações também realizavam competições extremamente concorridas. Em 1937, o Clube Internacional vendeu sua área para a Companhia Docas de Santos. O Itapema, onde os turistas enfrentavam os manguezais, era o caminho para a concorrida Praia de Pitangueiras. No final da década de 1920, Bocaina foi totalmente tomada pela Base Aérea e em grande parte do Itapema foi construída a Companhia Wilson & Sons, dona de estaleiros na região. Já nas décadas de 1940 e 1950, o Itapema passou a ter mais residentes do que o restante do Guarujá. Então, em 1953, Itapema foi elevado a distrito, sob o nome de Vicente de Carvalho, ainda que sob o protesto dos moradores.

Com a proibição do jogo no Brasil, o destino da maioria dos turistas mudou e, em busca de outras formas de lazer, passou a buscar as

praias. Isso impulsionou de forma signi-ficativa a vida da cidade, quando surgi-ram os primeiros empreendimentos do setor imobiliário, começando pela praia de Pitangueiras, depois Astúrias e Ense-ada. Além de prédios com mais de dez andares, as mansões predominam na orla. Ter um imóvel na cidade era símbo-lo de riqueza.

Praia de Pitangueiras - Acervo Secretaria de Turismo de Guarujá

Edifício Monduba - Livro Guarujá História e

Fotografias de Geraldo Anhaia Mello

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Religiosidade

em lugares tão longíncuosA Ilha de Santo Amaro, onde está situada a cidade de

Guarujá, teve seu nome devido à capela construída por José Adorno, em homenagem ao Santo. Provavelmen-te essa edificação ficava na praia de Santa Cruz dos Navegantes, no ano de 1545. Após mais de 300 anos de adoração a Amaro, este vira padroeiro da Cidade. No início da construção planejada na Praia de Pitanguei-ras, foi erguida uma capela em nome de Santo Amaro e esta foi vítima do grande incêndio que ocorreu em 1929. Por milagre, a única coisa que se salvou da igre-ja foi justamente a imagem de Santo Amaro, resgatada pelo heroico Atílio Gelsomini. Como não havia ainda um lugar determinado para se construir uma nova capela, o comerciante Ricardo Fidela quis, com recursos próprios, erigir outra, mas com veneração a Nossa Senhora de Fá-tima e que também, esta deveria ser a Santa Padroeira do município. Então, após muitas discussões o que se viu foi a comunhão dos interesses religiosos e por fim uniu-se os Santos. A Matriz, que foi erguida, em 1957, no coração da praia de Pitangueiras com dois santos padroeiros, Santo Amaro e Nossa Senhora de Fátima e a cidade possui duas datas comemorativas: 15 de janeiro, dia de Santo Amaro e o último domingo de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. O nome da Matriz? Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Santo Amaro.Onde: Praça da Matriz, 1 – Pitangueiras

20 Cidade&Cultura

Fé, o alimento da alma

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Santo Amaro

Don Domênico Rangoni

nascido em Roma, 512, filho de senador ro-mano, aos 12 anos teve uma epifania, e quis entrar para um mosteiro. Seu pai então levou Mauro (assim era seu nome), para a tutela de Bento de norcia – fundador da Ordem Benediti-na. O mosteiro em que estudou foi o Subiaco. Um dos primeiros atos milagrosos de Amaro foi o salvamento de seu primo Plácido que estava se afogando no rio. Amaro saiu correndo e, ten-tando desesperadamente chegar ao rio, ele nem percebeu que estava andando literalmente so-bre as águas do mesmo. Pregou a fé junto com São Bento em muitos países da Europa e veio a falecer em 584, quando foi acometido por uma peste. Está enterrado na Igreja de São Martinho e suas relíquias estão na cripta do Mosteiro de Montecassino, Itália.

vigário da Paróquia nos-sa Senhora de Fátima e Santo Amaro entre os anos de 1954 a 1976, recebeu o título de Cônego por meio de Dom Idílio José Soa-res. nasceu em Bologna, Itália e foi ordenado sa-cerdote em 1938, na Ca-tedral de Turim. Desen-

volveu um significativo trabalho social na cidade de Guarujá, onde inaugurou a Matriz, construiu as Capelas de Cristo Rei, São Pedro, São Pau-lo e fez melhorias na de vicente de Carvalho. Construiu também o primeiro Pronto Socorro da cidade, a creche ninho Maternal, uma materni-dade com 100 leitos que daí surgiu o Hospital Santo Amaro. na parte pedagógica, fez o Cen-tro Educacional Don Domênico, composto de biblioteca, ensinos fundamental e médio e a Faculdade Don Domênico. Morreu em 1987, em São Paulo.

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Fé, o alimento da alma

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Capela Nossa senhora imaculada aparecida na Praia Branca

Capela são Paulo Praia da enseada

imagem de são Pedro na gruta da ilha das Palmas

Capela de são Pedro na Praia do Perequê

estatua em homenagem a Don Domênico

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“Jesus é vida, na vida de cada um...”Com a união fraterna de amigos que

constantemente visitavam a Vila Baia-na, praia da Enseada, para fazerem doações de alimentos e roupas, local este de extrema necessidade devido às condições precárias em que a po-pulação vivia, resolveram, em 1977 , o senhores João Elias e Fernando Kunyo Isobata, fundar o Lar Espírita Cristão Elizabeth, com o objetivo de dar maior assistência aos que ali residiam. Todos os dias o Lar oferece o chá, pão com manteiga e a sopa fraterna, banho para os moradores de rua, atendimento psi-cológico e assistência social, corte de cabelo, cursos como balé, informáti-ca, farmácia, música, violão, piano, pa-daria, garçom, jiu-jitsu, futebol, curso para gestante, além da evangelização para crianças e mocidade. Possuem creche, reforço escolar e restaurante popular. Com o tempo, muitos foram os acolhidos e atualmente assistem a 30 mil pessoas.

Tivemos o imenso prazer e a oportunidade de conhecer Pa-dre Hugo Guarniere que nos recebeu com a calma e a tranqui-lidade de um homem de 92 anos, que tem em seu semblan-te o ar de quem tudo fez por seu semelhante. Começando essa entrevista, diz: “conheço razoavelmente a vida”. E não é para menos, esse homem foi capelão da Penitenciária de São Paulo – Carandiru, trabalhou na FEBEM, foi professor de Filosofia, primeiro secretário da Faculdade de Lorena e mais tantas coisas, que fica difícil de relatar aqui neste espaço. Após ser pego por um tumor no osso do braço, Padre Hugo pediu para ser transferido a um lugar mais tranquilo. Este foi o Guarujá. Administrando uma Paróquia envolvendo 12 comu-nidades localizadas do “lado de fora da Ilha” até a Prainha Branca, ele e mais dois sacerdotes se desdobram para levar a palavra do Santíssimo aos mais necessitados. De uma clareza e lógica realista, Padre Hugo é uma dessas grandes personalidades que devemos conhecer.

Lar Espírita Cristão Elizabeth

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Religiosidade

Padre Hugo Guarniere

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Pai Bobó “No ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo

de 1950, chegava do Rio de Janeiro, trazido pela senhora Francisca Maria de Jesus (MENAKENÃN) o senhor José Bispo dos Santos (PAI BOBÓ) aqui em terras da Baixada Santista. Homem de simplicidade ímpar, analfabeto, porém de sabedoria incontestá-vel. Mãe MENAKENÃN entregou sua casa e o Axé nas mãos de Pai Bobó que na época, recolhia seus primeiros filhos de santo no Estado de São Paulo, KEUARÊ – LÚDEMBÛ – BONGOGÍ, eram estes os no-mes dos nossos primeiros irmãos antecessores do ILÊ AXÉ OIA MESSÃ ORUN. No ano de 1957, Pai Bobó pisava em terras da Ilha de Santo Amaro, onde abriu sua roça, que devido a problemas políticos da época, recebeu o nome de “Centro Espírita de Um-banda Ogum das Matas”. Situava-se este terreiro na Rua Capitão Lessa, esquina com a Rua 8, hoje Barão do Rio Branco. No ano de 1959, Pai Bobó muda-se então para a recém fundada Projetada Vila e Fé inabalável na Rua Júlio Inácio de Freitas s/n°, edificada para a posteridade O ILÊ AXÉ OIÁ MESSÃ ORUM. Em 1977, muda-se para a rua Argemiro Ge-nuíno da Silva esquina com a rua Francisco Desi-dério no Bairro Pae Cará, onde até hoje permanece e permanecerá graças a OIÁ GUERÊ, para todo o sempre. Fatidicamente, adentramos o ano de 1993, onde no dia primeiro de julho, tristemente o mundo do candomblé se despede do patriarca do ILÊ AXÉ

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Religiosidade

OIÁ MESSÃ ORUN, Pai Bobó, para sempre. Pai Bobó OTUN UNLÁ Pai Bobó partia ao encontro de Deus. Com Pai Bobó ia-se um pedaço do coração de cada um de nós seus filhos e que até hoje fica uma lacuna impreenchível. Com júbilo e orgulho por fazer parte desta história, datamos e nos subscrevemos”. Res-ponsável pelo patrimônio: LUÍS CARLOS DA COSTA OBÁ LODÊ; Responsáveis pelo Axé: DONA GRINAU-RIA LEITE DA SILVA - OMINFA LOIÓ junto com OGAN OMIN LOLÁ e OGAN LUIS OBÁ LODÊ.

Ilê Axé Oiá Messã Orun

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O Dragão

Lendas

“Robert Louis Stevenson, autor do famoso “A Ilha do Tesouro” descrevia o local onde o tesouro fora enterrado como uma ilha com o formato de um dragão. A Ilha de Santo Amaro tem exatamente o formato de um dragão alado, com a cabeça ao Sul, formada pelas praias do Tombo, Guaiúba e Santa Cruz dos Navegantes, as patas nas penínsulas do Monduba, Galhetas, Santo Amaro, Mar Casado e Perequê, a Leste. O rabo na Serra do Guararú, en-costado em Bertioga ao Norte, e a asa crescendo até o Itapema, ou Vicente de Carvalho, a Oeste...”Fonte: livro “Guarujá História e Fotografia” – Geraldo Anhaia Mello

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Farol da Moela

Monge franciscano

Quem conta um conto, aumenta um ponto

ou cria um enredo?

“Conta-se que no sopé do Morro do Tejereba, na face que dá para os lados da Vila Julia, Havia um mosteiro, habitado por monges franciscanos e o povo dizia que eles acumulavam grandes fortu-nas em ouro e joias. Um dia, um dos monges foi encontrado mor-to, na areia externa do convento - fora degolado. O fato causou

grande consternação e, pouco tempo depois, o mos-teiro foi desativado. Aí termina a história e começa a lenda. Dizia-se que quem andasse à noite pelo local onde existia o convento, deparava-se com o fantasma do monge assassinado, que ficava rondando por ali, protegendo um possível tesouro enterrado. E a ima-gem era mais assustadora ainda, quando se constata-va que o fantasma não tinha cabeça”. Fonte: livro “Pérola ao Sol” – Mônica Damasceno e Paulo Motta.

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Diz a lenda que, durante a noite, nas paredes brancas do farol, são refletidos vultos de pessoas, que, segundo os mais antigos, são os fantasmas dos escravos que trabalharam na construção do farol e lá mor-reram, sendo enterrados longe de sua gente. Sem-pre que tem um visitante na ilha, eles aparecem com a intenção de pe-gar uma carona para voltar ao continente.

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A mangueira

Enseada dourada

“Em Vicente de Carvalho, as mulheres que passavam por uma mangueira, situada no centro do antigo Itapema, tinham suas roupas levantadas violentamente, mesmo que não houvesse qual-quer golpe de vento. E isso ocorria principalmente à noite ou no lusco-fusco. Mas, não era só essa irreverência que se registrava por ali. Se o passante era um homem – portanto, sem saias para se levantar, havia outra espécie de provocação: seu chapéu era jogado longe... Por volta de 1923, um homem enforcou-se na mangueira... a mangueira foi der-rubada no início da década de 40.” Fonte: livro “Pérola ao Sol” – Mônica Damasceno e Paulo Mota.

Guaiúba era uma praia muito bonita, onde viviam antigos pescadores, alguns deles quase centenários, que conservavam as tradições do lugar contando estó-rias que vinham de seus avós. Ricardo Jorge, um dos mais velhos ali nascidos, afirmava que quem passas-se de canoa pelas proximidades da praia, não podia gritar ou falar alto, pois se fizesse, a canoa virava no mesmo instante, fato experimentado por muita gente e só o velho pescador, com mais de 90 anos conhecia os motivos deste segredo.

No primeiro século do Brasil, os jesuítas chegaram à ponta da ilha de Santo Amaro, no sítio “dos Ma-cacos” e construíram uma casa e um posto de ca-tequese para ensinar as primeiras letras, números e catecismo aos cunhãs, cinhatãs e curumins (meninos e meninas indígenas). Com o passar do tempo, a casa dos padres foi crescendo, a ilha se tornou um reino espiritual e social, onde eles, esquecidos do resto do mundo, viviam felizes em Monduba-mirim, um paraíso à beira mar e cercado por florestas.

Um dia, um inglês ferido apareceu na praia, muito de-bilitado, pedindo socorro e os curumins chamaram os padres para socorrê-lo. Delirando por causa da febre, o náufrago parecia cheio de terror dizendo que os piratas estiveram ali perto em uma ilha e enterrado um tesouro e que o Almirante havia fuzilado todos os homens e ele havia se jogado ao mar. Ao fim de um mês, se recuperou. Taylor, seu nome, primeiro corsário do Almirante Caven-dish, pediu aos jesuítas que lhe arranjassem um empre-go longe daquele lugar e em pagamento ele os levaria onde o tesouro estava e dividiria e imensa fortuna. Os padres ficaram muito tentados com a proposta e o man-daram para São Paulo de Piratininga, onde o marinheiro montou sua oficina de ferraria, soldas e fundição e se

Farol da Moela

casou com a filha de um português. Sentindo prolongar-se demais a espera pelo corsário, os padres resolveram procurá-lo nos campos do planalto. A casa foi encontra-da, mas Taylor não estava e perguntaram a sua espo-sa se ela sabia algo sobre o tesouro. A moça, muito assustada com a visita, entregou o mapa aos jesuítas. Quando Taylor retornou, ela contou o ocorrido e ele partiu imediatamente para o litoral encontrando o sítio “dos Macacos”, estranhamente vazio. Os jesuítas de posse do roteiro reuniram o material necessário e os índios para chegarem à ilha assinalada no mapa. O tesouro foi achado sob a laje grande da ilha, e várias urnas enche-ram todas as canoas. Uma tempestade assustadora se formava no céu, fazendo com que os índios petrificados com tantos relâmpagos, trovões, raios e ventos fortís-simos, remassem firmemente para atingir as areais da praia. As pesadas canoas, subiam e desciam sobre os vergalhões com os padres rezando, não havia outra coisa a fazer. Prevendo um desastre, os padres pediam perdão pelo surto de ambição. Remando desespera-damente, já viam a ponta rochosa do Monduba-mirim. Neste mesmo instante, o ex-corsário inglês, viu da praia um enorme vergalhão descontrolado, que engoliu as canoas e o atingiu no costão, levando-o ao mar. No dia seguinte, passada a tempestade, os índios procuraram em vão seus entes queridos na praia, sem encontrá-los, mas viram com grande espanto, um manto de ouro que cobria a areia no fundo da enseada e gritaram: - GUAIÚ-BA........GUAIÚBA.....(a enseada está dourada). A marca do ouro imprimiu a pureza num lugar onde nem todos podiam vê-la, só os que amassem e fossem capazes de ver nela um castigo àqueles que foram tentados pela ga-nância. Assim interpretaram os índios locais, repetindo daí por diante o grito dos indígenas que acharam ouro e nomearam a praia: GUAIÚBA.

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Folclore

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Roda de CapoeiraA riqueza cultural brasileira em uma ilha

O capoeirista Alberto José de Freitas, mais conheci-do como “Mestre Sombrinha”, reside em Guarujá desde 1968 e há mais de 20 anos transmite seus conheci-mentos no esporte, para crianças, jovens e adultos, na Associação de Capoeira Grupo Senzala, em Vicente de Carvalho. O esporte começou a fazer parte de sua vida quando ele era apenas um garoto. Aos 10 anos, mesmo sem conhecer os nomes dos golpes, já treinava com os amigos em Itajuípe, na Bahia. Em 1964, Sombrinha dei-xa sua cidade natal e quatro anos depois chega em Gua-rujá. Aqui, ele conheceu “Mestre Sombra” e, em 1980, inaugurou a Associação de Capoeira Grupo Senzala. Desde então, Mestre Sombrinha já foi inúmeras vezes para os Estados Unidos participar de encontros e confe-rências sobre a modalidade. Com a capoeira aprendeu muito mais do que se esquivar dos adversários. Ao in-vés disso, o professor vê no esporte uma importante ferramenta para lutar pela preservação da cultura afro-brasileira e reduzir as desigualdades sociais. O profes-sor, hoje conta com muitos alunos e trabalha com pes-soas de todas as idades. Segundo ele, já a partir dos dois anos de idade é possível começar a aprender os primeiros golpes desta arte marcial de origem africana.

Associação de Capoeira Grupo Senzala

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Fundado em 1973, pelos saudosos Mestre Za-carias e a Baronesa Esther Karwinsky. O Grupo de Guarujá, hoje coordenado por Edmilson Epifânio Mendes, busca reproduzir as tradições dessa dança de origem europeia que se instalou em Sergipe, nor-deste brasileiro, no período colonial. Reisado é uma dança natalina em comemoração ao nascimento do menino Jesus e em homenagem aos Reis Magos. Antigamente era dançado às vésperas do Dia de Reis, estendendo-se até fevereiro para o ritual do “enterro do boi”. Atualmente, o Reisado é dançado também em outros eventos e em qualquer época do ano. É formado por dois cordões que disputam a simpatia da plateia e são liderados pelos persona-gens centrais: o “Caboclo” ou “Mateus” e a “Dona Deusa” ou “Dona do Baile”. Também se destaca a figura do “Boi”, cuja aparição representa o ponto alto da dança. Os instrumentos que acompanham o grupo são o violão, sanfona, pandeiro, zabumba, tri-ângulo e ganzá. O Reisado tem como característica o uso de trajes de cores fortes e chapéus ricamente enfeitados, com fitas coloridas e espelhinhos.

Associação de Folclore e Artesanato de Gua-rujá “Baronesa Esther Karwinsky” - AFAG foi constituída em 1977, como entidade sem fins lucrativos, com o objetivo de divulgar o folclore nacional e a cultura popular, promover pesquisas folclóricas, publicações e apoiar grupos folclóri-cos autênticos e artesãos locais e regionais. A AFAG foi presidida desde a sua criação até o ano de 2003, pela sua fundadora Baronesa Esther Sant’Anna de Almeida Karwinsky que contou com

Grupo Reisado Sergipano Bumba Meu Boi

AFAG

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a preciosa participação da saudosa Marlene Ma-ria dos Reis Rodrigues que foi uma das grandes incentivadoras da divulgação da cultura afro. Posteriormente, no período de 2004 a 2007, pela professora Célia Gonçalves e, atualmente, pela produtora cultural, Sônia de Oliveira Lima, filha de tradicional família de Vicente de Carva-lho, que por sua trajetória profissional, tornou-se membro da AFAG e, junto com a diretoria, trabalha com muito afinco e dedicação, visando o fomento e a divulgação do folclore nacional, regional e local.

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Grupo Folclórico da Melhor Idade

Grupo formado por senhoras da “Melhor Idade” que, em suas apresentações, buscam resgatar as raízes de nossa história através da dança, além de elevar a autoestima de todas as participantes. A co-ordenação, coreografia e figurino ficam a cargo da conhecidíssima Dadá, que pesquisa e estuda o tema a ser desenvolvido para representá-lo com a maior

fidelidade possível. Na época da escravidão, os co-ronéis enriqueciam com suas fazendas de café, a custa do árduo trabalho dos negros. Estes, para es-pantarem o cansaço e dor de seus corpos, cantavam e dançavam quando estavam plantando e colhendo o café. A festa da colheita era um acontecimento muito festejado e alegre, um momento em suas vi-das onde podiam cantar e dançar livremente entre eles até o amanhecer. E foi assim que começou a se configurar essa tradicional dança, onde a coreografia se baseia em exprimir todo o sofrimento desse tra-balho até o momento em que eles peneiram o café.

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Folclore

Conhecida carinhosamente como Baronesa Es-ther, nascida em Brodosqui, interior de São Paulo, formou-se em Direito pela Universidade Católica de Santos, mas seguiu os estudos por sua paixão: o folclore. Se aperfeiçoou em cursos no Brasil, França e México e participou de importantes congressos e festivais pelo mundo. Em 1968 recebeu a honrosa missão de ser representante da Comissão Estadual de Folclore em Guarujá e mergulhou numa abran-gente pesquisa sobre o Folclore da Ilha de Santo Amaro, conhecendo os jovens e idosos e suas his-tórias. De posse de tanto material, organizou a Pri-meira Semana do Folclore no Guarujá e a partir daí

Baronesa Esther Sant’anna de Karwinskyse dedicou inteiramente ao tema. Em 1972, fundou a AFAG, Associação de Folclore e Artesanato de Guarujá, entidade que ganha notoriedade em even-tos relacionados e o festival entra no calendário de eventos da cidade. Foi membro ativo de diversas comissões de folclore no Brasil e em vários países. Dedicou-se por mais de 30 anos como pesquisado-ra nacional e internacional à cultura popular e, pela importância de seu trabalho, recebeu em dezembro de 1997, o título de Cidadã do Guarujá. Faleceu em dezembro de 2003 deixando um legado de conhe-cimento científico registrado em importantes livros escritos ao longo de sua proveitosa vida.

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Originários da Índia chegaram ao Brasil em 1574, com João Torres, no Rio de Janeiro, sem dizer que eram ciganos expulsos de Portugal e enviados às co-lônias. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, 1918, considerado número de famílias ciganas imigraram dos países do Leste Europeu e se estabeleceram comer-ciando burros, cavalos, vendendo artesanato de cobre e se apresentando em circos, vivendo em barracas e praticando o nomadismo. Mapeados pela primeira vez no Censo de 2010, são 800 mil ciganos encontrados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Os ciganos são organizados em grupos: os Calon e os Rom, que estão no Brasil em subgrupos denominados Rom: Kalderash que se dizem “puros”, alguns ainda nômades, traba-lhando no comércio de carros e as mulheres na quiro-mancia e cartomancia; Macwaia ou Matchuai, vindos basicamente da Sérvia, vivem sedentários em grandes cidades; Horahane, de origem turca ou árabe, com atividades semelhantes aos Matchuaias; Lovaria, um grupo de poucas pessoas que se dedica ao comércio e à criação de cavalos e é basicamente sedentário; e os Rudari, também em número reduzido, dedicados ao artesanato de ouro e madeira, sedentários. Recente-mente foi instituído o Dia Nacional do Cigano, comemo-rado em 24 de maio, em homenagem à sua padroeira, Santa Sara Kali; a criação do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e a publicação de uma cartilha de direitos da cidadania cigana. Para o povo cigano é muito importante o sentimento de per-tencer a um grupo, a um clã ou tribo e o cumprimento do código da etnia. Os seus dialetos (romani, sinto, caló entre outros) são ágrafos, ou seja, não possuem escritas e o nomadismo, reconhecido como uma refe-rência da identidade cigana.

Ciganos

Tivemos um imenso prazer de sermos recebidos na casa de Cléo, cigana de origem Kalderash, que foi criada dentro das normas deste povo, cujo idioma que fala é o Romani. Cléo nos fala do enorme preconceito que ainda existe em relação ao seu povo e confundem suas tradições como se fossem adeptos a uma seita religiosa. O que não é uma verdade. O “ser cigano” é pertencer a uma nação, mesmo que esta não exista geograficamente. As tradições são seguidas e man-tidas pela união das comunidades espalhadas pelos países e mantidas por meio de suas matriarcas que passam seus ensinamentos para as novas gerações, como a cartomancia e quiromancia. A nação cigana foi reconhecida pela ONU e, em 1971, sua bandeira foi oficializada. Portanto, o povo cigano está lutando pelos seus direitos, muito reprimidos até pouco tempo, e por meio de festas populares, tentam demonstrar que são pessoas normais, que pagam seus impostos e principalmente, mostrar suas histórias de luta e de sobrevivência. O que sentimos, foi um grande orgulho do ser cigano e poder, junto à Santa Sara prosseguir com o objetivo de unir os povos e quebrar os precon-ceitos inconsistentes.

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32 Cidade&Cultura

Folclore

O grupo Afoxé Motumbaxé, que em língua africana significa “afoxé” – dançando e cantando e “motum-baxé”- abençoados, foi fundado em 2009 por Fábio Eduardo, Adônis Xavier e Wilson Barbosa, três amigos preocupados em difundir a riqueza da cultura, a reli-gião e os conhecimentos africanos deixados por seus

Afoxé Motumbaxé ancestrais em nossa sociedade. Hoje o grupo conta com mais de 300 membros que se reúnem para os ensaios na casa de candomblé Asé Obirin Odé e ex-pressam sua cultura através da dança em desfiles e apresentações em várias cidades da Baixada Santis-ta. O Afoxé Motumbaxé é o grupo que abre e fecha os desfiles de carnaval, abrindo passagem para as escolas de samba.

Desde 2001 a Associação Afroketu atua no bairro Morrinhos, incentivando seus alunos a co-nhecerem e entenderem a cultura afro-brasileira. Com um repertório de danças bem montado e com figurino colorido e muito bem acabado, os participantes do grupo fazem suas apresentações em eventos promovidos pela AFAG, Secretaria do Meio Ambiente, Conselho Municipal da Comunida-de Negra de Santos e também a pedido de outros municípios da região. Todo o trabalho do Grupo é realizado mediante pesquisas e estudos sobre as raízes africanas da cultura brasileira.

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Hotéis

Tradição, luxo e lazerHotel Jequitimar

“Jorge e Marjory da Silva Prado, grandes empreendedores dos anos 1950, com diversos negócios pró-prios, faziam parte da elite paulistana que participava das festas e tempora-das de verão no balneário. Em seus passeios pelo Guarujá, o casal encan-tou-se com o sítio e resolveu comprar o terreno para transformá-lo em um grande loteamento. O casal vislum-brou todo o projeto do empreendimen-

Com vocação natural para o turismo, o Guarujá, desde tenra idade, se propôs a receber bem, em lugares de magnífica beleza.

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Hotel OrlandiSituado no promontório que divide

as praias de Pitangueiras e Astúrias, o Hotel Orlandi foi a marca registrada da tradição turística da cidade do Gua-rujá. Mesmo antes de sua constru-ção, já havia no local o Hotel Recreio das Pedras, com fotos que datam de 1909. Mais tarde, em lugar da simpli-cidade, o local recebe a construção do imponente Edifício Sobre as Ondas.

to e construiu um pavilhão, além de uma casa e um clube de golfe. Mar-jory da Silva Prado passou a receber muitos amigos nesse espaço, que se tornou a semente do futuro hotel. A inauguração do Hotel Jequitimar acon-teceu logo após o falecimento de Mar-jory. Um hotel confortável e espaçoso, situado num local cuja beleza seduzia hóspedes do mundo inteiro. O nome “Jequitimar” havia sido escolhido por Marjory, que conheceu no país a

árvore de nome exótico, o jequitibá. Em pouco tempo, o Hotel Jequitimar tornou-se um marco na história do Guarujá, com a presença de perso-nalidades como a princesa Ira Von Furstenberg, o embaixador americano Charles Elbrick, o governador Abreu Sodré, Pelé, Emerson Fittipaldi e os atores Kirk Douglas, Elza Martinelli e Florinda Bolkan. A partir de 1977, o hotel passou a ser administrado por Veridiana Prado, filha de Marjory e Jorge da Silva Prado. Veridiana voltou da Europa com a ideia de introduzir alguns conceitos no Hotel Jequitimar, que teve um período de grande procu-ra, até que, em 1997, a família resol-veu se desfazer do empreendimento. O terreno foi adquirido pelo grupo Silvio Santos, abrindo caminho para uma nova empreitada: a retomada da história do Hotel Jequitimar com um novo conceito, aliando o glamour e a tradição à contemporaneidade e sofisticação.” Fonte: Divulgação Sofitel Jequitimar

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Ferraretto Hotel Situado no coração de Guarujá, o

visionário e empresário Walmor Cae-tano Ferraretto, inaugurou, em 1965, o Ferraretto Hotel. Já no coquetel que marcou sua fundação, participaram personalidades influentes como Dom Domênico Rangoni, o músico Caçuli-nha, o Prefeito Domingos de Souza, o empresário Eduardo Risque, o Pre-sidente da Câmara, Sr. Alcindo José e demais convidados. Essa obra en-cravada na Praia de Pitangueiras é um marco da evolução do turismo da cidade, pois até hoje traz consigo o legado do luxo, do funcional e do mo-derno para seus hóspedes. São 133 apartamentos, divinamente decora-dos; Cyber Room projetado para dar maior privacidade aos usuários dos computadores; Salão de Estar com vista para a piscina com luminosidade ampla, ambiente arejado e equipado com TV LCD; Bar decorado com mo-tivos marinhos, que serve deliciosos drinks; Academia com área de 120m² equipada com aparelhos de última geração, ar-condicionado e música ambiente; Sauna seca e ducha circu-lar; Salão de Jogos com tabuleiro de xadrez, todo decorado com ar acon-chegante; Piscina em local estratégico

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Shopping Jequiti GuarujáCom um projeto moderno e de padrão internacional, o Shopping Jequi-

ti, único open mall do Litoral, fica aberto 365 dias do ano, inclusive para não-hóspedes do hotel. Oferece lojas diversificadas e, para os visitantes de bom paladar, as sugestões gastronômicas são variadas com restau-rantes de diferentes estilos. As opções de lazer incluem happy hour, com música ao vivo e além de um night-club muito concorrido. O Shopping Jequiti é um dos mais completos e atraentes centros de compras e lazer do litoral, com conforto, segurança e diversidade. Faz parte de mais um empreendimento do Grupo Silvio Santos (SISAN). Fonte: Hotel Jequititmar

(próxima ao Bar e Restaurante), com paredes ecológicas, que fazem do am-biente mais fresco e o Restaurante Co-car com capacidade para 200 pesso-as dividido em três ambientes, sendo um deles o Espaço Externo com vista para um encantador jardim.

Como não poderia ser diferente, o Hotel Ferraretto sempre foi ponto de encontro de famosos que procuram um local de extrema qualidade e bom gosto em seus serviços. Daremos uma pequena lista dos que aqui se hospedaram: Paulo Matarazzo, Juca Chaves, o quarteto humorístico “Os trapalhões” (Dedé Santana, Mussum e Zacarias), Ary Toledo, o Grupo É o

Tchan, Banda Cheiro, Asa de Águia, Netinho (axé), Charlie Brow Jr., Mc Gui-mé, Mc Sapão, os jogadores de fute-bol Ricardo Rocha, Mauro Silva, Cléber, Dario Pereira, Edu, Sócrates, Palhinha, Marcos Assunção, entre outros.

Desde que Walmor teve como ob-jetivo oferecer o que havia de melhor em hotelaria à nata da sociedade paulistana, a cidade conta hoje com um ícone no setor que desbravou e desenvolveu, com charme, o turismo, não só da cidade, mas também do Estado de São Paulo.

Guarujá possui muitas pérolas es-palhadas em suas terras e essa, com certeza, é uma delas.

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Hotéis

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Casa Grande Hotel“Com 41 anos de história e

45 mil m², o Casa Grande Hotel Resort & SPA, ícone da hotelaria paulista, passou por três fases distintas: nos primeiros anos, edi-ficado pela família Maluf Stefano, na Praia da Enseada, no Guarujá, uma das mais exclusivas áreas da costa brasileira, o hotel logo fi-cou conhecido como um elegante e muito chique endereço da orla paulista, acompanhando, aliás, o momento vivido pelo Guarujá. Na época, o badalado sítio litorâneo era frequentado pela elite social e econômica de São Paulo. A partir de 1994, quando o estabelecimen-to foi vendido ao Grupo Tavares de Almeida, com outro enfoque merca-dológico, investimentos em novos espaços e a introdução de moder-na tecnologia, o hotel recuperou e ampliou seu antigo glamour, além de oferecer novos produtos a seus clientes e hóspedes. Tanto que, já em 1998, o hotel conquistou o sta-tus de Resort 5 Estrelas. Daí para se transformar num Resort de Clas-se Internacional foi um pulo, culmi-nando com sua inclusão na relação Leading Hotels of the World, em 2002, onde ficou durante dez anos.

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ARQUITETURA Certamente, um ícone do

Casa Grande é seu charmoso e autêntico estilo colonial brasi-leiro, a lhe emprestar especial beleza e dignidade arquitetôni-ca. Distribuído em amplo terre-no plano, com vista para o mar, conta com exuberantes jardins tropicais, com preponderância de lindas palmeiras. Referência entre os resorts brasileiros, o Casa Grande Hotel Resorts & SPA foi uma idealização arquite-tônica de Adolpho Lindemberg, da Construtora Lindemberg.”Fonte: Casa Grande Hotel

Atualmente, pertence à Preferred Hotels & Resort, reconhecida asso-ciação internacional de hotéis de alta categoria.

O luxo e o requinte do Hotel fo-ram fundamentais para consolidar o Guarujá como um balneário da alta sociedade paulista e brasileira, que recebeu grandes figuras em festas e eventos, Entre os quais celebridades como Paul McCartney, Pelé, Oscar

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Niemeyer, Jacques Villeneuve, Lucho Gatica, Diego Maradona, Fernando Henrique Cardoso, Neymar Jr., Guga, Ernesto Geisel, Charles Aznavour, Juscelino Kubitschek, Mireille Ma-thieu, e outras personalidades.

casa Grande Hotel - Revista do IHG do Guarujá - Bertioga ano 1 n°2 - 1970

Piscina

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Arquitetura

arte de construirA liberdade da

Quando passeamos pela orla das praias de Guarujá, podemos vislumbrar a ousadia de cada cons-trução. Já sabemos que “ousadia” é o adjetivo certo para os arquite-tos que aqui fizeram de seu tra-balho uma grande festa, podendo inovar, atribuir, agregar, enfim, se libertar. Desde o início com uma Vila inteira importada dos Estados Unidos, essa cidade foi um grande laboratório de experiências que de-

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ram muito certo. Contamos com elementos de madeira, concreto armado, ladrilho hidráulico, ferro, e mais tantas inovações modernas, que juntos formam um grande es-tilo. Nos edifícios temos o Sobre as Ondas, Pitangueiras e Monduba, exemplarmente feitos para a sua localização com todos os traçados dispostos para a contemplação do mar. A praia de Pitangueiras segue o estilo modernista adaptado aos

moldes praianos, com revestimen-to de pastilhas e grandes halls de entrada e teto alto para a brisa proporcionar ambientes agradáveis. Muitos desses edifícios eram o que hoje chamamos de apart hotel, ou seja, sempre inovando. Já na praia da Enseada temos os casarões e mansões com um despojamento de linhas e materiais utilizados, ao bel-prazer dos que gostavam de criar um novo estilo. Uma construção

a Casa do Promontório

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em particular sempre, até os dias de hoje, chama a atenção e porque não dizer que até virou uma atra-ção turística, como a antiga casa do Silvio Santos. Futurista para os olhares caiçaras, modernista para os entendidos, se tornou um ícone do arrebatamento criativo do litoral paulista. Outro exemplo que temos de grande relevância é a projeção das casas em cimento branco da praia de Pernambuco. Vários no-mes da arquitetura por aqui deixa-ram suas assinaturas em projetos formadores de opinião como: Edu-ardo Longo, Rino Levi, Oswaldo Cor-rea, entre outros.

edifício sobre as ondas

vila Militar

Guarujá 39

edifício sobre as ondasConstruído onde antigamente

estava o Hotel Orlandi, no pro-montório entre as praias de Pi-tangueiras e Astúrias, o Edifício Sobre as Ondas é um marco na arquitetura de Guarujá. O ideal de ter uma moradia de frente ao mar, juntamente com o glamour de uma cidade requisitada pela alta sociedade brasileira, fez com que o médico e advogado Dr. Antonio Roberto Alves Braga e seu amigo arquiteto Oswaldo Corrêa, planejassem a constru-ção do edifício. Com experiência comprovada, junta-se aos dois amigos o arquiteto Jayme Cam-pello Fonseca Rodrigues. Com o projeto aprovado em 1945, o edi-

fício foi uma das primeiras cons-truções de arquitetura moderna do litoral do Estado de São Pau-lo. Exemplo disso é a curvatura que “abraça o mar” e o terraço coberto no térreo, grande influen-cia de Oscar Niemeyer. Composto de 44 apartamentos, restaurante (com um painel da artista plástica Lise Forrel), playground, salão de jogos, mezanino e jardins. Todos os detalhes foram pensados em motivos marinhos utilizando tons de azul. A grande obra ficou pronta em 1951 e se tornou um suces-so, com todas as unidades ven-didas rapidamente. Esse projeto foi exposto na Trienal de Milão e ganhou prêmio no IV Congresso Pan-americano de Arquitetura de Lima, Peru.

edifício Monduba - Praia das Pitangueiras - década de 1940

casas antigas

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Arquitetura

Um dos ícones da história do Guarujá é o casarão da Avenida Adhemar de Barros que foi ad-quirida pela Associação de Ca-ridade Instituo Santa Emília, em 1925, cujo o principal objetivo era montar um hospital psiquiá-trico, mas o fato não ocorreu e em 1947 a área compreendida foi passada ao Governo do Es-tado e ali, montada o Serviço de Abrigo e Triagem de Santos que eram abrigados menores infra-tores desagradando o governo municipal. Então, mediante con-flitos de esferas, foi Fundado o Instituto Santa Emília a meno-res abandonados e órfãos do sexo masculino dos 7 aos 18 anos, dando-lhes formação edu-

Associação de Caridade Instituto Santa Emília

Ícones da arquitetura local

cacional e profissional. Em 1982, apesar dos ótimos resultados, o Instituto foi desativado e transfor-mado em FEBEM. Suas atividades

com trabalhos educacionais para menores se encerram na década de 1990. Atualmente funciona a Defesa Civil do município.

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Vila MilitarEntrada Edifício Pitangueiras

antiga casa do Silvio Santos

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Artesanato

inspiraçãoO mar como

É muito comum encontrarmos fei-ra de artesanato nas cidades praia-nas na orla da praia, mas Guarujá tem lá seus cantos diversos, e foi em um deles que encontramos o Ateliê da Fortaleza da Barra, dentro do que antes era uma cela, estão expostos vários trabalhos interes-santes feitos pela comunidade da

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Santa Cruz dos Navegantes. O que mais nos chamou a atenção foi a variedade de peças úteis feitas a partir de material reciclado, como as sacolas confeccionadas com tecidos de guarda-chuva quebrado e também de restos de banners. Colorido, bonito e em um local, no mínimo inusitado.

Nas Praias de Pitangueiras e Astúrias, podemos encontrar gran-des trabalhos manuais, muitos dos quais o mar é a inspiração.

Se quiser ir mais longe, vá ao Morro do Sorocotuba e visite a Suelen & Wil-son Bordados, que confeccionam as mais variadas peças em tecido borda-do para decoração de interiores.

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Guarujá 43

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ateliê Fortaleza da Barra Sacola de Bunner

ateliê Fortaleza da Barra azulejos pintados

asturias - Feira de artesanato

Feira de artesanato

Bordados Wilson & Suelen Bordados Wilson & Suelen

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Ao som

das ondasA aquarelista Alice Mazzini, senhora de 86 anos,

nascida na cidade paulista de Espírito Santo do Pi-nhal, reside há 63 anos no Guarujá. Veio para a cida-de após seu casamento. Foi professora e diretora em escolas públicas na cidade, permanecendo no magis-tério por 36 anos e, um pouco antes de se aposentar, aos 53 anos, enveredou pelo mundo das artes. Por nove anos dedicou-se à pintura a óleo e depois, in-centivada por sua filha, descobriu todo seu talento na aquarela. Aprimorou-se com professores renomados

Alice Mazzini

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Artes

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como Angel San Martin, Vega Nery e Celina Shitikov. Sua inspiração vem das paisagens, da variedade das flores, da diversidade da natureza, do colorido dos pássaros e das marinas. Contou-nos também que frequentou a Aliança Francesa e em 1991 participou, com outros 140 tradutores, de um concurso nacional sobre os cinco poemas do escritor Rimbaud e, por sua fiel tradução dos textos, foi premiada com uma viagem a Paris. Nossa entrevista foi cativante, e as respostas, dadas com muita paixão e serenidade, fruto da idade madura, nos empolgaram com sua suavidade.

“Adoto para minha arte as palavras de Matisse: ‘Sonho com uma arte de equilíbrio de pureza e sereni-dade, destituída de temas perturbadores e deprimen-tes. Uma arte que exerça uma influência apaziguado-ra, um sedativo mental’.”

Já expôs seus trabalhos em São Paulo, no Rio de Janeiro, nos Estados Unidos, na Espanha e na França. Ganhou medalhas de Ouro, Prata e Bronze e muitas menções honrosas.

Alice Mazzini

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Guarujaense, devo-ta a Deus, ao mostrar suas lindas esculturas contou-nos como sua inspiração nasceu. Des-de pequena, Cláudia queria ser artista plás-tica, mas seus dese-nhos eram infantis. Depois de ficar em coma de-vido a uma cirurgia de apêndice, a artista voltou com uma extraordinária sensibilidade para as artes. Ela produz sem parar. Em suas telas ou esculturas, é muito comum notarmos como ela desenha em dois planos: de cima para baixo e debaixo para cima, formando dois desenhos dis-tintos. Escolhemos a escultura feita em cimen-to celular para mostrar esse incrível dom. Uma coruja de cima para baixo ou dois cavalos ma-rinhos e um peixe, debaixo para cima. Curioso, interessante e muito bonito, além da gratidão da artista estampada em seus olhos.

Cláudia Rosário

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Guarujá 45

Grupo PotênciaNos Estados Unidos, em Nova York e em Detroit, esta-

va acontecendo uma reação ao movimento Black Power. Começam a surgir os elementos estéticos da cultura hip hop, que são: o RAP - RhythmAndPoetry –, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal dessa cultura; o graffiti, que representa as artes plásticas, expresso por dese-nhos coloridos feitos por grafiteiros, nas ruas das cida-des espalhadas pelo mundo, e abreak dance, que repre-senta a dança. Com a criação e comércio acelerados dos CDs, a classe média americana começa a se desfazer de seus toca-discos de vinil. Então, os jovens desemprega-dos os recolhem e os reciclam, produzindo novos sons com esses vinis, criando o “scratching”, ou seja, arranhar a agulha no disco de vinil no sentido anti-horário, o “pha-sing”, alterando a rotação do disco, e o “needlerocking”, a produção de eco entre duas picapes. Dessa forma, é lançada a base musical, ou melhor, os “break beats” do rap. Esses DJs (disck-jockeys) produziam seu som em ruas e becos. O termo hip hop foi criado por AfrikaBambaa-taa. Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dança popular na época, que era saltar (hop) movimentando os quadris (hip).Fontes: hiphop-t.tripod.com; www.infoescola.com/artes/hip-hop/

Nós tivemos acesso ao Grupo Potência, que nos deu uma “canja” de seu som com letra bem estruturada e fiel à realidade das necessidades das pessoas, sempre com o objetivo de expor aos ouvintes a problemática das co-munidades e os conflitos humanos. Seguindo à risca os fundamentos do movimento hip hop, os integrantes são exemplos puros das desigualdades das classes sociais brasileiras e dão seu recado: “Rap não é um mercado, é uma escola, é cultura”.

Jerfeson, Rogério e Alex

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“Viver com significado”: ikeru é um termo japonês que tra-duz toda a essência de nossa vida. Foi esse conceito que os integrantes do Projeto Ikeru escolheram para redefinir suas vidas e ajudar mutuamente vários artistas plásticos do Gua-rujá. “A arte é uma expressão de alma humana, na qual cada artista coloca um pouco de si, então por que não criar algo que venha de seu interior, com todo o significado que uma vida pode conter? A busca de si mesmo, expressa nas cores, nos riscos, saindo direto do coração à tela. A cada olhar, uma nova interpretação de sua individualidade . A cada interpreta-ção, uma nova descoberta.” Esses dizeres mostram a subje-tividade de cada integrante do grupo. Conhecemos cinco dos oito artistas participantes e vimos o óleo sobre tela como técnica adotada por todos eles. Na maioria são paisagens da região, principalmente do Guarujá. São eles: Alexandre Filho com sua tela Paraty, Eliana Navarro e sua Fortaleza, Moacyr Nunes exibindo a Praia das Pitangueiras, Célia Cristina mos-trando o Morro do Maluf, e Paulo Silva dos Santos com a Praia do Artilheiro. Apresentamos uma pequena amostra de como essas pessoas são capazes de nos emocionar.

Projeto Ikeru

Artes

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Aldo RibeiroResidente no Guarujá há muitos anos, Aldo

Paes Ribeiro, por meio da arte, expressa seus sentimentos focando o meio ambiente e a sus-tentabilidade. A arte para ele representa a vida. Desde criança, criava e inventava seus próprios brinquedos. Com o desenvolvimento de outras habilidades, passou a criar tanto obras abstratas como esculturas personalizadas feitas de ferro e aço. Suas obras estão espalhadas pela Itália, os Estados Unidos, a Argentina e a Alemanha. Apre-sentou seu trabalho em diversas exposições, nas quais obteve premiações e menções honrosas. “Desenvolvo tranquilamente meus projetos, em meu ateliê ArtEtc e Tal, focando exatamente nos detalhes de cada obra, pois não preciso me pre-ocupar com outra forma de ganhar a vida. Posso fazer o que mais gosto e viver bem.”

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Célia Cristina - Morro do Maluf - óle sobre tela com textura

Alexandre Filho - Paraty óleo sobre tela

Moacyr Nunes - Praia de Pitangueiras - óleo sobre tela com textura

Eliana Navarro - Fortaleza óleo sobre tela com textura

Célia Cristina Morro do Maluf óleo sobre tela com textura

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Oswaldo Gonçalves de Oliveira Filho, 48 anos, come-çou com a arte do desenho desde criança. Já trabalhou com cenários para teatro e, desde 2005, faz caricaturas. Seu sucesso foi tanto que hoje vive da arte como caricaturista, fazendo eventos em festas, desenhando os convidados, e até convites de casamento. Deparamo com ele na orla do Guarujá, alegrando a vida das pessoas com essa técnica de expressão que é considerada a “mãe” do expressionismo, com sua proposta de exagerar, de aumentar as proporções. Vale a pena citar que a primeira caricatura brasileira foi feita por Manuel de Araújo Porto-Alegre em 1836, uma charge política durante o período regencial.

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Silvio MattosEm seu colorido ateliê, Silvio nos recebeu com toda

a simpatia adquirida no Maranhão, onde viveu por mui-tos anos. Hoje, mora no Guarujá e se sente feliz pelo lugar que escolheu para produzir sua arte. Começou aos 7 anos de idade com um “estalo”, quando viu uma tinta. Autodidata, seu estilo é uma mescla de cubis-mo e figurativo, com temática voltada para o homem do campo. Ele se transformou em uma referência para

Artes

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muitos artistas brasileiros e segue a mesma escola de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari, unindo tra-ços, cores e formas, resultando assim em um estilo ge-nuinamente brasileiro. Premiado na Bienal de São Luiz do Maranhão, jáexpôs na Espanha e na Itália. Seus quadros representam ele próprio, fazendo as coisas que não pôde fazer na infância. O rosto não tem olhos, nariz e boca, pois acredita que o espectador deve se colocar no lugar do personagem e sentir a calma e a tranquilidade ali expressas.

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Yplinsky Yplinsky, nome artístico de Sérgio Renato Yplinsky,

nasceu em Araxá (MG), em 1947, onde iniciou seus estudos inspirado em pintores famosos. Em seu ateliê na cidade do Guarujá, o autodidata buscou seu cami-nho pintando a natureza brasileira e cenas românticas, inspiradas em grandes mestres do passado. Sua pri-meira exposição foi em 1969, em Uberlândia, e daí em diante passou a expor suas obras em importantes galerias em cidades do Estado de São Paulo. A partir de 1997, participou do Mapa Cultural Paulista e ainda de uma centena de exposições coletivas de salões de arte em São Paulo, Minas Gerais e Brasília. Em 2000, pintou o Mural Central da Igreja Matriz do Guarujá. Re-cebeu uma série de prêmios (medalha de ouro, prata, bronze e troféus) por sua participação em salões ofi-ciais de arte e possui obras em importantes coleções particulares e oficiais, com destaque para o Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

Guarujá 49

Pedro RezendeNascido em Mogi das Cru-

zes, mudou-se para Bertioga quando foi convidado para fa-zer parte da equipe da revista Beach & Co. Depois veio para

o Guarujá, onde se firmou na carreira como fotógrafo profissional. Segundo Pedro, sua paixão por fotografia surgiu aos 9 anos de idade com uma máquina Xereta Sublimação. Aos 14 foi trabalhar em um jornal como office boy e mais tarde como repórter fotográfico. De lá para cá, apenas aprimorou sua arte, fazendo dela sua atual profissão.

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Praia do Pereque

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Fundado em 2003, motivado por ideias e necessi-dades e com a finalidade de alcançar a independência, o 2N CREW (“Nóis e Nóis”) representa a arte urbana caiçara. No início, os artistas participantes eram Fernan-do A. dos Santos (Nando) e João Paulo Oliveira (Face), com iniciativas, atividades e fins educacionais em pro-jetos como: “Amigos da Escola”, “Escola da Família”, “Virada Cultural Mongaguá”, “South Kings” (Rio Grande do Sul), “Guarujá em Cores” com desenvolvimentos de painéis pela cidade, “GuaruJazz”, “Cor Ação”, “Encon-tro da Vila”, entre outros. Em 2011, Clodoaldo S. dos Santos (2San) tornou-se membro. A 2N CREW é uma galeria a céu aberto, podendo ter produções espalha-das pelo Guarujá e todo o litoral. Uma de suas grandes produções é o mural Torre do Píer de Santos - Quebra Mar, um painel em paleta de sete cores. Seu maior objetivo é a transformação da relação do público com o ambiente visual e seus elementos liderados pelos diversos estilos de grafite. Utilizando adequadamente as áreas públicas e aproveitando-as de maneira criativa, renovam e embelezam os espaços.

Fernando Alves (Nando) é um artista contemporâneo

Graffiti 2N CREW

Artes

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com trabalhos em variados estilos das artes de rua, que assim se manifesta com propósito e inspiração diante do cotidiano, enfatizando-o com ilustrações, paisagens e letras. Também é fotógrafo deambientes e focos diversificados.

Na arte de rua que é o grafite existem vários estilos, e um deles é o wild style, no qual as letras são totalmen-te entrelaçadas. O artista Clodoaldo dos Santos (2San) se expressa com desenvoltura através de suas cores, efeitos e letras. João Paulo (Face) adquiriu mais experi-ência com o curso de publicidade e propaganda que fez, e integra cada vez mais os conhecimentos de design, arte e grafite.

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mural paleta de 7 cores

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Um cenário incrível emoldurado

pelo marPara compreendermos a beleza desta cidade, temos que ter conhecimento de sua composição geológica, pois é dela que brotam todos os acidentes geográficos que transformam o Guarujá em um local cheio de recantos, com inúmeras praias, lindos morros e um contorno totalmente acidentado. Essa mistura de ingredientes resulta nas belas paisagens que vemos de norte a sul, de leste a oeste, dando-lhe um encanto especial e diferenciando o Guarujá das demais cidades do Litoral Paulista.

meio ambiente

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ilha dos Arvoredos

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A cidade do Guarujá possui 52% de sua área coberta pela Mata Atlântica e uma área enorme e riquíssima de biota marinha. Para que haja pre-servação dessa riqueza natural, foram criadas al-gumas Unidades de Conservação, a saber: APA Municipal da Serra do Guararú (APASG), no extre-mo leste da Ilha de Santo Amaro, entre o Oceano Atlântico e o canal de Bertioga; duas Reservas Particulares de Patrimônio Natural, também na Serra do Guararú, chamadas Maria do Conde e Tijucopava com 5 ha e 49 ha, respectivamente; e APA Marinha do Litoral Centro, administrada pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo, com 449 mil ha, dividida entre os municípios de Bertio-ga, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Guarujá, com 123 mil ha.

Com granitos, rochas sedimentares e intensos dobramentos, a Ilha de Santo Amaro, segundo estudiosos, se divide em: sedimentação marinha – praias e restingas; sedimentação intermediária – mangues, e sedimentação terrígena – aluviões terrestres. Seu relevo é de origem recente e tem altitude média de 145 m.

Preservação

Formação Geológica

Meio Ambiente

Nascente Praia do Sorocotuba

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A Mata Atlântica tem seus caprichos; além de seguir quase todo o litoral brasileiro, sua biodiver-sidade ainda nos brinda com ilhas, como a Ilha de Santo Amaro, recoberta por maravilhosas e coloridas plantas, como orquídeas, bromélias, samambaias, palmitais, helicônias etc.

Vegetação

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Decompositores

Ninho de pássaros

abacaxi (bromélia) Orquídea dendobrio Helicônia

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alguns exemplares típicosFlora

nos terrenos secos formados pelas dunas junto à praia, encontramos a vegetação conhecida como jundu, muito resistente à ação dos ventos e à salinidade. São bosques de árvores de pequeno porte, tronco retorcido e folhas espessas e lustrosas, com muitos gravatás, cac-tos e capins. O jundu é importante na fixação das dunas, além de ter plantas frutíferas, como as maçãzinhas-da-praia, marcelas, de cujas pequenas flores as pessoas do local fazem travesseiros e almofadas. Entretanto, nas partes das dunas voltadas para o mar, sujeitas à ação direta do vento e dos respingos de água salgada, são poucas as plantas que se desenvolvem, entre elas al-guns capins e cipós perfeitamente adaptados ao sal e às areias lançadas pelo vento. Entre esses, deve ser cita-da, por suas interessantes adaptações, a Ipomoea pes-caprae que é a batata pés-de-cabra. Essa planta produz belas flores roxas e pequenas batatas não comestíveis. Desenvolve-se na duna como um longo cipó repleto de folhas que tem formato de pé-de-cabra.Fonte: A Serra do Mar e a Baixada. Samuel M. Branco, Editora Moderna.

típica de praias, com seu fruto carnoso, o abricó, navega mar adentro e “atraca” em outras praias, atraindo pássaros e dando um visual lindo ao lugar. Hoje, dificilmente vemos pés de abricó, mas quando se acha um, ele se torna uma atração para os que tiveram uma infância à beira-mar.

Jundu

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Meio Ambiente

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Está localizado ao longo da margem do Canal de Bertioga. Esse ecossistema é berçário para muitas espécies de animais, por isso o mangue é uma Área de Preservação Permanente. Possui apenas três ti-pos de árvores: mangue-bravo ou vermelho, man-gue-seriba ou seriúba e mangue-branco, que podem chegar a até 20 metros de altura. Seu solo é bastan-te rico em nutrientes, com características lodosas e composição de raízes e material vegetal parcialmen-te decomposto, o que lhe confere sua cor escura. Entre as raízes das plantas, temos os caranguejos, que são crustáceos que adoram comer peixes e ma-téria orgânica. Esse famoso berçário do mar é utili-zado por muitas espécies marinhas, como a tainha, o robalo, a carapeba, o camarão, entre outros, para deixar seus ovos protegidos entre as raízes aéreas.

Mangue

gramínea perene nativa da África, popularmen-te conhecida como capim- gordura ou catingueiro, pode atingir um metro de altura e foi introduzida no Brasil para ser utilizada no pastejo, na cobertu-ra do solo, por ser uma planta rústica e de rápido crescimento e fenação, devido ao alto valor nutri-tivo para bovinos, equinos e ovinos. Quando não controlada, pode causar sérios transtornos, cres-cendo por cima da vegetação nativa, promovendo sombreamento e a consequente morte de espé-cies de fauna e flora. É propulsora da temperatura de incêndios no cerrado, efeito que elimina até o banco de sementes pré- existentes no solo.

Capim Gordura

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Guarujá 57

Faunaa Bothrops alternatus é conhecida como urutu-cruzeiro

por ter um desenho na cabeça que lembra uma cruz e exi-bir na pele um belo padrão de manchas em forma de fer-radura, dispostas em sequência sobre o fundo castanho escuro do dorso. É uma serpente da família Viperidae, que chega a medir 1,70 m, ágil, perigosa e muito vene-nosa. Sua mordida pode matar um adulto de 70 kg em duas horas. Da mesma família da jararaca, da cascavel e da surucucu, vive em campos cerrados, banhados, brejos e campos cultivados nas regiões do Centro-Oeste e no Sul do Brasil. alimenta-se exclusivamente de pequenos roedores e a incubação dos ovos é processada no interior do organismo da fêmea, dando à luz entre dezesseis e vinte filhotes formados.

mamífero da mesma família dos tatus e dos tamanduás, esse lindo bichinho que dá vonta-de de abraçar tem em seus dedos poderosas garras. Com seu metabolismo lento, tem movi-mentos vagarosos, daí seu nome. São solitá-rios e vivem na copa das árvores alimentando-se das folhas.

Bicho-preguiça

Cobra Urutu

É um crustáceo encontrado na costa leste dos Estados Unidos e em todo o litoral brasileiro. Vive em tocas feitas na areia acima da linha da maré alta, cavando e retirando a areia do buraco com suas pin-ças. Sua coloração branca amarelada se confunde com a cor da areia, mas sua camuflagem é o mime-tismo, que o ajuda a afastar seus predadores. ali-menta-se de micro-organismos marinhos e consegue nadar por ter patas traseiras achatadas em forma de remos. a presença de maria-farinha na areia é um indício de que a praia é limpa e despoluída.

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Os saguis são criaturas estritamente selva-gens, portanto não devem ser mantidas como animais de estimação. Os maiores atingem uma média de 20 cm e os menores medem em torno de 11 cm; são conhecidos como sagui- leãozinho. Normalmente, habitam as matas da américa Cen-tral e do Sul. Das 35 espécies identificadas, 25 vivem em território brasileiro.Fonte: www.infoescola.com

O Tupinambir merianae é o maior lagarto do Brasil com até 2 m de comprimento. Esse réptil foi descrito no livro História Naturalis Brasilar, em 1648. Vive em áreas abertas de cerrado e matas, exceto a floresta amazô-nica. Espécie diurna, costuma encontrar suas presas com a ajuda de sua língua comprida e bífida. É um predador oportunista que consome vegetais, artrópo-des, vertebrados e carniças. No período de outubro a dezembro, coloca de treze a trinta ovos, que são incu-bados por noventa dias. Quando se sente ameaçado, fica imóvel, tentando se camuflar no ambiente, ou foge fazendo muito barulho.

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Lagarto Teiú

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“o ouriço-do-mar é um equinoderme, tal como as es-trelas-do-mar e os pepinos-do-mar. Alimenta-se de outros invertebrados e de algas que raspa das rochas com os seus cinco dentes, localizados na superfície inferior do corpo. Esses dentes formam um bico e estão unidos num sistema de ossículos e músculos bastante complexo, de-nominado Lanterna de Aristóteles. Não tem olhos, mas o corpo está coberto por células sensíveis à luz. (Assim que detecta luz se cobre com conchas, pequenas pedras e algas.) Apesar de não parecer, estes animais movem-se com a ajuda de pés ambulacrários. o seu esqueleto duro e coberto de espinhos não é suficiente para protegê-los de alguns caranguejos, estrelas-do-mar e peixes.” Fonte: http://www.oceanario.pt

“possui diversos nomes populares regionais: “aratu vermelho”, “aratu vermelho-preto”, aratu do mangue”, “maria-mulata”, “carapinha”, “es-pia-moça”, “túnica”, “anajá”, “bonitinho” etc. Ver-sátil, ocupa praticamente todos os micro-hábitats do mangue, desde o solo lamoso e arenoso entre raízes e troncos das árvores do manguezal, até as próprias árvores, sendo considerado semiar-borícola. Não constróitocas, e invade as habita-ções de outros caranguejos no solo.” Fonte: www.planetainvertebrados.com.br

Caranguejo Maria mulata

Ouriço

Meio Ambiente

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robalo, cioba, carapeva, boninha micholi, pescada, bi-cuda pequena, cambucú e bojú.

Alguns peixes da costa encontrados facilmente

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os Tupinambás chamavam as moreias de Cara-muru, por ser um animal de corpo cilíndrico e com-prido. Não possui escamas, mas para a proteção de sua pele excreta um muco tóxico. Na parte de cima de seu corpo tem uma nadadeira que se ini-cia no dorso e termina na extremidade da cauda. É solitária e caça à noite. Alimenta-se de crustáceos, peixes e polvos. Vive nos recifes ou embaixo de ro-chas, com a cabeça para fora e de boca aberta com os dentes à mostra, assustando assim qualquer in-divíduo indesejado. Não são agressivas, mas não tente fazer um carinho, pois ela pode confundir seu dedo com um tentáculo de polvo, e aí...

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pertencente à classe dos equinodermos, é carnívora. Apesar de seu corpo ser duro e rígido, pode dobrar e girar. É conhecida como animal voraz e predador. Apresenta co-res vivas e brilhantes, como vermelho, azul ou laranja.

Estrela-do-mar

Costões rochosos são formações que invadem o ambiente marinho com rochas cristalinas e são sujei-tos à ação das ondas, de correntes e ventos, poden-do apresentar diferentes configurações. No Guarujá, temos exemplares dessas formações nas pontas da Ilha de Santo Amaro, que são: Armação, perequê, por-to, Andorinhas, Astúrias, Galhetas, Monduba ou Bata-lhão, Rosa, Grossa, Barra, piraquara e Fortaleza.

costões rochosos e Promontórios

Animal mamífero roedor, também conhecido como serelepe e caxinguelê, alimenta-se de insetos e frutas. Quando coleta alimentos, enterra algumas sementes que encontra, e algumas chegam a germinar.

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Para entendermos a localização geográfica dos mor-ros do Guarujá, descreveremos o “dragão”, como é co-nhecido o formato da Ilha de Santo Amaro.

Na cabeça do dragão, temos os morros Icanhema, ou Ponta Rasa, da Barra, dos Limões, do Pinto e do Monduba. Essa formação é um excelente abrigo, hoje tombado, que protege a fauna local, pois é isolado por trechos de mangue.

O corpo do dragão é formado pela Serra de Santo Amaro e começa na av. Puglisi, na altura do viaduto, e se-gue até o começo da praia de Perequê. Correndo parale-lamente, teremos nesse percurso à beira-mar os morros da Campina (Maluf), do Stéfano (no meio da Enseada), da Península, Sorocotuba, de Pernambuco, do Vigia.

Já no rabo do dragão, segue a Serra do Guararú, e também, correndo por fora, os morros do Peixe, do Ca-ção e da Armação.

O Morro da Campina, mais conhecido como Morro do Maluf, recebeu esse apelido devido à estranha figura do turco de nome Maluf, mora-dor de temporadas, que, no alto do morro, ar-mava sua enorme tenda e só descia vestido de marajá, para jogar no cassino. Quando ganhava no jogo, Maluf levava todos para sua tenda em intermináveis festas. Era chamado de “Príncipe das Arábias”. Quando perdeu toda a sua fortuna no jogo, o marajá sumiu misteriosamente.

O Morro da Campina

Morros

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Vegetação Morro do icanhema

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Bem em frente à praia de Pitangueiras, a apenas 200 m da costa, tem formação rochosa, é selvagem e com pouca vegetação. É também carinhosamente conhecida como Ilha do Tony, em homenagem ao sur-fista Tony Villela, que, em setembro de 2008, faleceu salvando outros surfistas de forte correnteza. Na maré baixa, é possível chegar à ilha a pé e desfrutar de uma piscina natural formada pelas rochas, mas com precaução, pois a maré pode subir a qualquer momento e pegar de surpresa os turistas desavisa-dos. Segundo relato de Antônio Mendes, Santos Du-mont, em visita ao Guarujá, percorreu o caminho da praia à ilha em charrete.

A história da Ilha das Palmas tem muita relação com o Porto de Santos. No final do século 19, o porto era conhecido como “Porto Maldito”, devido às inúmeras doenças, principalmente a febre amarela, dado o precá-rio saneamento básico da época. As grandes empresas de navegação tinham muito medo de que sua tripulação se contagiasse com tais doenças. Então, foi proposto à cidade que se instalasse um lazareto (na realidade, “lazareto” vem do bíblico Lázaro, significando um local para isolamento de doentes, porém aqui recebe o sen-tido contrário, ou seja, quarentena para os sãos), para abrigar os marinheiros. Na realidade, a cidade clamava pela construção do lazareto na Praia do Góes, pois, pe-los estudos feitos, era a que tinha melhor qualidade de ar, mas ele foi realmente erguido na Ilha das Palmas.

Clube de Pesca de SantosIdealizado pelo Sr. Sebastião Arantes Nogueira, o

Clube de Pesca de Santos foi fundado em 1934. No ano seguinte, Arantes arrendou a Ilha das Palmas de uma empresa alemã por três anos, mas, em 1938, o Clube comprou a Ilha sob a presidência de Norberto Paiva Magalhães. Essa compra incluía não só a Ilha, mas também o Sítio Canhema, num montante de mil libras esterlinas. Com muita disposição, os sócios iam de barca aos finais de semana para ajudarem nas

Ilha das Palmas

Ilha Pompeba

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obras de infraestrutura, carregando pedras e todos os materiais necessários; eram chamados de “Pelo-tão de Frente”. Para poderem pagar esse montante em libras, os sócios fizeram a Campanha da Libra Esterlina, idealizada por Leônidas Carvalhais, o que deu certo, pois, na época da campanha, a libra estava em baixa. Conseguiram todo o dinheiro e quitaram as parcelas ainda por vencer. Com o sucesso dessa campanha, vieram outras como a da “Água” para cap-tação e a da “Luz”. Atualmente, o Clube de Pesca é uma referência por suas festas concorridas, como a de São Pedro e o Réveillon. Nessas ocasiões, a noite fica repleta de barcas levando os convidados, ilumi-nando toda a costa das praias de Fortaleza, Góes, Sangava e Limão. Um espetáculo lindo de se ver e também único para se participar.

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Vista das praias de Pitangueiras, Astúrias e Tombo, essa ilha é um ponto de referência para as embarcações que vêm para o Porto de Santos. Por incrível que pareça, essa ilha tem tal nome por causa de seu formato de mo-ela de galinha! Possui 266 mil m², com altura de 100 m. Em seu ponto culminante, em 1830 foi construído o Farol da Moela, em uma torre de 10 m de altura, o primeiro do litoral do Estado de São Paulo. Movido a óleo de ba-leia, hoje trabalha com gerador a diesel. A ilha também conta com uma estação meteorológica, cujos dados são repassados ao Centro de Hidrografia da Marinha do Rio de Janeiro. Próxima à ilha está a ilhota Aleluia.

A ilha de formação rochosa, com densa vegetação, está a 800 m da costa e a 15 minutos de barco a remo, entre as praias de Guaiúba e Monduba. Tem 800 m² e engloba as ilhotas de pedra conhecidas como Careca e Pau a Pino. Área particular e residência do zelador da família Mo-raes. Do alto da ilha, é possível avistar a praia do Guaiúba e o Forte dos Andradas. Ótima para a prática de mergulho.

Localizada entre as praias do Pinheiro e Camburizi-nho, tem acesso por barco em passagem estreita. É formada por rochas, com algumas árvores e vegeta-ção rasteira e em área de mar agitado.

Ainda temos as ilhas da Praia Grande, situada em frente à praia de São Pedro; a Rasa, entre as praias de Pinheiros e Camburi; a do Guará, bem diante da praia de Camburi, e a da Prainha, próxima à praia Preta.

Os caiçaras também a chamam de Ilhote. Peque-no monte rochoso visto acima do mar, com pouca vegetação e à frente da praia do Perequê, é traiço-eiro para os barqueiros que se aventuram a chegar muito perto da ilha por esconder pedras que podem danificar seriamente suas embarcações.

Localizada bem próxima às praias do Mar Casa-do e de Pernambuco, é uma ilha de médio porte, com vegetação preservada. A maré baixa define o caminho que pode ser percorrido a pé por águas rasas e calmas. Ao chegar à ilha, é preciso escalar as pedras e alcançar uma trilha que leva ao topo do morro e desfrutar de panoramas deslumbrantes, tendo como horizonte toda a extensão da praia do Mar Casado e a praia de Pernambuco, a Ilha do Ar-voredo, casas luxuosas à beira-mar, a Serra do Mar e o Oceano Atlântico.

Ilha do Mar Casado Ilha do Moela

Ilha do Mato

Ilha Rasa

Ilha do Perequê

Próxima ao final da praia da Enseada, é muito pro-curada por praticantes de esportes náuticos e tam-bém por profissionais de pesca esportiva de anzol que buscam principalmente os robalos-flecha que aparecem nas redondezas da ilha entre os meses de março a novembro. A ilha é rústica, de formação ro-chosa, com muitos coqueiros e vegetação rasteira.

Ilha das Cabras

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Às vezes, a vida tem dessas coisas. Por exemplo, encontrar em uma estante de um sebo um livro que nada diz inicialmente, mas depois que você o abre e começa a ler viaja em cada folha de uma história fan-tástica. Esse que caiu em nossas mãos é desse gêne-ro: O Senhor da Ilha Fernando Lee, de Elaine Saboya. E o mais genial de tudo é que não é uma história de ficção, e sim da vida de um engenhoso mestre do en-cantado, Sr. Fernando Lee.

Sua descendência: Harry Lee, tataravô, general na Guerra da Independência contra a Inglaterra, que in-

Ilha dos Arvoredosgressou na Universidade de Princeton ao 13 anos de idade; Robert Lee, seu tio-bisavô, general-comandante das tropas sulistas na Guerra da Secessão dos EUA; Henry Lee, seu bisavô, decepcionado pela derrota do sul, emigrou para Ilha de Saint Thomaz; Thomaz Lee, seu avô, teve William, seu pai, que foi para Nova York e de lá foi transferido para o Brasil em 1898, onde fundou a empresa Lee & Vilela, casou-se com Maria Eugênia Araújo Braga e teve Fernando Lee, em 1903. Aqui no Brasil, os negócios da família iam bem até a crise de 1930. Fernando diz que não herdou nada, ape-nas dívidas, mas o legado de seu pai foi tê-lo enviado à Pensilvânia para cursar Engenharia Mecânica na Uni-versidade de Lafayette em Easton. Em 1929, casou-se com Maria de Rezende Lee.

Fernando foi um combatente na Revolução de 1932. Em Ourinhos, quando recebeu a patente de major, sua genialidade fez com que construísse um canhão usan-do rodas de um Ford velho, um eixo de vagão, aros de locomotiva da Sorocabana e aço de caldeira. Em uma das várias passagens dessa revolução, o General Klin-ger mandou uma ordem: dinamitar a ponte sobre o rio Paranapanema para conter as forças do Sul. Fernando pensou e decidiu: em vez de explodir a obra, melhor eletrificá-la. Magnífica saída.

Após a Segunda Guerra Mundial, Lee, a pedido do comando norte-americano, foi à Alemanha organizar o comércio com o ocidente e também com o Brasil e,

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Floresta da ilha

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por isso, recebeu a condecoração do Governo Alemão pelos prestigiosos trabalhos feitos em seu país.

Evitou que três fábricas norte-americanas fechas-sem durante a guerra e foi homenageado com um ban-quete no Waldorf Astoria.

Sua criatividade chegou ao auge nos negócios e no uso de sua imaginação, que mostrou a todos que a força de vontade faz verdadeiros milagres. Era um tipo de pessoa cosmopolita, para quem o mundo era um lu-gar de fácil acesso e sua entrada, seja em qual esfera fosse, estava sempre disponível. Em 1950, conseguiu o aforamento, por 100 anos, da Ilha dos Arvoredos, situada a 1.500 metros da Praia de Pernambuco.

Chamada de Shangri-lee, por sua esposa, Fernan-do chegou a cometer os mais altos desatinos para construir o que se pode nomear de “Alice no País das Maravilhas”. Nos Estados Unidos, era chamado Fernando Robinson Crusoé Lee. Alguns detalhes das construções: o primeiro é que, para se chegar à ilha, só em uma gaiola suspensa por um pássaro de cimen-to chamado Fênix; a energia vinha do vento, do sol e da luz, concretizando um projeto que garantiu a Lee o prêmio internacional Rolex de Iniciativa, em 1981; a adega foi escavada nas rochas e contém ventiladores que montou lá fora para captar só os ventos sul e leste (os únicos ventos frios no Brasil), a fim de manter em boa temperatura as garrafas de vinho; uma gruta ne-gra, “onde mora o dragão”, e as rochas onde, segundo a lenda, havia ouro de pirata; um açude de 2,5 milhões de litros de água doce, com peixes de rio, ninfeias da Flórida es coqueiros da Malásia; campo de pouso para três helicópteros; 150 pés de mamão, maracujá e caju; tanques para os banhos de beija-flores e peque-nos túneis onde os peixes se escondem dos pássaros; 18 viveiros de garnisés da Inglaterra; pombas da Ásia,

Fundada em 1984, sem fins lucrativos nem vin-culações políticas ou religiosas, tem o objetivo de manter, administrar e preservar a Ilha dos Arvore-dos, bem como promover e divulgar as pesquisas científicas de energia solar e eólica, estudos ocea-nográficos, biologia marinha, ecologia e outras pes-quisas científicas e tecnológicas.

Fundação Fernando Lee

jacutingas e mutuns; e mais um monte de detalhes interessantes que não cabem em poucas páginas.

Em 1953, salvou dezoito náufragos alemães. Visi-tada por cientistas ilustres: Martin Calvin, prêmio Nobel de Química, Paul Bente, Reginald Vachon, Diana Lee e os brasileiros José Goldenberg e Evaldo Inosoja, além do vice-presidente da República, Aureliano Chaves, e de Cra-wford Greenwalt, um dos dezoito inventores da bomba atômica. Há elogios de amigos e cientistas em portu-guês, inglês, chinês, alemão, e várias outras línguas.

Fernando dava palestras aos astronautas da NASA. Assistiu ao lançamento da nave espacial Challenger, cujo amigo Richard Scobee estava a bordo e faleceu no lamentável incidente da explosão da nave.

Ah, ele queria vaga-lumes para iluminar a ilha, então colocou um anúncio no jornal para que as pessoas lhe trouxessem o inseto e ainda explicava como capturá-los. A criançada ficou maluca com isso.

O que Lee pensava? “A Natureza me empolga. Na fragrância de suas flores, no bálsamo de seus aromas, no descampado de suas distâncias, na transparente profundidade do azul dos seus mares e dos seus céus, percebo e reconheço a pulsação rítmica, serena e pu-jante da harmonia universal.” Esse ilustre brasileiro nos deixou em agosto de 1994.

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Relógio-solar

Fernando Lee

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Praia Cheira-LimãoMuito graciosa. Localizada entre as praias do

Góes e a do Sangava e com apenas 20 m de com-primento, é a menor praia do Guarujá. Águas cla-ras, calmas e areia coberta de conchas dos mais variados tamanhos, formas e cores fazem desse cantinho uma pintura viva. Tem esse nome por es-tar em uma pequena enseada no sopé do Morro do Limão. Completamente isolada por paredões rochosos, só os mais experientes conseguem acessá-la por trilha pela praia do Góes. É também muito visitada por praticantes de canoa havaiana e caiaque que, ao chegarem, podem desfrutar da beleza intocada, observando as raízes aéreas das árvores caindo sobre as pedras, ver os navios en-trando no canal do porto, borboletas coloridas e ouvir os sons do mar e da mata.

Praias

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Praia para os mais aventureiros. Isolada, deserta, emoldurada por morros com vegetação nativa em sua extensão de 400 m e aberta ao Oceano Atlântico, é de difícil acesso. A trilha que sai do bairro Santa Cruz dos Navegantes é longa e solitária. Por mar, a existência de rochas próximas à orla dificulta a aproximação das em-barcações e é preciso nadar para chegar à praia com segurança. Recebeu esse nome porque, no passado, foi residência de um oficial da Marinha aposentado. As águas são cristalinas e, para os amantes da pesca, um paraíso. É possível encontrar garoupas, olho-de-boi, sar-go-de-dente, porquinho e cobras, muitas cobras, como a jararaca e a caninana. A empreitada vale a pena: é um lugar sossegado, com uma vista incrível.

Praia Saco do Major

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Para visitar essa praia de águas claras, com 120 m de comprimento, é necessária uma autori-zação do Exército, por estar em área militar.

Praia do Bueno

Santa Cruz dos Navegantes

Localizada ao lado da Fortaleza da Barra Grande e em frente ao canal de Santos, a praia do Góes é um lo-cal de moradores pescadores. Com 250 metros, suas areias claras são cheias de conchas. Para chegar até lá, pode-se ir de barco ou pela trilha da Fortaleza.

Praia do Góes

Essa praia tem importância histórica na cidade. Redu-to inicial dos primeiros colonizadores, hoje é uma colônia com alguns caiçaras. Está entre os rios Icanhema e do Meio. Também é o local para se chegar até a Fortaleza da Barra Grande. Uma curiosidade era a corrida de pipas (to-néis) de água que a criançada fazia. Como só havia água na bica que se localizava na ponta, os moradores eram obrigados a carregá-la por um percurso grande. Depois, em 1953, por meio de Dona Mariquinha, o vilarejo rece-beu seu chafariz em um ponto central. Segundo morado-res antigos, essa praia tinha o apelido de “Pouca Farinha” por causa do primeiro morador solitário que, quando ia a Santos comprar mantimentos no armazém, levava pouca quantidade, pois era só. Então, o dono do armazém e seus amigos o apelidaram de “Pouca Farinha”, e assim a praia passou a ser conhecida pelo mesmo apelido.

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Praia do MondubaAntes da construção do Forte dos Andradas, essa

praia era um sítio em um lugar paradisíaco com 400 m de extensão de areias finas e banhada por um mar azul translúcido. Hoje, essa praia pertence à área do Forte dos Andradas e sua visitação só é permitida mediante autorização do Comando Sudeste. A visita é interes-sante, pois é monitorada. Além da praia, podemos co-nhecer a instalações modernas dessa fortificação.

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100 m de puro charme e sofisticação. Essa praia encantadora está encravada no meio dos rochedos e para acessá-la é preciso percorrer 40 m por uma escadaria rústica e íngreme de 110 degraus, ornada pela mata nativa, muitos coqueiros e bromélias. Praia de tombo com correnteza, uma pequena faixa de areia, águas limpas e claras no tom azul esverdeado formam um visual de tirar o fôlego. Por ter boa visibi-lidade, é possível fazer um mergulho, chegar a 10 m de profundidade e observar a vida marinha. Visitantes habituais da praia são as tartarugas, os ouriços, as arraias e os siris. Em um barzinho aconchegante, com mesas dispostas à beira-mar, o turista poderá se de-liciar com porções de peixe e bebidas bem refrescan-tes. Lugar paradisíaco para quem ama a natureza.

Praia do éden

Antigamente, era chamada de praia das Laranjei-ras por ser um sítio onde Dona Maria Malta cultiva-va laranjas. Infelizmente, uma praga destruiu toda a plantação. Assim, Dona Maria providenciou outra espécie, a pitanga, e recomeçou seu trabalho. Pro-vavelmente ela teve sucesso, pois a praia hoje rece-be o nome da árvore: Pitangueiras. O que vale dizer aqui é que essa é a praia mais agitada do Guarujá, com shopping, lojas, cinemas, restaurantes, um co-mércio bonito e variado. A praia tem 1.800 metros de comprimento e suas águas são claras e com uma linda vista para a ilha do Pompeba.

Pitangueiras

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Praias

Apenas 700 m de extensão e um pequeno rio que deságua no mar fazem dessa praia um pequeno pa-raíso isolado e ainda desconhecido. Rica em Mata Atlântica, com águas claras e uma estreita faixa de areia fofa, só se chega lá pela trilha que vem da Prai-nha Branca ou da Praia Preta. Quer se esconder? Aqui é um bom lugar para fugir de tudo e descansar ao som do mar.

Praia do Camburi

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Praia do GuaiubaCom cerca de 720 m de extensão, cercada por uma

floresta nativa bem preservada, essa praia, que em tu-pi-guarani significa enseada ou lagoa amarela, é ideal para famílias desfrutarem o dia com muito sossego. Com toda a infraestrutura necessária, como policia-mento, banheiros públicos, salva-vidas e quiosques que servem porções bem caprichadas, os turistas são bem recebidos. Praia com larga faixa de areia de tom amarelado, sem correnteza, águas limpas e tranquilas com ondas pequenas, é excelente para banho e, por ter águas bem calmas, é boa para pesca e mergulho. Nos meses de julho a setembro, o mar fica agitado com boas ondas para a prática do surfe. Depois de nadar e comer, ainda se pode descansar à sombra generosa dos chapéus-de-sol que foram plantados há décadas. Chegar a essa praia é muito fácil, tanto de carro como de ônibus que saem da av. Ademar de Barros.

A pequena praia da Reserva Ecológica do Mor-ro do Sorocotuba é uma área de preservação am-biental da Mata Atlântica, com acesso restrito. Em tupi-guarani “sorocotuba” vem de soroc – buraco ou fenda – e tuba – criador. No canto esquerdo da praia, as casas foram construídas sobre palafitas para driblar a maré alta. Uma dádiva da natureza para quem pode desfrutá-la.

Praia do Sorocotuba

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Também conhecida como Praia de Fora, é restrita aos visitantes por ser uma área militar. Praia pequena, com 50 m de comprimento, águas claras e calmas e, na maré alta, a faixa de areia desaparece.

Praia do Moisés ou de Fora

Em tupi-guarani “alagado”, “empraiado”. Pe-quena praia escondida, de areia fofa e grossa, com declive acentuado, banhada por um mar cal-mo de águas verde-esmeralda, piscinas naturais na maré alta, cercada de pedras, vegetação nativa e uma caverna submersa com corais e peixes. É frequentada por praticantes de esportes náuticos, que fazem do local uma parada obrigatória, ideal para mergulho e pesca esportiva submarina. O acesso difícil é feito por uma trilha pelo Morro do Limão, com saída da praia do Góes ou pelo mar. O esforço recompensa. Pelo caminho, é possível avistar aves como garças, gaivotas e albatrozes e, no mar, tartarugas, peixes e cavalos-marinhos, e admirar a orla de Santos e São Vicente. Por ser rústica e sem infraestrutura, o ideal é passar o dia desfrutando dessa incrível beleza.

Praia do Sangava

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Essa praia com areia coberta de conchas natural-mente trituradas pela ação do mar nos seus 150 m de extensão revela uma agradável surpresa. Locali-zada na Serra do Guararú, tem acesso limitado por número de visitantes. O caminho que leva à praia é muito bem cuidado, com piso, jardim gramado, pal-meiras ladeando o córrego e portaria. A vista dessa enseada é maravilhosa; mar calmo com águas crista-linas, cercada por morro verdejante e muitas pedras, luxuosas casas à beira-mar e uma piscina natural formada no refluxo da maré. É ideal para passar o dia, mas é preciso levar água e lanches porque não é permitida a venda de alimentos por ambulantes.

Praia das Conchas

Praia do Sangava

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Praia de São PedroExtensa, com 1.290 m de comprimento, águas

límpidas, areia branca e mar agitado com corren-teza, está localizada em área de preservação am-biental, na Serra do Guararú. Possui um estaciona-mento muito bem estruturado restrito a 93 carros, com vagas demarcadas, muitas árvores, ducha de água doce, banheiro e serviço de segurança. Do topo do morro, já é possível admirar a paisagem desconcertante dessa praia belíssima e o caminho deslumbrante, que é percorrido em meio à Mata Atlântica com muitas árvores nativas e palmeiras. No mar, arraias, tartarugas e peixes são vistos com frequência. É necessário levar o que for consumir, pois não é permitido comércio de alimentos. É mui-to frequentada por surfistas por ter ondas perfeitas para a prática deste esporte.

Praia TaguaibaTambém conhecida por Pinheiro, tem 700 m de ex-

tensão, areia clara e fina, batida e mar muito agitado e perigoso. Cercada por um morro rochoso, com mata fechada de vegetação nativa que abriga diferentes espécies de pássaros, como papagaios, tucanos e gaviões, além de alguns lagartos, saruês e cobras, é um refúgio para os surfistas que disputam boas on-das em ambiente tranquilo e familiar. Localizada na Serra do Guararú em reserva ambiental, tem acesso controlado e estacionamento com banheiro e ducha, para apenas 30 carros. A portaria abre às 8h30 e os visitantes podem permanecer na praia até as 17 ho-ras. Outro acesso por trilha pode ser percorrido desde a praia do Iporanga, com 20 minutos de caminhada pelas pedras. Chegar cedo é garantia para passar um dia muito agradável em meio à natureza intocada.

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Naufrágio do navio Príncipe de Astúrias “Segundo alguns dados, foi o maior naufrágio brasi-

leiro e o que mais despertou histórias tocantes. Numa noite tempestuosa de carnaval, passageiros da primeira classe que se haviam deliciado festejando Momo, dor-miam cansados esperando o próximo baile. Era o dia 5 de março de 1916, às quatro horas da manhã, quando se escutou o estrondo do choque contra rochas. Corre-

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Essa praia era chamada de Guarujá, tanto é que os moradores da praia de Nossa Senhora dos Navegantes dizem que vão até o “Guarujá” para fazer compras, ir ao cabeleireiro etc. O nome “Astúrias” surgiu quando dois tripulantes resgatados do navio naufragado em Ilhabela, o Príncipe de Astúrias, vieram para cá e montaram um restaurante com o mesmo nome do navio.

Hoje, é uma das praias mais badaladas e frequenta-das do Guarujá, com seus 1.100 metros de comprimento e encravada entre a Ponta das Galhetas e o Morro Piquiu, onde está o famoso Edifício Sobre as Ondas. Além de um banho de sol, passear à noite no calçadão e depois ob-servar os pescadores amadores da Ponta das Galhetas e seus anzóis coloridos e, de vez em quando, observar uma tartaruga se alimentando no costão é muito prazero-so. Ou mesmo conversar com um pescador com anos de vida dedicados ao mar, e poder ver as embarcações ali fundeadas, esperando por mais um dia de labuta.

Praia das Astúrias

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ria e desespero se misturavam aos clarões dos raios que caíam no mar e em menos de 5 minutos todos os resquícios de música, festa e todo o prazer tinham ido literalmente por água abaixo. Era o paquete espanhol de nome Príncipe de Astúrias que, com toda a sua ma-jestade, submergia em águas brasileiras, mais precisa-mente na Ponta da Pirabura no Arquipélago de Ilhabela”. Fonte: Cidade & Cultura – Ilhabela. ABCD Cultural.

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Acessada apenas por trilha, é a última praia, já na di-visa com Bertioga. Reduto caiçara, ainda guarda o estilo desse povo que um dia dominou toda a cidade. É reple-ta de vida selvagem e de pássaros de toda ordem. Seu nome reflete a cor de suas areias branquinhas.

“Os fundadores do vilarejo da Praia Branca foram José Neto e Bárbara Ingraça. Os resquícios da memória dos moradores mais antigos apontam esse casal como os primeiros moradores da vila, isto por volta de 1830. As outras pessoas que fizeram arte do início do povoamen-to desse vilarejo, como Narciso Lemos e Domingos de Barros, estabeleceram moradia definitiva na Vila dos Pes-cadores em 1910. Os filhos e os netos desses pioneiros geraram a comunidade que habita e preserva essa bela paisagem. Hoje, a Prainha Branca possui cerca de 350 habitantes, sendo 90% descendentes dos primeiros mo-radores. A comunidade ainda preserva costumes e tradi-ções dos caiçaras mais antigos, como as festas, a convi-vência e a construção de casas em meio à vegetação.” Fonte: Sociedade Amigos da Prainha Branca.

Praia Branca

Com 500 m de extensão, a praia do Mar Casa-do está localizada ao lado da praia de Pernambuco e em frente ao Morro do Mar Casado. Recebe esse nome porque, quando a maré está alta, as águas se juntam com as águas da praia de Pernambuco. Já na maré baixa, ocorre o fenômeno denominado tômbolo, quando um banco de areia liga a ilha ao continente. Nessa ocasião, o banhista pode percorrer a pé a faixa de areia até a Ilha do Mar Casado, mas é preciso ficar atento à maré, pois se ela subir você ficará ilhado.

Praia do Mar Casado

Praia do iporangaEscondida pela montanha, em um luxuoso condomí-

nio de casas cinematográficas salpicadas nas encostas, estão os 800 m de extensão da praia do Iporanga que, em tupi-guarani, significa “rio” (y) e “bonito” (poranga). Ao descer as escadarias pela Mata Atlântica, ouvindo o canto de diversos pássaros, é comum avistar macacos, esquilos e bichos-preguiça que circulam entre as árvo-res com muita graça e curiosidade. Antes de colocar o pé na areia, uma placa de boas-vindas aos visitantes, com algumas recomendações, reflete o cuidado dos administradores com a preservação da natureza. As calçadas da orla são ornamentadas com lírios e bromé-lias e os coqueiros na areia garantem merecida som-bra. O mar, com muitas lanchas ancoradas, é calmo, com águas muito limpas, ideal para banhos e mergulho. Mas o maior encanto fica na margem do lado esquerdo dessa enseada: uma cachoeira de águas frias desce a montanha e forma uma piscina sobre pedras antes de chegar ao mar. O restaurante local só é frequentado pelos moradores do condomínio e seus convidados, por isso é necessário levar o que for consumir. O acesso de visitantes é controlado na portaria.

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São 5.600 metros de praia e muita atividade. Uma praia perfeita para a família toda, com ótima infraestru-tura de quiosques. Sua areia é fina e o mar calmo, po-rém com correntezas, então é sempre bom ficar alerta. Bares, restaurantes e o maior número de pousadas e hotéis completam a paisagem. Na orla, as mansões à beira-mar são de fazer cair o queixo, tamanha a beleza das formas de cada uma delas.

Família OliveiraTípica família caiçara, cujas lembranças remontam a

meados do século 19. Nossa equipe teve o prazer de conhecer detalhes de um tempo de grandes dificulda-des, porém maravilhoso. Conversamos com Francisca Cândida Oliveira de Souza, nascida pelas mãos da par-teira Dolores, em 1950, e que nos relatou a vida de sua família e de sua infância, na Praia da Enseada.

Seu bisavô, Sr. José Rosa de Oliveira, era faroleiro da Ilha da Moela. José era casado com a Sra. Delmira, sua

Enseada prima, pois era costume os parentes se casarem. Pos-suíam muitas terras, inclusive na Rodovia Rio-Santos. Mas a vida na Ilha da Moela era muito difícil e solitária. Quando vinham para a Enseada, seu meio de transporte era a canoa de voga. Para Delmira ter seus filhos, era obrigada a vir com dias de antecedência para receber auxílio. Conseguimos fotografar uma carta datada de 31 de outubro de 1883, escrita por José, que relata os mantimentos que ainda estavam armazenados no farol para o Capitão do Porto de Santos.

O pai de Francisca, Sr. José Avelino de Oliveira, fun-cionário do Porto de Santos, foi convidado a trabalhar como marinheiro e caseiro de Chiquinho Matarazzo, so-brinho do Conde Matarazzo, que construiu uma casa – que ainda está de pé – para ele e sua família morarem. Foi nessa casa que Francisca nasceu. Ela nos conta que as construções à beira-mar eram do Sr. Paulo Siciliano e dos Matarazzo, que construíram apenas um barracão só para os barcos em um terreno que ia do morro até a praia. Nesse terreno, havia a olaria da família paulista-na que sua bisavó lhes havia vendido. Francisca lembra

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com carinho das festas que o Sr. Pau-lo Siciliano fazia. Tanto os Matarazzo como os Siciliano vinham para pescar, sem luxos. Paulo Siciliano sempre fazia festas ao lado da atual Capela de São Paulo. Nessa época, havia a pesca da tainha com rede e os homens conse-guiram em um só dia pescar 9 mil uni-dades. Eram tantas que muitas foram enterradas na areia. Eles as pendura-vam em varais de bambu para secar e depois salgar.

Já seu pai Avelino era um aventureiro. Até atuou no filme O Caiçara, em 1950, da saudosa Companhia Cine-matográfica Vera Cruz. Ele era o marinheiro que levava os barcos até a Ilha Monte de Trigo. Certa vez, na Se-gunda Guerra Mundial, Avelino montou uma galena para ouvir as notícias e um camarada achou o aparelho es-tranho. Desconfiado, chamou a polícia, que apreendeu o equipamento e o acusou de espião alemão. Foi difícil explicar, mas no fim deu tudo certo. Também tinha a fun-ção de prender os “marginais” quando havia festa, e ele participava para manter a ordem. Era o “xerife” da En-seada. Mas não havia crime nenhum; só havia alguns que bebiam a mais. Naquele período, houve apenas um assassinato e foi algo tão gritante, tão chocante, que o bandido sumiu.

A vida era sacrificada pelas distâncias que todos ti-nham que percorrer para ir à escola, fazer compras, ir ao médico (este só quando as ervas medicinais não davam conta), ou seja, tudo era distante, pois o caminho para ir ao “Guarujá” era feito pela praia e depois por uma trilha no Morro da Campina (Maluf); o resto era só mata fecha-da. A praia era recoberta pelo jundu e havia paca, cotia, gambá, veado, porco-do-mato, esquilo, cobra caninana, cobra-cipó, jararaca, Joãobolão, abricó, araçá, cambucá, jambo, caju, manga, goiaba branca, vermelha e cabe-ça-de-nego, jabuticaba, abacaxi, coco de babaçu, coco

tucum e jacutinga, além das nascentes nos morros que formavam córregos que desaguavam no mar.

A mãe de Francisca, Sra. Maria de Oli-veira, era catarinense. Não gostou quan-do chegou de navio, pois Florianópolis já tinha uma infraestrutura. Ficou um tempo e depois voltou, mas o pai de Francisca não se conformou e foi até Santa Catarina para trazê-la de volta para se casarem.

Outra dificuldade era com as compras. O dono do ar-mazém em Santos concordou que, se Maria arrumasse mais duas pessoas, ele levaria os mantimentos até lá para compensar o frete. Vinha na balsa antiga e de ca-minhão, um verdadeiro off-road. Apesar de morarem em frente ao mar, um problema sofrido era a água potável, pois as que subiam dos poços eram salobras. Desse modo, eram obrigados a subir o Morro das Tartarugas e depois descer pelo costão rochoso onde havia nascente e voltar, sabe-se lá como, trazendo a água.

As histórias dessa família reúnem acontecimentos de forte impacto, como foi o caso do naufrágio do navio Charrua Carioca, que desbravou todo o nosso litoral e também o litoral africano, palco de orgulho, mas tam-bém de momentos tristes como o cativeiro de escravos. Após muitas viagens, em 1856, sob o comando do Ca-pitão-Tenente Antônio Miguel Pestana, em um trajeto in-feliz ao passar entre a Ilha de Santo Amaro e a Ilha das Cabras, levou a pique sua embarcação composta de 82 tripulantes e cinco passageiros dos quais apenas 34 sobreviveram. A família Oliveira testemunhou e ajudou no resgate dos corpos das vítimas. Na praia, na altura do hoje Casa Grande Hotel, foi construída a Capela de Santa Cruz, na qual foi enterrado o Capitão. E são mui-tas as histórias incríveis que ainda poderíamos contar de um passado não muito distante, do qual apenas nos resta a saudade de um tempo que não volta mais.

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carta do faroleiro José Rosa de Oliveira ao Porto de Santos de 1883

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Em tupi-guarani, piralke – perequê significa “entrada de peixe para desova ou alimentação”. Inicialmente, uma vila isolada do restante da ilha por sua localização geo-gráfica distante 13 km do centro, a Vila do Perequê era constituída por famílias caiçaras vindas de várias partes do litoral norte do Estado de São Paulo, além de parana-enses e catarinenses (“os catarina” como os locais cha-mavam esses “forasteiros”). Sua formação, com 2.400 m de comprimento e o Rio do Peixe no lado direito da praia, fizeram desse lugar um santuário para a pesca de peixes e para a catação de siris e caranguejos, dada a formação de manguezal no interior da vila.

Os moradores antigos conseguiam sobreviver da ven-da de banana, lenha, e peixes no mercado de Santos. Para ir vender seus produtos, utilizavam barcos e cano-as, dando a volta pelo canal de Bertioga até chegar ao Mercado Municipal de Santos. Fora as casas caiçaras, existiam uma usina de açúcar, uma igreja e uma olaria. A vida era calma e cheia de música e danças. Com a abun-dância de pescado, principalmente o camarão, os caiça-ras conseguiram aprimorar suas técnicas pesqueiras e se profissionalizaram, conseguindo barcos maiores.

Conversamos com Ricardo Itano, nascido de parteira nessa praia, que narrou os acontecimentos desse reduto caiçara desde a vinda de seus avós para cá em 1936. Naquela época, só havia três famílias.Era o período pós-Revolução Constitucionalista de 1932, quando os imigran-tes japoneses ainda não eram bem aceitos. Apesar de seus avós serem de família tradicional pescadora do porto de Kagawa, no Japão, ao chegarem ao Brasil tiveram que trabalhar por dois anos nas lavouras de Jundiaí, no interior paulista, pois assim regia o contrato. Findo o prazo, seu avô, Jitaro Itano, foi morar em Ilhabela onde introduziu o sistema de pesca de cerco flutuante, sistema esse que

Praia do Perequê foi difundido em todo o litoral sul fluminense e no litoral paulista. Jitano, que era descendente de samurais da épo-ca feudal, foi tido como um justiceiro e, por esta razão, precisou sair do Japão, tendo que adotar o sobrenome de sua esposa. Quando chegaram ao Perequê, a pesca se de-senvolveu, pois o peixe era farto. Na época, ainda usavam o salgamento dos peixes, devido à falta de eletricidade. Faziam um varal e um tablado de bambu e deixavam o pei-xe 24 horas em salmoura, depois o expunham ao sol por três dias e, depois isso, guardavam o pescado em sacos de algodão para eliminar o resto de umidade.

Com o advento dos geradores, em 1968, montaram grandes câmaras frigoríficas e levavam seu produto até Santos. A vida era difícil, havia apenas uma trilha, mas melhorou quando a estrada chegou, em 1976. O pai de Itano seguiu na pesca de camarões com o barco Novo Oceano. Teciam a rede na mão, feita de fios de algodão. A vida de pescador sempre foi dura devido às condições da natureza. Um exemplo é quando o mar fica repleto de águas-vivas no verão e é necessário pescar de madruga-da, pois, como ela vive na superfície para fazer a fotos-síntese, acaba entupindo os poros das redes. Além do camarão-sete-barbas, existe a pesca da pescada-branca, do cação, da corvina, do linguado, do peixe-espada e da pescada-cambucu.

Hoje, Ricardo Itano é antes de tudo um pescador, mas também é Conselheiro Nacional da Pesca Brasileira, tra-balhando na legislação pesqueira, no zoneamento eco-lógico de planejamento e na defesa dos pescadores. O que lamenta é a falta do jovem pescador por ser uma vida muito sofrida. Perequê é uma das maiores comunidades tradicionais pesqueiras do Estado de São Paulo, com 200 embarcações registradas e 150 pescadores vivendo da pesca artesanal.

A praia é também referência na culinária especializa-da em peixes e frutos do mar da região.

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Segundo pesquisas da Universidade de São Pau-lo – USP , o Homem de Maratuá é possivelmente o mais antigo já encontrado no Estado de São Paulo, e os sambaquis de Maratuá, Mar Casado e Buracão são um retrato dessa época, que data de 8.000 a.C. Foram encontrados agulhas e ossos humanos total-mente destroçados, o que significa que provavelmen-te o Homem de Maratuá era antropófago, além de praticar a pesca e a caça de pequenos mamíferos.

A família de Ricardo Itano (vide Praia do Perequê) instalou-se primeiramente nessa praia com seu sis-tema de pesca de cerco. No canto direito da praia, ainda vemos o muro de pedras, construído para esse tipo de pesca, principalmente a da tainha, a qual só pode ser pescada quando se avista o cardume.

Praia de Pernambuco Na década de 1940, a área que compreende a praia de Pernambuco pertencia à família Pra-do, em um sítio de nome Pernambuco com uma área de 134 alqueires, comprada de Lafayette Branco Coelho. Esse sítio era tão grande que ia até o Rio do Peixe na praia do Perequê. Nessa mesma década, os Prado, começaram a lotear as terras e ficaram com o canto direito da praia de Pernambuco, em frente ao Mar Casado, onde construíram um local agradável para receber os amigos. O lugar era tão bonito e encantador que Marjory Prado fundou o Hotel Jequitimar,. Muitos hóspedes ilustres passaram ali dias memoráveis. Tornou-se também uma galeria de arte, abrigando obras de autores como Tomie Otake e Di Caval-canti, entre outros.

“Rústica” e “selvagem” são os dois adjetivos certos para essa praia de apenas 200 m de ex-tensão. Pequeníssima, porém linda. Cercada pela Mata Atlântica e com mar forte, chega-se a ela por trilha que sai da Praia Branca ou por barco.

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Há muitos anos, essa praia era cercada por pés de abricó e foi palco de tristes acontecimentos históricos. Para termos uma ideia, em 1883, o número de escra-vos na cidade era maior do que o número de colonos livres. Segundo moradores antigos de Guarujá, os es-cravos vindos em navios negreiros aportavam perto da praia do Guaiúba e seguiam a pé até a praia do Tombo. Os cativos, enfraquecidos pelo longo trajeto do navio e as dificuldades da trilha, tombavam nessa praia por falta de forças, então os traficantes os matavam para que não houvesse dúvidas de que os negros estavam fingindo. Por isso a palavra “tombo” deu origem ao nome dessa praia. Mas, se formos analisar as condi-ções geológicas do lugar, percebemos imediatamente que é uma praia típica de tombo (vide boxe).

Em 1886, houve uma grande imigração de estran-geiros, que instalaram arrozais, bananais e destilarias em toda a Ilha de Santo Amaro, e aqui estabeleceram-se os alemães que mantinham sítios com cabras, ca-valos, porcos e também plantavam.

Dos escravos e dos alemães, o que se tem hoje é um exemplo premiado de conservação dos seus 856 metros de praia e respeito à natureza, pois essa é a única praia brasileira a ter, desde 2010, a Bandeira Azul, um prêmio dado ao cumprimento de 32 critérios de segurança, balneabilidade, informação e educação. Entre o Morro da Caixa d’Água e o Forte dos Andra-das, o que se vê é qualidade para os banhistas, com muita informação, cestos de coleta seletiva, guarda-vidas, vagas para idosos e rampas para cadeirantes,

Praia do Tombo bebedouro com água potável etc. A Bandeira Azul é dada pela Organização Não Governamental Foundation for Environmental Education (FEE), a qual atesta a sus-tentabilidade de praias e marinas mundo afora. Os res-ponsáveis por todos esses cuidados são o Núcleo de Informação e Educação Ambiental da Praia do Tombo e do poder público.

“São aquelas que possuem relevo do fundo com grande inclinação, aumentando a profundidade abruptamente logo após a zona de varrido. A arre-bentação é quase ausente, podendo eventualmen-te aumentar o tamanho das ondas, mas a quebra da onda ocorre sempre na zona de varrido. A areia é composta de grãos mais grossos. Possui, logo após a face da praia, um degrau bem acentuado, chamado de berma, seguido de um declive muito mais acentuado ainda. A menos de um metro da zona de varrido, a profundidade é suficiente para encobrir uma pessoa adulta. Na pós-praia, as cúspides praiais são bem nítidas. Possuem correntezas de retorno fracas, mas que são acentuadas próximas a costeiras. Os riscos a que ela expõe o banhista são a profundidade, que aumenta abruptamente, e as ondas, que são predominantemente do tipo mergulhante (caixote), que, dependendo de sua potência no dia, podem atingir o banhista com força a arrastá-lo para o fundo, ainda que ele esteja na zona de varrido. São ausentes as valas e os bancos de areia.”Fonte: www.polmil.sp.gov.br/unidades

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Em um espaço de 5.775 m², com mais de 1 milhão e 400 mil litros de água, está construído um dos maiores centros de exposição de animais, principalmente aquáti-cos, da América do Sul. Se você for um apaixonado pela vida marinha, não há melhor lugar para se visitar. E não é só para os adultos: as crianças também poderão par-ticipar de uma viagem ao mundo de Netuno, com mo-nitoramento. Esse complexo foi montado com a função primordial de educação ambiental, para que todos pudes-sem entender a fragilidade do ecossistema marinho, o que é demonstrado com a criação de espaços de vivên-cia de forma agradável e lúdica. São 49 espaços divi-didos em água doce, salgada, aquaterrários e terrários. Não é possível especificar a atração principal, pois em todas há algo de especial, coloridos magníficos e formas transversas. De pinguins a cobras, passamos por tuba-rões, formação de corais e jacarés. No tanque intitulado “Oceano”, temos uma das raras oportunidades de ob-servar cardumes fazendo as coreografias que só vemos em filmes e documentários. Ou seja, é imperdível. Tudo isso em ambientes que reproduzem fielmente o hábitat de cada espécie. Todos os animais expostos aqui são de reprodução em cativeiro ou recebidos por doação. Há um laboratório para pesquisas e veterinários que, além de cuidarem do plantel, reabilitam algumas espécies para que voltem ao seu hábitat natural. Onde: av. Miguel Stéfano, 2001 – Enseada.

Veja a seguir uma relação de algumas espécies encon-tradas nesse santuário de aprendizado:

pode chegar a até 4 m de comprimento e pesar 500 kg. A fêmea põe em média trinta ovos por vez e são maiores do que os machos. Durante o dia, descansam no fundo do mar ou em grutas. São ativos durante a noite e se alimentam da maioria dos peixes e crustáceos que encontra ao seu re-dor. Vive ao longo da costa do Oceano Atlântico.

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Tem 200 espécies e a nossa é a maior de todas. Com 2 metros, alimenta-se de insetos e frutas. Vive na Mata Atlântica. E essa linda donzela que hoje mora no Acqua Mundo chama-se Rita.

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“são répteis nativos dos desertos rochosos do nor-te da Índia e do Paquistão, atingem tamanho médio de 20 cm a 25 cm, e peso até os 100 g, sendo que os machos são ligeiramente maiores do que as fêmeas. Têm hábitos noturnos, e se alimentam de insetos que caçam com grande destreza.”Fonte: www.terrario.org

“(...) atinge cerca de 6 kg e 80 cm de comprimento e briga como os peixes grandes. O corpo tem formato losangular e é fortemente comprimido. Está provido de uma poderosa nadadeira caudal furcada, que confere à espécie força e grande rapidez... seu hábitat preferido são as zonas de arrebentação de praias arenosas, du-ras e de tombo, conhecidas como zonas de surfe. Pode também ser encontrado em costões e lajes, assim como em praias entremeadas por rochas, sempre próximo a áreas com ondas ou correnteza. É nessas regiões que os pequenos cardumes aguardam, ávidos, a chegada da próxima onda, que revira o fundo e expõe os animais que fazem parte da sua dieta. Pampos consomem boa varie-dade de itens alimentares como crustáceos (tatuís, siris, caranguejos, camarões etc.), moluscos (...).” Fonte: http://revistapescaecompanhia.uol.com.br

“É uma serpente de médio ou grande porte, não peçonhenta, da família Boidae. É uma cobra muito pacífica e extremamente lenta. Pode demorar até 1 hora para percorrer uma distância de 500 metros. Apesar de várias lendas citarem jiboias imensas, essa espécie geralmente não ultrapassa os 4 me-tros de comprimento. seu peso pode atingir os 40 kg. Essa serpente habita as Américas do sul e Central, principalmente na Floresta Amazônica e nas florestas da Costa Rica. Nessas regiões existem por volta de 11 subespécies de jiboia. No Brasil é encontrada, além de na Amazônia, na Mata Atlântica, no cerrado, nas restingas, na caatinga e nos mangues.”Fonte: www.infoescola.com

Jiboia

Gecko-leopardo

Pampo

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Confundido facilmente com corais e pedras, medindo até 60 cm, é extremamente venenoso e capaz de matar um ser humano. Pode viver até um dia sem estar no mar, ou seja, um peixe com muita resistência. Encontra-do nos oceanos Pacífico e Índico, alimenta-se de peque-nos peixes e crustáceos.

Peixe-pedra

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Bragança Paulista 91

TEIXEIRA

Muita ação e variedade em

aventuras

Esportes

Voo LivreBoas correntes de vento e vista paradisíaca são um convite para os amantes

desse esporte. Os melhores pontos de voo identificados pelos mais experien-tes indicam o Pico das Galhetas, com descida na Praia do Tombo, e o preferido, o Morro do Maluf, por ter infraestrutura adequada e com melhores condições de vento. A prática do voo livre se intensificou na década de 1990 e, após a aprovação de lei municipal, foi concretizado o Clube de Voo Livre do Guarujá, em julho de 2010, certificado pela Associação Brasileira de Voo Livre, garantin-do autonomia para organizar eventos e instruir interessados na arte de voar.

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Surfe

Esportes

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Segundo Otaviano Taiu Bueno, surfista considerado o pai do big surf brasileiro, a cidade do Guarujá é um reduto para os surfistas do Estado de São Paulo intei-ro, pela qualidade e a constância das ondas. Desde os anos 1960, essa prática vem se desenvolvendo cada vez mais por meio da contribuição de famosos prati-cantes: Paulo Tendas, Olavo Rolim, Carlos Barsotti, Ro-berto Alves, Sérgio Gaidão, Tinguinha e Neno Mattos.

Já nos anos 1970, os fabricantes das pranchas Ja-ckola, com formato havaiano, Thyola e Johnny Rice (cali-forniano), fizeram da praia do Tombo sua residência por muitos anos. Nas águas da praia de Pernambuco, vá-rios ícones do surfe deixaram sua marca, como Picuruta Salazar e Almir Salazar. No Rabo do Dragão, as praias Branca e São Pedro foram invadidas pelo surfe e assim também o lado selvagem da Ilha de Santo Amaro.

Atualmente, a cidade tem dois campeões mundiais juniores, Adriano de Souza e Caio Ibelli. O Guarujá é uma cidade propícia à prática desse esporte, pois suas praias podem receber desde o iniciante até os veteranos. As melhores praias são: Enseada, Pitan-gueiras, Tombo, Pernambuco, São Pedro, Guaiúba, Branca, Preta e Camburizinho. Um espetáculo à parte é o surfe noturno, e isso pode acontecer com segu-rança no Canto do Maluf, na Praia de Pitangueiras, devido a sua iluminação.

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PirataAlcino Neto nasceu e vive entre ondas, areia e sol.

Desde os 8 anos de idade, começou no surfe e nunca parou, mesmo com os percalços que a vida lhe apre-sentou. Sinônimo de superação, força de vontade, de-terminação e, principalmente, amor ao esporte, Alcino driblou os obstáculos após um acidente grave, quan-do tinha apenas 15 anos, em função do qal perdeu a perna esquerda. Depois de seis meses, começou a fazer natação e, mais tarde, certamente voltou ao seu hábitat natural, ou seja, o mar. Muitas técnicas novas ele teve de elaborar para ter o equilíbrio necessário em sua prancha, porém, a determinação sempre falou mais alto e não teve dúvidas: sem condições finan-ceiras fez uma prótese de madeira (daí seu apelido), e seguiu com sua arte. Com os resultados obtidos e a segurança necessária, Pirata resolveu montar uma escola de surfe para deficientes físicos. E foi mais além das expectativas: em seu espaço, na praia de Pitangueiras, montou o Pirata Surf Club, um local mui-to interessante com peças históricas do surfe de Gua-rujá. Valeu o exemplo.

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Golfe

Esportes

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O golfe chega ao Brasil no final do século 19, por iniciativa de engenheiros ingleses e escoceses que construíam a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, a antiga São Paulo Railway. Eles convenceram monges bene-ditinos a ceder parte do terreno do Mosteiro de São Bento para a construção do primeiro campo de golfe do país, na região atualmente situada entre a Estação da Luz e o Rio Tietê. Devido à expansão da cidade em direção ao rio, em 1901 o campo teve de ser transfe-rido para o Morro dos Ingleses, próximo à confluência das avenidas Paulista e Brigadeiro Luiz Antônio, dando origem ao São Paulo Country Club, que teve o primeiro campeonato interno vencido por J. M. Stuart, em1903. A primeira entidade de golfe do Brasil foi a Associação Brasileira de Golfe, criada em 1958, no Rio de Janeiro. Atualmente, o Brasil tem aproximadamente 25 mil pra-ticantes, sendo quase 80% homens, e conta com 115 campos. O Guarujá Golf Clube, localizado na Praia de Pernambuco, oferece aos praticantes um campo plano, com onze buracos e saídas diferentes para a segunda volta, fairways estreitos (a parte central do campo, com relva bem aparada, onde a bola deverá aterrar), assim como armadilhas naturais que exigem perícia e preci-são dos golfistas. Os lagos artificiais em praticamente todos os buracos são um desafio à parte.Onde: Av. das Américas, 545 – Praia de Pernambuco

“Meu nome é kaio Nascimento dos Santos, nasci em 1997, comecei aos 5 anos a jogar golfe e gostei, porque é um esporte de muita concentração. Tenho mais de 90 troféus e já representei o Brasil na Bolívia. Só em 2013 fui campeão do Aberto do Guarujá, Campeão Ju-venil no Guarujá, Campeão em Ribeirão Preto, Lago Azul e Scratch do Guarujá”.

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Panorâmica Guarujá Golf clube

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Beach Tennis (Tênis de praia) prática: Guaiúba (2 redes), Astúrias (1 rede) e En-seada (3 redes). Diante do grande sucesso desse esporte foi montada a ABTG – Associação de Beach Tennis de Guaiúba, no “Point das Dunas”, com Os-mar Costa Júnior na presidência.Ele diz: “Nossa As-sociação foi iniciada em dezembro de 2011 e teve como principal objetivo trazer e fomentar o Beach Tennis em nossa região, com parcerias e apoio da Prefeitura. Porém, quando esta foi criada, já pen-samos em fazê-la com um estatuto que permitisse futuramente ampliá-la com projetos para a prática esportiva de crianças carentes e de trazer grandes eventos e torneios dessa modalidade para o nosso município, até mesmo como um incentivador do tu-rismo esportivo”. Osmar nos conta sua história den-tro do esporte: “Comecei a jogar quando montamos a Associação, em dezembro de 2011, e de lá para cá nunca mais parei. Antes, meu esporte era o surfe, mas depois que conheci o BT nunca mais entrei no mar; prefiro as areias e uma rede de BT. O mais legal desse esporte é que você pratica brincando e num clima bastante descontraído, do qual participa toda a família, pais jogam com os filhos, maridos com as esposas e os amigos de uma forma geral. A comuni-dade do BT é muito grande e está em quase todas as praias brasileiras. Nesses torneios fazemos amizades com jogadores de todo o Brasil e exterior. Digo sempre que é um esporte que praticamos nos divertindo e por isso não sentimos, e que fortalece os membros infe-riores devido à areia fofa, assim como os membros superiores, e é bastante aeróbico, queimando muitas calorias. Além disso, oferece uma maravilhosa integra-ção e cria amizade entre os praticantes”.

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Originário da cidade de Ravena, na Itália, chegou ao Brasil em 2008. Os primeiros jogadores eram os amantes de tênis e frescobol. No Guarujá, essa modalidade chegou em 2011, na praia do Tombo e depois na praia do Guaíúba. Com uma rede seme-lhante à do vôlei colocada a 1,70 m de altura, qua-dra demarcada por fitas, raquetes exclusivas feitas de grafite kevlin ou carbono, e bolas de tênis com menos compressão, temos tudo o que precisamos para a prática do esporte.

Vamos às regras: semelhantes ao tênis, princi-palmente na contagem dos pontos, os saques são dados sem vantagem, valendo a contagem no pri-meiro saque. Em caso de duplas mistas, necessa-riamente os saques devem ser feitos por baixo; já nas outras categorias o saque já pode ser dado como uma cortada. Algumas jogadas se asseme-lham também com o vôlei, onde vemos inclusive "peixinhos" dados pelos jogadores para buscar bo-las curtas próximas da rede. Podem se formar du-plas mistas, masculinas e femininas. O mais inte-ressante desse esporte é que pode ser jogado por pessoas de qualquer idade de 8 a 80 anos, sem distinção. Atualmente, o Guarujá tem cerca de 100 jogadores/praticantes, e uma boa parcela já partici-pou de torneios, como os Jogos Abertos de Santos, oTorneio da CBT – Trasmontano Guarujá, o Open de Porto Seguro e os Jogos Regionais de Mogi das Cruzes. No Torneio Aberto de Porto Seguro, foram cinco jogadores e Osmar Costa Jr. levou a taça de vice-campeão da categoria Master 50 +. Locais de

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Pesca SubmarinaAlexandre Yamaguchi, natural de São Paulo, aos 5

anos mudou-se com a família para o Guarujá, onde teve a oportunidade de praticar mergulho. Com mar de boa visibilidade e também bom para a pesca, tanto de caniço como a pesca submarina, o Perequê foi o local que também fez desse esporte seu ganha-pão, pes-cando de arpão e também na apneia (sem respirar). Com a proibição da venda do pescado por esse méto-do, passou a ministrar cursos e transmitir aos outros suas experiências. A pesca sub, feita da forma corre-ta, não agride o meio ambiente, respeita os limites de captura e não deixa nenhum resíduo. O Guarujá tem praias muito acessíveis para esse esporte, principal-mente as do Guaiúba, Pernambuco e Perequê, por saí-das da praia ou de barco. “Comecei a pescar bem cedo e cresci no esporte. Nas águas do Guarujá aprendi a me fortalecer como atleta. Não podendo ser mais pes-cador profissional, passei a fazê-lo da forma amado-ra. Comecei a participar de competições, me firmando várias vezes vice-campeão estadual, campeãopaulista em 2012, campeão da Copa São Paulo de Pesca Sub e, em 2013, conquistei o título de vice-campeão brasi-leiro pela CBPDS (Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos). Convocado a fazer parte da Seleção Brasileira de Pesca Sub, fui a Miami represen-tar o Brasil no Pan-americano ficando em 4° lugar na geral e em 1° na primeira etapa. No final das contas, eu devo muito às águas dessa cidade maravilhosa, que me acolheu e na qual vivo até hoje.”

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Bodyboard“Esporte em que o praticante desce a onda deitado

ou de joelhos numa prancha, que mede de 38” a 42”. Para auxílio da prática do desporto, utilizam-se pés de pato, que servem para auxiliar na entrada da onda e na execução de manobras.”Fonte: www.guaruja.sp.gov.br

Os melhores locais para se praticar bodyboard são as praias de Guaiúba, Tombo, Astúrias, Pitangueiras, Enseada, Pernambuco, São Pedro e Iporanga.

No Costão da Península, na Praia da Enseada, você encontra a oportunidade de pilotar os famo-sos jetskis com toda a infraestrutura necessária. No Canal de Bertioga estão as maiores garagens náuticas, espalhadas ao longo da estrada Guaru-já-Bertioga. E, se você quiser ir mais além, pode desfrutar de lindos lugares nas Ilhas de Pompe-ba e das Cabras.

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Motonáutica

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Trekking

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Palavra de origem sul-africana que significa seguir uma trilha. A palavra trek foi muito utilizada no início do século 19 pelos worktrekkers, os primeiros traba-lhadores holandeses que colonizaram a África do Sul e só dispunham da caminhada para se locomover pela região inóspita. Depois da invasão do território pelos ingleses, a palavra passou a ser empregada para as longas e difíceis caminhadas realizadas pelos explo-radores. A atividade nos remete a caminhar, trilhar, andar. A prática está subdividida em graus de dificul-dade, que vão de caminhadas leves em terrenos sua-ves e descampados, caminhadas médias em terrenos acidentados, mata e escalada a caminhadas difíceis em terrenos muito acidentados ou com mata fechada. Para aproveitar sua caminhada use roupas confortá-veis, calçados adequados e, na mochila, leve equipa-mentos que possam livrá-lo de situações difíceis como canivete, apito, cantil, estojo de primeiros socorros, lanterna, bússola, isqueiro, roupa extra, mapa, celular, comida extra e saco de lixo. No Guarujá, as caminha-das levam às praias menos concorridas da região, com inúmeras possibilidades para desfrutar desse esporte e conhecer lugares paradisíacos. D

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Trilha da Fortaleza de Santo Amaro da Barra GrandeO acesso, gratuito, é por meio da estrada do bairro

de Santa Cruz dos Navegantes, próximo ao Clube Salda-nha da Gama, no Guarujá. A trilha tem nível de dificulda-de leve e conduz os viajantes até a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Situada em frente ao estuário de Santos, é garantia de um passeio muito agradável, repleto de história e belezas naturais.

Trilha da Praia do ÉdenO acesso é pela Estrada do Pernambuco (Av. Marjory

da Silva Prado), por meio do portal do Condomínio Soro-cutuba, aonde se chega caminhando ou de carro até o topo do morro. Tem duração aproximada de 20 minutos, nível de dificuldade moderado e, descendo cerca de 40 metros por uma escadaria de pedra em meio à vegeta-ção, chega-se à Praia do Éden.

Trilha da Praia Preta e CamburíO acesso é pela Praia Branca, tem duração aproxi-

mada de 2 horas e o seu nível de dificuldade é alto, exigindo de seus praticantes um pouco mais de ener-gia. Porém, proporciona experiências inesquecíveis, já que durante toda a sua extensão a natureza que pode ser contemplada é praticamente intocada. A Praia Preta, com sua beleza singular, e a praia do Camburí, banhada de um lado pelo mar e do outro pelas águas do rio da Serra do Guararú, oferecem aos visitantes uma verda-deira visão do paraíso.

Trilha da Praia BrancaTem início no portal da Sociedade dos Amigos da

Prainha Branca, ao lado da travessia de balsas Guarujá-Bertioga, ao final da Rodovia Ariovaldo de Almeida Via-na (SP61), também conhecida como Rodovia Guarujá-Bertioga. Chamada também de Trilha Alta, com duração de aproximadamente 20 minutos, é um ótimo passeio, realizado por um caminho suave com calçamento de pe-dras, e oferece aos usuários facilidade de acesso e uma espetacular interação com a Mata Atlântica. Ao longo do percurso, podem ser observadas milhares de espécies de plantas, animais e, do seu ponto mais alto, a bela vista da ilha junto à praia, o cartão-postal do passeio.

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Trilha das RuínasAssim como a Trilha da Prainha Branca, inicia-se no

portal da Sociedade dos Amigos da Prainha Branca. É também conhecida como Trilha Baixa, tem duração de aproximadamente 40 minutos e nível de dificuldade moderado. Ao longo do trajeto, é possível observar as ruínas da Armação das Baleias, localizada à margem do canal de Bertioga e as ruínas da Ermida de Santo Antônio do Guaibê.

Trilha do CondeEssa trilha, de propriedade particular e administrada

pelo Instituto Litoral Verde, situa-se no km 14,5 da es-trada Guarujá- Bertioga, na Serra do Guararú. O acesso é feito por estrada também particular, do CEME (Centro de Estudos do Meio Ambiente). O local, em meio a um sítio arqueológico, além de reunir uma trilha ecológica belíssima e rodeada pela Mata Atlântica em toda a sua diversidade, permite a prática de esportes radicais como rapel e tirolesa, com segurança e muita emoção.

Caminho da igreja

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Esportes

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Stand Up PaddleO stand up paddle, mais conhecido como SUP, co-

meçou a ser praticado no Havaí no início do século 20, quando alguns nativos usavam as grandes pranchas de madeira para se locomover pelas ilhas carregando mantimentos e objetos com auxílio de um remo. Exis-tem outros relatos de que alguns nativos também já praticavam o SUP, com o objetivo de manter a forma e melhorar alguns atributos físicos. O stand up padd-le começou a tomar forma nas mãos de lendas como Duke Kahanamoku e seus Wakiki Beach Boys. Com a evolução do esporte ao longo dos anos, as pranchas foram ficando mais leves e adaptadas para a prática. Apesar de ser uma das modalidades do surfe mais an-tigas do mundo, o stand up paddle teve seu ''renasci-mento'' no início deste século, quando os havaianos Laird Hamilton e Dave Kalama passaram a praticar e divulgar o esporte. Por volta do ano 2000, o SUP come-çou a virar febre na terra do futebol, conquistando inú-meros adeptos. Na cidade do Guarujá, o SUP cresceu com a ajuda da G-Zero que em 2007, no início de suas atividade, forneceu várias pranchas de stand up paddle a preço de custo para várias escolas de surfe do Gua-rujá e do Brasil. O SUP pode ser praticado em qualquer lagoa, rio, represa ou praia, além de realizar passeios, travessias ou surfar. Não exige que o iniciante tenha grandes habilidades nem excelente condicionamento físico; é aconselhável apenas saber nadar, como me-dida óbvia de segurança. O SUP se divide em uma sé-

rie de modalidades que vão desde o simples passeio até deslizar em corredeiras, surfar e pescar. Por isso, não há limite de idade ou preparação física para quem quer começar. Já existem inclusive pranchas adapta-das para cadeirantes. Também pode ser utilizado para manter a forma e ter um excelente condicionamento fí-sico, praticado com frequência e de forma segura, pois é um exercício aeróbico e anaeróbico, dependendo da intensidade com que é praticado, porque trabalha co-ração, pulmões, ombros, peito, glúteos, panturrilhas e outros músculos.

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Kitesurf Os praticantes desse esporte fazem parecer tudo

muito fácil. Deslizam para cá e para lá, fazem mano-bras, voam, vêm próximo à praia, tudo isso como se es-tivessem apenas atravessando a rua. Mas não se en-gane. É necessário muita prática, perícia, muito treino

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O Guarujá possui uma completa estrutura para a pesca. Na praia do Perequê é fácil alu-gar barcos para a pesca em alto-mar com pilo-teiros, isca e gelo. Para quem curte pesca com molinete, existem dois locais interessantes: o Mirante da Gávea, na Praia de Pitangueiras, e a Ponta das Galhetas, na Praia de Astúrias. Ou-tro local bom de pescar é o Costão do Morro do Maluf. Já na Praia do Guaiúba a pesca pode ser feita diretamente na praia ou no Costão. No Canal de Bertioga você tem a oportunidade de locais apropriados para a pesca da tainha e do peixe-espada, além de camarão.

Pesca Amadora

e condicionamento físico para executar as manobras. O kitesurf, kite – pipa e surfe – navegar, foi inventado por dois irmãos franceses, em 1985. O equipamento é formado por uma prancha de surfe com suporte para os pés, uma pipa presa à cintura e uma barra que serve para o esportista direcionar a pipa impelida pelo vento. Todo esse balé aquático pode ser visto em praias aber-tas como Enseada, Pernambuco e Pitangueiras.

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Cultura Caiçara

que deu certoA mistura

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Pescaria canal de Bertioga

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O que é o caiçara? Caiçara é a miscigenação de portugueses com índios tupi-guarani, com caracterís-ticas específicas de costumes lito-râneos. O termo “caiçara” ocorre apenas nas regiões Sul e Sudeste do país. Apesar do choque cultural entre índios e portugueses – os primeiros, ainda nem conheciam o metal e os segundos já navegavam além-mar há muito tempo –, com o tempo as diferenças foram dimi-nuindo e comungando entre si. E é nessa comunhão e nessa troca de conhecimentos que se dá a re-alidade caiçara: a vida aliada aos poderes da natureza e à “tecnolo-gia” lusitana, infiltrada no dia a dia desse povo.

Ser caiçara é saber conviver com a mata fechada, as plantas “curadeiras”, os felinos à esprei-ta. É conhecer o melhor tronco para a melhor canoa, é saber con-viver com o mar, seus mistérios e seu temperamento, muitas vezes tempestivo, é saber tecer a rede, em suas tramas mais profundas, um dia após o outro. É se proteger dos raios, saber a hora de voltar para terra. É a luta constante da sobrevivência ao som das ondas estourando na praia. É a mistura da farinha com o camarão seco ou o peixe salgado. É o pirão da cabeça do pescado. É o vento en-trando de sul e arrastando o que tem para arrastar, é reconstruir o que foi levado e carregar no cora-ção a fé de um dia de sol.

Fabricação da canoa“Ainda hoje é tarefa de artista.

Usando de recursos primitivos e muita habilidade, o caiçara lavra a madeira formando superfícies in-crivelmente planas, de contornos retos e curvos, só com o auxílio

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do machado e da enxó (uma es-pécie de machadinho com lâmina transversal), pois não sabe usar o serrote, nem plainas e nem for-mão. Escolhida a árvore – não muito distante do rio, para facilitar o transporte do barro até a água –, o caiçara derruba e constrói a canoa numa pequena clareira ali mesmo, em plena mata. O dese-nho, ou “risco”, da embarcação é feito por um “mestre” que às ve-zes vem de longe só para isso. O desenho é muito importante para que a canoa não fique desequili-brada dentro da água. Depois de riscado o contorno, a tarefa é pas-sada ao próprio dono da canoa. Com um machado bem afiado, ele corta o miolo, que é picado em ca-vacos e gravetos. Então o caiçara põe fogo na madeira, formando dentro do tronco um braseiro, que é controlado com água para não

queimar além do necessário. De-pois que o fogo consome a maior parte da madeira, ficando só uma fina camada – mais fina junto às bordas e mais grossa no fundo, para dar estabilidade –, o caiçara usa a enxó para retirar as partes queimadas, ajustando a cavidade ao desenho riscado. Depois lavra e alisa toda a madeira para que não tenha saliências, lascas, far-pas perigosas. Finalmente chega o dia festivo do lançamento da canoa à água, o que é feito por mutirão, pois ela é muito pesada. Convidam-se vizinhos e amigos, abre-se uma picada até a beira do rio e a canoa é empurrada sobre roletes – pedaços de troncos roli-ços que são recolocados à frente conforme os de trás ficam livres. Tudo isso em clima de festa.”

Fonte: A Serra do Mar e a Baixada, Samuel M. Branco. Editora Moderna

Perequê

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Alambique

Cultura Caiçara

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Infância caiçaraConversamos com Helena Cris-

tina de Oliveira Freitas, atualmente com 60 anos, que nasceu e viveu até os 17 na praia do Góes. Ela nos conta que seu avô, Francisco Lopes de Oliveira, veio de Ubatu-ba para trabalhar na Cia. Docas de Santos. Pela empresa, morou na Usina de Itatinga, em Bertioga, foi para o bairro Monte Cabrão e depois se fixou na praia do Góes, onde criou seus filhos. Cristina fala que a vida era boa. À tarde, sua mãe, Conceição Helena, pe-dia a ela e aos seus irmãos para pegarem o guaiá nas pedras para a “mistura” do jantar. O guaiá é um crustáceo que vive entocado nas pedras e, para pegá-lo, amar-ra-se uma isca na ponta de uma vara e esta é colocada perto das rochas; depois assobia-se várias vezes e o animal sai da toca e pega a isca. É preciso tomar mui-to cuidado, pois suas pinças são poderosas e podem arrancar um dedo. Também pescavam de tar-rafa, que é feita com uma rede re-donda com pesos distribuídos ao redor; o pescador atira a rede que se abre antes de cair no mar, e para isso precisa ter a técnica do arremesso. Em seguida, ele puxa a rede com os pescados dentro. Para irem à escola, que ficava em Santos, atravessavam de canoa. Se o mar não estava em boas condições, iam a pé pelo costão rochoso da Fortaleza até a praia de Santa Cruz dos Navegantes e depois pegavam a barquinha. Era assim: em vez de carros, canoas. A praia ficava isolada do restante da Ilha de Santo Amaro, então,

Perequê

Perequê

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Cultura Caiçara

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se quisessem ir até Pitangueiras, por exemplo, tinham de atraves-sar até Santos e depois pegar a balsa para o Guarujá. Quando acontecia de alguém precisar de socorro médico, saíam de canoa remando até chegarem ao outro lado. E haja reza para que desse tempo! Bebiam água do poço e, na década de 1960, construíram uma caixa d’água. Hoje, Cristina é casada com o marinheiro José de Freitas e mora no bairro Caruara, em Santos.

A comida caiçaraMarisqueiro, Milton Joaquim San-

tana Filho, veio de Sergipe aos 15 anos de idade e trouxe consigo a tradição da cata do marisco que aprendeu com seu pai. Explicou-nos que existe uma grande diferen-ça entre o marisco que vive no mar e o que vive no mangue. O do mar carrega dentro de si muita areia, é maior e vive incrustado nas pedras; já o do mangue é mais limpo e vive enterrado na lama. Milton é perito em cata de marisco no mangue. Acorda às cinco horas da manhã, e vai munido de uma chave de fen-da em forma de gancho, um balde, camisa de manga comprida, calça comprida e óleo diesel para passar no rosto inteiro. Sim, óleo diesel, pois, se não for assim, será ataca-do por um enxame de mosquitos “polvinha”. Uma vida sofrida, pois a combinação óleo diesel com o sol escaldante do verão já fez com que sua pele descamasse profun-damente, deixando-o em carne viva por três vezes. Ele vende seu pro-duto cujo valor é medido em uma lata de 18 litros, cheia do molusco.

O maruim, nome em tupi que significa mosca pequena, ou o po-pularmente chamado mosquito polvinha, mede no máximo 2 mm, é endêmico na Mata Atlântica e nos manguezais e é encontrado em qualquer hábitat aquático ou semiaquático em todo o mundo. A postura de ovos ocorre em locais úmidos e ricos em matéria em decomposição. Os ovos eclodem entre dois a sete dias e as larvas se desenvolvem em três semanas; depois se enterram na lama ou na areia e se transformam em pupas. Tornam-se insetos adultos em três dias e apenas as fêmeas costumam picar. As picadas são ardidas e podem provocar reações alérgicas oriundas de proteínas e peptídeos presentes na saliva do inseto. Além disso, são trans-missores do vírus Orapuche, podendo causar a febre de Orapuche, uma doença com sintomas semelhantes aos da meningite, e der-matites graves. Também são transmissores potenciais de vírus para os animais, como o Akabane e o Blue Tangue, além de transportar diversos vírus e patógenos para mamíferos e aves silvestres.

Mosquito Pólvora

exímia pescadora

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Gastronomia

O que você quer comer?

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A premissa de que praia dá fome realmente é verdadeira. Fome, mui-ta fome após um dia de sol, praia, atividades intensas ou simplesmen-te sentado na cadeirinha, em uma boa roda de amigos, jogando con-

versa fora, ao som das ondas do mar. Quando a sensação de fome chega, está na hora de se prepa-rar para o verdadeiro tour gastro-nômico que essa cidade oferece, principalmente com seus pratos à

base de frutos do mar. Nada mais pitoresco do que sentar à mesa de um restaurante tendo como pano de fundo lanchas e pescadores, e saborear um marisco lambe-lambe servido no capricho. Ou então mer-

Vamos saborear?

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Peixe Scarpa - Pescada cambucu grelhada com molho de alcaparras na manteiga acompanhado de batata sotêrestaurante Dalmo Bárbaro

gulhe, não no mar dessa vez, mas em pratos coloridos, com varieda-des de peixes inacreditáveis e aro-mas irresistíveis em um dos tradi-cionais restaurantes. Vale muito a pena aqui fazer um parêntese e ressaltar as influências dos povos indígenas, dos portugueses e dos africanos que contribuíram, e mui-to, para a culinária brasileira. A con-tribuição indígena vem de antes da

colonização, pois viviam coletando plantas, animais da terra, do mar, dos rios, o mel e o sal. Este último vinha da vegetação e não do mar. Os índios queimavam os troncos das palmeiras até transformá-las em cinzas, que então eram fervi-das, para obter um sal de cor par-da. Os alimentos mais importantes para os índios eram produzidos pela terra: raízes, folhas, legumes

e frutas como abacaxi, jabuticaba, caju, goiaba, maracujá, mamão, la-ranja, limão, castanhas, mandioca, cará, amendoim. Quem não adora uma boa farofa feita da farinha de mandioca? Ou então uma boa por-ção de camarão, uma lagosta su-culenta ou ainda caranguejos? Dos portugueses herdamos o hábito dos temperos hoje tão tradicionais, como o alho, a cebola, o cominho,

Peixe na Telharestaurante il Faro

Salada de Palmito cru restaurante Joca

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Gastronomia

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o coentro, que valorizavam o uso do sal. Com a re-velação do açúcar aos índios e africanos, surgiram a goiabada e todos os doces de frutas tão apreciados na sobremesa. Dos africanos, desde o século 16, veio a popular banana, além de jaca, manga, arroz, cana-de-açúcar, coco, leite de coco, azeite de dendê, quia-bo, erva-doce, melancia, pimenta malagueta, cuscuz e pirão, ingredientes sempre presentes em nossas me-sas. O mar oferece tantas espécies comestíveis, de diversas formas e tamanhos, que às vezes assustam as pessoas que não estão acostumadas a saboreá-las. Os verdadeiros amantes de frutos do mar sabem que peixes, moluscos, crustáceos, lulas e polvos adquirem um sabor dos deuses quando são preparados por expe-rientes cozinheiros que se utilizam de simples ingredien-tes necessários somente para realçar o sabor de cada iguaria. Então, deixe-se levar por esse mundo misterio-so, deleite-se com sabores inovadores, aprimore seu pa-ladar e, através dessa alimentação saudável, verá que é possível visualizar e sentir as tradições de um povo que não precisam ser ditas, apenas experimentadas.

Café da Praça

Banana frita com canela e açúcar acompanhada de sorvete de creme - Restaurante do Joca

MM - Marisco Lambe-LambeRestaurante Joca

Peixe a Rufino'S - Robalo assado ao forno acompanha batata portuguesa, cebola, tomate e pimentão assados Rufino's Restaurante

Linguini com frutos do mar: massa grano duro com frutos do mar tomate fresco e cheiro verde tahiti Restaurante

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Base Aérea

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Núcleo da Base Aérea de Santos NUBAST

Apesar do nome, a Base Aérea está localizada no Distrito de Vicente de Carvalho, o qual pertence ao mu-nicípio de Guarujá. Possui uma pista de 1390 metros de comprimento e 45 metros de largura. Em 1919, o Ca-pitão-Tenente Aviador Naval Virgínius Brito de Lamare, que concretizou a ligação aérea entre a Capital Federal (Rio de Janeiro) e Santos pilotando sua aeronave Curtiss, tipo HS-2, não mediu esforços para a instalação de um Posto de Aviação Naval na região. Com recursos das esferas municipais, estaduais e federais, a Base começou com seis hidroplanos para o patrulhamento da costa, em 1922, no sítio Conceiçãozinha, sob o nome de Núcleo de Defesa Aérea do Litoral e do Porto de Santos. Po-rém, após estudos mais aprofunda-

dos do local, verificou-se que o solo exigiria uma enorme quantidade de aterro, portanto uma nova área foi escolhida para a construção, a Vila da Bocaina, junto ao canal de acesso à Bertioga, quando o Centro de Base de Aviação Naval foi inaugurado, no

ano de 1924. Sua estrutura era com-posta de: duas bases residenciais, um quartel para praças, um hangar, casa das armas, etc. Na época em que as grandes distâncias percorri-das por aeronaves eram um grande desafio, duas façanhas ficaram mar-

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Fachada da Núcleo de Base aérea de Santos - NuBaST

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É inacreditável as relíquias que podemos ver no Mu-seu que abriga inúmeras peças de Santos Dumont e outras tantas relacionadas à aviação cedidas ao es-paço pela Fundação Santos Dumont. Com várias sa-las dedicadas a temas importantes de nossa história, vislumbramos e entendemos a relevância da Aviação Brasileira, principalmente nessa região que foi palco da maioria das proezas aéreas nacionais.“Inventar é imaginar o que ninguém pensou; é acreditar no que ninguém jurou; é arriscar o que ninguém ousou; é realizar o que ninguém tentou. Inventar é transcender.” Santos Dumont

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Relíquias da História brasileira

cadas na história da Base Aérea. A primeira foi em 1927 com a chegada do Hidroavião Santa Maria, pilotado pelo “Ás” italiano Marques de Pine-do, concretizando a terceira travessia do Atlântico Sul. A segunda foi a che-gada do Hidroavião Jahú, comandado pelo aviador João Ribeiro de Barros e seus tripulantes, que também atra-vessaram o Atlântico em 1927. Em 1934, a Base acolheu o serviço de Correio Aéreo Naval, utilizando aviões Wacco-CSO. Já em 1935, seu nome mudou definitivamente para Base Aé-rea de Santos. No ano seguinte, nas dependências do local, foi fundado o Aeroclube de Santos para a formação de pilotos civis. Com o aumento signi-ficativo de aeronaves, fez-se neces-sária a construção de pistas secas com mil metros.

“...com a declaração do Estado de Guerra a 31 de agosto de 1942, foi determinada a mobilização geral

em todo o território brasileiro, ficando os militares na Base Aérea de San-tos, que recebiam instruções diretas do Comando da IV Zona Aérea, numa severa e constante vigilância, tanto em terra como no ar... Outras medi-das foram tomadas e de acordo com o item 2 do Aviso n° 163, de 1° de dezembro de 1942, passou a contar com a seguinte unidade de aviação: Esquadrilha Monomotor, Biposto. E ainda, de acordo com os efetivos, geral e das subunidades, aprovados pelo Aviso n° 163, a partir de 2 de ja-neiro de 1943, ficou constituída pelas

seguintes subunidades: a) Esquadri-lhas de Adestramento; b) Parque; c) Infantaria de Guarda; d) Esquadrilha Extra-Numerária; e) Seção Auxiliar.”

Com a tensão provocada pelo mo-mento, a Base Aérea ficou incumbida de patrulhamento desde Paranaguá até Ubatuba. Após esse período tru-culento, as pistas de pouso e decola-gem começam a receber aeronaves civis das empresas Real S.A., VASP, TAL, Cruzeiro do Sul e outras.

Outro destaque importante foi a implantação do Centro de Instru-ção e Emprego de Helicópteros, em

Manuel Carlos Prieto plastimodelista expõe

uma coleção de centenas de maquetes de todos os modelos, incluindo

modelos da Força Aérea Brasileira, Primeira e

Segunda guerras mundiais

Vista Base Aérea para Ferrovia sobre o Canal de Santos

Réplica do avião Demoiselle de Santos Dumont

Chapéu, óculos e luvas originais de Santos Dumont

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Base Aérea

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1967. O centro também contava com escola para oficiais especialistas em aviões e sargentos mecânicos. Uma das grandes finalidades era o de sal-vamento e de misericórdia, na época o único da América do Sul. Um dos fatos marcantes desse período foi o incêndio do Edifício Joelma. “Em 1° de fevereiro de 1974, por ocasião do incêndio ocorrido no Edifício Joelma, em São Paulo, o Major-Aviador Sér-gio R. Marquez, o 1° Tenente-Aviador Vanderlei Leão Taketani, o 2° Sar-gento Geraldo Matta e o 3° Sargento

O título Nossa Senhora de Loreto tem como referencial a cidade de Nazaré, na Palestina, onde viveu a Santíssima Virgem. A fim de proteger a Santa Casa de Nazaré de invasões, nas quais templos e monumentos eram violados e destruídos, o Senhor ordenou aos anjos que transportassem a casa pelos ares, em quatro transladações até o outeiro próximo a cidade de Recanati na Itália, onde permanece intacta até hoje, no interior do San-tuário de Loreto. O inexplicável fenômeno da fé, do milagre da “Casa Voadora”, sensibilizou os profissionais aviadores que se identificaram com a missão cumprida pelos anjos que transportaram, pelos ares, a carga tão preciosa e, em 1920, o Papa Bento XV a declarou Padroeira dos Aviadores. A imagem de Nossa Se-nhora de Loreto pode ser vista em vários aeroportos do mundo.

Nossa Senhora de Loreto

Oseas Telles Barreto, tripulantes do helicóptero UH-1D8537, participa-ram da missão de salvamento de vidas humanas no edifício em cha-mas, motivo pelo qual foram elogia-dos nominalmente pelo Comandante do IV COMAR.”

Quando da nossa visita, pudemos observar o respeito e a competên-cia daqueles que vivem em seus domínios. A Base Aérea de Santos sempre foi e sempre será motivo de orgulho para a região e principalmen-te para a cidade de Guarujá que a abriga desde a implantação de sua

Pedra Fundamental em 1922. É bom saber que temos aproximadamente 270 pessoas altamente treinadas e qualificadas dispostas a sempre aju-dar e defender a nós civis.

Fonte: Base Aérea de Santos, Tradição do Litoral

Bandeirante – José Muniz Júnior

Em 2006, o Esquadrão Gavião foi deslocado para a Base Aérea de Na-tal e a Base Aérea tornou-se o Núcleo da Base Aérea de Santos – NUBAST, com as missões de apoiar as unida-des militares em desdobramento ou em trânsito e preservar o patrimônio histórico da Base Aérea de Santos.

Lançamento da Pedra Fundamental Sítio da Conceiçãozinha 22 de outubro de 1922

Incêndio Edifício Joelma

“Com uma pista de 1.600 me-tros e capacidade de 17 voos diários, o Aeroporto Civil Metro-politano de Guarujá, será cons-truído em área cedida pelo Nú-cleo da Base Aérea de Santos. É uma conquista para toda a região da Baixada Santista que poderá contar com a vinda de 500mil passageiros por ano. Esse empreendimento absorve-rá cerca de mil empregos diretos e indiretos, incrementando ain-da mais os setores turísticos.” Fonte: Prefeitura Municipal de Guarujá

Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá

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O mar como avenida

Balsas, Barcas e Catraias

É bem interessante o meio de locomoção para sair ou entrar em uma ilha. Logicamente, com as rodovias e suas pontes milagro-sas, o transporte foi deveras faci-litado, porém, entre Guarujá, San-tos e Bertioga, existe um fluxo muito intenso de balsas, barcas e catraias. Se formos observar os dois ferry boats do Guarujá, os portinhos de Santa Cruz dos Navegantes e o da Praia do Góes, veremos um turbilhão de carros, bicicletas, motos e pedestres em um frenesi de idas e vindas. As balsas, mais confortáveis, são destinadas aos veículos. Os pe-destres contam com três tipos de embarcações que saem ao longo de sua margem para San-tos. As chamadas barquinhas do ferry boat, que saem da Avenida

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Adhemar de Barros e atracam no bairro da Ponta da Praia (San-tos), simplesmente não param.

Balsa Guarujá-Bertioga - Ferry Boat

Travessia de balsaentre Santos Guarujá

Catraias Guarujá-Santos Vicente de Carvalho

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José Tomaz dos Santos, natural de Alagoas, chegou à região na década de 1950 para tentar uma nova vida e aprendeu o ofício de catraieiro, de onde tirou o sustento de sua família, conseguindo formar seus três filhos. Durante trinta anos transportou pessoas e mercadorias entre as margens de Vicente de Carvalho e o Centro de Santos, inclusive o ilustre Adhemar de Barros, que só atravessava o canal na catraia do Seo Teté. Como a procura por esse transporte marítimo era intensa, porém demorada, Seo Teté teve a ideia de introduzir motores a diesel nas catraias para agilizar a travessia dos trabalhadores, passando também a rebocar as barcaças carregadas de banana, vindas das fazendas localizadas no Canal de Ber-tioga. Com o sócio, Dionísio Ferreira Conde, chegou a ter cinco catraias. O velho catraieiro sempre mostrou muito orgulho de sua profissão. Doente, fez sua última travessia em 29 de fevereiro de 2000, vindo a falecer em seguida, vítima de um derrame cerebral.

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Lendário “Seo Teté”

Mas nada é tão emocionante como a catraia que sai de Vicen-te de Carvalho e atraca no Mer-cado Municipal de Santos. Aí é uma loucura certa, pois aquela pequenina embarcação torna-se insignificante quando é obrigada a passar por baixo do Porto, na margem de Santos, e “rastejar” ao lado de gigantescas hélices

de navios mercantes, estacio-nados para carga ou descarga de mercadorias. Ah! Importante também saber se a maré está alta ou baixa, pois, se esta esti-ver alta, o passageiro da catraia terá que se abaixar ao adentrar o túnel do porto. Isso mesmo, pois esse túnel é minúsculo e tem o espaço exato para passar, uma grudada na outra, duas catraias, uma de ida e outra de volta. Arrisque-se, pois é exatamente isso que centenas de pessoas fazem todos os dias. Complicado também quando as barquinhas ou as catraias têm de parar no meio da travessia para esperar a passagem de um enorme navio, pois, segundo as leis marítimas, a embarcação menor tem de dar passagem à embarcação maior. Agora, se quiser maior conforto, temos as “barconas” da DERSA, com ar-condicionado e cadeiras confortáveis, que saem do mes-mo ponto e atracam na Alfândega em Santos, porém a travessia leva aproximadamente 20 minutos.

Barca Garujá-Santos - Ferry Boat

Barca Guarujá Santos Praia Nossa Senhora dos Navegantes

Travessia de balsaentre Santos Guarujá

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Dados estatísticos

Data de Fundação 02 de setembro de 1893

Gentílico guarujaense

Localização Geográfica Região Metropolitana da Baixada Santista Longitude: 46° 14” 32’ OLatitude: 23° 59” 18’ SAltitude: 4,27 metros

Cidades Limites Bertioga, Santos (área continental) e Ilha de São Vicente

Área Total143,454km²

Pessoas Residentes290.752 (censo 2010)

EstabelecimentosEmpresariais7.224 (censo 2010)

ClimaTropical

Rodovias de AcessoSP 61 – guarujá/BertiogaSP 55 – Rodovia Cônego Domênico Rangoni

Densidade Demográfica(habitantes/Km²)2.026 hab/km²

Total de Praias 25

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Gente da Terra

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Guarujaense

Orgulho de ser guarujaense

Frutos da terra

É com muito carinho e orgulho que venho aqui falar um pouquinho do que sinto pela minha ci-dade, Guarujá. Aqui nasci, cresci e moro. É o lu-gar onde sou professora, fui vereadora e estou prefeita, no segundo mandato.

Guarujá está localizada a 90 quilômetros de São Paulo e é conhecida internacionalmente como Pérola do Atlântico. Detentora das mais belas praias do litoral paulista, Guarujá tem 308 mil habitantes, mas chega a receber quase 1,5 milhão de turistas na alta temporada, nos apar-tamentos e casas de veraneios e mais de 9 mil leitos em hotéis, pousadas e resorts.

A qualidade de nossas praias é reconhecida mundialmente, tanto que conquistamos por quatro anos consecutivos o selo internacional de quali-dade ambiental e infraestrutura Bandeira Azul, na Praia do Tombo, e em 2013 na Marina Nacionais.

No entanto, nem só de verão vive o Guarujá. Com vocações turística, portuária, retroportuária, comercial, aeroportuária e esportiva, Guarujá vive um momento ímpar de sua história. Assinamos a outorga para a implantação, de fato, do nosso tão sonhado: o Aeroporto Civil Metropolitano; nosso comércio popular é pujante; o Porto de Guarujá movimenta cerca de 60% do total de cargas de todo o complexo portuário da Baixada Santista; e já recebemos a primeira empresa do pré-sal.

Agora, estamos preparando a nossa popula-ção, levando qualificação profissional, para que ocupe os novos postos de trabalho que irão surgir para viver este novo momento. Com isso, buscamos reduzir o abismo social que marcou a história da cidade e propor, já no presente, uma nova oportunidade de futuro, com uma socieda-de mais justa e fraterna, uma Guarujá com opor-tunidades para todos e todas.

A Pérola voltou a brilhar!

Maria Antonieta de BritoPrefeita de Guarujá

Quantos sonhos foram e são depositados nessa terra, fruto da busca de um lugar belo para se viver. Muitos caiçaras resistem bravamente pela sua cultu-ra e também aceitam a modernidade dos novos tem-pos. Foi-se a era das canoas, das picadas, do difícil acesso. Vieram as ruas asfaltadas, os supermerca-dos, o grande comércio. Mas o tempo não devorou a simplicidade das pequenas coisas e dos grandes prazeres. Navegar ainda é uma tradição e o mar é seu melhor companheiro.

Renata Weber Neiva

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GUARUJÁDiversidade cultural e qualidade de vida

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