História de Brasília

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Brasília nasceu durante um comício da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, feito no dia 4 de abril de 1955, na cidade de Jataí, estado de Goiás. Um morador da cidade, Antônio Carvalho Soares, perguntou em tom desafiador: Mesmo pego de surpresa, o presidente Juscelino respondeu prontamente: Nesse mesmo dia, o presidente apresentou as 30 metas de seu governo, traçadas após demorados estudos sobre economia e política, A ideia de construir uma cidade no meio do nada era feira sob medida para JK, cujo slogan da campanha presidencial era “50 anos em 5”. O presidente Juscelino colocou Brasília como a meta-síntese do seu governo, isto é, a principal, aquela que deveria ser realizada com êxito absoluto. E Foi assim que aconteceu. Ao visitar o local onde Brasília seria construída, o presidente pronunciou umas e suas frases mais célebres: “Deste Planalto Central, desta solidão que m breve se transforma em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país, e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.” JK INÍCIO E DESAFIO O senhor pretende cumprir o mandato constitucional que determina a mudança da capital Cumprirei a Constituição, farei a mudança da capital. BRASÍLIA: SONHO E REALIDADE

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Page 1: História de Brasília

Brasília nasceu durante um comício da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, feito no dia 4 de abril de 1955, na cidade de Jataí, estado de Goiás. Um morador da cidade, Antônio Carvalho Soares, perguntou em tom desafiador:

Mesmo pego de surpresa, o presidente Juscelino respondeu prontamente:

Nesse mesmo dia, o presidente apresentou as 30 metas de seu governo, traçadas após demorados estudos sobre economia e política,

A ideia de construir uma cidade no meio do nada era feira sob medida para JK, cujo slogan da campanha presidencial era “50 anos em 5”.

O presidente Juscelino colocou Brasília como a meta-síntese do seu governo, isto é, a principal, aquela que deveria ser realizada com êxito absoluto. E Foi assim que aconteceu.

Ao visitar o local onde Brasília seria construída, o presidente pronunciou umas e suas frases mais célebres:

“Deste Planalto Central, desta solidão que m breve se transforma em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país, e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”

Brasília: um sonho e uma realidade. Uma cidade de pouca história. Uma cidade com uma história diferente das outras cidades do Brasil.

As grandes metrópoles brasileiras surgiram durante a colonização, como resultado da exploração do pau-brasil, da mineração, do cultivo da cana-de-açúcar ou do café.

Brasília não. Brasília foi idealizada, planejada e construída para ser a capital do Brasil. Do ideal do então presidente Juscelino Kubitschek e dos projetos do urbanista Lúcio Costa de do arquiteto Oscar Niemeyer, ela nasceu. A capital do Brasil foi então erguida em pouco mais de três anos e cumpriu seu objetivo: integrar ao Centro-Oeste ao restante do país, mudar a capital para o interior. Assim no dia 21 de abril de 1960 Brasília foi inaugurada.

JK INÍCIO E DESAFIO

O senhor pretende cumprir o mandato constitucional que determina a mudança da

capital federal para o Planalto Central?

Cumprirei a Constituição, farei a mudança da capital.

BRASÍLIA: SONHO E REALIDADE

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Para a cidade de Brasília sair do campo das ideias e passar para o papel, foi organizado um concurso a fim de escolhe o melhor plano para a nova capital do Brasil.

O urbanista Lucio Costa foi o vencedor. Muita gente não entendeu o por quê. Afinal, o Plano Piloto de Brasília apresentado por ele apresentava apenas um traçado simples da cidade, um esboço acompanhado de uma justificativa não menos simples, enquanto outros candidatos produziram volumes com plantas, estatísticas, planejamentos que passavam de 500 páginas e reuniam perto de 100 croquis.

Lucio Costa expôs tudo de maneira muito simples, como geralmente acontece com as grandes ideias.

Oque difere Oscar Niemeyer dos outros arquitetos é a sua vocação para colocar-se à frente da sua época e a sua capacidade de esculpir em prédios imensos verdadeiras obras de arte, com leveza e harmonia.

Convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek, Niemeyer uniu sua genialidade à de Lucio Costa e projetou e deu forma aos edifícios mais importantes de Brasília.

Entre esses edifícios, destacam-se o Palácio do Planalto, o Palácio da Justiça, o Itamarati, a Catedral Metropolitana, O Teatro Nacional e o Congresso Nacional.

VENCEDOR: LUCIO COSTA

Plano Piloto, Projeto Vencedor.

OSCAR NIEMEYER: ESCULTOR DA SUA PRÓPRIA IMAGINAÇÃO

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Tratava-se agora de construir: e construir um ritmo novo.Para tanto, era necessário convocar todas as forças vivas da Nação, todos os homens que, com vontade de trabalhar e confiança no futuro, pudessem erguer, num tempo novo, um novo Tempo.

E, à grande convocação que conclamava o povo para a gigantesca tarefa, começaram a chegar de todos os cantos da imensa pátria os trabalhadores: os homens simples e quietos, com pés de raiz, rostos de couro e mãos de pedra, e que, no calcanho, em carro de boi, em lombo de burro, em paus de arara, por todas as formas possíveis e imagináveis, começaram a chegar de todos os lados da imensa pátria, sobretudo do Norte; foram chegando do Grande Norte, do Meio Norte e do Nordeste, em sua simples e áspera doçura; foram chegando em grandes levas do Grande Leste, da Zona da Mata, do Centro-Oeste e do Grande Sul; foram chegando em sua mudez cheia de esperança, muitas vezes deixando para trás mulheres e filhos a aguardar suas promessas de melhores dias; foram chegando de tantos povoados, tantas cidades cujos nomes pareciam cantar saudades aos seus ouvidos, dentro dos antigos ritmos da imensa pátria

Foi necessário muito mais que engenho, tenacidade e invenção. Foi necessário 1 milhão de metros cúbicos de concreto, e foram necessárias 100 mil toneladas de ferro redondo, e foram necessários milhares e milhares de sacos de cimento, e 500 mil metros cúbicos de areia, e 2 mil quilômetros de fios.

E 1 milhão de metros cúbicos de brita foi necessário, e quatrocentos quilômetros de laminados, e toneladas e toneladas de madeira foram necessárias. E 60 mil operários! Foram necessários 60 mil trabalhadores vindos de todos os cantos da imensa pátria, sobretudo do Norte! 60 mil candangos foram necessários para desbastar, cavar, estaquear, cortar, serrar, pregar, soldar, empurrar, cimentar, aplainar, polir, erguer as brancas empenas...

O trabalho humano que anuncia que a sorte está lançada e a ação é irreversível...

“Deste planalto central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”

(Brasília, 2 de outubro de 1956)

Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira

A CHEGADA DOS CANDANGOS

O TRABALHO E A CONSTRUÇÃO

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Candangolândia era conhecida como Vila Operária, por abrigar os operários que trabalhavam na construção de Brasília. Lá, havia muitos alojamentos provisórios, como a Lonalândia, barracas cobertas por lonas, e a Sacolândia, barracas feitas de sacos vazios de cimentos. Depois, passou a ser conhecida por Vila dos Candangos e, finalmente, como Candangolândia.

Somente em 1989 a Candangolândia tornou-se cidade e, em 1994, por meio da Lei n° 658, foi oficializada com a criação da Região Administrativa da Candangolândia – RA XIX (até então fazia parte da Região Administrativa do Núcleo Bandeirante), fixando-se o dia 3 de novembro como data oficial de sua fundação.

Pioneiros que vieram construir Brasília ainda vivem em Candangolândia e

se dizem satisfeitos com a qualidade de vida da cidade.

Diversos pioneiros que vieram construir Brasília ainda vivem em Candangolândia, lembram histórias dos primeiros anos e se dizem satisfeitos com a qualidade de vida da cidade. "Quando cheguei, na época da construção, eu trabalhava carregando os operários em cima de um caminhão. Hoje, aqui, é o melhor lugar para se morar", destaca Bonifácio Teixeira de Lima, 61 anos.

"Em 1957, quando cheguei, aqui não tinha nada. Era só mato e uns poucos barracos de lona. Na verdade, eu vim apenas trazer um caminhão de cimento, mas, como recebi uma proposta de emprego para ser taxidermista (profissional que realiza embalsamento de animais mortos) no Zoológico, acabei voltando", conta José Ferreira de Lima, 73 anos, mais conhecido como "José Mineiro", por ter vindo de Minas Gerais.

Segundo José Mineiro, os operários enfrentaram condições difíceis no início da cidade. "Só havia sete alojamentos e, em cada um deles, oito quartos. Em cada quarto, dormiam nove homens. Depois, quando a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) começou a melhorar a infraestrutura, o pessoal começou a trazer suas famílias", disse.

Compadre de José Mineiro, o pioneiro e comerciante Adevaldo Gregório da Silva, 66 anos, conta que levou onze dias para chegar até Candangolândia. "Sai do interior da Bahia e viajar para cá naquela época era bem mais difícil. Tive que pegar trem, depois caminhão e ônibus. Desci na Rua dos Transportes, que atualmente é a rua da Administração. Montei um comércio e estou aqui até hoje", lembra.

Silva compara a cidade naquela época com os dias atuais. "No início, os funcionários ganhavam pouco e o comércio era bastante difícil. Agora, a cidade melhorou, está mais desenvolvida. Sobrevivo só do meu estabelecimento", afirma. "Naquela época, aqui tinha muito homem. As poucas mulheres eram casadas e passavam apressadas", completou, sorrindo.

http://www.df.gov.br/noticias/item/1749-uma-hist%C3%B3ria-de-55-anos.html

UMA HISTÓRIA DE 55 ANOS