HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA...arterial, sistematicamente, se encontra igual ou maior que 14 por...

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA THIAGO ALMEIDA RODRIGUES HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA UMA REVISÃO NARRATIVA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA REGULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO MEDIDA DE PREVENÇÃO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. Brasília 2016

Transcript of HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA...arterial, sistematicamente, se encontra igual ou maior que 14 por...

  • UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

    FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

    THIAGO ALMEIDA RODRIGUES

    HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

    UMA REVISÃO NARRATIVA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA

    REGULAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO MEDIDA DE PREVENÇÃO NA

    INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA.

    Brasília

    2016

  • Thiago Almeida Rodrigues

    Hipertensão arterial sistêmica

    Uma revisão narrativa sobre a importância da prática regular de educação física como

    medida de prevenção na infância e na adolescência.

    Trabalho de conclusão de curso

    apresentado como requisito parcial para a

    obtenção do grau de Licenciado em

    Educação Física pela Universidade de

    Brasília

    Orientadora: Lídia Mara Aguiar Bezerra

    de Melo

    Brasília

    2016

  • Thiago Almeida Rodrigues

    Hipertensão arterial sistêmica

    Uma revisão narrativa sobre a importância da prática regular de educação física como

    medida de prevenção na infância e na adolescência.

    Trabalho de conclusão de curso

    apresentado como requisito parcial para a

    obtenção do grau de Licenciado em

    Educação Física pela Universidade de

    Brasília

    Orientadora: Lídia Mara Aguiar Bezerra

    de Melo

    BANCA DE AVALIAÇÃO

    ________________________________________

    Prof. Dra. Lídia Mara Aguiar Bezerra de Melo

    ________________________________________

    Prof. Dra. Rita de Cássia

  • Dedicatória

    Dedico o presente trabalho primeiramente à Deus, por todo auxilio que me deu

    em momentos de dificuldade. Aos meus professores, principalmente à minha orientadora,

    que foram de extrema importância para a caminhada rumo a formação acadêmica. Dedico

    também aos meus familiares, amigos, e principalmente namorada que esteve comigo em

    cada dia, me auxiliando em cada obstáculo que encontrava nessa jornada. Por fim, dedico

    a todos meus colegas de profissão, que possam se debruçar um pouco sobre o tema, e que

    isso os ajude em uma melhor abordagem no público abordado nesse estudo.

  • Agradecimentos

    Cabem aqui, agradecimentos a todos que foram mencionados na dedicatória, pela

    forma em que cada um contribuiu para a conclusão do presente trabalho de conclusão de

    curso. Mais uma vez agradeço pelo acolhimento da professora Lídia Bezerra, que me

    acolheu como seu orientando, fez um ótimo trabalho de orientação, e aqui estou hoje!

    Agradeço também, a todos meus professores que de alguma forma fizeram a diferença na

    minha formação acadêmica e, principalmente, humana!

  • 4

    HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA: Uma revisão narrativa sobre a

    importância da prática regular de educação física como medida de prevenção na

    infância e na adolescência.

    Thiago Almeida Rodrigues

    RESUMO

    O presente trabalho teve como objetivo identificar os principais fatores de risco para o

    desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) em crianças e adolescentes, assim

    como as melhores formas de se tratar e principalmente, prevenir essa doença. Foi observado

    que os maiores fatores de risco para o desenvolvimento da HAS são a obesidade, os baixos

    níveis de atividade física e fatores psicológicos também. Foi observado também que vários

    estudos têm como a atividade física, um grande fator a se atentar tanto para a prevenção

    quanto para o tratamento da HAS em crianças e adolescentes. O exercício físico aeróbio foi

    visto como a melhor alternativa, nos dias atuais, para o tratamento da HAS. Exercícios

    anaeróbios precisam se estabelecer em estudos nessa área para uma prescrição nesse público.

    Palavras-chave: hipertensão arterial, crianças, escolares, adolescentes, sedentarismo,

    hábitos alimentares, obesidade.

    ABSTRACT

    The present work had as objective to identify the main risk factors for the development of

    systemic arterial hypertension in children and adolescents, as well as the best way of dealing

    with it and especially prevent this disease. It was observe that the major risk factors for the

    development of systemic arterial hypertension are obesity, low levels of physical activity

    and psychological factors. It has also been observe that several studies have physical activity

    as a great factor to consider both for prevention and for the treatment of systemic arterial

    hypertension in children and adolescents. Currently, aerobic physical exercise was seen as

    the best alternative for the treatment of systemic arterial hypertension. Anaerobic exercises

    need to be established in studies in this area for a prescription to treat this public.

    Keywords: Arterial hypertension, children, schoolchild, adolescents, sedentarism, eating

    habits, obesity.

  • 5

    Sumário

    1- Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

    2- Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    3- Resultados e Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    4- Conclusões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    5- Referências Bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

  • 6

    1- Introdução

    Segundo CANTONI (2004), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença

    crônica que apresenta elevados níveis da PA (DC x RVP) onde o esforço para que o sangue

    circule internamente nos vasos sanguíneos se torna maior que o normal. A OMS (2013) diz

    que a HAS contribui para 9,4 milhões de mortes anuais por doenças cardiovasculares no

    mundo, além de aumentar os riscos para insuficiência renal, cegueira e Acidente Vascular

    Cerebral (AVC). No Brasil 15% a 20% da população adulta pode ser considerada hipertensa

    (Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1999).

    A HAS está frequentemente associada às alterações funcionais e/ou das estruturas

    dos órgãos alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e alterações metabólicas

    (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI, 2010). Segundo um estudo de EWALD e

    HALDEMAN (2016), esses acometimentos podem ser observados em crianças e

    adolescentes, pois a HAS primaria está associada ao nível reduzido de atividade física, ao

    sobrepeso, à ingestão inadequada de frutas e vegetais e ao consumo em demasiado de sódio,

    de álcool e de gordura. Assim como em adultos, as crianças e adolescentes com HAS podem

    evoluir para lesão de órgãos-alvo, até mesmo hipertrofia ventricular esquerda (SILVA, M.

    A. M. et al., 2007).

    Segundo dados de um estudo de ROSA e RIBEIRO (1999), a prevalência de HAS

    em crianças e adolescentes está em torno de 2 a 3%, dados baseados em sintetizações de

    estudos nacionais e internacionais em diferentes regiões do globo. Já em um estudo um

    pouco mais recente, de LEITE et. al. (2007), diz que apesar de a HAS estar mais presente na

    idade adulta, a sua prevalência nas fazes da infância e da adolescência pode variar de 2% a

    13% em diferentes regiões do mundo.

    ROSA e RIBEIRO (1999), dizem que apesar de apresentar-se mais em adultos e

    idosos, necessita-se voltar atenção em um público mais jovem, pois os fatores sedentarismo

    e a obesidade nas populações escolares é preocupante. MOURA, A. A. et al. (2004), fala

    sobre a obesidade que se mostra um fator de risco em vários estudos, onde a prevalência de

    pressão arterial elevada em estudantes com sobrepeso e com risco de sobrepeso foi 9,4 maior

    que os com HAS ausente.

  • 7

    Hábitos inadequados como alimentação rica em açucares e gordura, contribuem para

    o aumento de peso e risco cardíaco, bem como a diminuição do nível de atividade física

    potencializa o risco para desenvolvimento de HAS ainda na infância e na adolescência

    (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão VI, 2010). Por esse motivo, é importante a ação

    preventiva para esse público para que evite que evolução para a condição hipertensos

    crônicos, doenças cardiovasculares e acidente vascular encefálico (LOURENÇO, R. A.,

    MOTTA, L. B., 1999).

    Apesar da HAS ter uma incidência maior na vida adulta, torna-se importante estudar

    e conhecer os comportamentos que encaminham crianças e adolescentes para o

    acometimento no sistema cardiovascular mencionado acima. Dessa forma, profissionais da

    área de saúde poderão atuar de forma preventiva, como por exemplo os professores de

    educação física que, em ambiente escolar, prescreverão coerentemente o ensino da prática

    regular de exercício físico voltado para a saúde, para que eles possam utilizar o aprendizado

    para o resto da vida.

    Portanto, o objetivo do presente estudo é compreender como os hábitos de vida

    relacionados à saúde, contribuem para o desenvolvimento da HAS em escolares desde a

    infância até a adolescência, por meio de uma revisão narrativa.

  • 8

    2- Metodologia

    Se trata de um estudo de revisão narrativa de literatura. Sendo assim definiram-se

    etapas para o estudo: questão problema, objetivos da pesquisa, critérios de inclusão das

    publicações, definição das bases de dados, seleção dos estudos, extração das informações,

    formação do banco de dados, avaliação dos estudos incluídos na revisão, discussão dos

    resultados encontrados.

    Foram procurados artigos científicos nos seguintes bancos de dados: MEDLINE,

    PUBMED e SCIELO.

    Critérios de inclusão

    Foram incluídos na revisão, artigos científicos, consensos e manuais que tratassem

    sobre hipertensão arterial, e que de preferência abordassem a infância e adolescência. Foram

    utilizadas as seguintes palavras chave:

    -Fisiologia hipertensão arterial

    -Hipertensão arterial em crianças

    -Hipertensão arterial em escolares

    -Hipertensão arterial em adolescentes

    -Sedentarismo hipertensão arterial em crianças

    -Sedentarismo hipertensão arterial em adolescentes

    -Hábitos alimentares e hipertensão arterial em criança

    -Hábitos alimentares e hipertensão arterial em adolescentes

    -Obesidade e hipertensão arterial em crianças

    -Obesidade e hipertensão arterial em adolescentes

    E em Inglês:

    Arterial hypertension physiology

    Arterial hypertension in children

    Arterial hypertension in schoolchildren

    Arterial hypertension in adolescents

    Sedentarism arterial hypertension children

    Sedentarism arterial hypertension in adolescents

    Eating habits and arterial hypertension in children

    Eating habits and arterial hypertension in adolescents

    Obesity and arterial hyppertension in children

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    Obesity and arterial hyppertension in adolescentes

  • 10

    3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Foram encontrados 142 estudos com as palavras chave Hipertensão arterial em

    crianças e adolescentes, 30 estudos com as palavras Hipertensão arterial em adolescentes e

    103 estudos com as palavras chaves obesidade, hipertensão, atividade física, e crianças e

    adolescentes.

    Desses foram selecionados 30 artigos para serem discutidos de acordo com os tópicos

    abaixo:

    Fisiologia da HAS

    A Pressão arterial é, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH, 2016), a

    força com que o sangue advindo do miocárdio exerce sobre as paredes dos vasos sanguíneos.

    Quando resistência sobre a passagem do sangue nas artérias se eleva dar-se o nome de

    hipertensão. A HAS, que é comumente chamada de pressão alta, é a situação onde a pressão

    arterial, sistematicamente, se encontra igual ou maior que 14 por 9. Já crianças e adolescentes

    de até 12 anos com pressão arterial maior ou igual à 120/80 devem ser considerados pré-

    hipertensos, segundo THELMA (2008). A pressão elevada tem várias causas, como a

    ingestão demasiada de sódio, gorduras e açucares. Além de uma vida com práticas

    sedentárias, que pode se iniciar já na infância.

    No Brasil, LEITE et al. (2008), aponta que a prevalência da HAS em crianças e

    adolescentes tem aumentado, seu valor varia de 2 a 13%. Nesse mesmo estudo, identificaram

    44,7% dos indivíduos com pressão arterial elevada. Porém no estudo de OLIVEIRA et al.

    (1999) é encontrado 16,2% de prevalência de HAS, e SILVA et al. (2005) encontram 7,7%

    em uma população de crianças e adolescentes.

    A hipertensão arterial, segundo Neder e Borges (2006), é uma das principais causas

    determinantes de morbidade e mortalidade cardiovasculares, além disso, tem sido observado

    um crescente interesse para esse problema em crianças e adolescentes. No mesmo estudo,

    diz que entre as doenças crônicas não transmissíveis, a HAS é a de maior incidência.

    Segundo OLIVEIRA et al. (1999), há grandes indícios de que a hipertensão arterial

    sistêmica que é encontrada no adulto é uma doença que, em grande parte dos casos, inicia-

    se na infância. Crianças com níveis de PA considerados elevados, mesmo que dentro dos

    níveis considerados normais, tem uma grande propensão de evoluir ao longo da vida,

    tornando-se uma criança com mais chances de se tornar um adulto hipertenso. Na

    adolescência, RAMANATHAN et al. (2016) discursa que o risco se mantém, se não

    identificada a HAS na infância, ela pode evoluir e se estabelecer com mais prejuízos no

  • 11

    adolescente. Com o indivíduo mais próximo da fase adulta, fica cada vez mais difícil mudar

    o quadro de risco, vendo que a doença se estabelece por conta de práticas tanto alimentícias

    quanto da vida sedentária.

    Assim como na fase adulta, a HAS é considerada fator de risco para desenvolvimento

    de outras complicações, e ainda estar associada à elas. Segundo SALGADO e

    CARVALHAES (2003), a aterosclerose, que é geralmente tida no adulto, também pode

    iniciar-se na infância. Outra consequência seria a hipertrofia ventricular esquerda (HVE),

    pois existe uma relação direta entre a PA e o tamanho do ventrículo esquerdo em crianças,

    ou seja, o tamanho aumenta em relação com o aumento da PA (SOROF, 2002).

    Portanto, torna-se importante a identificação e o tratamento da HAS em crianças e

    adolescentes, pois ela, em grande parte dos casos, não se inicia já na fase adulta, mas antes,

    de forma silenciosa e evolui ao longo da vida (OLIVEIRA et al., 1999).

    Fatores Contribuintes

    a) Obesidade

    Um dos maiores indicadores de mudanças metabólicas no organismo humano, em

    todas as fases, segundo EWALD e HALDEMAN (2016), seria a glicemia, onde maiores

    níveis de insulina são secretados nas correntes sanguíneas, o que acarreta na resistência à

    insulina (RI), comumente chamada hoje de Síndrome Metabólica (SM). Essa RI pode evoluir

    e acarretar a uma diabetes tipo 2, que isolada, ou combinada com a HAS, gera grandes

    prejuízos à saúde (ARAUJO, BRITO e CRUZ, 2000).

    A obesidade, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

    (2016), é caracterizada pelo grande acumulo de gordura corporal em um indivíduo, para seu

    diagnóstico é usado, entre outros métodos, o índice de massa corporal (IMC). O IMC é

    definido pela coleta de alguns dados e cálculos em cima deles, os dados de referência são:

    40). Em crianças

    os dados são diferentes, onde a idade determina de uma forma mais especifica cada faixa de

    classificação. Em um levantamento do IBGE (2014) a porcentagem de pessoas obesas no

    brasil beira os 60%, de acordo com o estudo o excesso de peso aumenta com o decorrer da

    idade. Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome

    Metabólica (ABESO, 2009), entre crianças e adolescentes, esse número estaria em 15% no

    último levantamento feito pelo IBGE.

  • 12

    Quadro 1 – Tabela de medidas do IMC em relação à idade.

    Fonte: http://www.saudemedicina.com/como-calcular-o-imc/

    As causas para a evolução da obesidade são várias, entre elas a genética familiar, a

    disfunções endócrinas, e na maioria dos casos, está relacionada aos hábitos alimentares

    inadequados (ROSA e RIBEIRO, 1999). A ingestão de açucares e gorduras em geral está

    diretamente associada a obesidade, ou seja, diminuir a ingestão por meio de uma dieta mais

    balanceada seria uma grande forma de diminuir os riscos da obesidade, que é um fator de

    risco para a HAS (PAKZKOWSKA et al., 2016).

    Segundo ARAÚJO et al (2007), a chance de um indivíduo obeso ser portador de HAS

    é de 7,53 vezes maior que a chance de um indivíduo com sobrepeso, e comparando um

    indivíduo com peso ideal com outro com sobrepeso, o risco aumenta em 180%. Ou seja,

    quanto maior for o nível de sobrepeso ou obesidade de um indivíduo, maior o risco do

    desenvolvimento da HAS.

    Segundo SUPLICY (2000), a associação entre obesidade e HAS está bem

    estabelecida, e é uma unanimidade. No mesmo estudo ele discursa sobre as evidencias da

    diminuição da pressão arterial com o emagrecimento, e que pequenas reduções de peso têm

    diminuído significativamente os níveis pressóricos, ou seja, não é necessário atingir o peso

    ideal para se obter uma redução importante ou mesmo a normalização da pressão arterial.

    A obesidade é uma das maiores causadoras da aterosclerose, que ocorre quando a

    gordura, colesterol e outras substancias levam ao endurecimento e estreitamento das artérias,

    levando a um aumento dos níveis pressóricos e pode ocorrer em qualquer parte do corpo.

    Segundo GOTTLIEB et al (2005), ela está diretamente relacionada como um prejuízo

    mecânico para o aumento dos níveis da HAS.

    SILVEIRA et al (1999) escreve que níveis de insulina elevados estão associados a

    elevação da HAS, pela alta absorção de sódio e/ou secreção de catecolaminas. Acredita-se

  • 13

    que se forem reduzidos os níveis de insulina com a atividade física, o processo poderia ser

    revertido.

    b) Psicológicos

    Fatores psicológicos, segundo WIDEMAN et al. (2016), são riscos para o

    desenvolvimento de doenças físicas também, entre elas se encontra a HAS. A depressão

    pode gerar transtornos alimentícios e estilo de vida sedentária, gerando assim uma porta de

    entrada para o desenvolvimento da HAS em crianças e adolescentes (LUPPINO et al., 2010).

    c) Sedentarismo

    Segundo RAMANATHAN et al. (2016), o sedentarismo é um grande contribuinte

    para a evolução da HAS em crianças e adolescentes. Em sua conclusão, ele diz que esse

    estilo de vida inativo, faz com que as crianças se tornem mais propensas a ficarem acima do

    peso recomendado, o que colabora muito para a evolução da HAS. Além disso, mudar esses

    hábitos pode ser difícil, pois esse comportamento perdurou desde a infância (LEITE et. al.,

    2007).

    O sedentarismo, nada mais é que a falta de atividade física, ou mesmo ela em uma

    quantidade não suficiente. Segundo a OMS (2014), a quantidade de tempo de atividade física

    recomendada para crianças e adolescentes é de 60 minutos diários em uma intensidade

    moderada à intensa. Segundo uma pesquisa do IBGE (2013), 45,9% dos brasileiros são

    sedentários, dessa porcentagem 32,7% são crianças e adolescentes. Desse total de

    entrevistados, apenas 16,9% não tem consciência da importância da atividade física. As

    justificativas para não praticar vão desde não ter tempo, não ter condições financeiras ou até

    mesmo não gostam.

    O metabolismo basal é a quantidade mínima necessária (em calorias), para manter as

    funções vitais do organismo em repouso. Essa taxa pode varias de acordo com sexo, peso,

    altura, idade, e principalmente nível de atividade física. O indivíduo inativo tem essa taxa

    diminuída, deixando assim mais propicio ao acumulo de gordura visceral MCARDLE

    (2011). A inatividade, prejudica o retorno venoso, pela inatividade muscular, principalmente

    nos membros inferiores (os músculos da perna contribuem muito para o retorno venoso

    quando se contraem).

  • 14

    Contribuições da Pratica de Educação Física como prevenção e tratamento da HAS em

    crianças e adolescentes

    A atividade física é entendida por qualquer movimento corporal que eleve o gasto

    calórico acima do basal, já os exercícios físicos são atividades estruturadas com objetivo

    especifico que pode ser para melhorar a estética corporal, a aptidão física ou a saúde. O

    exercício físico para o tratamento da HAS se mostra mais eficaz.

    Os benefícios da atividade física são inúmeros, e abrangem desde aspectos físicos,

    quanto psicológicos. Segundo a OMS (2016) em publicação, a atividade física melhora o

    condicionamento muscular, o condicionamento cardiorrespiratório, também aumentam a

    densidade mineral óssea, e entre outros tantos benefícios, reduz o risco de hipertensão,

    doença cardíaca coronária, acidente vascular cardíaco (AVC), diabetes e depressão.

    Especificamente sobre a HAS, a atividade física auxilia na prevenção e até mesmo

    no tratamento dela. Um estudo de PAFFENBARGER (1988), faz uma relação entre prática

    de atividade física e os níveis de PA onde foi constatado que os indivíduos que não

    praticavam atividade físicas tinham um risco 35% maior de desenvolver HAS que aqueles

    que praticavam. PESCATELLO et al. (2005) conclui que altos níveis de atividade física de

    lazer reduzem a incidência de HAS em aproximadamente 30%. Ou seja, maiores níveis de

    atividade física, até mesmo as de lazer, estão associados à redução na incidência de HAS

    (American College of Sports and Medicine, ACSM, 2004).

    Segundo RAMANATHAN et al. (2016), o estilo de vida sedentário, além de outros

    fatores, está diretamente relacionado com a HAS em indivíduos entre 10 e 17 anos de idade,

    a prevalência de HAS é superior em indivíduos obesos. A atividade física atua na prevenção

    dos fatores de risco para a HAS, a principal delas, a obesidade infantil que como já citado

    acima, é encontrado em uma boa fração das crianças e adolescentes no Brasil.

    Segundo ARAÚJO et al (2007), o exercício físico aeróbico, contribui para uma

    redução de 3 mmHg da pressão arterial sistólica e diastólica em indivíduos com pressão

    arterial no padrão (normotensos), 6 mmHg da pressão arterial sistólica e 7 mmHg da pressão

    arterial diastólica em hipertensos, e 10 mmHg da pressão sistólica e 8 mmHg da diastólica

    em indivíduos com hipertensão com grau elevado (severa). Ou seja, o exercício físico

    aeróbio contribui para a normalização da HAS, e quanto maior for o grau da doença, maiores

    serão os benefícios dessa atividade.

    Essas ações hipotensoras acabam por colocar o exercício aeróbio como o principal

    método de tratamento da HAS, se tratando de exercício físico. Sendo assim, o treinamento

  • 15

    pode levar ao controle da pressão arterial, reduzindo a dosagem do medicamento ou até

    mesmo a interrupção do seu uso.

    O exercício resistido por muito tempo foi considerado contraindicado para indivíduos

    com problemas cardiovasculares, por isso, por muito tempo foi negligenciado. Porém,

    KELLEY e KELLEY (2000), fizeram um estudo e concluíram que esse tipo de treinamento

    poderia reduzir a PA sistólica e diastólica em 2% à 4%. Essa descoberta despertou o interesse

    dos pesquisadores e o número de estudos aumentou, porém, o número de pesquisas ainda é

    pequeno para demonstrar uma eficácia tão grande quanto o exercício aeróbio. Esses estudos

    foram feitos em populações em fase adulta, não foram encontrados estudos que abordassem

    o mesmo procedimento com crianças e adolescentes.

    Apesar de não poderem serem comprovados efeitos de queda dos níveis pressóricos

    a longo prazo, pode-se destacar que nenhum estudo conseguiu evidenciar o aumento da PA

    de repouso com o exercício resistido. Porém, é importante ter em mente que durante a

    execução dos exercícios resistidos há um pico na PA, e isso pode representar um risco para

    o indivíduo hipertenso, pois esse pico pode levar ao rompimento de aneurismas já existentes,

    podendo ocasionar um acidente vascular cerebral (AVC), MEDINA et al. (2010).

    Nas crianças e adolescentes, segundo MAGALHÃES et al. (2002), mudanças

    relativas ao estilo de vida (alimentação, aumento da atividade física) devem ser as primeiras

    a serem tomadas, deixando os fármacos para último caso. Pois somente a redução de peso

    em indivíduos com sobrepeso já é identificada como grande fator para diminuição dos níveis

    pressóricos em crianças e adolescentes, assim como em adultos.

    A prevenção do sobrepeso, por meio de dieta e principalmente exercícios físicos

    regulares é uma das mais importantes tarefas a se ter em vista, pois ela poderá repercurtir

    por toda a vida, levando entre outras alterações, a HAS, FREEDMAN (1999)

  • 16

    4- Conclusões

    Esse estudo teve como objetivo identificar quais são os maiores fatores de risco para

    o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica em crianças e adolescentes, visto que os

    estudos para essa área ainda são escassos nessa população. Algumas variáveis de estudos em

    adultos podem ser adotadas também em crianças e adolescentes, como as fisiológicas onde

    não há estudos que mostrem que tenham diferenças entre crianças, adolescentes e adultos.

    Dessa forma, foi percebido, por meio das leituras que a obesidade e o sedentarismo

    são, dentre todas as outras variáveis, as de maior risco para o desenvolvimento e a

    complicação da HAS. Outros fatores como o psicológico também são levados em conta. A

    depressão por levar a distúrbios de sono, distúrbios alimentares e ao sedentarismo (fatores

    de grande influência para o desenvolvimento da HAS) também é levado em conta, tendo em

    vista que ela atinge diretamente os fatores que podem desencadear um aumento dos níveis

    pressóricos.

    O sedentarismo pode ser considerado o fator chave no risco do desenvolvimento da

    HAS, pois o mesmo faz com que o metabolismo basal se encontre baixo em relação a

    indivíduos fisicamente ativos, acumulando gordura visceral e acarretando no sobrepeso,

    além do retorno venoso que a pratica de exercícios físicos proporciona ao indivíduo.

    Sobre o tipo de exercício físico foi visto que o exercício físico aeróbio tem uma base

    cientifica maior, em relação ao anaeróbio, para ser aplicado em indivíduos hipertensos. Os

    exercícios físicos resistidos (anaeróbios) tem alguns estudos onde os níveis pressóricos se

    encontram mais baixos após o exercício, porém, o pico na PA que esse tipo de exercício gera

    ainda pode ser considerado um grande perigo.

    Sendo assim, um maior controle das práticas de vida, tais como a alimentação, ao

    nível de atividade física e aos fatores psicológicos da criança e do adolescente devem ser

    feitos, para que esses indivíduos se não se tornem, por consequência, indivíduos fisicamente

    inativos e com uma dieta desbalanceada, desencadeando dentre várias outras doenças, a

    HAS.

  • 17

    Referências Bibliográficas

    ARAÚJO, L. M. B.; BRITTO, M. M. dos S.; CRUZ, T. R. P. da. Tratamento do Diabetes

    Mellitns do Tipo 2: Novas Opções. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia,

    v. 44, n. 6, p. 509 – 518, 2000.

    ARAÚJO, T. L. de et al. Análise de indicadores de risco para hipertensão arterial em crianças

    e adolescentes. Revista Escola Enfermagem USP, v. 42, p. 2 –, 2007.

    ARAUJO, T. L. de et al. Pressão arterial de crianças e adolescentes de uma escola pública

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