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Anno ,i r—4- ASSIGNATURAS ( Recife ) Semestre 5$000 Anno 10$000 ¦•>'. mi '.t ¦'-¦-. . (Interior e Províncias) Semestre 6$000 Anno 12$000 As assignaturas come- çam em qualquer tempo e ter_nh_.._-i no ultimo de Fe- vereiro e Agosto. Paga- mento adiantado.—Publi- * ca-se nas terças e sextas- feiras. Recife,—Terça-feira 1 de Julho de 1873 A PROVÍNCIA N 83 CORRESPONDÊNCIA A Redacção acceita e agradece a collaboração. ..-_t,-f .,.: ORGAO DO PARTIDO LIBERAL ¦ I ¦ --- . ... Vejo por toda a parte um symptoma, qne ine assusta pela liberdade das nações e da Igreja: a centralisação. Um dia os povòg despertarno clamando:—Onde as nos- _as liberdades J p. __._i_--Diee. «o Congr. d. Matinês, 1864. A correspondência e as reclamações serão dirigidas ao gerente _.*i>u..ifuu_ ©fo. àt, O. iíseão, á rua Duque de Caxias n* 50 l andar, ou árua Larga dc Rosário n. 24, 2* andar. A PROVÍNCIA Recife, 30 de Junho de 1878 Era o continua a ser nosso pròposi- to voltar a face ás mui pouco dignas provocações personalíssimas dos re- dactores presidenciaes, em cujo ban- co dizem estar sentado o próprio Sr. Lucena. Não andamos a indagar e a repetir, o que escreveu o Sr. Torres Homem contra toda a dynastia de Bragança e contra o Sr. D. Pedro II, a quem hoje vota dedicação sem limites. Não nos merece attenção o que um dia escreveu o Sr. Paranhos áo ami- go ausente, o Sr. Paranhos que é hoje summo pontifice da conservação. Pouco se nos dá, de que um dia o Sr. Araripe tivesse sido constituinte no Ceará, e hoje seja o cura Santa- Cruz de casaca, contra os liberaes. Os nomes próprios nos sahem da penna,emquanto seus donos são consi- derados como funecionarios públicos, ministros, deputados, senadores, presi- dentes, agentes da autoridade ; e isto mesmo quando o reclama a defeza de uma idéia, de um principio. Eis, porem, que a redacção desta fo- lha, eis que os proscriptos liberaes de Pernambuco soffrem diariamente no Diário a tortura da diffamação e da injuria, porque.... porque assim fica provado, que o Sr. Lucena . o melhor dos presidentes passados, presentes e futuros. Temos resistido e resistiremos a tão ignóbil manejo para distrahir a atten- ção dos incautos. Para firmar, porem, a regra, abri- mos uma excepção, pelo muito que nos merece o conspicuo Sr. Dr. José An- tonio de Figueiredo. O illustre, liberal não assignou com os seus collegas de directorio o mani- festo de 17 de Maio : deu as suas ra- zões, decidio-se pelas suas convicções, mas não disputou, não quebrantou re- lações politicas; em suinma, fez como se faz sempre no partido liberal, que não vive, nem poderia viver, como o partido conservador, ao aceno de um sultão transmittido por meia duzia d'eunuchos. Era um negocio doméstico do parti- do, que não dava nem tirava ao atten- tado de 16. Mas, não entendeu assim o Sr. Lu- cena, e no seu estupendo officio inclüe o nome do Dr. Figueiredo, dando cia- ramente a entender pela conspicuida- de d'este, que o directorio liberal ha- via feito ou dito alguma cousa de in- confessavel, alguma cousa que não po- dia ser canonisada por um homem de bem. O nosso illustre amigo, porem, não se deixou levar então, como até hoje, por sorrisos de poderosos; e como um fervente e convencido apóstolo liberal, por isso mesmo que de uma rude inde- pendência, como nm batalhador de longos annos pela restauração dos brios do infeliz Pernambuco, acudio para frustrar o jogo, que se queria fazer com o seu nome. Foi um glorioso civismo, que mui- to. incommodou o Sr. Lucena, o qual de si deve queixar-se, porque acordou o leão que dormia. Publicou o Sr. Dr. Figueiredo esse escripto, que honrou as nossas pa- ginas; e ahi, com a sobranceria do ho- mem de bem, que lhe reconheceu o Sr. Lucena, assentou : - 1/ Que reprovava os actos do dia 14, isto é, que não cortejava o povo em seus erros, por isso mesmo que é liberal. 2.* Que lançava as suas maldições sobre o vandalismo do dia 16, isto é, que os sorrisos de um milheiro de Pa- ranhos e Lucenas não lhe fariam es- quecer nunca a justa causa popular, não lhe arrancariam a arma na santa pugna da liberdade. E j provando na primeira parte a inépcia do Sr. Lucena, deixou eviden- te na segunda a sua vandalica precipi- tação. Era para desesperar, e em parte des- culpamos as'iras cegas do presidente de Pernambuco. Eis que apparece na secção presi- dencial do Diário de Pernambuco um artigo, que arrogantemente annunciou- se cabeça de uma serie, na qual seria refutado o escripto do illustre liberal. Ficaram todos attentos, esperando a demonstração, de que o Sr.Lucena, nem era inepto, nem era, estonteado. E eis que no terceiro artigo tudo se por concluído, depois de muita in- juria, de muita bilis, sobre o nosso amigo. Para prova de que o Sr. Lucena não foi um inepto no dia 14—o Sr. Dr. Fi- gueiredo chamou o povo de poeira. Para prova de que o Sr. Lucena não foi um estonteado no dia 16 o Sr. Dr. Figueiredo não fez sempre do Sr. barão de Villa Bella o juizo, que faz hoje. E assim são sempre os arrazoadas presidenciaes / Se o Sr. Dr. Figueiredo sentisse, que era necessário defender-se, diria talvez: ²Sou um liberal, que nunca se es- quece da ordem, como deve fazer todo o liberal, principalmente o de Pernam- buco, onde apparecem essas almaç, cio outro mundo, de que fallei na câmara, phantasmas engendrados de tempos a tempos pelos conservadores, para as- sustar o pai de familia, e forçal-o a alargar os poderes dos seus chaveiros : isto é, do Sr. Camaragibe e da suafa- milia, que n'isto cifra-se o partido con- servador de Pernambuco. Hei de con- tinuar assim, e assim encarei essa alma do outro mundo do dia 16. ²Sou liberal das conquistas pai- mo a palmo, e dia após dia, assim o tenho dito'sempre, e por bem dofutu- ro de Pernambuco assim pensam e querem os do grêmio, a que pertenço. Hei de continuar assim. ira/são os desordeiros, são todos es* infelizes, que abrem caminho para —- Sou liberal da soberania da na- ção, da soberania do povo, sem que- bra dos direitos indjviduaes e po- liticos de quem quer que seja, e o sou desde 1848. Hei de continuar assim. t— Faliam por mim as minhas dou- trinas politicas no parlamento e na imprensa, onde o povo é a base da mi- nha lógica. Se fallei nas relações na- turaes entre os proprietários ruraes e os seus moradores, não disse nada que não esteja aos olhos de todos: vejam o meu discurso. Não disse, nem podia dizer, que quem compra as terras com- pra tambem os moradores, pois isto não se atreveria a dizer nem o próprio Sr. Camaragibe. Fallei com a verdade, com o que tenho por verdade. Hei de continuar assim. Se na câmara empreguei a ex- pressão poeira, é uma vil intriga essa de darem a entender, que eu me refe- ria ás massas populares, aos meus con- cidadãos filhos do povo, do qual tam- bem sou filho, do qual somos filhos nós todos, como cidadãos de um paiz livre*. Vejam o meu discurso : poeira não é o povo n.o exercicio dos seus direitos, poe: ses as cadeias e casas de correcção. Está no meu discurso. Hei de continuar as- sim. ,— Finalmente, servo da idéia, e da idéia, procuro os homens.para a mi- nha idéia, e não ageito a minha idéia para ser agradável ou desagradável a este ou aquelle homem. Se um dia, no campo dos proscriptos, nos encontra- mos, eu e o Sr. barão de Villa Bella, se ambos olhávamos para o mesmo nor- te, porque um negaria o seu serviço á idéia, em ódio ao outro ? Quanto aos nossos juízos e sentimentos, recipro- camônte um a respeito do outro, onder está a novidade, em que dous homens se julguem e se apreciem diversamen- te, depois de melhor conhecerem-se ? E o que pode ter isto de commum com o Sr. Lucena inepto do dia 24, e o outro Lucena estonteado do dia 16 ? As minhas relações com o Sr. barão de Villa Bella foram cimentadas no dia da desgrença : não nos uniram as ro- sas do poder, esim os espinhos da prós- cripção. Mantenho o que disse. Hei de continuar assim. * Neste sentido fallaria o Sr. Dr. Fi- gueiredo, acreditamos, se lhe pareces- se necessário defender-se. Mas, não lhe tendo assim parecido até hoje, e pensamos que acertadamente tambem não prolongaremos estas li- nhas. O nosso fim está preenchido : dar um testemunho do nosso alto apreço ao severo e convencido Sr. Dr. Figueire- do, que, se alguma vez cahir, não será a impulsos do Sr. Lucena : e ha de cahir em pé, como cahem sempre os luetadores convencidos e desinteres- sados de uma idéia. -Desliariiionla no partido conservador Estabilidade e movimento são as duas tendências naturaes ao homem e á socieda- de, donde se originam os partidos politicos no governo de opinião. Daqueila tendência nasce o partido defen- sor do stata quo, e desta o partido, que recla- ma a reforma. - Levantam-se e cabem estes partidos, for- tificam-se ou se desbaratam, não conforme a conveniência dos homens, mais sim por foiça do movimento das idéas. i- Variam ince__antemente as condicções so- ciaes, segundo as quaes aquellas tendências predominam alternadámente. A conveniência dos homens nem sempre combina com esta evolução natural. Golli- gam-se então os interesses individuaes para oppor barreira as necessidades sociaes. Os partidos sacrificam muita vez o inte- resse publico conservando um poder, que lhes não pertence, desde que as novas con- dicções sociaes contrastam com a tendência, que elle representa. Dahi terríveis convulsões rebentam no seio dos povos; e tanto mais deploráveis, quanto ellas podem sempre ser evitadas. No regimen da publicidade, que preside o desenvolvimento dos povos modernos, não ha poder, que reásta ao embate das idéas, quando lhe são contrarias, por mais forte e compacto, que seja,, o partido, que o sus- tenta.I As idéas em movimento penetram por to- dos ob poros da sociedade, todos insensível- mente dellas se apoderam, porque ellas vêem no ar, que se respira, na palavra, que ouvi- mos, e no escripto, que lemos. E não ha disciplina de partido, que resista a um ata- que desta ordem. E os symptomas da morte se annunciam mui antecipadamente. O partido governan- te vae pouco e pouco se esboroando ; sem o vinculo de um programma.imposto pela con- veniencia publica, os seus laços de união vão se relaxando, e em breve eil-o completamen- te esbandalhado. ¦ Em melindrosa situação se colloca a so- ciedade, quando o partido, que governa se deixa arrastar por amer do poder á esse es- tado deplorável. E a própria causa do par- tido fica sacrificada pelas difíiculdades, que aguardam a sua reorganisação futura. O Brazil assiste actualmente a uma scena desta espécie; e é o partido conservador, que a representa. Tendo-se apoderado do poder, sem que lhe tivesse chegado a sua vez de governar, o partido conservador manteve em seu seio a união, em quanto durou o estado anormal da guerra, e alegria do triumpho, que con- vocavam indistinetamente a todos em torno do pendão nacional. Voltada a sociedade, porém, á sua vida politica interna, conheceu o partido conser- vador, que a tendência predominante no paiz contrastava com o seu estandarte, com as suas tradicções, com o seu passado; e não se resignou, entretanto, a deixar o poder. Caro,bem caro, lhe tem custado este amor ao ambiente das altures: ha dois annos, que a desunião começou a lavrar em seu seio: cada dia nova scisão se a"bre; e a desbarato- nia é hoje o seu espantalho. . Atterrados por este espectro, que em to- dos os.cantos lhe surge diante, elles eoicon- tram um certo consolo em phantasial-o tam- bem no campo do adversário. A Nação, órgão do gabinete, tomou por motte o ultramontanismo do conselheiro Za- charias, em desharmonia com o partido li- beral, e tem glosado por diversas formas, as quaes o Diário aqui vae reproduzindo. « O quebramento da harmonia, diz a'__*._.'- çdo, em uma questão de tal natureza, é sig- nal certo da/decomposição de um partido.» Entretanto em 1871 a questão da enian- cipação, que importava aos alicerces da nos- sa sociedade, dividio o partido conservador de meio a meio. Encandecente luta se travou entre as duas

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Anno ir—4-

ASSIGNATURAS( Recife )

Semestre 5$000Anno 10$000

¦•>'. mi '.t

¦'-¦-.

. (Interior e Províncias)Semestre 6$000Anno 12$000

As assignaturas come-çam em qualquer tempo eter_nh_.._-i no ultimo de Fe-vereiro e Agosto. Paga-mento adiantado.—Publi- *ca-se nas terças e sextas-feiras.

Recife,—Terça-feira 1 de Julho de 1873

A PROVÍNCIAN 83

CORRESPONDÊNCIA

A Redacção acceita eagradece a collaboração.

..-_t,-f .,.: ORGAO DO PARTIDO LIBERAL

¦ I ¦ --- . ...

Vejo por toda a parte um symptoma, qne ine assustapela liberdade das nações e da Igreja: a centralisação.Um dia os povòg despertarno clamando:—Onde as nos-_as liberdades J

p. __._i_--Diee. «o Congr. d.Matinês, 1864.

A correspondência e asreclamações serão dirigidasao gerente

_.*i>u..ifuu_ ©fo. àt, O. iíseão,

á rua Duque de Caxias n*50 l andar, ou árua Largadc Rosário n. 24, 2* andar.

A PROVÍNCIARecife, 30 de Junho de 1878

Era o continua a ser nosso pròposi-to voltar a face ás mui pouco dignasprovocações personalíssimas dos re-dactores presidenciaes, em cujo ban-co dizem estar sentado o próprio Sr.Lucena.

Não andamos a indagar e a repetir,o que escreveu o Sr. Torres Homemcontra toda a dynastia de Bragança econtra o Sr. D. Pedro II, a quem hojevota dedicação sem limites.

Não nos merece attenção o que umdia escreveu o Sr. Paranhos áo ami-go ausente, o Sr. Paranhos que é hojesummo pontifice da conservação. •

Pouco se nos dá, de que um dia oSr. Araripe tivesse sido constituinteno Ceará, e hoje seja o cura Santa-Cruz de casaca, contra os liberaes.

Os nomes próprios só nos sahem dapenna,emquanto seus donos são consi-derados como funecionarios públicos,ministros, deputados, senadores, presi-dentes, agentes da autoridade ; e istomesmo quando o reclama a defeza deuma idéia, de um principio.

Eis, porem, que a redacção desta fo-lha, eis que os proscriptos liberaes dePernambuco soffrem diariamente noDiário a tortura da diffamação e dainjuria, porque.... porque assim ficaprovado, que o Sr. Lucena . o melhordos presidentes passados, presentes efuturos.

Temos resistido e resistiremos a tãoignóbil manejo para distrahir a atten-ção dos incautos.

Para firmar, porem, a regra, abri-mos uma excepção, pelo muito que nosmerece o conspicuo Sr. Dr. José An-tonio de Figueiredo.

O illustre, liberal não assignou comos seus collegas de directorio o mani-festo de 17 de Maio : deu as suas ra-zões, decidio-se pelas suas convicções,mas não disputou, não quebrantou re-lações politicas; em suinma, fez comose faz sempre no partido liberal, quenão vive, nem poderia viver, como opartido conservador, ao aceno de umsultão transmittido por meia duziad'eunuchos.

Era um negocio doméstico do parti-do, que não dava nem tirava ao atten-tado de 16.

Mas, não entendeu assim o Sr. Lu-cena, e no seu estupendo officio inclüeo nome do Dr. Figueiredo, dando cia-ramente a entender pela conspicuida-de d'este, que o directorio liberal ha-via feito ou dito alguma cousa de in-confessavel, alguma cousa que não po-dia ser canonisada por um homem debem.

O nosso illustre amigo, porem, nãose deixou levar então, como até hoje,por sorrisos de poderosos; e como umfervente e convencido apóstolo liberal,por isso mesmo que de uma rude inde-pendência, como nm batalhador delongos annos pela restauração dos brios

do infeliz Pernambuco, acudio parafrustrar o jogo, que se queria fazer como seu nome.

Foi um glorioso civismo, que mui-to. incommodou o Sr. Lucena, o qualde si deve queixar-se, porque acordouo leão que dormia.

Publicou o Sr. Dr. Figueiredo esseescripto, que já honrou as nossas pa-ginas; e ahi, com a sobranceria do ho-mem de bem, que lhe reconheceu o Sr.Lucena, assentou : -

1/ Que reprovava os actos do dia14, isto é, que não cortejava o povoem seus erros, por isso mesmo que éliberal.

2.* Que lançava as suas maldiçõessobre o vandalismo do dia 16, isto é,que os sorrisos de um milheiro de Pa-ranhos e Lucenas não lhe fariam es-quecer nunca a justa causa popular,não lhe arrancariam a arma na santapugna da liberdade.

E j provando na primeira parte ainépcia do Sr. Lucena, deixou eviden-te na segunda a sua vandalica precipi-tação.

Era para desesperar, e em parte des-culpamos as'iras cegas do presidentede Pernambuco.

Eis que apparece na secção presi-dencial do Diário de Pernambuco umartigo, que arrogantemente annunciou-se cabeça de uma serie, na qual seriarefutado o escripto do illustre liberal.

Ficaram todos attentos, esperandoa demonstração, de que o Sr.Lucena,nem era inepto, nem era, estonteado.

E eis que no terceiro artigo tudo sedá por concluído, depois de muita in-juria, de muita bilis, sobre o nossoamigo.

Para prova de que o Sr. Lucena nãofoi um inepto no dia 14—o Sr. Dr. Fi-gueiredo chamou o povo de poeira.

Para prova de que o Sr. Lucena nãofoi um estonteado no dia 16 — o Sr.Dr. Figueiredo não fez sempre do Sr.barão de Villa Bella o juizo, que fazhoje.

E assim são sempre os arrazoadaspresidenciaes /

Se o Sr. Dr. Figueiredo sentisse,que era necessário defender-se, diriatalvez:

Sou um liberal, que nunca se es-quece da ordem, como deve fazer todoo liberal, principalmente o de Pernam-buco, onde apparecem essas almaç, ciooutro mundo, de que fallei na câmara,phantasmas engendrados de tempos atempos pelos conservadores, para as-sustar o pai de familia, e forçal-o aalargar os poderes dos seus chaveiros :isto é, do Sr. Camaragibe e da suafa-milia, que n'isto cifra-se o partido con-servador de Pernambuco. Hei de con-tinuar assim, e assim encarei essa almado outro mundo do dia 16.

Sou liberal das conquistas pai-mo a palmo, e dia após dia, assim otenho dito'sempre, e por bem dofutu-ro de Pernambuco assim pensam equerem os do grêmio, a que pertenço.Hei de continuar assim.

ira/são os desordeiros, são todos es*infelizes, que abrem caminho para

—- Sou liberal da soberania da na-ção, da soberania do povo, sem que-bra dos direitos indjviduaes e po-liticos de quem quer que seja, e o soudesde 1848. Hei de continuar assim.

t— Faliam por mim as minhas dou-trinas politicas no parlamento e naimprensa, onde o povo é a base da mi-nha lógica. Se fallei nas relações na-turaes entre os proprietários ruraes eos seus moradores, não disse nada quenão esteja aos olhos de todos: vejamo meu discurso. Não disse, nem podiadizer, que quem compra as terras com-pra tambem os moradores, pois isto nãose atreveria a dizer nem o próprio Sr.Camaragibe. Fallei com a verdade,com o que tenho por verdade. Hei decontinuar assim.

— Se na câmara empreguei a ex-pressão poeira, é uma vil intriga essade darem a entender, que eu me refe-ria ás massas populares, aos meus con-cidadãos filhos do povo, do qual tam-bem sou filho, do qual somos filhos nóstodos, como cidadãos de um paiz livre*.Vejam o meu discurso : poeira não é opovo n.o exercicio dos seus direitos,poe:sesas cadeias e casas de correcção. Estáno meu discurso. Hei de continuar as-sim.

,— Finalmente, servo da idéia, e sóda idéia, procuro os homens.para a mi-nha idéia, e não ageito a minha idéiapara ser agradável ou desagradável aeste ou aquelle homem. Se um dia, nocampo dos proscriptos, nos encontra-mos, eu e o Sr. barão de Villa Bella,se ambos olhávamos para o mesmo nor-te, porque um negaria o seu serviço áidéia, em ódio ao outro ? Quanto aosnossos juízos e sentimentos, recipro-camônte um a respeito do outro, onderestá a novidade, em que dous homensse julguem e se apreciem diversamen-te, depois de melhor conhecerem-se ?

E o que pode ter isto de commumcom o Sr. Lucena inepto do dia 24, eo outro Lucena estonteado do dia 16 ?As minhas relações com o Sr. barãode Villa Bella foram cimentadas no diada desgrença : não nos uniram as ro-sas do poder, esim os espinhos da prós-cripção. Mantenho o que disse. Hei decontinuar assim. *

Neste sentido fallaria o Sr. Dr. Fi-gueiredo, acreditamos, se lhe pareces-se necessário defender-se.

Mas, não lhe tendo assim parecidoaté hoje, e pensamos que acertadamentetambem não prolongaremos estas li-nhas.

O nosso fim está preenchido : darum testemunho do nosso alto apreço aosevero e convencido Sr. Dr. Figueire-do, que, se alguma vez cahir, não seráa impulsos do Sr. Lucena : e ha decahir em pé, como cahem sempre osluetadores convencidos e desinteres-sados de uma idéia.

-Desliariiionla no partidoconservadorEstabilidade e movimento são as duas

tendências naturaes ao homem e á socieda-de, donde se originam os partidos politicosno governo de opinião.

Daqueila tendência nasce o partido defen-sor do stata quo, e desta o partido, que recla-ma a reforma.

- Levantam-se e cabem estes partidos, for-tificam-se ou se desbaratam, não conformea conveniência dos homens, mais sim porfoiça do movimento das idéas.

i- Variam ince__antemente as condicções so-ciaes, segundo as quaes aquellas tendênciaspredominam alternadámente.

A conveniência dos homens nem semprecombina com esta evolução natural. Golli-gam-se então os interesses individuaes paraoppor barreira as necessidades sociaes.

Os partidos sacrificam muita vez o inte-resse publico conservando um poder, quelhes não pertence, desde que as novas con-dicções sociaes contrastam com a tendência,que elle representa.

Dahi terríveis convulsões rebentam noseio dos povos; e tanto mais deploráveis,quanto ellas podem sempre ser evitadas.

No regimen da publicidade, que preside odesenvolvimento dos povos modernos, nãoha poder, que reásta ao embate das idéas,quando lhe são contrarias, por mais forte ecompacto, que seja,, o partido, que o sus-tenta. I

As idéas em movimento penetram por to-dos ob poros da sociedade, todos insensível-mente dellas se apoderam, porque ellas vêemno ar, que se respira, na palavra, que ouvi-mos, e no escripto, que lemos. E não hadisciplina de partido, que resista a um ata-que desta ordem.

E os symptomas da morte se annunciammui antecipadamente. O partido governan-te vae pouco e pouco se esboroando ; sem ovinculo de um programma.imposto pela con-veniencia publica, os seus laços de união vãose relaxando, e em breve eil-o completamen-te esbandalhado.

¦ Em melindrosa situação se colloca a so-ciedade, quando o partido, que governa sedeixa arrastar por amer do poder á esse es-tado deplorável. E a própria causa do par-tido fica sacrificada pelas difíiculdades, queaguardam a sua reorganisação futura.

O Brazil assiste actualmente a uma scenadesta espécie; e é o partido conservador, quea representa.

Tendo-se apoderado do poder, sem quelhe tivesse chegado a sua vez de governar, opartido conservador manteve em seu seio aunião, em quanto durou o estado anormalda guerra, e alegria do triumpho, que con-vocavam indistinetamente a todos em tornodo pendão nacional.

Voltada a sociedade, porém, á sua vidapolitica interna, conheceu o partido conser-vador, que a tendência predominante no paizcontrastava com o seu estandarte, com assuas tradicções, com o seu passado; e não seresignou, entretanto, a deixar o poder.

Caro,bem caro, lhe tem custado este amorao ambiente das altures: ha dois annos, quea desunião começou a lavrar em seu seio:cada dia nova scisão se a"bre; e a desbarato-nia é hoje o seu espantalho.

. Atterrados por este espectro, que em to-dos os.cantos lhe surge diante, elles eoicon-tram um certo consolo em phantasial-o tam-bem no campo do adversário.

A Nação, órgão do gabinete, tomou pormotte o ultramontanismo do conselheiro Za-charias, em desharmonia com o partido li-beral, e tem glosado por diversas formas, asquaes o Diário aqui vae reproduzindo.

« O quebramento da harmonia, diz a'__*._.'-çdo, em uma questão de tal natureza, é sig-nal certo da/decomposição de um partido.»Entretanto em 1871 a questão da enian-cipação, que importava aos alicerces da nos-sa sociedade, dividio o partido conservadorde meio a meio.

Encandecente luta se travou entre as duas

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2 A Provinciaw

fracções do mesmo partido; denominando-se ambas conservadoras. .,

Desappareceu a questão, e a scisão conti-nuou se aprofundando.

Travaram peleja no campo eleitqraf, e o,fracção governante foi vencida em u,niaelei-ção de senador.

Novo combate se annuncia ao abrindoparlamento, e nova derrota soffre .o governo.

Pela primeira vez vio-se então em um go-verno de opinião uma câmara dissolvida porum gabinete derrotado em um voto de con-fiança pelo seu próprio partido!

Este acto tornou impossível a antiga uniãoconservadora, e as eleições geraes, se bemsob á pressão do governo, o demonstrou,mandando a câmara membros da dissiden-cia.

Nova questão importante vem dominar oespirito .publico;, os partidos tinham* quecerrar fileira. ant.e,a nova reforma eleitoral;e além da dissidência conservadora, a frac-ção, que tinha ficado no poder, vê-se de no-vo dividida, e nos principios.capitães da.re-forma. Os chefes, que circumdavam o go-verno, destacam-se cada qual para seu lado,e ostentam esta divergência perante a na-çao. ... .

Entretanto, ainda mais dura provança es-tava reservada ao partido conservador. Aemancipação tinha-lhe roubado a metade dasforças; o tinha impossibilitado de governarse não fosse a vontade do Imperador Areforma eleitoral veio ainda dividir o resto,e, como se tanta fraqueza não bastasse, sur-ge a questão religiosa para plantar a sciBãono seio do próprio gabinete.

Não se trata. de uma desunião eneobertapelos reposteiros, que. costumam minar ospartidos, que governam ; não, as scisões, quetem soffrido o partido conservador, teem si-do estripitosas.

Ainda a ultima, provocada pela questãoreligiosa, ficou bem conhecida do paiz, por-que os ministros—levianamente—declararamna câmara as suas opiniões individuaes., Junqueira e Azevedo declaram-se ultra-montanos, e o Paranhos, grão-mestre da ma-çoharia, defende a suppremacia do Estado.A opinião publioa faz pressão exigindo umadecisão entre estas-duas opiniões, e trium-pha o chefe do gabinete..

Novo espectaculo vae agora offerecer opartido conservador ao^pai/. Já não é só-mente uma coberta dè' retalhos, onde a des-união ostenta a fraqueja de todos; esta mes-ma coberta foi enlameada.

Junqueira e Azevedo conservam-se noga-binete depois da victoria do Paranhos ü j

Este' sacrificio apparatoso dos brios epundonor politico de cidadãos encarregadosda direcção do Estado i e de uma tristeza so-lemne! ..._.... Devemos riscar da his-toria da pátria esta passagem, da impuden-cia pelas regiões do poder.

Agora, Srs. da Nação, dizei-nos de que la-do está a fraqueza pela desunião do partido?Se ha quebramento da harmonia no partido li-beral, porque o Sr. Zachârias, àttendendo ássuas convicções religiosas, divergio do par-tido, dizei-nos, o que ó feito.da harmonia nopartido conservador ? Se esta falta de liar-" monia denota, como dizeis, decomposição,achar-se-ha porventura ainda composto opartido conservador, em cujo seio a desaven-ça encarniçada trabalha fortemente já hadois annos ?

Srs. da Nação e do Diário, o partido con-servador não sacrificou somente ao goso dopoder as suas tradicções, a sua cohesão e asua força; nuvem mais escurecida volteieem torno do seu corpo moribundo ;... ao fumo,, que exala o sacrificio do pudor.

Impudeaacia Presidencial' X

Quando o mar está calmo todos os pilotosparecem mestres na arte de manobrar: seas ondas subleváo-sé, então certo é o nau-fragio do barco, não tendo a tripolaçãò ecommandante bastante coragem e sanguefrio, muita perícia e recursos d'animo.

Perdem-se sempre os governos de homenssem pratica administrativa, e sem tino eprespicacia, para dirigirem o leme do esta-do: qualquer pequena agitação ou movimentosocial os atterra, e abate. Somem-se-lhes obom senso,arazão, e suecumbem ante os ácon-tecimentos, mostrando nas medidas extrava-gantes que praticão, _ extrema incapacidadeque os assignala. *..*p

Dahi essa serie de attentados e crimes quea historia imputa com razão a taes gover-nos.

A autoridade no dia 14 e 16 mostrou-se talqual era, nem mais nem menos do que era;debalde a construcção do seu officio dé 20

accumula falsidade sobre falsidade, calum-nia sobre calumnia, contra seus adversáriospoliticos. O próprio officio será o melhortestemunho, perante os ;i?indoi_í___S0£,_lda eyi*dente incapacidade do seu autor, ffo é pataos contemporâneos que temos o trabalho défazer esta analyse, porque Rocios i|jbesencia|rãó!os fàctos,;::é, conhlcfem eòmo oslfem aduí^térado e ÍaMficadoí;na oorresponáencia offi-ciai o celeberrimo Pereira de Lucena.

Depois de esmagada a insigne calumnia.de haver algum jesuíta holeitb da dôr sidovictima do punhal do sicario, calumnia des-truida completamente com pb corpos!.'dó de-lictoque ex-officio,fez a autoridade; Já nãoserá preciso grande esforço, detraciócinio edemonstração, para convencer áos que noslerem, dessas estupendas inexactidões, des-sas grosseiras falsidades que*á cada periododo officio se encontráo. , jjr •.

O Sr. Lucena entendeu ' qú'é ò maior nu-

mero dellas seria o meio 'de pòr do seu lado

a verdade: só conseguio mòstòar ò seu ca-racter. C esteiro que faz \uUiff3estp, faz umGe^?-- l 3 í ii

"nàmy '0w& M-$ í i&oKNao daremos a todas ampla ref^taçao, masas mencionaremos ainda ttmaWor uma (dasem que íiao Miamos) para que; não escapenenhuma .circumstançia, rieflhumt. caracte-ristico dos dias nefastos da epoefia que atra-vess.amos. .*.,//•

Confrontem o que '< ternos' escripto com o

que vamos apontar : as contradições conti-nuao, e vão sempre mantendo a unidade nosdespropósitos e desatinos do governo, a uni-dade na—impudencia presidencial—.

Como. nos períodos anteriores já analysa-dOs, o senhor Lucena contradiz-se semprenos ulteriores'. mv.í y-,M{Í> ti iih'/-''-.. '-. ¦ ¦

Continua a dizer que o povo foi convocadoem nome dos sentimentos que o trazião des-peitado na questão religiosa; què esta erao fim ostensivo da reunião;; mas que por de-traz dessa manifestacao.se havia oceultado oespirito partidário que motivou os excessosque alguns individuos desvairados praticarãocomo cegos instrumentos cios promotoresdaquella reunião. [í?iIJ<(íJf| ííjiéi

Se o povo foi convocado emnome dos sen-timentos de despeito contra a questão reli-giosa, se esta era o fini da reunião, é eviden-te que não havia politica no movimento ; sesó alguns individuos desvairados praticarãoos excessos, é evidente que nelles não tomouparte partido nenhum politico; se esses pou-cos individuos desvairados forão oiidnstrir-mentos cegos de algum despeito ou' animo-sidade, é evidente que os promotores da reu-nião, forão aquelles a cujo despeito serviaoosindividuos desvairados como cegos instru-mentos.

Mas, o despeito do povo provinha da quês-tão religiosa-, questão religiosa, que se agita-va entre o Bispo e os, maçons; logo quempromoveu a reunião não forão os liberaes, emenos o directorio do partido, para realisa-ção de seus tenebrosas planos.

A causa dos excessos foi a provocação epis-copai qué produzio os sentecimentos de cies-peito popular: todos quantos estavam domi-nados por tal despeito concorreram para osexcessos de alguns desvairados. Nesta parteo Sr. Lucena foi distineto protogonista.

Ninguém mais despeitado que S. Exc. naquestão religiosa. S. Exc. ó maçou í, pri-meira razão de despeito na questão religio-sa; S. Exc. ó agente do poder executivo, de-legado do governo, aos quaes o Bispo pro-curava subjugar ao seu poder espiritual; i S.Exc. não contrariava no Diário a reaçãocontra o Bispo e jesuitas, mas se não man:dou escrever,, consentio que se escrevesse noórgão official artigos frisantes oontra o Sr.D. Vital e suas theocraticas doutrinas ; S.Exc. frateniisou e regosijou-se com todas asreuniões anteriores, auimando-as com suaacquiescencia, recebendo vivas e ova.ções dosdespeitados na questão religiosa; S.Exc.era o maior e mais profundamente despeita-do pelo acinte e insulto directo do Bispo,que burlou o acto governamental, da licençaao padre Faria, com a promptá, immediata,e insolente suspensão e.c-informata conscienktia. ,,¦¦',.'¦'

Se portanto o povo foi convocado em no-me, dos sentimentos que o trasiam despeitadona questão religiosa, é claro qu!e foi convo-cado em nome dos sentimeutos do Sr. Perei-ra de Lucena

Com taes premissas, as conseqüências ne-çessarias condemnam ao presidente da pro-vincia.

Mi ;id ¦^.ií-ií^nim _> 0*070.2

fizeste ainda:5' ??,fn? •?*''.•'¦« O plano, porém; estava bem preparado;e o pobre povo illudido pela oantilenaclosfalsos apóstolos da liberdade, foi mais umavez ò degráo, de que se serviram os preten-sos patriotas, para consecução de seus finsaltamente reprovados. »

Que cabeça ouça! Como concebe S. Exc.plano bem preparado, e só executado por al-guns desvairados ? Como concebe plano bempreparado; só produzindo excessos ? Comoconcebe plano bem preparado,

'sendo forma-<3o pòrsentimentos de despeito, tão cego,

d òs cegos instrumentos que o executa-.vam ?1 I

Não,Í8r. Lucena, o povo não foi illudidopelos apóstolos da liberdade, porque V. Exc.já disse qúe elle foi arrastado, illudido pelossentimentos dé despeito ná questão religio-sa. *

Se na agitação religiosa houve algum falsoapóstolo da liberdade, algum pretenso pa-triota, que fez do povo degráo para conso-cuçáo de seus fins altamente reprovados, apSr. Lucena, cabe melhor que á ninguém,esse titulo, esse papel. S. Exc. tinha umadesforrai uru desaggravo, uma vingança atirar; por ter. sido o mais gravemente offen-dido.} - '

O fim pôde servir de luz para conhecer 0autpr do um acto. E' a mesma regra doscriminaíistas, ,cle que o interesse mostra, oautor do'delicio. .

' -Qual foi o fim que resultou do: facto e

explosão do dia 14 iybti$j, .;8_ Exc. responderá que o fim unico (em-hora desvairado) foi saciar, applacar os «m-tim-entos de despeito do povo'na questão reli-gipsa. ^jj';;' ,/W«'

\ Ora, sé taes sentimentos do despeito foramtemerariamente provocados pelo Bispo, seeste afoito e audaz lançou a luva de desafio'aos maçons; e a maconaria não menos co-rajoáa e audaz, de viseira erguida,, levan-tou-a immediatamente; se do lado do Bispocollocaram-se os beatos e fauaticos, os con-servadores e alguns intitulados liberaes quepresão a theooracia, e quebram lanças por"qualquer-poder

que lhes dê a mão ; se dolado da maconaria collocaram-se liberaes econservadores desses que não pactuam coma preponderância padresca; se ne^te circu-lo manteve-se a agitação,—concitou-se o po-vo ú luta—; se nesta esphora pairavam ossentimentos de despeito; como ousa S.Exc. affirmar que os apóstolos da liberdade,foram.quem conseguio fins altamente repro-vados? Não está entrando pelos olhos detoda á gente,—que na luta dada, e assimcircumscripta—o fim conseguido não;foioutro senão aplacar esses sentimentos dedespeito, dar resposta a provocação ?

Não tondo sido o directorio, nem o partidoliberaes, ps provocados, não tinham que le-vantar a luva, conm de facto não a levanta-ram: foram outros os provocados, foramoutros portanto os que cleram resposta, psque tiraram desforra. Para esta concorre-ram os despeitados, uns directa e outros in-directamente.

¦: S. Exc. o Sr. Lucena, acintosamente pro-vocado e desafiado pelo Bispo D. Vital, apre-goa-se como um dos primeiros responsáveisda explosão de 14, desde que faz esta resul-tar dos sentimentos que traziam o povo des-peitado na questão religiosa.

O partido liberal não é uma sociedade s_>creta, não caminha nas trevas. Em toda ajornada, em toda a agitação não se deu.umgrito em prol de algum principio do definidoprogramma liberal. Tudo ficou no circuloem. que começou.' Acredite, Sr. Lucena, que se o partido li-beral tivesse concitado o povo para a luta,iião gastaríamos a nossa açtividade e recur-sos em tão mesquinho feito.. Não era ao palácio do Bispo que iríamos,nem ao collegio dos jesuitas, e das irmãasDorotheas. Nossa questão não é eom a igre-ja, écom o estado ; não é com o Bispo, é comV. Exc.—presidente da provincia ; não écom o Papa, é com o Imperador e seu. gover-uo pessoal, governo absoluto.

« 0 partido liberal não lisongeia Neptunopara obter seu tridente, nem a Júpiter paradispor dos seus raios. 0 que tem na boca óo que está nó coração; e quando está irrita-do, esquece até o nome da morte. »

V. Exc. no dia 14 estava tranquillo, adeitar o binóculo de sua varanda para a ou-tra banda do rio; e no dia 16 dava garga-íhadas de outras varandas. Bem sabia ViExc. que o partido liberal não estava irrita-do nesses dias, nãQ tinha sentimentos dedespeito á applacar, não tinha quo saciarvingança, ou desforras.

Bem sabia V. Exc. que não tinha diantede si o partido liberal: se o contrario distofosse verdade, V. Exc. no dia 20 não teriatempo de escrever officios calumniosos, tãoplácido e tão sereno, com tão fria perversi-dade como o fez.

D'pra em diante, a sua oração de todas asmanhãas, em commemoráção do seu gover-no, será esta:

« Oh! que desculpa poderei inventar,

tentados ? Minha lingua ficará muda, nieusmembros insensíveis. Meus olhos se esque-cerao de vêr, e meu pérfido coração do fazercircujt$r o sangue. Quando o crimo é gran-de, o Remorso é ainda maior, o o extremo re-\Q.ox0Sparalysa tocla-a acção do culpado:como' um frouxo, um cobarde^ inutiliso-me esucéumbp, á recordação dos actos nefandosquè pratiquei.»' >.-,¦.-'..¦¦

Sr. Lucena, o. seu officio de 20 do Maio,matou-o. ;,iff!

j ' ." í! oqntj? •x4;i,píii!í|-i:a-f. ;:';; '

quando me aceusarem dos meus negros at-

O Sr. M. Caiii|»«s e as jaama-<la$ <le Maié

De um brilhante discurso do honrado par-.lamentar o Sr. Martinho Campos extracta-mos os seguintes tópicos referentes aos acon-tecimentosi.de 14 e 16 de Maio.

Deplofàmosa estretezade espaço do nossojornal que nos força a não trasladar em suaintegra o masQui° discurso do honrado par-lamentar. "'

Tanto quanto pôde a palavra punir o cri-me eáppellar da absolvição criminosa dehòjè para ajusta òòüdemnação do futuro, asscenas isanguiuolentas. do dia 16 em que; oSr. Dr. Pereira de Lucena^inepto e violen-to, refrescou, o Terror, tem sido estigmatisa-das e punidas, vingados os brios de'unia po-pulação inerme e heróica até no soffrimcntopela,.traição:' ?l

; Já tem hoje caindo; peça por peça, a ma-china, da calumnia e da injuria em que sehavia refugiado o Sr. Pereira cio Lucena: Sóílíe resta,^ derrotado e profügo do seio doshomens honestos, fazer a confissão cio crimee pedir um refugio longe idos homens, se asua consciência não e cpmo ura desses antrosprofundos, em que se torcem os reptis, nosqüaés nunca penetrou um raio solar.

Transcrevendo as enérgicas o eloqüentespalavras; do Sr. Martinho Campos, não lheenviamos ,os nossps parabéns pelo seu dis-curso, porque conta como brilhantes trium-píios òs seus torneios de tribuna, limitamo-nosa agradecer o seu concurso na punição docrime de'16 e na defeza da liberdade nestaprovincia. .

Eis os tópicos ,do discurso de S. Exc. :fti0 Sr. Martinho Campqs:—Sr. presidente,.cie-

vo ao nobre ministro i justiça e tributo de elogio-por nm acto; declaro a S', Exc. qiie o motivoporque desagradou ao meu illustre amigo pessoale' vizinho na roça e aqui actualmente (rino) eomotivo pelo qual eu perdoaria algumas culpasap ministério.- Sinto divergir do illustre deputa-do, cujos escrúpulos sei respeitar.! O Sr.'Araújo Góes Junior e outros:—Va-lha-nos isso. ; • «j

j O Sr. Martinho Campos :—Creio mesmo queS. Exc. justificou bem uma demora quo a mimpróprio tinha causado algumas approheníiões; S.Exc. mostrou que não -houve demora na decisãodo governo; assim conseguisse S. Exc. desfazeruo meu animo a impressão desagradável que meresta do apoio que o nobre ministro do impériodeu ao seu péssimo delegado do Pernambu-co!...

O Sr.. Alencar Araripe :^-Apoio muito mere-cido.

O Sr. Martinho Campos :—Não apoiado, não6 possivel sustentar semelhante cousa; elle mes-mo se condemna no. dia 16 com o procedimentodo dia 14 o vice-vorsa; não podia fugir uo dia 16aos principios que seguio no dia 14,prineii)ios detolerância legal em quanto a reunião popularnão rompeu em excessos criminosos, que nãopodia a;autoridade tolerar, e quo cessaram desdeque^a força publica appareceu.

O SR-Alencar Araripe:—Os factos. justificamplenamente o delegado do governo.

. O Sr., Martinho Cameos:—De forma alguma,o eu agradeço ató ao nobre deputado o seu apar-te. Ò que poderia justificar ás violências com-mettidas contra a população' do Recife no dia 16,quaudç se diz que uma patrulha de 12 soldadosde cavallaria varreu a praça, e não ha um sófacto dé resistência por parte da população quefosse allegado por esse próprio prosidonte ?

Não ha um acto de, resistência porpa,rtedapopulação dispersada que consto desse officioque, repito, como já disse em apartes, nào oradigno de.figurar eutre as peças ofíiciaes do go-verno brazileiro, era um pasquim quo só podiaservir para artigos :,1e: gazetas de partidos.. (Nãoapoiados). Nessas peças officiaes distinguiam-seem geral pela verdade, gravidade e cireunisp-ção, Tudo isto falta nesse officio.

O Sr. Pinto de Campos:—Não merece a cias-sificaçãp de pasquim.

O SrI Martinho Cbmpos:—Perdoe-me o no-bre deputado, aquelle officio, só não mereceria aclassificação de pasquim, porque não passaria deuma intriga, se no nosso paiz não fosse cortoque ó ridiculo e estúpido acreditar na possibili-dado de sucqessos ,de meios, desta ordem: laçostão grosseiros, que üão fossem como estes, nãopòdom apanhar desapercebido aquelles a quemos armam, e que ó muito mais sagaz do que taesurdidores. Não: 0 officio da soror Patrocínio edo fréiMurillo, só na Hespanha da rainha Isabelera possível. ' vtp' '^í*'-

\ Felizmente no nossp paiz ninguém deve «starmais sobranceiro nem mais prevenido contra asastucias dos intrigantes do que aquelles qüevisão illúdir.

O Sr. Alencar Araripe dá um aparte.-\y-.i.

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\jA Província

0'Sii. Maiítinho Campos:—Nãó lia timaprovade resistência; da população. Ha um theatrinlioarrombado pelos soldados, lojas .arronibadas,dous bacharéis contundidos e outras pessoas dareunião, pisadas e espancadas; e nenhuma reais-tencia à autoridade. '

' ;Qualo facto que a' prova? X^X X:iO Sr. Pinto dk Campos : — Besistiram a tres

ultimações. • '...-' ¦ ,O Sr. Martinho Campos:—Nem mesmo clesse

officio consta positivamente que as tres intima:ções fossem feitas. Isto é muito importante.

Ha um. ontro facto para corroborar o quo acabode dizer. O chefe do policia, que nem o conheçode nòiàe, mas que provavelmente é cio partidodo governo, porque pai'a esses lugares vão aem-pre partidários do poder, pedio. a sua demissãonessa noite,.- -/.í;tv.x'.\ ;¦/>?, O •

Um Sr. Deputado :—Adoeceu.. . ,. r,lTO, j3r. Martinho Campos:—Adoeceu muito a

propósito. Tiremos nobres deputados áillaçãòque quizerem do fã'cto:: pelàmirihà"parte; vemelle c oríoborar ás minhas suspeitas contra o pro-cedimèilto do presidente, procedimento de quefacilmente, um magistraclo_náo poderia quererconjparticipar a responsabilidade.

Há ainda o facto do officio ao, commandantedo batalhão qne estava deprevenção no quartelda Soledade'muito próximo cio collegio dos Je-suitas. ,

Pergunte o presidente' a esse commandanteporque :razão não compareceu, e eu pergunto aopresidente porque razão elle não deu. easa ordem,como pedia a.lpaldade que declarasse, ou, se adeu, porque não submetteu a conselho dó guerra,e faz essa increpação desleal a.esse official ?

ííão sei como.o governo pretende justificar oprocedimento

'do"presidente de Pernambu-coi Inepto, inhabil,,imprevidente no dia 14, vio-lento, arbitrário, despotico e ;desleal no dia16.:: i - , «íij i . ¦ ¦:.. - M-. i .,-;.

Eu sei, Sr. presidente, que os nobres ministroshão de lutar com difficuldades ese o nobre, mi-nistro do império

' me permittisse, visto que se

trata de um negocio publico, eu lhe perguntariaquè deferimento teve uma manifestação queconsta a deputaçáo de Pernambuco dirigio a S.Exc. o Sr. pressente do conselho, pedindo ,aconservação do presieente de Pernambuco,senão' protestando contra a sua-demissão.:

O Sr. Ministro do Império :—Afianço ap nobredeputado que nunca se tratou da demissão do Sr.Lucena.

O Sr. Martinho Campos :—Devia-se ter tra-tado, e eu ao menos espero que S. Exc, recon-siderando, procederá nesta questão como proce-deu na questão da maçonaria, e que > resolveraconforme as conveniências publicas o o di-reito. i •..,';•

JDizeni os nobres deputados que. o presidentecie Pernambuco procedeu mtiito regularmente;então eu direi qué muito ' iílègàlmente procedeuo ministro dá justiça e o chefe de policia nasnoites de 27 e 28 de Fevereiro, na rua. do Ouvi-dor': o governo andou mal aqui, e muito peioro presidente de Pernambuco lá: a policia aqui

v foi sempre presente, ao menos materialmente.•;.»p icmú

,H.V. i -.- ...¦:y^u.r.

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CHROiCl "mym. iííí!

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Ah Êl&i&straclas réulapções«la Kefi*orina © Diário «Isr.Bla-llia.—Transcrevendo um artigo eclictorialda Reforma, firmado pelo nosso.amigo e dis-tíhcto comprovinciano o Sr. Joaquim Nabu-co, approveitamo-nos da oceasião para ma-

; nifèstar á illustrada redacção desse impor-tantissimo órgão liberal, os nossos agrade-

\cimento& pela enérgica e generosa attitudequç assumio á propósito dos suecessos do 14e 16 do passado, esposando a nossa causa erepellindo as calumuias e insultos que tãovilmente jogou contra o partido liberal nes-ta • provinoia, o nosso tresloucado prócon-.sjiL.

O illustrado órgão democrático compre-hendendo perfeitamente a sua posição, vaicada dia fazendo maior jus á benemorenciado partido liberal em todo o império, pelosinapreciaveis serviços que lhe presta.

Por falta de espaço no presente numerodeixamos de transcrever hoje os artigos doSr. Prado Pimentel sobre o mesmo assump-to, o que faremos no próximo numero.

A Republica.—Dirigindo-nos hojea illustrada redacção da, Republica, que, ape-sar de militar em campos oppostos aos dosliberaes monarchistas, não esquece os seussoffrimentos, agradecemos a defeza que to-mou da causa liboral nesta provincia, apoian-do os nossos justos clamores, e estygmati-saildo o abuso de um desvairado governa-dor.

Palavras, como as que partiram de umórgão qualificado, como incontestavelmenteéaíícj/iMcYtfazemjus aprofunda gratidãode nossa parte,

llaiicaróta.—Estamos com a ban-carota. Não poderão mais disfarçal-a, estáevidente. Já no cofre da provincia não hadinheiro para o pagamento dos empregadospúblicos! Consta-nos que o Sr. Inspector dáThesouraria já declárou-o ao Sr. Dr. Henri-que de Lutfena, pedindo providencias energi-cas e^mmediatas. Onde buscar o dinheiro ?Dos 1,800:000$ do empréstimo só restam no

Banco do Brazil 200:000$ aos quaes se vaeainda recorrer. E o Sr. Dr. H. de Lucena hade. salvar a provincia...

Não açcusamos ainda S. Exc. por não ba-,ter dinheiro, e encher o cofre provincial, masalem da incúria provada de S. Exc. e;;a dei-,xar a provincia no estado de nã.o poder pa-gar os honorários dos seus empregados haum facto praticado por S. Éx.c, contra oqual só o ferro em brasa, caso seja exactq. ,

I, A vista da exposição do estado do cofre ciathesouraria e.do pedido de providencias fei-,to pelo honrado Sr. Inspector da mesma oSr. Dr. H. de Lucena para examinar q^.có-'.fre e os balancetes dessa repartição nomeouo Sr. Joaquim de Mello- Eego !! ; ^^m-i mh

Se é verdadeiro em que abysmo cahio oSr. Dr. Henrique de Lucena ! , „ 0 ...)/!M

, 0 Sr. Mello Regonomeado para examinaro, cofre da Thesouraria da Provincia .... Nãoacreditamos. O Sr. Dr. H. de Luceua.ó ça^paz de violências, de crimes, mas nomear...

E no entanto, ainda que não acreditemos,o,,Sr. Dr. H. Pereira de Lncena ( afflrmam,-nofi:) nomeou o Sr. Mello Rego. pára.exa-minar o cofre e balancetes da Thesourariaprovincial! .

Os homens probos e imparciaes qne se hvteressam pelo futuro o engrandecimento des-ta terra, commentem e moralizem mais esteacto comprobatorip das virtudes e escrúpulospresidenciaes,!

Prohpudor, Sr. Lucena! ¦

O Sr. João AMre<l« julgadopelo Sr. li'ean<lr» SBezerra. 77-Ojuizo do Sr. Leandro Bezerra uãp pôde sersuspeito. S, Exc. amou o governo porém aelle proferio o carUsino. A sua posição é fran-ca, coherente. Não pôde S. Exc. catholicosustentar um governo que condemnou osabuzos do Sr. Bispo de P.ernambuco.

Ao envèz do Sr. Leandro, o Sr. João Al-fredònão está pelos autos. Declarando aoministro o sincero1 deputado,que não podia'mais acompanhal-o, andou cabalando o Sr.João Alfredo para que não concedesse a ca-mara a urgência pedida pelo Sr. Leandropara justificar o seu requerimento de oppó-sição. '

Nobremente, porém, vingou-se o Sr. Lean-dro Bezerra no seu discurso, que conseguiosempre proferir. O discurso, de S. Exc. éuma oração até com textos, do .psalmista. •

| Limitamo-nos á bxtraçtar. cio .discurso.CárUstan, parte que sè refere ao Sr. João Al-fredo, verdadeiro juízo (e francamente enun-ciado. úh'mXj . ..]..'. ,. - . -..

Disse o Sr. Leandfo Bezerra, dirigindo-se aos crentes cio ..nosso paiz, aos pastores,e á todos os ministros de Jesus-Christo, queem suas oraçr)es roguem por esses homens,que vão sem rumo, no caminho da vida :

« Que orem pelo ministro do império (hi-laridade prolongada ) que outr'ora conhecitão crente, tão cheio defé, cVacptellá fé ber-dada de seus pais e familias, mas qiu> a 'per-deu por amor do poder.

Subscrevemos a opinião cio Sr. LeaudroBezerra.

VefSões.—Até hoje ninguém tem po-dido prescrutar o que pretende fazer o Sr.Bispo D. Vital com relação á consulta e Avi-so cio governo que ppseram S. Exc. em seuverdadeiro lugar. Uns dizem que S. Exc.resiste ( quod Deus averlat), sobre tudo de-pois da bulla ou carta que recebeu do San-to Padre ; outros declaram, que S. Exc.cumpro a. ordem do governo e protesta, oquo é também um excellente meio de fazer-se martyr, conservando ¦ os agaloados co-xins do epipeopado.

E' certo, dizem os íntimos de.S. Exc,que o Sr. D. Vital já prepara terreno, agar-rando-se á uma carta1 de Roma que. Jheaconselha moderação para com o Brazil.

Sabemos que o falharmos nestas cousas édesagradável a S. Exc, que não gostou desermos os primeiros a. dar a noticia do pa-pel que teve de Pio IX approvando os seusactos, e que até queixa-se de innocente, mastemos pressa em saber o que ha, e eni queficamos. O nosso médium, communicandocom os espiritos que pairam pelo palácioda Soledade, ainda não poude descobrir oque quer fazer o Sr. Bispo.

Qual das versões procede ?A bulla ou carta app.rova ou não os actos

do Sr. D. Vital ?Ou não é nem uma nem outra cousa, e

apenas um meio termo, como inculca umaterceira versão de uma alta dignidade dadiocese, e què está nas graças ?

A luz, a luz, Sr. Bispo. yO espirito santo já o illuminoü, sem.du-

vida, e e inútil esperar até o praso fatal de19 de Julho.

Alforria.—O nosso amigo o Sr. Dr.Miguel Bernardo Vieira de Amoriin e seusirmãos acabam de dar uma prova significa-tiva de amor e respeito filial.

í5*No.sétimo dia do fallecimento do seu dig-

no, pae oSr.Dr. José dos Anjos Vieira deArhoíim entregaram á sua escrava Rachela carta c\et liberdade, que abaixo publica-mos.

, Fói. uma acção digna de louvor essa quepraticou aquelle nosso amigo e seus. dignosirmãos,; íiãopodiam certamente commemo-ral, melhor com esse'acto de caridade,;asaudosa, memória do seu respeitável pae."¦

«\í)eclaramos nós abíiixo assighpdos, queent^eos bens que'temos dé mansa e pacificaposse, bein assim, a nossa escrava Ra-chel, parda, idade cte trinta e 'oito annos,pouco mais ou, menos, á qual èní attençãoaos serviços prestados e aos bòffs desejos,manifestados muitas vezes, por nosôo falle-cidoe sempre lembrado pai, o Sr. Dr. Josédós^fÂnjòs Vieira cVAmorim, de; 'deixal-alivre por sua morte, hoje' que infelizmente,elle hão existe, e pela surpreza do seupassamento não poude por si realisar esseacto.de sua philantropia, e bondade de seucoração, nós em veneração e re&peito á suamelhoria, como um legado que su'alma mán-da que cumpramos, temos resolvido libertargratuitamente, a'mesma escrava Rachel, co-nio dé facto a libertamos, para que goze ella,desta data em diante, de sua liberdade, emtoda a plenitude, como se de ventre livre ti-vesse nascido.

•E para constar passamos a presente, emque nos a?rignamos com as testemunhasabaixo assignaclas ; e servirá esta de titulo,qúe será registrada para sua completa vali-idade.

Recife, ;28 de Junho'de 1873.—MiguelBernardo Vieira d'Amorim.—'José DacianoVieira cVAmorim.—Monoel Augusto Vieirad'A.morim.—Hortencio Eneas Vieira d'A-morim.—Aclelaide Candícla cVAmorim Bu.i-lamaque,—Manoel do Nascimento CésarBurlamaqüe.

Como testemunhas: —Padre Tito de Bar-ros Corrêa, e Francisco Xavier Rodrigues deMiranda.

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íí) iisur,Í'HJÍll\ : TEiMCRIPCÕES

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(A REFORMA)l»rovoeação a' guerra fivil

. As,pessoas que teem a fortuna do assignaro Diário Oficial e cVessas as que teem a cora-gem de lél-o, viram sem duvida na folha declomingo e sob a rubrica—Presidência doConselho dc Ministros—a parte dirigida aogoverno polo heróico Sr. Lucena, presidenteem operações no Recife.

Diz-se que semelhante communicàção ap-pareceu unicamente no Diário Ofiicial pornão ter agradado muito ao governo o im-parcialidade com que o collega do Jornal doCommercio publicou em sua gazetilha as in-formações dos bous lados contrários.

Não sabemos o que mais admirar ao lérde novo. esse documento : sia simplicidadecom que o Sr. Lucena lavrou o certificadode'sua incapacidade e de seu. desvario, si aingenuidade, porque não se deve dar outronome, do governo em mandar imprimir se-' melhante papel, acceitandoassim aresponsa-bilidade cVelle.,

A única desforra que podemos tomar cVes-sa peça oíficial em' que o nosso partido évictima do ódio entranhado de quem a escre-veu^_é denuncia-lo aos homens de bem detodas as opiniões políticas. N'ella, a.propo-sição. que não é uma calunmia, é pelo menosuma mentira! ..... s .

.. Pyirneira oalumnia:« O partido, que aqui se diz liberal, abu-

sando dos sentimentos do povo, excitou-o ádesordem còm o fim claro e manifesto dedesmoralisar o governo, e d'abi fazer escadapara galgar ó1; poder.»

O ridículo da a.ccusação não impede queseja uma calunmia.

. Segunda':. .«TJma portaria do.Exm. diocesano de 10

do corrente, suspendendo «ex-informataconscientia» o deão da Sé, membíõ dodirep-torio.liberal, deu aso «áo mesmo direotorioá realisação» (sic) de seus tenebrosos planos.»

Aqui a calumnia é mais restricta e deter-minada: o Sr. Lucena accusa os membrosdo directorio do partido liberal de Pernam-buco de terem projectado os tristes factosque se deram na noite de 14 do passado eque elles foram os primeiros a, reprovar com.suas assignaturas, quando ainda o presiden-te mostrava-se complacente. Só quem co-nhece as pessoas que formam esse directorioliberal, á cuja frente está o Sr. barão deVilla-Bella, que o Si*. Lucena cita nominal-mente, talvez pensando expor esse illustrecidadão ao odlo publico, pôde avaliar a

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coragem que é necessária para levantar umtal calumnia contra esses distinetos pernam-bucanos e para denuncial-os em uma peçaofficial como facciosos!

•Primeira mentira: J«No dia 18 dc corrente, e contra a espeçta-

tiva geral, appareceu o directorio do partidoliberal, do qual é presidente o barão de Vil-:lá-Bella, protestando, e em termos os maisdescomedidos contra as providencias toma-das... chamando a; üi (o que parece incrível)a autoria dos actos praticados no referidodia (no dia 14).» •

O Sr. presidente Lucena quiz illudir o go-vértíò; é falso, é absolutamente falso:. odirectorio liberal não chamou a si semelhan-té autoria.1

O manifesto em questão corre impressoem todos os jornaes... e não só n'elle nãoexiste semelhante confissão, como tambémmuitas dás pessoas! que o. assignaram—oSi", barão de Villa-Bella, o Sr. Luiz Cesariodo Rego, o Sr. Aprigio Guimarães, o Sr.João Francisco Teixeira, o Sr. Floriano Cor-rêa de Brito—, redigiram na noite mesmaem que se deram esses tristes acontecimen-tos um protesto contra elles, repudiando áresponsabilidade de qualquer concitação ouparticipação nos excessos commettidos.

Eis-ahi umpresidente que illude de scien-cia ceftá o governo, somente para inspiraródio e indignação contra o partido quetpvcómbate na provincia.

Outra mentirá:«Em um manifesto ao Brazil apregoa

aquelle directorio os seguintes princípiossubversivos da ordem e tranquillidade pu-blica:»

«Io que ao povo incumbe tomar por simesmo as medidas que lhe pareçam justasou necessárias, quando o governo não resol-ver de prompto as representações populares.»

Realmente é preciso não se ter o governoem conta alguma, para enganal-o assim,para meutir-lhe tão atrevidamente, empres-tando-se princípios subversivos aos homensmais amigos da ordem, e anirmando-so queelles estão consignados em um documentopublico; que está nas mãos de todos, quetodos leram e no qual não se encontra esseprincipio nem outro qualquer de que ellepossa ser uma conseqüência mesmo remota,mesmo illogica!

Pois bem: o Sr. Lucena faz isso ; elle dizao governo : «em um manifesto ao Brazil odirectorio liberal sustenta esses princípiossubversivos»; e.nós lemos o manifesto e sòvemos n'elle uma narração das violências doSr. Lucena, narração que poderia assignaro homem mais conservador, na larga accep-ção da palavra. Mas o presidente continuadizendo que ha outros princípios subversivosno Manifesto. .

«2.* Que o povo tem o direito cie reuniãosem previa licença...» ..

O que é subversivo até ahi ? será o prin-cipio da liberdade de reunião : d'ahi pordiante sim, porque é a soberania do motimproclamada, mastambrm cVahi por diante aaceusação é unia calumnia.

... sem previa licença para tomar «quaes-quer medidas e executal-as! »

Pois bem ; sobre o direito que tem o povode reunir-se ha apenas estas palavras nomanifesto:

«Não! o Sr. Lucena não matou em Per-nambuco o direito de reunião garantido pelaconstituição!»

A ultima imputação que elle faz aos. libe-raes ó de que elles prote.staram consagrarpor factos esse direito. Sim: essa é verda-deira. Os nossos amigos do Recife nãopodiam renunciar ao direito de reunião; aum direito do povo, que o Sr. Lucena pôdeviolar, mas que não pôde supprimir, porquea administração do Sr. Lucena ó uma nu-

de um

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vem negra que passa, é uma pragadia, e o direito é eterno.

Ainda uma mentira:«Tiveram necessidade de recorrer ao em-

prego da força, armada, cVonde resultouserem levemente contundidos pela cavallariaalguns cidadãos mais imprudentes e entreestes Antonio da Costa e Sá e os bacharéisJosé Mariano Carneiro da Cunha e JoãoBaptista; Pinheiro Côrte-Real.»

Eis ahi: esses dous últimos foram leve-mente contundidos pela cavallaria...

Os leitores lembram-se seguramente. deque eram esses senhores os oradores quefallavam da varanda do Gymnasio: poisbem, eis como o JQia$io de Pernambuco refereessa mesma scena:

« Simultaneamente a este movimento al-gumas praças apearam-se, forçaram as por-tas do theatro, e, galgando a saccada con-vertida ena tribuna, espaldeiraram os ora-dores e algumas pessoas mais que ahi esta-vam, trazendo a todos do rojo para a rua.»

Essa é a narraçã'', verdadeira, porque

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coincide com a. dos offendidos que, depoisde terem diio da varanda qne se considera-vam presos, ouviram o seguinte dialogoentre o general e os soldados;—Avancem.--Apeiamo-nos?—Apoiem-se e subam* dei-tem para fora aquelles pehntras,—Em se-

guida as portas do theatro foram arromba-dasea varanda galgada, por uma hordafuriosa que feriu os oradores ínermes. h oSr. Lucena diz que elles foram contundidospeía cavallaria ! Sim pela cavallaria á pé,qne invadiu um eclificio particular, depoisde ter-lhe arrombado as portas com o auxi-lio da guarda, de palácio.

Náo queremos mais lançar a6 vistas paraesse tecido de contradicções, de mentiras ede calumnias, que appareceu domingo noDiário Oficial.

0 que* se pretende provar n'elle ? que o

partido liberal quer a desordem, que seus

planos são tenebrosos, quo seus homensmas distinetos são uns facoiosos, que osexcessos do dia 14 do passado são obra sua,

que elle compõe-se de falsos apóstolos, d«

pretensos patriotas, que querem fazer do povodeqráo para a consecução de seus fins alta-mente reprovados. Tudo isso é ridículo, e aaceusação desfaz-se ao ser produzida!

Mas nós perguntamos... iamos fallar aoSr. presidente do conselho que tomou, pu-blicando-a, a responsabilidade de uma tal

peça é a autoria dapolitica de combate que ellarevela... mas nós perguntamos á sua ma-gestade o imperador: pôde a provincia dePernambuco continuar sób a admnistraçãodo Sr. Lucena ?

Os ódios em Pernambuco são vivos; quan-do parecia que iam acalmando-se surge úfrente dá provincia um presidente resolvidoa extermin. rum dos partidos, um visiona-rio que empresta a seus adversários politi*cos todos os planos ignóbeis de que as almaspusilânimes suppòem sempre capazes oscorações mais nobres. Pôde esse homempermanecer á frente de uma provincia queelle divide e dilacera, na qual assanha ospartidos um contra o outro, pondo a meta-dè da população fora da j lei ? Seria voltarao tempo das perseguições políticas.

Pernambuco estava unido na questão reli-giosa: hoje o Sr. Lucena diz que ella estámorta, isto para fazer penitencia, perante obispo, da sua inacção, que elles chamaramconnivencia, durante a noite de 14,— e dizpor outro lado que a maçonaria está seretrahindo—, e isto para'adular ao Sr. pre-sidente do conselho, gran-mestre do Lavra-dio.

Ora por que outra questão quer o br.Lucena substituir a religiosa? Pela luetapolitica, pela lueta dos partidos, não maisno terreno das idéas, mas no campo estrei-to dos ódios pessoaes, lueta que poderiatornar-se, se continuíisse essa dictadura dainépcia e da violência e si o nosso partidonão tivesse tanto patriotismo, uma guerracivil.

Fazemos um appello a todos os quodefendem as idéas, a bandeira e a honra do

partido liberal, para que não deixem a pro-vincia de Pernambuco ser'talada a ferro eíbgo. A responsabilidade é grande para oministério si elle preferir á politica da mo-deração e da concerdia a politica do extermi-nio; si elle não arrefecer as paixões queum delegado imprudente fez nascer derepente em uma população unida.

Quaesquer que sejam os seus compromis-sos pessoaes, temos confiança que o gover-no, inspirando-se em uma região maisserena, e tomando os conselhos de quemanais do que elle tenha a peito a união e aíiarmonia de todos os brazilèiro», entrará pri-meiro,na legalidade, depois em uma. politi-ca de conciliação.

Para isso a primeira medida a tomar édemittir esse presidente que, em vez de jus-tificar-se das faltas que lhe são imputadasna jornada de 14 e das violências que com-metteu na de 16, torna-se o calumniador sys-temático e rancoroso de um grande partidonacional, e dá o espetáculo de uma singularhallucinação, vendo em toda a parte inimi-gos, conjurações e revoltas, o que-levá-õ ámanter uma

'granel6 e pacifica cidade em

estado de sitio. Quanto ao libello ineptoem qne ellé nos denunciou ao governo, nóso entregamos ao desprezo que elle merece.

Joaquim Nabuco.

PARLAMENTO . - -. ,-*

Discurso pronunciado pelo senador Pompeana sessão de 4 do corrente

( Conclusão)p .', ,'v'¦' Ô Sr. Pompeu :'-*tDeí)oÍ8-'doB actos prati-

«gados em Pernambuco, quer no dia 14,quer no dia 16, se estivéssemos em paiz mais

regular, onde se respeitasse nio só a opi-nião publica, mais ou menos a justiça, a le-galidade, esse presidente não era mais hojeadministrador de Pernambuco.

O Sr. visconde do Rio Branco. (presidentedo conselho ):-— Segundo V. Exc, todos ós.presidentes iam sendo demittidos á medidaque V. Exc. fallasse.

O Sr. Pompeu : —Deviam ser demittidostodos os que praticassem actos como esses.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselho ): —O presidente do Ceará deviaestar demittido ha muito tempo.

O Sr. Pompeu :—Certamente por outrossemelhantes, posto qtte de outra ordem.

O Sr. visconde do Rio Branco ( presidentedo conselho ):—E assim demittiamos todos.

O Sr. Zacarias :—Não so perdia nada.O Sr. Paranaguá' :—Mas assina teria lon-

ga vida o ministério: couvem deixal-os.O Sr. Pompeu :—Mesmo na noite de 14 o

directorio do partido liberal de Pernambucoreunindo-se debaixo da impressão desagra-davel dos acontecimentos havidos nessa noi-te do attentado contra a casa dos jesuitas,e contra a typographia da União, lavraramum protesto que publicaram pela imprensacondemuando formalmente semelhante at-tentado.

Vou lêr ao senado este protesto, porquequero, senão desviar, ao menos protestar datribuna do senado contra a aceusação des-leal, que ao directorio do partido liberal dePernambuco fez o governo daquella provin-cia uo officio que dirigio ao governo geral,e o governo geral mandando publicar esseofficio, que não tem qualificação. {Apoiados.)

Diz o officio do Sr. Lucena, e dizem os...aqui...

O Sr. Zacarias :—E disse o Sr. Teixe.raJúnior.

O Sr. Teixeira Júnior :— Eu ? Dizem osórgãos do partido liberal.

O Sr. Pompeu : —... que os liberaes dePernambuco foram,os autores do attentadocontra a casa dos jesuitas e contra a impren-sa religiosa : entretanto, senhores, aqui estáum documento que é a reprovação mais so-lemne,, mais completa,- dada pelos chefesliberaes naquella provincia desses indignosattentados e pelo jornal Provincia, órgão dopartido liberal daquella provincia, proferidano mesmo dia 14 á noite sob o domínio daindignação que taes actos lhes causaram :vou lel-os porque pretendo vingar amputa-ção de um partido e de chefes muito respei-taveis. (Lê.)

AO PUBLICO

Os abaixos assignados, membros do par-tido liberal, presentes na reunião gera. quehoje teve lugar para o fim de dar um teste-munho de apreço ao deão Dr. Joaquim Fran-cisco de Faria, protestam contra qualqueridéia de concitação ou participação nos ac-tos populares, filhos de um excesso, peloqual não podem responder.

Todos os que testemunharam os ailudi-dos factos, que os abaixo assignados lamen-tam, viram os abaixo assignados e muitosamigos seus pedindo, procurando, suppli-cando para qúe a manifestação não assu-misse um caracter hostil.

Não cumpre aos abaixo assignados discu--tir agora sobre quem deve recahir a respon-sabilidadeda infeliz ocetirrencia.

Recife, 14 de Maio, ás 11 horas da noitede 1878.—Barão de Villa Bella,—Dr. .ToseAntônio de Figueiredo.—Luiz Cezario do Rego.—Dr. Aprígio J. da S. Guimarães.—JoãoFrancisco Teixeira.—Manoel Buarque de Ma-mlQ.—Floriano Correia dc Brito.—FranciscodeC. Soares Brandão.— Ulgsses Vianna.—An-tonio José Alves de Brito.—Flavio FerreiraCatão. —

À aggressão popular de que foram objectona tarde e noite de 14 do corrente o colle-gio dos jesuitas e a typographia da União,é um facto sobre que não julgamos deverguardar silencio.

O protesto publicado no Jornal do Recifede hontem firmado por diversos membrosdo nosso partido, e que transcrevemos, re-sume.um pensamento áque nos associamos.

-Ô que. se deu, por mais de uma vez mos-trárnos que receiavamos, julgando possivel.

A's differentes manifestações completa-mente pacificas, ao exercício que do direitode petição fizeram milhares de cidadãos res-peita veis, respondeu o governo com visívelmenos preço.

Na câmara dos deputados um amigo inti-mo do ministério, e por este consideradocom muita distincçâo, chegou até ao extre-mo de injuriar com grosseiros qualificativosos signatários da representação dirigida aosaltos poderes do estado.

Factos se deram, que não é necessário re-ferir, e tempos decorreram, bastantes parafazer o povo convèncer-sé de qüe se menos-prezavam suas manifestações.

Nestas circumstancias qualquer governosolícito e preyidente poderia antever umasobreicitação no sentimento popular.

Não e a nós que cabe indicar o que cum-pria áo governo fazer.

No que houve, pois, o governo não pó-de deixar de aceitar a magna parte da res-ponsabilidade.

Acostumado a viver apesar das mais sig-nificativas demonstrações da opinião, o go-verno entendeu que lhe era dado impune-mente desprezar em tudo e por tudo as^pu-blicas manifestações.

Registre o paiz mais esta conseqüênciados erros e incapacidade de uma situação eum ministério condemnados, desmoralisadosante o paiz.

As nossas idéias justas e moderadas nasquestões religiosas levantadas nesta proviu-cia, já não sâo desconhecidas.

A nossa attitude na imprensa nâo se temaffastado uma linha do terreno das verda-deiras conveniências, ainda que tenha con-servado o caracter de energia com que pro-pugnamos na defesa de todas as liberdadespublicas, tão tristemente conculcada na si-tuação actual.

Sectários sinceros dos principios liberaes,não queremos senão o respeito dè todas asopiniões e d6 todas as crenças.

Não estão em nosso intuito ásreacçõesmateriaes e violentas.

i Lamentamos qualquer affastamento daslinhas da ordem e da legalidade e nestemodo de pensar e sentir devemos ser justos,repartindo a responsabilidade por todos áquem tocar

Não fazemos-segredo de quo lamentamosas scenas que se deram, de que não as au-tomamos por forma alguma.

Temos a coragem de nossas convicçõss.Devemos fallar ao povo com franqueza,

não oceultar-lhe nosso pensar.Condemne-nos elle ou nos applauda, ha-

vemos de procurar encaminhál-o no terrenoque julgamos ser o mais conveniente e justopara pleitar a sua causa.

Esse terreno não é por certo aquelle emque collocou*se, lançando mãe dos meio ma-teriaes, nas presentes circumstancias.

Cidadãos tâo distinetos como esses, que a

proviuóia de Pernambuco conhece (apoiados)o o Brasil, não eram por certo capazes deinsuflar o povo pata commetter attentadosdaquella ordem ; *e qnando o fossem, o quenão aduiitto, não teriam a cobardia infamede protestar immediatamente contra essesfactos. Portanto a aceusação qúe lhes fez oSr. Lucena, e que tem sido reproduzida noRio de Janeiro é injusta, desleal e contraa verdade conhecida ('apoiado*)'.

Porém. Sr. presidente, como eu ia dizen-do, á 14 o presidente e sua. policia foramineptos ou coniventes, depois negati-vos; porém no dia 16 appareceram cartazesnas ruas do Recife, convidando o povo áuma reunião no largo de Palácio e aprovei-tou-se da oceasião para a vingança. Eu en-tendo que á vista do que se havia passadona noite de 14, a autoridade deveria intervira bem daordoni publica para que não se rea-lizasse essa reunião de que podiam resultarmás conseqüências; mas o que fez o presi-dente ? Segundo as partes officiaes que ahiestão, cartazes foram affixados, a policiasoube delles desde o meio dia até.as 8 horase não deu providencia alguma, quando erado seu dever, se o governo queria impedir areunião, mandar para os logares designadosnos cartazes a necessária força para disper-sar o povo.

O Sr. Zacarias .:—Para não consentir quese reunisse.

O Sr. Pompeu :—Mas não; não se tomouprovidencia alguma; porque queriam to-mar vã desforra, ou dar vã espécie de jus-tificação contra a suspeição fundada da coni-vencia da autoridade no attentado de 14.

A's 6 horas da tarde quando já havia dei-xado o povo reunir-se no largo de Palácioe entrar para o gradii do Jardim Publico,quando subiram á sacada do theatro diver-sos individuos a orar ao povo, quando essesindividuos começavam sua arenga em senti-do pacifico, quando o commandante das ar-mas, e seus amigos estavam na varanda dopalácio, presenciando essa scena pacifica,foique de repente o presidente mando uo com-mandante das armas intimar o povo que seretirasse como que enfadado do espectaculo.

O Sr. Zacarias:—Isso resulta do officio.O Sr. Pompeu :—Dizem todas as noticias

quer do conservadores, quer de liberaes, eos protestos publicados na imprensa, que ocommandante das armas chegando diantedo povo, qüe o recebera com salvas, o inti-mára que se retirasse, e como a esta intima-ção niio se retirasse immediatamente o po-vo, mandou accommettel-o pela cavallaria,de sabre em punho, e a cavallaria levou de

rojo o povo agglomerado, pisando, esmagando, espadeirando e acutilando.

O Sr. visconde do Eio Branco (presidenteio conselho):—E ninguém ficou ferido.

O Sr. Pompeu :—E' porque V. Exc, nãotem lido as noticias; não leu o Diário de Per-nambuco de 16, que é insuspeito.

O Sr. visconde do Eio Branco (presidenteio conselho):—V. Exc tem sempre noticiasda meia noite.

O Sr. Pompeu :—E V, Exc. as de madru-gada para recusar a verdade. Esseproce-dimento, senhores não tem desculpa para opresidente da provincia.

O Sr. Zacarias :—Que dirigio ao governogeral um officio muito imprudente,

O Sr. Pompeu :—E depois de commettidoesse acto vandalico, que náo tem desculpapara o presidente nem para o commandantedas armas,que devia ser mnis respeitador dalei civil, pois que nã® o um oommandante dejanisaroB, é esse procedimento indisculpaveltrasido pelo presidente da provincia aoco-nhecimento do governo, adulterado do modoque o senado* sabe no celebre officio publica-(lo no Diário Ofiicial, imputando ao partidoliberal a responsabilidade do acto de que. só opresidente da provincia foi culpado.

O Sr .-Zacarias : — Tal qual disso o Sr. *

Teixeira Júnior.O Sr. Teixeira Júnior :—Não apoiado: não

disse tal. O partido liberal será uma aspira-ção muito legitima sem lançar mão de meiosextremos e reprovados.

O Sr. Pompeu :—E para explicar seu pro-cedimento perante o governo, sabendo quetudo quanto é contra liberal é aceito, veiologo fazendo a distincçâo de quo a questãoreligiosa estava inorta,estava acabada;era sóuma questão de liberaes, do anarchistas quequeriam galgar o podor; 0 o quo maia con-trista é a approvação que aqui lhe dá ogoverno imperial, para quem seus delegadossão infalliveis. «.

O Sr. Zacarias :—Tal qual o Sr. TeixeiraJúnior disse.

O Sr. Teixeira Júnior :—Não apoiado, nãodisse semelhante cousa; não a.tribui aos libe-raes a intenção de perturbar a ordem publica.

O Sr. Pompeu:—:Sr. presidente, a horaestá adiantada, não quero abusar da bonda-de de V. Exc. e dos nobres senadores queme ouvem, por isso não continuo nestasconsiderações; mas quero satisfazer o fimprincipal que me trouxe á tribuna, de for-inulnr d'aqui um protesto contra a imputa-ção, não só injuriosa, como calumniosa feitaao honrado chefe do partido liberal de Per-nambuco e aos illustres pernambucanos queconstituem o directorio.liberal. (Apoiados,muito lum). Quem conhece o Sr. barão deVilla-Bella, caracter distineto a todos os res-peitos (apoiados)...

O Sr. Paranaguá :—-Que se pôde dizer porisso que era impossivel.

O Sr. Pompeu:—... um dos proprietáriosmais ricos daquella provincia, Jiomem illus-trado e espirito, conciliador, que prestou im-portantes serviços durante a crise da guerrado Paraguay, servindo com toda a lealdadeao governo e ao paiz (apoiados) • quem co-nhece um cidadão tão benemérito como obarão de Villa-Bella, e os cavalheiros, qnecom elle formam o directorio liberal, nãopôde acreditar...

O Sr. Zacarias :—Que se menchasse comesse attentado. _

O Sr. Pompeu :—... nesse celebro officiopublicado no Diário Oficial, em que se im-puta a elle e a seus honrados amigos, quefazem parte do directorio liberal a cumplici-dade dos actos praticados no dia 14.

O Sr.Barros Barreto:—Assim como nãose pódé imputar ao presidente a culpabilida-de do acontecimento.

O Sr. Pompeu:—E note-se que o presiden-te é tão parcial na aceusação que faz ao par-tido liberal de Pernambuco e a seus, chefesque imputa-lhes cumplicidade nos factos dodia 14 por supoôr que elles tinham o poderde obstar os acontecimentos, no entanto quoo próprio presidente confessa que não pôdeobstar aos excessos praticados pela sua tro-pa no dia 16. Pois sè a tropa debaixo dasordens do commandante das armas, execu-tando aquellas que o presidente lhe deu,excedeu-se sem aliás encontrar resistência átal ponto que elle confessa os excessos, e dizque não pôde obstal-os, como responsabilisao directorio liberal, porque não pôde obstaros excessos praticados por alguns desalma-dos que atacaram o collegio dos jesuitas e atypographia da União?

Sr. presidente, ponho termo aqui aa mi-nhas observações, tendo cumprido o deverde lealdade para com amigos e co-religiona-rios ausentes calumniados om peças officiaes,unindo igualmente minha voz ao protesto deindignação que dirigiram ao paiz. , *

Ficou adiada a discussão pela hora.&8P- ta ^ammxáa

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