Interfaces religiosas na comunidade escolar Francisco ... · ser comunitário. Essa busca converge...

20
Interfaces religiosas na comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros: tênue linha que borda a idiossincrasia cotidiana. 1 Shearley Lima Teixeira RESUMO Este estudo problematiza a pluralidade de credos em espaços escolares, partindo da constatação da diversidade dos sujeitos que compõem a comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros. É neste contexto, que este estudo se justifica, haja vista que, objetiva analisar e refletir o embasamento das relações dos sujeitos numa microssociedade, onde a hierarquia de credos e convicções devem se imanar em torno de ideal comum: a formação do cidadão com ênfase no respeito às diferenças. Para tanto, fez-se necessário tomar cerne a perspectiva legal expressa na Constituição Federal, LDB 9394/96, Lei 11.645 e no Projeto Politico Pedagógico da escola e o diálogo Cortella (2007); Felinto (2012); Brandão (1986) demonstrando por fim, a tênue linha que borda a idiossincrasia cotidiana. Palavra-chave: Idiossincrasia. Religião. Escola 1. INTRODUÇÃO A homogeneidade do espaço escolar é algo que não mais se pode vislumbrar. A escola é em essência um espaço plural. A individualidade como construto de dignidade de um ser que se forja em meio à pluralidade, se tem ao mesmo tempo necessidade de ser único e singular e de se firmar como membro de uma sociedade. E, nesse espaço de múltiplos saberes e vivências há que se pautar na ética para que se possa viver o respeito. Conforme Cortella (2007) é impossível pensar em ética se não pensarmos em convivência. A convivência com diversidade exige, mais que tolerância e respeito, o conhecimento e reflexão. Felinto (2012) assinala que compete aos educadores discutir a importância dessas religiões na formação da cultura brasileira com base na perspectiva legal. A pluralidade de credos em espaço escolares requer atenção, conhecimento e aceitação. Sobretudo, quando se trata de uma pequena comunidade submersa numa variedade religiosa. A linha que borda a idiossincrasia, além de tênue é multicolorida, portanto, não se pode prescindir do conhecimento do aparato legal que baliza a questão. Constatando a diversidade de credos entre os sujeitos que compõe a comunidade escolar Francisco 1 Professora Especialista em Ensino, pela Universidade Federal do Piauí / [email protected]

Transcript of Interfaces religiosas na comunidade escolar Francisco ... · ser comunitário. Essa busca converge...

Interfaces religiosas na comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros: tênue linha que

borda a idiossincrasia cotidiana.

1Shearley Lima Teixeira

RESUMO

Este estudo problematiza a pluralidade de credos em espaços escolares, partindo da constatação da

diversidade dos sujeitos que compõem a comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros. É neste

contexto, que este estudo se justifica, haja vista que, objetiva analisar e refletir o embasamento das

relações dos sujeitos numa microssociedade, onde a hierarquia de credos e convicções devem se

imanar em torno de ideal comum: a formação do cidadão com ênfase no respeito às diferenças. Para

tanto, fez-se necessário tomar cerne a perspectiva legal expressa na Constituição Federal, LDB

9394/96, Lei 11.645 e no Projeto Politico Pedagógico da escola e o diálogo Cortella (2007); Felinto

(2012); Brandão (1986) demonstrando por fim, a tênue linha que borda a idiossincrasia cotidiana.

Palavra-chave: Idiossincrasia. Religião. Escola

1. INTRODUÇÃO

A homogeneidade do espaço escolar é algo que não mais se pode vislumbrar. A

escola é em essência um espaço plural. A individualidade como construto de dignidade de

um ser que se forja em meio à pluralidade, se tem ao mesmo tempo necessidade de ser

único e singular e de se firmar como membro de uma sociedade. E, nesse espaço de

múltiplos saberes e vivências há que se pautar na ética para que se possa viver o respeito.

Conforme Cortella (2007) é impossível pensar em ética se não pensarmos em

convivência. A convivência com diversidade exige, mais que tolerância e respeito, o

conhecimento e reflexão.

Felinto (2012) assinala que compete aos educadores discutir a importância dessas

religiões na formação da cultura brasileira com base na perspectiva legal. A pluralidade de

credos em espaço escolares requer atenção, conhecimento e aceitação. Sobretudo, quando

se trata de uma pequena comunidade submersa numa variedade religiosa.

A linha que borda a idiossincrasia, além de tênue é multicolorida, portanto, não se

pode prescindir do conhecimento do aparato legal que baliza a questão. Constatando a

diversidade de credos entre os sujeitos que compõe a comunidade escolar Francisco

1 Professora Especialista em Ensino, pela Universidade Federal do Piauí / [email protected]

Jeremias de Barros, torna-se imprescindível conhecer o que permeia as relações tecidas

nesse ambiente.

É neste contexto que este estudo se justifica, haja vista que objetiva analisar o

embasamento das relações dos sujeitos numa microssociedade onde a hierarquia de credos

e convicções devem se irmanar em torno de um ideal comum: a formação do cidadão com

ênfase no respeito às diferenças.

Para Brandão (1986), o diferente e a diferença instituem a descoberta de um

sentimento ancorado nos símbolos da cultura, e, em meio às diferenças o que está em jogo

é a imensa diversidade que informa, é o que constitui como sujeitos de uma relação de

alteridade.

Já Cortella (2007) sublinha o anseio por espiritualidade é indicio de

descontentamento com algumas situações. A espiritualidade precede a angústia e desponta

quando a reflexão sobre si mesmo se torna premente.

A Constituição Federal de 1988, no capitulo I, Artigo V, inciso VI garante: a

inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, bem como, o livre exercício dos

cultos religiosos, portanto, é assegurada, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as

suas liturgias. A Lei de Diretrizes e Base da Educação regulamenta o principio constitucional,

determinando como as instituições escolares devem trabalhar o Ensino Religioso.

O Projeto Político Pedagógico da Escola Francisco Jeremias de Barros contempla a

liberdade de credos no sentido de viabilizar a implementação das leis, especificamente, da

Lei Federal 10.639/03. Entre as ações da escola voltadas ao cumprimento da referida Lei,

destaca-se o projeto de extensão “Didática das Africanidades na Escola” coordenado pela

professora doutora Rebeca de Alcântara e Silva Meijer, desenvolvido no período

compreendido entre setembro de 2013 a dezembro de 2014, intitulado.

Partindo dos pressupostos, este estudo se propôs a analisar a linha tênue que borda

a idiossincrasia cotidiana na comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros, e, para tanto,

percorreu-se a seguinte trilha metodológica: pesquisa bibliográfica incluindo o suporte

teórico e aparato legal e pesquisa de campo envolvendo os membros da referida escola e

tessitura do texto.

2.Problemática

2.1Escola: espaço plural

Considerando a escola em sua amplitude e essência, constata-se cotidianamente, o

quão diferentes são os indivíduos que a compõe, mas o sentimento de pertencimento ao

grupo conduz os educandos e educadores a buscar uma linha limítrofe entre o ser único e

ser comunitário.

Essa busca converge para o bem comum, uma convivência frutífera onde há que se

pautar pela ética. Essa vivência, Segundo Cortella (2015), acontece na família e na escola,

apesar de não ser exclusividade da escola, visto que o tempo de permanência de uma

criança ou jovem no ambiente escolar será sempre menor do que em outros ambientes, o

que exige parceria das partes envolvidas na formação de crianças e jovens.

Diferenciando ética e moral, Cortella (2015) enfatiza que são conceitos correlatos e

conectados, mas com distinção de sentidos, pois, ética é o conjunto de valores e princípios

que orientam a conduta em sociedade e moral é a prática desses valores na ação cotidiana.

Segundo Lodi (2007), organizadora do “Programa Ética e Cidadania construindo

valores na escola e na sociedade”, a construção de relações interpessoais mais democráticas

dentro da escola tem como principal objetivo introduzir o trabalho por meio de assembleias

escolares para resolução de conflitos o que viabiliza outras ações conduzindo ao convívio

democrático e aproximações da escola com a comunidade.

Ainda de acordo com Lodi (2007), a escola é o local onde se percebe o preconceito e

da discriminação étnico-racial, e onde se aprende uma versão distorcida acercada abolição

da escravatura.

Se a escola, a cidade, o país, a vida é o lugar onde convivemos, o que para nós é

saudável para não se desertificar e o que consideramos doente, indecente, obsceno,

portanto não aceitável? Questiona Cortella (2015).

Nesse questionamento consiste a problemática em questão, pois o que se busca na

escola, especificamente na E. M. Francisco Jeremias de Barros, é a educação para formação

e liberdade do cidadão. Liberdade de pensamento, expressão, ação, e, sobretudo, de credo e

cultos religiosos. Para que tal ocorra, faz-se necessário conhecer a diversidade religiosa dos

membros da comunidade educativa e trabalhar na perspectiva do respeito à diversidade

para que se possa descobrir a tênue linha que borda a idiossincrasia cotidiana, sobretudo

nas relações tecidas no interior da escola no que concerne o respeito aos indivíduos

praticantes das religiões africanas e afro-brasileiras.

3. Objetivos

3.1 Geral:

Analisar o embasamento das relações dos sujeitos numa microssociedade onde a

hierarquia de credos e convicções devem se irmanar em torno de um ideal comum: a

formação do cidadão com ênfase no respeito às diferenças.

3.2 Específicos

Levantar aporte teórico e embasamento legal que assegura o direito à liberdade de

crença e ao livre exercício dos cultos religiosos.

Identificar as diferentes religiões dos sujeitos que compõem a escola Francisco

Jeremias de Barros.

Examinar como se dá as relações dos sujeitos em meio os diversos credos por eles

professados.

Identificar os membros das religiões africanas e afro-brasileiras, bem como, a

convivência cotidiana destes com os demais sujeitos da comunidade escolar.

4. Metodologia

Este estudo se constitui de uma pesquisa realizada em duas modalidades:

bibliográfica, objetivando o embasamento teórico e o aporte legal, e de campo que permite

a colação dos pressupostos teórico e legal com a realidade circundante.

Conforme Prodanov (2013), as fases da pesquisa de campo requerem, inicialmente,

a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em estudo. Ela se constitui em

primeiro passo, para a situação do problema, e dos trabalhos que já foram realizados a

respeito e quais são as concepções sobre o assunto. Depois possibilita o estabelecimento de

um modelo teórico inicial de referência.

A pesquisa bibliográfica se concretizou através de consultas as mais diversificadas

fontes: livros, artigos e sites da Internet. O nível de significância das informações foi

determinante como critério de seleção destas.

Considerando Prodanov (2013), utiliza-se a pesquisa de campo com o objetivo de

construir conhecimentos ou obter informações relacionadas a um problema para o qual se

procura uma resposta.

A referenciada pesquisa foi realizada na Escola Municipal Francisco Jeremias de

Barros, entre os dias 16 a 20 de maio de 2016. Os sujeitos envolvidos foram: gestora,

professores e alunos, visando à obtenção dos dados acerca da pluralidade de credos e

verificação da existência ou não de adeptos das religiões africanas e afro-brasileiras, bem

como se dá as relações tecidas no interior da escola.

O método utilizado na pesquisa foi o dialético, considerando que este permite a

colação das informações coletadas na pesquisa bibliográfica com a realidade circundante. A

escolha do método se deu em virtude da ideia de Prodanov (2013), ao afirmar que a

dialética fornece o embasamento para uma interpretação dinâmica e totalizante da

realidade, pois situa os fatos sociais influenciados pela conjuntura política, econômica e

cultural.

O instrumento de coleta de dados escolhido Foi um questionário elaborado pela

pesquisadora e direcionado aos sujeitos da pesquisa: alunos, professores e gestor da escola.

O perfil dos sujeitos pode ser assim delineado: 50 alunos do sexo masculino e 44 do

sexo feminino, totalizando 94 estudantes (faixa etária correspondente a 11 e 16 anos),

matriculados do quinto ao nono ano do Ensino Fundamental, no ano de 2016. Dois (2)

professores do sexo masculino e três (3) professoras do sexo feminino, (1) uma gestora,

totalizando 6 profissionais, (faixa etária compreendida entre 24 e 48 anos).Todos os

professores têm formação superior: graduações em Letras, Pedagogia, Teologia, Geografia,

História e a gestora é bacharel em Administração.

As informações coletadas passaram por uma seleção e análise, sob o critério

qualitativo, embasadas no referencial teórico construído, de forma a delinear soluções para

o problema que ora se apresenta: conhecer a tênue linha que borda a idiossincrasia

cotidiana da escola campo da pesquisa, sobretudo, em relação aos praticantes das religiões

de matrizes africanas e afro-brasileiras.

5 - Resultados e discussões

Este estudo faz referência à idiossincrasia cotidiana presente na pluralidade de

credos, com ênfase nas matrizes africanas afro-brasileiras (e seus respectivos adeptos ), na

comunidade escolar Francisco Jeremias de Barros. Em virtude desta prospecção, será

apresentada uma síntese do aporte teórico e do respaldo legal, no qual se assenta a base da

inviolabilidade, da liberdade de consciência e do livre exercício dos cultos. Em seguida as

informações coletadas na pesquisa de campo.

5.1 Pluralidade de credos na escola: na perspectiva legal.

Foi-se o tempo em que as escolas confessionais podiam doutrinar seus alunos de

forma contínua e rigorosa. Pelo contrário, a escola não pode doutrinar, influenciar ou

discriminar crenças religiosa, conforme preceito da legislação vigente.

A Constituição Federal de 1988, no capitulo I, Artigo V, inciso VI garante: a

inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, bem como, o livre exercício dos

cultos religiosos. Portanto, é assegurada, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as

suas liturgias.

Considerando Felinto (2012), em prol da diversidade religiosa, o respeito e a boa

convivência entre “iguais e diferentes” é necessário desconstruir os pré-conceitos

disseminados oralmente e pelos meios de comunicação de massa que perseguem as

religiões afro-brasileiras. Para combater essa perseguição foi sancionada em 2008 a Lei

Federal 11.645 (que complementa a Lei 10.639/03), tornando obrigatório o ensino da

História da África e da Cultura Afro-brasileira e Indígena nas escolas públicas e privadas.

A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foi modificada pela Lei 10,639, de 9 de

janeiro de 2003, com acréscimos nos artigos: 26-A, 79-A e 79-B, tornando obrigatório o

ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental

e médio, oficiais e particulares. Entretanto, é na Lei 11.645, sancionada em: 10 de março de

2008, que a História e Cultura Africana e indígena encontram aparato totalmente legal:

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e

privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da

história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses

dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos

negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o

índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas

social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas

brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas

de educação artística e de literatura e história brasileiras.”

Conforme Fleury (2013), a escola é um espaço de trânsito de culturas que não

permite a busca pela homogeneidade, mas sim, deve assegurar a liberdade religiosa,

possibilitando a promoção dos direitos humanos que versa sobre a igualdade de acesso ao

conhecimento de todas as culturas, tradições/grupos religiosos e não religiosos.

A Lei 7.716/89 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor,

afirma que o crime de intolerância religiosa não prescreve, e ainda, prevê pena de um a três

anos de detenção. Já a Lei 12.288/2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial assevera a

inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença e assegura o livre exercício dos cultos

religiosos e proteção aos locais de culto e as suas liturgias.

Em conformidade com Projeto Político Pedagógico “a implementação da Lei Federal

10.639/03 reforça a luta em favor dos afro-brasileiros e é resultado de uma luta

antirracista.” (PPP 2016, 34).

É proposta da escola, como versa o Projeto Político Pedagógico, a implantação da Lei,

visto que, é o caminho para fomentar uma discussão sobre o racismo e uma forma de

silenciar os mais diversos preconceitos e discriminações presentes na escola, além de

promover relações mais igualitárias.

Sobre a obrigatoriedade da Lei 11.645/08, o Projeto Político Pedagógico enfatiza: “à

produção de conhecimentos e formação de atitudes e valores capazes de educar cidadãos

conscientes de seu pertencimento étnico-racial.” (PPP, 2016, p. 35)

Cortela (2015) ressalta que o “mundo intraescolar e o mundo extraescolar não são

universos estanques ou separados”. No processo de formação, o aluno leva consigo o

aprendizado dos ambientes que convive. Assim, as instituições sociais paradoxalmente

atuam na perspectiva inovadora e conservadora. Compete à escola, em parceria com a

família, educar crianças e jovens no sentido de conter a alienação advinda dos conteúdos

apresentados pela mídia, adotando como instrumento o diálogo e a reflexão. (Op. Cit. p. 19).

Nesse contexto, a escola é um espaço de pluralidade cultural, e como tal tem que

primar pelo respeito ao indivíduo com suas peculiaridades culturais, inclusive de credos

religiosos, inserindo-o na comunidade. O que se torna uma problemática a ser analisada e

solucionada pelos gestores e educadores da escola, no sentido de reconhecer os direitos

individuais, mediar os conflitos e desarraigar o preconceito, com ênfase no respeito à

diversidade, sintetizada na tecissitura da tênue linha que borda a idiossincrasia cotidiana,

sobretudo no que concerne aos praticantes das religiões africanas e afro-brasileiras.

5.2 Pluralidade de credos na escola: na perspectiva dos sujeitos da pesquisa

A pesquisa bibliográfica aponta a escola como um espaço paradoxalmente singular e

plural. Singular no sentido da igualdade de direitos, e plural na concepção cultural, no modo

de ser e de viver dos sujeitos. Conhecer a faceta multimodal é imprescindível e se tornou

possível no diálogo da pesquisadora com as fontes, incluindo os sujeitos da pesquisa.

As questões dissertativas foram transcritas de acordo com a pertinência e relevância

da colocação, suprimindo as repetições.

Uma pergunta comum a todos os sujeitos da pesquisa visa examinar a concepção

individual de religião e religiosidade para verificar a diferença ou semelhança de concepções

existentes, visto que, equivocadamente os vocábulos são tomados como sinônimos. Sobre

esta questão, após suprimir as repetições, vale destacar:

Professor 1: Religião, entendo como a forma pela qual o ser humano procura se

organizar para se achegar, se religar ao transcendente (a divindade ou o

sobrenatural) e religiosidade é o sentimento inato e instintivo de todo ser

humano de adorar algo sobrenatural. Religião é uma denominação (Evangélico,

católico, budista, batista, luterano...) e religiosidade é a relação com a religião, ou

seja, se a pessoa é religiosa (dedicada a sua igreja) ou não.

Professora 1:Entendo que a religiosidade seja a manifestação da religião. Por

exemplo: se uma pessoa pertence a uma determinada religião, esta poderá ou

não manifestar sua religiosidade participando e ou praticando os rituais

pertencentes a essa religião.

Professora 3: A Religiosidade é um sentimento interior e inato a todos os seres

humanos, todos nós temos em maior ou menor percepção este sentimento,

existe a vontade natural de manifestar esta religiosidade. É esta manifestação da

religiosidade, que difere de um para outro. No meu entendimento, a Religião é a

determinação de um padrão de manifestação da Religiosidade. EXEMPLO: O

Católico manifesta sua religiosidade participando do ritual da missa, fazendo suas

orações, etc. O Budista participará dos rituais no monastério, fará suas

meditações e orações. O Espírita assistirá palestras nos centros espíritas, fará seus

estudos pessoais, se for um médium talvez participará de trabalhos em prol do

desenvolvimento desta mediunidade.

Aluno (17) - Religião é a maneira que utilizamos para nos aproximar de Deus,

pode ter várias denominações: Católica, evangélica, espírita, etc. Religiosidade é a

ligação que temos com o ser supremo, independente da religião.

A fala dos alunos e professores indica a internalização de uma crença numa força

superior, seja ela professada em um só Deus ou em várias divindades. A referência a outros

tipos de cultos citados pela professora (3) revela uma abertura para um novo aspecto do

temário religioso abordado nas escolas.

Questionados sobre as mudanças ocorridas no Ensino Religioso após a sanção da lei

11.645/2008, os envolvidos na pesquisa responderam:

Professor 1-O respeito à diversidade é um dos valores mais importantes do

exercício da cidadania e neste pensamento e consciência que já é bastante

observado nas aulas de Ensino Religioso só nos acrescentou ainda mais temas a

serem desenvolvidos nas aulas e realmente objetivá-los para o conhecimento e a

prática com aceitação e respeito ao que nos é diferente.

Professora1: Com a Lei, as instituições de ensino passam a adotar em seus

currículos o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena, portanto

será dado mais espaço para o conhecimento das mesmas. O Conhecimento

consequentemente deverá gerar respeito e tolerância a essas culturas bem como

aos seus praticantes.

Professora2: O que mudou foi que antes as escolas adotava a religião católica

para ministrar seus conteúdos, hoje você não pode especificar uma só religião ou

seja o conteúdo se deve ser ecuménico, falar de todas mostrando o ponto de vista

de cada uma sem priorizar.

Professora 4: Que o ensino religioso não aborda/ enfatiza uma só religião, mas de

maneira geral as características e religiões cultuadas em todo o mundo,

os princípios de honestidade e paz que a crença em um Deus pode trazer.

Aluna 15: A mudança maior foi em relação aos credos de origem africana que

passaram a ser vistos nas disciplinas Artes, História e Ensino religioso como outras

religiões. E agora todos devem respeitar e não chamar mais de macumba e

macumbeiros.

As respostas à questão, esboça um quadro de valorização à pluralidade de credos em

conformidade com a Lei, embora a ênfase esteja numa perspectiva mais direcionada ao

currículo e menos à convivência cotidiana.

Ao serem inquiridos sobre as medidas tomadas pela Secretaria Municipal de

Educação para implementar a Lei 11.645/2008, os sujeitos da pesquisa revelaram:

Professor 1: A organização de seminários, debates e apresentação da Lei

11.645/2008 com a participação de representantes da Secretaria Municipal de

Educação, participação de diretores, coordenadores e professores e

apresentações voltadas para a Lei 11.645/2008 feita por alunos e outros grupos

culturais da cidade.

Professora1: Têm sido realizadas conferências, palestras e formações continuadas

para professores da rede. Já é um inicio. Mas acredito que não seja o suficiente. É

preciso assegurar que de fato essa lei esteja sendo praticada nas instituições e

que de certa forma não caia no esquecimento.

Professor 2: Para os professores da Educação Infantil, a secretaria municipal

nunca tomou nenhuma medida, mais profunda.

Professora 3 :[...] fazer reuniões com os professores e debater essa nova

exigência do MEC, pois vivemos no mundo em que o catolicismo deixou de ser a

principal religião e englobar as outras mostrando os seus objetivos

Professora 4: Esclarecimentos a cerca da lei através de palestras e cursos,

trabalho de campo a respeito.

Gestora: Foram realizados encontros de formação continuada com ênfase na

temática, além disso, foi criado pela Secretaria Municipal de Educação de Picos-PI,

dia 28 de agosto de 2014, o Fórum Permanente em Educação e Relações Étnico-

raciais. Este Fórum já realizou dois seminários na cidade de Picos, (o primeiro em

maio de 2015 e o segundo em maio de 2016) com participação de professores e

gestores e membros da sociedade picoense e microrregião.

As colocações dos educadores destacam algumas ações promovidas pela Secretaria

Municipal de Educação de Picos-PI, que podem ser consideradas relevantes, no sentido de

fazer valer o direito à pluralidade de credos no campo educacional, entretanto, um professor

de Educação infantil revela não ter iniciativas específicas para tal modalidade.

Em relação às medidas adotadas pela escola para que a Lei fosse cumprida, foram

obtidos os seguintes resultados:

Professor 1: Em primeiro momento, a divulgação da nova proposta sobre a Lei

11.645/2008 e depois o convite para participar dos seminários propostos pela

Secretaria de Educação e segue com orientações, conversas informais e o apelo

para que se trabalhe realmente entre todas as disciplinas.

Professora 1: São desenvolvidos projetos, realizadas palestras para alunos, para

professores, atividades e estudos em sala de aula.

Professora 2: Houve um curso com duração de três meses para formação dos

professores e demais funcionários da escola.

Professora 4: Palestras, cursos e aula de campo.

Gestora: Seguido orientação da Secretaria Municipal de Educação, os gestores e

professores das disciplinas afins participaram de formação continuada

concernente à temática, bem como, a execução de um projeto de extensão em

parceria com Universidade Federal do Piauí, sob a responsabilidade da professora

doutora Rebeca de Alcântara e Silva Meijer, no período compreendido entre

setembro a dezembro de 2013 e janeiro a dezembro de 2014. Do projeto

participaram, além doo corpo docente e discente, o administrativo. Além disso, os

professores e as gestoras da escola são convidados a participar dos seminários

realizados pelo fórum.

Aluno 20: Nas aulas de Ensino religioso são desenvolvidas várias atividades que

nos ensina que toda religião deve ser respeitada. Não existe uma melhor do que a

outra e nós temos liberdade para seguir a orientação da família e, quando

adultos, fazer nossas próprias escolhas.

De acordo com as informações colhidas, pode-se inferir que a escola tem buscado

caminhos para que se cumpra a Lei.

Indagados sobre as metodologias de abordagem concernentes e às crenças e aos

cultos religiosos e afro-brasileiros na escola, os pesquisados responderam:

Professor 1: Aulas planejadas pelos professores com atividades diversificadas

objetivando manter sempre o respeito e a aproximação ao diferente de forma

que seja aceito para a aprendizagem com consideração e respeito à escolha da

religiosidade de cada um.

Professora 1: Busca-se trabalhar a conscientização e o respeito a todo e qualquer

tipo de manifestação religiosa.

Professora 3: Na escola abordamos de forma natural falando que no mundo de

hoje existem várias religiões, os conteúdos são ecumênicos, pois qualquer religião

ou pessoa pode discutir ou dar seu ponto de vista.

Professora 4: Através de exposição verbal do conteúdo, vídeos, etc.

Aluno 17:O professor de Ensino Religioso já sugeriu pesquisas dentro da nossa

religião, então quem é do Candomblé ou da Umbanda, assim como os católicos e

os crentes, puderam fazer as pesquisas sobre as entidades, os cultos e as

oferendas. Então a gente teve oportunidade de explicar que os trabalhos não são

macumbas, são oferendas às entidades. Porque a gente tem vergonha e medo de

falar da nossa religião, porque a comunidade é pequena e muita gente é

preconceituosa. Na escola nós somos valorizados pelos professores, mas

procuramos não falar muito do assunto, porque não sabemos o que vai nos

acontecer lá fora.

Aluno 20: Quando teve umas palestras na escola explicando que toda religião é

igual, a gente se sentiuvalorizada. E os professores falam muito bem de nossa

religião. Diz que a liberdade de religião é um direito nosso. Mas ainda temos

medo do preconceito, porque a aqui tem mais é católico ou crente, e a gente se

preocupa se os pais não vão proibir nossa amizade com seus filhos, que são

nossos colegas de classe e de escola. Ou chamar a gente de macumbeiro.

As colocações acima evidenciam que o coletivo da escola tem mantido um diálogo

com o que é estabelecido pelas leis.

Para saber dos envolvidos na pesquisa quais credos professavam ou religiões

seguiam, perguntou-se o seguinte: “Você segue uma religião?” Em seguida, sugeriu-se que

fosse especificada a religião. Neste item foram dispostas separadamente as respostas de

alunos e professores.

Entre os professores, 67% afirmaram seguir uma religião e 33%disseram não ter um

credo, A mesma questão respondida pelos alunos apresenta uma hipótese a mais: “Não

quero/posso opinar”. Obteve-se como resultado: 69% afirmam ter ou seguir uma religião,

10% dizem não ter ou seguir uma religião e 21% não quis opinar, conforme ilustra os

gráfico1 e 2.

Figura 1: Professores que seguem uma religião

33%

67%

0%0%

Você segue uma religião?

sim

não

Figura 2: Alunos que seguem uma religião

Pediu-se aos pesquisados para que especificassem a religião que seguem. Os

resultados estão ilustrados nos gráficos 3 (professores) e 4 (alunos).

Figura 3: religiões seguidas pelos professores

69%

10%

21%

0%

Você segue uma religião?

sim

não

não quis opinar

50%

0%0%

0%0%0%0%0%0%

17%

0%

33%

0%

Religiões especificadas pelo sujeito da pesquisa (professores) Cristianismo Catolicismo

Cristianismo Ortodoxo

Cristianismo: Protestantismo(evangélico)Animismo

Budismo

Judaísmo

Islamismo

Kardecismo (espiritismo)

Zoroastrismo

Figura 4: Religiões seguidas pelos alunos

Concernente às religiões especificadas pelos alunos e professores, conforme ilustra

os gráficos 3 e 4, obteve-se os seguinte resultados: os professores se revelaram: 50%

católicos, 17% umbandista e 33% não especificaram. Já os alunos se declaram: 48%

católicos, 33% evangélicos, 3% candomblecistas e 2% umbandistas.

Em reposta a pergunta “a questão religiosa é tratada com o devido respeito na

escola?”, alunos e professores foram unânimes ao afirmar que sim.

Professora 3: Sim, pois a escola engloba de modo geral todas as religiões

mostrando apenas a essência, sem uma manifestação tendenciosas para a religião

que o professor segue. Além das formações por meio de seminários, projetos e

palestras, a escola dispõe para os professores livros que tratam do tema, tais

como: Ensino religioso: diversidade cultural e religiosa / Paraná; Culturas africanas

e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para professores, fazeres para os

alunos: religiosidade, musicalidade, identidade e artes visuais; Umbanda e seus

orixás: origens, desdobramentos e rituais sagrados; A persistência dos deuses, etc.

48%

0%

33%

0%0%0%

0%

0%

0%

3%2% 0% 14%

Religiões especificadas pelo sujeito da pesquisa (alunos) Cristianismo: Catolicismo

Cristianismo: CatolicismoortodoxoCristianismo: Protestantismo(evangélico)Animismo

Budismo

Judaísmo

Islamismo

Kardecismo (espiritismo)

Zoroastrismo

Umbanda

Entretanto, quando se inquiriu acerca da visão das religiões de matrizes africanas e

afro-brasileiras no contexto escolar, antes da vigência da Lei, a maioria dos alunos

respondeu que esse assunto não era tratado na escola e os professores afirmaram que tais

religiões eram vistas como tabu.

Professor 1: Como tabu. O protestantismo (anglicanismo, luteranismo) sempre for

estudado dentro de diferentes campos de saberes, sobretudo, nos últimos anos

do ensino fundamental e no ensino médio. Já as demais religiões e os cultos

africanos e afro-brasileiros, até recentemente, não havia conquistado seu lugar no

campo educacional.

Professora 3:As religiões africanas e seus cultos era e ainda hoje é vista, de um

modo geral, como religiões macumbeiras, e quem as praticassem era mal visto,

ou as vezes até excluído da sociedade. Conscientes que os africanos

desembarcaram no Brasil sob a condição imposta de escravidão, trazendo consigo

suas crenças e práticas religiosas. Embora tenham sido catequisados, contra as

suas vontades nas práticas cristãs, muitos deles permaneceram cultuando suas

divindades e alguns orixás. Mas, ainda hoje, para muita gente, é um tabu, pois

quando começamos a falar alguma coisa já encontramos o preconceito.

No decorrer da pesquisa, constatou-se que na escola em questão não há

mulçumanos, hinduístas, budistas, judeus, espíritas, etc. Os pesquisados se declaram

católicos, evangélicos, umbandistas e candomblecistas, portanto, é nesse universo que este

estudo transita, considerando que é voltado aos cultos afro-brasileiros.

Vale ressaltar que os alunos somente se dispuseram a participar da pesquisa, depois

de assegurada a preservação da identidade, o aponta para uma reticência sobre a questão

cultural e religiosa.

Nesse contexto, é importante observar que a escola deve se inspirar no que defende

Brandão (1986), ao afirmar que no diferente e na diferença consiste a descoberta de um

sentimento ancorado nos símbolos da cultura, pois, é em meio às diferenças que está em

jogo a diversidade que forma os sujeitos de uma relação de alteridade.

Tomando por amostra a conjuntura da Escola Municipal Francisco Jeremias de

Barros, pode-se vislumbrar como se desenha a questão da inviolabilidade da liberdade de

consciência e de crença, bem como, o livre exercício dos cultos religiosos, e como tal

liberdade permeia as relações tecidas no interior destas instituições da rede regular de

ensino Municipal de Picos-PI.

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma incursão no universo da abordagem religiosa nas escolas, permite a constatação

de que por muito tempo a religião católica reinava absoluta como doutrina e que não havia

espaço para referências a outras religiões.

A pesquisa bibliográfica sinaliza para a diversidade cultural e o respeito às diferenças,

a legislação vigente garante a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, o livre

exercício dos cultos religiosos.

Porém, é na pesquisa de campo que se percebe uma linha tênue que borda os limite

do respaldo legal e da realidade circundante, visto que nas entrelinhas é revelado um

preconceito embutido na sociedade que inibem os sujeitos de professarem abertamente

seus credos, especificamente quando esses estão ligados às religiões de matrizes africanas.

Isso talvez se dê em virtude dos pesquisados habitarem em comunidades adeptas ao

cristianismo, quer sejam católicos ou protestantes.

Logo, quando o assunto é religião a ação da escola nesse diálogo, torna-se delicada,

em virtude dos mais diversos credos e cultos religiosos. A negação dos adeptos de algumas

religiões que são minorias, às vezes, os leva ao sincretismo religioso, estabelecido desde a

colonização entre as denominações religiosas de matrizes africanas e o catolicismo.

Não seria exagero afirmar que os cultos africanos e afro-brasileiros, apesar de todo

aparato legal, ainda são vistos como tabu e, portanto, negados pelos seus adeptos, por

receio da discriminação e do preconceito dos atores sociais com os quais convivem

cotidianamente.

Ao término da pesquisa, pode-se inferir que a Escola Municipal Francisco Jeremias de

Barros procura conhecer as predileções religiosas do alunado e trabalhar na perspectiva da

igualdade e do respeito. Para tanto, insere paradigmas de trabalho no Projeto Político

Pedagógico e dispõe aos seus professores fontes (livros, revistas, ebooks) e formações

continuadas que permitam um trabalho desraigado de todo e qualquer preconceito, com

destaque para o Projeto de Extensão “Didática das Africanidades na Escola”, sob a tutela da

professora doutora Rebeca de Alcântara e Silva Meijer.

Cabe, portanto, a escola dar continuidade ao trabalho de se informar, informar e

formar a comunidade educativa na perspectiva da liberdade de crenças, e, sobretudo,

mediar os conflitos com vistas à erradicação do preconceito, para assim seguir a linha que

borda as idiossincrasias cotidianas que permeiam a convivência no espaço escolar.

BIBLIOGRAFIA

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O outro esse desconhecido In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Identidade e Etnia. São Paulo: Brasiliense, 1986.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.

BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <www.planalto.gov.br> Acesso em: 02 jul. 2006.

BRASIL

CORTELLA, Mário Sérgio. Educação, Convivência e ética: audácia e esperança! / Mario Sérgio Cortella. – São Paulo: Cortez, 2015.

CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é a tua Obra? Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética. Editora Vozes – 2007.

FLEURI, Reinaldo Matias. Diversidade religiosa e direitos humanos: conhecer, respeitar e conviver / Reinaldo Matias Fleuri [et al.] (orgs). - Blumenau: Edifurb, 2013.

FELINTO, Renata. Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para professores, fazeres para os alunos: religiosidade, musicalidade, identidade e artes visuais / organização Renata Felinto. Belo Horizonte, MG. Editora Fino Trato, 2012.

PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO, Escola Municipal Francisco Jeremias de Barros, 2016.

NOGARA, Isabel Helena Novaes. As diferentes organizações religiosas: é sagrado porque eu respeito, ou eu respeito porque é sagrado? IN: Ensino religioso: diversidade cultural e religiosa / Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. - Curitiba: SEED/PR., 2013. – 309 p.