Hoje Macau 23 JUN 2014 #3115

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HOJE MACAU PUB Ter para ler A UM anunciou a suspensão sem salário, por 24 dias, de Bill Chou. Segundo o activista, as razões invocadas prendem-se com “infracções à ética profissional” e à não transmissão de opiniões e perspectivas diversificadas. Um recurso vem a caminho. PROBLEMA DE EXPRESSAO UNIVERSIDADE DE MACAU BILL CHOU SUSPENSO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CAMPEONATO NACIONAL Benfica campeão de Macau TRÁFICO HUMANO REGATA INTERNACIONAL DINGHY 2014 POLÍTICA PÁGINA 2 DESPORTO PÁGINA 11 PÁGINAS 14 E 15 VELA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 23 DE JUNHO DE 2014 ANO XIII Nº 3115 hojemacau PUB O relatório do Departamento de Estado norte-americano enaltece os “esforços” da RAEM, mas afirma que Macau ainda não cumpre os serviços mínimos para erradicar o tráfico de pessoas. PÁGINA 5

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Hoje Macau N.º3115 de 23 de Junho de 2014

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hoje macau

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Ter para ler

A UM anunciou a suspensão sem salário, por 24 dias, de Bill Chou. Segundo o activista, as razões invocadas prendem-se com “infracções à ética profissional” e à não transmissão

de opiniões e perspectivas diversificadas. Um recurso vem a caminho.

problema de expressao

universidade de macau bill chou suspenso

agência comercial Pico • 28721006

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campeonato nacionalbenfica campeão de macau

tráfico humano

regata internacional dinghy 2014

política Página 2 desporto Página 11

Páginas 14 e 15

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O relatório do Departamento de Estado norte-americano enaltece os “esforços” da RAEM, mas afirma que Macau ainda não cumpre os serviços mínimos para erradicar o tráfico de pessoas.

página 5

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hoje macau segunda-feira 23.6.20142 políticaTráfico humano Departamento De estaDo norte-americano aponta macau como principal Destino

Quando os esforços são insuficientesMacau é elogiado pelos “esforços”, mas continuam a haver falhas na protecção às vítimas de tráfico humano. O relatório anual do Departamento de Estado norte-americano indica o território como um destino principal para as vítimas de trabalho forçado e exploração sexual e aponta até um caso de prostituição infantil num casino

Joana [email protected]

M acau conti-nua a ser um dos principais destinos da

China para as vítimas de tráfico humano e, ainda que menos, uma fonte para encontrar “mulheres e crian-ças” vítimas. Quem o diz é o Departamento de Estado norte-americano, no último relatório anual sobre tráfico humano.

“Macau não cumpre to-talmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico humano, ainda que esteja a fazer grandes esforços para tal”, frisa o documento ana-lisado pelo HM.

O Departamento de Estado considera que as al-terações à Lei dos Trabalha-dores Não-Residentes, que os obriga a sair de Macau por seis meses quando são despedidos ou se despedem, ajudou na diminuição dos casos de trabalho forçado ou exploração. Mas, Macau tem ainda que andar muito.

“As autoridades de-monstraram resultados pal-páveis durante o período do relatório [2013], tendo feito progressos quando conde-naram nove traficantes em dois casos de tráfico sexual e quando assistiram 25 vítimas de tráfico sexual”, aponta o relatório. “Contu-do, não foram investigados ou condenados responsá-veis em casos de tráfico para trabalhos forçados, nem foram identificadas vítimas.”

Macau é visto como destino principal para estes casos, de sexo e trabalho forçados.

Vítimas menoresAs vítimas de tráfico huma-no provêm principalmente da China, incluindo muitas que vêm das províncias do interior do continente e viajam até Macau para con-seguir um emprego melhor.

No território, as mulhe-res vítimas de tráfico sexual

incluem elementos vindos da Mongólia, Vietname, Tailândia e Rússia. “Muitas das vítimas são enganadas através de publicidade para emprego em casinos e outros trabalhos legítimos em Ma-cau, mas quando chegam são forçadas a prostituir-se. As mulheres chinesas e estran-geiras são passadas a grupos de crime organizado, manti-das em cativeiro e forçadas

a serem serventes sexuais”, refere o documento.

O relatório diz ainda que as vítimas são mantidas nas casas de massagem e casas de prostituição ilegais, onde são “vigiadas de perto”, forçadas a trabalhar longas horas, são ameaçadas com violência e vêem os seus documentos confiscados.

Mas, mais ainda, os grupos de crime organizado

de Macau cooperam com outros de países diferentes.

“Acredita-se que gru-pos de crime organizado da China, Rússia e Tailân-dia estão envolvidos no recrutamento de mulheres para a indústria do sexo de Macau.”

O Departamento de Es-tado assegura que foi en-contrado “pelo menos” um caso suspeito de prostituição infantil num dos casinos de empresas norte-americanas em Macau.

Só no ano passado, as autoridades investigaram 34 casos de tráfico para exploração sexual. Em 2012, foram apenas 15. O ano passado, de 38 vítimas de exploração, 24 tinham idades entre os 14 anos e os 17 anos. (ver caixa)

Há bom e mauO Departamento de Estado congratula Macau por ter “aumentado” a aplicação da lei e diz ainda que a legislação vigente em Macau é suficiente – comparativamente às penas para crimes sérios, como violação - para punir quem co-meta este tipo de crimes. “Em dois casos de tráfico sexual, que envolveram seis mulheres obrigadas a prostituir-se, nove traficantes foram condenados entre quatro a 13 anos de prisão”, aponta o relatório. O máximo em Macau é 15 anos de cadeia.

A RAEM era vista como tendo situações em que era complicado aplicar a lei, uma delas sendo a falta de juristas. Ainda assim, diz o Departamento de Estado, o Governo “assegura que aumentou a capacidade judicial, com cinco novos magistrados”.

No capítulo da protecção das vítimas, o Departamento de Estado norte-americano assinala “os crescentes esforços”, elencando que o Instituto de Acão Social (IAS) prestou assistência

• Um caso de prostituição infantil num casino de Macau

• Em 2013, foram investigados 34 casos de tráfico para fins

de exploração sexual. Em 2012, 15

• Foram assistidas 38 vítimas – mais 13 do que em 2012

• 36 pessoas eram do interior da China – 24 tinham idades

entre os 14 e os 17 anos

• Duas das vítimas eram ucranianas

* Três casos de tráfico para exploração sexual resultaram em processos judiciais

Os númerOs

• Continuar a aumentar os esforços para investigar e

condenar os traficantes, com especial atenção nos que

promovem o trabalho forçado

• Continuar a implementar métodos de identificação

das vítimas, com especial atenção nos trabalhadores

migrantes

• Continuar a educar sobre a lei contra o tráfico humano

As recOmendAções de WAshingtOn pArA mAcAu

Dito“Como tentativa de reduzir a procura de actos sexuais comerciais, as autoridades prenderam 423 distribuidores de panfletos relacionado com prostituição (...). Mas, esta operação não pareceu causar efeitos adequados no caso suspeito de prostituição de menores num dos casinos norte-americanos em Macau, nem reduziu a procura por exploração sexual em discotecas, saunas e outros ‘pontos negros’” departamento de estado norte-americano

“ (Macau) Não identificou nenhuma vítima de trabalho forçado em 2012. As autoridades não reportaram qualquer investigação de tráfico para trabalho forçado, nem qualquer condenação. Cerca de 18 pessoas foram interrogadas por causa de trabalho forçado, mas o caso foi visto pelas autoridades como disputas laborais.”

e ofereceu abrigo a todas as vítimas em cooperação com organizações não--governamentais.

Contudo, Macau tem falhas, asseguram os EUA.

“Não identificou ne-nhuma vítima de trabalho forçado em 2012. As au-toridades não reportaram qualquer investigação de trá-fico para trabalho forçado, nem qualquer condenação. Cerca de 18 pessoas foram interrogadas por causa de trabalho forçado, mas o caso foi visto pelas autoridades como disputas laborais.”

Ou seja, os 18 trabalha-dores identificados – que eram chineses – foram mandados para a China sem lhes ser prestado serviço de apoio à vítima. Também 17 mulheres envolvidas no caso de exploração sexual não foram protegidas, dizem os EUA, tendo o tribunal considerado que não eram vítimas, porque “se asso-ciarem voluntariamente aos traficantes”.

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3 políticahoje macau segunda-feira 23.6.2014

A Comissão existe desde 2004, mas até hoje nunca foi atribuído a nenhum requerente, apesar de alguns pedidos nesse sentido, o estatuto de refugiado. Em dez anos de existência apenas duas alterações na composição da Comissão para os Refugiados que mantém como representante dos Serviços de Migração um intendente aposentado

A té ao final de Maio, as autoridades de Macau tinham em mãos seis pedidos de asilo, segun-

do dados revelados à agência Lusa pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-NUR) para Hong Kong e Macau.

CeCília l [email protected]

O Ministério Pú-blico (MP) já concordou pre-

encher as lacunas na lei que rege o assédio sexual, mas até hoje ainda não criou uma lei independente. A queixa é de Kwan tsui Hang, que escreveu uma in-terpelação escrita na sexta-feira ao Governo, onde questiona como é que estão os trabalhos de legislação. Kwan não é a primeira deputada a pedir isto.

“A Direcção dos Serviços para os Assun-tos de Justiça (DSAJ) respondeu ao Conselho Consultivo de Serviços

Comunitários no fim do ano passado a dizer que vai estudar profun-damente a revisão do Código Penal, ouvir as opiniões de tribunais, do MP, da Associação dos Advogados de Macau e do público [sobre a criação da lei]. Mas, as autoridades não podem continuar a atrasar o pro-cesso de legislação em nome dos ‘estudos’. Afi-nal que departamento é responsável pelos traba-lhos específicos de revi-são da lei?”, questiona a deputada.

Kwan tsui Hang aponta que em Macau ainda não existe o crime de assédio sexual no Có-digo Penal, e mesmo que a vítima chame a polícia,

não vai ter a protecção que deveria ter. A deputa-da pergunta se o Governo considera reforçar as regras actuais, sobre os danos à vítima - o que os deputados chamam de “danos de segunda vez” - para encorajar as vítimas a fazer queixa. Isto tem a ver com a repetição da história do caso pela vítima, aquando esta está a ser interrogada.

OutrOs deputadOs juntam vOzesPara além de Kwan, tam-bém a deputada Wong Kit Cheng falou, numa interpelação escrita, so-bre isto, porque considera que a vítima, durante o processo de investigação, tem de repetir a história

várias vezes e, além disto, se o perpetrador gravou imagens em vídeo, os danos podem ser maiores ainda, causando mais problemas psicológicos às vitimas. A deputada sublinhou que há seis anos que o Governo se comprometeu a rever a lei de protecção das vítimas, mas que até hoje ainda não viu nenhum avanço.

também Ng Kuok Cheong já pediu in-formações ao Governo sobre a execução da lei sobre o crime de assédio sexual. Na interpelação escrita, o deputado pede informações sobre se a revisão da lei vai ou não avançar, porque, salienta, muitas pessoas duvidam da sua eficácia.

MACAU não precisa do ‘livro branco’ do Governo

Central, porque é mais pacífico na relação que tem com as auto-ridades de Pequim. Quem o diz é o professor da faculdade de Direito da Universidade de Pe-quim, Zhang QianFan, que falou a semana passada no seminário sobre a política “Um país, dois

Refugiados Estatuto quE não é atribuído Em macau

À espera sem esperança

assédio sexual Kwan Tsui Hang queR lei pRópRia

De quem é a responsabilidade?Relação de Macau com Governo Central “é mais pacífica”

Desde que foi criada em Setembro de 2011, a Associação de Beneficência dos Refugiados recebeu “meia dúzia” de requerentes de asilo, alguns dos quais ainda se encontram no território, indicou, dando conta de que não tem conhecimento de que até à data alguma vez Macau tenha reconhecido o estatuto de refugiado

Embora no passado tenha figurado como porto de abrigo para milhares de deslocados, a atribuição do estatuto de refugiado continua a ser uma miragem em Macau. Até Setembro de 2011, esse estatuto nunca foi reconheci-do na RAEM e, segundo fontes de organizações não-governamentais ouvidas pela agência Lusa, desde então nada mudou.

A agência noticiosa contactou, à semelhança de 2011, o presiden-te da Comissão para os Refugiados – incumbida de avaliar os pedidos. Contudo, desta feita, não conse-guiu chegar à fala com o delegado do Procurador Ministério Público Kong Chi, pelo que não foi pos-sível confirmar oficialmente essa informação.

A Comissão para os Refugia-dos, estabelecida em 2004 no qua-dro do Regime de reconhecimento e perda do estatuto de refugiado, é composta por um presidente, função que tem de ser exercida por um magistrado judicial ou do Ministério Público, e quatro vogais.

A lei determina que dois dos vogais são designados pelo Secretário para a Segurança (incluindo um dos Serviços de Migração), um pela Secretária para a Administração e Justiça (com formação jurídica) e um

outro pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (que tem de pertencer ao Instituto de Acção Social), prescrevendo que todos são nomeados por despacho

do Chefe do Executivo a publicar em Boletim Oficial.

Em dez anos, houve apenas duas ‘mexidas’ na sua compo-sição: em 2005, Carla Cristina

Ribeiro Mendonça, jurista do Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional (hoje fun-dido na Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional), substituiu Arman-do Morais e, em 2012, Au Chi Keung, chefe do Departamento da Família e Comunidade do Instituto de Acção Social, ocupou o lugar de Isabel Maria Ho.

Com efeito, o representante dos Serviços de Migração na Comissão para os Refugiados con-tinua a ser – atendendo à ausência de uma nova nomeação em Bole-tim Oficial – António dos Anjos Fernandes, que era Intendente do Corpo de Polícia de Segurança Pública, mas cessou funções, a 12 de Dezembro de 2013, em virtude da sua aposentação.

A lei estipula que Macau tem de assegurar “condições de dignidade humana” até à deci-são final do pedido, sendo que aos requerentes em situação de carência económica e social e aos membros do seu agregado familiar “é prestado auxílio pelo Instituto de Acção Social” (IAS). A Lusa contactou o IAS que remeteu uma resposta para a próxima semana.

Desde que foi criada em Se-tembro de 2011, a Associação de Beneficência dos Refugiados recebeu “meia dúzia” de reque-rentes de asilo, alguns dos quais ainda se encontram no território, indicou, dando conta de que não tem conhecimento de que até à data alguma vez Macau tenha reconhecido o estatuto de refu-giado. - Lusa

sistemas e a Protecção de direi-tos de residentes de Macau” no Instituto Politécnico de Macau.

O académico referiu que a relação entre Macau e o Go-verno Central é mais pacífica, havendo uma confiança mútua no que diz respeito a questões políticas. “Hong Kong e Macau também são governados por lei e por democracia, o Governo Central não necessita geralmente de uma participação demasiado intensa, só nos casos necessários é que é preciso intervir através do livro branco. Em Macau o sistema funciona bem, portanto o Governo Central não precisa especialmente do livro branco para Macau”, frisa o académico. Para o professor de Faculdade de Direito da Universidade de ShenZhen, Zou PingXue, Hong Kong está, ao olhos da China, a abusar do alto grau de autonomia, com as manifestações que têm acontecido ultimamente. - f.f.

Zhang QianFan

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4 política hoje macau segunda-feira 23.6.2014

A ORI

felIcItA

A cARAvelA

pelOs 19 AnOs

de exIstêncIA

A seRvIR MAcAu,

Os pORtugueses

e A pOpulAçãO

eM geRAl

CeCília l [email protected]

Flora [email protected]

F oram cerca de 1.600, os residentes que saíram ontem à tarde à rua para se manifestar pela protecção

dos animais, segundo o represen-tante da associação de Protecção aos animais abandonados de macau (aPaam), organizadora do protesto. a polícia apresenta dados diferentes e avança com 700 manifestantes. Tal como nos últimos protestos, a associação pede uma lei verdadeira contra o abuso dos animais.

AnimAis 1.600 saíram à rua para pedir lei verdadeira

Fartos de ilusõesa manifestação a favor da protecção dos direitos dos animais juntou, segundo a aPaam, cerca de 1.600 pessoas. apesar de o abandono não estar contemplado como crime na nova lei, para Josephine Lau, vice-presidente da associação, a criminalização dos abusos já representa um avanço

preferiam esperar pelo pelo novo diploma do Governo e negaram a proposta do Coutinho. o deputado Ng Kuok Cheong, que também entregou várias interpelações sobre a legislação, disse que desta vez os deputados que votaram contra, irão voltar a favor da proposta do Governo.

Entretanto, o activista e mem-bro da associação Novo macau, Sou Ka Hou, disse que os parti-cipantes das manifestações não aceitam apenas uma conferência de imprensa do Governo, mas espe-ram uma lei verdadeira. “Não acei-tamos uma promessa ilusória, já esperamos tantos anos, precisamos mesmo da lei, e imediatamente.”

o Governo apresentou na úl-tima quinta-feira o novo projecto de Lei de Protecção dos animais, que será “apresentado em breve” à assembleia Legislativa. os maus tratos sobre os animais passarão a ser criminalizados, estando previstas penas até três anos de cadeia. Contudo, o abandono não está incluído neste âmbito.

a família Yang, que carregava oito cães num carrinho de mão, participou na manifestação, e disse ao Hm o que os levou para a rua: “os animais também têm uma vida, nós damos-lhes amor e eles fazem o mesmo, os animais estão sempre ao nosso lado, não devem ser abandonados, nem maltratados.”

Quanto às medidas tomadas pelo Governo, a família Yang, acha que o Executivo não tratou bem do assunto. “Não ouviram as opiniões das várias manifestações ao longo dos anos, desvalorizaram as questões como se não fosse preciso dar atenção aos animais.”

Josephine Lau, vice-presidente da associação, disse que cada vez há mais pessoas a participar nas manifestações. o ano passado eram cerca de 1.300, este ano já se chegou às 1,600 pessoas. “através da Internet, as pessoas podem ficar a conhecer melhor as situações de abuso de animais, e por isso, temos cada vez mais apoio. as pessoas vêm para a rua de forma voluntária

porque temos mesmo objectivo, proteger os animais, sobretudo nos casos de abuso.” o abandono de animais não ser incluído na lei como crime grave, é mau, Lau admitiu que esse era também uma dos objectivos da associação, mas a criminalização dos abusos já é um avanço.

Contudo, já não é primeira vez a associação realiza mani-festações, desde o último esboço feito do projecto do Governo em 2007. Também o deputado Cou-tinho Pereira Coutinho entregou várias vezes a sua proposta de lei à aL, mas esta nunca passou. Na última vez que tal aconteceu, muitos deputados afirmaram que

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gonçalo lobo pinheiro

5 políticahoje macau segunda-feira 23.6.2014

A universidade não perdoou. Sem nunca saber do que era acusado, Bill Chou foi suspenso por 24 dias. O professor não se conforma. No sábado, numa cerimónia de graduação, uma estudante foi expulsa da sala...

A Univers idade de Macau (UM) suspendeu o ac-tivista Bill Chou

por 24 dias, sem salário, na sequência de um pro-cesso disciplinar em que o professor só agora, com a saída da decisão, soube do que era acusado. Este facto e também por entender que lhe deve ser dada uma opor-tunidade para se defender, faz com que Chou vá apre-sentar um recurso, explicou o próprio ao Canal Macau da TDM.

Segundo contou, a deci-são da UM invoca o facto de ter cometido “infracções no que respeita à ética profissio-nal estabelecida no código de conduta dos professores”. Para alem disso Bill Chou afirma ter sido acusado de impor as suas ideias políticas aos estudantes e não trans-mitir opiniões e perspectivas diversificadas.

A esta suspensão acresce o facto do seu contrato com a UM terminar em Agosto e, segundo disse à TDM, não sabe se será renovado. Ainda sobre este processo, Bill Chou revelou que en-viou uma carta ao Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura explicando que os seus advogados, o CCAC e

Universidade sUspende Bill ChoU, reCUrso a Caminho

Sentença à porta fechadaoutros peritos dizem que este procedimento pode “violar a lei e a Lei Básica”. Cheong U, por seu lado, referiu que, enquanto governante, pretende não interferir na autonomia universitária.

Esta situação não o impedirá de continuar o seu activismo político, por-que entende que, enquan-to académico na área da Administração e Política, tem a obrigação de pôr à disposição do público os seus conhecimentos. “As minhas opiniões podem ser úteis à sociedade”, entende o activista.

Cartaz atrapalha ritualEntretanto, no sábado, Tou Weng Kei, uma estudante da Universidade de Ma-cau (UM) foi retirada por seguranças da sala onde decorria uma cerimónia de graduação, porque exibiu um cartaz em que estava

escrito em chinês “Apoia as vozes dos académicos” e em inglês “Parem de perseguir académicos, por favor”. O cartaz foi-lhe imediatamente tirado por um segurança, o que levou a estudante a gritar que lhe estavam a subtrair algo que lhe pertencia. En-tretanto, foi obrigada a sair da sala, de uma forma que considera “bastante rude”.

Cá fora, Tou Weng Kei falou com a imprensa. “O que eu quero expressar é o meu apoio às vozes de acadé-micos. Fi-lo tranquilamente, sem nenhum barulho, nem quaisquer actividades que impedissem o decorrer da cerimónia. Só levantei o cartaz.”

Finalmente, a estudante voltou a entrar na sala para receber o seu certificado, aproveitando a ocasião para perguntar ao reitor se defen-dia a liberdade de expressão. “Com certeza”, terá sido a

resposta do reitor, segundo a página na internet da Macau Concealers.

Por outro lado Tou disse ao HM que visava as alegadas pressões sobre seis professores, que têm sido críticos do Governo em entrevistas, incluindo Bill Chou. “É muito simples: todas as pessoas devem ter direito de expressão. Eu es-colhi hoje para me expressar porque não temos muitas oportunidades de contactar com os cargos maiores da universidade ou do Gover-no. Espero que eles ouçam e percebam que apoiamos as vozes dos académicos.”

Um jornalista da Macau Concealers declarou que foi também expulso pelos seguranças e ter-se-á ma-goado no pescoço durante a altercação. Quer a Macau Concealers bem como a Associação Juventude Di-nâmica e a Associação dos Jornalistas de Macau escre-veram comunicados críticos da acção, que consideram “rude” da UM. Para além disso, pedem à universidade para, sobre estes incidentes, fazer um inquérito transpa-rente, com explicações e desculpas ao público.

uM |a CeriMónia must go onPor seu lado, a universida-de acabou por se justificar afirmando, em comunicado, que as medidas tomadas serviram para evitar uma perturbação da cerimó-nia. “Para garantir o direito de participar dos licenciados e dos seus pais na cerimónia

de graduação, o pessoal de segurança da UM teve de tomar medidas para manter a ordem”, refere o documento, sublinhando que a estudante que levan-tou o cartaz influenciou a ordem da cerimónia, que o jornalista estava a impedir a entrada dos participantes e que os organizadores o aconselharam várias vezes a não interferir.

A presença no evento do Secretário Cheong U levou a que o Gabinete de Comunicação Social também emitisse um comu-nicado sobre o incidente, referindo que o Governo tem sempre como princípio prioritário o total respeito pela liberdade académica e de expressão, sem qualquer interferência na autonomia universitária.

Quanto à referência na imprensa local de suspeitas de diversas formas de pres-são das autoridades de en-sino sobre seis académicos, alegadamente publicamente críticos do Governo, Cheong U afirmou que soube do caso pelas notícias publicadas e que não detém mais infor-mações concretas.

“As minhas opiniões podem ser úteis à sociedade”Bill Chou

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6 publicidade hoje macau segunda-feira 23.6.2014

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 51/2014(Exercício do direito de defesa)

Considerandoquenãoserevelapossívelnotificar,nostermosdosartigos10.ºe58.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de 11 de Outubro, a sociedade “CONSULTADORIA DE OBRAS LONG TANG FATSOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA”, sita na Estrada Marginal da Ilha Verde,n.ºs 14-17, RC, emMacau, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, sobre amatériaacusadapelaeventualinfracçãoaodispostodoDecreto-Lein.º58/93/M,de18deOutubro,LurdesMariaSales,ChefedoDepartamentode InspecçãodoTrabalho, (DIT),mandaqueseproceda,nostermosdon.º2doartigo11.ºdoDecreto-Lein.º52/99/M,de4deOutubro, conjugadocomoartigo94.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,ànotificaçãodasociedade“CONSULTADORIADEOBRASLONGTANGFATSOCIEDADEUNIPESSOALLIMITADA”emvirtudedareferidaempresanãoterefectuadoopagamentodadevidacontribuiçãorelativoaomêsdeSetembrode2010noFundodeSegurançaSocialdoex-trabalhadorPUNCHIKIN,tendoeventualmentecometidainfracçãoaodispostodoartigo42.ºdoDecreto-Lein.º58/93/M,de18 de Outubro. Dosfactosacimareferidos,deacordocomon.º2doartigo49.ºdoDecreto-Lein.º58/93/M,de18deOutubro,onãopagamentodascontribuiçõesdecorridos60(sessenta)diasapósotermodosprazosprevistosnoartigo42.º,épunidocommultadeMop$500,00ametadedovalordascontribuiçõesemdívida. Assim,poderáexerceroseudireitodedefesaporescritonoprazode15(quinze)dias,acontardo1.ºdiaútilseguinteaodapublicaçãodopresenteedital.Anotificaçãodaacusação em causa pode ser levantada noDIT, sita naAvenida doDr. FranciscoVieiraMachado,n.ºs221-279,Edifício“AdvancePlaza”,1.ºandar,Macau,dentrodashorasdeexpediente,sendo tambémpermitidaaconsultadorespectivoprocesson.º7743/2010.Afalta de apresentação da defesa escrita pelo notificado, dentro do prazo acima referido,implicaaelaboraçãodoautopeloDIT,seguindooprocessoatramitaçãodafasecoerciva. DepartamentodeInspecçãodoTrabalho,aos16deJunhode2014.

AChefedeDepartamento,LurdesMariaSales

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7sociedadehoje macau segunda-feira 23.6.2014

Joana [email protected]

d e carácter hones-to, trabalhadores e incapazes de violar a lei. É o

que dizem as sete teste-munhas abonatórias ou-vidas na sexta-feira pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) sobre Raymond Tam e os outros três arguidos do Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM).

Os quatro responsáveis – onde se inclui também o vice-presidente Lei Wai Nong e o Chefe de De-partamento dos Serviços de Ambiente e Licencia-mento (SAL), Fong Wai Seng – estão acusados de prevaricação por terem demorado muito tempo a entregar documentos rela-cionados com dez campas perpétuas no Cemitério de São Miguel Arcanjo. As sepulturas terão sido ilegalmente atribuídas. Os arguidos dizem não ter entregue os papéis porque não os encontraram.

Na sexta-feira, sete pessoas foram ouvidas e todas concordam na ca-racterização dos arguidos.

“Não, não era capaz, posso dizer com toda a cer-teza”, disse António Dias Azedo, uma das testemu-nhas ouvidas, referindo--se a Raymond Tam e à possibilidade de ter dado instruções para atrasar a entrega dos documentos. “Não seria capaz de, por interesses privados ou de

U m taxista foi condenado a três anos de prisão por insultar um polícia, depois

de o Ministério Público (MP) ter interposto recurso de uma decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB) que lhe suspendia a pena.

O caso remonta a 2013, quando um taxista insultou um polícia, quando este estava a fiscalizar um estacionamento ilegal de táxis.

“Mesmo depois de feita a ad-vertência para não voltar a dizer palavrões, este não ligou”, frisa o acórdão do tribunal. Com base nisto, o TJB condenou o taxista a uma pena de três meses de prisão suspensa pelo crime de injúria agravada.

Caso IaCM TesTemunhas abonaTórias negam ilegalidades

Com as mãos no fogoAs alegações finais estão marcadas para o fim da semana. Na sexta-feira foram ouvidas as últimas testemunhas que defenderam ao pormenor o carácter dos arguidos

fora do serviço, estar a fa-zer qualquer ilegalidade.”

António Dias Azedo, advogado que ocupa o cargo de Presidente do Conselho de Fiscalização do IACM, conhece Tam

há 13 anos e assegura que o colega foi sempre uma pessoa “correcta, muito trabalhadora, ciente das suas obrigações” que “fa-zia tudo para que o IACM funcionasse bem”.

Os mesmos apontamen-tos foram feitos por outras testemunhas aos três prin-cipais arguidos. Foi espe-cialmente notado que Tam, Lei e Fong trabalhavam até horas extras e fins-de-

-semana para que a gestão do IACM fosse melhorada.

“[Lei Wai Nong] criou um sistema informático para melhorar o sistema de trabalho e acelerar os trabalhos”, frisou Lo Sio

Wan, colega do IACM. “De certeza que não faria [ilegalidade], ele é cum-pridor da lei”.

Os testemunhos – al-guns bastante detalhados – davam mais pormenores sobre o trabalho dos três arguidos. Por exemplo, Leong Kam Chu, antigo presidente da TDM que trabalhou com Raymond Tam, assegurou que Ray-mond Tam “forneceu ele-mentos para que o trabalho corresse melhor”, após um relatório do Comissariado contra a Corrupção apon-tar defeitos na gestão do IACM.

“Não seria capaz de, por interesses privados ou de fora do serviço, estar a fazer qualquer ilegalidade.”antónIo DIas azeDo sobre Raymond tam

tRIbunal taxIsta ConDenaDo a tRês anos De CaDeIa

Vitória para MPO MP ainda tentou interpor

recurso da decisão, pedindo que o homem fosse condenado de facto a três anos de prisão. Isto, porque o taxista “não era delinquente primário”, porque já anteriormente foi condenado. em 2012, o taxista foi conside-rado culpado por um crime de ofensa à integridade física, tendo sido condenado a sete meses de prisão, mas suspensa. O homem ainda teria de pagar três mil pa-tacas de indemnização à vítima, algo que não fez de imediato. “[Isso] só veio a ser satisfeito depois, sob advertência solene do Tribunal.”

Para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), o taxista não

aprendeu a lição e, além disso, co-meteu o crime de injúria durante o período de tempo em que a sua primeira condenação estava em vigor. Mas, mais ainda. “Com a agravante de que nesta vez nem sequer tenha confessado integral-mente os factos imputados”, refe-re o tribunal. “Por outro lado, são muito prementes as necessidades de prevenção geral do crime de injúria agravada em causa.”

O TSI entendeu que apenas a ameaça da pena de prisão não era nem o ideal, nem suficiente, nem ideal para punir o taxista. Assim, o tribunal considerou procedente o recurso do MP, condenando o homem a três anos de prisão. - J.F.

Nenhuma das teste-munhas abonatórias diz acreditar ser possível a infracção à lei, algumas expressando terem ficado “surpreendidas” com o processo. “Respeitaram a lei de certeza”, frisaram.

estas foram as últimas testemunhas a ser ouvidas no caso do IACM, sendo que estão marcadas para o dia 27 as alegações finais.

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 23.6.2014

A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) ordenou mesmo a reti-rada das máquinas de

pagamento Union Pay da China e o cancelamento das facilidades de levantamento em dinheiro nas joalharias no interior dos casinos devido a transacções ilegais. A ordem foi dada na sequência de um encontro de “alto nível” realizado no dia 9 de Maio.

Numa carta enviada às institui-ções financeiras locais, datada de 14 de Maio, a que a agência Lusa teve acesso, a AMCM dirige-se a todas as instituições financeiras de Macau e estabelece 1 de Julho como prazo para o cancelamento dos serviços.

A missiva surge depois de a Polícia Judiciária ter identificado transacções ilegais no valor de 180 milhões de patacas feitas através de máquinas POS da Union Pay China ou outras fornecidas por terceiros, o que fazia com que a operação fosse considerada do-méstica, levando a que a Union Pay International não recebesse a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido efectuada fora do interior da China.

A AMCM nunca admitiu ter dado este prazo, tendo sido dito apenas que estava a prestar a má-xima atenção ao assunto, mas o director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Ambrose

O vice-presidente do Instituto Cul-tural de Macau

(IC), Leung Hio Ming, reconheceu que são pre-cisos mais momentos e espaços culturais no ter-ritório, apesar de se “estar a dar os passos certos” a nível cultural.

Durante a inaugura-ção da exposição “Um século de Cartazes”, na

T eNDO em vista os con-flitos na administração de prédios e o problema de

“Um edifício, várias empresas de gestão”, a Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional, (DSRJDI), publicou no dia 20 deste mês a conclusão do rela-tório da Revisão do “Regime

Union Pay Carta da aMCM retira Máquinas POs

ordem de “alto nível”

iC ViCe-Presidente reConheCe falta de eVentos

Aposta está no futurohabitação em bUsCa de solUções na gestão de edifíCios

Supervisão precisa-se

Depois da identificação de transacções ilegais que ascendem a 180 milhões de patacas, a saída das máquinas POS, a 1 de Julho, foi decretada pela Autoridade Monetária de Macau numa missiva enviada às instituições financeiras locais

So, admitiu isto ao jornal South China Morning Post.

As transacções ilegais são ale-gadamente feitas para contornar o limite de 20 mil yuan que os visi-tantes da China podem transportar para Macau, uma quantia pequena para as apostas que se fazem nos casinos do território.

Os valores das transacções ilegais, que foram facultados pela Polícia Judiciária à agência Lusa, apontam um prejuízo de 360 mil patacas da Union Pay Internatio-nal, o valor correspondente a 0,2% de comissão a que a empresa teria direito se a transacção, de facto efectuada fora da China, fosse reportada como tal.

A carta, a que a agência Lusa teve acesso, requer às entidades financeiras não só que cessem a prestação do serviço dos cartões Union Pay China, mas também a possibilidade de levantamen-tos a descoberto nas joalharias, descritos como “comerciantes de alto risco” pela própria Union Pay China na missiva da AMCM.

O órgão regulador promete também continuar atento à aplica-ção das medidas com o objectivo de “promover o desenvolvimento sustentável” das operações de compra com os cartões Union Pay China. “esta Autoridade vai conti-nuar a rever as medidas adoptadas e por adoptar a este respeito”, lê-se na missiva. - Lusa/HM

sexta-feira, o vice-presi-dente afirmou que o IC, com outros serviços do Governo, tem apostado na criação de novos espa-ços e momentos culturais e isso faz com que o território, culturalmente, esteja no caminho certo.

“É claro que Macau precisa de mais espaços e actividades culturais e estamos a trabalhar para isso”, afirmou Leung Hio Ming, explicando que “o Governo tem feito um esforço para melhorar as galerias existentes e criar novos espaços”.

Para o vice-presidente “a revitalização de algu-mas casas junto ao templo de A-Má” e a abertura futura de “novas casas de exibição” de arte no mesmo local são prova dessa vontade.

Aterros cuLturAisConfrontado com a ques-tão problemática da falta

de espaço do território, o vice-presidente sustentou que os novos aterros permitirão criar novos espaços culturais e assim expandir o leque de oferta aos residentes e turistas.

“O Governo já pla-neou construir [nos novos aterros] um novo museu, uma galeria de arte mo-derna e um centro de performance artística”, e por isso, Leung Hio Ming acredita que Macau está “na direcção certa” para o desenvolvimento cultural.

A Galeria do Tap Seac é também um dos espaços contemplados por esta aposta na cultura, que recebe agora 80 cartazes da colecção particular do holandês Martijn F. Le Coultre, retratando o século de 1880 a 1990. A exposição estará pa-tente ao público até 24 de Agosto e é de entrada livre. - Lusa

Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomí-nio Documento de Consulta”, onde conclui que a maioria das opiniões está de acordo com a apresentação do sistema de supervisão do Instituto de Habitação(IH)”

este regime regula clara-mente que quando metade das

fracções já foram alienadas, ou 30% das fracções já estão ocupadas, a empresa de gestão deve convocar a primeira as-sembleia de proprietários, ga-rantindo que na eleição da assembleia escolhe uma única entidade de gestão, senão o IH tem direito de intervir.

song Pek kei de Acordo, MAs coM criticAsA deputada Son Pek Kei considera que o regime pode corrigir a situação confusa de “Um edifício, várias em-presas de gestão” e promove o estabelecimento da assem-bleia de proprietários, no en-tanto, critica o facto do poder da autoridade de supervisão não estar ainda completo, e manifesta preocupação por algumas das situações ainda se manterem.

“Embora o IH tenha o direito de responsabilizar a empresa de gestão, aconselho a apresentação de um sistema de multas para melhor eficá-cia. ” frisa a deputada.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 23.6.2014

O mau cheiro da estação de Trata-mento de Águas

Residuais (eTAR) continua a incomodar os moradores da zona norte e a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) assegura já ter planos para minimizar o problema.

Num comunicado envia-do pelo organismo, o Execu-tivo explica que estão a ser realizados os trabalhos de alargamento da capacidade de operação da eTAR e que

banCo alimentar Mais de 4.000 faMílias benefiCiaraM de ajuda

Primeiras necessidades

1milhão de patacas

recebidos em fundos

pela caritas, em 2013

O Instituto de Acção Social (IAS) prolongou, no ano passado, a gestão do serviço de apoio ali-mentar de curto prazo pela Caritas até ao final de 2014.

A fim de chegar a mais famílias que se encontram à margem da rede de subsídios ajudando-as a fazer face à inflação – que atingiu 5,89% em Maio último –, o IAS foi alargan-do o prazo do apoio – actualmente é de dez semanas – e reviu em alta o apoio alimentar diário ‘per capita’ de 32 para 36 patacas.

Nas Linhas de Acção Governa-tiva para 2014, o chefe do executi-vo de Macau, Fernando Chui Sai On, também anunciou o aumento do montante do limite máximo de rendimentos de 1,7 vezes para 1,8 vezes relativamente ao valor do ín-dice mínimo de subsistência, a fim de alargar o universo de elegíveis.

A partir de 01 de Julho, o valor do índice mínimo de subsistência vai passar de 3.670 para 3.800 patacas no caso de um agregado composto por um elemento.

No caso de agregados familiares

Fundado há cinco anos, o banco é gerido desde 2011 pela Caritas que tem na aquisição de fundos o seu principal desafio

M AIS de 4.000 famí-lias, ou um universo superior a 7.000 pes-soas, beneficiaram

da ajuda do banco alimentar em Macau desde Setembro de 2011, disse agência Lusa o secretário--geral da Caritas.

A gestão do banco alimentar, criado pelo executivo de Macau em 2009 para proporcionar alimentos de primeira necessidade aos mais desfavorecidos, foi entregue à Cá-ritas em Setembro de 2011.

compostos por oito ou mais pessoas, por exemplo, o valor é actualizado de 17.160 para 17.730 patacas.

Além do Plano de Apoio Ali-mentar de Curto Prazo – designação oficial do programa –, a Caritas presta outro tipo de apoios aos mais carenciados.

Actualmente, gere oito lares, quatro dos quais destinados a idosos, a sem-abrigo, contando mais de 40 que retirou das ruas, bem como a jovens e a portadores de deficiências, dispondo, entre outros serviços, de uma linha telefónica para aconselha-mento intitulada “Life Hope”, que funciona 24 horas por dia.

Segundo Paul Pun, no ano passado, a linha registou 16.460 chamadas.

Os fundos continuam a ser o principal desafio da Caritas que, em 2013, recebeu donativos no valor de 1 milhão de patacas.

Fundada em 1951, a Caritas Macau dá trabalho a cerca de 700 pessoas e conta com um universo de aproximadamente 500 volun-tários.

a melhoria do tratamento de mau cheiro é prioridade. “O sentido é minimizar o impacto originado pelo funcionamento da eTAR para a população”, começa por dizer a DSPA.

Por agora, estão a ser implementadas medidas mais breves. “Foram su-cessivamente adoptadas medidas a curto e médio prazo para a melhoria do tratamento do mau cheiro, nomeadamente a suspen-são do funcionamento do

incinerador de lamas, a construção da cobertura fechada nas instalações sus-ceptíveis de produzir mau cheiro e o aumento da zona verde na ETAR”, explica o organismo.

No terraço e nas paredes externas do edifício Ad-ministrativo da eTAR está instalada uma área verde de 700 metros quadrados, afirma a DSPA, que faz com que a infra-estrututra esteja “mais enquadrada” com a paisagem verde circundante.

A DSPA relembra ainda que, desde 2013, o funcio-namento do incinerador da ETAR foi suspenso e, consequentemente, o trata-mento de lamas processado por outras instalações de incineração também.

Mas há mais: a DSPA também diz ter aumentado o volume de extracção de gás das instalações que possam produzir o mau cheiro e ins-talado três aparelhos móveis de desodorização de ar em “locais críticos”. A DSPA diz que a arborização recente já surtiu efeitos. - J.F.

etar medidas Para minimizar maU Cheiro

O remédio possível

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10 china hoje macau segunda-feira 23.6.2014

As expectativas da participação no referendo informal sobre o método de escolha do próximo Chefe do Executivo foram mais que ultrapassadas, com uma afluência massiva da população. Pequim adverte que o acto não qualquer base jurídica, logo é ilegal

M Ais de meio milhão de pessoas partici-param no referendo sobre a reforma elei-

toral em Hong Kong, uma votação não oficial lançada num clima de tensão, com a ala democrata a temer que Pequim recue na sua promessa de sufrágio universal.

Às 17:00 locais, 514.996 pessoas tinham participado no “referendo civil” informal em que se pede aos residentes de Hong Kong para escolherem um de três métodos de votação para o próximo chefe do Executivo de Hong Kong, em 2017.

A adesão massiva superou já as expectativas dos organizadores do “referendo”, no qual podem

A s autoridades chi-nesas “têm pro-vas” de que os

grupos terroristas que actuam no interior do país contam com o apoio de organizações no exterior, especialmente oriundos de países como o Paquis-tão e Afeganistão.

De acordo com o vice-presidente da Uni-versidade de segurança Pública da China, um centro especializado na formação das forças de se-gurança do país, Li Jianhe, a maioria das pessoas que organizam ou participam em atentados terroristas dentro das fronteiras da República Popular “foram treinadas no exterior”.

Autoridades revelam ter abatido 13 “bandidos” em XinjiangAs autoridades chinesas anunciaram terem abatido 13 “bandidos” que dirigiram um veículo a uma esquadra de polícia em Xinjiang e provocaram uma explosão. De acordo com informações na página da internet da administração local, 13 pessoas dirigiram um carro contra o edifício policial de Kargilik, na província de Xinjiang, tendo provocado uma explosão e levado as autoridades a reagir. A polícia encetou uma resposta tendo abatido 13 “bandidos”. Entre os agentes, três homens ficaram feridos, mas não se registaram quaisquer perdas de vidas. A região de Xinjinag é palco de vários confrontos entre os uigures e a etnia chinesa han.

Hong Kong MAis DE MEio Milhão EM rEfErEnDo não oficiAl

Determinados a votar

Terrorismo Pequim “Tem Provas” De aPoios exTernos

O mal que vem de fora

participar todos os residentes permanentes de Hong Kong com mais de 18 anos.

A votação ‘online’ arrancou na sexta-feira e prolonga-se até ao próximo dia 29.

A plataforma de votação elec-trónica tem, contudo, sido alvo de ataques informáticos, os quais estão a ser investigados pela polícia de Hong Kong, segundo garantiu o secretário para a segurança, Lai Tung-kwok, em declarações cita-

das pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O arranque da votação ‘online’ foi ainda assim bem-sucedido, de-pois de o sistema ter sido bombar-deado por milhões dos chamados ataques por negação do serviço durante um período anterior de pré-registo.

O “Occupy Central”, um mo-vimento local pró-democracia que organiza a votação, considera que uma elevada taxa de participação

iria demonstrar a determinação de Hong Kong em conquistar o “ver-dadeiro” sufrágio universal para a Região Administrativa Especial chinesa.

A implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do executivo, em 2017, e para o Con-selho Legislativo (parlamento), em 2020, figura como o grande “cavalo de batalha” da ala pró-democrata da antiga colónia britânica.

O chefe do executivo de Hong

Kong é escolhido por um colégio eleitoral formado por 1.200 mem-bros, representativos dos vários sectores da sociedade, dominado por elites pró-Pequim.

A China prometeu sufrágio di-recto nas próximas eleições para o chefe do Executivo em 2017, mas condicionadas a uma triagem, ou seja, a população poderá escolher o seu representante máximo mas apenas entre o universo de candida-tos escolhidos numa pré-selecção por um comité.

Muitos democratas em Hong Kong temem que Pequim escolha os candidatos a fim de assegurar a eleição de alguém que seja do seu agrado.

Os residentes têm exercido o seu voto ‘online’ e através de aplicações de ‘smartphones’, mas a organização planeava espalhar, este domingo, urnas em toda a cidade.

As autoridades chinesas ad-vertiram que qualquer referendo em Hong Kong sobre o método de eleição do seu líder não terá qualquer base jurídica, pelo que será considerado ilegal e inválido.

Para 01 de Julho, data da trans-ferência de soberania de Hong Kong para a China, está prevista, como habitualmente, uma mani-festação.

Os organizadores da marcha pró-democracia esperam a parti-cipação de pelo menos 100 mil pessoas.

A Frente Civil de Direitos Humanos considera 2014 um ano crucial para Hong Kong por causa da reforma política, pelo que apenas uma elevada adesão ao protesto pode garantir que o desejo do povo por verdadeira democracia é recebido em Pequim.

“Também fornecem as ‘ferramentas’ neces-sárias, os conhecimentos e até financiamento para encetarem os ataques”, assegurou o perito numa conferência de imprensa no seio da terceira edi-

ção do Fórum Mundial da Paz, que decorre este fim-de-semana na capital chinesa.

O mesmo responsável explicou que, “actualmen-te não existe nenhum gru-po terrorista bem organi-

zado dentro das fronteiras da China” e garantiu que o Movimento islâmico do Turquestão Oriental – a organização a que as auto-ridades chinesas atribuem a maioria dos ataques na China – “é influenciado pela Al-Qaida e tenta infiltrar-se no país”.

Nos últimos anos a China sofreu numero-sos ataques e atentados dentro do seu território, especialmente na região autónoma de Xinjiang, noroeste do país, onde se-gundo Pequim há grupos extremistas, muitos deles dirigidos por membros de etnia uigure que reivindi-cam a independência do território.

Nos últimos cinco anos o número de vítimas relacionadas com con-frontos com as autorida-des e estes grupos ou por ataques é de cerca de 400.

No entanto, nos úl-timos meses alguns ata-ques aconteceram fora da região autónoma de Xinjiang o que levou as autoridades a lançar uma campanha antiterrorista e a aumentar a vigilância no país.

Li Jianhe defendeu, por isso, maior coope-ração internacional para combater o problema, sublinhou que o Governo chinês faz o possível para acabar com actividades terroristas e considerou que “se falhar a coope-ração internacional” não pode ser descartada a existência de grupos or-ganizados no interior da China.

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11desportohoje macau segunda-feira 23.6.2014

Marco [email protected]

A Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau é a nova campeã de futebol do território.

A formação encarnada derrotou ontem, no relvado do Estádio da Taipa, os arqui-rivais do Sporting Clube de Macau por duas bolas a uma e garantiu a conquista do seu primeiro grande título, três anos depois de ter disputado a Liga de Elite pela primeira vez.

O grupo de trabalho orientado por Bruno Álvares necessitava apenas de um empate para garantir o primeiro triunfo na principal prova do desporto-rei de Macau, mas face à surpreendente formação leonina – nunca é demais lembrar, os leões estrearam-se este ano no convívio dos grandes do território – não deixou créditos por mãos alheias e alcançou aquela que é a sua mais saborosa vitória até ao momento. No Estádio da Taipa acabaram por não se registar surpresas, mas o Sporting es-teve durante uma boa parte da partida a surpreender. A formação orientada por Mandinho e João Maria Pegado não conseguiu impedir que o Benfica entrasse melhor na partida, mas foi a primeira a chegar ao golo.

Coube, ainda assim, às águias do território levar pela primeira vez perigo ao último reduto do adver-sário. O onze orientado por Bruno Álvares investiu pela primeira vez contra a baliza de Juninho na co-brança de um livre directo, mas a cobrança de Bruno Martinho quase não incomodou o guarda-redes do Sporting. Atenta, a defesa leonina afastou para além da linha final e no pontapé-de-canto que se seguiu, Fabrício Lima dispôs de uma opor-tunidade soberana para inaugurar o marcador, com um cabeceamento fulminante a que Juninho respondeu com uma grande defesa.

Resposta leoninaO Sporting tentou responder quase de imediato, mas a tentativa falhou por muito a baliza à guarda de Rui Ni-bra. O lance colocou, ainda assim, os leões do território em sentido e pouco depois Bruno Brito volta a testar a atenção do guarda-redes encarnado, na cobrança de um livre-directo pouco além da linha do meio-campo. Rui Nibra resolveu com facilidade e devolveu de pronto para o ataque do Benfica, mas as águias do território foram perdendo fôlego à medida que o tempo ia avançando.

Apesar de um maior dinamismo inicial, o Benfica acabou por con-sentir o primeiro golo do desafio à passagem da meia-hora de jogo. Aos 31 minutos, Jardel é derrubado em falta por Chan Pak Chun em plena grande área encarnada e o árbitro não teve dúvidas e apontou para a marca de grande penalidade. Bruno Brito tomou em mãos a responsabilidade de converter o lance e não falhou, impulsionando

Benfica derrotou Sporting e é o novo campeão de futeBol

O Oriente é vermelho

o Sporting Clube de Macau para a frente do marcador.

Em desvantagem, o Benfica viu-se obrigado a perseguir um resultado mais favorável e aos 36 minutos pediu grande penalidade, depois de William Carlos Gomes ter sido derrubado em falta à entrada da grande área leonina. O juiz da partida entendeu que o lance ocorreu fora dos limites da grande área e brindou a formação orientada por Bruno Álvares com um livre-directo. Bruno Martinho chamou a si a tarefa de bater o lance, falhando por pouco a baliza à guarda de Juninho.

Muito activo no lado direito do ataque do Benfica, Iuri Capelo tentou a sorte na sequência de uma jogada individual, mas o remate do jovem internacional do território encontrou na baliza do Sporting oposição à altura. Atento no covil dos leões, Juninho respondeu ao remate com uma defesa segura. O camisola 69 do Sporting voltou a brilhar nos minutos finais da pri-meira parte, ao travar com classe um remate esforçado de Bruno Martinho. Os últimos segundos da primeira metade foram, de resto, de aperto para o Sporting, com a

defesa leonina a impedir sobre a linha que William Carlos Gomes fizesse o golo do empate ainda durante os primeiros 45 minutos.

Domínio veRmelhoO Benfica despediu-se do primeiro tempo a dominar e foi a dominar que entrou na etapa complemen-tar. Aos 47 minutos, na primeira ocasião em que toca na bola, Luis Amorim repõe a igualdade no pla-card, com um golo de antologia. O jovem médio macaense surpreende

Juninho na baliza dos leões com um remate desferido a mais de quarenta metros do último reduto do adversário. O tento, que voltava a fazer do Benfica virtual campeão do território, foi celebrado de forma efusiva pelo plantel encarnado e a festa acabaria por se fazer com re-dobrada intensidade cinco minutos depois, com as águias a alcançarem o tento do triunfo. Marcou William Carlos Gomes aos 52 minutos com um remate cruzado, na resposta a uma boa abertura do compatriota Fabrício Lima.

Em desvantagem, o Sporting Clube de Macau redobrou o cerco à baliza à guarda de Rui Nibra, mas o placard acabaria por permanecer intocado até ao fim do desafio. Os leões do território ficaram reduzidos a dez unidades a três minutos do fim, depois de Timba ter visto o segundo cartão amarelo e o consequente ver-melho. A festa no Estádio da Taipa teve o encarnado como expoente e no final da partida Bruno Álvares agradeceu o empenho dos atletas que orientou ao longo da temporada: “O Benfica não operou esta noite a exibição mais desejada, mas devo dizer que é um enorme orgulho fazer parte deste momento e ter tido a oportunidade de trabalhar com este

grupo de trabalho. São jogadores que demonstraram uma enorme entrega e um enorme espírito de sacríficio ao longo da época e esta conquista só os dignifica”, sustenta o técnico.

JoRnaDa sem suRpResasA 16ª e última jornada da edição de 2014 da Liga de Elite terminou sem que se tivessem materializado gran-des surpresas. No dia em que sancio-nou a passagem de testemunho para os novos campeões do território, o até ontem campeão em título Monte Carlo goleeou o Chao Pak Kei por nove bolas a duas, num desafio em que Rodrigo Carmo e Anderson Braz estiveram em grande evidência, ao apontarem um hat trick cada. Júlio César Souza, Rafael Medeiros e Ao Ieong Kin Long marcaram os restantes golos do Monte Carlo. Pelo Chao Pak Kei, concretizaram Áureo Neto e Leong Tak Wa.

Com uma temporada um tanto ou quanto à margem do expectável, o Windsor Arch Ka I despediu-se da edição de 2014 da principal prova do futebol do terri-tório com um triunfo por três bolas a uma sobre a sempre exigente formação do Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública. A formação orientada pelo vete-rano Chan Man Kin inaugurou o marcador aos 42 minutos por Adilson Souza da Silva e redobrou a vantagem menos de três minutos depois, numa iniciativa concluída por Carlos Reginaldo da Silva. Ho Man Hou encerrou a contagem aos 51 minutos para a formação negro-rubra, dois minutos antes da Polícia apontar o seu tento de honra, numa jogada com a chan-cela de Lam Man Leong.

No encontro de menor no-meada da derradeira jornada do Campeonato, o Lai Chi esmagou a Selecção de Sub-23 da Associação de Futebol de Macau, que se des-pediu da edição de 2014 da Liga de Elite na penúltima posição da tabela classificativa, acima apenas do Kei Lun. Na segunda divisão, a já campeã Casa de Portugal não defraudou e juntou ao currículo uma nova vitória. Os comandados de Pelé derrotaram o Chuac Lun por quatro bolas a uma.

classificação

equipa J v e D Gm-Gs pontos

Benfica 16 13 2 1 63-5 41

sporting 16 12 2 2 41-11 38

monte Carlo 16 11 3 2 56-19 36

Ka i 16 9 4 3 47-17 31

polícia 16 5 4 7 24-24 19

Chao pak Kei 16 4 5 7 26-30 17

lai Chi 16 4 1 11 26-52 13

sub-23 16 3 0 13 10-63 9

Kei lun 16 0 1 15 10-82 1

Melhores Marcadores

resultados 16ª Jornada

William Gomes (Benfica) – 15 golos

Bruno Brito (sporting) – 15 golos

Rodrigo Carmo (monte Carlo) – 15 golos

Bruno martinho (Benfica) – 13 golos

polícia 1 – 3 Windsor arch Ka i

lai Chi 5 – 1 sub-23

Benfica 2 – 1 sporting

monte Carlo 5 – 2 Chao pak Kei

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dados dos jogos

mundial12 hoje macau segunda-feira 23.6.2014

os números

51 o número de partidas disputadas pelo México na fase final do Campeonato do Mundo de futebol. Sem nunca ter ganho a competição, a selecção mexicana é uma das que por mais vezes marcou presença na prova. No Brasil, compete no Mundial pela 15ª vez.

4 número máximo de golos apontado pela Croácia numa única partida a contar para a fase final do Campeonato do Mundo de futebol. A marca foi alcançada na semana passada frente aos Camarões. A anterior melhor marca dizia respeito a um triunfo por três bola a zero frente ... à Alemanha.

Mexicanos e croatas decideM vaga eM aberto no grupo a

México e Croácia, um só celebraráMarco [email protected]

n ão seria à partida um encontro de antologia, mas a performance de

ambas as selecções nos rel-vados brasileiros ajudou a transformar um prosaico Croácia-México num dos desafios mais atractivos da terceira e última ronda da fase de grupos do Campeo-nato do Mundo de Futebol. o triunfo alcançado frente aos Camarões e o robusto empate imposto ao anfitrião Brasil faz com que a tricolor mexicana parta em vantagem na corrida por um lugar nos oitavos de final do Mundial, mas a Croácia depende apenas de si própria para garantir um lugar ao sol na segunda fase da principal competição desportiva do planeta.

o onze orientado por Niko Kovac perdeu o desafio inau-gural do Mundial de futebol frente à selecção “canarinha” mas não deixou má imagem na Arena do Corinthians e confirmou as boas creden-ciais no desafio da segunda jornada frente aos Camarões, ao golear a selecção africana

por quatro bolas a zero. No frente-a-frente com o México na próxima madrugada, os croatas dificilmente se irão deparar com tanta facilidade e entre os obstáculos com que se irão deparar o maior dá pelo nome de Guillermo Ochoa. o guarda-redes da tricolor mexicana defendeu tudo o que havia para defender e foi o grande responsável pela igualdade alcançada frente ao Brasil.

Com uma enorme tradição em fases finais do Campeona-to do Mundo de Futebol (em terras de Vera Cruz, o México

regista a sua décima quinta participação no principal certame mundial do desporto--rei), a selecção mexicana só por duas vezes - em 1970 e 1986 – conseguiu alcançar os quartos-de-final e para uma tal performance contribui em grande medida o facto de ter disputado, em ambas as oca-siões, a competição perante o seu próprio público.

Quase nos antípodas do aproveitamento mexicano, a Croácia continua associada a um dos mais belos contos de fadas dos mundiais de futebol, ao encantar adeptos dos quatro

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13 mundialhoje macau segunda-feira 23.6.2014

Mexicanos e croatas decideM vaga eM aberto no grupo a

México e Croácia, um só celebrará

Pergunta: Pelas necessidades administrativas e operativas, uma instituição pode colocar fotos do pessoal e estudantes no seu website ou revista? E se é necessário o consentimento prévio de titular?Resposta: Colocar fotos do pessoal e estudantes no seu website ou revista equivale à publicação dos dados relacionados, de acordo com as

disposições da Lei da Protecção de Dados Pessoais, para o tratamento de dados pessoais, devem primeiro clarificar a finalidade das fotos e obter o consentimento dos titulares. As fotos carregadas para a internet podem ser descarregadas ou ligadas para outros sítios, devendo ser tratadas com prudência.

(O texto é oferecido pelo Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais. A linha aberta é 28715666.)

anfitriã nas meias-finais. Pelo caminho, a selecção francesa deixou equipas como a Japão, a Roménia, a Holanda ou a toda-poderosa Alemanha.

Em termos de confronto directo, a Croácia só ganha mesmo no capítulo das pres-tações históricas, dado que o saldo dos duelos oficiais entre ambas as formações favorece o México. As duas selecções disputaram entre si uma única

Queiroz «messi e o árbitro fizeram a diferença»o seleccionador do irão, carlos Queiroz, culpa Messi e o árbitro pela derrota da sua selecção frente à argentia, por 1 a 0. «não estou desapontado. estou contente com esse desempenho dos meus jogadores. no fim, houve duas figuras a fazer a diferença: o árbitro e Lionel Messi. não tenho mais nada a dizer. Lionel Messi e o árbitro fizeram a diferença», disse Queiroz, referindo-se ao penálti não assinalado. «o árbitro não marcou uma grande penalidade contra a argentina, o que não é aceitável. os árbitros têm que ter convicção e firmeza para marcar as coisas que vêem. não é possível. saímos um pouco desapontados, trabalhamos muito. Fizemos uma boa partida contra uma equipa que joga para ganhar o Mundial. estivemos a altura de um campeão do mundo e agora vamos seguir em frente para o jogo contra a bósnia», disse ainda o treinador português na flash interview no final do encontro.

Mourinho «Deuses do futebol nunca estiveram com a Inglaterra»«primeiro, a inglaterra não teve sorte no sorteio. por alguma razão, é possível estarem três campeões do mundo e três selecções fortes como uruguai, itália e inglaterra no mesmo grupo», afirmou, ao portal Yahoo. para o técnico chelsea, mais uma vez falado para o cargo de roy Hodgson, «os deuses do futebol nunca estiveram com a inglaterra, desde o sorteio até agora». «até no jogo da itália contra a costa rica, porque não acredito que muita gente achasse que a itália ia perder», explicou. Mourinho considera que os ingleses estiveram em dois dos «três ou quatro» melhores jogos do Mundial: «o que significa que a inglaterra fez uma boa prestação, jogou bem, competiu bem. começaram os dois jogos muito bem, não tiveram medo do uruguai e da itália. sofreram um golo, reagiram, empataram. Quando empataram, a 10 ou 15 minutos do fim, muitas pessoas de certeza que pensaram que a inglaterra podia ganhar o jogo, mas perderam». o treinador português não se sente, portanto, «confortável» ao criticar o resultado da selecção inglesa. «não foram uma equipa feliz, não tiveram os deuses do futebol do seu lado. Fizeram dois bons jogos, com algumas exibições individuais boas», reforçou.

Salvio no Brasil «Que lindo é o Mundial»salvio está no brasil, onde acompanhou ao vivo a vitória da argentina frente ao irão. o encontro foi sábado, mas o jogador do benfica continua a partilhar a sua alegria pelo triunfo da selecção do seu país. «segundo dia no brasil, é terrível o ambiente que se vive no Mundial», começou por dizer o jogador no twitter, prosseguindo: «argentinos em todo o lado e a cantar a qualquer hora. todos a saltar, a festejar. Que lindo é o Mundial.»

jogoCroáCiA – MéxiCo04:00 – Arena pernambuco

• Historial J V E D GM GS oficiais 1 0 0 1 0 1Amigáveis 2 2 0 0 5 1total 3 2 0 1 5 2

os dados dizem respeito à equipa posicionada em primeiro lugar;

Brasil – camarões00:00 – Estádio Nacional

• Historial J V E D GM GS oficiais 3 2 0 1 5 1Amigáveis 1 1 0 0 2 0total 4 3 0 1 7 1

austrália – espanHa04:00 – Arena da Baixada

• Historial J V E D GM GS oficiais 0 0 0 0 0 0Amigáveis 0 0 0 0 0 0total 0 0 0 0 0 0

Holanda – cHile04:00 – Arena Corinthians

• Historial J V E D GM GS oficiais 0 0 0 0 0 0Amigáveis 0 0 0 0 0 0total 0 0 0 0 0 0

outros jogos

cantos do mundo com uma performance inigualável da primeira vez em que tomou parte na fase decisiva da maior montra mundial do desporto--rei. Em 1998, a desconhecida Croácia – com magos da bola como Zvonimir Boban, Davor Suker e Robert Prosinecki – colocou o mundo em sentido, ao terminar o Mundial de Fran-ça na terceira posição, depois de ter perdido frente à selecção

partida oficial e foi o México quem sorriu. Há doze anos, na fase final do Campeonato do Mundo da Coreia/Japão, a selecção mexicana derrotou a congénere croata pela mar-gem mínima em partida a con-tar para as contas do grupo G da competição. Cuauhtémoc Blanco assinou o único tento do desafio aos 60 minutos, na cobrança de uma grande penalidade.

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14 regata hoje macau segunda-feira 23.6.2014

Regata InteRnacIonal DInghy 2014: chuva, onDas e boa DIsposIção

Escola das naçõesFoi na manhã chuvosa de ontem que o HM assistiu ao segundo dia e último dia da Regata Internacional Dinghy, anualmente realizada em Macau. O evento vai já na sua quinta edição, graças a Jon Galbraight, Dennis Bordais e Eric Clowter que formaram a Associação de Vela de Macau, em 2008, e que tem mais do que velas para oferecer

costumam participar, mas desta vez, o recém-criado Guangzhou Sailing Club tam-bém esteve presente, através de Tony Lu, um dos impulsio-nadores deste projecto.

Mesmo com oito anos de experiência em vela, Tony não se considera assim “tão avançado”, mas confessa-se contente por fazer parte de um projecto pioneiro como é o de Guangzhou. O Rio das Pérolas não é terreno comum para actividades aquáticas mas, na verdade é também a paixão pela aprendizagem dos mais pequenos que move Tony. A presença do conti-nente nesta quinta edição da regata internacional serve, de acordo com Dennis, para “assegurar as boas relações com a China” e para juntar cada vez mais amantes de vela, numa tentativa – já pró-xima – de fazer com o AVM se estabeleça, oficialmente, a nível internacional.

Leonor Sá [email protected]

O S três ami-gos – Dennis Bordais, Jon Galbraight e

Eric Crowter – são prove-nientes de França, África do Sul e Reino Unido e foi o amor pela vela e pelo desporto juvenil que os uniu. Criaram a Associação de Vela de Macau (AVM) em 2008 e começaram por içar bandeiras ao lado do restaurante Miramar, em Hac-Sá. Actualmente, per-manecem na mesma praia, mas a parceria com o Clube Náutico de Macau permitiu que se mudassem para as instalações da organização governamental, onde guar-dam todos os acessórios e equipamentos. De entre os cerca de 70 concorrentes que estavam dentro de água, de mãos e olhos postos nas bandeirolas acenadas de minuto a minuto, a grande maioria provinha de Hong Kong. Contudo, muitos de-les confessaram gostar mais de velejar em Macau. “Há mais ondas e vento”, dizem.

“Acho que tivemos bas-tante sorte com esta regata, no que toca ao tempo e ao estado do mar. As condições atmosféricas podiam estar muito piores. No ano passa-do não tivemos assim tanta sorte. No primeiro dia estava tufão três e não pudemos ir para o mar”, explica Dennis. Já a competição ia a meio e o instrutor afirmou que a regata estava a decorrer de forma “bastante suave e pa-cífica”, excluindo algumas maleitas aqui e ali. Ombros deslocados, desidratação e enjoos estão no topo da lista de percalços que levam os concorrentes à enfermaria improvisada.

Vizinhança em pesoA quinta edição do evento acontece, em grande parte,

graças à união de forças da AVM com três dos clubes náuticos mais conhecidos de Hong Kong, incluindo o Hebe Haven Boat Club e o Aberdeen Boat Club. O Go-verno da RAEM – juntamente com algumas operadoras de casinos – tem dado bastante apoio à AVM, mas Dennis e Eric dizem que é necessário mais. Algum do material disponível é já bastante an-tigo, pelo que precisa de ser renovado. Tal inclui os barcos, fatos apropriados e até as próprias velas. Para colmatar esta necessidade, Hong Kong colocou vários barcos ao dispor dos três amigos para a realização da regata.

Também a maioria dos velejadores da corrida in-ternacional são oriundos de Hong Kong e, embo-ra também haja barcos e concorrentes de Macau, é do território vizinho que a tabela de vencedores se enche. Nem as velas ao vento deixam espaço para dúvidas: as iniciais HKG conquistaram o mar neste fim de semana.

Foram várias as classes a participar na regata deste ano. Os mais jovens veleja-vam em modelos Optimist, Topper, RS Feva (conhecido por Fever) e Laser Pico, enquanto os adolescentes e adultos concorriam nas

classes Laser Radial e Stratos e Access 303. Alguns barcos viajavam com duas pessoas a bordo. Sobre as equipas, Eric Crowter explicou ao HM que tudo importa, desde o peso de cada velejador até à escolha dos parceiros. É que uma equipa de dois rapazes, já experientes em vela, está em vantagem comparativamente a uma dupla recém-formada, em que os elementos sejam um rapaz e uma rapariga. A discrepância em termos de peso, experiência e força pode ser decisiva, por vezes até dando conta de quem será o vencedor.

horizonte foraEntre comentários da plateia, ouve-se dizer que o clube está a crescer “a olhos vistos” e quão interessante é olhar agora para uma coisa que era, aquando da sua criação, tão “pequena e acolhedora”. Apenas Hong Kong e Macau

“...aprende-se muito dentro de água, incluindo sobre trabalho de equipa, as condições do ar e da água... Mais ainda, as pessoas tornam-se independentes. Um miúdo com apenas 10 pode estar a guiar o seu próprio barco e é algo surpreendente”

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15 regatahoje macau segunda-feira 23.6.2014

70participantes nos dois dias

da Regata

Embora vela seja o des-porto da AVM que mais adeptos junta, também o windsurf – desporto aquá-tico de prancha com vela – tem reunido cada vez mais fãs. “O windsurf também arrancou de forma positi-va. Esperamos ter mais 12 pranchas novas de forma a desenvolver o centro, até porque ter novo equipamen-to dá um novo entusiasmo aos participantes”, contou Dennis ao HM.

Nunca Dennis imaginou que a associação ganhasse tamanha envergadura. “Ini-cialmente, criei o projecto a pensar no meu filho. Não o queria em frente da televisão ou do computador o dia todo, preferia que fizesse activida-des ao ar livre. Além disso, aprende-se muito dentro de água, incluindo sobre traba-lho de equipa, as condições do ar e da água... Mais ainda, as pessoas tornam-se inde-pendentes. Um miúdo com apenas 10 pode estar a guiar o seu próprio barco e é algo surpreendente”, explicou o francês. Considera que é uma das actividades mais saudáveis e polivalentes

para as crianças. “Quando se tornam instrutores ou assistentes de instrução ga-nham uma grande responsa-bilidade e ensinam outros”, rematou Dennis, piloto de aviação a tempo inteiro.

Já Eric começou cedo, com apenas 13 anos. “Tive sorte porque fui para um colégio interno [no Reino Unido] que tinha vela como desporto”, disse. Vive em Macau há 15 anos, mas não sem antes ter experienciado a cidade vizinha de Hong Kong por quase cinco anos. “Entretanto inventou-se o windsurf, nos anos 70 e eu

comprei uma prancha, tal como cinco amigos meus. Nessa altura jogava também muito squash e as minhas aptidões de vela ficaram um pouco adormecidas.” O mar voltou à sua rotina quando, no seio da associação de pais do Colégio Anglicano, ajudou a criar uma parceria que permitiu aos alunos da instituição aprender a andar de barco. Tudo começou

com iates, mas depressa passou para barcos à vela, mesmo ao lado do Miramar. Hoje em dia, o trio de ami-gos conta com o apoio de várias organizações, grande parte delas de Hong Kong. Dennis acredita que a maior necessidade da associação são voluntários para ajudar a manter, limpar financiar e organizar, mas sente-se po-sitivo em relação ao futuro.

“o futuro é dos mais pequenos”É, no fundo, o amor pelo desporto – vela em específi-co –, pelo mar e pelo ensino

que juntou Dennis, Jon e Eric para mais uma edição daquela que é já uma das maiores regatas jamais re-alizadas em Macau. Dennis acredita que “o futuro é dos mais pequenos”, tendo já sido mais de 100 as crianças que treinaram na AVM des-de a sua criação. Para além deste evento anual e das aulas a pequenos e graúdos,

a associação tem organiza-do outras iniciativas, como programas de intercâmbio e de corridas entre alunos da Ásia ou campos de férias de vela em diferentes locais, como Malásia ou Filipinas. Na verdade, a maioria dos participantes são filhos de expatriados, sendo um dos objectivos da associação cativar mais associados locais. Eric disse ao HM que o futuro da AVM de-verá passar pela criação de parcerias com escolas locais, de forma a promover o desporto e incluí-lo como actividade extracurricular.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora Chang Iok Kan (portadora de Bilhete de Identidade de Residente Não Permanente da RAEM nº 13729xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 29.1/DI-AI/2012 de 26.03.2012, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Taipa, Avenida Olimpica, n. o 635, Edf. Kingsville, Bloco 3, 9.o andar H e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 12.06.2014, exarado no Relatório n.° 505/DI/2014, de 26.05.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição

de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 30 dias, conforme estipulado na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Junho de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 293/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor 黃卓軒(portador do Bilhete de Identidade de Residente Não Permanente da RAEM n.° 14497xx(x)), que na sequência do Auto de Notícia n.° 61/DI-AI/2012 de 15.06.2012, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua do Tarrafeiro n.° 25, Edf. Lei Tak, 2.° andar L, bem como por despacho da signatária de 12.06.2014, exarado no Relatório n.° 484/DI/2014, de 22.05.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.°1 do artigo 10.° e n.°1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. --------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição

de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ----------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d'Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Junho de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 283/AI/2014

100alunos desde 2008

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16 eventos hoje macau segunda-feira 23.6.2014

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

deSFado • ana MouraGravado nos Henson Recording Studios, em Los An-geles, e produzido por Larry Klein (o multi-galardoado produtor norte-americano que no seu currículo tem trabalhos com Joni Mitchell, Herbie Hancock, Made-leine Peyroux, Melody Gardot, Tracy Chapman, entre muitos outros), o 5.º álbum originais de Ana Moura representa um momento de viragem na sua carreira. Para este trabalho, a fadista apostou em compositores improváveis, como Márcia, Manuel Cruz, Pedro da

Silva Martins (Deolinda), Nuno Figueiredo e Jorge Benvinda (Virgem Suta), Miguel Araújo (Azeitonas, para além da sua carreira a solo), Luisa Sobral e António Zambujoem nomes consagrados da música portuguesa como Pedro Abrunhosa ou Aldina Duarte e ainda em alguns colaboradores de discos anteriores como Manuela de Freitas, Nuno Miguel Guedes, Mário Rainho e Tózé Brito. Outra das grandes surpresas deste álbum é a participação de Herbie Hancock. Vencedor de 14 Grammy Awards, viu o seu álbum tributo a

Joni Mitchell, ‘River: The Joni Letters’, conquistar o Grammy de Melhor Álbum do ano em 2008, feito que só um disco de jazz tinha antes conquistado (‘Getz/Giberto’). Como músico de excelência, o seu nome tem vindo a estar ao lado dos melhores. Miles Davis, Wayne Shorter,Brandford Marsalis, Pat Metheny, Stevie Wonder, Joni Mitchell, John Coltrane, Carlos Santana, Paul Simon, Annie Lennox, Sting, John Mayer, Tina Turner, Norah Jones, Leonard Cohen, entre muitos outros.

T eM lugar no dia 8 de No-vembro mais uma Macau eco TrailHiker. O evento,

que consiste numa corrida de equipas por trilhos das ilhas, tem como finalidade a promoção e protecção das zonas verdes de Macau. em 2010, na primeira edição do evento, participaram 560 pessoas, mas para este ano a organização pretende atrair 1700 participantes, divididos por 425 equipas.

A corrida tem mais do que um percurso disponível, de modo a permitir a participação de toda a comunidade, conso-ante a sua capacidade física. As inscrições para a prova começam no dia 1 de Julho e será cobrada uma taxa de

Psicologia Seminário sobre adolescentesA associação Be Cool vai promover um seminário sobre a psicologia dos adolescentes no dia 27 de Junho, entre as 19:00 e as 20:30, na sua sede na Taipa. Conduzido por Gertina V J. van Schalkwyk, directora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau, a discussão vai cobrir temas como a necessidade de autonomia, identidade própria, inclusão na sociedade e comportamento sexual dos adolescentes. A especialista explica ainda aos participantes a razão pela qual os adolescentes estão sempre a tentar testar os limites dos pais e porque é que tendem a partilhar os seus problemas com os amigos ao invés da família. A entrada é gratuita, mas a organização recomenda que os interessados reservem o seu lugar entrando em contacto com a associação.

O duo “Alan & Hacken”, composto por Alan Tam e Hacken Lee, vai actuar

na arena do Venetian no dia 26 de Julho, pelas 20:00 horas. este concerto, patrocinado pelo grupo Suncity, marca o 10º aniversário da formação desta dupla, que desde 2003 já deu mais de 100 concertos à volta do mundo, incluindo es-pectáculos na China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Austrália, estados Unidos e Canadá. Segundo a nota de imprensa da organização, onde quer que actuem, parecem obter sempre uma boa recepção por parte do público e dos críticos.

No concerto de Macau, a au-diência vai ter acesso a inúmeros clássicos, além de uma combinação de ginástica e dança criada pelo

mestre de fitness sul-coreano Jung Da-yeon, intitulada Figurerobics.

Tam, conhecido como um mentor na indústria cantopop, já gravou mais de 200 álbuns durante a sua longa carreira de 30 anos, com músicas gravadas em cantonense, mandarim, japonês, coreano e inglês, tendo ven-dido milhares de milhões de discos. Lee é conhecido como um cantor com uma técnica virtuosa. Para além disto, é também actor e mestre de cerimónias. Ganhou fama na indús-tria cantopop no início dos anos 90 e obteve por três vezes o prémio de “Cantor Masculino mais Popular” no concurso Jade Solid Gold Best Ten Music Awards.

Os bilhetes custam entre 280 e 1.080 patacas e estão à venda a partir de hoje.

Macau Eco TrailHikEr EsTá dE volTa

Correr pela cidadevEnETian alan TaM E HackEn lEE a 26 dE JulHo

Mestres do canto pop

A Fundação Rui Cunha está a organizar um ciclo de cinema, que arranca já amanhã,

para pôr as pessoas a pensar na justiça, a temática comum aos seis filmes que compõem o cartaz.

O filme “Doze Homens em Fúria” (1957), do realizador Sidney Lumet, marca a abertura do ciclo de cinema, que vai ter lugar na Casa Garden, sede da delegação da Fundação Oriente em Macau.

A exibição dos filmes vai ter lugar uma vez por semana, decor-rendo às terças-feiras, excepção

Frc CiClo De CineMA SoBre A JUSTiçA nA CASA GArDen

um clássico por semana

admissão a todos os concor-rentes, sendo que o dinheiro angariado é depois distribuído por associações de caridade. este ano serão agraciadas a Associação para a Reabilita-ção dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) e a Clean the World, que é uma empresa que recolhe sabonetes usados em unidades hoteleiras do ter-ritório para depois os reciclar e distribuir por comunidades carenciadas. Ao longo das suas quatro edições, este evento já consegui angariar mais de 1,1 milhões de patacas.

este ano será entregue um prémio à melhor equipa femi-nina, de modo a atrair mais mulheres para as corridas, e

um prémio pecuniário será sorteado entre os concorrentes que optarem pelo trajecto mais longo – de 30 quilómetros.

Para salientar a importância da preservação ambiental, a decoração do evento vai ser feita através da reciclagem do material do ano passado e vão ser colocados bebedouros ao longo do circuito para evitar a utilização de garrafas de água descartáveis.

Alguns dos grandes realizadores da história do cinema vão marcar presença na Fundação Oriente a partir de amanhã, num ciclo organizado pela Fundação Rui Cunha. Uma iniciativa que visa “pôr as pessoas a pensar nas questões da justiça global de uma forma descontraída”

feita à última sessão, marcada para quinta-feira, 24 de Julho.

“O conceito do ciclo de ci-nema é pôr as pessoas a pensar nas questões da justiça global e específica daquele ordenamento jurídico, figurando como uma forma descontraída de discutir o

tema”, explicou a coordenadora do Centro de Reflexão, Estudos e Difusão do Direito da Fundação Rui Cunha, Filipa Guadalupe, à agência Lusa.

Apesar dos filmes do primeiro ciclo de cinema ainda não terem começado a ‘rodar’, Filipa Gua-dalupe pensa em edições futuras: “Queremos oferecer uma escolha mais diversificada incluindo ou-tros ordenamentos jurídicos para olhar a justiça nos vários pontos do mundo”.

“No futuro, também quere-mos convidar alguém para no fi-nal da exibição discutir o assunto

do filme com o público”, adiantou Filipa Guadalupe.

Depois de “Doze Homens em Fúria”, segue-se a 01 de Julho a exibição de “Por favor, não matem a cotovia”, de Robert Mulligan. A 08 de Julho é a vez d’ “O caso Paradine”, de Alfred Hitchcok, enquanto a 15 será exi-bida “A história da Sr.ª Qiu Ju, de Zhang Yimou, e a 22 a “Anatomia de um crime”, de Otto Preminger.

A iniciativa encerra, a 24 de Julho, com “O Veredicto”, do mesmo realizador do filme que marca a abertura do ciclo de cinema, cuja entrada é livre.

Doze Homens em Fúria

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hoje macau segunda-feira 23.6.2014

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17

Por quem os sinos dobram

próximo oriente Hugo Pinto

O despedimento colectivo no grupo que detém o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias, entre outros ór-

gãos de comunicação social, a que dedi-quei a crónica da semana passada, recupe-rou uma questão: a morte dos jornais. Só que a morte dos jornais não é, de facto, só a morte dos jornais. É mais do que isso.

É um lugar comum que encontramos muitas vezes: que o jornalismo é funda-mental para o funcionamento de socie-dades e Estados desenvolvidos, transpa-rentes e democráticos. É verdade. Sem jornalismo, nada disso está garantido, mas com o jornalismo também nada garante que isso, assim sem mais nem menos, exista.

O jornalismo é preciso, mas também é preciso que o jornalismo seja e faça muitas coisas que, infelizmente, para desgraça de todos, vai deixando de ser ou fazer porque se prescindiu dessas exi-gências devido a impossibilidades várias (não há dinheiro, não há vontade), mas sobretudo porque aquilo que se espera do chamado “quarto poder” deixou de caber na realidade em que os órgãos de comunicação são transaccionados de acordo com interesses de poder (políti-co, económico), e tratados como quais-quer empresas comerciais, meros pro-dutores e vendedores de “conteúdos”, sem qualquer consideração pela missão social que, no caso português, até está consagrada na Constituição.

A “mãe de todas as leis” também tem um artigo sobre a regulação da comuni-cação social, segundo o qual “cabe a uma entidade administrativa independente assegurar nos meios de comunicação so-cial”, por exemplo, “a não concentração da titularidade dos meios de comunica-ção social” ou “a independência perante o poder político e o poder económico”, o que, manifestamente, não está a ser garantido. Sobre isto o Tribunal Consti-tucional não se pronuncia, mas começa a ser difícil esconder que a mercantiliza-ção da liberdade de expressão e infor-mação deixa as sociedades a contas com uma dívida permanente no balanço do deve e haver dos valores.

Todavia, não é demais lembrar que o jornalismo começou a morrer lá atrás, antes disso, quando deixou de se fazer a si próprio as exigências que fazia aos outros, quando o “direito público à in-formação” começou a ser a justificação para vasculhar no lixo de políticos e “fa-mosos”, quando a necessidade de ven-der apertou e o sensacionalismo venceu.

Quando, enfim, a frieza foi substituída pela precipitação, a perseverança pelo desespero, a compreensão pelos julga-mentos, a inteligência pela voracidade e quando o direito à liberdade de expres-são foi confundido com o direito de se dizer o que se quiser e o direito à liber-dade de pensamento confundido com o direito de ter razão ou estar certo.

Por isso e por mais do que isso, a morte dos jornais não deve servir para lamentarmos a morte dos jornais. Deve,

sobretudo, servir para meditarmos sobre o que a civilização construiu e vai sen-do destruído num processo acelerado de estupidificação. Deve servir para nos lembrarmos porque, em 1843, se criou um jornal que ainda circula chamado The Economist: “(...) to take part in a severe contest between intelligence, which presses forward, and an unwor-thy, timid ignorance obstructing our progress”, uma bela definição de jorna-lismo, tanto há dois séculos como hoje.

Tenhamos presente, ainda, que ao contrário do que se passava há 171 anos, hoje, é o mundo da “informação” (só a polissemia que esta palavra contraiu nos últimos anos dava para escrever trata-dos) que nos obriga a “tomar parte de uma competição dura entre a inteligên-cia, que pressiona o avanço, e uma in-digna e medrosa ignorância que obstrui o nosso progresso”.

No final do monumental “Da Alvora-da à Decadência - De 1500 à Actualidade - 500 Anos de Vida Cultural do Ociden-te”, o historiador Jacques Barzun explica como a Internet “tornou ainda mais gene-

ralizada essa forma de existência despro-vida de espírito e energia - estar sentado a olhar para um ecrã -, agravando desse modo o isolamento do indivíduo”, que tem “todo o mundo do conhecimento à disposição” numa Internet que fornece “erros e desinformação com a mesma imparcialidade” com que proporciona outros dados.

Mas voltemos, de novo, “lá atrás”. Em “The News: A User’s Manual”, o filóso-fo inglês Alain de Botton conta como o escritor francês Gustave Falubert viveu o aparecimento em massa dos jornais de grande-circulação, que, acreditava o autor de “Madame Bovary”, estavam a espalhar uma nova forma de estupidez - “la bêtise” -, uma ignorância ainda pior do que aque-la que substituía, porque era fomentada pelo “conhecimento”. A imprensa, resume Alain de Botton, dera vida a criaturas sem imaginação e sem criatividade (o tal “espí-rito” e a tal “energia”), mas extremamente bem informadas. E até por estes “idiotas dos tempos modernos”, na expressão de Alain de Botton, dobram os sinos. Nin-guém escapa à morte dos jornais.

E ATÉ POr ESTES “IDIOTAS DOS TEMPOS MODErNOS”, NA ExPrESSãO DE AlAIN DE BOTTON, DOBrAM OS SINOS. NINGUÉM ESCAPA à MOrTE DOS JOrNAIS

Page 18: Hoje Macau 23 JUN 2014 #3115

18 hoje macau segunda-feira 23.06.2014h

“Esta cidade de Pequim, de que prometi dar mais alguma informação, é de tal maneira e tais são as coisas dela que quase me arrependo do que te-nho prometido, porque realmente não sei por onde comece a cumprir a minha promessa porque não se há-de imaginar que ela é uma Roma, uma Constantinopla, uma Veneza, um Paris, um Lon-dres, uma Sevilha, uma Lisboa, nem nenhuma de quantas cidades insignes há na Europa, por mais famosas e populosas que sejam [...] porque ousarei afirmar que todas estas não se podem comparar com a mais pequena coisa deste grande Pequim.”

Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, cap. 107

No dia 25 de outubro de 1977, com menos de dois meses de vida na China, eu escrevia no meu Diário,

ainda inédito, hoje, ano de 2014, eu escrevia recostado no cadeirão do meu pequeno apartamento no Youyi Binguan友谊宾馆, Haidian, Pequim:

“Nas Edições de Pequim em Línguas Es-trangeiras, secção portuguesa, o camarada Fu Ligang trabalha na mesma sala que eu, na mesa mais pequena, à minha direita. É uma espécie de meu secretário. O Fu estudou português em Macau, numa leva de 60 ou 70 jovens chineses que em 1965 a República Popular enviou quase secretamente para Macau, a fim de aprenderem a língua de Camões.

O Fu Ligang sabe bem português. Teve um professor que nunca esqueceu com o nome de Júlio Dinis. Responsável e trabalhador -- creio que é membro do Partido --, hoje de manhã perguntou-me:

“Então camarada António, está a gostar de viver em Pequim, está satisfeito com a China que veio encontrar”?

Assumindo os meus antecedentes meio co-munistas, na versão meio maoísta, ainda com meia convicção política, respondi-lhe mais ou menos nos seguintes termos:

“Sim, vim encontrar um país a crescer, um povo simpático e tenho boas condições de vida e de trabalho. Depois, estou a dar o meu pequeno con-tributo para ajudar a construir o socialismo, para a criação do homem novo, para a construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor”.

O Fu Ligang ouviu o meu discurso impas-sível, um levíssimo sorriso a aflorar nos lábios e, passados uns longos segundos, disse, em ex-celente português:

“O camarada é ingénuo.”E não houve mais conversa. Durante o res-

to da manhã debruçámo-nos sobre os textos a traduzir e a corrigir.

SegredoS de um diário de Pequim

O Fu deve ter razão. Nestes meus quatro anos de Pequim, vou tentar entender e digerir a minha ingenuidade.”

No dia 7 de Dezembro de 1978, com trinta e um anos de idade, exac-tamente na mesma cadeira, no mesmo Youyi Binguan, uma mastodôntica re-sidência e hotel, com três mil quatros para estrangeiros de cinquenta e dois países diferentes, europeus, latino--americanos, asiáticos, alguns africa-nos, muitos revolucionários de revolu-ções falhadas ou impossíveis, deserda-dos e frustrados de esquerda, maoistas na decadência, como eu, arrivistas e chico-espertos, trotsquistas, anarquis-tas, refugiados políticos, gente boa e vulgar, e chineses, claro, eu escrevia:

“A lanterna do desânimo acende-se num dos recantos de mim. Ilumina este sentir azedo de quem anda amiúde pontapeando a lua com sapatos de papelão. Sei de coisas grandes que olhos pequenos não vêem, das palavras boni-tas e acções execrandas, do desaforo de gentes mascaradas que trazem orquídeas nos dedos e cultivam cardos no coração.

Falo cada vez menos. Acentua-se este pen-dor para uma quase misantropia, não inata, adquirida ao longo dos sinuosos caminhos que conduziram à decepção, à tristeza, aos olhos cheios de lágrimas diante de tanta vilania hu-mana.

Mas em mim também a vontade feita água e vento e fogo de circular nas artérias da paisa-gem dos homens, de respirar ao ritmo dos dias sempre novos, com flores e espinhos alimentados pelo húmus da terra.

Cansado. Dói. Ainda bem. O silêncio após a berraria dos gestos, as palavras fingidas, o estertor dos sonhos, mais o labor fecundo.”

Em 1978, em Pequim, eu não havia ainda lido Zhuang Zi (369 a.C.- 286 a.C.) não sabia sequer quem era este homem, um dos maiores escritores e filósofos da China de sempre. Mas es-tava no bom caminho para aprender com o mestre do taoismo filosófico, que explicava assim, no capítulo 17 do seu Livro:

“Aqueles que afirmam existir o correcto e o justo sem o seu correlativo, o incorrecto e o in-justo, ou o bom governo sem o seu correlativo, o mau governo, não compreendem os grandes princípios do universo nem a essência de toda a criação. Como se pode falar da existência do Céu sem se referir a existência da Terra, ou do princípio positivo sem se referir o princípio

negativo? No entanto, ainda há pessoas que continuam estas intermináveis discussões. Essas pessoas ou são loucas ou são ingénuas.”

No Diário de Pequim, a 1 de Março de 1979, eu escrevia:

Os anos passam. Vou-me conhecendo me-lhor, e conhecendo a China.

Creio que em parte alguma foi tão herói-ca a gesta daqueles que acreditaram e lutaram pelo socialismo, mas nesta terra, como noutras onde chegou ao poder, tem sido sistematicamente martirizado. Na União Soviética e satélites, o socialismo foi arrasado há muitos anos, mas quando vim para a China ainda embarquei na esperança de encontrar aqui um socialismo mais humano, verdadeiro, real. O marxismo pressu-punha caminhos de acordo com ideais nobres e elevados. A utopia era posível de alcançar, daria origem a um mundo novo.

Mas, neste país, e nos outros, as distor-ções, as malquerenças, as incompreensões, os ódios, a parte pelo todo, o todo pela parte. O critério simplista de colocar o campesinato e o proletariado de um lado e do outro a bur-guesia, ou a nova burguesia vermelha. O es-quematismo falhava porque havia falsificação nos dados, alguns enganaram muitos, muitos enganaram-se a si próprios. Uns poucos (de-zenas de milhões numa China superpovoada!) sofreram inenarráveis sofrimentos, o achinca-lhar permanente de gente honesta que gradual-mente viu ruir o palácio de sonhos que andava construindo há um ror de anos. A loucura de homens sensatos. E o muito sangue a correr, também em feridas abertas nas artérias do es-pírito e da alma, essas que nunca mais cicatri-zam. Pobre Marx!...

Sempre foi difícil governar os homens. O bem maior de uma política será o de procurar o mal menor porque o bicho homem é infatigável a morder-se a si próprio, a morder os outros. Somos assim. Trazemos uma canção nos lábios e uma pistola na axila, uma flor nos dedos e uma faca no cinto, um sorriso no rosto e uma pedra no bolso. Alguns só trazem metralha. Os ingénuos e puros cilindram-se.

Estou mais dono de mim, perdendo forças, adquirindo novas forças. Ser jovem é, muitas vezes, navegar na imaturidade. Lutar por, gos-tar de, é o compromisso, é tentar fazer nosso o que quase sempre nos será alheio e estranho. Assim é, tantas vezes no amor, e também na política.

A 6 de outubro de 1982, em Xan-gai, já com cinco anos de vida na Chi-na, eu regressava ao grande Zhuangzi e copiava para o Diário um excerto da mi-nha tradução do capítulo 7 do seu Livro.

Não procures a fama, não antecipes nada, não te deixes absorver por diversas tarefas. Não penses que sabes, tem consciência de tudo o que existe, e habita o infinito. Caminha por onde não há caminho, sê tudo o que te é concedido pelo Céu, mas actua como se tivesses recebido coisa nenhuma. Permanece no vazio, é tudo.

O espírito de um homem perfeito é como um espelho. Não agarra nada, não espera nada, reflecte tudo mas não segue nada.

DeslizanDo no asfalto Da praça tian’anmen天安门

A enorme praça Tian’anmen 天安门, a da Porta da Paz Celestial, é o centro da cidade de Pequim, é a Estrela Polar em volta da qual, ao modo chinês de entender as coisas do espaço e do tem-po, todo o mundo gira. Ali, diante da praça, se situa a entrada sul para o Pa-lácio Imperial mandado construir pelo imperador Yong Le, em 1403, na dinas-tia Ming, ali, se eleva o túmulo de Mao Zedong, no meio fica o monumento aos Heróis do Povo, mais ao lado o Banco da China. Tian’anmen está indissocia-velmente ligada a acontecimentos mar-cantes na História chinesa, como a ma-nifestação de estudantes de 4 de Maio de 1919, a pedirem, na época, liberdade e uma China unida e forte, Tian’anmen foi o palco da proclamação da Repúbli-ca Popular da China, em 1 de outubro de 1949, das gigantescas manifestações de apoio a Mao e à Grande Revolução Cultural em 1966. De um lado e outro da praça, a leste, encontramos o Museu Nacional da China, a oeste, o Grande Palácio do Povo, onde funciona a As-sembleia Nacional Popular e onde são recebidos os chefes de Estado de visi-ta ao velho Império do Meio. Na praça Tian’anmen têm sido feitos os maiores desfiles militares e de massas a que o mundo alguma vez assistiu. Ali foram massacrados algumas centenas de estu-dantes que em 1989, tal como em1919, pediam mais liberdade e mais democra-cia para a China.

Nos meus quase cinco anos de vida em Pequim, entre 1977 e 1982, atra-vessei Tian’anmem centenas de vezes. Com 444 mil metros quadrados de as-fixiante grandeza e de História, a praça fica quase sempre a caminho de quem quer que seja que cruze a cidade, de leste para oeste, de norte para sul.

Tenho um episódio para contar passado comigo em Tian’anmen, não muito edificante mas original, o breve

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hoje macau segunda-feira 23.06.2014

retrato de um português residente em Pequim que andou em bolandas, raste-jando pelo asfalto da praça, no já dis-tante ano de 1981. Transcrevo o que escrevi então no meu Diário secreto, a publicar um dia:

Pequim, 30 de Abril de 1981

Cheguei a Pequim em 1977 e durante três anos e meio pedalei como bom chinês por tudo quanto era avenida, praça, alameda, rua, vie-la, travessa, beco, atalho da capital da China. Acabado de me instalar, comprei uma bicicleta, verde, enorme, pesadona e, como quase todos os descendentes dos filhos do dragão, passei a ter duas rodas para andar.

Mas pedalar cansa e agora, quando o João de Deus Ramos, ministro conselheiro da nossa embaixada e meu amigo, - que em 1979 abriu a representação diplomática portuguesa em Pequim -, após o seu excelente trabalho de diplomata embalou as trouxas para rumar para outras paragens, comprei-lhe barata uma esplendorosa bicicleta a motor, uma Peugeot 102, azul, maneirinha, ainda uma raridade na China, um luxo europeu para circular como um príncipe por dentro do denso pelotão das três milhões de bicicletas a pedal que permanente-mente se estendem pelas ruas de Pequim.

A semana passada fui buscar a mini-mo-torizada ao quarteirão de Jianguomenwai, a

casa do João de Deus de Ramos. Montei deliciado na nova máquina e aí

vim eu de regresso a casa, alegre e lampeiro pela grande avenida Chang’an Dajie.

Começou a chover, uma chuva miudinha, aquela morrinha que encharca tudo. Passei o Hotel Pequim, entrei em Tian’anmen e avancei encantado com a minha mota pelo coração sim-bólico da China.

À saída da praça, mesmo em frente ao Ren-min Dahui Tang, o Grande Palácio do Povo, só reparei que os semáforos estavam na luz ver-melha em cima do traço largo no asfalto. Travei gloriosamente a Peugeot 102, travões a fundo como costumava fazer na bicicleta a pedal. E a mota estacou de súbito e derrapou no piso mo-lhado, saiu disparada para a direita raspando no chão durante mais de vinte metros. Eu saí disparado para a esquerda, deslizando também na avenida uns bons pares de metros. Felizmente não havia carros à volta. Parei esparramado no chão, torcido e magoado. Os jeans na perna esquerda estavam rasgados e tinham sangue. Levantei-me combalido, a coxear. Nada de grave, podia caminhar, mas a minha preocupa-ção era a mota. Numa dúzia de segundos havia uma centena de chineses em volta de mim, mais duas centenas de chineses em redor da mota. Na altura, acabara de ler, de enfiada, o que diz Molero, do Dinis Machado, e ali, em Pequim, em plena Praça Tian’anmen, a caminhar cam-baleando para a mota, só me vieram à mente

e à boca as palavras pronunciadas em situa-ção semelhante, mas em Lisboa, no bairro da Madragoa, pelo personagem Marocas Papa--Milhas, um dos figurões do Molero, do Dinis Machado. Abri bem os pulmões e gritei para os chineses, em bom português:

“Foda-se, foda-se, não mexam na mota, não mexam na mota!”1

na GranDe muralha Da China, ao Compasso Do tempo

Por volta de 1545 escrevia o nosso João de Barros, no cap. VII do Livro Segun-do da sua Terceira Década da Ásia:

“Uma maravilhosa cousa tem esta região da China. (…) um muro que corre de Ponente de uma cidade de nome Ochioi (será Jiayu-guan?) que está situada entre duas altíssimas serras, quase como passo e porta daquela re-gião e vai correndo para o Oriente até fechar em outra grande serrania que está bebendo em aquele Mar Oriental em modo de cabo. O qual muro dizem que os reis daquela região da China mandaram fazer por defensão contra os povos a que nós chamamos tártaros.” (tratar-se-á dos mongóis e dos manchus).

Também Luís de Camões, em pleno século XVI, dá testemunho da existên-cia da Grande Muralha da China:

Olha o muro e edifício nunca cridoQue entre um império e outro se edifica,Certíssimo sinal e conhecido Da potência real, soberba e rica

Os Lusíadas, canto X, 130

Fernão Mendes Pinto dedica-lhe todo o capítulo 95 da Peregrinação e dá--se mesmo ao rigor de explicar:

“Este muro vi eu algumas vezes e o medi, que tem por todo em geral seis braças de alto e quarenta palmos de largo.”

E acrescenta:

“O rei que então reinava na China, recean-do-se de outro poder e confederação semelhante à passada (a conquista mongol) a que ele não pudesse resistir determinou fechar com um muro toda a raia deste império. (…) Para a ajuda desta obra tão importante lhe deram mais duzen-tos e cinquenta mil homens para nela trabalhar.”2

Muita gente de qualidade, de Men-des Pinto a Kafka, tem a vida atravessa-da pelo imaginário da Grande Muralha da China. Até há quem acredite que

19 artes, letras e ideias

(Continua na próxima página)

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será a única construção modelada pela mão do homem que poderá ser vista desde a Lua. Pura invencionice. Como lobrigar, a olho nu, uma muralha que tem em média cinco metros de largu-ra, por sete de altura a mais de 300 mil quilómetros de distância?

Quando em 2003, a China enviou para o espaço o astronauta Yang Liwei杨利伟, o primeiro homem da era es-pacial chinesa, foi-lhe pedido que ao voar numa órbita a 400 quilómetros da distância da superfície da Terra, e do solo da China, identificasse o recorte da Grande Muralha. Para tristeza de todos, Jinwei não conseguiu ver ri-gorosamente nada. Nem mesmo de avião, a dez mil metros de altitude a Muralha é visível.

A Grande Muralha da China, em chinês Wanli Changcheng万里长城 que significa “extensa muralha dos dez mil li”, tendo cada li里a distância de 536 metros, foi construída tal como hoje a conhecemos (em alguns sec-tores reconstruída) a partir de 1370 pelos Ming acabados de chegar ao poder. Estende-se por mais de cinco mil quilómetros, desde o mar em Sha-nhaiguan, na província de Hebei, até Jiayuguan, nos confins da China, já dentro do deserto de Gobi, na provín-cia de Gansu.

No período dos chamados Reinos Combatentes (475 a.C.-221 a.C.) os diferentes principados começaram a construir muralhas em adobe, terra e alguma pedra para defender os seus territórios do reino vizinho. Quando Qin Shihuangdi 秦始皇帝 (260 a.C.-210 a.C), o primeiro imperador, unifi-cou pela primeira vez todos os reinos e terras da China, deu ordens para a construção de gigantescas muralhas que acabariam por unir as já existentes, delimitariam a fronteira e possibilita-riam a defesa efectiva do império, so-

20 hoje macau segunda-feira 23.06.2014h

bretudo contra os bárbaros xiongnu匈奴, os hunos, povos das estepes e ter-ras frias do norte, antecesores de mon-góis e manchus, que faziam frequentes sortidas para sul sobre os territórios dos han汉, os chineses propiamente ditos.3

Durante muitos séculos, com no-vas dinastias e mais divisões entre norte e sul, com diferentes poderes políticos e militares fragilizados, in-capazes de defender extensas linhas de fronteira, a Muralha dos tempos de Qin Shihuangdi caiu no esquecimen-to, desmoronou-se com o passar do tempo.

Em 1368, a dinastia Ming 明ascen-deu ao poder e governaria o império até 1644. Tinham acabado de derro-tar a breve dinastia Yuan 元 (1279-1368), dos estrangeiros mongóis que com Kubilai Khan, o neto de Gengis Khan, haviam conquistado facilmente a China mas não haviam sido capazes de conservar o poder, absorvidos por uma civilização chinesa que lhes era nitidamente superior.

os Ming, orgulhosamente chi-neses, decidiram muralhar todas as grandes cidades e vilas da China e reconstruir a Grande Muralha, com novos traçados e extensões. Foi um trabalho gigantesco que se prolon-gou por mais de cem anos e que do-tou o império do que se pensava ser um imenso muro intransponível para qualquer exército vindo da Ásia Cen-tral, da Mongólia ou da Manchúria. A capital fixou-se em Pequim, para segurança das fronteiras com impor-tantes destacamentos militares insta-lados a setenta ou cem quilómetros dos importantes troços da Muralha que separavam a China das terras bárbaras do norte. É esta a Grande Muralha da China que conhecemos e visitamos hoje, a partir de Pequim,

também delapidada pelo passar dos anos e pelas necessidades dos ho-mens. Nos séculos XIX e XX alguns troços da Muralha foram desmancha-dos e a pedra, já cortada em blocos facilmente desmontáveis e transpor-táveis, foi utilizada na construção dos mais variados edifícios. No início dos anos oitenta do século passado, eu vivia ainda em Pequim e recordo a polémica suscitada por causa do desmembramento de um pedaço da Grande Muralha levado a cabo por uma unidade militar que utilizou a pedra para a construção de um novo quartel. A notícia veio nos jornais e os soldados foram obrigados a des-mantelar o que já haviam construído e a repor os milhares de paralepípe-dos de pedra na Muralha original.

Estas utilizações do antigo para se edificar o moderno, têm sido comuns ao longo da história da China. Até em Portugal já se cometeram aleivo-sias, barbaridades semelhantes. Em 1579, o cardeal D. Henrique que en-tão nos governava, deu ordens para ser destruído o teatro romano exis-tente no centro de Évora para, com a pedra do milenar mas, pensava-se, inútil teatro, se construir a igreja de Santo Antão ainda hoje existente na praça de Giraldo, no coração da bo-nita cidade alentejana.

o nosso Conde de Arnoso (Ber-nardo Pindela), um dos “Vencidos da Vida” viajou para a China em 1887, como secretário de Tomaz de Sousa Rosa, que iria assinar o Tratado de Amizade e Comércio Luso-Chinês firmado em Pequim entre os nossos países, em Dezembro desse ano. Da longa viagem e estadia deixou-nos o Conde de Arnoso excelentes e deta-lhados textos que reuniu depois em livro. Visitou a Muralha e escreveu:

“Chegámos ao ponto culminante. Para deante e para traz, tanto quanto a vista póde alcançar, sempre a grande Muralha desenro-lando-se, descendo, subindo, tão identificada com as montanhas que parece ter nascido das próprias convulsões da terra. Por sobre as nos-sas cabeças o sol esplende triumphante, fazen-do reluzir os cumes afastados cobertos de neve.

Do parapeito, meio desmoronado, arran-camos um pesado tijolo. Carregamos com elle até Pa-Ta-Ling e conserval-o-hemos sempre como a mais preciosa reliquia de toda a nossa peregrinação pelo mundo.”4

Sabemos que, da China, além do tijolo, o conde de Arnoso trouxe uma deslumbrante cabaia azul que ofere-ceu ao seu bom amigo Eça de Quei-rós que se fez fotografar com ela em Paris, e está hoje na casa-museu de Tormes, em Stª. Cruz do Douro. Mas que será feito do tijolo da Muralha da China?

Não tenho a presunção de ser o português que melhor conhece a Grande Muralha. Mas é verdade que, em tantos anos de viagens por toda a China, fui muitas vezes ao seu encon-tro, nos mais variados lugares, das pro-víncias de Hebei a Gansu, de Shaanxi a Ningxia, de Shanxi aos espectacu-lares troços, lá do alto com vistas de estarrecer, nos municípios de Pequim e Tianjin. A muralha em Badaling, vi-sitada pelo conde de Arnoso em 1887, e em Mutianyu, cem quilómetros a norte de Pequim, serão porventura os dois lugares mais enraizados no corus-car sinuoso dos montes do império. Na mesma zona, valem também a pena os troços de Simatai e Jinshanling, só par-cialmente restaurados.

Numa das idas a Mutianyu (a últi-ma visita a esta extensão de muralha foi em Setembro de 2013, com o Cen-tro Nacional de Cultura) escrevi, no ano de 2009:

Loucos, os homens levantaram a Muralha da China,enlaçada na crista das montanhas,subindo, descendo, agarrada aos ossos da terra,nos atalhos do vazio, no silêncio do nada,Em Mutianyu, o verde quebrado de buxos e árvores,penas esmeralda atapetando encostas de mármore.A pedra cinza e branca elevando-se no espaço,restos de nuvens debruando rasgões no céu azul.Ameias em ruínas, em precário equilíbrio, a solene Muralha imperial delapidada pelo vento dos séculos.Mas sempre, Verão após Verão, o canto cadenciado das cigarras.

Amantes do silêncio, os torreões suspensos no céu, mordem o vazio.5

1) Área de investimento financeiro - realizar estudos, de natureza técnico-científica, e elaborar pareceres e propostas, em matéria de investimento financeiroRequisitos:• Sejam residentes permanentes da RAEM;• Estejam habilitados com licenciatura ou grau superior

na área de investimento financeiro, finanças, gestão de empresas, contabilidade ou matemática;

• Possuam pelo menos 6 anos de experiência profissional na área de gestão e análise de investimentos financeiros;

• Possuam certificado profissional de analista financeiro (Chartered Financial Analyst – CFA) ou qualificações profissionais internacionalmente reconhecidas no domínio da Contabilidade;

• Bom domínio da língua inglesa.2) Área de informática - realizar estudos, de natureza técnico-científica, e elaborar pareceres e propostas, relativos à auditoria, avaliação de risco e gestão de sistemas informáticosRequisitos: • Sejam residentes permanentes da RAEM;• Estejam habilitados com licenciatura ou grau superior em

Informática ou afins;

• Possuam pelo menos 8 anos de experiência profissional na área de auditoria, segurança e gestão de riscos de sistemas informáticos, dos quais pelo menos 5 anos de experiência profissional na área de auditoria e gestão de riscos de sistemas informáticos do âmbito bancário e financeiro;

• Possuam certificados válidos de CISA/CISM/ CRISC /ISO-IEC 27001 Lead Auditor/ ITIL;

• Conhecimentos profissionais de gestão de operações de sistemas informáticos/ sistemas de redes/ centro de dados informáticos.

As funções acima referidas serão exercidas em regime de contrato individual de trabalho, sendo as respectivas remunerações compatíveis com as habilitações académicas e profissionais, e experiência profissional. As canditaturas, incluindo os currículos e os demais documentos, deverão ser entregues antes de 14 de Julho de 2014, no Fundo de Pensões, sita na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, n.ºs 181-187, Centro Comercial Brilhantismo, 20.º andar, Macau.

23 de Junho de 2014.

A Presidente do Conselho de AdministraçãoIeong Kim I

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Recrutamento de Consultores Técnicos

1 Dinis Machado, O que diz Molero, Lisboa, Círculo de Leitores, 1978, pag. 37.

2 Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, Lisboa, Ed. Afrodite, 1975, pag. 331.

3 Sobre a construção da Muralha durante o reinado de Qin Shihuangdi, ver a triste história de Meng Jiangnu que conto em Toda a China I, Lisboa, Guerra e Paz Ed., 2013, pags. 340 a 343.

4 Conde de Arnoso, Jornadas pelo Mundo, I- em Caminho de Pekin, II- em Pekin, Porto, Magalhães e Moniz, Ed., 1895, pags. 365/366.

5 Conde de Arnoso, Jornadas pelo Mundo, I- em Caminho de Pekin, II- em Pekin, Porto, Magalhães e Moniz, Ed., 1895, pags. 365/366.

Conde de Arnoso, Jornadas pelo Mundo, I- em Caminho de Pekin, II- em Pekin, Porto, Magalhães e Moniz, Ed., 1895, pags. 365/366. António Graça de Abreu, A Cor das Cerejeiras, Lisboa, Vega Ed., 2010, pag. 37.

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hoje macau segunda-feira 23.06.2014

T enho poucos amigos, mas poucos terão mais amigos do que eu. Que isto da amizade mais comum tanto

se faz e desfaz porque a sua essência é, basicamente, a cumplicidade. Assim, somos mais amigos dos nossos cúmplices, o que é errado, e nem sempre de quem mais gostamos. Pergunto-me mesmo se as grandes antipatias não nascem de alguma atracção... e os grandes ódios de amizades traídas.

A amizade devia ser descoberta e nunca construída, porque assim ela não passa de um produto das circunstâncias. A amizade que se cultiva, em geral, acaba mal. Para que a amizade não se esvaia, os amigos precisam de precisar uns dos outros. então, a sabedoria será manter sempre o outro em dívida ou sujeição, manter sempre algo latente, algo parecido com o medo, algo parecido com o

Carlos Morais José

AmizAdeamor. Mas que não é nem uma coisa nem outra: é, simplesmente, amizade.

Dizem-me que a base da amizade é a confiança, mas confiar é uma necessidade raramente inocente. e — é certo — a amizade pouco tem de inocente. Dos amigos herdamos muito: os seus gostos, os seus gestos, as palavras, as expressões, os seus temas e também os seus inimigos. Todos sabemos que não é fácil ter amigos.

Mas a coisa mais dolorosa num amigo é a traição. É ainda mais dolorosa do que em alguém que amamos porque aí poderão existir mil razões para a traição (por exemplo, a atracção sexual por outra pessoa) e o amigo nunca as tem. Finalmente, é mais dolorosa porque sabe sempre a algo de absurdo, a algo que não faz sentido, nem tem razão de ser. Culpamo-nos de gostar de quem não presta, arrependemo-nos de termos dado algo de nós e, sobretudo, arrependemo-nos de ter, por uma vez, confiado. Confiado

o quê? A intimidade do nosso tempo, da nossa presença, dos nossos gostos, das nossas acções, porque estas intimidades acabam por ser mais importantes que a própria intimidade sexual.

A questão é, afinal, a falta do desejo. o facto de nada querermos dessa pessoa que não seja esse quase nada que é, ao mesmo tempo, um pouco de tudo.

Mas cuja importância relativizamos porque não atinge os limites da sua individualidade, exactamente o território interdito à amizade.

Ao contrário do amor, as amizades escolhem-se, seleccionam-se, embora alguns amigos pareçam ter sido feitos uns para os outros. Ao contrário do amor, a amizade não nos faz chorar, nem clamar, nem berrar, nem nos obriga à loucura. Ao contrário do amor, a amizade parece ter uma existência muito mais concreta e real e talvez por isso esboroável com o passar do tempo. A amizade é uma agulha que nos cose a vida, mas convém que os pontos sejam certeiros e não atinja o coração.

A amizade é feita de silêncios e percebida no silêncio quando este deixa de incomodar.

Só com um amigo conseguimos estar calados, sem que isso tenha importância nenhuma...

A AMizADe É uMA AgulhA Que noS CoSe A viDA, MAS ConvÉM Que oS PonToS SejAM CerTeiroS e não ATinjA o CorAção

21 artes, letras e ideias

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22 (F)utilidades hoje macau segunda-feira 23.6.2014

tempo aguaceiros e trovoadas min 25 max 29 hum 80-98% • euro 10.8 baht 0.2 yuan 1.2

Aconteceu Hoje 23 de junho

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

línguade gato

Um mundo de plásticode vez em quando dá-me a gana e começo a roer sacos de plásticos, mas sempre que me apanham param-me, dizendo que aquilo não me faz bem. Visto que os humanos embrulham tudo em plástico, decidi fazer umas investigações, e o que descobri deixou-me verdadeiramente perplexo.todo este plástico é feito para deitar fora, o que implica um desperdício incrível. uma grande parte dele acaba nos oceanos, onde polui a água e mata um sem número de espécies. além disso, muito dele acaba por ser comido por aves e peixes, por isso, quer a gente queira quer não, ele entra na cadeia alimentar e acaba por voltar a nós, mais cedo ou mais tarde. Mas não há problema, porque podemos sempre incinerar este lixo e resolver a questão de uma vez por todas, certo? errado. Quando se incinera o plástico, as dioxinas criadas aquando da sua produção são libertadas para o meio ambiente. o departamento de Protecção ambiental dos estados unidos (ePa) lançou à pouco tempo um relatório dizendo que as dioxinas são altamente tóxicas e já estão tão disseminadas no ambiente que hoje estamos expostos a elas através da carne e do leite que comemos! além disso temos também o famoso BPa, que até à pouco tempo fazia parte de todos os biberões para bebés. depois descobriu-se que lhes fazia muito mal - pois está identificado como um químico que altera o sistema endócrino e as hormonas por ele produzidas - e foi substituído pelo BPS. agora… já adivinharam, dizem que também este nos faz mal à saúde. Sendo assim, não está na altura de banir as embalagens de plástico? Sei que se pode usar vidro, papel, lona e outros materiais reutilizáveis ou biodegradáveis. Isto pode aumentar o custo do produto, mas quando tomamos em consideração o impacto à nossa saúde e ao meio ambiente, passa a fazer sentido, não? Quando é que vamos ter uma discussão sobre este problema em Macau?até lá, vou é concentrar as minhas energias nos rolos de papel higiénico…

Morre Pedro de Mascarenhas,o explorador de Goa• Portugal é país de grandes exploradores e, pelo excesso de glória do passado, há nomes de autênticos heróis que passam despercebidos no tempo. Pedro de Mascarenhas, o primeiro europeu a descobrir a ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, é um dos nossos tesouros. Recorda-se hoje, no dia em que se assinala a sua morte.Pedro de Mascarenhas foi um explorador, navegador e administrador colonial, 6.º vice-rei da Índia Portuguesa e o primeiro europeu a descobrir a ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, em 1512.Outras descobertas têm a sua rubrica, como a da ilha Maurícia, no mesmo ano, mas há documentos que deixam transparecer a ideia de que noutras expedições, de Diogo Dias e Afonso de Albuquerque, as mesmas terras haviam sido avistadas.O explorador Pedro de Mascarenhas também foi Capitão da Fortaleza de Malaca, entre os anos de 1525 e 1526. Neste último ano, alcança uma importante uma vitória em Bintão. Homem prestigiado, mereceu diversas homenagens pelos seus feitos.Uma delas ocorreu no ano de 1528, quando o explorador Diogo Rodrigues designou as ilhas de Reunião, Maurícia e Rodrigues como ‘Ilhas Mascarenhas’, como tributo. Viria a ser nomeado vice-rei da Índia Portuguesa em 1554, mas apenas ocupou o cargo durante um ano, até ao dia 23 de Junho de 1555, data da sua morte.Nasceram neste dia Carl Reinecke, compositor, professor e pianista alemão (1824), Anna Akhmatova, poetisa russa (1889), Alan Turing, matemático britânico e pai da informática (1912), Armando Cortez, actor português (1928), Ted Lapidus, estilista francês (1929), João Silvério Trevisan, escritor, jor-nalista, dramaturgo, cineasta e activista brasileiro (1944), Jean Tigana, ex-futebolista francês (1955), Fernanda Ribeiro, atleta portuguesa, campeã olímpica (1969), e Zinédine Zidane, ex-futebolista francês (1972).

C I n e M aCineteatro

Sala 1maleficent [b]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley14.30, 16.30, 19.30

edge of tomorrow [c]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry21.30

Sala 2Soul [c]Um filme de: Chung Mong HongCom: Joseph Chang, Jimmy Wong, Leon Dai14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 3edge of tomorrow [c]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry14.30, 16.45, 19.15, 21.30

MALEFICENT

Garbage Warrior é um filme-documentário, dirigido por Oliver Hodge, que retrata a vida e o trabalho do arquitecto Mike Reynolds, o inventor das construções tipo earthship, que são casas feitas a partir de materiais reciclados que estabilizam a sua temperatura. ao mesmo tempo, são alimentadas apenas por energias renováveis e filtram os seus próprios esgotos. O filme mostra os seus primeiros projectos comunitários no Novo México, onde teve vários problemas legais por não obedecer às regras de planeamento previamente estabelecidas. estes problemas duraram vários anos e o arquitecto só viu a sua honra e trabalho reconhecidos quando viajou às ilhas andaman, depois do tsunami de 2004, para participar na sua reconstrução. aí, os seus designs mostraram-se altamente efectivos, permitindo que cada habitante construísse a sua própria casa usando apenas garrafas de plástico, pneus e areia para a fundação destas habita-ções circulares, que acabam por ser muito mais resistentes e baratas do que os métodos de construção tradicionais. a moda entretanto pegou e este tipo de construção começa agora a aparecer um pouco por todo o mundo. - Hoje Macau

GArbAGe WArrior, 2007

u M f I l M e H O j e

Quem tudo quer, já só fede.

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

23opiniãohoje macau segunda-feira 23.6.2014

As prioridadesa outra faceCarlos Morais José

E xistE uma tendência saloia em Macau para copiar o que vem ou o que se faz em Hong Kong. De algum modo, faz--me lembrar o modo como alguns portugueses idolatram a inglaterra, admitindo de antemão que preferiam ser súbditos de sua Majestade em vez de cidadãos de uma

República. No caso vertente, o pior é que Macau e Hong Kong são, de facto, regiões dissemelhantes, com estruturas económicas, sociais e políticas muito diferentes.

Basta pensar que Hong Kong é uma plataforma internacional de negócios, com uma economia baseada nos serviços e na especulação financeira e a parte leonina do PiB de Macau tem a sua origem no jogo. Bastar reparar que em Hong Kong existe realmente uma diversificação económica, enquanto que na RAEM estamos todos, incluindo o Governo, reféns de uma mono--economia de casino e pouco mais.

E não deixa de ser também relevante notar que a prosperidade económica de Hong Kong depende, em grande parte, da sua relação económica com a China continental. Na rea-lidade, o seu interesse económico, a devoção que lhe prestam as empresas estrangeiras e o seu lugar cimeiro nas economias asiáticas estão directamente relacionados com o facto da ex-colónia britânica ser uma ponte para o interior da China.

É também preciso lembrar que sem a Chi-na e a sua intervenção na bolsa (as famosas red chips e blue chips), os nosso vizinhos não teriam sobrevivido à crise asiática. isto é, uma má relação com a China transformaria a RA-EHK num local desinteressante, uma espécie de beco sem saída e rapidamente os interesses internacionais se deslocariam para outro lado qualquer como, por exemplo, xangai.

É claro que em termos de desestabiliza-ção da situação política, existirão “forças internacionais”, como diz Pequim, por detrás da agitação que por lá ocorre. interessará, por exemplo, aos Estados Unidos criar de-sarmonia em território chinês, para ganhar uma vantagem moral perante o mundo e apontar o dedo à Pequim.

A súbita crispação à volta do Mar do sul da China e do Mar Amarelo, as recentes provocações japonesas, vietnamitas e filipi-nas, estão obviamente relacionadas com o títere norte-americano, a quem a ascensão da China no Pacífico assusta, e que se julga no direito de dispor tropas em todo o plane-ta, invadir países e viver ao abrigo de uma crença na sua “exclusividade”.

também a agitação que se vive actual-mente em Hong Kong terá por detrás a mão

americana e talvez dos seus aliados mais próximos, como a inglaterra. O cinismo inglês em relação à sua ex-colónia não parece conhecer limites. Não nos esquecemos que foi nas vésperas de perder o território que aí resolveu começar a implementar proces-sos democráticos e ser arauto de eleições, para passar a batata quente às autoridades chinesas. tal nunca aconteceu enquanto governava a colónia. Convém lembrar que o Macau administrado por portugueses possuía uma estrutura política bem mais democrática que a de Hong Kong...

Como supra foi referido, não dá para comparar as duas regiões, nem encontrar situações políticas iguais para duas terras com regimes económicos tão diferentes. É por isso que a China, sabiamente, não colocou o sufrágio universal na Lei Básica de Macau. só nos faltava que o Chefe do Executivo fosse um testa de ferro dos ho-mens dos casinos, afinal os que têm dinheiro para vencer eleições. Já nos basta um que representa os homens de negócios locais...

Em Macau, ao invés de eleições, cujo resultado, como se vê no caso da Assembleia Legislativa, seria assustador e perigoso, o importante é implementar regras de trans-parência cada vez mais eficazes e controlar melhor as medidas governamentais, no sentido de estas favorecerem primeiro e

claramente a população e só depois os inte-resses dos capitalistas e especuladores locais. Os activistas locais e as suas manifestações deveriam, ao invés de pedirem o sufrágio, estarem preocupadas com a corrupção, o tráfico de influências, a habitação, o trânsito, a poluição e, acima de tudo, uma melhor distribuição da riqueza gerada pelo jogo, no sentido de diversificar a economia e permitir qualidade de vida à população.

O sufrágio universal não é panaceia para nenhum destes males, mas um passaporte

para que os poderosos aqui mandem a seu bel-prazer, ainda mais do que hoje acontece pois estariam legitimados pelo voto popular. De facto, o que é realmente necessário é implementar a legalidade e a fiscalização de modo a credibilizar as acções, muitas vezes incompreensíveis, do Governo.

Mas desastroso seria importar para a RAEM a agitação política e as manobras das “forças internacionais” que grassam em Hong Kong. Com efeito, há quem sublinhe que parte destes activistas têm bolsas de uma funda-ção em Hong Kong sustentada por dinheiro norte-americano. A ser verdade este facto não indica que trabalhem para os EUA, mas dá que pensar. Por que razão os “democratas” de HK não pedem melhores condições de vida e menos desigualdade social, que atinge extremos na ex-colónia britânica? Por que tal não faz parte da agenda da CiA?

Era bom que se preocupassem por aqui com o que realmente nos interessa e não em introduzir elementos exógenos, cuja acção em nada beneficiará a população local, só para provocar uma reacção de Pequim que, eventualmente, deixe mal a China no palco internacional. A população de Macau, a sua qualidade de vida e uma empenhada e verda-deira participação cívica valem muito mais do que isso. Estas é que são as verdadeiras e óbvias prioridades.

Ao invés de eleições, cujo resultado como se vê no caso da Assembleia Legislativa seria assustador e perigoso, o importante é implementar regras de transparência cada vez mais eficazes e controlar melhor as medidas governamentais, no sentido de estas favorecerem primeiro e claramente a população e só depois os interesses dos capitalistas e especuladores locais

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