Ha Diferenca Na Clinica Do Toxicomano1

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1 Há diferença na clínica do toxicômano? (psicanálise, toxicomanias, estrutura clínica, direção da cura) Durval Mazzei Nogueira Filho, Outubro 2000. Introdução Aquele sujeito que se apresenta no gabinete analítico, seja como demanda inicial – uso drogas e quero parar – seja como declaração não necessariamente articulada em demanda, mas a fala em associação livre revela que a dimensão adicta é presente, constitui ou não uma nova condição que requeira uma inovação no ato analítico? É o uso de drogas – notadamente, as drogas de efeito psíquico – um fator perturbador da ordem erógena que tornas as relações entre pulsão, gozo, prazer, desejo e ordem simbólica alteradas a ponto de obrigar a produção de um discurso específico a propósito deste sujeito? Haveria conseqüências para a direção da cura? E mesmo que não seja possível afirmar que exista uma estrutura toxicomaníaca? Há algo a mais. O relato das aventuras cotidianas do adicto inclui particularidades. A mais evidente e óbvia delas é a intromissão de um elemento que fulgura como um “a mais” para aquele sujeito. Mesmo quando este sujeito é um homem ou mulher atarefado com planos, projetos, obrigações laborais e cumpre contato social intenso e presença na vida familiar. Mesmo assim, há algo que destoa. Há algo que, mesmo sem necessariamente indicar um prejuízo em todas essas atividades,

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Falando sobre a clínica do toxicomano

Transcript of Ha Diferenca Na Clinica Do Toxicomano1

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    H diferena na clnica do toxicmano?

    (psicanlise, toxicomanias, estrutura clnica, direo da cura)

    Durval Mazzei Nogueira Filho, Outubro 2000.

    Introduo

    Aquele sujeito que se apresenta no gabinete analtico, seja como demanda

    inicial uso drogas e quero parar seja como declarao no necessariamente

    articulada em demanda, mas a fala em associao livre revela que a dimenso

    adicta presente, constitui ou no uma nova condio que requeira uma inovao

    no ato analtico? o uso de drogas notadamente, as drogas de efeito psquico

    um fator perturbador da ordem ergena que tornas as relaes entre pulso, gozo,

    prazer, desejo e ordem simblica alteradas a ponto de obrigar a produo de um

    discurso especfico a propsito deste sujeito? Haveria conseqncias para a

    direo da cura? E mesmo que no seja possvel afirmar que exista uma estrutura

    toxicomanaca?

    H algo a mais.

    O relato das aventuras cotidianas do adicto inclui particularidades. A mais

    evidente e bvia delas a intromisso de um elemento que fulgura como um a

    mais para aquele sujeito. Mesmo quando este sujeito um homem ou mulher

    atarefado com planos, projetos, obrigaes laborais e cumpre contato social

    intenso e presena na vida familiar. Mesmo assim, h algo que destoa. H algo

    que, mesmo sem necessariamente indicar um prejuzo em todas essas atividades,

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    corresponde a um momento privilegiado freqentemente aguardado sem

    obstculo. O momento em que se desvia de seus pares, se o local no

    apropriado, e se dirige a algum lugar privado e faz o encontro.

    Este encontro pode produzir, no retorno aos pares, a dissipao de alguma

    angstia, de alguma inibio ou simplesmente responder ao tdio, modorra,

    melancolia, ao mal estar. Em local apropriado, acompanhado de sujeitos de

    demanda similar, faz a presena da substncia ou aceita o que lhe oferecido. Os

    problemas do mundo, a infelicidade da condio humana, as dores do amor, o

    grande projeto, o grande poema parecem, inequivocamente, levados a cabo.

    Dissipam-se os problemas do mundo, a infelicidade permanece longe, as dores do

    amor perdem a consistncia. O projeto e o poema tomam forma. So escritos,

    efetivados e concludos na Imaginao. E como uma sombra atemorizante, pairam

    a vacuidade desta posio, com ares enganosos de verdade insubstituvel, e a

    indicao de que algo persiste lembrando que esta no uma resposta e,

    paradoxalmente, o gosto e o interesse pela repetio da experincia estabelece-

    se. Mais uma vez eu no fiz nada, mais uma vez furtou-me a ateno, mais

    uma vez atrasei-me, mais uma vez bati o carro, mais uma vez trepei sem

    saber.

    Enfim, a pregnncia ilusria do efeito da droga sagrada do que ela vale:

    nada. No obstante, uma marca fica. Uma marca de prazer. Uma marca de

    grandiosidade. Uma inteno de voltar ao encontro. Quem sabe da prxima vez

    d certo. Enfim, estabelece-se um dilema entre o nada epistmico resultante da

    experincia txica e a reminiscncia de prazer que tal experincia oferece. Esta

    reminiscncia, de to pregnante, tende a deslocar o nada, preenchendo-o com a

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    consistncia de uma vivncia onde prazer, palavras e atos, transcorridos durante o

    efeito, compelem ao reencontro.

    A suposio que este a mais, produto do encontro de um corpo com a

    droga, o unificador da clnica da toxicomania. Esta possibilidade de unidade,

    entretanto, no garante uma clnica una. A multiplicidade de manifestaes clara

    e evidente quando a droga participa da existncia de um sujeito.

    Assim, em um sujeito, como o descrito acima, no obrigatrio que se

    reconhea os elementos mais dramticos do uso de drogas. No est evidente a

    marca da inteira submisso droga. Os signos de intoxicao crnica, como

    descritos pela Psiquiatria, no esto presentes. O adicto pode passar como um

    neurtico. E o diagnstico do psicanalista desempenha aqui uma funo. Por

    vezes, apenas o devaneio onde nenhum obstculo oferecido ao uso da droga

    o sinal de que algo novo nas operaes de prazer do sujeito. Isto se revela

    quando a antecipao do encontro o grande acontecimento naquele dia ou

    semana e as outras atividades de prazer, lazer ou obrigao cercam-se de

    tons cada vez mais opacos.

    A hiptese aventada por esta via de pesquisa que a repetio desta

    experincia parece ser o elemento chave a introduzir o sujeito na escravido. No

    se faz uma negao das tentativas de psicanalistas e psiquiatras de procurarem e,

    supostamente, encontrarem um termo bem definido, preciso e estrutural, anterior

    ao de drogar-se, que promova o prosseguimento do uso como uma fatalidade.

    maneira de um autmaton espera da tiqu. A hiptese trabalhada que o

    estabelecimento da escravido, da dependncia, do sucumbir da letra e do corpo

    experincia, tido como um efeito da repetio. Da repetio do encontro com a

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    droga. E, o que determina tal insistncia julgado da ordem do impondervel. At

    que, de ato em ato, a carne e a letra que havia experimentado e repetem o prazer

    com a droga no mais pudessem dizer sim ou no. Um ato no mais calculado

    irrompe na cena da existncia. Trata-se repeti-lo. Se h prazer, bem estar, mal

    estar, dor, sofrimento no importa mais. A letra no dirige mais e a carne comea

    a revelar que no est bem. Episdios de confuso mental, manifestaes

    delusionais, diminuio na eficincia dos atos, menor interesse no trabalho,

    opacidade sexual. Os laos sociais cada vez mais limitados e arrumar a droga.

    Esta busca torna-se o exerccio supremo. No parece mais haver ali a funo de

    decidir. A obedincia ao encontro segue o modelo do instinto, instinto como

    oposio ao que pulso quer dizer. A droga toma o perfil de algo insubstituvel.

    Toma o perfil de um mediador tirnico de prazer.

    Assim, obedecendo hiptese, prope-se que, apesar da possibilidade de

    descrever dois sujeitos fenomenicamente muito distintos, um continuando a levar

    sua vida sem prejuzo aparente e outro prejudicado em muitas de suas

    atribuies, no so sujeitos necessariamente diferentes. Um no difere do outro

    em um detalhe, em uma experincia alucinatria original, em algum enlace

    especial do n edpico, em nenhuma fragilidade maior do ego e nem em uma

    disposio particular escrita no cido desoxirribonuclico. A suposio que o

    encontro, o prazer produzido e a repetio so os operadores que importam. No

    se trata de um destino a ser cumprido. Trata-se de uma condio do existir e no

    uma transferncia e deslocamento de valor inconsciente. No h como afirmar

    que o uso de drogas seja sustentado pela fantasia.

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    No entanto, considera-se que, justamente pela multiplicidade de

    apresentaes clnicas do toxicmano aliada dimenso social do fenmeno, h a

    possibilidade de chegar ao gabinete analtico um sujeito que articula a demanda

    pelo uso de drogas ou assim faz a famlia e os elementos sustentados pela

    fantasia so claros. Isto quer dizer: o uso de drogas pode, outrossim, representar

    um pedido de amor, um chamado de ateno ou qualquer outra situao que

    represente um sujeito para outro significante. No se considera esta referncia

    uma contradio. A droga tem uma penetrao intensa no discurso social e pode,

    efetivamente, ocupar lugares heterclitos como os descritos. Isto , sob o

    significante uso drogas e quero parar possvel reconhecer desde o sujeito

    envolvido com as drogas a ponto de apresentar prejuzos assemelhados psicose

    ou perverso at o jovem que faz da aproximao das drogas um pedido de

    amor. No obstante, no se considera prudente o psicanalista tomar esta ltima

    condio como menos importante. Pois, dada a hiptese, pela repetio deste

    encontro muito particular que se constri a toxicomania. E no , em absoluto,

    incompatvel com a presente proposio que a entrada do sujeito na trilha

    toxicomanaca possa responder a este ou quele conflito. Coloca-se em suspenso

    que este ou aquele conflito d sustentao continuidade do uso, de forma que

    sua elucidao acompanhada do final da toxicomania. A ltima concluso que

    posta em dvida.

    neste momento que a funo diagnstica do psicanalista reveste-se de

    importncia. Apesar de qualquer psicanalista saber que identificar um determinado

    perfil clnico, faz-lo existir e discriminar o que o diferencia , no final das contas,

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    um exerccio nosolgico. Classificar a ambio de qualquer cdigo ordinrio ou

    cientfico em representar o Real. E o Real teimoso. Impossvel.

    No obstante a teimosia do Real funo do psicanalista um clculo. Um

    clculo, se bem que com a mesma funo de diferenciar, plenamente distinto do

    clculo mdico. Afinal de contas, contrariamente ao estado habitual da Medicina, a

    Psicanlise nunca atribui ao sintoma, ao sofrimento, o estatuto de puro desprazer.

    Esta funo discriminadora reveste-se de primordial importncia se o sujeito est

    referido droga. Pois, a clnica do toxicmano permeada por situaes claras de

    intoxicao crnica, de episdios agudos produzidos por excesso de dose que,

    com alguma freqncia, resultam em condies mdicas tais como convulses,

    confuso mental, estados comatosos, quadros delirides passageiros ou no e

    outras condies mais. Tambm so acontecimentos comuns diversas

    manifestaes de abstinncia que podem variar da mais ordinria irritabilidade a

    manifestaes metablicas srias. exceo quando fenmenos deste jaez tm

    um sentido simblico, isto , orientem-se e se sustentem essencialmente no

    campo aberto pela transferncia. H que lembrar, que desde os anos 50, Lacan

    (2) esclarece que os conceitos psicanalticos ...s adquirem pleno sentido ao se

    orientarem num campo de linguagem, ao se orientarem na funo da fala. Sacar

    aonde vale e aonde no vale a palavra robustece a clnica e a tica. E, diante do

    toxicmano, este clculo, esta diferenciao, esta funo diagnstica toma uma

    dimenso extraordinria. Postula-se que por mais que existam condies objetivas

    para aproximar o sujeito das drogas desde o eficiente esquema de produo,

    distribuio e marketing at o discurso teraputico da Psiquiatria biolgica, o efeito

    por elas exercido tem sua fonte em uma instncia aqum do psquico. E

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    justamente este aqum que desloca o sujeito e o isola da funo da fala,

    reduzindo-a a seu limite comunicativo. As manifestaes rapidamente expostas

    acima se enquadram entre aquelas que pouco devem palavra. por isso que o

    exerccio nosolgico no um ato estril, ao se colocar na cena psicanaltica o

    toxicmano.

    Uma leitura psicanaltica.

    Na verdade, o objetivo deste escrito procurar investigar se a suposio

    contida nas perguntas que iniciam este texto justificada pela apresentao

    clnica do toxicmano. Se ao analista est revelado um obstculo especial

    direo da cura. Depreende-se do que tem sido exposto que, ao estar na cena

    clnica a droga, h uma operao de prazer que no , necessariamente,

    sustentada pela fantasia. Esta operao de prazer corresponde s sensaes

    levadas ao ser pelo encontro com a droga. Assim, por onde anda o sujeito e o

    objeto a no toxicmano? de Lacan (1) a imputao: ... esse fazer psicanaltico

    implica profundamente o sujeito.... E onde est o sujeito toxicmano? O

    descarrilamento da funo da fantasia faz reconhecer alguma novidade no campo

    onde est o gozo, a pulso, o desejo? Se a resposta a esta questo sim, o ato

    analtico no pode ser dirigido exclusivamente pelo vis interpretativo e simblico.

    O fenmeno em questo obscurece a estrutura, pois, por mais que exista uma fala

    que fia e sustenta o uso de drogas no campo do Outro, o efeito delas no se faz a

    partir desta fala. Diz Miller (3): no podemos em nenhum caso fazer da droga

    uma causa de desejo. Como mximo podemos fazer dela um objeto de gozo, um

    objeto da mais imperiosa demanda e que tem, em comum com a pulso anular o

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    Outro a droga como objeto de acesso a um gozo que no passa pelo Outro e em

    particular pelo corpo do Outro como sexual. Se, como diz Miller, a droga tem em

    comum com a pulso o anular o Outro, ela discordante da pulso na medida em

    que o impulso proporcionado por ela no imita a mobilidade objetal que qualifica a

    pulso. Desta maneira, como se desenvolve, a pulso marcada pela presena da

    droga passa a exigir, como termo fixo, como meio obrigatrio para a consecuo

    de prazer, a presena da droga. A droga aprisiona a pulso. De acfala e apta ao

    que der e vier, a pulso estreita-se e exige um meio definido, nada ergeno, para

    a satisfao. Estreita-se e passa a obedecer ao modelo do instinto. O tal instinto

    que conta com um modo fixo para a realizao de seu fim. Ler a toxicomania a

    partir desta perspectiva o que permite supor que um sim deve responder as

    perguntas iniciais deste texto.

    No para passar sem o devido destaque dois pontos levantados no correr

    do escrito: a impossibilidade de fazer da droga uma causa de desejo e que a

    experincia com a droga, ao produzir uma experincia de prazer, tem, ou pode vir

    a apresentar, o poder de deslocar a fantasia de sua funo operadora. claro que

    a funo flica posta em questo pela drogadico. No toa que Lacan (4),

    em 1975, disse: a nica definio da droga esta: ela rompe o matrimnio do

    corpo com a coisinha de fazer xixi. Isto posto, torna uma obrigao desenvolver

    um esquema que possa conter estas novidades e desafios que o toxicmano

    apresenta ao psicanalista prtico e ao discurso analtico como lgica. Supe-se,

    ento que, se a estrutura flica, que sustenta a causa do desejo, j no se

    apresenta totalmente sucumbida, h, pelo menos, ao lado do permitido ao gozo

    flico, o gozo do corpo do outro como sexual, uma fantasmagoria que corresponde G a

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    ao gozo produto do uso de drogas. Pode ser escrito: : onde corresponde a efeito da droga, G corresponde a gozo, corresponde a falo e a corresponde a objeto a (objeto causa de desejo) e, ento, l-se: o gozo produzido pela droga

    substitui as relaes possveis do falo ao objeto a e predomina sobre o sujeito do

    desejo, repetindo-se como uma demanda irredutvel e irreprimvel. E, por vezes

    como advertido antes, pode perfeitamente constituir uma linguagem, restrita a seu

    limite comunicativo e nada revelador, mas, certamente, desvinculada da cadeia

    significante original por onde a fantasia faz sua presena. Esta nova estrutura o

    denominado, nesta proposio, de fantasmagoria.

    Assim, se h alguma preciso nesta leitura, a toxicomania no pode ser lida

    como um sintoma no sentido psicanaltico do termo. No se trata de uma

    formao do inconsciente que exibe uma estrutura de linguagem e que se

    aproveita do ganho de significao e de mensagem que a metfora permite. Da

    mesma maneira, conferindo um sentido mais freudiano, no possvel ler a

    toxicomania como uma formao de compromisso com o sentido de expor um

    conflito como conseqncia do recalque do representante da representao da

    pulso. A toxicomania no o significante de um significado reprimido da

    conscincia do eu do sujeito. A toxicomania uma novidade nas operaes de

    prazer do sujeito.

    Ora: a toxicomania intratvel! Intratvel pelo vis psicanaltico? Resta ao

    toxicmano apenas o recurso aos procedimentos psicoeducacionais e s

    estratgias grupais prprias aos grupos de mtua ajuda? A condio

    toxicomanaca perene? Tais perguntas so correlatas lgicas do exposto, mas,

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    para a felicidade de alguns e a infelicidade de outros, a resposta a elas no. O

    sujeito do desejo submetido ao gozo da droga tratvel pela palavra. Por uma

    nica razo: seja qual for a estrutura prvia neurtica, psictica ou perversa,

    seja qual for o ndice de submisso experincia toxicomanaca, a estrutura

    desejante no est desmantelada como demonstra a construo topolgica (5) a

    seguir:

    I I

    Esta construo topolgica foi desenvolvida no livro Toxicomanias (5) e

    visa representar graficamente o estado de coisas que se passa na estrutura do

    sujeito. A formao sua esquerda reunindo R e I a fantasmagoria

    resultante do encontro do corpo com a droga, deixando o sujeito do desejo

    merc do gozo da droga. E, mais que isso, esta fantasmagoria exibe a mesma

    consistncia do Imaginrio no que tange ao poder da certeza e ao poder do

    enunciado no quero saber nada disso. Com o adendo que esta novidade nada

    deve ao Simblico e no conta este, qualquer que seja a natureza de sua

    intermediao na relao que o ser trava com o outro. O impulso, produto da

    droga, acfalo.

    A formao direita corresponde estrutura, por assim dizer, original do

    sujeito. Prope-se que esta no , propriamente, desmantelada pela adico, mas

    R R S

    Corpo

    Sentido

    a

    J

    Corpo

    ND

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    permanece obscurecida enquanto o ser encontra-se submetido repetio da

    experincia txica. Isto quer dizer que o papel deletrio da droga no irrestrito e

    que o sujeito do desejo est l, pronto a falar, mas impossibilitado pela

    fantasmagoria discursiva que oblitera a subjetividade. Esta uma perspectiva que

    permite pensar na diferena entre a proposta psicanaltica e as outras estratgias

    teraputicas que visam a toxicomania.

    O ato analtico e a toxicomania.

    No obstante, o analista no est autorizado a fazer dessa possibilidade de

    reconstruo da fantasia um dado que se oferece de imediato ao trabalho do

    analista, notadamente quando a queixa explcita do ser que nos procura a

    impossibilidade de deixar de usar a droga (ou drogas) em pauta, apesar de

    reconhecer o prejuzo que traz sua vida.

    A chegada do toxicmano ao gabinete analtico, assim como sua

    apresentao clnica, marcada pela multiplicidade. O toxicmano mesmo

    homem ou mulher adultos podem chegar ao analista trazidos pela mo por um

    parente (pai, mo, filho, av), por consorte e mesmo amigos. Este detalhe, se bem

    que no uma regra, j introduz a pouca esperana ou o pequeno interesse em

    dedicar-se ao tratamento. E no possvel verificar nesse ser recalcitrante que a

    droga continua cumprindo a promessa de prazer, de obstculo ao mal estar,

    sobejamente reconhecida por Freud no Mal estar da civilizao (6). Nesta

    alternativa, pode-se supor que a negativa ao tratamento baseia-se

    fundamentalmente na absoluta ausncia de suposio que um outro possa

    responder de maneira satisfatria sua demanda. At ento, em sua existncia,

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    esta possibilidade foi reduzida a um apndice na exata medida em que a droga

    cumpriu o papel de responder e obliterar o campo das demandas.

    Obedecendo multiplicidade, o toxicmano pode chegar ao analista por

    perceber que os efeitos prazerosos que o jogo toxicomanaco impe

    subjetividade no so mais alcanados. O lcool no mais produz a

    irresponsabilidade libidinal, a cocana no mais produz loquacidade eufrica. No

    lugar: convulses, mal estar, ideao paranide e o que mais surgir. Nesta

    circunstncia, no soa estranho ouvir que o objetivo da pessoa contar com o

    tratamento como um meio que permita que o reencontro com a droga volte a

    oferecer os prazeres do incio. A estratgia de hospitalizar-se, por vezes, segue

    esta mesma batida. Nesta condio, h uma suposio de um saber pragmtico e

    imediatamente assimilvel a ser posto em andamento pelo queixoso.

    E ainda, apesar da dimenso que a droga toma na existncia do sujeito, o

    toxicmano pede pelo analista e, na demanda inicial, no faz referncia ao uso,

    abuso ou dependncia. A queixa pode ser de qualquer ordem, normalmente no

    campo da neurose. Nesta circunstncia, pode ser pensado, como visto na

    construo topolgica acima, que a fantasmagoria que em curto-circuito conecta a

    pulso a um imaginrio no soterrou a estrutura original de onde advm a queixa.

    Esta ltima via , muito provavelmente, a melhor para a Psicanlise exercer sua

    eficincia. Desde que o analista no se deixe levar por um afeto muito mais

    complexo que a ingenuidade.

    Sem obstar, e desnecessrio lembrar que as verses acima podem ser

    multiplicadas por mil, em qualquer das alternativas, menos ntida na ltima, o

    analista deve ver-se diante de um problema direo da cura. Este problema

  • 13

    pode ser dito a partir do pequeno investimento do toxicmano em qualquer saber

    que no se associe ao obtido em torno do uso da droga. Assim, o adicto chega ao

    gabinete analtico sem apostar no tempo para compreender. A sua questo est

    restrita ao instante de ver (estou mal, no posso continuar), e sabe-se o quanto

    ambgua esta enunciao, e o momento de concluir: vou parar, no uso mais.

    E fracassa.

    Diga-se de passagem, que tanto as estratgias mdicas protocolares

    quanto a dos grupos de mtua ajuda, sancionam este jogo lgico reduzido a dois

    tempos. Baseiam-se na afirmao de que, seja pelo acaso genmico ou por

    desgnios de outra natureza, o ser em questo um toxicmano e que a ele resta

    manter-se disciplinadamente afastado da droga (ou drogas) que o apraz. O

    reencontro ser/droga reconstitui a saga sem intermedirios. E atentem no

    faltam relatos de celebridades nas artes e literatura contando exatamente esta

    histria, bem como relatos de pacientes recebidos tanto pelo analista quanto pelos

    servios mdicos.

    A ocorrncia destas manifestaes no deve fazer o analista tom-las como

    a ltima expresso da verdade, desobrigando-se da tarefa de instaurar a

    proposio lgica intermediria: o tempo para compreender. Aqui reside uma

    diferena entre o analista e os outros terapeutas: apostar que a fala, que exige

    tempo, diacronia, pode contrapor ao curto-circuito da experincia toxicomanaca,

    vazio de Outro, o sujeito do desejo inconsciente. Ao analista cabe a obrigao de

    no endossar o diagnstico sou toxicmano que exibe ares de uma definio

    irredutvel do sujeito, conferindo a este uma consistncia que denega seu carter

    evanescente e linguageiro.

  • 14

    Estas consideraes no so solitrias. Outros analistas desenvolvem

    proposies semelhantes. Santiago (7) est entre os que reconhecem que o ato

    de drogar-se possui um carter no interpretvel pois a experincia clnica com

    os pacientes toxicmanos observa mais a presena massiva de acting out. Esta

    presena revela que a toxicomania contrria natureza de mensagem do

    sintoma, sempre desvelada pela funo significante. Em acordo com Santiago,

    adiciona-se a esta formulao: a dimenso do tempo para compreender est

    ausente no toxicmano. No se trata de uma ausncia, de uma abolio, absoluta,

    mas tambm no se trata de uma simples hesitao reveladora de resistncia

    imaginria. Engajar-se no trabalho do Simblico um fator to distante quanto o

    tempo que passou dedicando-se se intoxicar, esmaecendo o fulgor dos objetos

    disposio da pulso. Entendido assim, este tempo para compreender deve

    romper com a simplificao vi, conclui que o anima.

    Do lado do analista, algo similar espera-se que ocorra. O analista deve

    permitir a si um tempo para ouvir e compreender de onde vem aquela fala que

    escuta. Compreender que por mais que o toxicmano, freqentemente, parea um

    neurtico habitual, com histrias sobre o sexo, as decepes amorosas, o

    trabalho, a famlia, ele est marcado por uma resposta positiva de gozo, apesar de

    esvaziada de sentido. Tarrab (8) precisa: o que o txico procura o esvaziamento

    de significao e, portanto uma maneira de manter-se fora do dizer. Fora do

    discurso, na positividade da repetio. Ento o que o txico busca oposto

    operao analtica. E isto faz diferena. Uma diferena que o analista reconhece

    apenas se renuncia a lanar mo, imediatamente, do recurso interpretao.

    Como dito, apenas a ingenuidade e a aplicao estereotipada do dispositivo

  • 15

    analtico pode fazer do encontro com o toxicmano uma situao tal e qual a que

    se passa na clnica das neuroses. Isto quer dizer: no colocar em ao o

    dispositivo analtico de imediato? Sim! Se h um sentido para a expresso

    palavra vazia (2), salientada por Lacan no incio de seu ensino, ela toma toda a

    sua dimenso na fala do toxicmano, notadamente quando nasce da

    fantasmagoria. um ser que encontrou uma via ao prazer que prescinde da

    intermediao. um detalhe clnico a no ser descuidado. E mais um argumento

    a favor da resposta sim, s perguntas iniciais.

    Assim, interessante que o analista perceba que o cerne da questo do

    toxicmano, o que o define e o diferencia a experincia toxicomanaca, no interpretvel. H algo nesta experincia que por ir alm das palavras, subjuga os

    outros prazeres do corpo, operados pelo falo e pelo significante, no a torna

    reveladora de conexes significativas metonmicas. O toxicmano a experincia

    bruta que ao produzir discurso, produz o esteretipo ou a grandiloqncia.

    Cassady (9) descreve o esteretipo assim: As conversas deles continha

    muitas observaes genricas sobre a Verdade e a Vida... Eles eram bbados

    cuja mente, enfraquecida pelo lcool e por uma maneira subserviente de viver,

    pareciam continuamente ocupados em emitir curtas declaraes de bvia

    inutilidade, pronunciadas de maneira que fossem instantaneamente reconhecidas

    pelo ouvinte que, por sua vez, j havia escutado aquilo inmeras vezes e

    esmerava-se de um modo geral em assentir para tudo que lhe era dito e ento

    dava seguimento conversa com um comentrio de sua prpria autoria,

    igualmente transparente e carregado de generalidades... Depois de ouvir por

  • 16

    vezes incontveis a repetio sistemtica deste papo furado especulativo... e logo

    j no havia mais mistrio na conversa de nenhum deles.

    A referncia a Cassady, alm de servir a esclarecer o recurso ao conceito

    lacaniano de palavra vazia, recoloca a complexidade da questo toxicomanaca.

    Dado que, Cassady era, ele prprio, um adicto prematuramente morto por um

    excesso de dose que impediu a concluso deste texto de onde a citao foi

    retirada. Da deduz-se que Cassady exibe, ao mesmo tempo em que deve ser

    mais um possudo por este papo furado especulativo, a propriedade de retirar-se

    deste lugar onde impera a palavra vazia e poder descrev-lo com tanto acerto.

    em oportunidades desta espcie que a construo topolgica acima julgada til.

    Huxley (10) grandiloqente como segue: Continuei a observar as flores

    e, em sua luz vvida, eu parecia captar o equivalente qualitativo da respirao...

    mas antes em um fluxo, repetido, da beleza para uma beleza mais sublime, de um

    significado profundo para outro ainda maior. Palavra tais como Graa e

    Transfigurao vieram-me mente, e isto, sem dvida, era o que, entre outras

    coisas, queriam elas significar... A Beatfica Viso, Sat Chit Ananda Existncia-

    Conscincia-Beatitude pela primeira vez entendi, no em termo de palavras, no

    por insinuaes rudimentares, vagamente, mas precisa e completamente, o que

    queria significar essas slabas prodigiosas.

    Neste fragmento de Huxley, o que para ser evidenciado justamente o

    que parece ser o discurso antpoda ao anterior. Esta condio no faz de Huxley

    mais psicanalizvel que Cassady. Aqui o encontro com a droga favorece que as

    palavras no passem de insinuaes rudimentares que no fazem a menor justia

    ao entendimento preciso e completo de uma vivncia, vivncia que

  • 17

    compreendida por meio de um misterioso recurso que a apreciao de um

    efeito. Neste comentrio, acompanhamos Jorge (11) quando salienta que a

    oposio entre ato toxicomanaco e experincia psicanaltica parece congruente

    com o radical confronto entre religio e Psicanlise. Huxley claro quanto

    crena em um sentido j dado, existente no Real, e o descreve como acessvel e

    sua disposio pelo saber que a mescalina encerra. E este saber deixa claro o

    pouco que se pode esperar das palavras.

    melhor o analista estar advertido disto e evitar a voracidade interpretativa

    conferindo-se um tempo para compreender em funo da submerso do sujeito a

    uma economia de prazeres que transcorre por fora da fantasia. Este sujeito

    encontra-se, portanto, duplamente alienado. Possudo pela alienao original do

    encontro com a linguagem e dominado por uma alienao de segunda potncia

    que corresponde precisamente fala vazia que produto deste simulacro de

    experincia exttica sem rito. Julga-se que Cassady e Huxley expem esta leitura.

    Do exposto, deriva uma pergunta sobre o outro pilar que constitui a cura

    analtica: a transferncia. A constituio de uma estrutura que implique em

    transferncia, que s se concebe a partir do termo sujeito suposto saber (12),

    problematizada pelo sujeito adicto que procura o tratamento pela palavra. Desde

    que a frmula lacaniana para tornar a noo de sujeito mais manejvel

    corresponde ao que representa um significante para outro significante, assim,

    correlato desta formulao, que o sujeito suposto saber no engendrado pela

    presena de dois sujeitos, mas sim pela presena de dois significantes. Se, do

    lado do analista, presumido que h significante; do lado do toxicmano tal

    presuno no to evidente. Pois, como reza a hiptese, o toxicmano afastou-

  • 18

    se do Outro e, em mais de um sentido, no espera muito do outro e o saber no

    qual se engaja restringe-se ao saber relacionado droga. para no esquecer

    que tanto as operaes de prazer quanto a experincia da linguagem como

    revelao e fundamento do lao social portam uma marca de menos valia na

    condio toxicomanaca, dado o desvio que o encontro privilegiado com a droga

    estabeleceu. No se trata, seguindo Miller (13), da experincia de uma rebelio

    do sujeito contra a associao livre, contra regra fundamental que define o

    paradoxo enunciado como eu te peo a anlise que eu recuso. Trata-se de um

    ser aqum desta questo, um ser que trocou a mobilidade pulsional pela fixao

    da pulso.

    Assim, a constituio da operao analtica est questionada em duas

    vertentes. Na primeira vertente, a da identificao, est presente a clebre

    declarao eu sou toxicmano que no permite o hiato entre o sujeito do

    enunciado e o sujeito da enunciao que favorece a demanda do saber do Outro.

    Na segunda vertente, a do gozo, est l o sujeito que sabe como al-lo, como

    produzi-lo e pouco espera da fala e da presena do outro e no se apresenta

    como significante enigmtico a produzir um sujeito pela conjuno com o

    significante que representa o analista. Ele sabe o que : sou um toxicmano.

    A reunio da definio to precisa de um sou com a facilitao de um ato,

    o ato de drogar-se, em direo ao gozo torna, pelo menos nos momentos iniciais

    de uma anlise, uma possibilidade que o psicanalista faa as vezes de um sujeito

    suposto saber transitivo, como desenvolve Porge (14). O sujeito suposto saber,

    nesta posio transitiva, corresponde quele que sabe. quele que tem um saber

    positivo para demonstrar. Nem que seja, singelamente, um saber ler

  • 19

    diferentemente (15). Assim, uma proposio deve ser anteposta certeza do ser

    toxicmano e certeza de gozo que o obscurecido sujeito drogadicto carrega

    anlise.

    Estes fatores apontam que a esperana da instaurao do significante da

    transferncia, que depende da emergncia de um outro significante para que o

    sujeito suposto saber possa constituir o lugar onde os efeitos de significao

    indicam a direo da cura, vai contar com um obstculo alm daqueles

    proporcionados pelas resistncias de um sujeito habitual. Isto claro, se a

    hiptese em curso faz sentido. A repetio toxicomanaca traz novos apelos e

    estes so colaterais constituio estrutural original. Se algum trao desta

    constituio sobrenadar o muro de linguagem vazia e grandiloqente do adicto,

    sorte do analista que recebeu algum que pode escutar desde o incio. Em outra

    alternativa, a mais comum, h que lanar mo de expedientes nem sempre bem

    ditos em uma Psicanlise. Dentre eles, como dito, a assuno de um sujeito que

    se faz saber com a finalidade de erigir algum obstculo ao que est facilitado pelo

    estilo do toxicmano. H que esperar, portanto, pela produo dos significantes e

    pela situao que permite a transferncia.

    Uma via.

    Esta espera no passividade diante do poder do apelo toxicomanaco. O

    modelo imaginado o avesso do explicitado por Freud no clssico texto

    Psicoterapia da histeria (16). Neste texto, um dos inaugurais da saga

    psicanaltica, Freud teorizou sobre o ncleo patgeno do qual o sintoma histrico

    um smbolo. Na topologia freudiana de ento, o ncleo patgeno localizar-se-ia

  • 20

    no interior de uma rede de significantes, mas isolado e sem a condio de

    associabilidade a esta rede em volta. Freud o descreve como um corpo estranho,

    apesar de ser constitudo pela mesma matria significante, que se mescla com a

    rede ao redor maneira de um infiltrado. Segundo Freud, dado que este ncleo

    est representado pelo sintoma, o trabalho teraputico visa aproveitar os enlaces

    de natureza lgica que este grupo de representaes mantm com os significantes em torno. O objetivo freudiano proporcionar o acesso do sujeito que

    padece do sintoma histrico com a significao a retida, no realizada,

    desconstruindo a resistncia que se manifesta por no querer saber nada disso.

    O toxicmano nos apresenta um ncleo similar. Este ncleo constitudo

    por representaes, mas todas elas, foram a agregadas em uma seqncia de

    atos onde a vivncia tanto de linguagem quanto de prazer produto do

    encontro em curto-circuito com a droga, entendida aqui como produtora tanto de

    prazer quanto de discurso. A novidade que este "ncleo patgeno no

    smbolo de coisa alguma e no repete a estrutura das formaes do inconsciente.

    No obstante, dado que este ncleo contm o tecido sutil da linguagem, e como a

    linguagem obedece a uma ordem autnoma, desta condio que o analista pode

    aproveitar-se. Fatalmente, o ouvido experimentado do psicanalista vai sacar as

    pontes que ligam este ncleo externo a fantasmagoria ao resto da rede de

    significantes do sujeito. No com a esperana freudiana de revelao e

    reconhecimento de um smbolo no h o que reconhecer mas, com o intuito de

    colaborar com a construo de intermediaes que possam produzir um obstculo

    compulso a repetir qual o toxicmano encontra-se sucumbido.

  • 21

    Esta a diferena que o psicanalista pode apresentar ao mercado das

    teraputicas. O sucesso na construo deste obstculo favorece a constituio de

    um tempo intermedirio entre o vi e conclui aqui denominado tempo para

    compreender, aproveitando o sofisma lacaniano (17) tenha um mnimo de

    pregnncia temporal. Este tempo intermedirio considerado necessrio para o

    estabelecimento do sujeito suposto saber mesmo com o verbo obedecendo a

    uma transitividade e da transferncia. Aposta-se que este procedimento, tanto

    terico quanto clnico, permita que a rede de significantes que o constituiu possa

    passar para o discurso, em posio de decifrao ou reconhecimento.

    Posto isto, no menos psicanalista o sujeito que ao receber o toxicmano

    alm de pedir fale!, obedecendo regra fundamental e visando as formaes do

    inconsciente, permita-se recomendar a abstinncia ou a reduo da freqncia

    das intoxicaes, conversar sobre o que est sendo sucumbido pela experincia

    toxicomanaca, apontar o derrisrio dos constantes arrependimentos e promessas

    de no repetir salientando a positividade tirnica desta modalidade de gozo.

    Dirigindo a cura por estas trilhas, abre-se a possibilidade do analista colaborar

    com o surgimento do que est alm da experincia toxicomanaca: o inconsciente

    e a evanescncia do sujeito. A castrao e a fantasia. Termos que o ser

    toxicomanaco cuida em fazer crer que podem no ser contados.

    Eplogo.

    Por todo o exposto, no nada equivocado concluir que a experincia

    toxicomanaca oposta operao analtica. Seja no que tal experincia visa a

    obturao da falta, seja no que tal experincia produz de apagamento da

  • 22

    linguagem como fundamento do lao social. No havemos de esquecer que o

    psicanalista oferece uma resposta ao mal estar da civilizao que no ,

    propriamente graciosa e conta com a responsabilidade e a tica. Pois, pe em

    relevo a falta e a inacessibilidade da Coisa.

    Bibliografia:

    1. Lacan, J El acto psicoanalitico. (edio no autorizada) 1987 Buenos Aires.

    2. Lacan, J Funo e campo da palavra e da linguagem em Psicanlise. Em J.

    Lacan: Escritos, Jorge Zahar Ed., 1998, Rio de Janeiro.

    3. Miller, J-A Para una investigacin sobre el goce autoertico. Em Sujeto, goce y

    modernidad. Fundamentos de la clnica. Organizao: Instituto del Campo

    Freudiano. Atuel-Tya, 1995, Buenos Aires.

    4. Lacan, J. Clausura de las Jornadas de Carteles de la EFP. (edio no

    autorizada) 1985. Buenos Aires.

    5. Nogueira Filho, DM Toxicomanias. Editora Escuta, 1999, So Paulo.

    6. Freud, S. El malestar en la cultura. Em: S. Freud Obras Completas, tomoIII.

    Biblioteca Nueva, 1973, Madrid.

    7. Santiago, J. A droga do toxicmano. Uma parceria cnica na era da cincia.

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    8. Tarrab, M Uma experincia vazia. Em O brilho da inFelicidade. Organizao;

    Escola Brasileira de Psicanlise- seo Rio de Janeiro. Kalimeros, 1998, Rio

    de Janeiro.

    9. Cassady, N O primeiro tero. L&PM, 1999, Porto Alegre.

  • 23

    10. Huxley, A As portas da percepo/ O cu e o inferno. Civilizao Brasileira,

    1966, rio de Janeiro.

    11. Jorge, MAC. Entre Psicanlise e Religio: a ato toxicomanaco. Em: L.

    Bittencourt (organizao) A vocao do xtase. Uma antologia sobre o homem

    e suas drogas. Imago, 1994, Rio de Janeiro.

    12. Lacan, J. Proposio de 9 de outubro de 1967 primeira verso. Opo

    Lacaniana Revista brasileira internacional de Psicanlise, pg. 5-12, no. 16,

    1996.

    13. Miller, J-A. A experincia do Real na cura analtica. Phoenix Revista da

    Delegao Paran da Escola Brasileira de Psicanlise, pg. 9-28, no. 2, 2000.

    14. Porge, . Sujeito. Em: P. Kauffmann (editor) Dicionrio enciclopdico de

    Psicanlise. Jorge Zahar Editor, 1998, Rio de Janeiro.

    15. Lacan, J. Momento de concluir (edio no autorizada). Citado por Porge.

    16. Freud, S. Estudios sobre la histeria. Em: S. Freud Obras Completas, tomo I.

    Biblioteca Nueva, 1973, Madrid.

    17. Lacan, J O tempo lgico e a assero da certeza antecipada. Em; J. Lacan

    Escritos. Jorge Zahar Editor, 1998, Riode Janeiro.