História da Educação Infantil - ILLIMITÉ · PDF...

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  • Histria da Educao Infantil Entende-se criana como um ser diferente do adulto,

    diferenciando na idade, na maturidade, alm de ter certos comportamentos tpicos. Porm, tirando a idade, o limite entre criana e adulto complexo, pois este limite est associado cultura, ao momento histrico e aos papis determinados pela sociedade. Estes papis dependem da classe social-econmica em que est inserida a criana e sua famlia. No tem como tratar a criana analisando somente sua natureza infantil, desvinculando-a das relaes sociais de produo existente na realidade

    A valorizao e o sentimento atribudos infncia nem sempre existiram da forma como hoje so concebidas e difundidas, tendo sido modificadas a partir de mudanas econmicas e polticas da estrutura social. Percebe-se essas transformaes em pinturas, dirios de famlia, testamentos, igrejas e tmulos, o que demonstram que famlia e escola nem sempre existiram da mesma forma.

    Educao Infantil na Europa

    Na Idade Mdia, encontramos uma sociedade feudal, onde os senhores de terra possuam um poder quase que monrquico nos seus domnios, construindo suas leis, sua cultura, suas moedas, seus valores etc. A Igreja e o Estado serviam para legitimao poltica e limitao dos poderes dos senhores feudais. Nesta poca, a criana era considerada um pequeno adulto, que executava as mesmas atividades dos mais velhos. As mesmas possuam pequena expectativa de vida por causa das precrias formas de vida. O importante era a criana crescer rpido para entrar na vida adulta.

    Aos sete anos, a criana (tanto rica quanto pobre) era colocada em outra famlia para aprender os trabalhos domsticos e valores humanos, atravs de aquisio de conhecimento e experincias prticas. Essa ida para outra casa fazia com que a criana sasse do controle da famlia genitora, no possibilitando a criao do sentimento entre pais e filhos. Os colgios existentes nesta poca, dirigidos pela Igreja, estavam reservados para um pequeno grupo de clrigos (principalmente do sexo masculino), de todas as idades.

    No existia traje especial para diferenciar adulto de criana. Havia os trajes que diferenciavam as classes sociais.

    A partir do sculo XIII, h um crescimento das cidades devido ao comrcio. A Igreja Catlica perde o poder com o surgimento da burguesia, sendo este o responsvel pela assistncia social. Concentra-se a pobreza. E a partir do sculo XVI, descobertas cientficas

  • provocaram o prolongamento da vida, ao menos da classe dominante. Neste mesmo momento surgem duas atitudes contraditrias no que se refere concepo de criana: uma a considera ingnua, inocente e traduzida pela paparicao dos adultos; enquanto a outra a considera imperfeita e incompleta e traduzida pela necessidade do adulto moralizar a criana. Essas duas atitudes comeam a modificar a base familiar existente na Idade Mdia, dando espao para o surgimento da famlia burguesa.

    Na Idade Moderna, a Revoluo Industrial, o Iluminismo e a constituio de Estados laicos trouxeram modificaes sociais e intelectuais, modificando a viso que se tinha da criana. A criana nobre tratada diferentemente da criana pobre. Tinha-se amor, piedade e dor por essa criana. Lamentava-se a morte de dela, guardando retratos para torna-la imortal. A criana da plebe no tinha esse tratamento.

    Surgem as primeiras propostas de educao e moralizao infantil. Se na sociedade feudal, a criana comeava a trabalhar como adulto logo que passa a faixa da mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser algum que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuao futura. Essa misso incumbidas aos colgios, muitos leigos, abrindo portas para os leigos, nobres, burgueses e classes populares (no misturando as classes surge a discriminao entre o ensino de rico e de pobre).O ensino , primeiramente, para os meninos (meninas, s a partir do sculo XVIII). A educao se torna mais pedaggica, menos emprica. Nessa poca surge o castigo corporal como forma de educao (disciplinar), por considerar a criana frgil e incompleta. utilizado tanto pelas famlias quanto pelas escolas. Isso legitimava o poder do adulto sob criana. Com a educao e com os castigo, crianas e adolescentes foram se unindo cada vez mais devido ao mesmo tratamento, passando a se distanciar da vida adulta. Tambm surgem as primeiras creches para abrigarem filhos das mes que trabalhavam na indstria.

    As crianas da burguesia passam a ter trajes diferenciados. As crianas das classes baixas continuam com os trajes iguais dos adultos.

    A partir da segunda metade do sculo XVII, a poltica escolar retardou a entrada das crianas nas escolas para os dez anos. A justificativa para isso era que a criana era considerada fraca, imbecil e incapaz.

    No capitalismo, com as mudanas cientficas e tecnolgicas, a criana precisava ser cuidada para uma atuao futura. A sociedade capitalista, atravs da ideologia burguesa, caracteriza e concebe a criana como um ser a-histrico, a-crtico, fraco e incompetente, economicamente no produtivo, que o adulto deve cuidar. Isso justifica a subordinao da criana perante o adulto. Na educao, cria-se o

  • primrio para as classes populares, de pequena durao, com ensino prtico para formao de mo-de-obra; e o ensino secundrio para a burguesia e para a aristocracia, de longa durao, com o objetivo de formar eruditos, pensantes e mandantes. No final do sculo XIX, difunde o ensino superior na classe burguesa.

    As aspiraes educacionais aumentam proporo em que ele acredita que a escolaridade poder representar maiores ganhos, o que provoca freqentemente a insero da criana no trabalho simultneo vida escolar. (...) A educao tem um valor de investimento a mdio ou longo prazo e o desenvolvimento da criana contribura futuramente para aumentar o capital familiar. (Snia Kramer, 1992 - p23).

    E por causa da fragmentao social, a escola popular se tornou

    deficiente em muitos aspectos. O padro de criana era a criana burguesa, mas nem todas eram burguesas, nem todas possuam uma bagagem familiar que aproveitada pelo sistema educacional. E para resolver esse problema, criou-se os programas de cunho compensatrio para suprir as deficincias de sade, nutrio, educao e as do meio scio cultural.

    Essa educao compensatria comeou no sculo XIX com Pestalozzi, Froebel, Montessori e McMillan. A pr-escola era encarada por esses pensadores como uma forma de superar a misria, a pobreza, a negligncia das famlias. Mas sua aplicao ocorreu efetivamente no sculo XX, depois muitos movimentos que indicavam o precrio trabalho desenvolvido nesse nvel de ensino, prejudicando a escola elementar.

    A educao pr-escolar comeou a ser reconhecida como necessria tanto na Europa quanto no Estados Unidos durante a depresso de 30. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutrio, proteo e um ambiente saudvel e emocionalmente estvel para crianas carentes de dois a cinco anos de idade. (idem p26)

    E somente depois da Segunda Guerra Mundial que o

    atendimento pr-escolar tomou novo impulso, pois a demanda das mes que comearam a trabalhar nas indstrias blicas ou naquelas que substituam o trabalho masculino aumentou. Houve uma preocupao assistencialista-social, onde se tinha a preocupao com as necessidades emocionais e sociais da criana. Crescia o interesse de

  • estudiosos pelo desenvolvimento da criana, a evoluo da linguagem e a interferncia dos primeiros anos em atuaes futuras. A preocupao com o mtodo de ensino reaparecia.

    Educao Infantil no Brasil No Brasil Escravista, a criana escrava entre 6 e 12 anos j comea

    a fazer pequenas atividades como auxiliares. A partir dos 12 anos eram vistos como adultos tanto para o trabalho quanto para a vida sexual. A criana branca, aos 6 anos, era iniciada nos primeiros estudos de lngua, gramtica, matemtica e boas maneiras. Vestia os mesmos trajes dos adultos.

    As primeiras iniciativas voltadas criana tiveram um carter higienista, cujo trabalho era realizado por mdicos e damas beneficientes, e se dirigiram contra o alto ndice de mortalidade infantil, que era atribudas aos nascimentos ilegtimos da unio entre escravas e senhores e a falta de educao fsica, moral e intelectual das mes.

    Com a Abolio e a Proclamao da Repblica, a sociedade abre portas para uma nova sociedade, impregnada com idias capitalista e urbano-industrial.

    Neste perodo, o pas era dominado pela inteno de determinados grupos de diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao problema da criana. Eles tinham por objetivo

    ... elaborar leis que regulassem a vida e a sade dos recm-nascidos; regulamentar o servio das amas de leite; velar pelos menores trabalhadores e criminosos; atender s crianas pobres, doentes, defeituosas, maltratadas e moralmente abandonadas; criar maternidades, creches e jardins de infncia. (idem p52).

    No Brasil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do

    restante do mundo. Enquanto no mundo a creche servia para as mulheres terem condio de trabalhar nas indstrias, no Brasil, as creches populares serviam para atender no somente os filhos das mes que trabalhavam na indstria, mas tambm os filhos das empregadas domsticas. As creches populares atendiam somente o que se referia alimentao, higiene e segurana fsica. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda.

    Em 1919 foi criado o Departamento da Criana no Brasil, cuja responsabilidade caberia ao Estado, mas foi mantido na realidade por

  • doaes, que possua diferentes tarefas: realizar histrico sobre a situao da proteo a infncia no Brasil; fomentar iniciativas de amparo criana e mulher grvida pobre; publicar boletins, divulgar conhecimentos; promover congressos; concorrer para a aplicao das leis de amparo criana; uniformizar as estatsticas brasileiras sobre mortalidade infantil.