Hoje Macau 12 FEV 2014 #3028

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUARTA-FEIRA 12 DE FEVEREIRO DE 2014 ANO XIII Nº 3028 PUB Dados fornecidos pelos Serviços de Saúde mostram que nos últimos qua- tro anos 69 pessoas foram internadas compulsivamente para tratamento de doenças do foro psiquiátrico. Este tipo de medida surge quando existe uma situação de perigo eminente. Cerca de 10 mil pessoas sofrem de distúrbios mentais, divididas entre casos psicóticos e neuróticos. Nú- meros que começam a preocupar. PÁGINA 6 DOENÇAS MENTAIS Um problema que parece esquecido O deputado indirecto Chan Chak Mo defende que propor projectos-lei não é da competência dos deputados. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, afasta a criação de regimes de exclusividade para combater o excesso de interesses no hemiciclo. PUB Ter para ler PÁGINAS 2 E 3 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB Muitos direitos, poucos deveres JAIME CARION AFIRMA Construção de prédio ao lado de casamata poderá ser realidade PATRIMÓNIO EM COLOANE PÁGINA 7 GAES PROCURA ENTENDIMENTO Exame único de acesso sem consenso de data ENSINO SUPERIOR PÁGINA 5 CHAN CHAK MO E HO IAT SENG DESCARTAM MUDANÇAS NO CARGO DE DEPUTADO hojemacau

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Edição do jornal Hoje Macau N.º3028 de 12 de Fevereiro de 2014

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 1 2 D E F E V E R E I R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 2 8

PUB

Dados fornecidos pelos Serviços de Saúde mostram que nos últimos qua-tro anos 69 pessoas foram internadas compulsivamente para tratamento de doenças do foro psiquiátrico. Este tipo de medida surge quando existe uma situação de perigo eminente. Cerca de 10 mil pessoas sofrem de distúrbios mentais, divididas entre casos psicóticos e neuróticos. Nú-meros que começam a preocupar.

PÁGINA 6

DOENÇAS MENTAIS Um problema que parece esquecido

O deputado indirecto Chan Chak Mo defende que propor projectos-lei não é da competência dos deputados. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, afasta a criação de regimes de exclusividade para combater o excesso de interesses no hemiciclo.

PUB

Ter para ler

PÁGINAS 2 E 3

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

Muitos direitos, poucos deveres

JAIME CARION AFIRMA

Construção de prédio ao lado de casamata poderá ser realidade

PATRIMÓNIO EM COLOANE PÁGINA 7

GAES PROCURA ENTENDIMENTO

Exame único de acesso sem consenso de data

ENSINO SUPERIOR PÁGINA 5

CHAN CHAK MO E HO IAT SENG DESCARTAM MUDANÇAS NO CARGO DE DEPUTADO

hojemacau

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

2 hoje macau quarta-feira 12.2.2014POLÍTICA

RITA MARQUES [email protected]

O papel dos deputados não é fazer legisla-ções. A opinião é de Chan Chak Mo, ao

afirmar que apenas o Governo tem esta competência. “[O Executivo] sabe o que é importante e o que precisa de ser mudado relativa-mente ao que foi feito pela Admi-nistração Portuguesa. O Governo é que deve pensar nas legislações que fazem sentido implementar a par com o desenvolvimento económico de Macau até porque têm mais estatísticas”, defende o deputado indirecto, à margem do almoço de primavera organizado

O presidente da Comissão Executiva da TDM, Leong Kam Chun, “fez um bom

trabalho e teve a coragem de meter as câmaras da TDM nos plenários da Assembleia Legislativa”, diz José Pereira Coutinho. Mas o deputado acredita que o responsável “vai ter de pagar algumas contas”.

À fala com a Rádio Macau, Pereira Coutinho disse ter receios face a Leong Kam Chun, como por exemplo, que o presidente da comissão executiva pos-sa ser afastado do cargo. “Espero que continue à frente, depois de Março”, disse o deputado à rádio, lembrando que “há vários candidatos” que querem ocupar o lugar. É já no final deste mês

que Leong deixa o cargo para o qual foi nomeado há três anos.

Pereira Coutinho, que falava à margem do almoço oferecido pela AL aos media, voltou a frisar ainda que preferia que as reuniões das três comissões permanentes da AL fossem abertas à imprensa. “É aquilo que acontece com toda a normalidade em Hong Kong e Taiwan. Os meios de comunicação estão presentes nas reuniões das comissões e publicitam aquilo que foi o trabalho da própria Assembleia. Há muito trabalho a desbravar [em Macau].”

Pereira Coutinho quer também um Governo “mais transparente”. Para isso, lembra que é necessário

que a Assembleia Legislativa reforce o “papel de fiscalização” e deixa ain-da no ar que Chui Sai On, Chefe do Executivo, tem de “limpar” a equipa de secretários, depois de assumir o provável segundo mandato este ano. “É preciso tirar a carpete para ver as formigas, as baratas e os ratos que estão debaixo. Cheira tudo mal. O Chefe do Executivo, que vai ter o mandato renovado, vai ter uma tarefa muito árdua para limpar aquilo que cheira mal”, disse o deputado citado pela Rádio Macau.

A não assunção de responsabi-lidade por parte dos titulares é um dos maiores problemas apontados pelo deputado.

O chefe do Governo de Macau, Fernando Chui

Sai On, lidera na sexta-feira e no sábado uma delegação de Macau na visita a Nanning, província de Guangxi, que vai promover o turismo local naquela região chinesa.

Denominada “Sentir Macau - Guangxi, Nanning”, a ação promocional insere-se no qua-dro de cooperação nas áreas do turismo, economia, comércio e assuntos da sociedade da região do Delta do Rio das Pérolas, onde ambas as regiões estão inseridas.

Durante a estada em Nanning, Chui Sai On vai ainda manter encontros com

o secretário do comité do Partido Comunista da Região Autónoma de Guangxi, Peng Qinghua, e com o presidente do Governo Popular daquela região, Chen Wu, tendo o desenvolvimento das rela-ções de cooperação entre as duas partes, particularmente do turismo, como ponto da agenda de trabalhos.

Além do líder do Governo, integram ainda a comitiva oficial a Secretária para a Administração e Justiça, Flo-rinda Chan, o Secretário dos Assuntos Sociais e Cultural, Cheong U, e o porta-voz do Governo de Macau, Alexis Tam. - Lusa

PEREIRA COUTINHO PRESIDENTE DA TDM VAI “PAGAR ALGUMAS CONTAS”

“Coragem” que pode valer caroLíder do Governo de Macaupromove turismo local

O Governo deve fazer mais a nível de habitações públicas, mas no que toca ao mercado comercial tem de se conjugar sempre a oferta e a procura

Chan Chak Mo diz que não cabe aos deputados apresentarem legislações porque não farão melhor que o Governo. O deputado também não acredita em medidas de controlo de rendas, mas antes em políticas de habitação pública. Para esta legislatura, vê como prioritária a lei de reordenamento dos bairros antigos

CHAN CHAK MO ACREDITA QUE PROPOR PROJECTOS-LEI NÃO É COMPETÊNCIA DOS DEPUTADOS

“Não quero forçar o Governo”

FOREVER 21 ABRE EM JUNHOA Casa Amarela, junto às Ruínas de São Paulo, vai ser habitada pela loja americana Forever 21, em Junho. A propriedade de Chan Chak Mo terá a multinacional como única arrendatária, mas terá espaço para uma loja de souvenirs no rés-do-chão de uma marca do próprio deputado. “Está a ser renovado o espaço. [A empresa] vai tomar conta do local no dia 1 de Março e terão três meses para renovar, por isso, irão abrir em meados de Junho. Este contrato é de 5 anos. É apenas um arrendatário, mas o rés-do-chão terá uma loja de souvenirs para a minha marca, que será tipo a Koi Kei ou a Choi Heong Yuen. Os outros 80% são para uma empresa”, avançou a cara à frente da grupo Future Bright Holdings, que receberá uma renda de 2,4 milhões de hong kong dólares da empresa americana.

pela Assembleia Legislativa (AL) para a comunicação social.

“Não quero forçar o Governo. Eles têm diferentes maneiras e canais. Não vou pedir a vários deputados, tal como faz Pereira Coutinho, para assinar os meus projectos-lei e passá-los. Essa não é a maneira de fazer as coisas. Temos de ser harmoniosos”, exemplifica.

Por outro lado, justifica, o Go-verno tem um “calendário” a cum-prir, de acordo com as “promessas” nas Linhas de Acção Governativa (LAG), pelo que a única coisa que os deputados devem fazer é sugerir de “diferentes maneiras” matérias a considerar. “Não acredito que eu ou vários deputados possam introduzir legislações e fazê-lo

de uma maneira melhor que a Administração.”

Sobre as matérias com maior urgência para serem legisladas, Chan Chak Mo rejeita que o contro-lo da especulação imobiliária seja

uma delas. “É uma matéria muito sensível. Quando há controlo de rendas, os preços do imobiliário nunca sobem. O empreendedor vai deixar a cidade para ir para outro sítio investir.[...] O Governo deve fazer mais a nível de habitações públicas, mas no que toca ao mer-cado comercial tem de se conjugar sempre a oferta e a procura. Se aumentas a renda 200% e as pes-soas arrendam significa que vivem disso. Um verdadeiro homem de negócios não coloca um preço de-masiado alto que depois ninguém vai querer comprar”, assegura o deputado que representa o sector

cultural e desportivo. “Muitas lojas são propriedade de empresas de Hong Kong, eles vêm oportunidade aqui. Se compram, põem a arrendar os espaços a certos valores e as pes-soas arrendam, qual o problema? De qualquer forma, o Governo está a fazer muito a apoiar os negócios de pequenas e médias empresas com empréstimos sem juros, a dar dinheiro para renovações, a dar empréstimos de capital”, diz o também empresário.

No entanto, o deputado entende que o regulamento dos bairros antigos deverá ser uma prioridade do Governo numa altura em que já vão entrar em vigor diplomas como a Lei do Planeamento Urbanístico. “Essa legislação levará muito tem-po a ser analisada porque há muitas partes interessadas e coisas que o Governo deve fazer para tomar a liderança. Devem estudar o que está a acontecer em Hong Kong e no resto dos países do sudeste asiático. Se essa legislação andar para a frente, vamos ver uma nova Macau. Se a lei for bem passada, haverá uma base legal para revi-talizar os edifícios.”

Sobre a violência doméstica, Chan Chak Mo diz não ser matéria que mereça espaço de relevo na legislação. “Não é uma grande preocupação em Macau porque acho que, na sociedade chinesa, quando um homem bate na mulher a mulher bate no homem. Bom, não é que possa esperar. Qualquer legislação que apareça, é encarada com seriedade”, ressalva, perspec-tivando que, por exemplo, a lei do ensino superior chegue à AL nesta sessão legislativa.

3 políticahoje macau quarta-feira 12.2.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O facto da maio-ria dos deputa-dos da Assem-bleia Legisla-

tiva (AL) serem também empresários, muitas vezes com interesses próximos de projectos governamentais, tem vindo a gerar debate junto da sociedade, mas não parece ser preocupação para o presidente do hemiciclo. Isto porque Ho Iat Seng não vê urgência no reforço do regime de incompatibili-dades ou na criação de um regime de exclusividade para o exercício do cargo. “Não vejo neste momento essa possibilidade num futuro próximo”, disse aos jornalistas à margem de um almoço de Ano Novo Chinês com os órgãos de comunicação social. “É di-fícil definir claramente um regime. Os deputados pro-vêm de diferentes sectores e é disso que precisamos, porque os representam. Se há essa possibilidade de se imiscuírem com as suas funções para além da AL, é difícil traçarmos uma linha e diferenciar as duas áreas.”

O facto de muitas notí-cias terem vindo a público, revelando os negócios que deputados têm na qualidade de empresários, não muda a imagem que a população possa ter da função da AL. “O traba-lho dos deputados não se resume exclusivamente ao trabalho parlamentar, cada deputado tem as suas

N G Kuok Cheong está a aguar-dar as prometidas acções do Governo face ao problema

do imobiliário, nomeadamente, no que toca ao papel dos novos aterros. “Há algumas terras que serão revertidas este ano para criar habitação pública, se os processos foram concluídos em tribunal. Nesse caso, haverá este ano mais de 10 mil unidades para habitação pública, mas a minha preocupação é se os cinco novos aterros estarão

CHAN CHAK MO ACREDITA QUE PROPOR PROJECTOS-LEI NÃO É COMPETÊNCIA DOS DEPUTADOS

“Não quero forçar o Governo”Ho Iat Seng “não vê a possibilidade num futuro próximo” da criação de um regime de exclusividade e incompatibilidade para o cargo de deputado. Muitos são empresários, mas isso deve ser alvo de compreensão, defende

É difícil definir claramente um regime. Os deputados provêm de diferentes sectores e é disso que precisamos, porque os representam. Se há essa possibilidade de se imiscuírem com as suas funções para além da AL, é difícil traçarmos uma linha e diferenciar as duas áreasHO IAT SENG Deputadoe presidente da Assembleia Legislativa

PRESIDENTE DA AL AFASTA CRIAÇÃODE REGIMES PARA DEPUTADOS

Nem exclusivos, nem incompatíveis

COMISSÕES MANTÊM-SEÀ PORTA FECHADAA transmissão em directo dos plenários da AL arrancou o ano passado, mas o mesmo não deverá acontecer com as comissões permanentes, onde se analisam as propostas de lei. Segundo Ho Iat Seng, tal não é possível porque não é algo previsto no regimento da AL. “Temos de ter consciência aquilo que está no regimento. Todos os plenários podem ser transmitidos, mas quanto às comissões não está regulamentado. Outro aspecto que temos de ter em conta é o facto de termos de tomar cuidado sobre a transmissão televisiva das reuniões, porque nos debates se forem apresentados ou debatidos assuntos que não estão amadurecidos ou outros aspectos que não são conclusivos, isso pode suscitar uma reacção da sociedade. Temos de ter cuidado na autorização ou não da transmissão das comissões.” Contudo, afirmou não existir um calendário concreto para a revisão do regimento da AL. “Na anterior legislatura já demos inicio a esse trabalho, mas ainda não reunimos consenso. Endereçámos uma carta aos deputados para nos transmitirem as suas opiniões sobre essa revisão, e neste momento já temos em mãos várias respostas.”

actividades e negócios. Res-peitamos a actividade que desenvolvem para além da AL. Quando um deputado intervém com interpelações e intervenções, que venham a imiscuir-se com a sua acti-vidade profissional, espero que tenham isso em atenção, pois não há esse regime de exclusividade de funções.”

LEIS SEMPRE COM CONSULTA O presidente da AL não deixou de comentar o fac-to do hemiciclo ter fraca iniciativa para a apresen-tação de leis, uma vez que a maioria dos diplomas continua a ser da autoria do Executivo. As únicas propostas apresentadas são da autoria do deputado José Pereira Coutinho, e foram chumbadas. “Apoiamos as iniciativas legislativas

HABITAÇÃO PÚBLICA NG KUOK CHEONG EXPECTANTE FACE ÀS PROMESSAS DO GOVERNO

“Ano-chave” para problemas de imobiliáriorelacionados com mais de 40 mil casas públicas, se isto acontecer o problema da habitação será resol-vido”, observa o deputado directo.

“O Governo prometeu que a proposta de lei mais importante no futuro próximo será sobre os novos aterros, para que os problemas de imobiliário possam ser resolvidos. Este poderá ser um ano-chave.”

No entender de Ng Kuok Che-ong, não há grande hipótese de os deputados ajudarem a resolver o

problema. Em primeiro lugar, diz, não têm conhecimentos jurídicos para proporem legislação e, em segundo lugar, “não há deputados suficientes eleitos por via direc-ta”. “O Governo controla tudo, nomeadamente, as propostas de lei. O problema é estrutural”, avalia.

Ng aguarda também em breve uma decisão sobre a proposta de debate relativa aos “problemas de planeamento da cidade”.

Sobre o discurso de Ho Iat Seng, presidente da AL, que referiu um bom andamento nos trabalhos nesta V legislatura, Ng diz que há coisas que estão “a andar mas outras estão paradas”, nomeadamente, os trabalhos da 2.ª Comissão Permanente da AL, da qual faz parte, sobre a Alteração à Lei 5/2003 relativa à autorização para a contracção de dívidas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Macau. – R.M.R.

apresentadas pelos depu-tados, mas também temos de ter consciência de que a maioria dos deputados

que está na AL não domina o conhecimento jurídico para poder exercer essas funções. Muitas das inicia-

tivas legislativas que têm sido apresentadas foram transpostas directamente de outros diplomas de outros países. Quando é apresen-tada alguma proposta de lei, especialmente ligada com a vida quotidiana da população, é necessário fazer uma consulta mais ampla junto da população. Qualquer proposta deve ser precedida de uma consulta.”

Ho Iat Seng considera que “qualquer iniciativa apresentada sem ter sido precedida de uma consulta pública vai levar a proble-mas na sua apreciação e acabar por ser chumbada.”

O presidente da AL não deixa de pedir aos 33 deputados que cumpram melhor as suas funções. “Muitas vezes vemos que os deputados misturam e confundem a função e o meio de que dispõem no exercício das suas funções, através da interpelação escrita e oral. É

imperativo que os deputados tenham consciência das suas funções e responsabilidade, melhorando qualitativamen-te as suas funções.”

Preços mais caros em restaurantes é “racional”O deputado Chan Chak Mo, também empresário da área da restauração, considera que os aumentos sentidos nos menus dos restaurantes durante o Ano Novo Chinês são normais. Em declarações à imprensa chinesa à margem do almoço de Ano Novo Chinês com os jornalistas, Chan Chak Mo admitiu: “não há maneira de inspeccionar”, frisando que, para não haver abusos, já avisou o IACM sobre essa questão. “Com mais turistas, há mais queixas. O número de turistas no Ano Novo Lunar já é suficiente e não são precisos mais. O Governo deveria apresentar mais itinerários para os turistas e separar os fluxos de visitantes. Mais hotéis e locais de lazer vão ajudar a desviar os turistas.”

Kwan Tsui Hang contra limite a visitantes A deputada Kwan Tsui Hang voltou a referir, à margem do almoço de Primavera dos deputados com jornalistas, que não concorda com a imposição de um limite aos turistas em Macau, mostrando-se “preocupada” com os eventuais efeitos negativos. Contudo, a deputada lembrou que os residentes não podem sofrer os efeitos negativos deste aumento de pessoas nem a presença do turismo. Por isso, o Governo deveria “ter mais medidas, para que os turistas não entrem em Macau sem qualquer tipo de controlo e regras”.

Melinda Chan e Vong Hin Fai falam dos táxisA deputada Melinda Chan admitiu que no sector dos táxis há “alguns mais taxistas” e que o Governo deveria reforçar a supervisão. À margem do almoço de Primavera do hemiciclo com jornalistas, a deputada disse que o mais importante é criar um mecanismo de recepção de queixas e aumentar as multas, ou ainda um regime de suspensão dos taxistas. Melinda Chan defendeu ainda que podia ser criado um sistema de pontuação aos motoristas, para punir os que não cumprem, o que poderia causar “medo”. Também o deputado nomeado Vong Hin Fai falou da situação dos táxis, mas disse que, em Macau, já existe um regime de regulação e que pune os taxistas que não cumprem. A introdução de um novo regime, com inspectores a fingirem ser clientes, é “uma decisão política” e que, tendo em conta o interesse do público, é necessário um “tempo adaptado” para estudar essa possibilidade.

Plenário sobre animais e ordenamento na Taipa É já na próxima segunda-feira que os deputados da Assembleia Legislativa vão a votos sobre dois temas diferentes. José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai voltam à carga com uma lei para a protecção dos animais. O projecto, intitulado Estatuto Jurídico e Protecção dos Animais, traz algumas pequenas alterações aos artigos que já foram apresentados pelo deputado noutros diplomas semelhantes, chumbados por duas vezes. Na mesma sessão, lugar ainda para a discussão e votação da possibilidade de um debate sobre o novo planeamento urbano para a zona norte da Taipa. Este foi um projecto apresentado por Ng Kuok Cheong à AL e tem como objectivo ouvir o Governo sobre o recentemente apresentado plano, que tem gerado alguma controvérsia.

Angela Leong nega luta por propriedadeA deputada e directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Angela Leong, nega estar envolvida num processo de disputa de propriedade em relação à hospedaria San Va e outras lojas, situadas na Rua da Felicidade. Mostrando-se surpreendida com as perguntas do HM, Angela Leong afirmou, numa primeira resposta, não deter qualquer edifício na zona, mas posteriormente disse que “todos pensam que esses edifícios são meus, mas não são”. Tanto a hospedaria San Va como algumas lojas são o alvo de um processo litigioso iniciado há mais de um ano por Anna e Peter Yip, que se dizem os verdadeiros proprietários dos espaços, por oposição à associação e empresa Chap Seng Tong. Numa reportagem publicada esta segunda-feira pelo HM, Anna e Peter dizem que a deputada e empresária é uma das pessoas envolvidas no caso.

4 política hoje macau quarta-feira 12.2.2014

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M, de 29 de Julho, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos:- Avenida de Kwong Tung, n.ºs 151 a 183, Rua de Viseu, n.ºs 152 a 160 e Rua de Braga, n.ºs 143 a 165, na ilha da Taipa, (Edifício

The Hillsville);- Avenida de Kwong Tung, n.ºs 199 a 241, Rua de Braga, n.ºs 144 a 178, Rua de San Tau, n.ºs 145 a 185 e Rua de Viseu, n.ºs 214

a 240, na ilha da Taipa, (Edifício Hung Ip Mansion).2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição

Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 17 de Janeiro de 2014.A Directora dos Serviços de Finanças,

Vitória da Conceição

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS

Aviso

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilistas registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2013 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 2º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 19 de Fevereiro, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995344, caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 5 de Fevereiro de 2014.

O Presidente do Júri,

Iong Kong Leong

JOANA [email protected]

C INCO deputados da Assembleia Le-gislativa estão a ponderar elaborar uma lei para controlar as rendas das

casas. A notícia foi avançada por Gabriel Tong, deputado nomeado pelo Executivo no almoço oferecido aos média pela AL. “Temos um plano para juntar alguns deputados para estudar e ver a possibilidade de rever o regime de arrendamento”, começou por dizer Gabriel Tong ao HM. São, “pelo menos cinco”, os deputados que fazem parte do grupo.

O deputado, que falou sobre o assunto das rendas diversas vezes durante o evento, assegura que, assim que lhe foi proposta a ideia de criar esta lei, “teve muito gosto” em vir a participar dela. Ainda assim, Tong não tem certezas de qual será a melhor forma de regular o aumento das rendas. “Eu acho que os meus colegas estão mais inclinados para fazer uma lei independente, mas eu próprio ainda não tenho posição tomada. Quero ver quando chegar ao ponto em que

sou necessário, eu apoio basicamente a parte técnica.”

Actualmente, tudo o que tem a ver com o arrendamento de casas está regulado pelo Có-digo Civil, não havendo uma lei independente para o arrendamento. José Pereira Coutinho, deputado da AL, chegou a apresentar por duas vezes uma proposta de diploma para regular estes custos, mas essa foi chumbada pelos co-legas do hemiciclo. Sobre se o projecto destes cinco deputados poderá prever, por exemplo, um tecto máximo para o aumento das rendas, Gabriel Tong não garante, dizendo apenas que “tudo é possível”, mas que há primeiro que “desenvolver um trabalho de estudo e recolher opiniões de todos os sectores da sociedade”.

A iniciativa não partiu do também advo-gado, que vai ser mais necessário na parte técnica do diploma, mas por “outros depu-tados”, cujos nomes não foram revelados. A ideia é pensar “em conjunto” o que pode ser feito para controlar o aumento das rendas, mas ainda não há qualquer prazo para que o projecto passe à realidade. “Não temos ainda decisões fixas para quando começar.”

RENDAS GRUPO DE CINCO DEPUTADOS PONDERAELABORAR DIPLOMA PARA CONTROLAR AUMENTOS

Ideia que não é para breve

5SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 12.2.2014

CECÍLIA L [email protected]

C ONTINUAM as negocia-ções para que a Universi-dade de Macau (UMAC), Instituto Politécnico de

Macau (IPM), Instituto de Forma-ção Turística (IFT) e Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST) tenham um exame único de acesso ao ensino superior, realizado por alunos finalistas do ensino secun-dário. Segundo o jornal Ou Mun, o Gabinete de Apoio ao Ensino Su-perior (GAES) encontra-se a reunir opiniões junto da Associação de Educação de Macau e escolas secundárias, mas não haverá ainda data nem consenso.

Chan Hong, deputada e pre-sidente da associação, disse ao mesmo jornal que ainda não existe um acordo e que não conseguem, para já, definir um calendário para a implementação deste exame. A deputada considera que o facto das quatro instituições do ensino superior poderem ter este exame “pode levar a uma diminuição da pressão sentida pelos alunos”. “O principio é bom, mas como envolve muitas questões técnicas, ainda não há avanço. Os representantes das várias entidades realizaram um estudo em Novembro do ano passado, mas ainda não chegaram a nenhum acordo. Este processo, depois de dois anos, ainda não tem qualquer resultado.”

Lam Wai Lon, vice-director da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, e que já participou nas eleições legislativas ao lado de Kwan Tsui Hang, disse que as disciplinas de chinês, inglês, ma-temática e português vão estar in-cluídas no exame. No geral, deverá ser utilizado o plano de estudos da UMAC, sendo que o exame será com perguntas do tipo escolha múltipla, com poucas diferenças face ao que já existe actualmente.

Lam Wai Lon considera que a existência de menos exames não vai baixar a pressão dos alunos, porque vai acabar por aumentar

A Direcção dos Ser-viços de Protecção Ambiental (DSPA)

pretende introduzir inspec-tores que possam analisar os ruídos provenientes das actividades diárias dos ci-dadãos, como a música alta ou os sons emitidos pelos animais domésticos. Esses funcionários deverão fazer o seu próprio julgamento da situação e analisar as normas previstas na legisla-

ção, por forma a “melhorar a eficácia da aplicação da lei”, afirmou o organismo ao jornal Ou Mun. O Go-verno assume ainda que as leis que vigoram na vizinha Hong Kong serão tidas como exemplo.

A DSPA afirma que irá negociar com a Polícia de Segurança Pública (PSP) para que exista formação específica para estes casos. Está também a ser pensada

a criação de um mecanismo de comunicações entre as duas entidades, para que as queixas sejam ouvidas.

No caso de Hong Kong, quando existe uma queixa, esta é encaminhada para a polícia, que depois envia um ou dois funcionários para a casa da pessoa que estará a fazer ruído em excesso. Se as queixas continuarem, a polícia repete o processo e a punição pode acontecer.

A proposta de lei reco-menda que entre as dez da noite e as oito da manhã é proibido fazer qualquer tipo de ruído que possa incomodar a tranquilidade dos vizinhos em prédios residenciais, ou mesmo em locais públicos. Pede--se atenção a “actividades recreativas e musicais”, sendo que também não é permitido que animais de estimação em edifícios

com moradores emitam barulhos que perturbem o descanso dos outros. A DSPA diz ainda que a pro-posta de lei poderá levar ao crime de desobediência.

A entidade sublinha que uma maneira eficaz de combater os barulhos que vão contra a lei é aumentar a consciência dos cidadãos, para que se possa diminuir a intervenção das autoridades e reduzir os conflitos. – C.L.

TDM Leong Kam Chun não continuaO presidente da Comissão Executiva da Teledifusão de Macau - TDM, Leong Kam Chun, apresentou o pedido de não renovação do seu mandato como vogal do Conselho de Administração que termina no final deste mês e o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, após cuidada análise, decidiu aceitar e respeitar a decisão. O Gabinete do Porta-Voz do Governo realizará, hoje de tarde, uma conferência de imprensa para anunciar a alteração na TDM. O responsável da empresa de teledifusão sublinhou que, nos últimos três anos, cumpriu as sugestões do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento Estratégico da TDM. Sobre a taxa de audiência televisiva, Leong afirmou que a TDM já conseguiu uma taxa próxima do canal da TVB e mais alta do que a ATV, ambos canais televisivos de Hong Kong.

UMAC Primeiro Nobel chinêsvem dar palestra Chen Ning Yang, o primeiro Nobel chinês, vem a Macau dar uma palestra. No dia 21 de Fevereiro, será possível ouvir o físico na Universidade de Macau (UMAC), que partilhará as suas histórias na colóquio “A minha experiência como estudante e investigador”. A investigação de Yang, que lhe garantiu o galardão da academia sueca em 1957, fez a primeira descrição sobre o universo de partículas microscópicas depois de estudos sobre as Leis da Paridade.

O principio é bom, mas como envolve muitas questões técnicas, ainda não há avanço. Os representantes das várias entidades realizaram um estudo em Novembro do ano passado, mas ainda não chegaram a nenhum acordo. Este processo, depois de dois anos, ainda não tem qualquer resultadoCHAN HONG Deputada

ENSINO SUPERIOR GAES COMEÇOU A FALAR COM ESCOLAS E ASSOCIAÇÕES

Exame único de acessoà universidade sem data

POLUIÇÃO DSPA QUER INSPECTORES PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO DIÁRIO

Hong Kong é referência outra vez

a pressão para entrar no ensino superior. Recomenda que os res-ponsáveis comuniquem mais com as diversas escolas, para que se

possa saber os conteúdos ensina-dos e implementar um modelo de exame mais adaptado à realidade. Tudo para formar uma diversidade

de talentos e manter um exame justo, disse ao Ou Mun.

À semelhança do que acontece no continente e em Hong Kong, os alunos finalistas do ensino se-cundário só realizam um exame de acesso à universidade. Chan Hong considera que as escolas secundárias podem ser realizados entre um a dois exames no final do semestre. Quanto às universi-dades, podem ter como referência as notas dos alunos no secundário, combinando com a nota obtida no exame. Tal poderá, na sua opinião, ser um incentivo a que mais alunos se candidatem ao ensino superior.

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Todos os que apresentem situações de perigo – quer em situações pessoais ou alheias -, que se recusem submeter-se a tratamento médico ou não possuam o discernimento necessário para avaliar a sua situação e a ausência de tratamento deteriore o seu estado de saúde, podem ser internados compulsivamente

O ESSENCIAL

sociedade hoje macau quarta-feira 12.2.2014

JOANA [email protected]

Q UASE 70 pessoas foram internadas para tratamento psiqui-átrico compulsivo

em quatro anos. Os dados foram prestados ao HM pelos Serviços de Saúde (SS).

De acordo com o organismo – que demorou cerca de sete meses a apresentar os números pedidos pelo HM - “houve um total de 69 casos registados no Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário em relação aos quais foi solicitada a aplicação de internamento compulsivo para o tratamento, entre 2009 e 2013”.

Este tipo de tratamento pode ser pedido desde 1999, quando entrou em vigor um decreto lei que permite o tratamento compulsivo de pessoas que sofram de distúrbios mentais graves. A ideia, segundo uma análise feito no ano passado pelo médico psiquiatra Carlos Du-arte na Revista da Administração da RAEM – e divulgada no HM -, foi possibilitar o tratamento destas pessoas, quando eventualmente exista uma situação de perigo para si própria ou para a segurança pú-blica. Por outro lado, vem permitir que estes doentes sejam tratados

U M homem que ti-nha condenado pelo Tribunal Judicial de

Base foi salvo pela Se-gunda Instância de pagar de uma multa e de ficar proibido de conduzir. Isto, porque, depois de um recurso, se apurou que o homem não tinha tido qualquer culpa no caso da contravenção rodoviária por que foi condenado.

Em 2010, um automó-vel ligeiro foi apanhado pela PSP numa rua da Taipa, a circular em ex-cesso de velocidade. Na altura da ocorrência, o proprietário do veículo era o homem condenado pelo tribunal. Contudo, o condutor que ia em excesso de velocidade não era o proprietário registado do carro. “Nessa altura, [o arguido] vendeu o veículo

DOENÇAS MENTAIS QUASE 70 PESSOAS INTERNADAS COMPULSIVAMENTE EM QUATRO ANOS

Um problema demasiado gravepara que não piorem. O regulamen-to baseou-se na lei de Portugal e, em Macau, actualmente, só o São Januário presta cuidados nesta área, apesar de haver clínicas de aconselhamento psiquiátrico.

Todos os que apresentem situ-ações de perigo – quer em situa-ções pessoais ou alheias -, que se recusem submeter-se a tratamento médico ou não possuam o discer-nimento necessário para avaliar a sua situação e a ausência de tratamento deteriore o seu estado de saúde, podem ser internados compulsivamente. O pedido para o tratamento pode ser feito por representantes legais da pessoa, o Ministério Público, o director dos Serviços de Saúde e o director de um estabelecimento de saúde, quando o distúrbio mental seja de-tectado no decurso de internamento voluntário.

De acordo com a lei, é possível que o internamento seja substituído por tratamento compulsivo em regime ambulatório, “sempre que seja possível manter esse tratamen-to em liberdade”.

Um estudo efectuado cinco anos após a entrada em vigor do decreto-lei que permite este internamento mostra que o total dos tratamentos compulsivos variou entre 0% e 2,4% anuais, ou seja 1,7 pessoas por cada cem mil pessoas. Em Macau, no ano passado e segundo dados dos SS, havia cerca de dez mil pessoas com distúrbios mentais o que faz com que 1,8% do total actual de residentes da RAEM apresente anomalias psíquicas, dividas em casos psicóticos e neuróticos. Os primeiros, revelou em 2012 Ho Chi Veng, coordenador do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário, ocupam cerca de 40% das consultas actuais no hospital. Os segundos, entre 30% a 40%.

O HM tentou perceber junto dos SS quantas pessoas com dis-túrbios mentais necessitaram de tratamentos compulsivos durante os últimos 13 anos em que este decreto lei esteve em vigor, mas não foi possível obter todos os dados, sendo que só há registo desde o ano de 2009.

JUSTIÇA TSI ABSOLVE HOMEM DE CONDENAÇÃO E CRITICA TJB POR “MENOSPREZAR DIREITOS”

Afinal não era ele, era outroao seu empregado, que, por sua vez, emprestou o mesmo ao seu amigo. Isto é, autor da infracção de trânsito”, pode ler-se no comunicado do tribunal que fala sobre o acórdão.

A decisão do tribunal pendeu para a condenação do homem, com base no facto deste não se ter des-locado ao Departamento de Trânsito do Corpo de Polícia de Segurança Pú-blica para identificar o ver-dadeiro autor da infracção. “O tribunal considerou o [arguido] como responsá-vel pela contravenção em questão, tendo-o punido”. O Tribunal Judicial de Base condenou o homem a pena de multa de três mil patacas e à inibição de condução por sete meses, mas o TSI veio discordar da decisão e evoca a lei,

para o justificar. “(…) O proprietário verá a sua responsabilidade excluí-da sempre que conseguir provar não ser o autor da infracção às regras de trân-sito. Por esse motivo, [o TJB], ao não deixar de pu-nir o [arguido] ainda que tenha dado como provado

que foi outra pessoa que conduziu com excesso de velocidade, menosprezou o seu direito processual do e violou o princípio da culpa, que constitui um princípio fundamental do direito penal.”

A Segunda Instân-cia julgou procedente o

recurso interposto pelo homem e declarou nula a sentença, absolvendo-o da contravenção que lhe foi imputada. O tribunal ordenou ainda que se notificasse o PSP para decidir se ia responsabili-zar o verdadeiro infractor apurado. - J.F.

IACM CONCLUI OBRA NA COLINA DA GUIA

7 sociedadehoje macau quarta-feira 12.2.2014

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ANÚNCIOTorna-se público que se encontra afixada, a partir da data da publicação do presente anúncio, no Centro de

Atendimento e Informação do Estabelecimento Prisional de Macau, sito na Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8º andar “A”, Macau, e também no website deste Estabelecimento Prisional www.epm.gov.mo, a lista provisória dos candidatos ao concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, com destino à frequência do curso de formação e estágio, para a admissão de 55 candidatos do sexo masculino e 20 candidatos do sexo feminino considerados aptos e melhores classificados. Após a conclusão do curso, os candidatos com aproveitamento preencherão, segundo a ordenação classificativa, os 75 lugares vagos (55 candidatos do sexo masculino e 20 candidatos do sexo feminino) de guarda, 1.o escalão, do quadro de pessoal da carreira do Corpo de Guardas Prisionais do Estabelecimento Prisional de Macau, e também ao provimento de lugares que venham a vagar, aberto por aviso publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 48, II Série, de 27 de Novembro de 2013, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2011 - “Recrutamento, selecção e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos”.

Estabelecimento Prisional de Macau, aos 29 de Janeiro de 2014.

O Presidente do júri,Lam Kam Sau

CECÍLIA L [email protected]

J AIME Carion, director para as Obras Públicas e Trans-portes, afirmou esta segunda--feira que a construção do

edifício residencial de 30 andares ao lado da casamata, em Coloane, poderá vir a ser aprovada.

De acordo com a imprensa chinesa, Carion explicou que, como o empreendedor entregou já a proposta do projecto, a planta de alinhamento oficial (PAO) ainda é eficaz, pelo que não é preciso emitir uma nova depois de Março. O anúncio foi feito à margem de um jantar do sector imobiliário. Carion explicou que, depois do

O jornal Va Kio, de língua chinesa, noticia na sua edição de ontem que os

trabalhadores de Zhuhai preferem não trabalhar em Macau, porque afirmam que os salários não são tão altos como esperavam. Do outro lado da fronteira os salários atingem os 10 mil renminbi, enquanto que em Macau atingem as 20 mil patacas. Contudo, dizem que as condições de vida para os trabalhadores não residentes não são nada fáceis.

O senhor Li, gestor de uma empresa de construção civil em Zhuhai, disse que os trabalhadores do continente não escolhem Macau como primeira opção, porque com a taxa de câmbio 20 mil patacas acaba por não compensar. “Uma refeição de ‘noodles’ custa dez patacas, uma refeição à noite já fica acima das 100 patacas.”

Lin, outro gestor de uma em-

presa do mesmo ramo, disse que os trabalhadores de Zhuhai so-frem muitos contratempos na sua vida em Macau, especialmente as condições à noite, quando regres-sam a casa depois do trabalho. Normalmente há vários homens a residir no mesmo apartamento e no mesmo quarto, com partilha da casa de banho.

Segundo as informações pu-blicadas num website de recursos humanos de Zhuhai, muitas em-presas de Macau estão a recrutar trabalhadores da construção civil no continente, mas que o salário aumentou para 600 patacas diárias há cinco ou seis anos e que, desde então, não houve uma actualização. Os requisitos para os trabalhadores do continente são terem menos de 45 anos, serem do sexo masculino e terem uma experiência mínima de dois anos. – C.L.

• Está concluída a construção do talude na encosta da Colina da Guia, cujo projecto teve inicio depois de um deslizamento de

terras. Segundo um comunicado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a obra, iniciada em Outubro último,

sendo que “a via que durante o período de obras em curso esteve fechada, mas encontra-se novamente aberta ao público”.

OBRAS PÚBLICAS CONSTRUÇÃO DE PRÉDIO AO LADO DE CASAMATA PODERÁ SER APROVADA

Taipa Pequena vai a discussãodia 1 de Março, os projectos que já têm planta de alinhamento oficial (PAO) não precisam de ser alvo de consulta pública, nem de ser discutidos pelo Conselho do Pla-neamento Urbano. É nesta data que a Lei do Planeamento Urbanístico entra em vigor.

Ou seja, o Governo poderá aca-bar por aprovar o projecto que os residentes temem que possa fazer danos à colina, em Coloane, sem

uma consulta pública ou discussão do conselho. Contudo, o director garante que a casamata irá ser protegida e que atrás da casamata não pode haver construções.

OUTRAS QUESTÕESJá o projecto da Taipa Pequena, que está suspenso, tem de ser discutido depois. Isto, porque Carion refere que, se antes do dia 1 de Março ainda não tiver sido emitida a PAO, o pro-

jecto – que compreende a construção de um arranha-céus – terá de ser dis-cutido pelo Conselho, que chega com a entrada em vigor da nova lei. “Se emitirmos a PAO antes desta data, a sociedade vai dizer que estamos fazer negócios por baixo da mesa. Se não, toda a gente vai aplaudir.” Carion acredita que apenas depois de Março há condições para emitir a PAO do projecto da Taipa Pequena.

O secretário da tutela das Obras

Públicas, Lau Si Io, sublinhou que o Governo entende a atenção que está a ser dada aos polémicos projectos mas assegura que as autoridades não têm vontade de acelerar ou atrasar a aprovação dos projectos. Tudo está nos procedimento normais, diz, mas, as autoridades vão pedir mais infor-mações para proteger a montanha e, se for necessário, haverá mais expli-cações para acalmar as preocupações da sociedade.

CONSTRUÇÃO CIVIL TRABALHADORES PREFEREM NÃO VIR PARA MACAU

Baixos saláriose más condições

JOSÉ LOURENÇOFalecimento

José Lourenço, cantor lírico português que actuou por diversas vezes no Festival In-ternacional de Música, filho de Maria José Baião, que viveu em Macau cerca de 20 anos, faleceu recentemente em Portugal.Os amigos de Macau informam que será ce-lebrada uma missa pela alma de José Lou-renço na Sé Catedral, hoje, quarta-feira, pelas 18h.

8 hoje macau quarta-feira 12.2.2014CHINA

O S custos de captação das empresas na Chi-na estão a disparar, uma tendência que

pode reduzir os lucros, desacelerar o crescimento económico e até cau-sar os primeiros incumprimentos financeiros das empresas chinesas.

Depois de aproveitarem uma onda de empréstimos nos últimos anos, as empresas chinesas acu-mulavam um total estimado de cerca de 93 biliões de patacas em dívidas no final do ano passado, segundo a agência de classificação de riscos de crédito Standard & Poor’s. O valor é comparável aos débitos de cerca de 100 biliões de patacas das empresas ameri-canas, hoje as mais endividadas do mundo. A S&P projecta que a dívida das empresas chinesas deve ultrapassar a das americanas ainda este ano ou no próximo. “A alavancagem no sector empresarial já é muito alta e representa um risco latente para toda a economia”, diz Shuang Ding, economista do banco Citigroup Inc. Os problemas das empresas agravam-se à medida que o governo aperta o crédito e os investidores exigem juros mais altos para as financiar.

A Evergreen Holding Group Co., firma do sector privado chinês de construção de navios e enge-nharia de portos, é um exemplo destes desafios. Os seus custos de captação mais do que duplicaram nos últimos 20 meses, à medida que os lucros foram caíndo.

Em Junho de 2012, a Evergreen pagou juros de 4,64% ao ano por um empréstimo de cerca de 480 milhões de patacas por um ano. Sete meses depois, os juros de um outro financiamento de um ano subiu para 6,13%. Em Dezembro, a empresa teve de pagar 9,9% para pedir emprestado a mesma quantia, tornando-se a empresa a oferecer o cupão mais alto num título novo de curto prazo desde que o governo chinês criou o mercado de dívida corporativa, em 2005, segundo a empresa de dados WIND Info. “O golpe duplo da desaceleração económica e do custo crescente dos empréstimos está a causar problemas para as empresas já às voltas com margens de lucro em queda”, diz Ding.

A Evergreen está numa posição particularmente vulnerável perante a iniciativa do governo chinês de conter a escalada do endividamen-to. Como empresa privada, não recebe o tratamento privilegiado das estatais, como o crédito barato. E está num sector — o da indústria pesada — que começa a deixar

Depois de aproveitarem uma onda de empréstimos nos últimos anos, as empresas chinesas acumulavam um total estimado de cerca de 93 biliões de patacas em dívidas no final do ano passado, segundo a agência de classificação de riscos de crédito Standard & Poor’s

CUSTO DE CAPTAÇÃO PARA EMPRESAS CHINESAS DISPARA E AMEAÇA A ECONOMIA

Situação de alto riscode ser uma prioridade na China agora que o governo está a tentar estimular o consumo e reduzir a dependência dos investimentos em infra-estruturas como motor do crescimento económico.

A empresa acumulou a dívida numa rápida expansão que incluiu a aquisição da MagIndustries Corp. uma extractora de minérios canadiana.

A dívida corporativa da China tem vindo a crescer mais rapida-mente do que a economia do país e ampliou-se nos últimos cinco anos. Segundo a J.P. Morgan Chase

a dívida das empresas chinesas era de 124% do produto interno bruto em 2012, face aos 111% em 2010 e 92% em 2008. Haibin Zhu, economista do banco, diz que a percentagem deve crescer em 2013.

A dívida corporativa fica entre 40% e 70% do PIB em economias emergentes comparáveis, enquan-to nos EUA a proporção é de 81%, segundo a J.P. Morgan.

Se por um lado as dívidas pesa-das podem prejudicar as empresas, por outro também geram preocu-pações em relação aos bancos que

9 chinahoje macau quarta-feira 12.2.2014

A primeira reunião entre ministros de Taiwan e da República Popular da Chi-

na em mais de 60 anos começou ontem em Nanjing, confirmando o desanuviamento das relações entre os governos de Taipé e de Pequim.

Wang Yu-chi, responsável do gabinete de Taiwan encarregue das relações com a República Popular da China, será o primeiro governante da ilha recebido no continente chinês desde o final da guerra civil, em 1949.

A reunião, que decorrerá até sexta-feira, é vista em Pequim como “um importante passo” para

“promover o desenvolvimento das relações através do Estreito de Taiwan” e “aprofundar a confian-ça política mútua”. “Esperamos e acreditamos que este importante passo aumentará a comunicação e a compreensão entre as duas partes”, disse o porta-voz do Gabinete do Conselho de Esta-do chinês para os Assuntos de Taiwan.

Taiwan - a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês após a tomada do poder pelo Partido Co-munista e que continua a ostentar o nome de República da China (sem o adjectivo “Popular”) - é vista por

Pequim como uma província da China e não uma entidade política soberana.

Pequim defende a “reunifica-ção pacífica” com Taiwan segundo a mesma fórmula adoptada para Hong Kong e Macau (“um país, dois sistemas”), mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar a independência.

Apesar das persistentes di-ferenças políticas, as relações melhoraram muito desde 2008, quando o líder do Partido Nacio-nalista, Ma Ying-jeou, ganhou as eleições presidenciais em Taiwan, interrompendo oito anos de go-

vernação do Partido Democrático Progressista.

Em 2013, o comércio bilateral aumentou 16,7%, para cerca de 1,4 bilião de patacas, o que equivale a mais de um terço das transacções entre a China e a União Europeia, o maior parceiro comercial de Pequim.

As ligações directas, cortadas durante mais de meio século, foram entretanto restabelecidas.

No ano passado, o número de voos semanais subiu para 670 e 2,2 milhões de turistas do conti-nente (mais 11% do que em 2012) visitaram a ilha.

O Governo chinês classi-ficou ontem de “deci-são errada” o mandado

internacional de prisão emitido pelo juiz espanhol Ismael Moreno contra cinco ex-líderes chineses, incluindo o ex-presidente Jiang Zemin, por crimes como o geno-cídio no Tibete.

Em conferência de imprensa, a porta-voz do Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, desejou que Espanha trate “adequadamente” o assunto e que todas as partes vejam o “dano” da decisão tomada pelo juiz espanhol.

Tibete Centenaspediram libertaçãode monge doenteCentenas de tibetanos protagonizaram um protesto durante um festival religioso na província de Qinghai, na fronteira com o Tibete, para pedir a libertação de Khenpo Kartse, detido em Dezembro e alegadamente em grave estado de saúde. Segundo informa a Campanha Internacional pelo Tibete, a manifestação decorreu na passada, mas só agora foi tornada pública dadas as restrições informativas na região. Khenpo Kartse é um religioso do mosteiro de Gongya, no município tibetano de Yushu, em Qinghai. Segundo fontes tibetanas, o monge sofre de graves problemas hepáticos, mas as autoridades rejeitaram um pedido do médico para o ver. A polícia também negou a visita de familiares e advogado de Khenpo Kartse. Esta é a terceira manifestação a favor da libertação do monge, que pode enfrentar acusações criminais.

Compra de ouro bate novo recorde em 2013 A compra de ouro na China totalizou mil toneladas no ano passado. A produção de ouro também apresentou um aumento significativo, ocupando o primeiro lugar do mundo por sete anos consecutivos. Segundo os dados divulgados pela Associação de Ouro da China, em 2013, a compra de ouro superou 1,1 mil toneladas. O número representa um aumento de 41,36% em comparação com 2012. O consumo das barras e jóias de ouro marcou o maior crescimento. De acordo com as previsões do Conselho Mundial de Ouro, a China poderá ultrapassar a Índia e tornar-se no maior consumidor de ouro do mundo em 2014.

DIPLOMACIA CHINA E TAIWAN REÚNEM EM NANJING, PELA PRIMEIRA VEZ EM MAIS DE 60 ANOS

Mais um passo em frente

JUSTIÇA PEQUIM CONSIDERA “DECISÃO ERRADA” ORDEM DE DETENÇÃO DE EX-LÍDERES

Conduta danosa

emprestam o dinheiro. Na China, os bancos tendem a conservar os empréstimos nas suas carteiras e são os maiores compradores de títulos de dívida corporativa. “A dí-vida corporativa elevada é a maior vulnerabilidade do sector financei-ro da China, seguida pelo ‘shadow banking’ [crédito paralelo] e pelos problemas de endividamento de governos locais”, diz Zhu.

Os juros subiram até para alguns dos mais importantes ban-cos da China. O estatal Banco de Desenvolvimento da China viu a taxa que paga em títulos de cinco

anos avançar para 5,75% ao ano este mês, face aos 4,97% no fim de Outubro e 4,16% em Janeiro de 2013.

Já o Export-Import Bank, que ajuda a financiar as volumosas im-portações e exportações chinesas, aumentou o cupão dos seus títulos de três anos para 5,44% este mês, contra 4,8% no fim de Outubro e 3,62% no fim de Fevereiro de 2013.

Com um cupão de 9,9% ao ano, os títulos de dívida mais recentes da Evergreen têm praticamente uma classificação de alto risco, diz Wang Ming, sócio da empresa Shanghai Yaozhi Asset Management, que administra cerca de dois mil mi-lhões de patacas em activos. “Se o cupão [da Evergreen] passar de 10% no ano que vem, como é que eles vão conseguir honrar os seus pagamentos?”, diz Wang.

A Evergreen não quis comentar sobre os juros que está a pagar nem sobre a sua capacidade de pagar a dívida. “A emissão dos títulos foi um exercício de mercado. Fazemos tudo de acordo com as regras do mercado”, disse um executivo do departamento financeiro da Evergreen, que não quis dar mais detalhes.

Nenhum título de dívida cor-porativa jamais deixou de ser pago na China, embora os emissores já tenham sido resgatados.

Mas, mesmo na ausência de in-cumprimento, caso muitas empre-sas sejam forçadas a cortar gastos para pagar dívidas, a economia pode vir a ser prejudicada.

A subida dos juros nos merca-dos de capitais e dos rendimentos dos títulos de dívida também tem vindo a traduzir-se em juros mais altos para os empréstimos bancá-rios, que respondem pela maior parte do crédito empresarial na China. As pequenas empresas pri-vadas são as mais atingidas.

Lily Li, directora financeira de uma farmacêutica de médio porte de capital fechado de Xangai, diz que os bancos agora cobram juros de pelo menos 8% num emprés-timo de um ano, mais do que os 6% de há um ano atrás. “O custo dos empréstimos bancários está ficar realmente insustentável. Não vamos morrer, mas realmente é uma pressão enorme que temos de enfrentar”, diz.

O juiz da Audiência Nacional espanhola Ismael Moreno orde-nou na segunda-feira a busca e captura para detenção e prisão incondicional de cinco antigos líderes comunistas chineses por crimes de genocídio, torturas e lesa humanidade no Tibete.

Os ex-dirigentes chineses foram acusados pelas vítimas de partici-parem num ataque “generalizado e sistemático contra a população tibetana”, entre finais da década de 1980 e princípios de 1990.

Além de Jiang, Presidente da China entre 1993 e 2003, a Audiência Nacional espanhola

ordenou a detenção de Li Peng, primeiro-ministro no final da década de 1980 e princípios de 1990, Qiao Si, ex-chefe dos serviços de segurança chineses e responsável da polícia milita-rizada, Chen Kuiyuan, secretário do Partido Comunista Chinês no Tibete entre 1992 e 2001, e Peng Peiyun, ministra do Planeamento Familiar na década de 1980.

A queixa foi apresentada por duas organizações e um bonzo de nacionalidade espanhola, sendo investigada pela mais alta instância judicial espanhola devido ao princípio de jurisdição internacional.

Em 2006, a Audiência Nacio-nal declarou-se competente para investigar o genocídio perante a possibilidade de ser investigado por juízes chineses ou pelo Tribu-nal Penal Internacional.

hoje macau quarta-feira 12.2.201410 publicidade

hoje macau quarta-feira 12.2.2014 11EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A BRISA DO ORIENTE • Paloma Sánchez-Garnica Em 1204, acompanhando o seu abade, Umberto de Quéribus, um jovem monge de Cister, inicia uma viagem que o levará a Constantinopla. A partir desse momento, arrastado para perigos e situações extremas, em que perde a candura infantil, a sua vida muda completamente. Durante a viagem de regresso ao mosteiro, conhece a insensatez da guerra, a violência desmedida e a imoralidade da avareza. Toma igualmente consciência das verdadeiras consequências da obediência cega e da enorme incerteza na destrinça do que está bem e do que está mal, imerso numa luta constante entre o que lhe ensinaram e o que de facto sente.

A BATALHA DO APOCALIPSE • Eduardo Spohr Quando após a Criação Javé adormeceu num sono milenar, o Paraíso Celeste foi palco de terríveis insurreições entre as hostes angélicas, que se arrastaram ao longo dos tempos e durante toda história da Humanidade. No momento do Apocalipse, Absalon, o valoroso líder dos revoltosos que havia sido condenado a vaguear pela Terra, é aliciado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, para se juntar às suas hostes na batalha do Armagedão que decidirá não só o destino do mundo mas o próprio futuro do Universo. E a escolha de Absalon poderá ser decisiva. Uma grandiosa viagem pela história humana e um épico empolgante.

E STE é um filme a preto e branco sobre uma história de amor passada entre Ílhavo e Paris. Em Ílhavo está o Touro

Domecq, uma peça emblemática da Vista Alegre, em Paris estão os mi-notauros de Sacha Walckhoff. A casa parisiense destes vasos-escultura fica no boémio bairro do Marais, uma galeria de design que até dia 20 é habitada pela colecção de peças únicas em porcelana Vista Alegre de Walckhoff, director criativo da maison Christian Lacroix.

Desde a concorrida inaugura-ção, há uma semana, cerca de me-tade da colecção já foi vendida - os preços destas peças pintadas à mão oscilam entre as cerca de 42.000 e as 55 mil patacas. Era uma noite de estreia para Sacha Walckhoff, que pela primeira vez desenha em nome próprio, e começou com al-gumas peças já arrematadas e com nomes da moda e do design como Maurizio Galante e Tal Lancman em torno das 12 peças da colecção Minotaures.

E esta é uma espécie de história de amor porque o designer francês, que desde 2010 é o director cria-tivo da versão pronto-a-vestir da Lacroix, está com a Vista Alegre desde que a conheceu, tendo já criado duas colecções de porcelana de mesa para a empresa portuguesa no âmbito de uma parceria de cinco anos. Agora, decidiu estrear-se no design de objectos em nome próprio depois de “um crush”, como descreve ao jornal Público, de uma paixão pelo Touro Dome-cq, uma peça histórica da Vista Alegre que não esqueceu desde que a viu na fábrica de Ílhavo – “a Limoges portuguesa”, segundo a importante Galerie Gosserez, que co-produz com a Vista Alegre estes Minotaures.

Como explica Nuno Barra, director de marketing e de desen-volvimento de novos produtos da Vista Alegre, este evento parisiense e esta colecção em porcelana biscuit branca e ocasionalmente pintalgada a negro (cada peça demorou cinco dias a pintar) é a “oficialização da entrada da Vista Alegre noutro tipo de sector”. Peças de galeria, únicas, fruto de trabalho directo entre uma galeria e um artista para criar uma sub-marca ligada à arte, “uma nova área de negócio”. Oficialização porque em 2013 foram feitas duas outras experiências, uma com a portuguesa Joana Vasconcelos,

Teatro Festivalde Almada distinguido com o Prémioda Crítica 2013A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro atribuiu o Prémio da Crítica, relativo ao ano passado, ao Festival de Teatro de Almada, apontado como “um caso exemplar do teatro português”, divulgou esta segunda-feira o júri. O júri, constituído por Emília Costa, João Carneiro, Maria Helena Serôdio, Rui Monteiro e Samuel Silva, decidiu ainda atribuir três Menções Especiais aos espectáculos Ah, os dias felizes, pelo Teatro Nacional São João, Os meus sentimentos, por Mónica Calle, e Rei Lear, pelo Teatro Oficina. O Festival de Teatro de Almada celebrou no passado 30 anos de existência, e segundo o júri do Prémio, “reuniu muito daquilo que de melhor e de mais interessante foi sendo produzido em Portugal e fora dele”. Na justificação do prémio, o júri salienta que, no Festival, “a qualidade tem estado em incessante progressão, e a relação com o público é um modelo de funcionamento social das práticas artísticas”.

Rota das Letras Organização desmente nomes sonantesA organização desmentiu à Rádio Macau que José Pacheco Pereira, Miguel Sousa Tavares e Manuel Alegre integrem o cartaz da edição deste ano do Festival Literário de Macau - Rota das Letras, marcada para o próximo mês de Março. Relativamente à notícia adiantada esta segunda-feira pela Rádio Macau, e citada pelo Hoje Macau, que dava conta da vinda a Macau dos escritores, a organização remeteu para a conferência de imprensa de lançamento da iniciativa a divulgação do programa, não adiantando por agora quaisquer esclarecimentos.

TOUROS DE SACHA NUMA GALERIA CHEIADE PORCELANAS VISTA ALEGRE NA CAPITAL FRANCESA

História de amor entre Ílhavo e Paris

outra com os designers libaneses David/Nicolas.

POESIA DO DESIGNOs visitantes, muitos, rodeiam quase perigosamente as peças, delicadas por natureza, fortes por evocação. A galerista Marie-Bérangère Gosserez, cujo currículo inclui o negócio de antiguidades e vários anos na lei-loeira Christie’s de Paris, considera “muito poéticas” estas 12 peças que estão “entre o design, a arte e o artesanato”. “Quando pensamos

em ‘minotauro’, pensamos em algo forte, mas estas peças são suaves e silenciosas. Gosto desse contraste entre algo muito minimalista e algo muito realista”, diz Gosserez, que identifica um lado autobiográfico nas peças - que o designer assume.

“É uma coisa completamente diferente do meu trabalho diário”, diz o director criativo da Lacroix, e de forte inspiração surrealista. “O movimento surrealista é uma parte muito forte da História de Arte para mim. Os meus artistas preferidos são

desse período – Picasso, claro, mas também Cocteau, Magritte… Havia uma revista nos anos 1930, feita por André Breton, chamada Minotaure. Um elemento mitológico que fascina gerações, uma mistura de instinto animal e de intelecto. Aqui é só o touro, mas o homem sou eu e eu faço parte das peças”, sorri.

Marie-Bérangère Gosserez com-pleta a interpretação das peças: nestes três modelos, quatro de cada tipolo-gia (um touro que entra e sai de um cilindro de fina porcelana, um touro que sai parcialmente desse vaso, três cabeças de touro que ladeiam outro cilindro), “acho que Sacha quer dizer que não é prisioneiro da moda ou de outras expressões artísticas”.

A galeria, fundada em 2010 e especializada na criação de design de mobiliário contemporâneo, tornou-se num pólo interessante do design parisiense, produzindo e distribuindo com exclusividade trabalhos com jovens designers e consagrados como Eric Jourdan.

A Vista Alegre, vista de Paris, tenta ganhar prestígio num mercado competitivo e afectivamente pro-teccionista como é o francês, que valoriza a sua própria tradição nas porcelanas. A ligação entre galeria e Vista Alegre foi feita por Sacha Walckhoff, que elogia a facilidade com que tudo se articulou em Por-tugal, “de forma livre, por nada”, e que lembra sempre o Touro Domecq, “um pouco kitsch” na sua relva verde e na sua pequena vitrine. “Propus à Vista trabalhar nele, torná-lo mais contemporâneo, mais moderno, de o abordar como um designer. Tivemos de o modificar, livrando-nos da base, cortámo-lo e adaptámo-lo àqueles grandes cilindros para tornar um objecto de vitrine em algo útil – uma jarra, um candelabro, um prato. É uma espécie de gesto que diz muito sobre o que sou. E agora quero que tenham a sua própria vida.”

12 hoje macau quarta-feira 12.2.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

António GrAçA de Abreu

C HEGO à moderníssima es-tação oeste de Harbin para apanhar o TGV chinês, limpo, funcional, moder-

níssimo. Vou para Changchun, a capi-tal da província de Jilin, mais a sul, e numa hora fazem-se os duzentos e cin-quenta quilómetros de viagem directa, tão rápida e asséptica que quase nem dá para olhar a paisagem ou manter uma conversa com os chineses, diálogos sempre complicados. O trajecto esten-de-se por estas planícies do nordeste, com boas terras agrícolas e uma ou outra aldeia de camponeses que passa célere pela vidraça da carruagem.

Do que lera, calculava que a cida-de de Changchun长春, - cujo signifi-cado é “extensa Primavera” apesar do muito frio que a assola durante grande parte do ano -, seria um poiso desin-teressante, lugar a ver e entrever com a rapidez necessária para avançar rumo a mais Manchúria. Foi exactamente as-sim. De resto, turistas estrangeiros por aqui, nem vê-los, comprovação de que Changchun não terá muito que ofere-cer para entusiasmar o abrir de olhos e o bater de corações de quem viaja pela China.

Alojei-me no hotel Yatai, um três estrelas um tanto ou quanto bolorento devido ao pouco cuidado em mantê-lo

Província de Jilin 吉林

CHANGCHUN长春COM AUTOMÓVEIS, CINEMA, COREANOS E O IMPERADOR PUYI

limpo e arejado. Tinha a vantagem de estar bem localizado, logo acima da Praça do Povo, o centro geográfico de Changchun, junto à Renmin Dajie, a avenida do Povo que atravessa toda a malha urbana, num eixo norte-sul que se estende por uns quinze quilómetros. A cidade nasceu há duzentos anos por isso não vale a pena ir à procura dos testemunhos da história antiga que costumam colorir e enriquecer a es-tadia em tantas urbes da velha China. Ainda assim, a trezentos metros do hotel situa-se o motivador templo bu-dista de Banruo, com altares e figuras de Buda de alguma qualidade, e, no interior, muitos devotos pedindo mil favores a Sakyamuni. Cá fora, mais de uma dezena de adivinhos taoistas aproveitam o movimento dos crentes e montam as suas bancas para, a troco

de umas dezenas de yuans, ouvir, acon-selhar e esclarecer quem necessita de saber tudo sobre o seu futuro. Como taoismo, superstições, religiosidade popular e budismo se misturam com facilidade numa vulgar cabeça chinesa, não há aqui conflitos religiosos, apenas complementaridade. Miguel Torga, que conheceu estes bruxos taoistas em Macau, fala no seu Diário, a 8 de Junho de 1987, de “adivinhos em todos os cantos da cidade que sabem mais de nós do que nós.”1

Entro outra vez nos transportes pú-blicos para as voltas pela cidade. Estão a construir o metropolitano. Buracos, pó, ruas fechadas, poluição, engarrafa-mentos medonhos neste terra que con-ta com 5 milhões de habitantes. Nos arredores, não longe do centro, há fá-bricas e mais fábricas, centrais térmicas,

siderurgias e enormes complexos fabris de onde saem todos os dias milhares de automóveis. E toneladas e toneladas de dejectos e poluição. Changchun é o maior centro da indústria automóvel do país, aqui se fabricam sob licença alemã, há mais de vinte anos, a maioria dos diferentes modelos dos Vokswagen que circulam na China.

Changchun é também conhecida por ser pioneira na realização de fil-mes, nos anos quarenta e cinquenta do século passado. Parte dos estúdios fo-ram aproveitados para -- numa pobre tentativa de imitação de uma qualquer Disneylândia misturada com os estú-dios da Universal, em Hollywood, ou os de Bolywood, na Índia --, motivar a visita a mundos etéreos e fantasmáti-cos por parte do entusiasmado turista chinês. O resultado é uma catástrofe kitsch, made in China, um paupérrimo conjunto de vulcões apagados, de cas-telos de fantasmas, carrocéis, barracas de feira, etc. E o deprimente parque de diversões foi titulado em inglês como sendo uma “Oriental Hollywood” e a “Changchun Movie Wonderland.” Um lugar absolutamente a evitar, face tanto mau gosto.

Interessantíssimo, impecavelmente restaurado é o Palácio e conjunto de edifícios que constituíram a residên-

13 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 12.2.2014

cia do imperador Puyi e a sede do go-verno de Manchukuo, cuja capital era Changchun.

Vamos recordar a História contada com todo o rigor no filme “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci, que ganhou nove óscares em 1988.

Puyi, o último monarca da dinastia Qing, subiu ao trono em 1908, com apenas três anos. A revolução republi-cana de 1911 acabou com a monarquia e Puyi cresceu e viveu ainda durante al-guns anos no Palácio Imperial, em Pe-quim e depois em Tianjin. Entretanto o Japão, com uma industrialização sem rival em toda a Ásia iniciada em 1868 com a subida ao poder do clarividente imperador Meiji, procurou na China as muitas matérias-primas que necessi-tava para se desenvolver e expandir. A Manchúria, não muito longe das ilhas nipónicas, com poderes políticos in-constantes e instáveis, era o território chinês que valia a pena ocupar e explo-rar. Foi o que fez o Japão entre 1932 e 1945. Criou para isso um território a que chamou Manchukuo, o “reino dos manchus” e um governo fantoche pró--japonês para cuja chefia foi buscar o então ainda jovem ex-imperador Puyi, que era manchu e que instalou em Changchun, oferecendo-lhe um palá-cio e uma sede de governo. É este lu-

gar que vou visitar e que conserva toda a dignidade triste de outrora, desde o pequeno hipódromo até aos quartos habitados por Puyi e pelas suas duas esposas, desde a sala do trono aos ex-traordinários altares budistas para o imperador rezar. Um recuo no tempo e estou em 1940, com aquela gente toda, japoneses, manchus e chineses, à minha volta cirandando pelos espa-ços dos quartos e salas, dos corredores, escadarias e grandes salões, primorosa-mente conservados. Até o cheiro é da época. O imperador Puyi aparece aqui e acolá, recriado em imaculados, per-feitíssimos bonecos de cera.

Em 1945, com a derrota japonesa, após Hiroxima e Nagasaqui, os exérci-tos russos invadiram a Manchúria, des-mantelaram as fábricas modernas cons-truídas pelos nipónicos, reconstruíram--nas na Sibéria e prenderam Puyi que acabaram por entregar aos chineses, após a vitória comunista em 1949. O ex-imperador permaneceu vários anos na prisão em Pequim, trabalhou depois como jardineiro e foi libertado, tendo mesmo casado em 1962 com Li Shu-xian, uma enfermeira chinesa que as más línguas afirmam ter então ligações com a polícia secreta chinesa. Puyi morreu de cancro no fígado em 1967 e deixou-nos uma curiosa autobiografia.2

A província de Jilin, de que Changchun é capital, tem uma exten-sa fronteira com a Coreia do Norte, e conta com uma das duas linhas ferrovi-árias que unem os dois países. Era por aqui, - e na outra linha, em Dandong, atravessando o rio Yalu, na contígua província de Liaoning - , que, num passado não muito distante, a estra-nha Coreia do Norte era abastecida de todo o tipo de produtos chineses, graças ao óptimo relacionamento entre os dois países. Foi assim desde a Guer-ra da Coreia (1950-1953) quando os chineses combateram ao lado dos co-munistas de Kim Il-sung, tendo sofrido quase um milhão de mortos, incluindo Mao Anying, filho de Mao Zedong, que faleceu num bombardeamento norte-americano. Mas, nessa altura, a China ao combater os coreanos do sul e os norte-americanos estava também a defender as suas fronteiras na Manchú-ria. Hoje, as relações com a Coreia do Norte são mais frias e a China parece querer distanciar-se cada vez mais do regime surreal de Kim Jung-un. O pai e o avô deste jovem “grande líder” che-garam a importar da China 50% do que o seu país necessitava e consumia, sem pagar um yuan, um dólar, um rublo. Os chineses conhecem bem os coreanos até porque nestas regiões fronteiriças

vivem, do lado da China, desde o sécu-lo XIX quase dois milhões de coreanos, formando umas das 55 minorias nacio-nais chinesas. Curiosamente estes co-reanos, cidadãos chineses, nascidos e criados na China têm vindo a diminuir significativamente por uma simples razão: procuraram trabalho melhor remunerado e fixaram-se na Coreia do Sul. Emigrantes coreanos chineses emigram para a Coreia capitalista e próspera, cidadãos coreanos da Coreia comunista e anormal fogem para a Chi-na, cerca de quinze mil por ano, através destas fronteiras, tão vigiadas do lado da pátria de Kim Il-sung. Nestas terras do Nordeste, no Extremo-Oriente do Império do Meio vale bem mais a pena nascer chinês ou manchu do que core-ano.

1 - Miguel Torga, Diário XV, Coimbra, Ed. Autor, 1990, pag. 23.

2 - É muito vasta a bibliografia sobre Puyi. Da sua pena, destaco os dois volumes From Emperor to Citizen, Pequim, Foreign Languages Press, 1979, e em português a sua biografia por Edward Behr, O Último Imperador, Lisboa, Publicações D. Quixote/Círculo de Leitores, 1988.

14 hoje macau quarta-feira 12.2.2014h

Lucinda caneLasIN PÚBLICO

E RA um homem baixo de cabe-lo curto, traços comuns e uns olhos pequenos, muito vivos. Na maioria das fotografias e

filmes aparece impecavelmente vesti-do, mas de forma algo conservadora. Se é apanhado pelas câmaras a trabalhar, é natural que esteja de bata ou em man-gas de camisa; se surge no meio de um grupo de artistas e poetas, no começo do século XX, quando se transformou num dos inventores das vanguardas, chega a parecer um pouco deslocado, estranhamente convencional.

Desmond Morris, o zoólogo britâ-nico e pintor surrealista que chegou a conhecê-lo, lembra num breve depoi-mento dos arquivos da Tate Modern, o importante museu londrino de arte moderna e contemporânea, que, quan-do viu Joan Miró pela primeira vez, o artista catalão lhe pareceu um banqueiro ou um diplomata espanhol, até mesmo um chefe de Estado: “Era extremamente reservado e educado, cortês. O oposto das suas pinturas.”

Estávamos em 1964 e Morris, que expusera com Miró em 1950, guiava-o numa visita ao jardim zoológico de Lon-dres, deliciando-se com o encantamen-to permanente do artista - “os seus olhos eram como os de uma criança que vê uma coisa que a entusiasma” -, em parti-cular perante um camaleão e o trabalho de Congo, um chimpanzé de três anos que, graças a um projecto do zoólogo, se dedicava à pintura.

Joan Miró (1893-1983) era, diz quem o conheceu e sobre ele escreveu, na sua maioria artistas, poetas, críticos e historiadores de arte, um homem singu-lar. Diz a sua obra, que essa singularida-de se estendia, sobretudo, a tudo o que criava, deixando uma marca inconfundí-vel na arte do século XX.

Nas últimas semanas muito se tem dito, e escrito, sobre este artista que se

O RESULTADO DAS

LONGAS DÉCADAS

DA SUA CARREIRA,

EXPLICAM OS DOIS

CURADORES, É

UM CORPO DE

TRABALHOS DE

EXTRAORDINÁRIA

DIVERSIDADE E

COERÊNCIA, MUITO

ANCORADO NA

ESCRITA E NOS SEUS

MECANISMOS

MIRÓ, O ARTISTAQUE NOS CONVIDOUA VER TUDO COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZTem sido referência constante nos media nas últimas semanas por causa de um banco nacionalizado e de uma colecção de arte que fez as malas sem autorização e viajou para Londres, à procura de outros donos. Mas, afinal, quem é Joan Miró? O que é que trouxe de novo ao século XX?

deixou encantar por Paris mas nunca esqueceu a sua Catalunha, a propósito da colecção de 85 pinturas, desenhos e colagens que dele guardava o Banco Português de Negócios (BPN), que foi nacionalizado. Acusações de ilegalida-des na expedição das obras para Lon-dres, onde deveriam ter sido leiloadas pela Christie’s, providências cautelares a correr no Tribunal Administrativo de Lisboa, movimentos cívicos, petições e intensas manobras da oposição para ga-rantir que este acervo privado que nun-ca esteve exposto em Portugal e muito poucos tiveram oportunidade de ver quando estava ainda nas mãos do BPN de Oliveira e Costa, não volta a deixar o país.

Mas, afinal, quem é Joan Miró? O que é que trouxe de novo ao século XX? Porque é que identificamos à partida as suas obras, capazes de seduzir audiên-cias de origens e gerações tão diversas? Ouvimos três especialistas responderem a estas e a outras perguntas, usando mui-tas vezes as palavras poesia e liberdade.

UM GRANDE ARTISTA E É SÓPara Rosario Peiró, chefe do departa-mento de colecções do Museu Nacional Rainha Sofia, Joan Miró não é apenas um dos maiores artistas do século XX, é também um dos inventores das van-guardas, um homem que compreendeu e representou como nenhum outro a relação entre a pintura e a poesia. “Nos anos 20, em Paris, Miró dava-se mais com poetas do que com pintores e sem-pre se sentiu bem no meio deles”, lem-bra a conservadora, que não se cansa de comparar a sua importância à do mestre de Málaga, Pablo Picasso (1881-1973).

Entre ambos há grandes diferenças, explica Peiró, que começam na perso-nalidade de cada um: “Picasso criou um personagem para lá do artista, era dado ao convívio social, gostava de se mis-

turar com as pessoas, de conversar, de dar entrevistas. Miró era o oposto - era um homem do silêncio, extremamente discreto, um artista de estúdio avesso a jornalistas, que dispensava festas e aten-ções, mesmo quando o seu trabalho era já muito disputado. Em Miró é quase sempre a obra que fala.”

Uma obra que, ao contrário da de Picasso, não era declaradamente politi-zada, embora fossem evidentes as suas posições perante a Guerra Civil de Es-panha (apoiou a causa republicana con-tra Franco) ou a independência da Ca-talunha. “É claro que, para os catalães, a liberdade artística está ligada à liberda-de de expressão”, dizia.

Peiró e João Fernandes, o curador português que foi director artístico do Museu de Arte Contemporânea de Ser-ralves e hoje é director-adjunto do Rai-nha Sofia, em Madrid, um dos maiores museus de arte moderna e contempo-rânea da Europa, defendem que Miró nunca recusou partilhar as suas opini-ões políticas, nomeadamente as que o afastavam da ditadura militar franquista. “Toda a arte é política e a de Miró, que tão crítico foi em relação à Espanha dos anos 1930, não é excepção”, diz a pri-meira. “Nunca deixou de aceitar os con-vites da História para intervir política e civicamente”, acrescenta o segundo. E se o fazia de forma mais discreta era porque era esse o seu modo de ser.

O que lhe interessava, verdadeira-mente, era explorar as possibilidades da arte, testar os seus limites, cruzá-la com a literatura e o teatro, criar uma nova maneira de dizer e de fazer. Projecto ambicioso para o filho de um relojoeiro transformado em empresário de relativo sucesso que o queria formado em Co-mércio e que não viu com bons olhos a sua partida para uma estadia inicial em Paris, em 1920, depois de cumprido o serviço militar, depois de ter já recebi-

15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 12.2.2014

do formação em arte, de ter visto a sua primeira exposição cubista, de ter lido a poesia de Appolinaire e conhecido o pintor e poeta Francis Picabia.

É em Paris, a onde chega pratica-mente sem dinheiro - a mãe dá-lhe ape-nas o mínimo que precisa para se insta-lar e é por isso que dirá mais tarde que, nos primeiros tempos, não tinha sequer como comprar um croissant e que “a fome era boa para ter ideias” - que vai conhecer alguns dos maiores nomes da arte e da literatura do século passado, bem como as suas obras, ocupando o seu lugar num universo cheio de “istas”: cubistas, modernistas, abstraccionistas, surrealistas, dadaístas... Max Ernst, Pi-casso, Henri Matisse, Georges Braque, Paul Klee, Raoul Dufy, André Breton, Paul Eluard, entre muitos outros. “O cubismo abriu muitas portas mas, depois do cubismo, a pintura tornou-se muito estática”, diz Joan Miró numa das suas raras entrevistas, no final dos nos 1970. “Estava só preocupada com a plasticida-de e eu queria saltar em frente. (...) Com o surrealismo encontrei o que estava à procura.”

Embora seja ao surrealismo que o público em geral o associa, Rosario Pei-ró defende que não faz qualquer sentido chamar a Miró outra coisa que não “um grande artista”. As categorizações passa-ram de moda, garante, e o autor de obras como O Carnaval de Arlequim (1924-25), Cão a ladrar à lua (1926), Corda e Pessoas I (1935) ou Mulher perante o sol (1950) é impossível de classificar: “A sua produção é tão grande e diversificada que não faz sentido fechá-lo em caixas. Em cada década, Miró tem alguma coisa nova para mostrar porque está sempre disposto a experimentar cores, suportes, formas… Ele está sempre à procura de uma liberdade na expressão, na pintura, na poética, no processo.”

João Fernandes concorda. Afinal, é

JOAN MIRÓ (1893-1983) ERA, DIZ QUEM O CONHECEU

E SOBRE ELE ESCREVEU, NA SUA MAIORIA ARTISTAS,

POETAS, CRÍTICOS E HISTORIADORES DE ARTE,

UM HOMEM SINGULAR. DIZ A SUA OBRA, QUE

ESSA SINGULARIDADE SE ESTENDIA, SOBRETUDO,

A TUDO O QUE CRIAVA, DEIXANDO UMA MARCA

INCONFUNDÍVEL NA ARTE DO SÉCULO XX

o director-adjunto do museu espanhol que explica por que razão Miró merece uma “categoria” só sua: “Ele pertence ao grupo de artistas que, no início do sécu-lo XX, fizeram tudo para explorar novas possibilidades para a pintura. Não pode ficar aprisionado num só termo porque ele fundou algo que é só seu, fora do que até aí tinha sido toda a experiência pic-tórica.”

REINVENTAR O MUNDOO resultado das longas décadas da sua carreira, explicam os dois curadores, é um corpo de trabalhos de extraordi-nária diversidade e coerência, muito ancorado na escrita e nos seus meca-nismos. Miró transporta para a sua arte a “mecânica da escrita, criando estru-turas poéticas visuais”: “As suas figuras, mulheres, estrelas, pássaros são como letras, fazem parte de um alfabeto que ele vai construindo até ao fim.”

E é com este alfabeto, acrescenta Fernandes, que o artista catalão “rein-venta uma representação do mundo”, com linhas muito simples, convidando--nos a ver tudo como se fosse a primei-ra vez.

E se é verdade que recorre a algu-mas técnicas que vêm do surrealismo e a um “imaginário que vai para além da representação do onírico” que é fami-liar a este movimento, também é ver-

dade que dele se afasta para construir o seu próprio universo, “radicalmente pessoal”. Um universo que, segundo Peiró, é “lírico” e “lúdico”, e que, apesar de criado sem qualquer “intenção de prazer”, pode tornar-se “absolutamente sedutor”, tanto para crianças como para críticos exigentes.

António Olaio, artista, professor e Director do Colégio das Artes da Uni-versidade de Coimbra, fala num Miró “enternecedor” e “fácil de amar”, autor de uma obra em que não se sente des-continuidade alguma, próxima do surre-alismo no processo, mas não no resul-tado. “Se há uma sensação de cliché no efeito de recepção da obra de Miró, isso resulta de quem vê - o artista não tem culpa”, explica. “Na sua obra lemos as abstracções como personagens. O seu universo onírico é amável e suave, como o de Chagall. Talvez por isso a pintura de Miró seja capaz de desencadear um encantamento epidérmico”, acrescen-ta, recusando filiá-lo em movimentos ou dizer se o catalão é, ou não, um dos mais influentes artistas do século XX: “A questão da influência não é importante, nem a da catalogação. Se é bom vê-lo numa perspectiva surrealista não é para lhe encontrar uma família, mas para per-ceber até que ponto é diferente, até que ponto subverte as expectativas que o surrealismo criou para si mesmo.”

Diz ainda Olaio que Miró “desfoca” o surrealismo do seu jogo de símbolos e da sua ligação tradicional com a psi-canálise. “É por isso, em parte, que a sua obra é imediatamente reconhecí-vel. Todos os artistas interessantes são eles próprios um movimento.”

Miró não gostava de falar nem de ser o centro das atenções. Para tal ati-tude terá contribuído a sua natureza reservada e, talvez, os primeiros tem-pos de Paris, em que se tornava muitas vezes alvo de chacota no grupo dos surrealistas por causa da sua timidez e dos seus modos conservadores e “bur-gueses”. É dessa altura o célebre episó-dio em que Max Ernst, seu colega de atelier, e outros artistas quase o enfor-caram para que se pronunciasse sobre um tema qualquer. Miró teve medo de morrer, contaria mais tarde um dos seus amigos, o escritor Michel Leiris, mas permaneceu em silêncio. Para ele, pa-rece dizer a cada nova obra, as palavras importantes eram as que fazia chegar às suas pinturas, desenhos, esculturas, composições e colagens.

Para falar do seu trabalho, a Miró bastava mostrá-lo. Foi o que fez numa manhã de Julho, em 1966, quando recebeu na cidadezinha de St. Paul de Vence, no sul de França, um músi-co de jazz que andava em digressão. Miró levou-o a ver as suas esculturas, dizendo apenas uma ou outra palavra, em catalão ou francês; o músico, nada mais nada menos do que “Duke” Elling-ton, sorria-lhe e respondia em inglês. Nenhum deles percebia o que o outro dizia, mas isso não teve qualquer im-portância. Quando a lenda do jazz se juntou ao seu trio e tocou para o an-fitrião, Miró encostou-se ao plinto de uma das suas obras e começou a dançar discretamente. Vê-lo seguir a música é delicioso, e provavelmente muito mais eficaz, do que ouvi-lo falar sobre ela.

16 hoje macau quarta-feira 12.2.2014h

M A C A U A N G L I C A N C O L L E G E

PARENTS ARE WELCOME TO ATTEND APARENTS’ INFORMATION MEETING FOR ENROLING K1 PUPILS

ATM A C A U A N G L I C A N C O L L E G E

AV. PADRE TOMÁS PEREIRA, NO. 109-117, TAIPA, MACAUTHIRD FLOOR, SCHOOL HALL

ONTUESDAY, FEBRUARY 18th 2014, 7:30 P.M.

*Four new K1 classes commence in September 2014.*100 places will be offered to new K1 pupils aged 3, in 4 classes of 25. *English and Putonghua are the main languages of instruction. *Assessment Day, March 8th 2014, from 9:00 a.m. (Details to follow).*Creative teaching styles; child centred learning.

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S HIRLEY Temple Black come-çou a carreira aos três anos e ficará para sempre conhecida como uma das crianças-pro-

dígio de Hollywood. Os seus números de dança em filmes como Baby Take a Bow, de 1934, conquistaram o gran-de público norte-americano durante a Grande Depressão, tornando-se o rosto infantil e doce de cabelos aos caracóis da alegria escapista do cinema. Mas, já adulta, preferiu a diplomacia ao cinema, tornando-se embaixadora dos EUA no Gana e na então Checoslováquia.

Ainda a actriz mais nova de sem-pre distinguida pela Academia de Hollywood (tinha seis anos quando, em Fevereiro de 1935, lhe foi atribuído um Óscar “juvenil”), Shirley Temple abandonou a carreira cinematográfica aos 22 anos. Tinha atrás de si uma car-reira de 19 anos com cerca de 40 filmes no currículo.

Temple ressurgiria duas décadas depois para uma nova vida enquanto candidata ao Congresso dos Estados Unidos pelos Partido Republicano e enquanto embaixadora americana no Gana e na então Checoslováquia. Na memória colectiva, porém, permane-cerá a actriz-criança de caracóis far-tos, sorriso inocente e voz límpida que marcou a década de 1930 do cinema americano. Sobre essa mudança de car-reira, disse em 1974, quando foi nome-ada para o cargo diplomático no Gana: “Aqui não tenho dificuldades em ser le-vada a sério enquanto mulher e diplo-mata. Os meus únicos problemas têm sido com os americanos que, no prin-cípio, se recusavam a acreditar que eu tinha crescido desde os meus filmes”.

MORREU SHIRLEY TEMPLE

Actriz tinha 85 anos e começou a carreira aos três

“Saudamo-la por uma vida de feitos memoráveis enquanto actriz, diploma-ta e, mais importante que tudo como a nossa amada mãe, avó e bisavó”, disse a família em comunicado, citado pela imprensa internacional. Nele, infor-mava-se que Shirley Temple morreu segunda-feira em sua casa em Woodsi-de, na Califórnia, de “causas naturais”. “Estava rodeada pela sua família e pe-los profissionais de saúde” que a acom-panhavam, lê-se ainda no comunicado citado pela BBC News.

Shirley Temple estreou-se em 1932 com um pequeno papel numa curta--metragem, um ano depois de ter co-meçado a estudar dança por iniciativa da mãe aos três anos de idade. A sua carreira agigantou-se a partir daí, com papéis nos filmes Stand Up and Cheer! ou Baby Take a Bow, ambos de 1934, nos quais se destacou ao ponto de a menina de vestido de folhos cor-de--rosa e caracóis ter chamado a atenção dos patrões dos grandes estúdios. Es-ses grandes estúdios viriam a lucrar mi-lhões com a pequena estrela que can-tava e dançava em filmes como Curly Top e The Littlest Rebel, aos quais a revista Variety atribui a responsabili-dade de ter salvo a 20th Century Fox da falência iminente em anos de gran-des dificuldades nos EUA.

Vivia-se a Grande Depressão e foi exactamente entre 1935 e 38 que Tem-ple se tornou o maior sucesso de bilhe-teiras dos Estados Unidos.

17DESPORTOhoje macau quarta-feira 12.2.2014

MARCO [email protected]

É – seguramente – das mais populares disciplinas des-portivas do planeta e em Macau o panorama não é

de todo distinto. Os estádios até podem permanecer vazios nos duelos de elite com que se urde a história do principal campeonato do território, mas com maior ou menor empenho, são milhares os residentes da RAEM que praticam futebol. A modalidade é de longe a mais procurada pelas crianças que se iniciam na prática desportiva, mas num território exíguo, onde os espaços não abundam e onde a iniciativa privada pouco poder tem para contornar a excessiva depen-dência das estruturas administradas pelo governo, a aposta poderá não ser a mais gratificante. Para a esmagadora maioria das crianças que levam a paixão pelo futebol um passo mais além e se inscrevem nas escolinhas do território, o entu-siasmo e a entrega que depositam nas lides da bola esbarram com o enorme vazio competitivo que as espera. Francisco Jacinto e Joe Preece não faltam a um treino e não dissimulam o gosto que têm pelo futebol, mas a inexistência de competições regulares deixa-os a ambos decepcionados: “Fize-mos recentemente alguns jogos e treinamos com as outras equipas para nos habituarmos melhor aos embates a sério, mas não sei se é suficiente. Não jogamos de forma tão regular como queríamos”, sustenta Francisco Jacinto.

Nascido na Suécia, Joe Preece descobriu os encantos do futebol em Macau, mas desde que começou a praticar a modalidade conta pelos dedos das mãos os jogos disputa-dos: “Quero jogar mais. A maior parte das vezes jogamos entre nós e o panorama não é muito competi-tivo. Na minha opinião, seria bom se pudéssemos sair de Macau, ir jogar com mais frequência a Hong Kong e a Shenzhen. Jogar apenas em Macau consegue ser um boca-dinho frustrante”, remata Preece.

ASSOCIAÇÃO INOPERANTEO facto da Associação de Futebol de Macau não promover a realiza-ção de competições oficiais des-tinadas aos escalões de formação deixa as crianças que praticam futebol sem grandes opções, mas há quem se proponha alterar um tal cenário. Recentemente criada, a Escola de Futebol Show di Bola dá agora os primeiros passos com

“Quero jogar mais. A maior parte das vezes jogamos entre nós e o panorama não é muito competitivo. Na minha opinião, seria bom se pudéssemos sair de Macau, ir jogar com mais frequência a Hong Kong e a Shenzhen. Jogar apenas em Macau consegue ser um bocadinho frustranteJOE PREECE Jogador de futebol

FUTEBOL PROJECTO TRABALHA COM CENTENA E MEIA DE CRIANÇAS NA CHINA

Esta escola é um showum propósito muito concreto: “O objectivo é tentar fazer com que o futebol de Macau cresça. Incenti-var os miúdos a praticar desporto, dar-lhes alguma competitivida-de”, explica José Luís Martins. O atleta do Benfica – conhecido na alta roda do futebol do território pelo nome de guerra Cuco – é um dos rostos do projecto e garante que a grande meta da Escola Show

di Bola é permitir que os jovens e as crianças de Macau joguem o mais possível: “Queremos ir além dos treinos. Não queremos que seja apenas treinar, treinar, treinar. Queremos que eles joguem também. Neste momento já temos vários jogos agendados, nomea-damente a participação na Taça Adidas em Hong Kong. Temos ido várias vezes a Hong Kong

jogar e à República Popular da China também”, remata o médio de origem são-tomense.

A escola é um projecto antigo, mas foi necessário mais do que uma década para que a Show di Bola se concretizasse com a consistência desejada. Equacionada em Portu-gal e repensada para o território, a iniciativa já galgou fronteiras, com um sucesso remarcável na Repú-blica Popular da China: “Temos neste momento um protocolo com parceiros na província de Cantão. Temos lá uma escola já com cento e tal crianças. Aqui o processo segue mais devagar. Temos vinte e poucas crianças mas a verdade é que ainda não fizemos a inauguração oficial do projecto no território”, esclarece José Luís Martins.

PROTOCOLOS COM PORTUGALPara além do protocolo com a República Popular da China, a

Escola Show di Bola tem ainda protocolos firmados com clubes e academias de formação em Portu-gal. A ideia é criar novas janelas de oportunidade para os jovens jo-gadores formados na Região Ad-ministrativa Especial de Macau: “Temos alguns acordos assinados com algumas equipas em Portugal que prevê que na altura das férias os miúdos do território tenham a oportunidade de lá treinar. Caso algum tenha talento e sorte até pode ficar por cá. O objectivo ao máximo é tentar que os miúdos cresçam num ambiente familiar, no seio do futebol”, remata Cuco.

A Escola Show di Bola já se encontra em operações, mas o lançamento oficial do projecto deverá ser feito apenas no Verão. Os responsáveis pela iniciativa contam engrandecer a ocasião com a presença em Macau de dois anti-gos craques do futebol português.

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João Corvofonte da inveja

Pu YiPOR MIM FALO

Não, não e não

Há um cadáver que o povo arrasta: qualquer tipo de crença.

JENY ROMERO GOSTA DE PATINAR

Jeny Romero foi criada no Bronx, local onde apareceu muito do movimento cultural denominado hip-hop. Romero é resultado de uma mistura de raças e ganhou mediatismo em vários vídeos musicais. A patinagem é uma das suas paixões e uma actividade na qual desperdiça algum tempo. Nunca tentou uma carreira profissional na área. Todos os atributos catapultaram-na para o mundo da moda.

Trigémeos que nasceram com cinco anos de diferença causam espanto• Nicola Brightey deixa as pessoas espantadas quando diz que os seus filhos são trigémeos. Isso porque a mais nova nasceu com cinco anos de diferença em relação aos meninos. Gémeos? Sim, porque todos foram concebidos no mesmo dia. Isso só foi possível porque a mulher congelou os seus embriões durante um tratamento para engravidar. Nicola e Kevin Brightey tentaram ter filhos durante 15 anos. Fizeram um tratamento de fertilização ‘in vitro’ que custou cerca de 240 mil patacas. “James e Daniel não podiam esperar para conhecer a sua irmã e, agora, são sempre tão protectores com ela. Esperámos tanto tempo para ter os nossos filhos – mas agora a nossa família está finalmente completa depois de todo este tempo”, conta a mãe.

Cidade colombiana celebra‘dia sem calças’• A cidade colombiana de Medellín celebrou no domingo um “dia sem calças”. Convocadas pelas redes sociais, centenas de pessoas, a maioria jovens, saíram às ruas vestindo apenas roupas interiores de baixo (lingerie, boxers, cuecas) e blusas, t-shirts. O objectivo, segundo os organizadores da manifestação, era protestar a favor da liberdade de expressão. O acto foi convocado pelas redes sociais e tomou as ruas da cidade de Medellín.

18 FUTILIDADES hoje macau quarta-feira 12.2.2014

Recuso-me. Hoje não quero escrever. Hoje não quero dar a minha opinião. Está frio e quase que chove lá fora.Eu estou chateado. Amuado. Não quero dar à pata. E não quero, porque se o fizesse teria de levar o leitor numa viagem infinita. Numa viagem de críticas, acusações e de apontar dedos. E eu não quero.Estou cansado. Não me apetece dizer-vos o quanto me irritam discursos de deputados. O quanto me enjoam as ausências de respostas a coisas de que temos direito de saber. E não me apetece insultar ninguém, apesar de eu detestar pessoas estúpidas. Recuso-me a ir por aí. Recuso-me, por hoje, a ser uma voz sozinha. Não, não e não.

C I N E M ACineteatro

SALA 1FROM VEGAS TO MACAU [C](FALADO EM CANTONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, Nicholas Tse14.30, 16.15, 19.45, 21.30

JUSTIN AND THE KNIGHTSOF THE VALOUR [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Mauel Sicilia18.00

SALA 2 JACK RYAN:SHADOW RECRUIT [C]Um filme de: Kenneth BranaghCom: Keira knightley, Kevin costner14.00, 20.00, 21.50

JUSTIN AND THE KNIGHTSOF THE VALOUR [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Mauel Sicilia16.00

SAVING MR.BANKS [B]Um filme de: John Lee HancockCom: Tom Hanks, Emma Thompson, Colin Farrel, Paul Giamatti17.45

SALA 3THE LEGO MOVIE [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Phil Lord, Chris Miller14.00, 20.00

THE BOOK THIEF [B]Um filme de: Brian PercivalCom: Sophie Nelisse, Geoffrey Rush, Emily Watson15.50, 21.50

THE LEGO MOVIE [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Phil Lord, Chris Miller18.10

THE LEGO MOVIE

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau quarta-feira 12.2.2014 OPINIÃO

N UM dos dias deste ano novo chinês, durante a sesta numa praia tropical esperando que a canícula abrandasse e tornasse a exposição ao sol suportável, abri o meu e--mail e vi as fotos de uma ci-dade de Macau literalmente entupida de gente forasteira, enviadas por um amigo.

- Apre! Ainda bem que zarpei, pensei com os meus botões. E, veio-me à memória a fábula de La Fontaine, lida e relida em livrinho de bolso oferecido pela minha tia Júlia, da rã que almejava ser tão grande como o boi e que, para tanto, estava disposta a tudo, até a deixar de ser quem era, a alterar a fisionomia e a genética herdada dos seus antecessores.

Para os leitores mais jovens que por-ventura não conheçam a fábula, ela aí fica, numa versão livre e reduzida.

Era uma vez uma rã que viu um boi e ficou impressionada com o seu porte. Aí, envergonhada com o seu minúsculo tama-nho, decidiu encher-se de ar até igualar o tamanho do animal objeto da sua admiração.

Envaidecida exibiu-se perante as suas gentes: - Vejam, irmãs, estou a ficar grande? Já igualei o tamanho do boi?

Este texto foi escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Todas as fábulas têm inserto um ensinamento, uma moral da história. Neste caso ele é evidente, o mundo está cheio de gente e de sociedades como a rã que fruto da vaidade ou da ganância acabam por se autodestruir

a pal içadaCORREIA MARQUES

A rã que queria ser do tamanho do boi- Não!, responderam as irmãs. - E agora?- Ainda não.- Agora penso que consegui...- Ainda está muito longe!A rã, então, foi inchando, inchando cada

vez mais, até que a sua pele não resistiu mais e arrebentou.

Todas as fábulas têm inserto um ensina-mento, uma moral da história. Neste caso ele é evidente, o mundo está cheio de gente e de sociedades como a rã que fruto da vaidade ou da ganância acabam por se autodestruir.

***

No passado domingo, cheguei ao Aeroporto (dito Internacional, mas, que como adiante se verá, o não é na qualidade de serviços de transportes públicos existentes) de Macau, cerca das 21,45 horas, num voo oriundo de Manila. Como é habitual a recolha da mala e a passagem da fronteira foram extrema-mente rápidas. O calvário começou na fila para os táxis. Estava frio, tornado ainda mais agreste pelo vento. À minha frente não estavam mais do que uma dúzia de pessoas. No entanto, esperei cerca de 45 minutos, ao frio, mal agasalhado (saíra de Macau com

cartoonpor Stephff

McDONALD’S CHEGA AO VIETNAME

temperaturas superiores a 20 graus), para apanhar um táxi. Isto porque houve pelo menos dois períodos de mais de 10 minutos em que não apareceu um único. No local encontrava-se, devidamente identificado, um simpático agente da DSAT para regu-lar o acesso dos passageiros aos veículos, também ele tiritando de frio, impotente e inútil porque os táxis rareavam.

Será esta realidade compatível com o desiderato de erigir Macau como uma «ci-dade internacional de turismo e de lazer»? Definitivamente, não. Eu se fosse turista e me deparasse à chegada com esta realidade jurava, logo à entrada, nunca mais cá voltar.

Entendo que o setor do jogo se alimente sobretudo dos visitantes entrados pela fronteira das Portas do Cerco, onde nunca faltam táxis ou autocarros dos casinos para transportar as catervas de jogadores ansiosos. Mas não posso concordar que a montra de qualquer cidade que aspire a ser verdadeiramente internacio-nal - como é o seu aeroporto - não tenha um serviço de transportes públicos minimamente digno e eficaz.

E afinal nem seria difícil, bastava que se atribuíssem licenças em número suficiente e adequado, com a obrigatoriedade de os veículos terem como praça e único sítio de

tomada de passageiros o terminal de chegadas do aeroporto. Nem que, para tornar rentável a atividade, se estabelecesse uma tarifa especial, exclusiva para os táxis sedeados no aeroporto. Claro está com uma fiscalização permanente e eficaz para evitar o regabofe que graça neste ramo de atividade comercial.

Mais do que de novas leis, Macau neces-sita é de rigor na aplicação das existentes.

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hoje macau quarta-feira 12.2.2014

RITA MARQUES [email protected]

O Instituto de Acção Social (IAS) vai lançar no segundo semestre

um “Projecto-Piloto da Preven-ção e Tratamento dos Jovens Isolados e do seu Vício pela Internet”, que “proporcionará aos jovens e aos encarregados de educação serviços integrados de prevenção, desenvolvimento e aconselhamento, ajudando assim os jovens com necessi-dade no auto-conhecimento, reordenamento de vida e na integração na sociedade”, expli-ca o organismo em resposta ao HM, sem esclarecer para já mais pormenores sobre o programa.

Depois de anunciado no ano passado um plano de acção e financiamento para a prevenção das crianças e jovens viciados no uso da Internet - que propunha a insti-tuições de serviços sociais que realizassem programas para crianças e jovens, entre os seis e os 24 anos, durante Agosto e Outubro - o HM procurou saber qual o trabalho feito no terreno. As respostas foram vagas. O Governo não deu a conhecer quantas foram as instituições subsidiadas e qual o montante financeiro alocado

INTERNET IAS LANÇARÁ PROJECTO-PILOTO DE PREVENÇÃO SOBRE USO JUVENIL

Vícios pouco detalhados

Lisboa é a melhor cidade portuguesapara se viver, visitar e investirSegundo um ranking de cidades portuguesas, divulgado esta terça-feira, Lisboa é a melhor cidade de Portugal para se viver, visitar e investir. Baseado em três critérios (investimento, turismo e talento), este ranking, elaborado pela empresa de consultoria internacional Bloom Consulting, distinguiu a capital do país por ser um “Município à parte dos restantes, pois ultrapassa-os tanto a nível regional como a nível nacional”. O top 10 deste ranking é composto por seis cidades localizadas nas áreas mais industrializadas do país, Norte (Porto, Braga e Guimarães) e Grande Lisboa (Lisboa, Oeiras e Cascais), “onde a robustez e o ambiente negocial criam melhores oportunidades para os seus residentes”. Na opinião da mesma empresa, o Funchal, na Madeira, é a segunda melhor cidade portuguesa para visitar, e o Centro a região mais atraente para se viver.

Antiga mansão de Al Caponeà venda por mais de 60 milhões de patacas

Uma das mansões mais antigas e populares em Miami Beach, situada numa ilha privada, está à venda por 61,5 milhões de patacas. A casa, que foi pertença do mais famoso elemento da máfia norte-americana, Al Capone, tem uma praia particular à disposição do dono. Edificada em 1922 na exclusiva ilha de Palm Beach, na baía de Biscayne, a mansão não tem, na descrição do negócio, referência a Al Capone, noticia a agência EFE. O gangster, também conhecido por Scarface, morreu nesta mansão em 1947, aos 48 anos de idade.

neste projecto, que não se sabe tampouco se teve lugar.

Por outro lado, questionado sobre os número de crianças a quem são dirigidas estes progra-mas e quantas estão em situação de “perigo”, o IAS diz não possuir “informações detalhadas sobre o vício da Internet” e que apenas “apoia as instituições particulares de serviço social, através da aju-da financeira, na realização dos vários serviços de prevenção dos problemas juvenis”.

O IAS disse ainda que apoia “três equipas de intervenção comunitária para jovens e um complexo de apoio à juventu-de e família na realização de serviços diversificados de pre-venção, estimulando os jovens a aproveitar o tempo livre para participarem nas actividades saudáveis, minorando assim o problema do vício da Internet”.

Recorde-se que, no início do ano passado o organismo tute-lado por Iong Kong Io lançou um estudo em que projectava que 23% dos jovens é viciado na Internet e mais de 30% são potenciais viciados.