HISTÓRIA DA ARTE - Operação de migração para o novo data … · 2014-04-22 · se das novas...
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HISTÓRIA DA ARTE: Construindo a linha do tempo com novas tecnologias
Autor: Lúcia Marques Augusto Amadeu1
Orientadora: Josie Agatha Parrilha da Silva2
Resumo O presente artigo apresentará o projeto efetuado dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná promovido pela Secretaria de Estado da Educação (SEED), onde objetivou a criação de uma linha do tempo permanente da História da Arte, em especial a pintura na arte Ocidental, com um formato diferente das existentes. Utilizou-se das novas mídias e tecnologias a fim de favorecer uma visualização constante na sala de arte e proporcionou a compreensão dos fatos históricos, sua localização no tempo e espaço. Tal iniciativa buscou contribuir com o pensamento crítico por meio de debates e a ampliação da capacidade de percepção com o exercício de leituras e possibilidades associativas dos educandos. As mídias podem funcionar como interface e o homem contemporâneo se enriquece dessas possibilidades para facilitar níveis de reflexão e compreensão do mundo. Palavras-chave: Linha do Tempo; História da Arte; Interface. Abstract This paper will present the project done within the Educational Development Program (PDE) of Paraná State sponsored by Ministry of Education (SEED), which aimed to create a continuous timeline of the History of Art, especially painting in Western art with a different format of existing ones. Use of new media and technologies to foster a constant view on the art room and provided an understanding of historical events, their location in time and space. This initiative sought to contribute to critical thinking through discussion and increasing the capacity of perception with the exercise of reading and associative possibilities of the students. The media can act as an interface and modern man is enriched levels of these possibilities to facilitate discussion and understanding of the world. Keywords: Timeline, History of Art; Interface.
1 Pós-graduação em Didática e Metodologia do Ensino, Educação Artística, Colégio Estadual Adolpho
de Oliveira Franco. 2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá – UEM e docente do Departamento de Artes da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG.
1 INTRODUÇÃO
Ao trabalhar com a História da Arte, no Ensino Médio, verifica-se certa
dificuldade dos alunos para entender a localização de tempo e espaço na história.
Isso pode prejudicar sua leitura de mundo e suas conexões com o passado. Para
contribuir e buscar solucionar tal dificuldade propõe-se a elaboração de uma imagem
visual da linha do tempo da História da Arte que facilite o entendimento dos fatos
históricos gerados e apresentados aos alunos, seus diferentes períodos, artistas,
acontecimentos e suas diferentes técnicas.
O mundo moderno apresenta uma geração de alunos que valorizam a
imagem e o espaço virtual, mas que, por outro lado, encontram dificuldades em
entender o mundo atual e também relacioná-lo com o desenvolvimento histórico. Na
maioria das vezes os conteúdos são aprendidos de forma estanque. Diante de tais
dificuldades dos alunos, fez-se necessário desenvolver atividades nas aulas de arte
que agrupassem visualmente os conteúdos que estão nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica do Paraná (2008) proporcionando possibilidades de ver de forma
mais ampla e profunda o momento atual na História da Arte.
Uma vez que se trabalha com alunos que vivem na contemporaneidade, em
um mundo extremamente visual, os conteúdos de arte3 devem ser escavados,
relacionados, restaurados e aprofundados pelo próprio aluno. Portanto, o presente
projeto visou buscar um formato adequado para trabalhar os conteúdos de História
da Arte, por meio de uma linha do tempo que possa apurar conhecimentos,
embasada nas novas mídias e tecnologias, criando um caminho mais amplo de
convívio e despertando nos alunos a emoção e a sensibilidade pelo seu meio social
e pela sua cultura (OLIVEIRA; HERNANDEZ, 2005).
Para compreender o conteúdo de História da Arte, seus períodos históricos,
fatos e artistas relevantes, localizando-os no tempo e espaço e, estabelecendo
relações com a atualidade, faz-se necessário seguir alguns passos para facilitar
essa compreensão: desenvolver uma pesquisa teórica sobre a importância da
pintura na arte ocidental desde a pré-história à contemporaneidade; criar um formato
interessante de linha do tempo na História da Arte utilizando das novas mídias e
3 Adotou-se a seguinte nomenclatura ao utilizar o termo arte: “Arte” para a disciplina e “arte” para a
área de conhecimento.
tecnologias a fim de favorecer a visualização de fatos, artistas e características de
cada período; participar de pesquisas e selecionar imagens visuais para a linha do
tempo; desenvolver o pensamento crítico reflexivo dos alunos do Ensino Médio por
meio de debates sobre os períodos da História da Arte.
O Projeto foi desenvolvido com alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio
Estadual Governador Adolpho de Oliveira Franco, ensino de 1º e 2º Graus no
período da manhã. Para essa intervenção, num primeiro momento, os alunos
construíram uma linha do tempo da sua vida desde o seu nascimento; no segundo
momento, houve uma apresentação da fundamentação teórica com conteúdos
práticos em Multimídia; em um terceiro momento partindo dessa fundamentação
teórica os alunos pesquisaram imagens para complementar a linha do tempo da
História da Arte da pintura; em seguida, foram debatidas as escolhas das imagens;
após, seria apresentadas definições sobre o artista e o artesão. Com esse
discernimento seria feito, na próxima etapa, um trabalho de campo pelos alunos
aonde iriam aos diversos bairros e distritos da cidade pesquisar, por meio de
questionários, possíveis artistas que desenvolveram trabalhos com o tema a cidade
de Astorga. Com esses dados teríamos uma visão da produção local podendo
futuramente criar uma linha do tempo da produção artística da própria cidade.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir do entendimento de que todo indivíduo habita mundos sensoriais
diferentes, deve-se possibilitar esse contato visual permanente ao aluno com a linha
do tempo da História da Arte. Tal elaboração elegerá conexões, ampliações da sua
capacidade de percepção conforme o seu exercício de leituras e de possibilidades
associativas, também poderá oferecer elementos para que os alunos encontrem as
pistas e os pontos de ancoragens que advém da linha do tempo.
Para o desenvolvimento do trabalho em relação à linha do tempo, faz-se
necessário uma retomada histórica sobre o processo de elaboração dos documentos
que fundamentaram a prática pedagógica do Ensino de Arte, nas séries finais do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio, nas Escolas Públicas do Paraná, em
especial, as Diretrizes Curriculares da Escola Pública (DCN). O Documento aponta
que, a partir de 1980, iniciou-se no país um processo amplo de mobilização social
pela redemocratização elaborando-se a nova Constituição promulgada em 1988.
Muitos movimentos sociais promoveram discussões dos problemas educacionais
para propor novos fundamentos políticos para a educação.
Dentre os fundamentos pensados para a educação destacou-se a Pedagogia
Histórico-Crítica, elaborada por Demerval Saviani e fundamentada no pensamento
de Paulo Freire que se propôs a oferecer aos alunos acesso aos conhecimentos da
cultura para a prática social transformadora. Partiu-se desta pedagogia em 1990
para a fundamentação do Currículo Básico para Ensino de 1º grau e o documento de
Reestruturação do Ensino de 2º grau da Escola Pública do Paraná. No ensino de
Arte a proposta era a formação do aluno pela humanização dos sentidos, pelo saber
estético e pelo trabalho artístico (PARANÁ, 2008).
Após alguns anos o currículo básico foi abandonado por mudanças políticas
(PARANÁ, 2008). Entre 1997 a 1999 foram publicados os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) com a proposta em Arte fundamentada em Ana Mae Tavares
Bastos Barbosa denominada Proposta Triangular, inspirada na DBAE (Discipline
Based Art Education) no final dos anos 1960 nos Estados Unidos. A proposta foi
pensada inicialmente para o trabalho de museus.
Para o Ensino Médio, a Arte compõe a área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias, estrutura curricular com o mesmo enquadramento da Lei n.5.692/71
onde os conteúdos de Educação Artística foram enfraquecidos centrando seu
planejamento curricular no trabalho com temas e projetos, afastando para segundo
plano os conteúdos específicos de arte e não tendo a participação dos professores
em sua produção (PARANÁ, 2008). Nesse sentido, tanto as DCNs quanto os PCNs
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio fundamentaram-se no conceito de
estética mascarando as relações de opressão e exploração da classe trabalhadora
(TROJAN apud PARANÁ 2005).
Em 2003, os professores de Arte passaram a fazer parte de discussões, tanto
da Educação Básica, Núcleos regionais (NRE) e Instituições de Ensino Superior
(IES) com o objetivo de retomar uma prática reflexiva na construção das diretrizes
curriculares estaduais, concebendo o conhecimento nas suas dimensões artístico,
filosófica e científica articulando as políticas que valorizem a arte e seu ensino na
rede estadual do Paraná (PARANÁ, 2008).
Para fundamentar o tema em estudo, as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica do Paraná (2008) apontam que os conteúdos devem ser selecionados nas
aulas de Arte, a partir de uma análise histórica e crítica devendo ser abordados os
conhecimentos estéticos e de produção artística. Assim, “pretende-se que os alunos
adquiram conhecimentos sobre a diversidade de pensamento e de criação artística
para expandir sua capacidade de criação e desenvolver o pensamento crítico”
(PARANÁ, 2008, p.52). Diante de tais mudanças tornaram-se necessárias reflexões
e ações no sentido de compreender a arte como campo de conhecimento,
desenvolvendo um sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e em
constante transformação. Uma constatação, já colocada por Platão é que arte e
sociedade são conceitos indissociáveis, uma vez que ambos se originam da relação
do homem com seu ambiente natural (PARANÁ, 2008).
Nessa perspectiva da importância da Arte, os conteúdos a serem
desenvolvidos devem estar atrelados ao desenvolvimento histórico da humanidade.
Desenvolver conteúdos em História da Arte sem passar pelo resgate histórico e pelo
resgate de memória é impossível, pois é ela que nos dá a razão do entendimento de
quem somos, o que queremos e para onde vamos. De acordo com Oliveira;
Hernández (2005, p. 181).
O mundo existe para os homens e pelo fazer humano, tornando-se o homem contemporâneo daquilo que produz- linguagem, trabalho, bens, ciências, artes- isto é, o mundo é mundo cultural. A cultura se torna, portanto, a captura mais perfeita do tempo e da história na medida em que submete o fluxo temporal das coisas à ação temporal dos homens, que fazem sua própria história ainda que não o saibam e em condições que não escolheram.
Com essa produção humana em relação à arte e desenvolvimento histórico,
os autores pontuaram que construir conceitos que se articulem progressivamente
entre arte, história, memória, identidade, cultura e ensino, complementam o
conhecimento e permitem que o aluno, ao trabalhar os conteúdos da História da
Arte, perceba que o seu conhecimento não pode percorrer apenas um segmento.
Com essa visão interdisciplinar a aprendizagem se estabelece para sanar os
conflitos cognitivos.
A arte se apresenta como leque de possibilidades, como transgressão da
mesmice e da opacidade cotidiana em uma sala de aula traduzida em quatro
paredes, janelas, carteiras, porta, lousa e armário que associados a uma imagem
visual da linha do tempo da História da Arte pode possibilitar uma viagem à
compreensão do próprio mundo e do desenvolvimento crítico (COSTA; BIONDO,
2010). Segundo Oliveira; Hernández (apud Franz, 2003, p. 35) tal desenvolvimento é
possível por meios da ampliação do olhar e tem como finalidade “evidenciar a
trajetória percorrida pelos olhares em torno das representações visuais das
diferentes épocas e culturas para confrontar criticamente os estudantes com ela”.
A necessidade de fazer arte é exclusivamente humana e essa arte permite
transmitir a percepção de coisas que não podem ser expressas de outra forma. Essa
linguagem exige o conhecimento dos estilos e das concepções de um artista, de um
país, para a melhor compreensão. Para Oliveira; Hernández (apud FRANZ, 2003, p.
133),
a) a arte e a cultura visual atuam como mediadoras de significados; b) o significado pode ser interpretado e construído; c) os objetivos artísticos se produzem em um contexto da relação entre quem o realiza e o mundo; e d) os artefatos visuais podem informar a quem os vêem sobre eles mesmos e sobre os temas relevantes do mundo.
Cabe ressaltar que tanto a arte quanto o seu resgate histórico é de suma
importância no contexto escolar como conteúdos necessários para a melhoria do
processo ensino-aprendizagem.
Renovação acontece em todos os momentos da vida, não seria diferente na
História da Arte, para estudarmos essa renovação é interessante esclarecermos
sobre o significado da História. Segundo o dicionário Aurélio, história é um conjunto
de “fatos notáveis ocorridos na vida dos povos e na vida da humanidade” deixados
por meio dos documentos, escritos, resíduos arqueológicos, pinturas, gravações,
fotografias, etc. (FERREIRA, 1987). Partindo desses elementos sobre a sua
existência e realizações passadas entram a importância da historiografia, definida
por Ferreira (1987) como a “arte de escrever a história” onde análises e estudos
diferentes são feitos de forma pessoal tornando a construção de um conhecimento
parcial, pois todo documento terá uma interpretação e não o fato que ocorreu
(CARVALHO, 2010). Esse estudo da história está relacionado ao contexto social,
verificando-se no plano cultural, a evolução do conhecimento construído nas
diferentes épocas, e no social, a atuação humana e as relações que se impõem
entre os homens (OSINSKI, 2001).
Muitas concepções ao longo do tempo foram criadas e essa falta de consenso
entre os historiadores permite uma melhor compreensão do passado. As correntes
historiográficas apresentam novos significados buscando assim “verdades”, pois
esse passado não é possível sofrer modificações, mas o conhecimento sobre ele se
transforma e se aperfeiçoa sempre (CARVALHO, 2010). Percebe-se ao longo do
tempo que a existência humana não se preocupou simplesmente na obtenção de
meios que garantissem a sua sobrevivência material. As manifestações humanas
das diferentes civilizações revelam valores, costumes, crenças e modos de agir,
falaram de coisas que saem das suas necessidades e deixam tentativas de
expressarem a sua visão de mundo.
Existem diversas propostas de linhas do tempo em História da Arte. Gombrich
em seu livro A História da Arte (1994) cria uma linguagem acessível e ajuda na
apreciação da imagem, acredita que consegue transformar o olhar e o gosto do leitor
pelo conhecimento, pois quanto mais se conhece, mais se aprecia. Para Argan, em
seu livro Arte Moderna (1992), a linguagem é mais técnica dos conhecedores de
arte, sua abordagem é consistente e coesa. Janson (2001) em seus livros de
História Geral da Arte elabora um estudo claro, muito bem documentado dando mais
aprofundamento na matéria. Já Charles; Manca; Mcshane e Wigal na obra 1000
Obras-primas da Pintura (2007) buscam interações entre a história e a pintura
verificando influências exercidas e sofridas pelos artistas de diversas épocas. Para
Stephen Farthing em seu livro Tudo sobre Arte (2010) a história da arte é organizada
em ordem cronológica com o desenvolvimento artístico de cada período e estilo
trazendo também avaliações minuciosas que revelam influências e mudanças de
ideias. Diante de todos estes historiadores, optou-se pela proposta de Stephen
Farthing (2010), por considerar sua ordem cronológica bem elaborada e clara.
A busca do homem por meio da história é sempre uma busca de
compreender e transformar a realidade. Desvelar as verdades ocultas nas obras é
aproximar-se dos seus segredos e das emoções do artista; é propiciar elevados
níveis de reflexão sobre arte, história e sobre o contexto antropológico do próprio
aluno (OLIVEIRA; HERNÁNDEZ, 2005). O homem sujeito que expressa sua visão
de mundo, visão esta que está atrelada a concepções, princípios, espaços, tempos,
vivências. Se você quiser conhecer seu povo é só procurar a história de sua arte.
Para Osinski (2001), a arte se insere como forma contextualizada de comunicação e
expressão dos sentimentos e pensamentos humanos. Janson (2007) entende que a
história da arte é um campo muito vasto para ser abarcada por todos os aspectos
com a igual competência.
O contato com a arte de diversos períodos históricos amplia a visão de mundo
e enriquece o repertório estético, favorece a criação de vínculos com realidades
diversas. Isso tudo propicia uma cultura de tolerância, de valorização da diversidade,
de respeito mútuo, podendo contribuir para uma sociedade melhor. O conhecimento
da arte produzido em sua própria cultura permite ao sujeito conhecer-se,
percebendo-se como ser histórico que mantém conexões com passado e que é
capaz de intervir modificando o presente de forma consciente de suas concepções e
ideias, poderá superar preconceitos e agir para transformar a sociedade do qual faz
parte (PARANÁ, 2008). Bronowski apud Zamboni (1983, p. 81) reflete sobre arte e
ciência e diz:
Há um fio que percorre continuamente todas as culturas humanas que conhecemos e que é feito de dois cordões. Esse fio é o da ciência e da arte [...] Este emparelhamento indissolúvel exprime, por certo, uma unidade essencial da mente humana evoluída. Não pode ser um acidente o fato de não haver culturas que se dediquem à ciência e não tenham arte e culturas que se dediquem à arte e não tenham ciência. E não há, certamente, nenhuma cultura desprovida de ambas. Deve haver alguma coisa profundamente enterrada no espírito humano, mais precisamente na imaginação humana que se exprime naturalmente em qualquer cultura social tanto na ciência quanto na arte.
Aprofundar-se nessa imaginação humana levará a mudanças nos
comportamentos e nas pesquisas. Hoje, um fato incontestável é que tudo passa
pelas tecnologias, no momento contemporâneo a vida é alimentada por essas
tecnologias e cria estreitas interfaces criativas e técnicas, atendendo a desafios com
a presença de sistemas artificiais que provocam mudanças. Decorrente a essas
mudanças, terminologias específicas e uma nova iconografia se fazem presentes na
paisagem contemporânea. O homem contemporâneo se enriquece com os
processos cognitivos e com as misturas de possibilidades tecnológicas, inclusive
ligadas à educação, permitindo a ampliação do campo sensível (DOMINGUES,
2003).
O homem constrói seu presente e projeta um futuro cada vez melhor, não
impedindo o fluxo da história, as descobertas são inventos acumulados e servem de
conhecimento para outros inventos. Em decorrência, a vida vem se transformando
com uma série de tecnologias que ampliam nossos sentidos e nossa capacidade de
processar informações e para a mente humana uma vez que teve suas dimensões
ampliadas não volta a seu tamanho original (DOMINGUES, 1997).
O espaço da sala de aula, na maioria das vezes, igual e rotineiro, precisa ser
invadido pelo espírito indagador e transformador da arte, esse espaço pode conter a
energia vibrante da vida, como espaço de troca, aprendizado e transcendência. Os
conteúdos da arte instigam os alunos a expedições através dos tempos (COSTA;
BIONDO, 2010). Nesse sentido, torna-se viável utilizar-se da comunicação visual
embasado nas novas mídias e as novas tecnologias na arte para desenvolver um
material visual permanente para ser colocado na sala de arte com estruturas
significantes. Tal material pode possibilitar uma melhor compreensão da História da
Arte para o aluno, articulando um melhor entendimento dos períodos já que estes
são colocados separadamente ao longo dos anos letivos. Isso pode esclarecer aos
educandos vias de localização no tempo e no espaço, interligando outros eixos da
arte em um esquema gráfico de linha do tempo. Aprender a olhar nos dizeres de
Merleau-Ponty é “todo saber se instala nos horizontes abertos da percepção”.
(NOVAIS apud COSTA; BIONDO 1995, p.14-15).
As mídias estão modificando as pessoas, editam o ambiente e com isso
editam também o usuário a qual estão expostos todos os dias (KERCKLOVE, 2003).
Como as mídias funcionam como interface de primeiro instante seria utilizada a
ferramenta Prezi4, que permitiria a criação de um amplo espaço com informações
para elaboração da linha do tempo da História da Arte da pintura. O sistema permitia
tanto uma navegação guiada quanto uma liberdade para o usuário em passear pelo
espaço de dados que foi criado. As apresentações do Prezi poderiam ser feitas
gratuitamente pela internet, sem a instalação de nenhum programa. Se o usuário
desejasse poderia pagar por uma versão mais avançada e detalhada do programa,
mas para iniciantes isto não seria necessário. A utilização deste programa
propiciaria um ambiente virtual diferenciado para que os alunos pudessem entender,
4 Disponível online no site http://prezi.com.
criar e modificar a linha do tempo da História da Arte, mas como o projeto ficaria on
line antes do seu término o Estado não permitiu a sua utilização.
3 DESENVOLVIMENTO
Acredita-se que após muitos estudos para selecionar os melhores passos
para facilitar o entendimento da História da Arte foi possível colaborar para esse
processo do conhecimento e facilitar o entendimento de um longo processo da
história do próprio homem.
A proposta seria criar um formato diferente de linha do tempo para facilitar o
entendimento dos alunos nos estudos da História da Arte. Esta linha foi encerrada
após muitos estudos com a ideia de fios que se perpassam um pelo outro, se
contorcendo às vezes e interferindo um fio (período) no outro. Os fios iniciais ficaram
com duas cores o azul e o vermelho. Para o azul, ficaram os períodos em que o
homem se pautou na razão e para o vermelho os períodos que se pautaram na
emoção ou religião, após o realismo os períodos aparecem coloridos devido ao
bombardeio de ideias.
Para iniciar esse projeto foi apresentada aos alunos a concepção de árvore
genealógica com exemplos visuais. Após o entendimento do que é uma árvore
genealógica os alunos construíram a sua árvore desde o período de seus avós,
buscando as suas descendências não com o formato de árvore, mas com um
formato que tivesse afinidade com a maneira de ser de cada aluno. Elaborada a
árvore de cada um, os alunos construíram uma linha do tempo da sua vida desde o
seu nascimento em esboço sem acabamento artístico para facilitar o seu
entendimento sobre linha do tempo. Viram também várias imagens de linhas do
tempo em assuntos diversos inclusive a escolha do formato da linha do tempo da
pintura da História da Arte ocidental feita pelo professor. Sobre esta linha do tempo
foi orientado que os dados em vermelho foram períodos da história em que os
homens se pautaram na crença, na religião ou na emoção, já os períodos que estão
em azul foram momentos em que o homem se pautou na razão e após o realismo os
períodos estão coloridos, pois neste momento da História a Arte aparece com um
bombardeio de ideias e períodos.
Foram discutidos os conceitos de historiografia de forma que
compreendessem a escolha historiográfica realizada pelo professor. Foram
apresentadas aos alunos imagens feitas em A-3 colorido de cada período e a
simplificação de cada período da História da Arte sendo que a pesquisa cronológica
e os artistas de cada período foram baseados no historiador Stephen Farthing e as
descrições e os principais expoentes foram baseados no historiador Stephen Litte,
pois, a história é muito abrangente e o objetivo principal é que eles entendam o
pensamento do homem na produção artística. Com o estudo em dupla isso facilitou
o entendimento para apresentarem aos seus colegas de sala, utilizando-se da
prática com recursos em Multimídia às imagens de cada período foram preparadas
para a apresentação em Multimídia.
A partir dessa fundamentação teórica realizou-se a seleção das imagens que
melhor representariam os períodos para completar a linha do tempo da História da
Arte da pintura ocidental. Posteriormente foram debatidos os períodos. Os alunos
fizeram sugestões de como montar a parte teórica na linha do tempo, mas devido à
sala de aula ser de formato irregular decidiu-se com os alunos que o conteúdo
teórico e as imagens não poderiam fazer parte da imagem visual da linha do tempo
permanente, pois deixaria o espaço muito poluído. Seguindo, os alunos retomaram
suas árvores genealógicas e suas linhas do tempo, concedendo-lhe um acabamento
artístico (técnica a escolha de cada aluno) que pudesse ser condizente com a sua
vida atual, já que ele pode ver a proposta de muitos artistas e suas técnicas em seus
respectivos períodos. O projeto foi executado em um período de 32 h/aula. Uns
momentos antes dos estudos em Arte, o professor da Língua Portuguesa também
havia trabalhado a literatura nos períodos o que foi reforçando para os alunos o
conhecimento.
A linha do tempo foi confeccionada em adesivo na medida de 5.40m x 1.40m
tomando duas paredes da sala de Arte e a montagem foi feita junto com alunos que
tinham experiência com adesivagem.
Terminado a aplicação do projeto foi feito com os alunos uma avaliação de
como eles receberam o conteúdo da História da Arte se utilizando dos passos acima
e os depoimentos é que entenderam com mais facilidade os conteúdos e que nunca
tinham visto com tanta intensidade sobre arte e sua história. Decifraram um pouco
mais as obras estudadas e entender sua importância. Palavras como “produtividade,
interação no aprendizado, interessantíssimo, muito construtivo, mudou minha
concepção sobre arte, facilitou nosso entendimento, dinâmico, tiramos proveito,
interpretações diferentes sobre o assunto, projeto de suma importância, aprendi a
enxergar a arte com um olhar diferente. Essa viagem pela História da Arte ampliou
minha visão, método eficaz, exercitamos a oratória, conhecimentos que nos intera
mais no mundo em que vivemos, ajudou-me a crescer como aluna, adorei, foram
depoimentos dado pelos alunos”.
Imagem 1: Visão das duas paredes da sala de Arte adesivada.
Fonte: arquivo pessoal da autora
4 CONCLUSÃO
Acredita-se que o resultado desse projeto foi enriquecedor tanto para o
professor que atua há muitos anos em sala de aula e que ainda não sentia um
resultado tão positivo no processo ensino aprendizagem em História da Arte, quanto
para o aluno que percebemos ter se envolvido no projeto e ter observado a
ampliação dos seus conhecimentos.
As apresentações em duplas permitiram que o trabalho ficasse mais fácil e
as diferentes maneiras de apresentar conquistou a atenção das turmas e o seu
entendimento. Acreditamos ter sido de extrema importância os passos do projeto
que foram acrescentados no plano de trabalho de Arte do 3º Ano do Ensino Médio,
do Colégio Adolpho de Oliveira Franco Ensino Fundamental, Médio e Profissional
onde para o ano de 2012 fizemos alterações para sua melhoria. Foram
apresentados os programas como PREZI, POWER POINT e MOVIE MAKER para
que os grupos pudessem elaborar suas apresentações em multimídias,
acrescentando na linha do tempo da História da Arte da pintura Ocidental o
acréscimo da arquitetura e a escultura referente a cada período, podendo
acrescentar também a música do período, os pensadores e os fatos mais relevantes
da época.
Percebe-se que muitos alunos estão buscando, além da proposta,
acrescentar à história observações obtidas por eles sobre o assunto para reforçar o
conhecimento visto em revistas, trailers de filmes, etc. Hoje, os alunos que não
participaram do projeto entram na sala e sempre questionam alguma dúvida ou
curiosidade. Para explicar qualquer conteúdo volta-se para a linha permanente para
melhor situar o aluno no tempo e no espaço e percebe-se que isso facilita seu
entendimento.
O respectivo projeto também teve uma oportunidade muito interessante que
foi um Curso Certificado pela Secretaria Estadual de Educação (SEED) chamado
Grupo de Trabalhos em Redes GTR, onde o professor PDE trabalhava como
Professor Tutor e professores da Rede Pública Estadual como participantes no
debate e sugestões para melhorias do projeto e do material didático.
O curso teve quinze (15) participantes com experiência em ministrar História
da Arte, que interagiram muito e demonstraram muito interesse pela proposta já que
para uma maioria de professores trabalharem História da Arte sem se tornar
cansativo é desafiador. Interessaram-se muito principalmente pelos
encaminhamentos metodológicos colocados, pois, a História da Arte é muito ampla e
o nosso cuidado é transformá-la em um conteúdo participativo e apaixonante.
Muitas sugestões foram feitas para uma melhoria futura no projeto já que a
sua implementação aconteceu em um prazo muito restrito. Fica também como
sugestão para ampliar esse projeto: apresentar aos alunos a definição de artista e o
artesão na visão de Bosi. Com esse discernimento, os alunos poderão realizar um
trabalho de campo nos diversos bairros e distritos da cidade para pesquisar, por
meio de questionários, possíveis artistas que desenvolveram trabalhos com o tema
“a cidade” (que no meu caso seria Astorga). A partir de todos esses dados poderá
ser possível mapear uma visão da produção local podendo futuramente criar uma
linha do tempo da produção artística da própria cidade. Outra sugestão é propor a
interdisciplinaridade entre vários professores para a complementação do
entendimento.
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