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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA FERNANDO ROSCH DE FARIA HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS: SUBSÍDIOS TÉCNICOS E TÁTICOS. CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

FERNANDO ROSCH DE FARIA

HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS: SUBSÍDIOS

TÉCNICOS E TÁTICOS.

CAMPINAS

2016

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FERNANDO ROSCH DE FARIA

HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS: SUBSÍDIOS

TÉCNICOS E TÁTICOS.

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação

Física da Universidade Estadual de Campinas como

parte dos requisitos exigidos para obtenção do Título

de Mestre em Educação Física, na Área de Atividade

Física Adaptada.

Orientador: Prof. Dr. José Irineu Gorla

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO FERNANDO

ROSCH DE FARIA, E ORIENTADA PELO

PROFESSOR DOUTOR JOSÉ IRINEU

GORLA.

Assinatura do orientador

Campinas

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA

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COMISSÃO EXAMINADORA

JOSÉ IRINEU GORLA

Orientador

PAULO FERREIRA DE ARAÚJO

Membro Titular

DÉCIO ROBERTO CALEGARI

Membro Titular

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda minha família (Sivaldo, Ivone,

Alex, Geovana e Mariá), a minha namorada (Mariane),

atletas e amantes do HCR, que contribuíram

significantemente para a concretização deste objetivo.

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Faria, Fernando Rosch. HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS: SUBSÍDIOS

TÉCNICOS E TÁTICOS. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de

Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.

RESUMO

Handebol em Cadeira de Rodas (HCR) é um esporte coletivo adaptado do handebol

convencional para a prática de pessoas com deficiência física, as quais possuam

acometimento dos membros inferiores. Sua concepção se deu no ano de 2005 e desde então

há o surgimento de diversas equipes e iniciativas em âmbito nacional e internacional.

Contudo, a modalidade encontra-se em processo de desenvolvimento, sendo assim escassos

estudos que tange ao suporte técnico-tático, levando os profissionais a firmar seus alicerces na

modalidade convencional. Neste contexto, objetiva-se através deste estudo levantar subsídios

técnicos e táticos que possam contribuir para o desenvolvimento do HCR. Para tanto, o estudo

caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, e a metodologia de

utilizada é a pesquisa-ação (THIOLLENT, 1988). Para a coleta dos dados foram realizadas

anotações e observações de aspectos técnicos e táticos a fim de atribuir referências para as

descrições, para tal foram acompanhados, no ano de 2014 e 2015, os treinamentos da equipe

ADEACAMP/UNICAMP, as etapas dos campeonatos Paulista e Paranaense, o Campeonato

Brasileiro de HCR e os Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná.

Palavras-chave: Handebol em Cadeira de Rodas; Esporte Adaptado; Esportes Coletivos.

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Faria, Fernando Rosch. WHEELCHAIR HANDBALL: TECHNICAL AND TACTICAL

SUBSIDIES. Master Degree dissertation - Physical Education College. Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, 2016.

ABSTRACT

Wheelchair Handball (WH) is a team sport adapted of handball for practice of disability

people, which has involvement lower members. It conception took at 2005 and since then

there is the arising of several team and in national and international initiatives. However, the

sport is in development process, therefore having few studies about technical and tactical

aspects, which leads professionals to establish its foundations in the handball for able-bodied

population. In this context, the aim of this study is to provide technical and tactical subsidies

that can contribute for development of the WH sport. Therefore, this study is characterized as

a descriptive research, with approach qualitative and the method used is the action research

(THIOLLENT, 1988). To collect the data were performed notes and comments of technical

and tactical aspects in order to give references to the descriptions, therefore were follow, at

2014 and 2015, the training of ADEACAMP/UNICAMP team, the Paulista and Paranaense

championship, the WH Brazilian championship and Paraná Parasports Open Games.

Keywords: Wheelchair handball; Adapted sport; Team sports.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Medula espinhal e coluna vertebral 16

Figura 2. Número de equipes e atletas registrados na ABRHACAR 37

Figura 3. Baliza com a placa de redução 44

Figura 4. Cadeira de Rodas para a prática de HCR 45

Figura 5. Demarcação de quadra para a entrada na área de tiro de ponta 46

Figura 6. Sistema ofensivo 6:0 60

Figura 7. Movimentação/Sistema ofensivo 6:0 61

Figura 8. Sistema ofensivo 5:1 61

Figura 9. Movimentação/Sistema Ofensivo 5:1 62

Figura 10. Sistema ofensivo 4:2 63

Figura 11. Movimentação/Sistema ofensivo 4:2 64

Figura 12. Sistema Ofensivo 3:3 A 64

Figura 13. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 A 65

Figura 14. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 B 65

Figura 15. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 C 66

Figura 16. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 D 66

Figura 17. Linhas defensivas 67

Figura 18. Sistema Defensivo 6:0 68

Figura 19. Sistema Defensivo 5:1 68

Figura 20. Sistema Defensivo 4:2 69

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Figura 21. Sistema Defensivo 3:2:1 70

Figura 22. Sistema Defensivo 3:3 70

Figura 23. Defesa combinada 5 + 1 71

Figura 24. Defesa combinada 4 + 2 71

Figura 25. Sistema Ofensivo 3:0 73

Figura 26. Sistema Ofensivo 2:1 73

Figura 27. Sistema Ofensivo 4:0 74

Figura 28. Sistema Ofensivo 3:1 74

Figura 29. Defesa 2:2 75

Figura 30. Defesa 3:0 76

Figura 31. Defesa 2:1 77

Figura 32. Defesa 1:2 77

Figura 33. Marcação Meia Quadra 78

Figura 34. Marcação Quadra Inteira 78

Figura 35. Ataque em três 79

Figura 36. Ataque em três com infiltração de pivô (A) 79

Figura 37. Ataque em três com infiltração de pivô (B) 80

Figura 38. Ataque em três com infiltração de pivô (C) 80

Figura 39. Ataque em Três com cruzamento simples (A) 81

Figura 40. Ataque em Três com cruzamento simples (B) 81

Figura 41. Ataque em 4 com deslocamento em linha 82

Figura 42. Ataque em 4 com bloqueio e cruzamento de passe 83

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Inervação, origem, músculos e respectivas ações principais 18

Quadro 2. Características funcionais de acordo com o nível de lesão 20

Quadro 3. Principais ações desenvolvidas para a evolução do HCR 31

Quadro 4. Estudos realizados com o HCR como temática 32

Quadro 5. Descrição histórica de competições de HCR 35

Quadro 6. Edições de campeonatos nacionais 38

Quadro 7. Características dos atletas por posição no HCR7 56

Quadro 8. Características dos atletas por posição no HCR4 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO

ABRHACAR Associação Brasileira de Handebol em Cadeira de Rodas

ADEACAMP Associação de Esportes Adaptados de Campinas

FEF Faculdade de Educação Física

FMB Federación Madrileña de Balonmano

FMDDF Federaçión Madrileña de Deportes de Discapacitados Físicos

HCR Handebol em Cadeira de Rodas

HCR7 Handebol em Cadeira de Rodas jogado por 7 Jogadores

HCR4 Handebol em Cadeira de Rodas jogado por 4 Jogadores

HCR4A Handebol em Cadeira de Rodas jogado por 4 jogadores, categoria A

HCR4A Handebol em Cadeira de Rodas jogado por 4 jogadores, categoria B

IWHF International Wheelchair Handball Federation

LME Lesão na Medula Espinhal

PC Paralisia Cerebral

RFEBM Real Federación Española de Balonmano

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNIPAR Universidade Paranaense

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 14

METODOLOGIA ................................................................................................................................. 15

CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS .......................................................... 16

1.1. Lesão na Medula Espinhal .................................................................................................... 16

1.1.1. Medula Espinhal ............................................................................................................ 16

1.1.2. Principais alterações ...................................................................................................... 21

1.2. Amputações de membros inferiores ...................................................................................... 22

1.3. Poliomielite ........................................................................................................................... 24

1.3.1. Sindrome pós-poliomielite ............................................................................................ 25

1.4. Outros .................................................................................................................................... 26

1.4.1. Paralisia Cerebral .......................................................................................................... 26

1.4.2. Nanismo ........................................................................................................................ 27

1.4.3. Distrofia Muscular ......................................................................................................... 28

1.4.4. Artrogripose .................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 2 – O HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS ............................................................ 29

2.1. Histórico ................................................................................................................................ 29

2.2. Atualidade ............................................................................................................................. 37

2.3. Iniciativas Internacionais ....................................................................................................... 38

2.4. A Modalidade ........................................................................................................................ 41

2.5. Classificação Funcional ......................................................................................................... 42

2.6. Categorias .............................................................................................................................. 43

2.7. Regras Básicas ...................................................................................................................... 43

2.7.1. A Quadra de Jogo .......................................................................................................... 43

2.7.2. Tempo de Jogo .............................................................................................................. 44

2.7.3. Equipamentos ................................................................................................................ 44

2.7.4. Particularidades ............................................................................................................. 45

CAPÍTULO 3 – PRINCÍPIOS TÉCNICOS DO HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS .............. 46

3.1 Manejo da cadeira ................................................................................................................. 47

3.2 Condução de bola ou drible ................................................................................................... 48

3.3 Passe e Recepção ................................................................................................................... 49

3.4 Arremesso ............................................................................................................................. 50

3.5 Bloqueios ofensivos e defensivos.......................................................................................... 51

3.6 Técnica de defesa .................................................................................................................. 51

CAPÍTULO 4 – PRINCÍPIOS TÁTICOS DO HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS ................ 52

4.1 Aspectos cognitivos............................................................................................................... 52

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4.2 Fundamentos Táticos............................................................................................................. 55

4.2.1. Posições táticas .............................................................................................................. 55

4.2.2. Fase de transição ........................................................................................................... 58

CAPÍTULO 5 – SISTEMAS TÁTICOS DO HCR7 ............................................................................. 59

5.1. Sistemas ofensivos do HCR7 ............................................................................................ 59

5.2. Sistema defensivo HCR7 .................................................................................................. 66

CAPITULO 6 – SISTEMAS TÁTICOS DO HCR 4 ............................................................................ 72

6.1. Sistema ofensivo do HCR4 ................................................................................................... 72

6.2. Sistema defensivo do HCR4 ................................................................................................. 75

6.3. Jogadas de ataque HCR4 ....................................................................................................... 78

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 83

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 84

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INTRODUÇÃO

O presente estudo explana a modalidade Handebol em Cadeira de Rodas (HCR),

que é um esporte coletivo adaptado para permitir a prática de pessoas com deficiência física

que acometa os membros inferiores. A concepção da modalidade se deu no ano de 2005, na

cidade Toledo-PR, por dois professores da área de educação física, através de um projeto de

extensão universitária, que tinha como objetivo a prática de uma nova modalidade adaptada

para pessoas com deficiência física. (CALEGARI, ARAÚJO, GORLA, 2010).

São aptos a pratica do HCR pessoas com Lesão na Medula Espinhal (LME)

amputação de membro inferior, sequelas de poliomielite ou outras deficiências que

impossibilite a prática em sua versão convencional em iguais condições de disputas

(CALEGARI; GORLA; CARMINATO; COSTA e SILVA, 2010).

Segundo registros da ABRHACAR (2016) o HCR é praticado em 9 estados,

contendo 25 equipes, destas, 10 oriundas da região sul, 9 do sudeste, 5 do nordeste e 1 do

norte do país. Em âmbito internacional há registros de equipes e seleções nacionais formadas

no Panamá (PATHF, 2015), Argentina, Austrália, Bolívia, Chile, Uruguai, Venezuela e

Portugal (IWHF, 2015). Encontra-se registros da prática do handebol adaptado - com regras

distintas da que é desenvolvida atualmente na América do Sul, na Europa em países como a

Espanha (FMB, 2015), França (FFH, 2010), Inglaterra (ENGLAND HANDBALL, 2015),

Suécia (PARTILLE CUP, 2015) e Malta (MHA, 2013), na América do Norte mais

precisamente nos Estados Unidos da América (AAASP, 2015) e na Ásia com o Japão (JWHF,

2015).

Associações, universidades e municípios detêm de um importante papel no

desenvolvimento da modalidade e formação de equipes. As associações disponibilizam e

pleiteiam os direitos da pessoa com deficiência, as universidades disponibilizam a atividade

em projetos de extensão e o município fomenta a prática esportiva para seus habitantes.

É muito comum o despertar do interesse do desenvolvimento da prática do HCR

em profissionais não ligados à área da educação física adaptada devido a participação em

palestras e/ou congressos relacionados com o tema de esportes adaptados nos quais foi

apresentada a modalidade, e no momento em que os mesmos procuram referências para o

desdobramento da atividade esbarram na escassez de suporte técnico e tático, baseando-se na

modalidade convencional desenvolvida para pessoas sem deficiências.

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Neste contexto, o objetivo desse estudo foi levantar subsídios técnicos e táticos

que possam contribuir para o desenvolvimento do Handebol em Cadeira de Rodas.

O estudo encontra-se dividido em quatro capítulos, no qual o primeiro capítulo

refere-se a uma revisão de literatura abordando os principais tipos de deficiências englobadas

na modalidade, o segundo capítulo retrata as principais informações sobre a modalidade, o

terceiro capítulo apresenta os princípios técnicos e o quarto capítulo trata-se dos principais

sistemas táticos utilizados no Handebol em Cadeira de Rodas e jogadas do HCR4.

METODOLOGIA

O Estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, com abordagem

qualitativa (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012), na qual o método de pesquisa

utilizado é a pesquisa-ação apresentada por Thiollent (1988), que é transcrita como um tipo de

pesquisa social com base empírica, na qual ocorre uma relação adjunta de uma ação ou

resolução de um problema coletivo em que os pesquisadores e participantes envolvem-se de

modo cooperativo ou participativo.

Para a coleta dos dados foram utilizados diários de campo de aspectos técnico-

táticos a fim de atribuir referências para as descrições. Para tanto, foram acompanhados os

treinamentos da equipe ADEACAMP/UNICAMP do projeto de extensão da FEF/UNICAMP

que mantém esta prática regulamentar, as etapas dos Campeonatos Paulista e Paranaense de

HCR, o Campeonato Brasileiro de HCR realizado da cidade de Foz do Iguaçú/PR, e o

PARAJAPS (competições realizadas no ano de 2014). No ano de 2015, os mesmos critérios

foram adotados nas edições das referidas competições.

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CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS

1.1. Lesão na Medula Espinhal

1.1.1. Medula Espinhal

A medula espinhal é uma coluna canelada de cerca de 45 cm de comprimento e

1cm de diâmetro, constituída de feixes nervosos que transitam indo e vindo do sistema

nervoso central, encontra-se inserida dentro da coluna vertebral (GORGATTI & BÖHME,

2008) a qual pode ser dividida de maneira segmentar (figura 1):

Região Cervical, constituída de 7 vertebras;

Região Toráxica, constituída de 12 vertebras;

Região Lombar, constituída de 5 vertebras;

Região Sacra, formada pela fusão de 5 vertebras;

Região coccígena, formada pela fusão de 4 a 5 vertebras

Figura 1. Medula espinhal e coluna vertebral

A coluna vertebral atua como uma estrutura protetora da medula espinhal que é

constituída de 31 nervos espinhais: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1

coccígeno (GORGATTI & BÖHME, 2008). Nervos estes divididos em anteriores e

posteriores com função de transmissão e recepção de estímulos motores e sensoriais,

respectivamente (SOUZA, 1994).

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As lesões na medula espinhal (LME) podem ser classificadas quanto a sua

severidade e ao nível neurológico. Quanto à severidade a lesão pode ser classificada como:

completa, na qual ocorre a secção completa da medula espinhal, ocorrendo interrupção total

do fluxo neurológico, ocasionando na perda sensitiva e motora abaixo do nível da lesão,

caracterizada pelo termo “plegia”; e incompleta, a qual afeta parcialmente as funções

neurológicas permitindo sensibilidade e motricidade abaixo do nível da lesão, caracterizada

como “paresia” (GORGATTI & TEIXEIRA, 2008; GORGATTI & BÖHME, 2008).

Em relação ao nível neurológico, classifica-se como: “tetra”, lesões a níveis

cervicais, até a 1º vértebra torácica, acometendo os quatros membros, e “para” em lesões

abaixo da 1º vértebra torácica, as quais acometem os membros inferiores. Todavia, de modo

geral, caracterizamos “tetraplegia e tetraparesia” as lesões completas e incompletas acima da

1º vértebra torácica, e “paraplegia e paraparesia” as lesões completas e incompletas abaixo da

1º vértebra torácica (GORGATTI & TEIXEIRA, 2008; GORGATTI & BÖHME, 2008).

Em uma visão global em países desenvolvidos e em desenvolvimento a LME

acomete principalmente indivíduos homens entre 18 a 32 anos, e em países desenvolvidos,

devido a idade avançada da população, homens e mulheres com idade superior a 65 anos

(LEE et al., 2014). Ainda segundo o autor, globalmente as informações referentes a

prevalência e incidência é mínima, principalmente em países em desenvolvimento,

dificultando a prevenção as lesões, cuidados de saúde e planejamentos sociais.

Como principais causas da LME no Brasil destacam-se acidentes com armas de

fogo, seguidos de acidentes automobilísticos, mergulhos em águas rasas, quedas e alguns

tipos de doenças como tumores, infecções e distúrbios vasculares, sendo a paraplegia a

manifestação mais comum, especificamente entre os níveis T12 e L1 (GORGATTI &

BÖHME, 2008).

Conforme Gorgatti & Böhme (2008), a lesão a partir de T2 é caracterizado como

paraplegia. Podemos observar no quadro 1, apresentado por Erhart (1974), alguns

acometimentos acerca da paraplegia, inervação, sua origem, musculatura afetada e as

respectivas ações principais. Posteriormente no quadro 2 podemos observar as características

funcionais de acordo com o nível da lesão

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Quadro 1. Inervação, origem, músculos e respectivas ações principais.

Nervos Fibras de

Origem Músculos Respectivas Ações Principais

Torácicos T1 – T11

Intercostais São fixadores das costelas entre si tanto na inspiração como na expiração.

Serrátil post. sup. É elevador das costelas.

Serrátil post. Inf. É abaixador das costelas.

Espino dorsais Em conjunto são extensores da coluna vertebral.

Intercostais,

Iliohipogástrico e

Ilioinguinal

T6 – T12 Reto do Abdome Contêm as vísceras abdominais e influem tanto no equilíbrio estático e dinâmico

como nos fenômenos mecânicos dessas vísceras. A ação conjunta bilateral desses

músculos determina a flexão da coluna lombar, quer o ponto fixo seja no tórax

ou na pelve. A ação unilateral dos oblíquos determina a flexão homolateral da

coluna lombar e rotação contralateral.

T7 – L1

Oblíquo ext. abdome

Oblíquo Int. abdome

Transverso do abdome

Obturador e fibras dos

nervos femoral e tibial

L2 – L3 Adutor longo São adutores e rotadores mediais da coxa e colaboram na flexão da coxa sobre a

pelve. L2 – L4 Adutor curto

L2 – S1 Adutor magno

L2 – L4 Grácil Colabora na flexão da perna e na rotação medial e adução da coxa.

Obturador Ext. Colabora como rotador lateral (ext.) da coxa.

Femoral e ramos

diretos do plexo

lombar

T12 – L3 Quadrado lombar É o flexor lateral da coluna vertebral e colabora com o diafragma na mecânica

respiratória.

L1 – L4 Íliopsoas É o flexor da coxa sobre a pelve. Fixa a cabeça do fêmur nos movimentos de

rotação, controla o desvio do tronco quando o indivíduo está sentado e é muito

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ativo no andar, por ocasião da projeção da coxa e perna para frente.

L2 – L3

Pectíneo Colabora na adução da coxa e a flexiona sobre a pelve.

Sartório É o flexor da coxa sobre a pelve quando o joelho está semi-fletido e

secundariamente abdutor da coxa sobre a pelve.

L2 – L4 Quadríceps femoral É o extensor da perna sobre a coxa e flexor da coxa sobre a pelve.

Da cintura pélvica

L4 – S2 Glúteo máximo É o extensor da coxa

L4 – L5 Tensor da fáscia lata É abdutor e flexor da coxa sobre a pelve.

L4 – S2 Glúteo médio

Glúteo mínimo

São abdutores e rotadores mediais da coxa. Colaboram com o glúteo máx. na

manutenção ereta e na deambulação.

L4 – S1 Quadrado do fêmur

São todos rotadores laterais da coxa. L4 – S2 Gêmeos

L5 – S2 Obturador int.

S1 – S3 Piriforme

Tibial L4 – S2

Semitendinoso

Semimembranoso São flexores da perna e colaboram com o glúteo máx. na extensão da coxa sobre

a pelve. L5 – S3 Bíceps femoral

Fonte: Erhart (1974)

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Quadro 2. Características funcionais de acordo com o nível de lesão.

T1

Músculos dos membros superiores apresentam funcionalidade;

Apresentam força de preensão manual normal;

Instabilidade no tronco e de resistência respiratória;

T6 Sensibilidade e mobilidade da parte superior do corpo preservadas;

Maior estabilidade e resistência respiratória;

T12 Funcionalidade parcial dos músculos abdominais e dos músculos da parte inferior das costas;

Grande estabilidade de tronco e total resistência respiratória;

L4 Conseguem andar com auxílios de muletas ou bengalas, pois apresentam quadríceps, iliopsoas e musculatura lombar funcionais;

S1 Caminham de forma idependente, porém é necessário a utilização de órteses ou próteses nos pés ou tornozelos;

Músculos isquiotibiais preservados.

Fonte: adaptado de Gorgatti & Böhme (2008).

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1.1.2. Principais alterações

A lesão na medula espinhal implica em diversas sequelas para o individuo . Estas

por sua vez interferem diretamente no desempenho em atividades físicas ou esportivas, para

tanto cabe ao profissional de educação física conhece-las a fim de evitar contratempos.

Abaixo, de acordo com Gorgatti & Böhme (2008) e Gorgatti & Teixeira (2008), podemos

observar algumas das mais comuns sequelas:

a) Espasticidade: Indivíduos com lesões acima de T6 apresentam tônus muscular

elevado. Podendo ocorrer espasmos ou respostas da massa muscular flexora ou extensora,

geradas por mudanças de posição, movimentos repentinos ou por estímulos externos. A

espasticidade pode interferir no desempenho de atividades físicas, porém através da mudança

de posição, técnicas de alongamentos ou repouso minimizam os efeitos. Somente a

manifestação de modo severo deve ser tratada com medicamentos ou até mesmo

procedimentos cirúrgicos.

b) Redução da ventilação pulmonar e infecções respiratórias: Pessoas com lesão

considerada alta, acima de T2, são vulneráveis a infecções respiratórias, como pneumonia,

devido ao déficit da função da musculatura respiratória e abdominal, dificultando a inspiração

completa. Estes indivíduos possuem redução da ventilação pulmonar, levando ao profissional

de educação física uma maior atenção, pois dificuldades com a resistência respiratória serão

corriqueiras em indivíduos que iniciam a prática de atividades físicas, entretanto com o

treinamento constante a capacidade pode ser aprimorada.

c) Termorregulação: Indivíduos com lesão medular apresentam maior facilidade

de entrar em estado de hipertermia, visto que em virtude da lesão apresentam dificuldades em

responder a situações de temperaturas elevadas por não conseguir uma sudorese ou uma

vasodilatação suficiente. Ainda, em temperaturas baixas apresentam dificuldades em

responder com tremores ou com vasoconstrição, podendo entrar em estado de hipotermia.

d) Úlceras (Escaras) de decúbito: escaras de decúbito são regiões necrosadas de

pele e tecido subcutâneo, provocadas por pressão prolongada, devido a longos períodos

sentado ou deitado na mesma posição, o não tratamento pode ocasionar graves infecções,

atingindo inclusive os ossos.

e) Incontinência urinária e distúrbios esfincterianos: devido a lesão o indivíduo

perde o controle voluntário da bexiga, que passa a esvaziar automaticamente após atingir

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certo volume. O mesmo ocorre com a eliminação involuntária de fezes ou, até mesmo,

retenção. Aconselha-se conversar com o aluno, de modo que o mesmo tenha o hábito de

esvaziar a bexiga ou evacuar antes da prática de atividades físicas ou esportivas.

f) Distúrbios no retorno venoso e osteoporose: a ausência da contração muscular

abaixo do nível da lesão pode provocar a perda de massa óssea progressiva por dificuldade de

absorção de cálcio, acentuando o risco de fraturas em decorrência de quedas da cadeira de

rodas. E mais, a falta de contração muscular dificulta o retorno venoso ao coração, afetando a

pressão arterial e prejudicando a circulação sanguínea. Ao profissional de educação física

cabe atentar para estes fatos, mediante a não sensibilidade nesta área do corpo, devido à lesão.

g) Problemas de ajustes psicossociais: as mudanças no âmbito psicológico e

social, como problemas com a autoestima, autoimagem e dificuldade de aceitação do corpo,

impostas pela lesão, talvez não seja tão evidente quanto à limitação da locomoção, mas

costumam restringir a readaptação do indivíduo. Porém através do acesso às informações

apropriadas, e que, com o treinamento adequado é possível restabelecer uma vida plena e

saudável.

A prática de atividade física por pessoas com lesão na medula espinhal acarreta

ganhos no aspecto motor, social e psicológico (GORGATTI & BÖHME, 2008). Os autores

ainda citam que, os programas de atividade física deve ter ênfase na melhora da flexibilidade

buscando a redução da espasticidade nos músculos não mais inervados, incremento da força

nos membros superiores e tronco, e o desenvolvimento da resistência respiratória.

E ainda mais, a atividade física proporciona maior independência e capacidade de

realizar atividades diárias, reduz o tempo de fisioterapia, contribui para aquisição de hábitos

saudáveis, evitando o ganho anormal de peso, além de conscientizar que o indivíduo não é

doente e sim uma pessoa com possibilidades de sucesso e de superação (GORGATTI &

BÖHME, 2008).

1.2. Amputações de membros inferiores

De acordo com Porretta (2004), amputação designa a perda de um membro inteiro

ou de um segmento específico do membro. Pedrinelli e Teixeira (2008), a define como

ausência congênita ou retirada, parcial ou total, de um ou mais membros.

As amputações podem ser classificadas como adquiridas ou congênitas; as

amputações adquiridas podem ocorrer por resultados de doenças, tumor ou traumas; já as

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amputações congênitas ocorrem devido a má formação do feto nos primeiros meses de

gestação, as causas na maioria dos casos ainda são desconhecidas (PORRETTA, 2004).

Existem dois tipos de deformidades congênitas segundo Porretta (2004), um deles

é a focomelia, onde o segmento medial do membro está ausente, mas as partes proximais e

distais estão intactas, havendo a ligação direta de pés ao quadril; e a outra é semelhante às

amputações cirúrgicas, na qual não há estruturas normais abaixo do segmento que falta.

Segundo o Ministério da Saúde (2014), os níveis de amputação de membros

inferiores são:

a) Hemipelvectomia

b) Desarticulação de Quadril

c) Transfemoral

d) Desarticulação de joelho

e) Transtibial

f) Desarticulação do Tornozelo

g) Syme

h) Parcial do Pé

Segundo Pedrinelli e Teixeira (2008), aproximadamente dois terços das

amputações incidem de problemas vasculares, não sendo traumáticas e em indivíduos com

idade avançada. Em relação às complicações a diabetes é a maior causa, tal com incidência

anual em amputações da extremidade inferior de 10 vezes maior nos diabéticos do que nos

não diabéticos.

Em crianças problemas vasculares são raros, as más-formações congênitas são as

causas de amputações mais frequentes, as demais causas são infecção, trauma e neoplasias

(PEDRINELLI E TEIXEIRA, 2008).

As atividades físicas a estes indivíduos contribuem positivamente no processo de

reabilitação física e função muscular remanescentes, diminuindo a atrofia e aprimorando a

propriocepção, a atividade circulatória, além de benefícios psicossociais. A prática de

atividade física, seja ela recreativa ou esportiva, colabora diretamente no processo de

reabilitação, ao modificar a percepção a si próprio e de como a sociedade os percebe

(PEDRINELLI E TEIXEIRA, 2008; GORGATTI & TEIXEIRA, 2008).

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1.3. Poliomielite

A poliomielite é uma forma de paralisia causada por infecção viral que afeta as

células motoras da medula espinhal (KELLY, 2004). A doença, em geral, manifesta-se nos

primeiros anos de vida, e as sequelas variam a cada caso, podendo inexistir. (GORGATTI,

2008).

Segundo o Ministério da Saúde (2015), a pólio é causada pelo poliovírus

composto de três sorotipos (1, 2 e 3), é caracterizada nos seus quadros clássicos por paralisia

flácida de início súbito, porém pode apresentar diferentes formas clinicas: inaparente ou

assintomática, que ocorre em mais de 90% das infecções; abortiva em cerca de 5% dos casos,

caracterizada por sintomas inespecíficos; e a paralítica, com menor incidência, de 1 a 1,6%

dos casos.

A forma inaparente somente é reconhecida pelo isolamento do poliovírus nas

fezes e orofaringe, e pelo aumento dos anticorpos séricos. A forma abortiva apresenta

sintomas inespecíficos como: dor de cabeça, febre, dor de garganta, anorexia, apatia, vômitos,

dor abdominal e diarreia, a doença é indistinguível clinicamente de outras doenças virais e seu

diagnóstico se dá através do isolamento do vírus (OLIVEIRA e QUADROS, 2008).

A poliomielite espinhal, de acordo com Oliveira e Quadros (2008), é caracterizada

por uma fraqueza muscular do tipo flácido, podendo acometer alguns grupos musculares,

causar paraplegia ou tetraplegia, sendo, frequentemente, os membros inferiores os mais

atingidos.

Apenas a minoria dos casos obriga o indivíduo a se locomover com cadeira de

rodas, isto ocorre quando as células motoras da medula são destruídas, a sequela é irreversível

(GORGATTI, 2008).

Ainda segundo Gorgatti (2008), em outros casos com sequelas, é possível quase

sempre caminhar de forma independente. Se a perna é a única acometida a utilização de

órteses se faz necessário, nestes casos o membro apresenta déficit em cálcio e certo grau de

fraqueza.

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1.3.1. Sindrome pós-poliomielite

Apesar de a poliomielite, em seu poliovírus selvagem, estar erradicada no Brasil

desde 1989 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015), as pessoas acometidas com a doença com o

passar do tempo passaram a apresentar efeitos tardios, os quais podem ser divididos em três

tipos, segundo Oliveira e Quadros (2008): Sintomas que podem ser atribuídos diretamente ao

dano causado pelo polivírus tais como: Paralisia residual, desequilíbrio musculo-esquelético,

deformidades, deficiência respiratória e intolerância ao frio; Sintomas decorrentes da falência

do organismo em manter-se estável, caracterizado como síndrome pós-poliomielite; e por

sintomas resultantes de traumas secundários incluindo neuropatias compressivas, artrites

degenerativas, dores articulares, tendinite e bursite.

A síndrome Pós-Poliomielite é um transtorno neurológico que surge,

aproximadamente 15 anos ou mais após a doença aguda, caracterizada por fraqueza muscular,

fadiga, dor muscular e articular e em alguns casos a síndrome apresenta dificuldades

respiratórias e deglutição, atrofias musculares e intolerância ao frio, entre outros sintomas

(HALSTEAD, 1998; OLIVEIRA e QUADROS, 2008).

Halstead (1998) cita em seu estudo hipóteses para as causas da síndrome que são:

disfunção da unidade motora, uso muscular excessivo, desuso muscular, perda de unidades

motoras devido ao envelhecimento, predisposição de degeneração do neurônio motor,

infecção crônica ou reativação do poliovírus, síndrome imunomediada, efeitos do hormônio

do crescimento e a combinação de desuso, uso excessivo, dor, aumento de peso e outras

doenças.

A fraqueza muscular pode ocorrer devido ao fato de os indivíduos acometidos

com a poliomielite possuírem um número reduzido de motoneurônios, que por sua vez

trabalham mais que os neurônios normais causando o uso excessivo destes, e com o tempo os

mesmos sofrem um tipo de exaustão metabólica (HALSTEAD, 1998).

Contudo, Halstead (1998) ainda menciona que é difícil estipular uma regra para as

possíveis causas, um exemplo é o fato de que a fraqueza muscular pode ser explicada pela

inatividade muscular e esta encadeia uma cascata de complicações que podem fazer com que

os sintomas originais sejam impossíveis de serem identificados.

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1.4. Outros

Ressalta-se o caráter inclusivo do HCR visto que o mesmo possibilita a participação de

pessoas com deficiências que não se adaptaram ou não são elegíveis para o Rugby e/ou Basquetebol

em Cadeira de Rodas (GORLA, et al., 2010), bem como as pessoas que possuem um

comprometimento motor que inviabilize a participação em outras modalidades paradesportivas ou

convencionais.

1.4.1. Paralisia Cerebral

Também chamada de encefalopatia crônica da infância, é um grupo de sintomas

incapacitantes permanentes, resultantes de danos às áreas do cérebro responsáveis pelo

controle motor e os sintomas podem variar dependendo do local e da magnitude dos danos,

que contribuem para o desenvolvimento de reflexos anormais, os quais causam dificuldade de

coordenar e integrar padrões básicos de movimento (PORRETTA, 2004).

Ainda, de acordo com Porreta (2004), a PC pode ser oriunda de diversas causas

pré, peri e pós natais, dentre elas, traumas e acidentes, infecções, incompatibilidade de Rh,

prematuridade, anóxia, envenenamento e hemorragias ou tumores cerebrais.

Segundo Mattos (2008), as manifestações da PC pode ser classificada quanto o

grau de acometimento, a neuroanatomia, em relação ao membros acometidos e

fisiologicamente. Quanto ao grau de acometimento a paralisia pode ser: leve, moderada e

grave.

Conforme a autora, em sua manifestação neuroanatomica a PC pode ser: Espástica

(Piramidal) – lesão das fibras eferentes que vão do córtex aos membros. Resulta em paralisia

espástica; Atetose (Extrapiramidal) – lesão a outras áreas que não das fibras eferentes. Resulta

em movimentos discinéticos; Atáxica (Cerebelar) – lesão no cerebelo, responsável pela

coordenação dos movimentos, sensação de posição no espaço e manter o equilíbrio.

Em relação aos membros acometidos a PC pode causar a paralização total (Plegia)

ou parcial (Paresia) do membro. Quando há o acometimento de um único membro classifica-

se como Monoplegia ou Monoparesia; Hemiplegia ou Hemiparesia quando acomete-se

somente um lado do corpo; Paraplegia ou Paraparesia quando o tronco e os membros

inferiores são atingidos; na Diplegia ou Diparesia os quatro membros são afetados, sendo os

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inferiores mais comprometidos; na Quadriplegia ou Quadriparesia há o acometimento dos

quatro membros, necessitando de cadeira de rodas para a locomoção; e por fim, na Dupla

hemiplegia ou Dupla hemiparesia, os quatro membros são acometidos, porém sendo um

hemicorpo mais afetado.

Fisiológicamente, quanto ao tônus muscular, Mattos (2008) a classifica:

Rigidez – Tensão na musculatura dos membros ao realizar movimentos e

alongamentos, geralmente resulta em quadriplegia.

Espasticidade – caracterizado pelo aumento do tônus muscular, no qual os músculos

apresentam reflexos de estiramentos;

Atetose – caracterizado por movimentos involuntários e variações do tônus. As

pessoas podem apresentar dificuldades de se manter na posição vertical e sentada ou caminhar

com segurança, podendo apresentar movimentos involuntários;

Ataxia – caracterizada por diminuição do tônus muscular, movimentos não

coordenados e dificuldade no equilíbrio;

Tremor – aparece nas movimentações involuntárias;

Hipotonia – baixo tônus muscular;

Mista – caracterizada pela combinação de sequelas. (Ex: Espástica-atetóide).

Nesta população a aptidão física e desempenho podem ser limitados, restringindo

a força e resistência muscular, causando dificuldades na execução de habilidades finas e

também afeta no desempenho de trabalhos submáximos (MATTOS, 2008).

1.4.2. Nanismo

Nanismo é uma condição na qual a pessoa possui baixa estatura, ou seja, altura

igual ou inferior a 152,4 cm, a mesma pode derivar da falha na conversão da cartilagem em

osso durante o crescimento, ou devido a uma irregularidade na glândula pituitária

(PORRETTA, 2004). De acordo com o autor, o Nanismo pode ser classificado como:

Proporcional: as partes do corpo são proporcionais, mas muitos curtas; e Desproporcional:

prevalecente, se caracteriza por pernas e braços curtos, com o torso normal e a cabeça grande.

No nanismo desproporcional a acondroplasia é muito comum e significa a

ausência da formação e do crescimento normal da cartilagem, que inicia na vida intra-uterina.

Esta pode se manifestar por meio da marcha arrastada, lordose, amplitude de movimento

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limitada, pernas arqueadas e em casos mais graves, quando há comprometimento da coluna e

outras deformidades ósseas, o indivíduo pode precisar de dispositivos, como muletas, para

auxiliar deambulação (PORRETTA, 2004).

Porretta (2004) acrescenta que pessoas com nanismo que não possuem

acondroplasia podem apresentar anormalidades nas vértebras cervicais, similar a instabilidade

atlantoaxial da síndrome de Down, que podem causar lesões graves no pescoço, com isso a

liberação médica se faz necessária.

1.4.3. Distrofia Muscular

A Distrofia Muscular engloba um grupo de doenças hereditárias caracterizadas

por fraqueza progressiva e difusa de vários grupos musculares, por sí não é fatal, mas

predispõe complicações respiratórias e cardíacas (PORRETTA, 2004).

Segundo o autor, há vários tipos de distrofia muscular: a distrofia muscular

miotônica, se manifesta pela fraqueza muscular e afeta o sistema nervoso central, coração,

olhos e glândulas endócrinas. É uma doença de evolução lenta e ocorre geralmente entre os 20

e os 40 anos de idade. A facioescapuloumeral, afeta os músculos do ombro e do rosto e, em

alguns casos, o quadril e a coxa, manifestando-se na adolescência ou na idade adulta, podendo

cessar por sí mesmo a qualquer momento. Na distrofia muscular das cinturas dos

membros, a degeneração pode iniciar na cintura pélvica ou escapular, acabando por

comprometer ambas. A degeneração é contínua e lenta, e pode ocorrer a qualquer momento a

partir da fase final da infância.

1.4.4. Artrogripose

Também conhecida como contraturas múltiplas congênitas, a artrogripose é uma

doença congênita não progressiva, de origem desconhecida (PORRETA, 2004). De acordo

com o autor, esta se caracteriza pera rigidez articular e fraqueza muscular, os indivíduos

podem precisar usar cadeiras de rodas ou apenas ter comprometimento mínimo, os membros

afetados podem apresentar deformidades e, de modo geral, ser mais finos com articulações

aparentemente maiores, sendo a cirurgia e a utilização de órteses recomendadas. Defeitos

cardíacos congênitos, problemas respiratórios e anomalias faciais estão associadas à doença.

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CAPÍTULO 2 – O HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS

2.1. Histórico

O HCR foi criado no ano de 2005, na cidade de Toledo, Paraná, através da

inserção da atividade no projeto de extensão da Universidade Paranaense Campus Toledo

pelos professores Décio Roberto Calegari e José Irineu Gorla, e juntamente com o professor

Ricardo Alexandre Carminato iniciaram o processo de adaptação do handebol para a cadeira

de rodas (CALEGARI, 2010). Para o início foi realizado um estudo exploratório com o intuito

de identificar iniciativas de adaptação do handebol para a prática em cadeira de rodas,

estabelecer parâmetros para a construção de um referencial teórico e técnico para a

implantação da modalidade (CALEGARI; GORLA; ARAÚJO, 2010).

Foram encontradas iniciativas nacionais e internacionais, com o desenvolvimento

do handebol para a Terceira Idade e handebol para deficientes intelectuais e auditivos,

respectivamente (CALEGARI; GORLA; ARAÚJO, 2010). As principais foram as

monografias de conclusão de curso das professoras Sandra Peres e Danieli Eiko Itani, nas

quais foram abordadas a utilização do handebol como atividade terapêutica e recreativa

(CALEGARI, 2010).

Além destas, foram encontradas iniciativas isoladas das prefeituras de Santos, São

Sebastião e Jundiaí, no estado de São Paulo, no Rio de Janeiro por parte da prefeitura da

Capital e no Centro Educacional Santa Mônica, pelo Núcleo de Educação Física e Esporte

Adaptado de Feira de Santana, na Bahia e Sociedade Hípica de Campinas/SP (CALEGARI;

GORLA; ARAÚJO, 2010). Há registro também de iniciativas na década de 90 a qual foi

apresentada a adaptação do handebol para a prática em cadeira de rodas durante evento

acadêmico na cidade de Muzambinho/MG (ARAÚJO, 2013).

O início das práticas exigiu paciência e determinação, visto que para a formação

da primeira equipe, UNIPAR CAMPUS TOLEDO, com quatorze atletas levou 18 meses, fato

este que instigou a adaptação da modalidade para a prática com número reduzido de

praticantes, originando assim a divisão da modalidade em HCR7 e HCR4 (CALEGARI,

2010).

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O processo de desenvolvimento além de jogos de apresentações para o público em

geral e cursos (Quadro 2), manteve seus alicerces na ciência (Quadro 3), e no que tange a

competições observa-se no quadro 4 a descrição histórica.

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Quadro 3. Principais ações desenvolvidas para a evolução do HCR.

ANO EVENTO LOCAL

2006 Curso de HCR durante o Simpósio Internacional de Atividade Física Adaptada. São Carlos, SP

2006 Apresentação do HCR com o jogo entre as equipes da UNIPAR – campus Toledo e FAG – Cascavel no

intervalo do amistoso internacional envolvendo as seleções do Brasil e da Hungria.

Cascavel, PR

2007 Apresentação da modalidade durante o curso de especialização em Handebol realizado pela UNIFIL. Londrina, PR

2007 Apresentação da equipe da ATACAR/UNIPAR – Toledo no lançamento do Centro de Esportes Adaptados

da Prefeitura de Francisco Beltrão.

Francisco Beltrão, PR

2007 Apresentação do HCR na ANDEF – Associação Niteroiense de Deficientes Físicos, durante os Jogos

Panamericanos RIO 2007.

Niterói, RJ

2007 Apresentação do HCR na Abertura do ISAPA – Simpósio Internacional de Atividade Física Adaptada. Rio Claro, SP

2007 Segundo Curso de HCR, durante o Simpósio Paranaense de Educação Física e Esporte Adaptado. Toledo, PR

2007 Primeiros Cursos de Arbitragem em Handebol em Cadeira de Rodas. Toledo, PR e

Campinas, SP

2008 Inclusão do HCR na programação da Itajaí Handball Cup. Itajaí, SC

2008 Apresentação do HCR no Encontro Nacional de Professores de Handebol das Instituições de Ensino

Superior Brasileiras.

Bonito, MS

2008 Apresentação de Trabalho científico no evento: Convenção Internacional em Ciência, Educação e

Medicina no Esporte em Guangzhou, China.

Guangzhou, China.

2009 Apresentação do HCR na REATECH – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e

Acessibilidade.

São Paulo, SP

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2009 Criação da Associação Brasileira de Handebol em Cadeira de Rodas – ABRHACAR. Toledo, PR.

2012 Inserção do HCR nos Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná - PARAJAPS. Londrina, PR.

2013 Inserção do HCR nos Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina - PARAJASC. Joaçaba/Herval

D’Oeste/ Luzerna, SC

2013 Criação da Federação Internacional de Handebol em Cadeira de Rodas Curitiba, PR.

Fonte: Adaptado de Calegari et al., (2010)

Quadro 4. Estudos realizados com HCR como temática.

ANO TIPO DO

ESTUDO

TÍTULO AUTORES

2005 Artigo Handebol Sobre Rodas CALEGARI, D. C; GORLA, J. I;

CARMINATO, R. A.

2009 Artigo Handebol Adaptado e a possibilidade da inclusão do cadeirante nas aulas de

educação física.

SOUZA, C.S; TERRA, E.A.A.

2009 Artigo Handebol em Cadeira de Rodas: uma abordagem pedagógica OLIVEIRA, A.C.S.; MUNSTER,

M.A.V.

2010 Dissertação de

Mestrado

Avaliação da Composição Corporal e da Aptidão Física relacionada ao

desempenho de atletas de Handebol em Cadeira de Rodas

CARDOSO, V.D.

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2010 Artigo Potência aeróbia de praticantes de handebol em cadeira de rodas através de

um teste de quadra.

FLORES, L.J.F.; et.al

2010 Artigo Adaptação de uma bateria de testes para handebol em cadeira de rodas COSTA e SILVA, A. A.; et. Al

2010 Tese de

Doutorado

Adaptação do Handebol para a prática em cadeira de rodas. CALEGARI, D.R.

2010 Livro Handebol em Cadeira de Rodas: Regras e Treinamento. CALEGARI, D. R; GORLA, J. I;

ARAÚJO, P. F.

2011 Artigo Análise de dados espirométricos em atletas de Handebol em Cadeira de

Rodas

COSTA, T.A; et. Al

2011 Artigo Avaliação nutricional de atletas de handebol adaptado no município de

Toledo PR.

RIBEIRO, D.R; RUFINO, C.B;

COSTA, T.A.

2011 Artigo Contribuição do Handebol em Cadeira de Rodas (HCR) no aspecto

motivacional de atletas com deficiência física.

STORCH, J.A; et.al

2011 Dissertação de

Mestrado

Validação de uma bateria de testes de habilidades motoras para atletas de

Handebol em Cadeira de Rodas.

COSTA e SILVA, A. A.

2011 Artigo Proposta de iniciação ao handebol em cadeira de rodas. TORRES, J.; TONDATO, P.E.T.

2011 Dissertação de

Mestrado

Proposta de sistematização pedagógica e avaliação no Handebol em Cadeira

de Rodas.

OLIVEIRA, A.C.S.

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2012 Artigo Avaliação da aptidão física relacionada ao desempenho de atletas de

Handebol em Cadeira de Rodas.

CARDOSO, V. D; PALMA, L. E;

BASTOS, T. C. L.

2012 Capítulo de Livro Handebol em Cadeira de Rodas (HCR). In: GRECO, J. P; ROMERO, J. J. F.

Manual de Handebol: da iniciação ao alto nível.

CALEGARI, D. R; GORLA, J. I;

ARAÚJO, P. F.

2012 Artigo Incidência de Lesões Esportivas em Atletas com Deficiência Física

Praticantes de Handebol em Cadeira de Rodas.

BORELLA, D.R.; el.al

2013 Artigo Análise da evolução de habilidades motoras relacionadas aos fundamentos

do Handebol em Cadeira de Rodas

OLIVEIRA ACS, MUNSTER MAV.

2013 Dissertação de

Mestrado

Handebol em cadeira de Rodas: Diretrizes para a classificação GATTI, A. M. M.

2014 Artigo / no prelo Validating of the battery of skill tests for wheelchair handball athletes COSTA E SILVA et al,.

2014 Dissertação de

Mestrado

Avaliação das habilidades motoras de jogadores de Handebol em Cadeira de

Rodas

GODOY, P. S.

Fonte: Adaptado de Godoy (2014)

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Quadro 5. Descrição histórica de competições de HCR.

ANO LOCAL DESCRIÇÃO

2006 Toledo, Paraná. Copa Oeste - Primeira competição de HCR, com a participação das equipes da Universidade Paranaense e

da Faculdade Assis Gurgacz, UNIPAR/Toledo, UNIPAR/Umuarama e FAG/Cascavel.

2007 Toledo, Paraná, Brasil. II Copa Oeste - Participação das equipes ATACAR/Unipar/Toledo, APEDEF/Ponta Grossa e

ADEFIU/UNIPAR/Umuarama.

2008 Itajaí, Santa Catarina. Primeira disputa interestadual entre as equipes ATACAR/UNIPAR/Toledo e Clube Roda Solta/Itajaí, com a

inclusão do HCR na programação da Itajaí Handball Cup, sendo disputado por equipes de HCR até 2010.

2008 Toledo, Paraná. III Copa Oeste – Participação das equipes ATACAR/UNIPAR/TOLEDO e Clube Roda Solta/Itajaí.

2008 Campinas, São Paulo. Primeiro jogo envolvendo equipes de HCR no estado de São Paulo, ADEACAMP/UNICAMP e UFSCAR -

São Carlos.

2009 Campinas, São Paulo. I Campeonato Paulista de HCR.

2009 Toledo, Paraná. I Campeonato Brasileiro de HCR. Campeonato posteriormente organizado anualmente.

2009 Paraná I Campeonato Paranaense de HCR. Campeonato posteriormente organizado anualmente.

2009 Santiago, Chile. I Encontro Sulamericano. Participantes do Evento, Brasil e Chile.

2010 Almirante Brown, Buenos

Aires, Argentina.

II Encontro Sulamericano. Participaram do evento as seleções da Argentina, Bolívia, Brasil e Chile.

2011 Campinas, São Paulo. III Campeonato Sulamericano de HCR (Antigo Encontro Sulamericano) e I Copa Libertadores da América

de HCR. Disputado pelas equipes campeãs nacionais do Brasil e Seleções da Argentina, Bolívia e Chile.

2012 Curitiba, Paraná. II Copa Libertadores da América de HCR.

2012 Londrina, Paraná Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná - PARAJAPS.

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2013 Joaçaba/Herval D’Oeste/

Luzerna

Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina- PARAJASC.

2013 Curitiba, Paraná. Campeonato Mundial de HCR. Participaram do evento as Seleções da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile,

Uruguai e Austrália. Estiveram presentes representantes de Portugal e Venezuela.

2014 Almirante Brown, Buenos

Aires, Argentina.

1º Campeonato Panamericano de HCR. Participaram da competição as delegações da Argentina, Bolívia,

Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai e Panamá.

Fonte: Adaptado de Calegari et al., (2010)

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2.2. Atualidade

Segundo dados da ABRHACAR (2016) em âmbito nacional o Handebol em

Cadeira de Rodas contabiliza registrados na entidade 25 equipes oriundas de 9 estados, sendo

Paraná (6) e São Paulo (5) os estados com maior número de equipes. No que tange o número

de atletas, contabiliza-se 323, destes 265 do sexo masculino e 58 feminino, conforme a figura

2.

Figura 2. Número de equipes e atletas registrados na ABRHACAR

Os Campeonatos Nacionais são organizados pela ABRHACAR em parceria com

associações e municípios, no HCR4 já foram realizadas 7 edições e no HCR7 encontra-se na

quarta edição, e assim como no número de equipes, o estado do Paraná também lidera na

organização das edições.

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Quadro 6. Edições de Campeonatos Nacionais

Ano Modalidade Cidade/Estado

2009 HCR4 e HCR7 Toledo/PR.

2010 HCR4 Caçador/SC.

2011 HCR4 Itajaí/SC.

2012 HCR4 Francisco Beltrão/PR.

2012 HCR7 Rio de Janeiro/RJ.

2013 HCR4 Cascavel/PR.

2014 HCR4 e HCR7 Foz do Iguaçú/PR.

2015 HCR4 e HCR7 Toledo/PR

2.3. Iniciativas Internacionais

Em âmbito Internacional, há registros de equipes consolidadas na Argentina,

Uruguai, Chile, Bolívia, Venezuela, Austrália, Portugal, Colômbia (IWHF, 2015), Panamá.

(PATHF, 2014; PANDEPORTES, 2014).

Outras iniciativas foram encontradas com o desenvolvimento da modalidade em

cadeira de rodas, tais iniciativas utilizam de adaptações do jogo distintas da versão brasileira.

a) Federação Europeia de Handebol

No ano de 2006 a European Handball Federation (EHF) decidiu incluir o

Handebol em Cadeira de Rodas em seu campo de trabalho apresentando a modalidade para os

membros da federação durante a 2006 EHF Youth Conference, realizado em Viena na Áustria

(EHF, 2015). No evento foi realizada uma partida demonstrativa e uma proposta de regras

para a modalidade (EHF, 2006).

A proposta de regras consistia em um jogo praticado por duas equipes com 5

jogadores de linha e um goleiro, as medidas da baliza não deveria exceder os 240cm de

largura x 160cm de altura, as dimensões da quadra era as mesmas handebol convencional,

tempo de jogo de 2 x 20 minutos e era permitido colocar a bola no colo durante a propulsão

da cadeira (EHF, 2006).

No ano de 2008 a EHF organizou um seminário combinado com um pequeno

torneio, com a participação de duas equipes de basquetebol e cadeira de rodas oriundas da

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Áustria e Suécia, a fim de possibilitar às pessoas interessadas aprender, compreender e

difundir o HCR (EHF, 2008).

No ano de 2015 a EFF organizou um Torneio Europeu de Nações de HCR (2015

European Wheelchair Handball Nations’ Tournament) no centro de esportes

Niederosterreich, na cidade de St. Potten, localizado na Áustria. O evento contou com a

participação de quatro equipes: Holanda, Noruega, Portugal e Suécia (EHF, 2015).

b) Espanha

No país, o HCR se desenvolveu no ano de 2000, através de José Manuel Rivas

Clemente, o qual escreveu o primeiro manuscrito de regras de handebol adaptadas para

pessoas com deficiência e em 2001 organizou a primeira partida de HCR entre duas equipes

de Basquetebol em Cadeiras de Rodas (FMB, 2015).

No ano de 2015, o clube de handebol da cidade de Alcorcón e José Manuel Rivas

Clemente, com a colaboração da Federação Madrilenha de Esportes de Deficientes Físicos

(FMDDF), Federação Madrilenha de Handebol (FMB) e a Real Federação Espanhola de

Handebol (RFEBM), organizaram a II Jornada de Handebol Adaptado, o qual tinha por

objetivo promover o HCR com as regras unificadas da IWHF (FMB, 2015).

c) França

A Federação Francesa de Handebol desenvolve desde o ano de 1985 trabalhos de

handebol direcionados as pessoas com deficiência em todas as suas estruturas (Clubes,

Comitês e Ligas), no ano de 2001 formou a primeira equipe de handebol praticado em cadeira

de rodas e a denominação para a atividade de “HANDENSEMBLE” (FFH, 2010).

O jogo é disputado por equipes compostas de 6 atletas com duração de 3 tempos

de 15 minutos, é permitido colocar a bola no colo durante a propulsão da cadeira e a quadra

segue as mesmas dimensões utilizadas no Handebol convencional (FFH, 2005). A baliza

mede 1,70 metros de altura por 3 metros de largura, se a deficiência do goleiro não permite

que o mesmo jogue sentado na cadeira, lhe é concedido o direito de atuar em pé, neste caso a

medida da baliza deverá ser 2 m de altura x 3m de largura (FFH, 2011).

d) Inglaterra

Na Inglaterra, na cidade de Liverpool, o clube de Handebol em Cadeira de Rodas

de Liverpool realiza treinamento de HCR, o clube conta com o apoio do clube de Handebol de

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Liverpool, e parceria do Grenbank Sports Academy, centro de excelência em educação física,

que é dirigida pelo Grenbank Project, Instituto de Caridade que atua desde 1983 (LWHC,

2015). No ano de 2014 o clube de Handebol de Liverpool incluiu o HCR como uma das

categorias a serem disputadas no Torneio Internacional de Handebol de Liverpool, as regras

utilizadas foram as mesmas propostas pela EHF (2006), porém com adaptação no tempo de

jogo para 1 tempo de 20 min, e a participação era aberta para pessoas com e sem deficiência

(LIHT, 2015).

Outra iniciativa encontrada trata-se da London Handball Association (2015), que

visa assegurar que o handebol seja inclusivo e adaptável e oferecer oportunidades iguais a

todos. Neste âmbito o England Handball (2015), associação que organiza o handebol na Grã-

Bretanha, desenvolveu um curso para capacitação de treinadores de HCR.

e) Suécia

A Suécia através da Partille Cup, Torneio Internacional de Handebol para a

Juventude, realizou no ano de 2013 dentro da competição a disputa do HCR, houve a

participação de 4 equipes. A versão Suéca é praticada por pessoas com e sem deficiência

(PARTILLE CUP, 2015).

f) Malta

Em Malta no ano de 2013, a Associação de Handebol de Malta com o apoio do

Comitê Paralímpico de Malta, organizou um festival de Handebol em Cadeira de Rodas

(Wheelchair Handball Festival) com o objetivo de conscientização e inclusão social (MHA,

2013). De acordo com a pesquisa realizada, pode-se observar que na versão utilizada neste

festival o goleiro atuava de maneira similar ao handebol convencional, sem cadeira de rodas e

o mesmo não possuía deficiência.

g) Estados Unidos da América

Nos Estados Unidos, por meio da American Association of Adapted Sports

Programs, no ano de 2012 organizou uma competição a nível escolar na qual são elegíveis

crianças com deficiência física (AAASP, 2015). O jogo pode ser praticado em cadeiras de

rodas manuais ou motorizadas, as dimensões da quadra de basquetebol e a bola era similar a

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bola de voleibol, cada equipe é composta por 6 jogadores e o jogo é dividido em 6 períodos de

8 minutos, sendo três períodos no primeiro tempo e outros três no segundo tempo, entre os

períodos há um intervalo de 2 minutos e entre os tempos um intervalo de 10 a 15 minutos

(AAASP, 2013).

h) Japão

No Japão a federação Japonesa de Handebol em Cadeira de Rodas organizou duas

edições de uma competição de HCR para estudantes oriundos do ensino fundamental na qual

fora permitido a participação de pessoas com e sem deficiências (JWHF, 2015). A regra da

competição corresponde a disputas de equipes de 6 jogadores em quadra, as dimensões da

quadra é de 35m x 20m, a baliza possui medidas de 3m largura x 1,65m de altura e a duração

dos jogos é de dois tempos de 15 minutos com 5 minutos de intervalo (JWHF, 2015).

2.4. A Modalidade

O Handebol em Cadeira de Rodas é uma adaptação do handebol convencional

para a prática por pessoas com deficiência física permanente nos membros inferiores dividida

em HCR7 e HCR4.

O HCR7 é a adaptação das regras do handebol de salão, composto por 7 jogadores

em quadra por equipe, disputa-se em dois tempos de 30 minutos com 10 minutos de intervalo

(CALEGARI; GORLA & ARAÚJO). A soma das classes funcionais dos atletas em quadra

não poderá exceder os 16 pontos por equipe. Trata-se de uma modalidade inclusiva por

apresentar uma diversidade de classes em quadra, tornando os atletas com classe funcionais

consideradas baixas, entre 1.0 a 2.0, de suma importância para a composição da equipe. O

fato do grande número de atletas em quadra torna o jogo mais lento compreendendo uma

maior exigência tática dos técnicos e atletas.

O HCR4 de acordo com Calegari et al (2010) é a adaptação do handebol de areia,

onde uma equipe é composta de 4 jogadores, nesta modalidade qualquer atleta pode ser o

goleiro, desde que somente um jogador esteja dentro da área de gol, atribuindo ao atleta um

treinamento completo. A soma das classes não deverá exceder os 12 pontos. Esta modalidade

é mais atrativa aos atletas e espectadores, pois na quadra sobra mais espaço e torna-se um

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jogo no qual o contra-ataque é muito utilizado, apresenta também jogadas que exigem de

muita habilidade.

O HCR é praticado por pessoas com comprometimentos permanentes nos

membros inferiores que sejam impossibilitadas de praticar o esporte convencional em iguais

condições com pessoas não deficientes (CALEGARI; GORLA; CARMINATO; COSTA e

SILVA, 2010). Dentre as deficiências encontram-se pessoas com lesão medular (LM),

sequelas de poliomielite, amputações de membros inferiores, má formação congênita e outras.

2.5. Classificação Funcional

Para garantir uma concorrência justa e igual, o esporte adaptado adere a este

sistema que garante que a vitória é determinada pela habilidade, aptidão, capacidades físicas,

técnicas e táticas do atleta (IPC, 2014), minimizando o impacto do tipo de deficiência sobre o

resultado da competição promovendo a participação no esporte por pessoas com deficiência, e

a determinação da classe funcional se dá através da observação de quanto o desempenho

esportivo é impactado pela deficiência da pessoa (TWEEDY, VANLANDEWIJCK, 2011).

No que tange as classes funcionais, até o ano de 2013 foi utilizada a versão de

Calegari et al. (2010), o qual apresentava um sistema que classificava os jogadores tomando

como base a classificação do basquete em cadeira de rodas, observando as especificidades do

HCR, lhes atribuindo 10 classes que seguiam de 0.5 a 5.0. Desde então, foi adotada a proposta

apresentada por Gatti (2013), que desenvolveu um sistema de classificação específico para a

modalidade, o qual agrupou os atletas dentro de 7 classes funcionais (1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0,

3.5, 4.0), as quais são compostas por três partes distintas: 1. Avaliação Física ou Teste de

Banco; 2. Avaliação técnica que inclui movimentos específicos do esporte; e 3. Avaliação por

observação que consiste na avaliação em quadra.

Para tanto foram estabelecidos critérios mínimos para elegibilidade: a diferença de

comprimento entre as pernas deverá ser de no mínimo 6 cm; a perda ou deficiência do

membro deverá ser, ou equivalente, à amputação unilateral de metade do pé; e o limite de

estatura, para homens 145 cm e mulheres 140 cm (GATTI, 2014).

Após o processo classificatório é atribuído ao atleta uma classe funcional

juntamente com um status de classe esportiva, possibilitando ao mesmo requerimento de

avaliações adicionais e oportunidade de protesto. Sendo estas: Nova (N), Revisão (R), e

Permanente (P) (GATTI, 2014).

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2.6. Categorias

O HCR7 é disputado na categoria Masculino e Feminino, porém com o número

reduzido de participantes do gênero feminino e com o intuito de fomento a este naipe, foi

aderida a disputa de uma categoria mista, a qual deve-se respeitar a participação de no

mínimo 3 integrantes do sexo. A soma das classes funcionais não deve exceder os 16 pontos e

para a disputa deve-se ter 7 atletas em quadra, não podendo iniciar a partida com menos

atletas.

Já o HCR4 é subdividido em 2 categorias: o HCR4 A, disputado por atletas de

todas as classes, a soma das classes funcionais não deve exceder os 12 pontos em quadra; e o

HCR4 B, disputado por atletas que detém de classes funcionais até 2.0 pontos, nesta categoria

a soma das classes funcionais não deve exceder os 7 pontos em quadra. Ambas as categorias

são disputadas no gênero Masculino e Feminino.

Ainda em seu processo de desenvolvimento e fomento da modalidade, até o ano

de 2013 foi disputado no HCR4 a categoria mista, nesta deveriam compor a equipe dois

integrantes de cada naipe, sendo critério para o sexo masculino atletas com classe funcional

até 2.0. Esta, por sua vez, integrou o quadro de categorias da modalidade por 4 edições de

campeonatos nacionais, deixando de ser disputada devido a evolução da modalidade e a

necessidade de zelo pela integridade física do sexo feminino perante o vigor físico do sexo

oposto.

2.7.Regras Básicas

2.7.1. A Quadra de Jogo

A quadra de jogo deve ter dimensões de 40m de comprimento e 20 m de largura e

delimitada por linhas, seguindo a mesma distribuição da quadra oficial de handebol de salão

(CALEGARI et al,. 2010).

As balizas seguem a mesma distribuição do handebol de salão, 2 m de altura x 3

de largura, porém deverão ter sua altura reduzida em 40 cm, a fim de possibilitar que os

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goleiros joguem em cadeira de rodas (CALEGARI et al,. 2010), esta redução poderá ser feita

com o auxílio de uma placa de metal ou madeira (figura 3).

Figura 3. Baliza com placa de Redução.

2.7.2. Tempo de Jogo

Para a modalidade HCR7, joga-se dois tempos de 30 minutos com 10 minutos de

intervalo. Já o HCR4, disputa-se dois set’s de 10 minutos com intervalo de 5 minutos entre os

set’s, em caso de empate dentro dos set’s, prorroga-se o tempo até o gol de ouro, em caso de

empate de set’s, disputa-se um set desempate de 5 minutos (CALEGARI et al,. 2010).

2.7.3. Equipamentos

A Bola deverá conter as seguintes medidas: 58 – 60 cm e 425 – 475 gr (tamanho 3

da IHF) para homens adultos e maiores de 16 anos; 54 – 56 cm e 325 – 375 gr (tamanho 2 da

IHF) para mulheres adultas e homens de 12 a 16 anos; e 50 – 52 cm e 290 – 330gr (tamanho 1

da IHF) para crianças entre 8 – 12 anos (CALEGARI et al., 2012).

A Cadeira de Rodas (figura 4), segundo Calegari et al,.(2012), pode conter cinco

ou seis rodas, sendo duas grandes nas laterais com pneus de no máximo 66 cm de diâmetro,

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duas pequenas na parte frontal e uma ou duas na parte traseira. A altura máxima do assento

não pode exceder os 53 cm do chão e o apoio para os pés não poderá ter menos de 11 cm do

chão. Na parte frontal da cadeira deve haver uma barra de proteção semicircular. Para a

fixação do atleta a cadeira, é recomendada a utilização de faixas de velcro ou cintos.

Figura 4. Cadeira de Rodas para a prática de HCR.

Fonte: arquivo do autor

2.7.4. Particularidades

Na modalidade HCR7 existe uma regra em particular, na qual ao atleta é

permitido adentrar na área de gol, para tanto há uma demarcação em quadra (figura 5). A área

de gol de ponta é uma linha contínua de 3 metros, iniciada do final da linha dos 9 metros na

lateral da quadra e finalizada na linha dos 6 metros, sua projeção deve terminar ao pé da trave

do mesmo lado da quadra (CALEGARI et al., 2012).

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Figura 5. Demarcação de quadra para a entrada na área de tiro de ponta.

No HCR4, há duas regras distintas do HCR7, que são: Gol espetacular e gol de

Goleiro, as quais valem dois gols. No gol espetacular, gol feito em condição especial, o atleta

realiza um giro completo de 360º em posse de bola. No gol de goleiro, o mesmo deverá

realizar uma defesa e em seguida fazer um gol de sua própria meta.

CAPÍTULO 3 – PRINCÍPIOS TÉCNICOS DO HANDEBOL EM CADEIRA DE

RODAS

O HCR assim como o Handebol de Salão apresenta sprints, deslocamentos em

altas intensidades alternando com menor intensidade e momentos de descanso, caracterizando

como uma modalidade intermitente. Para a prática o atleta deverá ter pleno controle da

cadeira coordenando a posse de bola e um bom condicionamento físico visto que em uma

partida ocorrem inúmeros momentos de contra ataques.

Este capítulo apresentará os princípios técnicos para a iniciação ao treinamento do

Handebol em Cadeira de Rodas, abordando os fundamentos específicos da modalidade além

de orientações com a finalidade de facilitar a aprendizagem e execução do treinamento.

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3.1 Manejo da cadeira

A familiarização a cadeira de rodas é de suma importância, a interação cadeira-

individuo possibilitará ao mesmo a execução correta dos fundamentos técnicos e adaptação a

funções táticas. Calegari et al (2010) relata que o deslocamento da cadeira envolve três fases

distintas e complementares: a propulsão, deslizamento e frenagem.

Souza (1994) descreve que a fase preparatória, a qual ocorre o posicionamento

dos braços e das mãos para um desempenho eficaz, econômica e segura, baseia-se na flexão

de cotovelo com o direcionamento dos braços para trás. E mais, os músculos grande dorsal e

redondo maior atuam conduzindo os braços para trás com rotação interna do antebraço

facilitando a pegada.

O apoio das mãos nas rodas é realizado predominantemente com a região média

da mão, área próxima a base do polegar (SOUZA, 1994). Segundo Teixeira & Ribeiro (2006)

a pegada pode ser utilizada somente no aro de propulsão ou em conjunto com os pneus, o

autor cita também que para a locomoção da cadeira de rodas o movimento que deverá ser

iniciado na altura da linha do quadril, na parte superior do aro da cadeira de rodas.

Durante a propulsão o toque no aro de propulsão deverá ser simultâneo e contínuo

até a extensão total dos braços (TEIXEIRA & RIBEIRO, 2006). Freitas (1997) argumenta que

o tronco deverá estar parado e ligeiramente inclinado à frente. Nesta fase, Souza (1994)

destaca que o músculo deltoide estabiliza a articulação escápulo-umeral que servirá de

sistema de alavanca, os músculos grande dorsal e redondo maior exercem a adução dos

ombros, provocando a aproximação dos braços ao tronco, o peitoral maior contribui para a

extensão dos braços e o tríceps terá importância decisiva, como extensor do cotovelo, a

combinação e coordenação destas ações resultarão em uma maior ou menor eficácia na

propulsão.

Alguns atletas realizam a propulsão de cima para baixo, com uma pegada mais a

frente e mais baixo, e outros realizam movimentos circulares (Souza, 1994). No deslocamento

para trás, os braços deverão estar estendidos totalmente à frente e o corpo ligeiramente

inclinado no mesmo sentido, realiza-se um movimento puxando os braços simetricamente

para trás até a altura da cintura em conjunto com a elevação do tronco (TEIXEIRA &

RIBEIRO, 2006).

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O deslizamento trata-se da fase na qual o atleta desloca-se sem realizar propulsão

na cadeira, esta é observada em momentos de execução de passes, arremessos e fintas de

tronco (CALEGARI et al., 2010).

A frenagem é o momento em que o atleta busca parar a cadeira com o auxílio das

mãos sobre a roda, este ato poderá ser realizado de maneira que a roda seja totalmente travada

ou através da diminuição gradual da rotação (CALEGARI et al., 2010), a mesma poderá ser

feita com ambas ou somente umas das mãos. A frenagem com uma das mãos permitirá as

fintas e giros, conforme Souza (1994). Segundo Freitas (1997), quando possível, o aluno deve

inclinar o tronco para trás, pressionando com as mãos simultaneamente o aro à frente da linha

do quadril.

A aplicação das fases de forma alternada proporcionará mudanças de direção. Na

execução de giros, Freitas (1997) destaca que, deve-se pressionar gradativamente o aro de

propulsão no lado no qual deseja realizar o giro, inclinando o corpo para trás e para o lado do

giro. Ainda segundo o autor, para giros de 180º e 360º, além da pressão no aro, deve-se

realizar uma puxada rápida do aro para trás, obrigando o giro rápido da cadeira sobre seu

eixo. De acordo com Souza (1994), deve ser treinada em todas as possibilidades, havendo

variações como condução e frenagem com ou sem a posse de bola.

3.2 Condução de bola ou drible

Diferentemente do Basquetebol em Cadeira de Rodas no qual é permitido o

movimento em que a palma da mão alterna para cima e para baixo na condução de bola e

coloca-la no colo, no HCR a condução da bola deverá ocorrer de maneira que a palma da mão

permaneça constantemente para baixo e a bola em nenhum momento ser fixada ao colo e ao

cessar a condução o atleta deverá passa-la ou arremessa-la a gol.

Primeiramente o atleta deverá realizar condução de bola sem deslocamento, com o

intuito de promover o conhecimento espacial e ato de impulsionar a bola ao chão,

incentivando sempre à execução não somente com o membro dominante.

Como exercício de iniciação para a condução em movimento, aconselha-se ao

atleta colocar a bola no colo e realizar um deslocamento de cadeira alternando o toque na bola

e roda, ou seja, no momento em que a mão esquerda estiver na bola a mão direita deverá estar

realizando a propulsão na roda. Após a mecanização do movimento o atleta deverá realizar o

exercício quicando a bola, a seguir incrementam-se as mudanças de direção à atividade.

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Para facilitar a fase de propulsão da cadeira para a realização da condução de bola,

orienta-se lançar a bola a frente e acima, realizar a propulsão da cadeira e iniciar a condução

de bola no momento que a mesma quicar ao solo.

Cabe ressaltar que cada atleta detém de deficiência, limitações e capacidades

distintas, sendo assim a condução de bola poderá ser realizada de maneira diferente

adaptando-se ao atleta, podendo ser realizada somente com uma das mãos, com duas

propulsões na roda e uma condução de bola, variando de atleta para atleta.

3.3 Passe e Recepção

Um dos mais importantes fundamentos técnicos em esportes coletivos, o passe no

HCR é essencial para o dinamismo da partida, visto que se executado corretamente poderá

proporcionar situações ofensivas benéficas a equipe. O referido poderá apresentar as seguintes

trajetórias: direto, quicado e parabólico.

Direto: realiza-se o passe de maneira que a bola não toque o chão, o mesmo

deverá ser direcionado ao peito do companheiro, propiciando ao mesmo a facilidade de

recepção e progressão na jogada. O braço deve formar um ângulo reto (90º) com o tronco e o

antebraço (CALEGARI, 2010). Utiliza-se este tipo de passe em médias distancias, jogadas de

velocidade e jogadas ensaiadas.

Quicado: passe no qual se utiliza do chão para completa-lo ao companheiro,

muito utilizado durante os jogos por ser mais lento e proporcionar segurança na execução e

recepção, aplica-se em curtas e média distancias, momentos de organização tática, infiltrações

na defesa adversária, trocas de posições e para enganar os adversários.

Parabólico: Caracterizado por apresentar uma direção curva, o passe parabólico é

muito usufruído em instantes de contra ataques de longa distância, buscando surpreender e

transpor a defesa adversária. Deve-se lançar a bola para frente e para cima de modo que ao

quicar ao chão o companheiro possa recepciona-la em deslocamento e velocidade em ótimas

condições de ataque.

O que seria um bom passe sem uma recepção adequada? Não menos prestigiada

quanto ao fundamento supramencionado, a recepção é o primeiro ato para se caracterizar a

posse de bola, a mesma deverá ser efetuada com ambas as mãos. A empunhadura deve ser na

circunstância em que o polegar e dedos indicadores se aproximem formando uma cavidade

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côncava, de modo que a bola encaixe perfeitamente. Sugere-se também que no momento da

recepção os braços estejam semi flexionados a fim de propiciar a absorção do impacto.

3.4 Arremesso

Fundamento realizado com o intuito de obtenção do gol, é a última ação do atleta

durante a execução do ataque. O arremesso nada mais é que um passe com maior intensidade

e com objetivos distintos, que no caso é fazer o gol. O HCR utiliza de três tipos de

arremessos: Arremesso de ombro, lateral e especiais.

Arremesso de ombro é o arremesso realizado com maior frequência em uma

partida de HCR, e também o de maior potência sendo regido pelos mesmos princípios

biomecânicos do passe de ombro, ângulo de 90º entre braço, tronco e antebraço

(CALEGARI,2010). A potência neste arremesso se deve dentre outros fatores pela utilização

da flexão do tronco e a cadeira em velocidade de deslocamento.

No arremesso lateral o atleta deverá realizar o movimento pela lateral do corpo,

muito utilizado por atletas que atacam pelo centro é realizado com o intuito de surpreender a

defesa e goleiro.

Os arremessos especiais são aqueles em que o atleta utiliza da técnica para a

realização do arremesso, os quais podem ser: parabólico. colocado, rosca e de costas.

Parabólico – Utilizado em momentos em que o goleiro encontra-se fora do gol,

semelhante ao passe parabólico, porém em vez de passar a bola para o companheiro a

realização será com o objetivo de marcar gol. O arremesso deverá ser de modo que

tenha uma trajetória curva para frente e acima e que finalize caindo no gol;

Colocado - também conhecido como largada ou vaselina é um arremesso com o

propósito de surpreender o goleiro ou usufruir de um mau posicionamento do mesmo.

Similar ao arremesso parabólico, o atleta realizará o arremesso de modo que seja sem

muita intensidade e que a bola gire opostamente ao local para onde foi direcionada, a

trajetória será curva, para frente e para cima, com o objetivo de cair atrás do goleiro.

Rosca – Arremesso com efeito realizado de modo que proporcione uma rotação na

bola e fazendo com que a mesma mude de direção no momento em que toque o solo,

esta pode ser realizada através de rotação interna ou externa do punho.

Arremesso de costas – Arremesso realizado em situações em que o atleta encontra-se

de costa para o gol. O mesmo poderá ser realizado por baixo ou por cima. O

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Arremesso de costa por baixo é realizado através da extensão de ombro e tríceps, e por

cima através da flexão e rotação externa de ombro.

Salienta-se a importância de observar as desvantagens motoras decorrentes de

cada deficiência, pois tais atuam diretamente no modo em que o atleta executa o arremesso.

Indivíduos com lesão na medula espinhal, por exemplo, os quais não possuem

controle de tronco, utilizam do apoio para a execução do fundamento, o mesmo pode ser

realizado com o auxílio do braço sobre as pernas ou até mesmo segurar com a mão que não

está em posse de bola em alguma parte da cadeira, esta ação proporciona equilíbrio e maior

segurança na execução do movimento.

Ressalta-se também a orientação para o manuseio na roda da cadeira com a mão

que não está em posse de bola, visto que este manuseio proporcionará o controle da cadeira

direcionando-a e também para possíveis mudanças de direção.

3.5 Bloqueios ofensivos e defensivos

Bloqueio ofensivo é realizado para impedir a progressão da defesa e facilitar a

infiltração do ataque, no qual o jogador posiciona a cadeira de rodas a frente do adversário

sem colocar em risco o equipamento adversário (GORLA et al., 2010).

Bloqueio defensivo pode ser caracterizado pela elevação dos braços,

interceptando a trajetória da bola (GORLA et al., 2010), ou também com o movimento similar

ao bloqueio ofensivo, porém com a finalidade de impedir a progressão do ataque adversário.

3.6 Técnica de defesa

Segundo Simões (1980), as posições defensivas devem ser conhecidas por todos

os defensores, havendo a troca de posições constantes para que todos saibam como se

comportarem em relação a problemas nos diferentes postos.

A posição básica para a realização da defesa, o atleta deve estar com as mãos nas

rodas para a movimentação da cadeira, para frente, trás, lado e diagonais. No caso da

aproximação adversária com a bola executa-se a flutuação, a qual consiste em realizar um

avanço em direção ao atacante com o objetivo de pressionar, interceptar um passe ou impedir

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o arremesso, neste momento deverá ocorrer uma ligeira elevação dos braços para realização

do bloqueio.

No momento em que há a flutuação abre-se um espaço na defesa, sendo a

cobertura necessária, havendo a ocupação do setor pelo companheiro de defesa. Outra

situação decorrente da flutuação é a troca de oponente, visto a movimentação da bola, sendo o

sincronismo e cooperação fatores essenciais para o sucesso da defesa.

O defensor deverá estar em constante movimentação, pronto para intervir em

qualquer direção, sendo os setores defensivos estando sempre ocupados, independente do

sistema utilizado, e a distribuição defensiva deve ser harmônica de modo que os jogadores

mais altos estejam posicionados nos zonas centrais e os mais baixos nas zonas periféricas

(SIMÕES, 1980).

CAPÍTULO 4 – PRINCÍPIOS TÁTICOS DO HANDEBOL EM CADEIRA DE RODAS

Neste capítulo serão abordados os sistemas defensivos e ofensivos das

modalidades de HCR7 e HCR4, bem como uma explanação de posicionamento e

movimentação dos atletas. Além destes, versaremos brevemente sobre os aspectos cognitivos,

fator que contribui significantemente para a compreensão tática.

4.1 Aspectos cognitivos

A ciência e o esporte caminham de mãos dadas, visto que através da evolução

científica o esporte torna-se cada vez mais competitivo, fazendo com que em modalidades

individuais milésimos de segundos, centímetros, um ponto, um passo a mais defina o

vencedor, e no caso do esporte coletivo não é diferente, um passe, uma finalização, uma

tomada de decisão equivocada pode comprometer semanas, meses até mesmo anos de

treinamento.

Nos jogos esportivos coletivos, as ações expressam o comportamento e estas

executadas através da técnica, são essenciais para resolver situações de jogo (SISTO e

GRECO, 1995). Ainda segundo os autores, todas as ações são determinadas com enfoque

tático, obrigatoriamente o atleta deve tomar decisões de modo preciso e rápido, evidenciando

o comportamento cognitivo.

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Da Silva Matias e Greco (2010) afirmam que em modalidades esportivas em que a

estratégia é exigida, “o componente cognitivo centra-se nos processos de seleção de resposta e

assim, por meio da cognição, o atleta realiza a leitura de jogo”.

Direcionando a ciência para a realidade das quadras e jogos de HCR, alguns

processos cognitivos podem ser identificados, tais quais: percepção, atenção, antecipação,

memória, pensamento, inteligência e tomada de decisão (GRECO e CHAGAS, 1992; SISTO

e GRECO, 1995; BORTOLI et al., 2002; GRECO, 2006).

Seguindo a linha de pensamento de Greco (1995), porém levando em

consideração o fato da modalidade em estudo ser desenvolvida em cadeiras de rodas,

podemos descrever um dos processos cognitivos em relação às posições dos jogadores, no

caso a percepção, a qual é a capacidade de o indivíduo captar estímulos do ambiente e extrair

informações para solucionar problemas (GRECO, 1995; DE MATIAS e GRECO, 2010).

a) Goleiro

Posicionar-se no gol: O goleiro deverá ter noção de onde deverá se posicionar,

independentemente da posição de ataque do adversário;

Perceber características do adversário: Ex. onde o adversário arremessa com

frequência;

Perceber se o goleiro adversário encontra-se no gol durante o ataque; Ex.

Quando o goleiro adversário compõe o ataque;

Reação do adversário em relação ao posicionamento do goleiro;

b) Jogadores de linha.

No Ataque:

Perceber o posicionamento e comportamento defensivo adversário;

Reação adversária devido a aproximação do ataque;

Como o adversário está marcando o Pivô;

Qual o posicionamento do Pivô;

Se o Goleiro adversário encontra-se bem posicionado;

Comportamento adversário em situação de superioridade e inferioridade

numérica;

Perceber o momento da troca de goleiros (no caso do HCR4).

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Na defesa:

Observar características ofensivas do adversário;

Observar qual o atleta que mais é solicitado para finalização;

Local ou setor onde o adversário mais realiza o ataque;

Percepção na movimentação dos jogadores, sem perder a bola de vista (visão

periférica);

Posicionamento do goleiro adversário, se o mesmo encontra-se no gol ou

compõe o ataque;

Neste processo perceptivo a atenção é atuante no sentido de selecionar os

estímulos, interpreta-los e compreendê-los (DA SILVA MATIAS e GRECO, 2010). Durante

a partida muitos estímulos ocorrem, como a movimentação dos companheiros e adversários, o

técnico orientando, a comunicação em quadra, e o papel da atenção será filtrar estas

informações e fazer com que o indivíduo mantenha o foco em uma coisa de cada vez,

direcionando a percepção.

Há momentos em que o atleta na ação de atacar ou defender prevê a ação

adversária, esta é a atuação da antecipação, e segundo Greco (1995) a mesma é baseada em

experiências anteriores e é dependente da percepção e atenção. Já a memória é a responsável

pelo armazenamento de dados, seja a curto ou em longo prazo, a mesma é útil para o

planejamento e elaboração de estratégias.

O pensamento e inteligência são responsáveis pela capacidade de o atleta se

adaptar e solucionar problemas de acordo com o aprendizado dos treinamentos ou através da

criatividade utilizando de habilidades aprendidas (STERNBERG, 1997).

Em acordo com Sanfey (2007), Greco (2006) e Da Silva Matias e Greco (2010),

quando um atleta analisa diversas possibilidades que atribuem múltiplas respostas possíveis e

seleciona as que possibilitam maiores sucessos, configura-se como tomada de decisão. A

tomada de decisão, executada com sucesso, só se dá a partir do momento em que o jogador

tenha uma clara “leitura do jogo”, e para que o mesmo detenha desta, os processos de

percepção, atenção, antecipação, pensamento e inteligência são requisitados.

Sendo assim, um atleta preparado cognitivamente proporcionará melhores

desempenhos esportivos, visto que o mesmo será capaz de interpretar e compreender com

mais clareza as estratégias e solucionar situações de jogo com maior rapidez.

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Cabe ressaltar a importância de o professor estimular os atletas a pensarem

durante os exercícios, treinamentos ou jogos. O fato do questionamento do porquê estar

realizando a atividade, a utilização de jogos pré-desportivos, ou até mesmo jogos infantis

instigarão o atleta a utilizar os processos cognitivos.

4.2 Fundamentos Táticos

4.2.1. Posições táticas

Cada indivíduo apresenta-se diferentemente em relação às deficiências e ou níveis

de lesão, de acordo com a observação destas características e qualidade técnica dos jogadores

torna-se possível atribuição de funções ou posições conforme o quadro 6 no HCR7 e o quadro

7 no HCR4.

Indivíduos com lesão na medula espinhal podem possuir diminuição de força nos

membros superiores e acometimento na musculatura abdominal, sendo inviável a atribuição

de funções na qual o domínio de tronco seja essencial, usualmente os mesmos atuam como

pivôs proporcionando um posicionamento na linha dos 6 metros, consequentemente mais

próximo ao gol. Pessoas com amputações de membros inferiores e sequelas de poliomielite

possuem maior amplitude de movimento, sendo-lhes atribuídas posições as quais esta

característica seja requerida.

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Quadro 7. Características dos atletas por posição no HCR7.

Posição Classe

Funcional

Características

Físicas

Capacidades

Físicas Características técnicas e cognitivas Deficiência

Goleiro 2.5 a 4.0 Estatura alta;

Envergadura;

Força;

Agilidade;

Velocidade;

Qualidade de passes e arremessos;

Visão de jogo;

Concentração;

Percepção;

Atenção;

Antecipação;

Amputação de

membro inferior;

Poliomielite

Pontas (ataque)

/ Extremos

(defesa)

1.0 a 2.0

Velocidade;

Agilidade;

Arremessos de curta distância e pelas

pontas;

Qualidade no passe e recepção;

Domínio do fundamento de bloqueio;

Poliomielite;

Lesão na Medula

Espinhal;

Meia Armador

(ataque) /

Lateral (defesa)

3.0 a 4.0

Estatura alta;

Força;

Agilidade;

Velocidade;

Arremessos de longa distância;

Alto índice de acerto de passes;

Alta capacidade de armação de jogadas;

Capacidade de resolução de problemas e

tomadas de decisão com velocidade;

Visão de jogo;

Inteligência;

Percepção;

Antecipação;

Atenção;

Amputação de

membro inferior;

Lesão na Medula

Espinhal; Amador

(ataque) /

Central (defesa)

Pivô (ataque) /

Central (defesa) 1.5 a 4.0

Estatura alta;

Envergadura;

Força;

Agilidade.

Percepção;

Atenção;

Capacidade de posicionar-se entre os

defensores;

Arremessos de curta distância;

Proteção de bola;

Qualidade no passe e recepção;

Lesão na Medula

Espinhal;

Amputação de

membro inferior.

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Quadro 8. Características dos atletas por posição no HCR4.

Posição Classe

Funcional

Características

Físicas

Capacidades

Físicas

Características técnicas e cognitivas Deficiência

Goleiro 2.5 a 4.0 Estatura alta;

Envergadura;

Força;

Agilidade;

Velocidade;

Bons Passes e arremessos;

Visão de jogo;

Concentração;

Percepção;

Atenção;

Antecipação;

Amputação de

Membro Inferior;

Poliomielite

Lateral (defesa)

/ Meia (ataque)

1.0 a 2.0 Velocidade;

Agilidade;

Arremessos de curta distância e pelas pontas;

Qualidade no passe e recepção;

Poliomielite;

Lesão na Medula

Espinhal;

Armador

(ataque)

3.0 a 4.0 Estatura alta;

Força;

Agilidade;

Velocidade;

Arremessos de longa distância;

Alto índice de acerto de passes;

Alta capacidade de armação de jogadas;

Capacidade de resolução de problemas e

tomadas de decisão com velocidade;

Visão de jogo;

Inteligência;

Percepção;

Antecipação;

Atenção;

Amputação de

Membro Inferior;

Lesão na Medula

Espinhal;

Pivô (ataque) /

Central (defesa)

1.5 a 4.0 Estatura alta;

Envergadura;

Força;

Agilidade.

Percepção;

Atenção;

Capacidade de posicionar-se entre os

defensores;

Arremessos de curta distância;

Proteção de bola;

Qualidade no passe e recepção;

Lesão na Medula

Espinhal;

Amputação de

Membro Inferior.

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O HCR4 é uma modalidade dinâmica e que requer constante mudança de

posicionamento, e tem assegurado pela regra a possibilidade de qualquer jogador ser o

goleiro, mediante a esta particularidade os jogadores deverão ter a capacidade de atuar em

mais de uma posição, sendo assim, habitualmente atribui-se ao goleiro a função de armador

no caso deste participar do sistema ofensivo.

4.2.2. Fase de transição

O handebol é dividido em dois momentos que ocorrem simultaneamente em

quadra, ataque e defesa, e entre estas duas ações ocorre a fase de transição com o contra-

ataque e o retorno ou balanço defensivo (ROMERO, et al.,2012).

Segundo os autores, o contra-ataque é a ação ofensiva que se inicia no momento

em que a equipe adversária perde a posse de bola e que finaliza quando há o lançamento ou

organização da defesa, tratando-se de passar da defesa para o ataque no menor tempo

possível.

O objetivo do contra-ataque é aproveitar a desorganização da defesa, em uma

situação de igualdade ou superioridade numérica, para alcançar uma situação favorável para

finalização, e o mesmo pode ser dividido em três momentos (ROMERO, et al,. 2012): Início –

Quando a equipe atacante perde a posse de bola devido a ocupação eficaz do espaço pela

equipe defensora; Transição – movimentação ao gol adversário o mais rápido possível, esta

pode ser dividida em duas situações: transição não estruturada, em que acontece de forma

livre, ocorrendo superioridade ou igualdade numérica, e a transição estruturada, a qual é

planejada e estudada de antemão; E por fim o momento de Finalização, que ocorre quando a

transição for eficaz e produz um lançamento ou reorganização do ataque.

Romero, et al,. (2012) estruturam o contra-ataque em três fases ou blocos

denominados de ondas:

A Primeira onda é composta por jogadores que iniciam o contra-ataque,

estes são os mais avançados nos sistemas defensivos, aqueles que

executam o adiantamento para evitar o lançamento. Estes jogadores não

devem aguardar o resultado do ataque adversário para começar suas

ações.

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A segunda onda é similar a anterior, porém os jogadores só começarão

suas ações após a certificação de que a equipe possui a posse de bola.

A terceira onda ocorre coma participação de todos os jogadores em

situações estruturadas, com base em movimentos fixados de antemão ou

situações não estruturadas, a qual exige soluções individuais ou coletivas

de acordo com a situações encontradas.

Já o Retorno ou balanço defensivo trata-se em um meio para impedir o

desenvolvimento do contra-ataque, na qual há a transição do ataque para a defesa de forma

rápida, objetivando anular as possibilidades do contra-ataque adversário e recuperar a posse

de bola (ROMERO, et al., 2012).

Segundo os autores o retorno ou balanço defensivo pode ser executado de três

modos: Estruturado – os jogadores possuem ações específicas para impedir o contra-ataque;

Semiestruturado – algum membro da defesa possui funções específicas; Não estruturado – na

qual não há organização específica para o retorno defensivo.

CAPÍTULO 5 – SISTEMAS TÁTICOS DO HCR7

O HCR7 é uma modalidade predominantemente tática, ou seja, a performance

tática será fundamental para a obtenção do resultado desejado. Isto se dá ao grande número de

atletas/cadeira de rodas na quadra de jogo, desta forma através de ações táticas eficazes será

possível obter uma defesa consistente e um ataque efetivo.

5.1. Sistemas ofensivos do HCR7

Independentemente do atleta que encontra-se em posse de bola, a movimentação

do mesmo em relação ao ataque ou defesa adversária deverá ser direcionada entre os

marcadores, de modo que atraia a marcação e influencie a movimentação da defesa adversária

para si, assim, os demais jogadores de ataque poderão usufruir da abertura da área de defesa

proporcionada pela movimentação da mesma e consequentemente gerar novas opções de

passes e finalizações a gol.

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Ataque 6:0

Posicionam-se os seis atletas próximos a linha de 9 metros da defesa adversária.

Para este ataque exija-se a movimentação e troca de posição constante dos atletas de ataque,

visto que o objetivo será a infiltração na linha defensiva, seja ela pelo centro ou pelas pontas.

Figura 6. Sistema ofensivo 6:0.

Conforme a figura 6 o intuito da movimentação é atribuir a finalização ao Ponta

Direita. Os jogadores realizam a ofensiva de posse de bola entre os marcadores e no momento

que os mesmo realizam a marcação ocorre a troca de passes de modo que o último passe seja

realizado para o Ponta Direita que poderá realizar a arremesso da linha dos 6 m ou adentre a

área do goleiro através da área de tiro de ponta. Variação: De acordo com a movimentação

adversária não será necessária a troca de passes até o Ponta Direita, visto que poderá ocorrer

a abertura da defesa a qualquer momento. Poderão também ser realizados cruzamentos com

troca de posições.

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Figura 7. Movimentação/Sistema ofensivo 6:0.

Ataque 5:1

Posicionam-se cinco atletas próximos a linha dos 9 metros da defesa adversária e

um atleta infiltrado como pivô. Novamente este ataque exigirá movimentação e trocas de

posições, para que aconteça a infiltração na linha de defesa adversária. A função do pivô será

abrir espaço na defesa para a infiltração e posicionar-se de modo que seja opção de passe para

o ataque. Os Pontas além de realizarem as infiltrações pela ponta, podem realizar bloqueios

ofensivos para a infiltração dos Meias.

Figura 8. Sistema ofensivo 5:1.

No sistema ofensivo 5:1, o Pivô deverá se basear na movimentação da bola, e não

por menos, os demais jogadores deverão observa-lo, em relação ao seu posicionamento, para

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que possam aproveitar a superioridade numérica de atletas no lado do ataque em que o mesmo

se encontra para realizar o ataque. Conforme a figura 9 através da utilização deste sistema

várias opções de ataque poderão ser geradas.

Variação 1: Assim como a movimentação do sistema 6:0, poderá ocorrer a

ofensiva e troca de passes, de modo que sobre a infiltração dos Pontas com arremessos dos 6

m ou adentrarem na área do goleiro pela área de tiro de ponta.

Variação 2: O Meia Esquerda realizará a ofensiva entre o segundo e o terceiro

jogador defensivo, de modo que atraia a marcação para si, ocasionando a abertura de espaço e

consequentemente gerando opção de passe para o Pivô finalizar a Gol ou opção de passe para

o Armador realizar o arremesso da linha dos 9 m ou até mesmo infiltrar na linha dos 6 m.

Variação 3: O Armador realiza a movimentação entre os marcadores, gerando a

opção de passe para o Pivô e para o Meia Direita que por sua vez poderá arremessar a gol ou

passar para o Ponta Direita finalizar o ataque.

Figura 9. Movimentação/Sistema Ofensivo 5:1.

Ataque 4:2

Posicionam-se 4 atletas próximos a linha dos 9 metros da defesa adversária, de

modo que tenha dois pontas abertos e dois centrais, e infiltra-se dois pivôs. Este ataque

proporciona duas opções de passe na linha de sei metros com os pivôs, infiltração pelas

pontas e centro, além de arremessos de média a longa distância.

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Figura 10. Sistema ofensivo 4:2

De acordo com a figura 11 a movimentação neste sistema poderá originar diversas

variações para finalização a gol. Variação 1: O Ponta Esquerda realiza a ofensiva entre o

primeiro e segundo marcador do lado correspondente, atraindo a marcação para si, e abrindo

espaço para o Pivô 1 realizar a finalização. A mesma movimentação poderá ser realizada no

lado direito do ataque.

Variação 2: O Meia Esquerda e o Meia Direita realizam a movimentação em

direção ao centro da defesa adversária, de modo que atraia a marcação e libere espaço para

que o Pivô 1 ou Pivô 2 finalizem o ataque.

Variação 3: Os Meias poderão realizar a movimentação entre o primeiro e

segundo jogadores da defesa adversária, em seus lados correspondentes, de modo que possam

atrair a marcação e possibilitar o passe para os Pivôs realizarem a finalização ou os Pontas

realizarem o arremesso dos 6 m ou adentrarem na área de tiro de ponta.

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Figura 11. Movimentação/Sistema ofensivo 4:2.

Ataque 3:3

Neste sistema posicionam-se três jogadores próximos à linha dos 9 metros e três

jogadores na linha dos 6 metros. Este posicionamento pode proporcionar diversas variações

para a finalização do ataque.

Utilizando o posicionamento com dois Pivôs e um Ponta infiltrados na linha de 6

metros conforme a figura 12.

Figura 12. Sistema Ofensivo 3:3 A

Variação 1: O Ponta esquerda poderá realizar um bloqueio ofensivo para que o

meia esquerda possa adentrar a área de tiro de ponta (figura 13).

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Figura13. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 A.

Variação 2: O Meia realiza a movimentação entre o primeiro e segundo marcador

da equipe adversária atraindo a marcação para si, com esta ação o mesmo terá duas opções de

passe, uma com o Ponta que poderá realizar o arremesso dos 6 metros ou infiltração pela área

de tiro de ponta, e outra opção de passe é com o Pivô (figura 14).

Figura 14. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 B

Variação 3: O Meia direita realiza a ofensiva em direção ao centro da defesa

atraindo a marcação dos dois jogadores centrais da defesa adversária, com esta atitude

possibilitará duas opções de passe com os Pivôs (figura 15).

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Figura 15. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 C.

Variação 4: O Meia direita realiza a ofensiva entre o primeiro e segundo

marcadores adversários do lado direito (figura 16) atraindo a marcação dos mesmos,

possibilitando assim duas opções de passe que são: o Ponta que poderá realizar o arremesso

dos 6 metros ou infiltração na área de tiro de ponta, e o Pivô na linha dos 6 metros.

Figura 16. Movimentação / Sistema ofensivo 3:3 D.

5.2. Sistema defensivo HCR7

O Fato de o HCR7 ser baseado no handebol de salão, as movimentações da defesa

também se assemelha ao convencional. Partindo do princípio de proteger o centro e estimular

que os adversários realizem ataque pelas pontas. Porém, uma atenção especial deve ser dada

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às pontas, visto a possibilidade de infiltração de ponta na área do goleiro, ação esta assegurada

pela regra da modalidade.

Para melhor compreensão, caracterizamos a defesa em três linhas defensivas: a

primeira linha (6 metros), segunda linha (9 metros) e terceira linha (entre 9 e 12 metros)

(figura 17). Devido ao fato da modalidade ser desenvolvida em cadeira de rodas e com isso a

movimentação destas ser dificultada com a quantidade de cadeiras em quadra, aconselha-se

posicionar, na primeira linha de defesa, os atletas entre as linhas de 6 e 9 metros. Utiliza-se

este posicionamento pelo fato de proporcionar a movimentação adequada e se necessário à

cobertura da defesa. A seguir podemos destacar alguns posicionamentos táticos defensivos:

Figura 17. Linhas defensivas.

Defesa 6:0

Posicionam-se todos os defensores na primeira linha de defesa. Esta defesa só

deve ser usada por equipes que tenham defensores altos centrais, para evitar os arremessos, e

bons marcadores para evitar as penetrações (SIMÕES ,2002). Este posicionamento exige

eficácia em arremessos de longa distancias (GORLA, et al., 2010). Cada defensor será

responsável por uma zona da defesa, porém a defesa deverá trabalhar como um todo havendo

ajuda mútua e a movimentação da defesa deverá seguir a trajetória da bola.

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Figura 18. Sistema Defensivo 6:0.

Defesa 5:1

Organiza-se a defesa em duas linhas defensivas, na qual cinco defensores dentro

da primeira linha de defesa e um adiantado a frente da linha dos 9 metros. Este por sua poderá

realizar marcação sob pressão no armador ou meias adversários dificultando a armação do

ataque, estimulando o erro de passe e neutralizando os ataques de longa distância. Variação:

adota-se a troca de defensores na segunda linha de defesa de acordo com a movimentação e

posição do ataque adversário.

Figura 19. Sistema Defensivo 5:1.

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Defesa 4:2

Organizados em duas linhas defensivas, posicionam-se quatro defensores na

primeira linha de defesa e adiantam-se dois atletas na segunda linha de defesa. Estes deverão

realizar marcação sob pressão aos atletas que oferecem maior risco a defesa, impedindo-os de

realizar o ataques e arremessos dos 9 metros.

Figura 20. Sistema Defensivo 4:2.

Defesa 3:2:1

Organiza-se a defesa em três linhas de defesa, três defensores na primeira linha de

defesa, dois na segunda e um na terceira formando um triângulo. Defesa utilizada para

impedir os ataques frontais, realizando marcação sob pressão ao central, e meias adversários.

Apesar de proporcionar maior segurança em relação ao centro da defesa impedindo

infiltrações e arremessos de longa distância, as pontas tornam-se frágeis.

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Figura 21. Sistema Defensivo 3:2:1.

Defesa 3:3

Organizados em duas linhas de defesa, três defensores em cada linha de defesa.

Utiliza-se esta defesa com o intuito de dificultar a circulação da bola e evitar arremessos de

média à longa distância.

Figura 22. Sistema Defensivo 3:3.

Defesa combinada 5 + 1

Há momentos em que em circunstância do ataque adversário faz-se necessário

mesclar os sistemas de defesa, exemplo é a necessidade de marcar individualmente um

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adversário, deslocando um defensor na área em que adversário atua e os demais defensores

realizam a marcação por zona, no caso cinco defensores na primeira linha de defesa e um

realizando a marcação individual.

Figura 23. Defesa combinada 5 + 1.

Defesa combinada 4 + 2

Com o mesmo princípio do sistema anterior, posicionam-se quatro defensores na

primeira linha de defesa e dois defensores realizando a marcação individual.

Figura 24. Defesa combinada 4 + 2.

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CAPITULO 6 – SISTEMAS TÁTICOS DO HCR 4

O HCR4 é uma modalidade que proporciona maior facilidade para a iniciação e

aprendizagem ao HCR em suas ações técnicas e táticas, bem como na formação de equipes

visto a necessidade de um menor número de jogadores em relação ao HCR7. Esta modalidade

apresenta alta intensidade, contra-ataques, jogadas plásticas e maior quantidade de gols,

tornando-se atrativa para o público e mídia.

6.1. Sistema ofensivo do HCR4

Para melhor compreensão, a definição de funções e/ou posições dos atletas em

quadra se faz necessária:

Pivô – Atleta que se posiciona infiltrado na defesa adversária.

Meia – Atleta que em virtude do esquema tático utilizado poderá realizar a

armação do jogo, como também movimentação pelas laterais da quadra.

Armador – Atleta responsável pela armação e definição de jogadas ofensivas.

Ataque 3:0

Posiciona-se o ataque com os Meias abertos e o Armador na armação do jogo,

através da realização de movimentações com o intuito de infiltrar na defesa adversária, e

através da utilização do bloqueio ofensivo, pode-se realizar o ataque pelas pontas.

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Figura 25. Sistema Ofensivo 3:0

Ataque 2:1

Posicionam-se dois atletas na linha de 9 metros e um atleta como pivô infiltrado

na defesa adversária.

Figura 26. Sistema Ofensivo 2:1.

Ataque 4:0

Ataque realizado com a utilização do goleiro, o mesmo proporciona superioridade

numérica. Posicionam-se os quatro atletas na linha dos 9 metros, realiza-se o ataque através

da movimentação retilínea, de modo que os atletas estejam atrás da linha da bola,

proporcionando assim sempre uma opção de passe.

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Figura 27. Sistema Ofensivo 4:0.

Ataque 3:1

Utilizando o goleiro, este ataque também proporciona superioridade numérica.

Posicionam-se dois meias abertos, um pivô infiltrado e o goleiro como armador.

Figura 28. Sistema Ofensivo 3:1.

Ataque 2:2

Utilizando o goleiro, este ataque proporciona a infiltração de dois Pivôs na linha

dos 6 metros e dois meias realizando a armação e movimentação pelas pontas.

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Figura 29. Sistema Ofensivo 2:2

6.2. Sistema defensivo do HCR4

A defesa para o HCR4 parte do princípio básico de proteger a parte central ou

frontal e estimular a equipe adversária para a realização do ataque pelas pontas, esta premissa

ocorre devido ao fato de tal atitude proporcionar um menor ângulo de gol ao adversário. Seja

qual for o sistema tático utilizado, o principio será o mesmo. A defesa deverá acompanhar a

movimentação da bola, sempre resguardando a área central.

Para melhor compreensão, apresenta-se duas linhas de defesa para o

posicionamento dos defensores, a primeira linha localiza-se nos 6 metros e a segunda linha

nos 9 metros.

Quando em posicionamento defensivo denominamos as posições diferentemente

das utilizadas no ataque:

Laterais – Jogadores responsáveis pela marcação dos ataques que ocorrem

pelas laterais ou pontas;

Central – Jogador responsável pela ocupação da região central da defesa.

Defesa 3:0

Posicionam-se os três atletas entre as linhas dos 6m e 9m. Defesa utilizada para

impedir infiltrações na área central na linha dos 6 metros, obrigando o adversário a atacar

pelas pontas.

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Figura 30. Sistema defensivo 3:0.

Defesa 2:1

Esta defesa pode ser realizada de duas maneiras:

Posicionam-se dois jogadores na primeira linha defensiva e um atleta na

segunda linha defensiva. O atleta adiantado realizará a movimentação básica, acompanhando

a movimentação da bola, porém seu posicionamento evitará uma possível aproximação do

ataque adversário pelo centro, além de estimular o erro de passe do adversário.

Posicionam-se dois jogadores na primeira linha defensiva e um atleta

realizando marcação individual. Este sistema de marcação exige um bom treinamento físico e

técnico, visto que a mesma será realizada com altas intensidades de movimentação sob o

atleta adversário que mais oferece risco a equipe. Cabe ressaltar que esta marcação, somente

será realizada quando a equipe adversária estiver atacando com três atletas, ou seja, jogando

com o goleiro fixo.

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Figura 31. Sistema defensivo 2:1.

Defesa 1:2

Posiciona-se um jogador na primeira linha defensiva, o qual será o responsável

pela marcação do Pivô adversário, e dois jogadores na segunda linha defensiva com o intuito

de pressionar o ataque adversário e estimular o erro de passe.

Figura 32. Sistema defensivo 1:2

Variação: No caso de um ataque adversário com quatro jogadores, os jogadores da

defesa deverão realizar a movimentação com troca de marcação de acordo com a trajetória da

bola ou liberar o jogador adversário que possua o menor potencial de finalização para os

arremessos.

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Marcação individual

Esta marcação exige condicionamento físico e técnico, disciplina tática,

realizando a troca de marcador se necessário, além de muita concentração e atenção. O

objetivo é reduzir a movimentação dos atletas adversários e forçar o erro de passe dos

mesmos. Segundo Gorla et al (2010), este tipo de defesa pode ser realizada dos seguintes

modos: Dissuasão, impedir a movimentação do atacante através da marcação homem a

homem; Interceptação, o marcador mantém uma distância que o permita interceptar o passe

adversário;

Pressão meia-quadra, marcação realizada na quadra de defesa, com o intuito de

recuperar-se do desgaste provocado pela pressão quadra inteira; Pressão quadra inteira,

marcar a saída de bola adversária. Normalmente esta marcação individual é utilizada em

situações de inferioridade no placar e necessidade de retomada da posse de bola, além de

impedir à aproximação adversária a área de gol.

Figura 33. Marcação Meia Quadra Figura 34. Marcação Quadra Inteira

6.3. Jogadas de ataque HCR4

Jogada 1 - Ataque em Três.

Utiliza-se para esta jogada o sistema ofensivo 3:0. O Ataque poderá ser realizado

de modo que a movimentação seja direcionada a um lado da defesa adversária,

proporcionando assim uma superioridade numérica, estimulando a movimentação adversária

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com o intuito de promover a infiltração na linha de defesa, sendo assim a finalização poderá

ocorrer pelo centro ou pontas.

Figura 35. Ataque em três.

Jogada 2 - Ataque em Três com infiltração de pivô.

O Pivô deverá se posicionar, entre o Central e o Lateral adversário, o ataque será

realizado no lado em que o pivô está posicionado, proporcionando superioridade numérica ao

ataque. A condução da bola poderá ser executada tanto pelo Armador quanto pelo Meia. Na

ocasião de o Armador realizar a condução de bola, o mesmo deverá se movimentar em

direção ao espaço entre o Pivô de sua equipe e o Lateral adversário, e o Meia deverá realizar a

movimentação retilínea. Na circunstância da aproximação do Lateral adversário sobre o

Armador, realiza-se o passe para o Meia que realizará a finalização, caso contrário o Armador

realiza a infiltração e finalização.

Figura 36. Ataque em três com infiltração de pivô (A).

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Variação: O Meia realiza a condução de bola de forma retilínea para atrair a

marcação do Lateral adversário, e o Armador realiza a mesma movimentação anteriormente

citada (Figura 37).

Figura 37. Ataque em três com infiltração de pivô (B).

Variação: O Meia realiza a condução de bola de forma retilínea para atrair a

marcação do Lateral adversário, e realiza o passe para o Pivô que já se encontra infiltrado

(Figura 38).

Figura 38. Ataque em três com infiltração de pivô (C).

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Jogada 3 - Ataque em Três com cruzamento simples.

Através da utilização do sistema ofensivo 3:0, o Armador deverá realizar a

condução de bola em direção ao espaço entre o Lateral e o Central adversário a fim de atrair a

marcação, neste instante o Meia correspondente ao lado da jogada realizará a movimentação

de cruzamento por trás do Armador, o mesmo receberá o passe e infiltrará na linha dos 6m

para a finalização. No caso de sofrer a marcação adversária, realiza-se o passe para o Meia

oposto que estará em uma movimentação retilínea.

Figura 39. Ataque em Três com cruzamento simples (A).

Variação: Após o cruzamento o Meia (3) realiza o passe para o Meia (4), sendo

assim, a marcação adversária realizará a marcação no atleta de posse de bola, ocasionando na

abertura da defesa e consequentemente proporcionando a infiltração do Meia (3).

Figura 40. Ataque em Três com cruzamento simples (B).

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Jogada 4 - Ataque em 4 com deslocamento em linha.

Utiliza-se para esta jogada a formação ofensiva 4:0. Realiza-se o deslocamento

retilíneo, onde os atletas deverão estar atrás da linha da bola. Ocorrerá a troca de passes

laterais no momento em que a marcação adversária for executada. Há a possibilidade de

finalização por todos os atletas ofensivos, de modo que o ataque estará em superioridade

numérica havendo sempre um atleta sem marcação para a finalização.

Figura 41. Ataque em 4 com deslocamento em linha.

Jogada 5 - Ataque em 4 com bloqueio e cruzamento de passe.

Com a utilização do sistema ofensivo 4:0, o Meia esquerda realizará a condução

de bola de forma retilínea, os Armadores realizam o bloqueio ofensivo no Central e Lateral

adversário. O Meia esquerda que está de posse de bola deverá realizar um passe longo e

cruzado visando o Meia direita que estará posicionado no lado oposto.

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Figura 42. Ataque em 4 com bloqueio e cruzamento de passe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do aumento de praticantes da modalidade observa-se a importância deste

conteúdo, o qual contribui para a sequência do desenvolvimento da mesma. Almejamos,

contudo, atender as necessidades diárias de profissionais atuantes que anseiam aperfeiçoar

seus métodos de treinamento.

Através deste, foi possível abordar as principais deficiências existentes na

modalidade, caracterizando-as, provendo informações específicas e importantes para

possibilitar maior segurança para a atuação do profissional e no planejamento dos

treinamentos.

O constante enriquecimento de informações referentes à modalidade em relação a

estudos anteriores ressalta o caráter evolutivo do HCR. Tais evoluções interferem diretamente

no desenvolvimento da modalidade.

A este respeito no que tange aos aspectos técnicos, a descrição de detalhes

apresentados facilita a execução dos fundamentos específicos, no que se refere aos aspectos

táticos o delineamento dos principais sistemas ofensivos e defensivos contribuem para

progressão das equipes e consequentemente da modalidade.

Portanto deseja-se com este material proporcionar uma referência sobre aspectos

técnico-táticos para aqueles que venham a trabalhar com a modalidade, facilitando o início de

futuras equipes. Anseia-se também propagar este material de modo que possa difundir o HCR

pelo mundo, no desenvolvimento das iniciativas externas as quais desenvolvem o HCR de

forma distinta, colaborando para a padronização da modalidade em âmbito internacional.

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