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Sangue, suor, lagrimas e oraçao; parafrase das famosas palavras proferidaspor Winston Cfiurchlll em 1940: "Nada tenho a oferecer senão sangue,trabalho, lágrimas e suor". -- Ilustração desta página: René Follet, Missanuma granja (durante a insurreição vandeiana contra a Revolução Francesa). R 1: René Follet, Morte de Monsieur Henri (Conde de La Rochejaque-lein - também durante a insurreição vandeiana). R 2: Um fuzileiro naval naCoréia, durante o Natal de 1950 (foto de David Douglas Duncan). R 3: OAleijadinho, Pranto de uma das Santas Mulheres (Rassos da Raixão).

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A CAVACARIA

NÃO MORRE

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Seleção, apresentação e notas:Leo Daniele

Revisão:

Francisco Leoncio Cerqueira

Hélio Dias Vianna

^diçõeá dSraiil de ^inaidiãRuajavaés 681 - CEP 01130-010 São Paulo - SPFone (011) 220-4522 FAX (011) 220-5631

Impressão:

Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda.

Ruajavaés 681 - CEP 01130-010 São Paulo - SPFone (011) 220-4522 FAX (011) 220-5631

ISBN 85-7206-046-4

© 1998 - Todos os direitos reservados.Muitos dos pensamentos contidos nesta obra foram recolhidos em conversas ou palestras, nãotendo sido revistos por seu autor, o Prof. PlinioCorrêa de Oliveira.

— Consignamos agradecimentos comovidos àsnumerosas pessoas que ajudaram para que esteprojeto de árdua execução se convertesse emrealidade. Agradecimentos especiais à Direção daSociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade pela cessão dos direitos autorais atinentes aos referidos pensamentos publicados neste volume e nos precedentes da coleção "Canticum Novum".

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ColcçÃo"Ca^íitícMm Mowim"

Excertos do pensamento de

Plinio Corrêa de Oliveira

Recedant vetera, nova sint omnia*

Publicados:

O Universo é uma Catedral

A ordem do Universo através de uma

ascensão em sete horizontes, progressivamente mais amplos e mais belos

A procura de almas com alma

Tipos humanos - a música das persona

lidades

A Cavalaria uão morre

Um sonho, um pesadelo, uma cruzada —Uma forma de beleza chamada heroísmo —

A maior aventura do mundo — Grandeza

Em preparação:^ A felicidade é a calma

* Retroceda o velho ranço. Que todas as coisas sejam novas!(Cântico "Sacrum Solemnis"). Os títulos dos livros a publicarpodem sofrer alterações.

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ALGUMAS REPERCUSSÕESDE LECROS DA COLEÇÃO"CANTICUM NOVUM"

Sobre "O Vtiíverso c miua CAtcbrAl"

^oão Í"Jilipe OióríoConde de Proença-a-Velha

Foz de Arouche - Portugal

[Esse livro] tem-me revelado um aspecto da personalidade do Prof. Plinio que eu desconhecia: o seu pensamento, a sua ligação e meditação sobre a natureza que orodeava. Como tenho vivido quase toda a minha vidaligado ao campo, talvez aprecie mais os pormenoresdesses pensamentos. Nosso Senhor Jesus Cristo quandoesteve na Terra devia ter pensamentos parecidos sobre omar, o sol, a lua, o dia e a noite, o pavão, o gato etc.Sinceramente estou a gostar.

Sobre "À procMr^ í>e eom aIiha"P..

Sacerdote alemão residente em Roma

"Àprocura de almas com alma" [é] dom preciosoque reflete o espirito soberano e iluminante do venerávelfundador do movimento TFP... Os pensamentos do ilustre líder católico têm uma grande importância no nossotempo. Divulgar as exposições lúcidas do Prof. Plinio será

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sem dúvida um remédio salutar para combater as doençasda sociedade moderna.

l^iniótro oCuiz Octávio (^aíiottiSupremo Tribunal Federal - Brasília

"... sempre bem-vinda recordação de mestrePlinioCorrêa de Oliveira"

^oié (Lartoi do .^inarai X/ieiraMusicóiogo, pianista e compositor

Como gostaria que este livro estivesse à cabeceira decada brasileiro, nesta transição de século! Quantas orientações da mais profunda sabedoria; quantos caminhos emdireção à Luz Divina!

O capítulo "A música das almas" tocou-me especialmente, pois não me recordo de ter lido associação tãopertinente imperfeita) entre espiritualidade e manifestaçãomusical.

Estarei aguardando ansiosamente a publicação de[outros livros da co/eç<áo] "Canticum Novum" e enquantoisto não ocorre, estaremos relendo, com redobrado entusiasmo e prazer os volumes que já foram revelados.

Fernando ^itiúnez ^idunale

Paris - França

Acabo de ler seu livro "Àprocura de almas com alma ",o quefiz lentamente para me ir deliciando a cada gole. Dr.Plinio queria muito formar uma escola no estilo dos Ambientes, Costumes e Civilizações*. Esse livro é um belo passonessa senda.

Famosa seção do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na revista "Catolicismo".

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Ao Leitor

Do SONHO AO pesadelo, do pesadelo ao chamado do dever,desse chamado à coragem, da coragem à grandeza, os pensamentos contidos nesta obra são percorridos de ponta a pontapelos acordes épicos de um clarim de batalha.

Um toque de clarim que evoca a Cavalaria é belo porsua natureza. Pois pode-se muito bem dizer que beleza eheroísmo são o verso e o reverso da mesma medalha.

O heroísmo não é somente, nem princialmente, umaforma de beleza. Ele é antes de tudo o cumprimento do deverem condições árduas. Entretanto, a beleza leva ao heroísmo. Eo ambiente natural do heroísmo é a beleza, ainda que ele seexerça em ambientes sórdidos como o é, por exemplo, ofundo de uma trincheira.

Mas o SONHO e a luta são termos contraditórios — diráalguém. Pois é difícil sustentar que um sonhador possa ser umrealizador, quanto mais bom lutador.

O português é um idioma repleto de matizes. Damesma forma como é possível ter sentimento sem sersentimental, é possível sonhar sem ser um sonhador. Pois estaúltima palavra carrega conotações pejorativas, e atécensuráveis.

O povo lusitano, por exemplo, sonhou com inúmerasconquistas. E realizou várias delas. Nossa Pátria-Mãe, marcadapor um sólido bom senso, constitui uma nação de sonhadores?Muito pelo contrário. Poucos povos tem o senso do pão-pão,queijo-queijo, como o possui o lusitano.

E que existe sonhar e sonhar. Na concepção pliniana,sonhar não é fugir da realidade, mas pelo contrário, encontrá-

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Ia. Nada mais desprezível que sonhar quimeras. Nada maisrespeitável - e necessário - que "sonhar realidades". Pois nessaconcepção sonhar é desejar, e os desejos são o que move oacontecer humano.

Dizia de maneira lapidar Plinio Corrêa de Oliveira:"Quem não sabe passar das estrelas aos vermes não é dignonem das estrelas nem dos vermes".

Foi pensando nas estrelas, mas sabendo passar aos vermes— ou seja, aos últimos detalhes de execução — que ele furuioue levou a grande desenvolvimento a TFP brasileira (SociedadeBrasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade). Com ele,pela primeira vez o Brasil exportou ideologia. Por ocasião de suamorte, a entidade tinha similares co-irmãs e autônomas em 28países, nos cinco continentes. Um sonho. Uma realidade.

O HEROÍSMO SUPÕE a existência do herói. E o herói é, porvezes, o fruto de concepções distorcidas. Nossa cultura estájuncada de falsos tipos de heróis: o herói grego, meio homem emeio deus, em luta contra o destino; Dom Quixote, o "herói "entre aspas, ridículo, fora da realidade; o herói romântico, embusca dafaçanhapelafaçanha, exclusivamente para brilhar e paraa satisfação de seu ego. Para não falar dos super-homens dosfilmes e revistas, frenéticosfilhos da excitação e da loucura.

Para a massa pós-moderna, herói é uma pessoa quedeseja se singularizar; pretende sobressair, em vez de ser comotodo mundo. Porque todo mundo deve ser como todo mundo.

Mas o herói católico, que é aquele de que trata estelivro, não se identifica com nenhuma dessasformas defectivasde heroísmo. Ele não se preocupa que o classifiquem comoherói, ou não. O que ele quer é cumprir uma missão,racionalmente definida. Ele luta por algo que está acima de si, eque vale mais que sua própria vida. Eportanto, também maisdo que aquilo que hoje se chama "sua realização pessoal", suaidolatrada "qualidade de vida".

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o verdadeiro herói é um despretensioso. O heroísmocatólico supõe a existência de um ideal que seja verdadeiro, ediante do qual a pessoa se sinta pequena.

O heroísmo, na escola pliniana, brota da nobreza dealma, e não da vaidade, da teimosia, do amor próprio, da raivapessoal. Não existe verdadeiro heroísmo sem bons motivos.

Nesse contexto, a beleza também tem o seu papel, e overdadeiro cavaleiro não a despreza, antes a buscaincansavelmente.

O LEITOR TEM em suas mãos um livro de excertos, não umtratado. Celebro o fato de ter o Prof. Plinio Corrêa de Oliveirapublicado renomados tratados, que constituem uma espécie decordilheira, até hoje absolutamente inexpugnável ãs investidadasde todos os adversários. Mas a presente obra não tem outrapretensão que a de ser uma espécie de rapsódia, ou seja, algocomo um conjunto de fragmentos de cantos épicos. PorquePlinio Corrêa de Oliveira, além de pensador e de homem deação, foi também um bardo.

O público conhece menos bem este aspeciu de suapersonalidade mídtifacetada. Convém altamente divulgá-lo, paraproveito geral.

A contingência da luta, inerente à natureza humana e tãocogente nos dias em que vivemos, deve ser assumida comentusiasmo, e não apenas com resignação.

Na alma de quem assim pensa, a Cavalaria não morre.Sem cavalos, sem armas, ela continua a ser a maior aventura domundo.

E também a maior ventura.

II

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ítlt)ÍCC12 Ao Leitor

16 Sonhar realidades

62 Um pesadelo também real84 A reação - Uma cavalaria

sem cavalos

104 Da inocência nasce o cavaleiro

114 Pequena galeria detipos guerreiros

154 O cavaleiro do Terceiro Milênio

160 As coragens do novo cavaleiro186 A nova esgrima em dez avisos208 Grandeza

218 Epílogo228 Recado

234 Glossário

238 Revolução e Contra-Revolução

(resumo)

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No extremo de todas as consideraçõesnós encontramos o imenso.

Plinio Corrêa de OtiOeira

(12-9-81).

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SONHAR

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Entre o sonho

c o sono...

HISTÓRIA È, nã ãlmã dos homens,um movimento pendular entre

o sono e o sonho.

Nã História dos povos, há horas emque o sono toma a dianteira sobre o

sonho, e outras em que o sonho^ seavantaja.

Os SONHOS E

AS ASPIRAÇÕES SÃO

A FORÇA MOTRIZ

DA História.

ModiBcando-se a engrenagem dasaspirações, modifíca-se o curso daHistória.

Todas as nações caminham para aidéia de um estado perfeito, de umasociedade perfeita, de uma ordem de

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coisas perfeita: é a Cidade

Perfeit£^ como

diziam os

antigos.

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o ?ArAÍso qwc sc foi

O PARAÍSO [ terrestre] era ãparticipação de todos nasemelhança de Deus.

Era o gênero humano, a cada passo,ir destilando mais famílias, mais na

ções, mais regiões, mais belezas, maisarquitetoniasí', mais esplendores.

Era ir CAMiNiíAisrDO

DE OGIVA EM OGIVA,

DE VITRAL EM VITRAL

E DE ÓRGÃO EM ÓRGÃO,

ATÉ UM PONTO QUE

NÃO SE SABE IMAGINAR.

Era esse andar consonante, rumo a

uma santidade sempre maior, sempremaior, até a glorifícação final

* As palavras com asterisco são explicadas no Glossário,ao final deste volume (p. 235).

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Tapeçaria flamenga do século XVIAdão e Eva expulsos do Paraíso

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Pobcr Íut3ir é

outro Pa^rAÍso

O HOMEM, passando para a Terra,perdeu tudo quanto perdeu, mas emcerto sentido ganhou algo.

E que a luta se tornou para ele muitomais dura, e na possibilidade dessaluta se encerra muito mais sofrimento.

No ÁPICE DESSA LUTA

í ESTÁ O VERBO DE DEUS,

QUE MORREU POR NOS ,

^ E NOS RESGATOU:

LUTA DAS LUTAS,

TRAGÉDIA DAS TRAGÉDIAS,

SUBLIMIDADE DAS

SUBLIMIDADES.

Oh! felix culpa!^ A Humanidade recebeu a batalha, e a guerra, e a oposição, e a inconformidade.

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No grêmio da Santa Igreja floresceramvárias Ordens religiosas combatentes.No desenho, da esquerda para a direita:Ordem do Santo Sepulcro, Ordem deMalta, Ordem do Templo, Ordem deSantiago de Espada e Ordem Teutônica.

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A IcrrA t>cvc

lembrar o PAr^íso

O HOMEM, criado para o paraísoterrestre, e para um estado de integri

dade que perdeu em razão do pecado, sente, no mais profundo de simesmo, uma viva apetência para essascondições, das quais, segundo o plano divino, jamais se deveria ter afastado.

A tendência para o que genericamentepoderíamos chamar, talvez com alguma impropriedade, o paradisíaco^',palpita, pois, como uma forçaestuante e insopitável, no fundo decada homem.

Essa força nele se faz sentir, a todomomento, se bem que em graus eformas diversas, e se mescla, oraconsciente ora inconscientemente,

em tudo quanto ele apetece, pensaou quer.

* Como dito, as palavras com asterisco são explicadas noGlossário, ao final deste volume (p. 235).

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Orientada pela Fé, elevada pela graça,desenvolvida segundo as normas da

moral católica, essa apetência doparadisíaca^ constitui uma força indispensável e fundamental para adignificação do homem em todos osseus aspectos.

Ela o convida a elevar e modelar sua

alma e a melhorar quanto possível ascondições de sua existência terrena, esobretudo ela o convida a aspirar ao

Céu e a nele pensar com freqüência.

A Cristandade deve

SER TODA PAILLETÉlíf DE

CÉU E DE PARAÍSO, E NISSO

O HOMEM DEVE ENCONTRAR

ESTÍMULO PARA AMAR A IGREJA.

Não se trata de restaurar o paraíso —

isto cheiraria a milenarismo''— mas de

criar uma ordem de coisas tendente a

algo que, tanto quanto possível,corresponda a um certo desejo doparadisíaccF que há em nós.

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Reprodução fotográfica de um pedaço de tecidopailleté (tamanho natural). Dizia Plinio Corrêa deOliveira que "a Cristandade deve ser toda pailletée decéu e de paraíso". A comparação é extremamentefeliz, pois esse tipo de tecido tem, de mistura com suatrama, pedaços de uma substância metálica queresplandecem de forma opalescente aqui e acolá.Analogamente, esplendores paradisíacos deveriam sefazer ver nas realidades terrenas, como o pailletéfaísca no tecido comum.

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A vida continuará um vale de lágrimas.

Que algo desta luz ilumine aqui e aliesse vale de lágrimas, que algo dessabrisa lhe dê perfumes, é o ponto departida para um verdadeiro programacatólico de açácd.

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Vm munòo c sotiíio

HISTÓRIA é o caminhar da Cria-ção para realizar em si a perfeição àqual foi destinada.

E certo que na ordem tendencial o ho

mem, antes do pecado oiiginal, tinhaum universo de tendências retas; depoisda queda, muitas dessas tendências

pennaneceram, levando-o a aspirarcoisas análogas às do paraíso, de sorteque ficou no homem uma nostalgia doparadisíaccf, não só do paraíso celeste,mas também de uma vida terrena com

uma nota paradisíaca.

Como paradisíacoã', não entendo apenas o delicioso, nem principalmente odelicioso; mas é a coisa esplendidamente ornada, ordenada, verdadeira,boa e bela, segundo as exigências daordem natural das coisas, criada porDeus para a própria glória dEle, e porcausa disso sumamente semelhante a

Deus dentro da esfera própria.

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A ArqMÍ-lm5viA

T 01 UM SONHO, mas foi um sonho

maldito, a torre de Babel.

Sou levado a achar que, com a confusão das línguas na torre de Babel, algoda mente humana se rebaixou: o ho

mem ficou menos

inteligente, menoscapaz, perdeu o domí

nio da arqui-língua,que exprimiria tudo,

que diria tudo, com

matizes nem sei quais,

com a graça grega,

a precisão latina, os

matizes franceses, avivacidade alemã, os sons portugueses, o timbre castelhano, o cantante

italiano, e daípara fora.

Valkenborch

A Torre de Babel

Eu tenho a impressão de que as línguas de hoje nem sequer são o patois*^da língua pré-Babel, e que houve umaqueda no padrão humano.

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CríStAtibAbC

Como que de repente aparece, deli-mitãdo em relação aos parentes maispróximos — e às vezes, até, já de punhalcontra eles — um povo. Diz: ''eu nãosou as minhas raízes, eu sou eu mesmd\

E a partir desse momento começa acaminhada de maturação emmaturação, de verdade em verdade, debem em bem, de pulchrum empulchmm*, rumo às excelências a queDeus lhe chamou a exprimir e a realizar dentro da História.

Civilização católica é a estruturação detodas as relações humanas, de todasas instituições humanas, e do próprioEstado, segundo a doutrina da Igreja.

A Cristandade seria, tanto quantopossível, um espelhar fulgurante daordem paradisíaca"^ e da ordem

angélica entre os homens.

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Cristãndade não é de nenhum modo

apenas a sociedade idealmente bemorganizada, em que tudo íunciona bem.

E muito mais do que isso.

E a ordem de coisas em que o espíritohumano subiu tão alto que ele se exprime em símbolos nos quais o homem Julga superada toda a belezacontenível nesta terra e se lembra do

Paraíso terrestre; não inteiramente

saciado com a própria beleza do Paraíso, se lembra do Céu.

O CODIGO PERFEITO DA

CONDUTA HUMANA ESTA NOS

DEZ mandamentos DA

liEi DE Deus.

Se todos os homens seguissem integralmente esta Lei, todos o problemasideológicos e morais da humanidade

se resolveriam a fundo.

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Se, pelo contrário, todos os homens

violassem integralmente essa lei, ahumanidade se autodestruiria em

tempo não muito longo.

Nós queremos uma época que estejapara a Idade Média como para estaesteve a era de Constantino, que lhefoi anterior.

ASPIRAMOS A UMA CULTURA EM

QUE TUDO SEJA CONCEBIDO EM

FUNÇÃO DE GRAUS DE PERFEIÇÃO,

TUDO ORDENADO AO SUBLIME NO

SEU RESPECTIVO GENERO.

Mais do que a salvação das almas, nósqueremos a glória de Deus. Não deve

mos fazer nossa obra por uma espéciede mera fílantropia sobrenatural.

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Dürer

Carlos Magno

Sonhos

Ím\>crÍoãs

O SACRO IMPÉRIOfoi um sonho. O

homem que acreditou em seu sonho e

o realizou foi Carlos

Magno.

A Espanha e a Com

panhia de Jesus leva

ram a Contra-Refor-

ma ao mesmo tempo

longe e menos longedo que deveriam.Se mais tivessem

sonhado, mais longe teriam ido.

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Tiziano

Carlos V

Carlos V não sonhou. Ele dirigiu umimpério de sonho com a alma de um

homem que não sonha.

Sonhamos com ele, mas cie não sonhava consigo. Desventurado! cie eraum homem que não acreditava nosonho que incarnava.

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Há alguma coisa que faz do luxooriental algo em que a alma do povotodo esteve empenhada.

Não foi o nababo que imaginou otapete persa. Nem os desenhos, nem

as cores, nem a arte de fabricar.

Felizes os modestos artesãos que nasmargens do Cáspio fazem estes tapetes; eles sonham tapetes, eles sãomuito mais felizes do que o nababo

que usa o tapete.

Eles são nababos do sonho.

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o sonho ò^iS

mivc$^çõcs

OaDA povo tem seu sonhcP.

É uma coisã sugerida pelo mais fundoda realidade que está em todos, emfunção de uma missão histórica dadaa todos, e que todos têm uma tendência profunda a realizar.

Um exemplo lindíssimo de sonhoforam as navegações portuguesas.Em certo momento estala na cabeçados habitantes daquela pequenanação que eles têm que descobriro mundo, têm que conquistar

o mundo.

Os castelos ruem

diante dos passos deles.

Quando uma nação ou uma almaestão no pleno éssor^'', no plenosurto do sonho, tudo sorri, tudo são

bênçãos, tudo são graças.

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Quando uma nação pára de sonhar,

tudo se lhe complica.

D. Sebastião foi o rei engendrado pelaesperança e pelas saudades.

Camões já geme porque Portugal nãosonhava mais.

" Os Lusíadaá' foi um brado laico paraver se despertava um povo cuja fédormia e só poderia ser acordado poruma voz muito mais altissonante que

a de Camões.

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No traço inspirado de Belmonte,um bandeirante "sonha" com as grandes navegações

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Vm BrAsíl t>c soníio

O BRASIL É UM grande livro embranco onde a mão dos homens tem

de escrever uma história de heroísmo.

Aqui tudo claivia

POR UM FUTURO DE

HEROÍSMO E DE GLORIA.

SÃO MONTANHAS FEITAS

PARA A LUTA, EM QUE

A ESPERTEZA TEM

UM GRANDE PAPEL.

Para facilitar nossa bondade, a Provi

dência, em sua generosidade enorme,deu-nos sobras colossais.

Nossa bondade não é feita de habilida

de, mas é vivida com habilidade. Estefato torna a habilidade, que facilmentetoma ares maquiavélicos, simpática.

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Um povo só é grande quando vira

seus defeitos nativos pelo avesso.

Nossos defeitos nativos, ou são leva

dos na chibata, ou nos põem debaixoda chibata.

A FORÇA DE CONQUISTA

DO Brasil é a bondade.

Mas se a bondade

FICAR só EM DOÇURA,

DÁ EM PODRIDÃO.

Nosso povo ágil, intuitivo, sumamente afeito a acompanhar os vais-e-venspolíticos, decifra num só lance deolhos toda uma narração históricaemaranhada, desde que o fiocondutor dos fatos lhe seja

posto ao alcance.

O jeitinho é a saída quea intuição apresenta

para as situações complicadas^^.

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Queremos um brasil

VERDADEIRAMENTE BRASILEIRO?

Façamos dele um Brasil

verdadeirajviente católico.

Queremos matar a

PRÓPRIA /VLMA DO BRASIL?

ARRANQUEMOS A SUA FE.

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Vm |íAssAí>obávtiliAbo cm soíilit)...

yV PALAVRA TRADIÇÃO evoca reminís-cênciãs brasileiras de tempos maisremotos.

C hi

Assim, os

patriarcais

casarões

de fazendas

com seus

terreiros,

tf- j SUaS

"'Z ^ Palmeiras eas senzalas

próximas.

Ou a

Quinta

da

Boa

Vista.

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Dom Pedro II. Embaixo:

Salvador, Bahia - Porto

dos saveiros

As barbas brancas

de Dom Pedro II

e o sorriso afável

de Da. Tereza

Cristina.

E ainda o Rio pláci

do e galhofeiro daI República, bemcomo a São Paulo

aristocrática e

circunspecta, familiar e divertida da

alta do café.

Tudo isso sem esquecer a Bahia vivaze indolente, gulosa e musical, queostentava, mais ou menos numa mes

ma quadra, as galas antigas dos tempos dosGovernadores

Gerais e as

fulgurações,

então ainda

recentes, da

nomeada de

Rui Barbosa.

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o AleijadinhoProfeta Daniel

F a Minas íncomparável do Aleijadinho, cuja expressão máxima são, a

meu ver, os profetas majestosos e

coléricos da escadaria de Congonhasdo Campo.

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...prcssA5^Aíií>o umfuturo be sonho

Tempo houve em que 3. Históriado mundo se pôde intitular "GestaDei per írancos"^^. Dia virá em que seescreverá "gesta Dei per brasilienseá'.

p Brasil e,

' DIG^^OS ASSIM,o PRÍNCIPE HERDEIRO

DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.

A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas pró

prias fronteiras, em desdobrar aquios esplendores de uma civilizaçãogenuinamente católica, apostólica,romana, e iluminar amorosamente

todo o mundo com o facho dessa

grande luz que será verdadeiramente o "lumen Christi"^^ que aIgreja irradia.

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o Aleijadinho - Profeta Joel

Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para o bem do mundo inteiro.

O Brasil não será grande \

PELA CONQUISTA, MAS PELA FÉ;V>

NAO SERA RICO PELO DINHEIRO

TANTO QUANTO PELA

GENEROSIDADE.

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Mossáv svâ&sifcaIíauça

Aos POVOS IBERO-AMERICANOSnão interessã constituir-se num todo^^

para devorar outras partes do mundo.

O que temos nos basta largamente.Não precisamos meter a mão no bolsodos outros para conservar nosso atualpadrão de vida, nem para o melhorar.

Além do mais, não no-lo consentiria

nossa formação genuinamente cristã.

Temos brio. Em nossas veias corre o

sangue latino, revigorado em suapugnacidade pelas nobres tradiçõesibéricas da Reconquista, bem comopela epopéia do desbravamento epovoamento das vastidões em quehoje vivemos soberanos.

Somos catõlicos, e como tais resolvi

dos a enfrentar as peripécias da História com o que Camões chamava "Cristãos atrevimentos"^^.

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Devemos formar uma famill^

DE NAÇÕES ESTRUTURADA POR

FIRMES ALIANÇAS DE LEGÍTIMA í''DEFESA, CONTRA QUANTOS QUEI

RAM NOS DIVIDIR, ATIRAR-NOS

UNS CONTRA OS OUTROS.

É tudo questão, para nós, de tinoe Jeito: qualidades em que é rico ogênio latino!

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Todos os povos latinos

DESTE CONTINENTE FORMAM

UMA SÓ FAMÍLIA, UNIDA PELA FÉ,

PELA TRADIÇÃO, PELA RAÇA E

PELA COMUNIDADE DE

UMA MESMA MISSÃO HISTÓRICA.

Duas jóias da cultura hispano-americana, entre muitasoutras: ABAiXO: Grande salão de um solar colonial

em Sucre (Bolívia); PÁGINA AO LADO: Salão daCasa Aliaga, no centro histórico de Lima (Peru)

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o sonlio C MmA

fomtA bc bísccmíwctito

"Na humanidade há 05 que nãosonham, há os que ingurgitam falsossonhos e há os que sonham o bem.

iVAO SE PODE

DIZER QUE O SOIVHO SEJA

MERA IM.A.GI1VAÇÃO.

O SOrsTIO É UM ALTO

DISCERNIMENTO DA A^RDADE

PELO QUE ELA TEM DE MSJS

RrVZOÁVTBL, DE MAIS SANTO

E DE M\IS BELO.

O homem que sonha sem conâança,ou sonha coisas que a Providência nâodeseja, é um tonto.

Mas o homem que tem pressentimentos do que a Providência deseja, esonha aquilo que pela oração esperapoder conseguir, esse pode ser umVarão de Deus.

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c MmA Arte ^♦4

O CÉU É A PLENA realização do sonho do homem.

Exprimir em termos de arteum sonho é uma dasmais altas formas de pensar.

E PRICCISO SABER

SONHAR REAEIIXXOES'".

A aparente inviabilidade dos maisousados e extremos sonhos apostólicos^^ não impedirá uma verdadeiraressurreição, se Deus tiver pena domundo, e o mundo corresponder àgraça de Deus.

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SotiliAr c

Ou SE SONHA, ou não se vive.

A grande atmosfera de sonho preparaa alma para a fé. Depois de a alma comfé receber esta preparação, ela voa dedentro da fé para a santidade.

Assim se procura o Absolutcf". Assim

não se é cego de Deus.

A OPINIÃO PÚBLICA SADIA

NÃO É SONHADORA NO SENTIDO

DE FABRICANTE DE UTOPIAS

NEM DE QUIMERAS; MAS

PORQUE ASPIRA ÃS

REALIDADES MAIS ALTAS

E SUBORDINA A ESTAS

AS MAIS BAIX/VS, E AS QUER

TODAS EXCEIBNTES,

VERDADEIRÍSSIMAS, ^1

MAONÍFICAS, LINDÍSSIMAS.

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e desejos'

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Os varões de desejos^^ ao longo daHistória constituem uma opinião coletiva desde que, por pouco que seja, seencontrem. Eu quase diria que eles sesentem uns aos outros mesmo quandonão se conhecem.

Pode-se, e deve-se, sonhar com a bata

lha, sonhar com a dor, sonhar com a

luta, sonhar com o holocausto, como

o que dá significado a uma vida. É oque dá à vida o seu tonus.

O SONHO É QUE

AJUSTA AS COGITAÇÕES E

AS VIAS DO HONIEM.

Deus diz, na Sagrada Escritura: "Meuspensamentos não são os vossos pensa

mentos, nem os vossos caminhos são

os meus caminhos"'^. As aspiraçõesprofundas dos homens náo eram asdEle. Daí as vias e as cogitações náoserem as mesmas.

A oblaçáo, para a alma reta, é um sonho, e o sacrifício náo é um pesadelo.

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NOTAS1. Como ficará mais claro com o desenvolvimento

da temática do presente livro, sonho aqui não édevaneio, ou plano feito nas nuvens. O Prof. PlínioCorrêa de Oliveira sabia magnificamente conciliar arealidade com o sonho. Para o ilustre líder católico,

como se verá, "sonhar é desejar". Mas desejar concreta e meticulosamente, dentro da realidade e

sem romantismo.

2. Não há aqui uma referência a alguma cidadeem particular, mas ao conceito de civitas, isto é, asociedade.

3. Felix culpa: trata-se de uma expressão de Santo Agostinho, recolhida no Precônio Pascal, que éproferido pela Igreja no Sábado Santo. O grandesanto e pensador considera o pecado originaluma feliz culpa, pois, sem ela, Nosso Senhor Jesus Cristo não se teria encarnado nem remido o

gênero humano.

4. Pailleté: Tecido com pequenas incrustações oufelpas douradas, originariamente à maneira depedacinhos de palha {paille em francês), depoiscom formatos variados.Ver foto da p. 26.

5. A respeito desse assunto, o Prof. Plinio Corrêade Oliveira apresenta o seguinte esclarecimento:"Entretanto, nem por isso deixa o católico decompreender que, como tão bem ensina a parábola do joio e do trigo (cf. Mat. 13, 24-30), o erro,o mal e, em conseqüência, a dor, embora possam ser circunscritos, não são extirpáveis deste

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mundo. Esta vida tem um fundamental sentido de prova, de luta e de expiação, que o fiel sabe ser conformea altíssimos desígnios da sabedoria, justiça e bondadede Deus. O fim último do homem — sua felicidade gloriosa, completa e perene — só está no Céu". Assim,marca o insigne líder católico sua total aversão aomilenarismo.

6. Esse pensamento não carrega consigo nenhumaconotação de milenarismo, doutrina condenada pelaIgreja, a que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira era profundamente intenso. Ver nota mais acima, neste mesmo capítulo.

7. Ver notas precedentes.

8. Patois, do francês. Algaravia, confusão de vozes.Idioma corrompido que se fala em certas regiões daFrança.

9. No sentido de alto desígnio, vivo desejo, lúcida intuição do que a História lhe reserva.

10. Éssor. do francês. Vôo, arrojo, impulso.

11. Contrariando o modismo de atacar, até por meio delivros, o internacionalmente famoso jeitinho brasileiro,o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira considera o jeitinhouma riqueza do Brasil, que, como qualquer outra qualidade, está sujeita ao mau uso inerente ao procedimento humano. Para ele, o jeitinho complementa a força,como a virtude da Prudência complementa a da Fortaleza. Clemenceau, Braudel e Charles Morazé, o conselheiro especial de De Gaulle, entre outros, exaltaram aagilidade mental do brasileiro. Este último celebra "a

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rapidez, a simplicidade e o humor com que osbrasileiros apreendem as noções, adaptam-nas àrealidade nacional, transformam as coisas, fazem em apenas 15 anos obras inacreditáveiscomo, por exemplo, a construção de Londrinacom seu incontido efeito de arrasto no desenvol

vimento do Paraná. A seu ver, "na Europa um talempreendimento levaria quatro séculos" {Jornalda Tarde, São Paulo, 7-8-99).

12. Gesta Dei per francos: do latim. A epopéia deDeus feita por meio dos franceses.

13. Lumen Christi: do latim. Luz de Jesus Cristo.

14. Escrito muito antes que se começasse a falarem Mercosul.

15. "Mas, entanto que cegos e sedentos / andaisde vosso sangue, ó gente insana / não faltaramCristãos atrevimentos / nesta pequena casa Lusitana" (Camões, Os Lusíadas, VII, 14).

16. Por exemplo, a Idade Média foi o sonho daIgreja das catacumbas. Realizado — infelizmente — apenas em parte.

17. Sonhos apostólicos: sonhos de conquista dealmas para a Religião.

18. Referência ao Profeta Daniel, a quem um anjochamou de "homem de desejos" (Dan., X, 19).

19. Is. 55, 8.

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Oli! anta âimpiicidade,candor doá anti^oá tempoi,ternura ingênua doá diaá de outrora,não retornaráá Jamaiá?

dòeuemoá crer cj^ue eótãá extinta,|| morta para áempre?

dd áe é uerdade (^ue oó óécuioá óãopara a Jdiótória do mundo o cj^ue áão oóanoô para a vida do liomem, nãoretonaráó, ó doce primavera da ddé, pararejuveneácer o mundo e noááoó coraçõeó?

^(dLarieá de Ylíjontaiemlert,Í8Í0-1870}.

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O homem foi deixando o sonhd

como um fílho abandona a casa

paterna^.

Na Revolução Francesa o mundo dosonho foi afastado, como se empurra águacom rodo, e se fez a ordem de coisas atual,

sem sonho.

O século XX é a expressão de ummundo que tomou por ideal não oDireito, como Roma, nem a

Filosofía,como a Grécia, e muito menosa Teologia, como o século XIII, mas amáquina, ou seja, a matéria.

O progresso material só é um bem quando acompanhado harmonicamente peloprogresso da moral.

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A Contra-Revoluçãc^ não pactua com otecnicismo hipertrofiado de hoje, com aadoração das novidades, das velocidades edas máquinas, nem com a deplorável tendência a organizar "more mechanico"^ asociedade humana.

Pela mecanização, o homem se toma umapêndice da máquina; ele tem de produzirna velocidade desta, e se defíne como ohomem que deixou de sonhar.

Um mundo em cujo seio as pátriasuniãcadas numa República Universal^ não sejam senão denominaçõesgeográãcas, um mundo sem desigualdades sociais nem econômicas,dirigido pela ciência e pela técnica,pela propaganda e pela psicologia,para realizar, sem o sobrenatural, afelicidade defínitiva do homem: eis a

utopia para a qual a RevoluçãcP nosvai encaminhando.

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\ >' Nesse mundo, a Redenção de Nosso^ Senhor Jesus Cristo nada tem a fa

zer. Pois o homem terá superado omal pela ciência e terá transformado aterra em um ''cévf tecnicamente

f ^ delicioso. E pelo prolongamento inde-fínido da vida esperará vencer um diaa morté.

Querem fazer dos países, que outro-ra constituíam a Cristandade, cadáveres de

nações jogadas na vala comum da Federação Européia. É através das burocraciasque o Estado anônimo, por meio de servidores também anônimos (para não esquecer as grandes sociedades anônimasmacropublicitárias), inspira, propulsionae manda na Nação.

E assim, ébrio de sonhos de RepúblicaUniversal, de supressão de toda autoridade eclesiástica ou civil e do próprio Estado, aí está o neobárbaro do século XX,produto mais recente e mais extremadodo processo revolucionáricf^.

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É indisfarçável que está ganhando terrenouma tendência onímoda para a vulgaridade, para a extravagância delirante, e nãoraras vezes para o brutal e descarado triunfo do hediondo e do obsceno.

O desaparecimento rápido das fórmulas decortesia só pode ter como ponto final asimplicidade absoluta {para empregar sóesse qualifícativô) do trato tribal.

A democratização geral dos costumes e dosestilos de vida, levada aos extremos de umavulgaridade sistemática e crescente, e aação proletarizante de certa arte moderna,contribuíram para o triunfo doigualitarismo tanto ou mais do quea implantação de certas leis, ou decertas instituições essencialmente ; \políticas.

A civilização moderna vai cada vezmais procurando se entrincheirar

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í/(0 yfe/ÍQ, para poder viver calmamente dentro do feio enquanto feio,sem as "agressões", as reações derepugnância que o Belo lhe provoca.

O lúbrico procura o feio para seentrincheirar dentro dele contra a

possibilidade do Belo.

A Revoluçâcf quer erigir o feio emordem habitual de todas as coisas, porque nofeio ela realiza a grande negação, a grandecontradição e a grande esperança do inferno.

Analisando-se a fundo a coleção de crisessimultâneas que estão chovendo no Brasil,notar-se-â que noventa por cento do problema se reduzem a uma crise de caráter.

O mundo moderno está exposto a degradações que nem mesmo as tribos maisbárbaras da Antigüidade tiveram.

Num país em tese, no qual a maioria esmagadora não cumpre os Dez Mandamentos,caso se prendam cinco ladrões, na verdade

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abrem-se cinco vagas, e para elas surgemcinqüenta candidatos, isto é, cinqüentanovos ladrões.

Mil processos de propaganda criam nasmultidões um estado de alma em que, sem

se afirmar diretamente que a moral nãoexiste, faz-se abstração dela.

Tbda a veneração devida à virtude é tributadaa ídolos como o ouro, o trabalho, a eBdênda,o êxito, a segurança, a saúde, a beleza física,a força muscular, o gozo dos sentidos, etc.

D ] n

A crescente ojeriza a tudo quanto éraciocinado, estruturado e

metodizado só pode conduzir, em

seus últimos paroxismos, à perpétua e fantasiosa vagabundagem davida das selvas, alternada, também

ela, com o desempenho instintivoe quase mecânico de algumasatividades absolutamente

indispensáveis à vida.

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No mundo de hoje, não raras vezes[o banco e a mídia] possuem umpoder nitidamente maior do que oda nobreza no século XIX, ou até

anteriormente à Revolução Francesa.

E o que faz esta sarabanda informativa? Interessa? Atrai? Orienta?

—A meu ver, o mais das vezes causa acabru-nhamento, superexcitação, e por Sm tédio.Sim, o tédio dentro da superexcitação;eis o estado de espírito que a pletorainformativa cria em muitos e muitos denossos contemporâneos.

Em suma, todos sabem de tudo, nãoentendem nada, alguns fícam comos nervos a tinir, e quase todos, à falta demelhor, bocejam.

Até que ponto a desordem dos fatos, já desi tão imensa e tão trágica, é ainda agravada

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pelo sensacionalismo trepidante dessasuperprodução informativa?E, principalmente, a quem aproveita essasuperexcitação?

A calúnia ora uiuia como um furacão, ora

agita discretos guizos como uma serpente;ora, enfim, mente como uma brisa morna ecarregada de miasmas fatais.

Quase se pode aplicara certa mídia, um ditoÊwicês a respeito do mentiroso de primeiramarca que foi o pseudo-imperador NapoleãoIli: quando íala, ele mente; quando se caia,ele conspira.

msis Duai

® (ffliíIilK

Como fantasmas, vazios de cérebro,de coração e de entranhas, os Partidos Comunistas ainda se obstinam

em sobreviver por toda parte.

Os entrechoques de certos liberaisingênuos ou retardados, com ossocialistas, são meros episódios

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' '■ r" ■ *\ > ■ ) superãciais do processo revolucioná-, \ rio, inócuos qüiproquós que não

perturbam a lógicaproíunda daRevolução^.

"7' .li/

; ' Esquerdismo no Brasil é coisa declube rico e de sacristia.

Há um anticomunismo que é apenasfeito para evitar os insucessos

operacionais do comunismo. Mas há outroanticomunismo que é a eterna inimizade dosonho contra o pesadelo.

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O que está a resultar para o mundo, senão a exalaçáo de uma confusão geralque promete a todo momento catástrofesiminentes, contraditórias entre si, que sedesfazem no ar antes de se precipitaremsobre os mortais, e ao fazê-lo geram aperspectiva de novas catástrofes, aindamais iminentes, ainda mais contraditórias? As quais quiçá se evanesçam, porsua vez, para dar origem a novos monstros, ou quiçá se convertam em realidadesatrozès?

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o que tem acontecido é colossal, mas temo arde que não aconteceu.

Tudo ãca, tudo piora, tudo andae nada se move.

Quando as certezas morrem, a atividadeintelectiva perde sua meta natural. E a mo-dorra se apodera da opinião pública.

A ecologia é a religiãodeste século sem religião.

Os vários "eus" ou as pessoas individuais,com sua inteligência, sua vontade e suasensibilidade, e conseqüentementeseus modos de ser, característicos e

conflitantes, se fundem e se dissol

vem na personalidade coletiva datribo geradora de um pensar, deum querer, de um estilo de serdensamente comuns.

Ao pajé' incumbe manter, numplano místico, esta vida psíquicacoletiva, por meio de cultos

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é totêmicos carregados de"mensagens" confusas,mas "ricas" dos fogosfátuos ou até mesmo

das fulgurações provenientes dos miste

riosos mundos

da transpsico-logia ou da

Kji parapsicologia.É pela aquisiçãodessas "riquezas"que o homemcompensaria a

atrofia

da razão.

H|P A grandey anarquia, como uma< caveira de foice na

mão,

parece rir

sinistramente aos

homens,da soleira

da porta de saída doséculo XX, onde os

aguarda.

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numa

Todas as crises

se resumem em uma:

a crise de iiemem

As muitas crises que abalam o mundohodierno — do Estado, da família, da eco

nomia, da cultura, etc. — não constituem

senão múltiplos aspectos de uma só erisefundamental, que tem como campo de

ação o próprio homem.

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Em outros termos, essas crises têm

sua raiz nos problemas de alma maisprofundos, de onde se estendem

- para todos os aspectos da personalidade do homem contemporâneo etodas as suas atividades.

Essa crise é universal. Não há hojepovo que não esteja atingido porela, em grau maior ou menor.

Essa crise é una. Isto é, não se trata de um

conjunto de crises que se desenvolvemparalela e autonomamente em cada país,ligadas entre si por algumas analogias maisou menos irrelevantes.

[Essa crise] é total. Considerada em dadopaís, essa crise se desenvolve numa zonade problemas tão profunda, que ela seprolonga ou se desdobra, pela própriaordem das coisas, em todas as potênciasda alma, em todos os campos da cultura,em todos os domínios, enfím,

da ação do homem.

É dominante. Essa crise é como uma rai

nha a que todas as forças do caos servemcomo instrumentos efícientes e dóceis.

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É pmcessivã. Essa crise não é um fatoespetacular e isolado. Ela constitui, pelocontrário, um processo crítico já cincovezes secular, um longo sistema de causase efeitos que, tendo nascido, em momentodado, com grande intensidade, nas zonasmais profundas da alma e da cultura dohomem ocidental, vem produzindo,desde o século XV até nossos dias,

sucessivas convulsões.

i

[A causa principal de nossa presentesituação é\ impalpável, sutil, penetrantecomo se fosse uma poderosa etemível radioatividade. Todos lhe

sentem os efeitos, mas poucossaberiam dizer-lhe ò nome e a es

sência.

Este inimigo terrível tem umnome: ele se chama Revoluçácf^.

Sua causa profunda é uma explosão de orgulho e sensualidade

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C ■ i'r

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que inspirou, não diríamos umsistema, mas toda uma cadeia de

I

sistemas ideológicos.

. . , .

' ' Entre as patrões desordenadas, oorgulho e a sensualidade ocupamum lu^r proeminente. Eles marcamo utopista com duas notas principais:o desejo de ser supremo em suaesfera, não aceitando sequer um

Deus transcendente, e a tendência a uma

plena liberdade na satis&ção de todos osinstintos e apetências desregradas.

[A Revolução é\ a desordem e a ilegitimidade por excelência.

Os agentes do caos e da subversão fazemcomo o cientista, que em vez de agir porsi só, estuda e põe em ação as forças, milvezes mais poderosas, da natureza.

Cuidado, leitor, cuidado. Não dê crédito aalguém só porque se diz católico. Estamosna época da hipocrisia, em que Satanás porvezes se faz sacristão, por vezes padre e...

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prefíro não continuar. Para arrancar a fé daalma popular—pensava-se com ra2ão noKremlin — a mão brutal e estúpida do sem-Deus é incomparavelmente menos eãcientedo que a mão ungida, mada, jeitosa, do maubispo, do mau padre, da freira degradada.

Se a Passionári£ ou Ana Paukef' tivessem

tido a esperteza de se fazerem freiras,teriam sido incomparavelmente mais úteisao comunismo do que no papel de viragosvermelhas.

No fundo, só mãos régias e sacerdotaispoderiam derrubar a Cristandade Medieval. E foram elas que o fízeram.

Quando viu a História, antes de nossos dias,uma tentativa de demolição da Igreja,já não mais feita por um adversário, mas qualificada de autode-molição" em altíssimo pronunciamento de repercussão mundial?

Depois de caluniarem a Igreja dopassado, os progressistas queremdesãgurar a Igreja do presente,transformando-a numa espécie derepública espiritual populista.

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Ruínas de Saint-Jean-des-

Vignes, em Soissons

(França) - Esse trágicovazio onde havia um vitral

multicoiorido pode sertomado como um símbolo

da situação da Santa Igrejaem nossos dias

A Igrejã sonhada pelos

progressistas não é a

Igreja em nova fase. Elanão passa de uma anti-Igreja.

Se hâ uma Igreja de hojeem dia distinta da Igreja

de sempre, ela não é aIgreja de sempre, pura esimplesmente.

Estamos nos lances su

premos de uma luta —

que chamaríamos demorte se um dos

contendores não fosse

imortal — entre a Igrejae a Revolução^.

Como a Igreja Católica não é mortal^, qualo maior crime que se poderia cometer contra Ela? Seria o de dar a impressão de queEla morreu.

Ela se põe perto de nós nesse horror enesse esplendor. E é nesse horroroso esplendor, nesse esplendoroso horror, que

so

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Ela se põe diante de nós, desejosa de que Aconheçamos, saibamos como é a aima dEia,a amemos como verdadeiramente Eia é.

Quantos são os que vivem, em união coma Igreja, este momento que é trágico comotrágica foi a Paixão, este momento em queuma humanidade inteira está escolhendo

por Cristo ou contra Cristo?

Oh! derrota do Deus invencível, eu te

sigo, eu me dou inteiramente a tí^!

Na hora em que o absurdo torna-se explosivo, rasga-se a abóbada do céu e descemmilhões de anjos.

REIJXAM-SE EM TORXO DE XÓS

COMO SE REÉXE UMA XXTVTÍJM ÁUREA;

ASSIM COMO AS CHAMAS DE UMA

LAREIRA TEXDEM A SE REUNIR TODAS

PARA FORMAR UMA SÓ LABAREDA,

ASSIM REÚNAM-SE OS ANJOS,

À VISTA DE DEUS E DE VLVRIA'".

SI

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NOTAS1. A respeito do sentido de "sonho", ver as explicitações docapítulo anterior. - Casa paterna: há aqui uma alusão à parábola do filho pródigo, do Evangelho (Lc XV, 11 ss.).

2. "More mechanico": do latim. À maneira de máquina.

3. Cabe aos psicólogos explicar por que a expressão "República Universal" até hoje provoca certo arrepio na opiniãopública, enquanto o termo "globalização", que lhe é tão próximo, encontra guarida mesmo entre espíritos atentos.

4. Como explica o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em uma desuas obras mais traduzidas e mais célebres, Baldeaçãoideológica inadvertida e Diálogo, o utopista, "alheio à luz dafé, considera o erro, o mal e a dor como contingências absurdas da existência humana, que o indignam. É natural aohomem revoltar-se contra esta tríade de adversários, pensaele. E, como o utopista não toma em consideração a existência de outra vida, é levado a julgar evidente, forçoso,indiscutível que se pode acabar por eliminar a dor, o mal e oerro. Pois do contrário deveria admitir que a própria ordemdo ser é absurda. Nisto está essencialmente o fundamento

de sua utopia. É explicável que para o utopista a vida nãopossa ter normalmente um sentido legítimo de luta, de prova e de explação, mas só de paz macia e regalada. Ele é,assim, e por definição, pacifista à outrance, ultra-ecumênico, ultra-irênico. E nenhum de seus sonhos teria

coerência interna, nenhum seria capaz de o satisfazer inteiramente, se não incluísse a supressão de todas as lutas ede todas as controvérsias". Como se vê, o sonho doutopista se opõe diametralmente ao sonho católico(Cap. IV, 2, J).

5. Hoje talvez se dissesse "aos gurus", em sentido próprio ou estendido. Mas a realidade é fundamentalmentea mesma.

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6. Até aqui foi apresentada a crise do hoem modernoapenas em pinceladas muito gerais e, obviamente,sem de modo algum pretender esgotar o assunto. Aseguir há alguns traços do célebre ensaio de PlínioCorrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revoluçâo.No fim deste volume encontrará o leitor um breve re

sumo desta famosa obra, indispensável para compreender a crise contemporânea, já publicada em francês, inglês, espanhol, italiano, alemào, romeno e polonês.

7. Nascida em 1895, Dolores Ibarruri, "La Pasionaria",líder comunista e anticlerical, fez parte da Frente Popular que disputou as eleições espanholas em 16-2-1936. Famosa por sua sanha vermelha e sua crueldade.

8. Anna Pauker (nasc. 1897) assumiu em 1947 o Ministério das Relações Exteriores da Romênia. Nomesmo ano o Rei Michel abdicou. A Romênia tornou-

se comunista.

9. Cfr. Alocução de Paulo VI ao Seminário Lombardo,em 7/12/1968.

10. 'Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerãocontra ela" (Mt. XVI, 18). Ver também Mt. XVIII, 20 eJo. XVI, 16-17).

11. Essa grandiosa e tocante apóstrofe foi feita comnaturalidade no decorrer de uma conferência. Um grito do fundo da alma de um homem cuja vida foi umatecido de derrotas e vitórias. Ante o paradoxo representado por uma derrota de Deus, é preciso crer navitória final, pois Nosso Senhor é invencível.

12. De um texto de Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado

"Apelo aos anjos".

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^ REACÂOUMA CAVAUUIA ScM CAVALOS

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LuiêiV, c preciso

"OevEMOS reagir, sob pena de ser-mos julgados um dia pela História,com a severidade com que esta julgahoje a indolência dos romanos vendoas legiões de bárbaros invadirem oImpério...

Em nossos dias,

NÃO BASTA M^VIS A COILfVGEM

DOS TEMPOS DE PAZ. RESTA-NOS

ESCOLHER ENTRE SER UM HERÓI

OU UM COVARDE.

Nossa época é de fogo e de lama.Quem não arde como o fogo, é abjetocomo a lama.

Eu prefiro ser demolido por aquiloque não suporto, a suportar aquiloque quereria demolir.

Duro? É. Graças sufícientes? Hã. A obraé muito boa. Logo: coragem!

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Hoje, mais do que nunca, a forma

mais pesada de cruz é a espadaK

Só são capazes de ternura,

os homens

capazes de

extremos de

combatividade.

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LvitAr

c viver!

\/OZ DE CRISTO, voz misteriosa daGraça, Vós dizeis em nossos coraçõespalavras de batalha e de vitória.

A combatividade é uma

forma de amor.

O Céu, lugar de paz, foi o maior campo de batalha da História.

^ ffl' DEUS AMA O heroísmo! .)

A TODOS OS SEUS AMIGOS,

UM DIA OU OUTRO, ELE

CONCEDE A GRAÇA

DE SEREM HERÓIS.

h

89

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VmA O^v^UrÍA sen»

cevvAlos c sen» Am»^

A LUTA DO ESPÍRITO e as realiza-ções do espírito são ainda mais inten

sas que as outras lutas.

Cavaleiro é o homem

QUE PASSA PELO CAMINHO

TERRÍVEL DO SACRIFÍCIO

POR UM FIM SUPERIOR.

Neste vale de lágrimas, a alegria é avéspera do dia da luta; a luta é a véspera do dia da glória.

Mas o dia da glória não teria glóriase a luta não tivesse dores, nãotivesse dificuldades, não tivesse

tristezas.

A mais violenta, a mais absorvente de

todas as ações, aquela que se opõemais diretamente à preguiça, não é otrabalho, é a luta.

30

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/

Rafael - o Papa São Leão Magnodetém Átila e suas tropas àsportas de Roma (detalhes). Opoder espiritual suplanta a forçadas armas, a personalidade de um

Santo leva de vencida a de um

bárbaro pagão. Quando se fala emluta, no presente volume, deve-seentender a pugna Incruenta eabsolutamente legal que se trava

em prol das boas idéias, atravésdo poder dos argumentos e daforça da personalidade. Como aque se vê nesta imagem

I

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liUTAR E

EM INTENSIDADE.

O HOMEM QUE NAQ LUTA E UM INEELIZ.

Quando não se luta ou nÃo se

íl, SOFRE, SOBRAM ALGUMAS ENERGIAS.

Esto provoca uma frustr.\çÃo que""ÍIPPfW|B%IOR QUE O SOFRIMENTO.

1989, Pequim - Nos dias da mais terrível e famosa repressão comunista dosúltimos tempos, um jovem, com sua ação de presença, consegue deter umacoluna de tanques prontos para matar. Bom exemplo do tipo de combatividadepreconizado neste livro, que se baseia na força da alma e não das armas

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RcVoImÇÃO tCí1í)Ct1CÍAl,A 5MC1TA

A CONTRA-REVOLUÇÃO* não é nempode ser um movimento nas nuvens,que combata fantasmas.

Ela tem de ser a Contra-RevoluçãcEdo século XX, feita

- contra a Revolução^' como hojeem concreto esta existe e, pois, contra

as paixões revolucionárias como hojecrepitam;

-- contra as idéias revolucionárias'^

como hoje se formulam, os ambientesrevolucionários^ como hoje se apresentam, a arte e a cultura revolucioná

rias'''' como hoje sáo;- contra as correntes e os homens

que, em qualquer nível, sáo atualmenteos fautores mais ativos da Revoluçácf.

\Épreciso\ antes de tudo, acentuar apreponderante importância que (...)cabe à RevoluçácE nas tendências.

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Essas tendências desordenadas, quepor sua própria natureza lutam porrealizar-se, já não se conformandocom toda uma ordem de coisas quelhes é contrária, começam por modificar as mentalidades, os modos de ser,

as expressões artísticas e os costumes,

sem desde logo tocar de modo direto—habitualmente, pelo menos —nas idéias.

Dessas camadas profundas,

A CRISE PASSA PARA O TERRENO

IDEOLÓGICO. Com efeito

— COMO Paul Bourget

PÔS EM evidência EM

SUA CÉLEBRE OBRA "LE DÉMON

DU MIDI" "CUMPRE VIVER

COMO SE PENSA, SOB PENA DE,

MAIS CEDO OU MAIS TARDE,

ACABAR POR PENSAR

COMO SE VrVEU"

54

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Assim, inspiradas pelo descegramento

das tendências profundas, doutrinasnovas eclodem.

Essa transformação das idéias estende-se, por sua vez, ao terreno dos fatos,onde passa a operar, por meios cruentos ou incruentos, a transformação dasinstituições, das leis e dos costumes.

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Paris, 1968

Cena da revoluçãoda Sorbonne; a

"revolução cultural"desafia o Estado

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A rcvolviçÃo cuUureA

A GUERRA PSICOLÓGICA pode sermuito sumariamente deânida como um

conjunto de operações psicológicasdestinadas a atuar sobre o ânimo do

adversário, de sorte a levá-lo à capitula

ção antes mesmo que qualquer operação o tenha derrotado pela força.

Ela assegura ao atacante

AS VANTAGENS DA VTTÓRIA,

SEM OS ESFORÇOS, OS CUSTOS

E OS RISCOS DA GUERRA.

Não se pense, aliás, que a guerra psi

cológica exclui inteiramente o empre

go da força. Pois a intimidação doadversário faz parte de tal guerra, ecertas operações de força ('invasõesde terras", sabotagens, atentados, se-qüestros, motins, etci) podem intimidar e levar à capitulação a classe socialque se queira derrubar.

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A guerra psicológica visa a psique todado homem, isto é, "trabalha-o"nas

várias potências de sua alma, e emtodas as fibras de sua mentalidade.

Como uma modalidade de guerrapsicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil da

Sorbonne, em maio de 1968, nu

merosos autores socialistas e

marxistas em geral passaram areconhecer a ne

cessidade de uma

forma de revolu

ção prévia às

transformaçõespolíticas e sócio-

econômicas, que

operasse na vidacotidiana, nos costumes, nas

mentalidades, nos modos de ser,

de sentir e de viver E a chamada

"revolução cultural".

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o referido conceito de "revolução

cultural" ãbarcã, com impressionanteanalogia, o mesmo campo já designado por Revolução e Contra-Revolução,em 1959, como próprio daRevolução^ nas tendências^.

A chave da Contra-Revoluçãcf^ tenden-cial não consiste tanto em entrar nas

tendências más, e dirigir contra elas umaguerrilha, quanto em conhecer as tendências boas, estimulá-las e favorecê-las.

Paris, 1968

Os estilingues darevolução culturalcolocam em xeque

as instituições, o Estadoe a força policial

A Revolução cultural é uma verdadeiraguerra de conquista — psicológica, sim,mas total — visando o homem todo, e

todos os homens em todos os países.

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v/m y\oyo Aqwílcs,vim novo Kol^nt)

ANTIGÜIDADE toda viveu do mito de

Aquiles, uma fígura imaginária. A IdadeMédia viveu em função da figura ideal docavaleiro, que se personificava em Roland.

Agora, trata-se de explicitar o novo Roland.Isto é mais obra de arte do que erigir umacatedral.

O Roland ideal seria a soma do cavaleiro da

Idade Média com o que veio depois.

O pulchrum* de um ideal se reflete na almade quem por ele luta. Em todos os momentos de sua vida, Santa Joana d'Are irradiava

luz. Mesmo no momento trágico em que aschamas da fogueira começaram a lamber olenho onde estava amarrada, ela luzia mais

que as próprias chamas.Para a piedade

deformada, o princípio moral é estudado nocompêndio, mas náo tem símbolo. Náo háum Aquiles, os santos náo sáo os Rolands daLei de Deus. E nem é necessário.

O melhor símbolo das convicções de umhomem é o próprio homem.

100

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Audacioso até ao incrível, quando for a horada audácia, — prudente até ao inimaginável,quando for a hora da prudência, — bom atéao inexcogitável, quando for a hora do perdão, — severo até o espantoso, quando for ahora do castigo, — confiante a ponto dedesarmar os outros de tão confiante, quando

se trata de confiar nAquela que merece umaconfiança inteira, e em relação à qual atéDeus, cujo olhar sonda os rins e os coraçõesdos homens, teve um comprazimento tãoirrestrito que chegou ao ponto de nEla seencarnar para habitar entre nós, — esse deveser o novo cavaleiro.

COMO SKRA O NOVO

ROLANO, O CAVAIACIRO

SEM cavaijOS do Terceiro

' / V Mieenio? — Para responder,// NOS PRÓXIMOS CAPÍTUEOS SE

H' PERCORRERjV uma pequena gaueruvDE TIPOS cíuf:rreiros de

DmíRSAS EI-^SS Tí ClTl/FUR-VS,

C0MEÇANI>0 POR ANAI.ISAR

AS reIjAções entre

INOCÊNCIA E HEROÍSMO

iOi

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NOTAS

1. Com efeito, a espada tem uma forma que lembra a cruz. E, muitas ve

zes, é preciso ter mais generosidadepara encarar a luta do que, por exemplo, para aceitar passivamente umadoença.

2. Paráfrase do trecho inicial de

O Livro da Confiança, do Re. Thomasde Saint-Laurent, muito apreciadopelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira:"Voz de Cristo, voz misteriosa da graça que ressoais no silêncio dos corações, Vós murmurais no fundo dasnossas consciências palavras dedoçura e de paz".

3. Há aqui uma referência ao "magnoprélio" travado entre os anjos bons eos demônios (Apoc., cap. XII). Segundo a doutrina católica, após a criaçãodos anjos. Deus os submeteu a umaprova. Em conseqüência, parte muito

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significativa deles se rebelou, tendosido escorraçada do céu por SãoMiguel, o "arqui-estrategista", secundado pela maioria dos anjos, que permaneceu fiel.

4. Paul Bourget, Le Démon de Midi,Librairie Plon, Paris, 1914, vol. II, p.

375.

5. Ver, pouco acima, o tópico "Revolução tendencial, a nova guerra".

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Qual o mcmbrudo c bárbaro gigante,Do Rei Saul, com causa, tão temido.Vendo o pastor inerme estar diante.Só de pedras e esjbrço apercebido,Com palavras soberbas, o arrogante.Despreza o jraco moço mal vestido,Que, rodeando a Jimda, o desenganaQuanto mais pode a que a jbrça humana.Destarte o mouro pérfido desprezaO poder dos cristãos, e não entendeQue está ajudado da alta jbrtalezaA quem o Injerno horrífico se rende.

Camões, Os LusíadasCanto Terceiro, 111-112.

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1

A rainha e o menino{foto da rainha Ellsabeth. da Inglaterra, nos anos 70)

Ouve-se ao longe um trepei de cavalos. Repentinamente, como numa aparição, surgea rainha, com seu nobre aparato, seucharme distinto, seu apelo histórico.

A cena é maravilhosa e absolutamente

mítica. O menino, eletrizado, se ergue,e nesse momento a máquina fotográficao colhe. Mas ele não está pensandonas fotos.

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Um arrepio de emoção o percorre; a "visão"maravilhosa ocupa to

dos os seus espaços

interiores. Ele já nãopensa em si; sua almamergulha noutra esfera,numa esfera maravilho

sa, de um mundo ideal,nobre, sublime.

Um mundo real,

mais real do que o volátilmundo meramente con

creto. Mas de uma reali

dade que só osadmirativos, só as al

mas com alma, enxer

gam. O menino viveu.

vel é uma alma maravi- fÊBÊMlhosa, capaz de fazer HljyB? *

Plínio Corrêa de Oliveira

(O Universo é uma Catedral, p. 135).

Da admiração nasce o guerreiro autêntico.Plínio Corrêa de Oliveira explica como, nas próximas páginas..

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^IãO sei se conhecem a descriçãoque Madãme de Sevigné fez de umvestido da Grande Mademoiselle.

Feito de tecido de ouro, bordado erebordado de ouro e ainda ornado

com certo ouro...o mais divino vestido

que Jamais se viu no mundó^. A men

talidade do menino desta foto se

descreve assim.

No Mercado de Roma, vendo escra

vos ingleses, o Papa São Leão Magnoexclamou: ''Non sunt angli, sedangeir^. Esse menino é um anjo. Enuma civilização modelada por essemenino, caberiam canções de criança

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de uma candura incomparâvel, queele vai cantar até quando for grande.Com uma velhice fíorida como a de

Carlos Magno.

Este menino é a matéria prima [ donovo Rolandf.

O elemento essencial do brilho da

personalidade desse menino éuma capacidade — se eu pudesseme exprimir assim — de ver tudoem dourado^.

Ele veria todas as coisas banhadas

de uma espécie de luz, consistenteno máximo de nobreza e máximo

de esplendor que a palavra ouroaqui significa.

E UMA CERTA FORMA DE

NOBREZA, UMA FORMA DE ES

PLENDOR QUE O OURO, ENQUANTO

COR SUPREMA, REPRESENTA MAIS

DO QUE TODAS AS OUTRAS.

m

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Cvilmmávid^

tsTE DOURADO, que é a cor naqual ele vê tudo", não é a idéia de

que tudo deve ser dourado, masde que as culminâncias de todas as

coisas devem ser douradas.

Quer dizer, tudo deve chegar a um talgrau de nobreza, que atinja a respectiva culminância dourada.

Nesta culminância do dourado, as

coisas recebem uma plenitude que secomunica, por sua vez, aos diversos

graus inferiores.

Lc^lb^bc, cocrcud^ 1ó5ic^

tsSA POSIÇÃO de alma \do meninode ouro] teria como corolário a necessidade de uma grande lealdade e deuma grande coerência. Pois só a lealdade é tão ciara que sustenta a luz que

há em seu espírito.

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Grande lealdade, grande coerên

cia e, portanto, lógica. Isso marcaria o modo de ele governar, tratarcom as pessoas, administrar, economizar, rezar, de ele se haver

com Deus e de agir em tudo.

Ele seria uma espécie de campeão damanutenção da lealdade, da reciprocidade, da correção, anexa com a limpeza em todas as formas. Em conseqüência, casa limpa, palãcio limpo,ruas limpas, pureza, costumes limpos,tudo visto à luz da lealdade, da lógica,

que é a rosácea por onde entra a luzãurea em todas as coisas.

Seu pensamento seria muito impregnado da idéia de justiça, mas não deuma justiça egoísta e resmunguenta.A justiça do generoso, a que gosta dedar, de atribuir, até de fazer mais do

que deve.

Magnânimo, acha que a maior dasmisericórdias não é fazer favores, é

conferir direitos.

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NOTAS

1. "Traje de ouro sobre ouro, rebordadode ouro e, por cima, ornado de um ouromesclado com certo ouro, que resulta

no mais divino tecido já imaginado: foram as fadas que fizeram em segredoesta peça" (De uma carta de Madamede Sévigné a Madame de Grignan, citada de memória pelo Prof. Plínio Corrêade Oliveira).

2. A tradução do latim para o portuguêsnão apresenta o jogo de palavras quese pode notar no original: "Não são ingleses (anglos), mas anjos".

3. Algum leitor poderá estranhar que ummenino imberbe possa ser consideradoa matéria-prima de um guerreiro. Maspara o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ofundamento da combatividade é a admi

ração. "Sem entusiasmo não existeheroísmo", costumava ele dizer. E semadmiração não existe entusiasmo.

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4. Assim como São Gregório Magno viufiguras ideais nos escravos ingleses deRoma (ver nota acima), o Prof. PlinioCorrêa de Oliveira idealiza a figura domenino, desdobrando os aspectos desua personalidade consonantes com aatitude de suma admiração registradapela fotografia. É o que fará mais adiante com a figura do beduíno.

5. As cores podem simbolizar estadosde espírito. Assim, na linguagem corrente, costuma-se dizer que alguém vêtudo em preto, que as perspectivas sãoróseas, etc. O ouro aqui é a expressãode uma qualidade moral.

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E, para dizer tudo, temo e creio

Que qualquer iongo tempo curto seja;Nas, pois o mandas, tudo se te deve,

irei contra o que devo, e serei breve.

Camões, Os Lusíadas,

Canto Terceiro. 4.

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o ARTISTA nestã estatueta representou bem um aspecto do guerreiro quedeve ser íundamentalmente religioso.

Ademais, ele está inteiramente resolvido, inteiramente persuadido de que élegítimo e que é obrigação dele usarda força a serviço da Fé.

Ele está perstjadido

DE QUE DEVE líSAR A EORÇA A

' SERVIÇO DA FÉ E DE QUE DEVE

USAR O MÁXIMO DA FORÇA

<:V3DENTR0 das REGRAS NOBRES,

MOR AT.MENTE NOBRES

. DA Cavalaria.

Ele está altamente imbuído da legiti

midade dos meios que usa e se deupor inteiro a causa que abraçou. Elevai até o Em e morre por isso.

Há portanto uma idéia desacralidadd^, de renúncia, de determi

nação e, se se pudesse usar a expressão francesa, de "force de frappe"^

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A meu ver, há uma força de impacto

verdadeiramente extraordinária, nesseguerreiro.

Para um general Nef- a guerra é apenas um estilo de luta. Na hora da luta

ele é o bravo, enquanto, na vida civil,Ney é um sujeito qualquer. Mas para oguerreiro da foto, a guerra é um estilode vida.

A SAcrAlít>AÍ>c

Agrada neste cavaleiro o tipode sacralidade^ que é o mais alto dosaltos na matéria. Ele é sacraE como

uma torre de catedral. A sacralidadeP

o leva às mais altas considerações doespírito, misturadas com muito bom

senso e muito critério.

Um homem assim abnegado é um purocavaleiro de ideal, vivendo numa es

pécie de atmosfera celeste, num a2ulpuro, num verde puro, como se estivesse dentro de um cristal adamantino'.

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A proczãi

VmA coisa É fãzer uma proezae outra é ter o espírito de proeza.

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Quer dizer, é preciso conhecer e sen

tir o belo metafísico^ daquilo que seestá fazendo.

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Os cavaleiros medievais que fizeram aproeza não tiveram tanto a idéia depulchrum* da proeza, quanto teve oséculo da burguesia com saudades daproeza^.

O SIMPLES RISCO DE VIDA

NÃO CARACTERIZA A PROEZA.

É PRECISO QUE HAJA UMA

ESPÉCIE DE euforia EM

: SER BRAVO, QUE NÃO É

- VAIDADE NEM MEGALOMANIA.

trata-se de uma das

MAIS ALTAS POSIÇÕES

DA Alma humana.

Essa proeza, que é quase pós-medie-val, é uma das finas fores da IdadeMédia.

Os homens do século XIX souberam

dizer, souberam cantar o que os

medievais tinham e não cantaram.

Não cantaram porque a tinham comuma naturalidade plena com o épico.

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V

OVf A

5rAiií)CZA

bíblícA

■A FIGURA É ma-jestosa e digna.

>•

E bem oriental,o gesto tem aênfase e a pompaque podemcaracterizar um

profeta do AntigoTestamento.

Ao mesmo tempoum varão possante. A fisionomia delelembra o Carlos Magno de Dürer,louro, claro, corado, o olharfixo, penetrante.

Há uma coerência muito grande entrea expressão da fisionomia, a atitude docorpo e o gesto dos braços.

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o brãço segura a espada com Brmeza,ele está até se apoiando sobre a espada, pronto para espadagar. O outrobraço está em atitude de increpaçáo.Ele está íncrepando ou os profetas deBaal, ou o povo que náo é fíel.

' Nada de um

LUTADOR PURAMENTE FÍSICO.

A CHAMA DO OLHAR,

A EXPRESSÃO POLÊMICA DE

TODA A FISIONOMIA, MARCAM

MUITO MAIS DO QUE

A MUSCULATURA E A

POSIÇÃO DO CORPO.

' A AliMA EXULICA A

COMBATIVIDADE DO CORPO.

A barba é espessa, abundante, bigodefarto, em tudo a idéia do varão.

É uma imagem, se não perfeita, pelomenos das mais interessantes de

Santo Elias.

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o cavaleiro

das Mil e

uma Noites

O GUERREIRO DA EOTO é um guerreiro fabuloso, perfeitamente das ''MUe uma noiteê'^.

O beduíno, no dourado, perde tudo.

Vou dizer mais: o beduíno só pode ser

visto num fundo branco-de-arrebentar

do deserto, ou de negro noturnoí

A casa dele é o camelo e também o

descanso dele é estar sentado nessa

montaria.

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Ele está

relacionado

com esse

animal de tal

maneira que

no camelo

come, bebe,

dorme, podefazer qualquer coisa.

E um homem estaveimente postona aventura e em correr o risco

vertiginoso.

Eue ve panoramas

SEMPRE NOVOS,

SEMPRE DIFERENTES

E FAZ PROEZAS QUE

SEMPRE SE RENOVAM TAMBÉM.

1Z6

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Vm sci>cntkvÍo

que nãiO párA nunc3i

/Ko CONTRÁRIO do que uma análisesuperficial poderia fazer imaginar, eleé um grande sedentário. Ele carregadentro de si sua estabilidade, sua distância com relação às coisas.

O ESPIRITO DELE

HABITA NUMA REGIÃO

QUE FICA NOS CONFINS

ENTRE O TEMPO E

A ETERNIDADE.

Ele vive aquela situação em que a cada

momento se faz uma coisa tão bela

que a vida parece uma maravilha, outão arriscada que ameaça sumir.

Nessa fímbria ele habita, sem arrepioe sem medo.

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A morte c

A AVcntvirA

SãO EXPRESSIVOS o branco do de-serto, e o negro da tez dele. O branco da vida éclatante^, de heroísmo

em heroísmo, de aventura em aven

tura, e o negro da morte diante daqual eie pode afundar mas que é oadorno da vida.

Ele ajvíüa dentro do

BRANCO E PRETO NORJVLALMENTE,

À PROCURA DO RISCO, DAQUELA

PÍMBRIA, DAQUELA HORA

EM QUE A VIDA ATINGE

O SEU AUGE E AMEAÇA

PRECIPITAR-SE DENTRO

DO VÁCUO.

Para os inimigos ele parece dizer:"Você não tem razão nem quando diz

a verdade".

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Vcrb^bc,

o Bem

c o Belo

tsSA posiçãodele, constãíi-

temente entre ã vida e a

morte, é uma posição metafísica^ emface do verum*, do pulchrum*e do bonum*.

Eu a exprimiria da seguinte maneira:

A vida em si é muito boa, na medida

em que esteja completamente voltadapara algo que não é ela e que ele nãosabe bem o que é.

A dignidade dela estã nesseholocausttf contínuo.

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o c^va^-

Icíro t>o

Vk>l0CAVtôt0

Ele poderiaser chamado "o

cavaleiro do

holocausto". A

contínua preparação para o holocausto daria, a meuver, a defínição deste homem.

É uma raça feita para o holocausto,nascida para o holocausto e que tiratoda a sua possibilidade de existirdo holocausto.

Para compreender o Roland que existenesse homem, é preciso admitir que,

assim como existem na Igreja certas

ordens religiosas que fazem coisascaríssimas que o comum das pessoas

não deve fazer, mas que devem existir— o silêncio perpétuo, por exemplo— assim também no mundo deve

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hãver uns povos que são, por exem

plo, simplesmente o holocausto, e quelevam essa vida de frugalidade que é ado beduíno.

A pergunta errada seria: "O que sedeveria fazer para tornar esse bérberecivilizado?"

Certamente a situação dele comportaria certos progressos. Mas não seria aentrada no contexto, naquilo que chamamos civilização tal qual é. Seria, nasfímbrias da civilização, manter um

certo valor, sem o qual ele degenera.

Um missionário deveria dar a ele uma

formação que, tirando o lado celerado,favorecesse o aspecto cavaieiresco,como soube fazer o missionário

medieval com os bárbaros.

.; ASSISTiMÁ AO ;NASCIW^NTO ÜÊ

í'- ■*« . <• « t.. *' • ' •

í V--. 4'

131

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»a»3A pregação

não deveria

consistir no

seguinte:

_ "Vocês

matam por

uma bagatela,portanto deixem de lutar".

Mas deveria

ser outra:

_ "A luta é bela. Não tendo uma verda

deira causa, vocês encontram bagatelas para guerrear. Compreendam quetoda essa ferocidade seria uma beleza

a serviço de outro ideal".

O QUE SEKIA UM POVO OESTES,

SE COINTV^EKTÍDO?

Eu O IMAGIiVARIA CiUERREIRO,

A SERVIÇO OE UM RM^A OU OE

UM IMPER.VOOR PAR;V O QUE

DESSE E \TESSE. UMA ESPÉCIE

DE Legião Estr^vngeir^v" .

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As qv<mtcsscíicÍA5t>o

Os POVOS PEQUENOS, pe/o menosmuitos deles, têm missões especiais e

grandes quintessências.

Sinto-me inteiramente eu, sabendoque há Bruges^^ com seus canais, comsuas dores, onde nunca nada se move.

Tenho vontade de entrar num lugar

onde nunca nada se mova e dcar para

do ali. E me apetece ir para o desertodos beduínos, tratar com essa gente e

vê-la se mexer e fazer sua vida!

São os tais contrastes harmônicos do

universo, nos quais me sinto sustenta

do na minha necessidade de plenitude, de polimorda, de cores, de variedades, de lances, de movimento.

O JOGO HARMÔNICO

ÜESSAS UNIHATFJI^VLIOADES

DÁ PLENITUDE À VIDA.

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São

Teodoro

de Chartres

EJAM COMO São Teodoro

de Chartres^^é uma pessoaforte, firme e muito benévola.

No espírito dele há umatransição entre os dois aspec

tos do guerreiro: ele é o homem da luta e o homem da

benevolência, da bondade,

que não exclui a luta, mascompleta o lutador.

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ELE É DOS TAIS

SANTOS DE FUNDO DE

FOÇO'~, QUE PARA

ADORAR A Deus

NÃO NECESSITAM

CONTEMPLAR

A BELEZA DO

UNIVERSO. MAS

O NOVO CAVALEIRO

DEVE TER VISTAS

PARA A ORDEM DO

UNIVERSO E SE

RELACIONAR

COM O QUE ESTÁ

EM TORNO DELE.

São Teodoro, pelo contrário,faz abstração de tudo o queestá em torno dele.

Não criticamos isso,

mas não é nossa escola.

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m

o

Godofredo de Bouillon (1058-1100), primeiro reicristão de Jerusalém, recusou-se a usar uma coroa

de ouro na mesma cidade onde Nosso Senhor tinha

portado uma coroa de espinhos. Na gravura, do séc.XV, ele aparece ostentando os intrumentos da Paixão(ilustração extraída da obra de William C. MarmontiOs Monges Guerreiros e as Milícias de Cristo -Totalidade, São Paulo, 1995).— Na página ao lado, os chefes da gloriosa insurreição vendeiana contra a Revolução Francesa. Nosentido horário La Rochejaquelein, Bonchamps,Cathelineau e Charette Ao centro, a bandeira geraldo Exército Católico.

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j. Il

íu\: ...

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"Viva cristo, REII". Tãl era o bradoque, nos anos 20, abria as portas doCéu e da glória eterna para muitosdos mártires durante a resistência

católica no México.

Os mártires cristeros^ '^, que participaram heroicamente de tal resistência,

bradavam-no ao serem fuzilados peloregime comunista, contra o qual lutavam: um regime tirânico, que fechouas igrejas, perseguiu a Religião católicae semeou a desgraça sobre a Naçãoamada por Nossa Senhora de

Guadalupe.

Luís Segura Viichi — o jovem que

aparece nas duas fotografias — não foisubmetido a um julgamento. Semqualquer aviso prévio, foi ele retiradodo cárcere para enfrentar o pelotão de

fuzilamento. Esse jovem também deuaquele glorioso brado, quando foialvejado pelos tiros de seus executores. Contra ele fora lançada a acusa

ção de conspirar contra a vida doímpio ditador Obregón.

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Nã primeira fotografia, vemos o prisioneiro caminhando

para o local de sua

execução, acompa

nhado por um sinis

tro funcionário do

regime mexicano.

Está sereno como se

atravessasse a nave

de uma igreja após

receber a Santa Co

munhão, que lheproporcionava o

íntimo convívio

eucarístico com o Deus pelo Qual,dentro de alguns instantes, ele haveriade morrer.

Puro, varonil, nobremente senhor

de si, bem vestido, distinto e visivelmente dotado de boa educação,este herói pode legitimamente serconsiderado um modelo de jovemcatólico: sério, generoso, cheiode fé e de coragem.

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Tranqüilo caminha para a morte oJovem Luís Segura Vilchi. O domíniode si impressionou as testemunhas,e chegou mesmo a comover ocomandante e os soldados do

pelotão de fuzilamento.

Como ter-lhe-ia sido fácil empregarsuas muitas qualidades de formaegoísta, construindo para si um estilode vida confortável, mediante umabela carreira.

Bastava-lhe colaborar com o regimeateu, igualitário e marxista quejugulava então sua pátria ou, ao menos, a ele não se opor.

Contudo, sua consciência de

CATÓLICO RECUSAVA-SE

ENERGICAMENTE A ISSO.

Luís Vilchi se vinculara ao movimento

cristero e, graças à sua vigorosa personalidade, a seu fervor e inteligência,logo se tornou um dos seuspropulsores.

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Testemunhas aíirmaram que ojovem mártir só foi informado desua iminente execução quandoestava sendo retirado da sua cela.

Prontamente respondeu ele queseus assassinos o enviariam para o

Céu.

EM POSIÇÃO ERETA

E OLHASTDO para O CÉU,

A 23-11-1927, VILCHI

ENFRENTOU COM FE E

CONFIANÇA DE MÁRTIR

AS BALAS ASSASSINAS.

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Hv<íi5m -1956A população civil se levanta em armascontra os tiranos comunistas. Heróis

anônimos se improvisam nas ruas, enfrentam e fazem recuar os tanques. Amorte para eles já não é uma simplespossibilidade, mas quase uma certeza.

Em seu palácio severamente castigado pelas balas, o Cardeal JosephMindszenty, herói entre os heróis húngaros, há pouco libertado, acaba deabençoar os fiéis em revolta contra ojugo vermelho e se recolhe.

■ 'XtíK'

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íAÍobre

porque cavaleiro,cavaleiro porque

nobre

O BONUAP DA GUERRA justa, anobreza o fazia reluzir, juntamentecom o pulchrum*, na força de expressão do cerimonial bélico, no esplendor dos armamentos, no ajaezamento

dos cavalos, etc.

A guerra era para o nobre umholocausto em prol da glorificação daIgreja, da livre difusão da Fé, do legítimo bem comum temporal.Holocausto em relação ao qual ele

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fiáÂ

o escudo do Rei de Aragãooriginalmente não tinha nenhumdesenho. Os quatro traços vermelhos quehoje nele se vêem têm uma origem épica.Quando Geoffroy le Velu foi gravementeferido numa batalha contra os normandos, o

imperador o veio reconfortar, mergulhandono sangue os quatro dedos de sua destra eos escorregando sobre o escudo. Daí ostraços que percorrem verticalmente a este(ilustração de R Joubert).

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líí

Vetázquez, A Rendição de Breda (1634 - Prado). Note-se adistinção de Justino de Nassau, o vencido que entrega aschaves da cidade, e o espírito nobre, cavalheiresco, cheio desimpatia e consideração do vencedor, o Marquês AmbrósioSpinola. "Elevação de alma, decorrente da fé, cortesia nascidada caridade, que faziam rutilar valores espirituais inestimáveis,num ato que inevitavelmente é rude e humilhante, como todarendição" {Plinio Corrêa de Oliveira).

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estava ordenado de modo análogo ao

modo pelo qual os clérigos e religiosos estavam ordenados aos

hoiocaustos morais inerentes ao res

pectivo estadó^^.

O bonum* e o pulchrum* desseholocausto, os cavaleiros — quenem sempre, aliás, eram nobres —sentiam-no até ao fundo da alma.

E nesse estado de espírito partiampara a guerra.

A beleza de que cercavam as exterio-

ridades da sua atividade militar estava

longe de ser, para eles, um simplesmeio de seduzir e levar livremente

consigo para a guerra os homens válidos da plebe. Isto não obstante, produzia concretamente sobre o espíritodas populações este efeito.

Diga-se de passagem que, para oshomens da plebe, não se conhecia umrecrutamento compulsório, com aamplitude e a duração indefinida dasmobilizações gerais dos nossos dias.

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Sob alguns aspectos, pode-se dizer que a aviação foia cavalaria do século XX. Foto: Em Lagoa Santa (MG),D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da FamíliaImperial brasileira, e seu irmão D. Bertrand de Orleans

e Bragança observam atentos o painel de comandosdo avião Tucano, que lhes é mostrado pelo comandante da Base Aérea local. Gel. Marcus Vinícius PintoCosta.

Bem entendido, muito mais do queessas brilhantes aparências, atuavasobre o público, naqueles séculos deFé ardorosa, o ensinamento da Igreja.

Este não deixava dúvidas sobre o fato

de que, mais do que simplesmentelícita, a guerra santa podia constituirum dever para todo o povo cristão,incluídos neste tanto os nobres

quanto os plebeus^''.

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ImpvilsoAS AltwrAS

"No PASSADO, FOI missão dã nobre-zã, enquanto classe social, cultivar,alimentar c difijndir esse impulso detodas as classes para as alturas.

O nobre era por excelência voltadopara essa missão na esfera temporal,como ao clero incumbe sê-lo na or

dem espiritual.

HewmisccficiA

òo ?ArAÍSO

UeUS nos deixou uma reminiscên-cia do Paraíso: a Nobreza.

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Qllvnto mais

SE DIZ DE UM OBJETO

QUE ELE É NOBRE,

.VRXSTOCRÁTICO, T^VNTO MAIS

SE ACENTUA QUE ELE

É EXCELENTE

NO SEU GÊNERO.

O empenho das aristocracias para que,em sucessivas gerações, cresça conti

nuamente o aprimoramento das mora

dias, do mobiliário, dos trajes, dos

veículos, como também do porte pessoal e das maneiras, é um aspectoessencial dessa caminhada para umaperfeição global, quer para a glória deDeus, quer para o bem comum dasociedade temporal.

A perfeição estã para o Príncipe comoa batina para o Padrd^.

[A Nobreza era] um casulo com ãosde ouro, onde se trançavam as esperanças dos séculos futuros.

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víbA bc sákcrrficío

MISSÃO DA NOBREZA existe algode sacerdotal.

As boas maneiras, a etiqueta e o proto

colo modelavam-se segundo padrõesque exigiam da parte do nobre umacontínua repressão do que há de vulgar, de desabrido e até de vexatórioem tantos impulsos do homem.

A vida social era, sob alguns aspec

tos, um sacrifício contínuo que se iatornando mais exigente à medidaque a civilização progredia e se requintava.

A nobreza se alia esplendidamente àvirgindade.

ivosso SEjmoR JESUS Cristo

ME PARECE A PRÓPRIA

PERSONIFICAÇÃO DO NOBRE.

151

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NOTAS

1. Força de impacto, de choque, de retaliação. Sobre a liceidadeda guerra, ver: Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas, apêndice de documentos XI, "O que pensamPapas, Santos, Doutores e Teólogos sobre a liceidade da guerra"(Ed. Civilização, Porto, 1993, p. 319). Entretanto, a luta para aqual a presente obra procura ser um Incentivo não é cruenta,como já dito. Trata-se do embate, dentro da lei, dos argumentose da força de personalidade.2. Michel Ney (1769-1815), marechal de Napoleão, destacou-seespecialmente na campanha da Rússia.3. Mais uma vez as cores simbolizam qualidades de espírito.4. Ou seja, a beleza metafísica: beleza transcendental, que vaipara além do físico.

5. No século XIX houve um renascer do interesse pelas coisasmedievais, consideradas erroneamente "coisas de bárbaros", pelosrenascentistas e iluministas. Surgiram, então, reconstituições deobras de arte da Idade Média, por vezes mais felizes em exprimir oespírito medieval do que as próprias produções de época. É porisso que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirma que "os cavaleirosmedievais que fizeram a proeza não tiveram tanto a idéia da beleza da proeza, quanto teve o século da burguesia, com saudadesda proeza".6. Mil e uma noites: contos árabes, em parte de origem persa. Osmais célebres são os de Aiadim ou a Lâmpada Maravilhosa,Aventuras de Aii-Babá e os Quarenta Ladrões, e /4s incompará-veis Peregrinações de Sindbad, o Marujo (século X).7. éciatante: do francês. Reluzente.8. holocausto, aqui com o sentido de imolação, de disposição dedar a vida por uma Causa, se necessário.

9. Legião estrangeira: Legendário regimento francês de infantaria, com sede na Argélia colonial, e cujo efetivo era obtido pelorecrutamento de voluntários estrangeiros.10. Bruges, linda cidade da Bélgica cortada por canais. Dada aimpressão de paz que ressuma de suas tranqüilas águas, foicognominada por alguns de "Bruges, Ia Morte".

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11. o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fez estes comentários

no dia 15 de maio de 1974. Até então, considerava-se que

a estátua em análise retratasse São Teodoro, um guerreiroromano. Estudos mais acurados levaram à conclusão, hojeunânime, de que se trata de Roland, par de Carlos Magno,"imagem do verdadeiro Cavaleiro" (Entre outras obras verÉtienne Houvet, Catedrale di Chartres, Ed. Houvet-la-Crypte, Chartres, 1998, p. 55).12. Para não se deixar atrair pelas criaturas, um santo,segundo a legenda, teria passado parte de sua vida nofundo de um poço seco. Em outro livro desta coleção (OUniverso é uma Catedra\, p. 162), o Prof. Plinio Corrêa deOliveira explica que há duas vias para se subir a Deus: ouutilizando as criaturas ou as desprezando. Quanto a ele e aseus discípulos, resolutamente procurava servir-se dascriaturas como degraus, chegando a Deus através datransparência dos símbolos, pois o Universo todo espelha aperfeição do Criador que o fez.13. Cristeros: Assim eram chamados os católicos mexica

nos que, nos anos 20, se ergueram em armas contra asperseguições comunistas de Plutarco Elias Calles e Álvaro Obregón . Muitos católicos foram então martirizados,proferindo no último momento o brado "Viva Cristo Rei".14. É oportuno recordar que na Idade Média a guerra era oquinhão dos nobres, como ao clero tocava a religião. Aosburgueses e homens do povo cabiam o comércio e a produção econômica. Assim, apenas os nobres eram obrigados a versar o "imposto do sangue", ou seja, ir para a guerra. As outras classes sociais ficavam isentas desse

pesadíssimo encargo, pois não havia então o sistema demobilização nacional vigente nos conflitos modernos.15. A respeito do assunto versado neste tópico e em particular da nobreza obtida pelo exercício de cargos militares,ver Nobreza e elites tradicionais análogas (Ed. Civilização,Porto, 1993), de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.16. Ou seja, a perfeição deve incorporar-se de tal maneiraà personalidade do nobre, que o deve cobrir como umaroupa característica, inseparável dele.

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Essas grandes almas, cheias

de graça e de zelo, serão escolhidas em contraposição

aos inimigos de Deus a bor-

buiharem em todos os cantos,

elas serão especialmente de

votas da Santíssima Virgem,esclarecidas por sua luz, ali

mentadas de seu leite,

conduzidas por seu espírito,sustentadas por seu braço e

guardadas sob sua proteção,de tal modo que combaterão

com uma das mãos e

edi/icarão com a outra(São Luís de Montfort, TTmta-

do da Verdadeira Devoção àSanti^ttiaVbgan,YL,VL,^.

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[O novo cavaleiro^*, em sua plenitude, é quem]:

— Conhece a Revolução^, a Ordem ea Contra-Revolução^ em seu espírito,suas doutrinas, seus métodos respectivos.

—Ama a Contra-Revoluçâcf^ e a Ordem cristã, odeia a Revolução^ e a"anti-ordem".

— Faz desse amor e desse ódio o eixo

em tomo do qual gravitam todos osseus ideais, preferências e atividades.

Claro está que essa atitude de almanão exige instrução superior.

Assim como Santa Joana d'Are não erateóloga, mas surpreendeu seus juizespela profundidade teológica de seuspensamentos, assim os melhores soldados da Contra-Revoluçãò^, animados por uma admirável compreensãodo seu espírito e dos seus objetivos,têm sido muitas vezes simples camponeses, da Navarra, por exemplo, daVandéia ou do TiroL

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Em estãdo potencial, o novo cavaleiropode ter uma ou outra das opiniões edos modos de sentir dos revolucioná

rios, por inadvertência ou qualqueroutra razão ocasional, e sem que opróprio fundo de sua personalidadeesteja afetado pelo espírito daRevoluçãcE.

Alertadas, esclarecidas, orientadas,

essas pessoas adotam facilmente umaposição contra-revolucionária*.

[O novo cavaleiro tem] um estilo deviver, de agir, e de lutar. E a versão,em termos contemporâneos, do espírito do cavalheiro cristão de outrora.

■a

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Mo IDEALISMO, ARDOR.

Mo TRATO, CORTESIA.

Ma AÇÃO,

DEVOTAMENTO SEM LIMITES.

Ma presença do adversário,

CIRCUNSPECÇÃO.

MA LUTA,

ALTANERIA E CORAGEM.

E, PELA CORAGEM, VITORIA.

(**) Considerando o paralelo forçoso existente entre ocontra-revoiucionário e o novo cavaleiro, tomamos em rela

ção ao texto original do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, contido em Revolução e Contra-Revolução, a franquia de, comcerta freqüência, substituir "contra-revoiucionário" por"novo cavaleiro", com o objetivo de tornar a inteiecção maisfácil e a redação mais homogênea com o fio condutor dapresente obra.

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vV:

Ânimo sapienciai, eImacueado de A^ria,

TORNAI MEU CORAÇÃO

SAPIENCIAE E SEM MANCEiA,

QUE ESSA OBRA É VoSSA.

- Sapienciae E TEMPERANTE.

FORTE, PRUDENTE E JUSTO.

(Texto de Peinio Corrêa de Oliveira)

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A covâ^scm í>c

^- ■^1

I #\

O HOMEM FORTE /7áo tem medode falar, tem medo de calar.

O REVOLUCIOISTÁRIO*, EM VIA DEREGRA, É PETULANTE, VERBOSOE AFEITO À EXIBIÇÃO, QUANDO

. NÃO TEM ADVEI^:^IOS DIANTEDE SI, OU OS TEM FRACOS.

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Contudo, se encontra quem o enfrentecom ufania e arrojo, ele se cala e organiza uma campanha de silêncio. Um silêncio em meio ao qual se percebe o discre

to zumbir da calúnia, ou algum murmúrio contra o "excesso de lógica" do ad

versário, sim. Mas um silêncio coníúso e

envergonhado, que jamais é entrecor-tado por alguma réplica de valor.

Diante desse silêncio de conhjsão e

derrota, poderíamos dizer ao contra-

revolucionáriü^ vitorioso as palavrasespirituosas escritas por Veuillot:"Interrogai o silêncio, e ele nada vosresponderá"

Nada mais eficiente que a tomada deposição contra-revolucionária^ francae ufana de um jovem universitário, deum ofícial, de um professor, de umSacerdote sobretudo, de um aristocra

ta ou um operário influente em seumeio. Se perseverar por um tempo,

que será mais longo ou menos, conforme as circunstâncias, verá, pouco apouco, aparecerem companheiros.

163

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A corA5cm t>cmostrar o cstAubArtc

por inteiro

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A IDÉIA DE APRESENTAR ã Contra-Revoluçâcf' sob uma luz mais "simpática" e "positiva", fazendo com que elanão ataque a Revoiução^% é o quepode haver de mais tristementeeficiente para empobrecê-ia de conteúdo e de dinamismo.

Quem agisse segundo essa lamentáveltática mostraria a mesma falta de sen

so de um chefe de Estado que,em face de tropas inimigas quetranspõem a fronteira, fizessecessar toda resistência armada, com

o intuito de cativar a simpatia doinvasor e, assim, paralisá-lo.

Na realidade, ele anularia o ímpeto dareação, sem deter o inimigo. Isto é,entregaria a pátria...

Não quer isto dizer que a linguagemdo contra-revolucionáricE não sejamatizada segundo as circunstâncias.

O Divino Mestre, pregando na Judéia,que estava sob a ação próxima dos

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pérfidos fariseus, usou de uma linguagem candente. Na Galiléia, pelo contrário, onde predominava o povo simples e era menor a influência dosfariseus, sua linguagem tinha um tommais docente e menos polêmico.

Assim, no itinerário do erro para averdade, não há para a alma os silêncios velhacos da Revolução"^, nem suasmetamorfose^^- fraudulentas. Nada se

lhe oculta do que ela deve saber. Averdade e o bem lhe são ensinados

integralmente pela Igreja. Não é es

condendo, sistematicamente, o termo

último de sua formação, mas mostran-do-o e fazendo-o desejado sempremais, que se obtém dos homens oprogresso no bem.

r^IRMEZA, FIRMEZA, FIRMEZA...

Firmeza cortês, firmeza

POLIDA, FIRJMEZA SERIA,

FIRMEZA DISTINTA, FIRMEZA

SEM .ARROGÂNCIA, FIRMEZA

SEM DEBILIDADE. FIRMEZA!

i66"

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cor^iscm

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dites

K^iU

No Copacabana Palace (Rio), o salãonobre preparado para um grande banquete

ITO SE FALA Jioje doãpostolãdo em benefício das massase, como Justo corolário, de umaação preferencial em favor das suasnecessidades materiais.

Mas importa não ser unilateral em talmatéria, e Jamais perder de vista aalta importância do apostolado sobreas elites e, através destas, sobre todoo corpo social.

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o sopro demagógico de igualítarismoque perpassa todo o mundo contemporâneo cria uma atmosfera de antipatia contra as elites tradicionais. E isto,precisamente, em grande parte pelafidelidade que estas têm à tradição. Hánessa antipatia, pois, uma grave injus

tiça, desde que tais elites entendam

tradição retamente.

Outro fator de hostilidade contra as

elites tradicionais está no preconceitorevolucionário de que qualquer desigualdade de berço é contrária à justiça.

Admite-se habituaemetste

QUE U]M HOMEM POSSA

DESTACAR-SE PELO SEU

MÉRITO PESSOAL.

jVÃo se admite porém

QUE O FATO DE PROCEDER DE

UINLV ESTIRPE ILUSTRE SEJA

PARA ELE UM TÍTULO ESPECIAL

DE HOJÍRA E DE IjSFLUÊNCIA.

ièS

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>i< ■ ■■ ■ ir"

í -.5

A ESTE RESPEITO,

O Santo Padre pio XII dá-nos

UM PRECIOSO ENSINAMENTO:

"AS DESIGUALDADES SOCIAIS,

INCLUSIVE AS LIGADAS AO

NASCIMENTO, SÃO INE^^TÁ^^IS.

A NATUREZA BENIGNA E A

BÊNÇÃO DE DEUS À HUMANIDADEILUMINAM E PROTEGEM

OS BERÇOS, BEIJAM-NOS,

POREM NÃO OS NIVELAM"".

iò.9

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A corA5cm í>eestimar o risco

K4eDO, toda criatura humanasente; a questão é ser capaz de sentiras delícias do risco, que fazem com queo indivíduo se sinta pago do medo.

A proeza seria um risco que está nosconfins da debilidade, em que a pessoa arrisca tudo com meios apenas

suficientes.

Assim, de tal maneira dá tudo a favorda Causa, que fica como que imersona atmosfera do ideal pelo qual está

se entregando.

Para sabermos de que estofo é o nossoentusiasmo diante do risco, devemos

familiarizar-nos em vê-lo de frente. De

maneira que ele se torne para nós umcompanheiro quotidiano: comece apovoar as nossas insônias, e depoispor diminuir nossos sonos, para depoisse tornar uma segunda natureza^.

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Oração do paraquedista

Meu Deus, dá-iiie a loriiienia,

dá-me o soírimeitlo,

o ardor no romUate.

£ depois a glória no combate.

O gne os outros não queremaquilo que Ze recusamdã-me, Senhor, tudo isso.

Sim! tudo isso.

£u não quero o repouso,

iietii mesmo a saúde,

tudo isso, meu Deus,

já Ze é niiuio pedido.

Jlas dã-me, dá-me a .7c.

Dá-me íorça e coragem.Dã-me a Jc para que

eu não recue

lautoria do cadete francêsZinilicld, morto em combate

em 27-7-IP42),

"líH

É na consideraçãodo risco que o homem se prepara

para ele.

Só Ainda

instituições muito

seguras quem pas

sou por todas asinseguranças.

Só Aindam

instituições muito

intrépidas os queenfrentaram todos

os riscos.

O RISCO É

o MOMENTO

EM QUE Deus

E o INDIVÍDUO

SE OSCULAIM.

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A cor t>c

ser M4bâiZ

Churchill (sentado, centro), durante a Conferência deCasablanca, em 1943, quando os aliados decidiram lutar

até o fim, ou seja, até a rendição incondicional daspotências do Eixo, na Segunda Guerra Mundial

JK- AUDÁCIA É o sinal precursorda vitória.

Se o fim é vencer, em noventa por

cento dos casos é mais prudenteavançar do que recuar. Não é outra avirtude evangélica da Prudência.

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o entrechoque da batalha, quandoapresentado em toda a sua rudeza eem toda a sua intensidade, tem qualquer coisa que lembra o entrechoquedas naturezas angélicas.

A pessoa encontra seu nome estando novórtice ou no vértice de uma situação,onde o batalhar das energias mais mag-nífícas do Bem e das vivências mais tor

pes do Mal se entrechocam, e onde todo o Bem e todo o Mal entram em luta.

[O novo cavaleiro] vive de audácia,nas fímbrias do horizonte mental e

axioiógicd*, distinguindo com maturidade as elucubraçôes temerárias, ocase cheias de fábulas, dos altíssimos

horizontes inconcebíveis para o homem mediano.

É preciso que em todas as nossasações se note esse acerto, essa elevação, essa oportunidade, essa força,essa destreza, essa justiça, que são ascaracterísticas de todo o operar doverdadeiro varão de Deus.

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á

A coragemt)C rcnuncí^ír

Senhor, dai-me a graça denão ser daqueles a quem só interessa a vidínha' deles, a coisinha

deles, a virtudezinha deles e apessoinha deles.

Epreciso haver uma visão clara dascoisas sumas, e amá-las com destemore ênfase, na ventania da aquiescênciainterna, para que de fato hajaheroísmo

Foi o egoísmo que liquidou a cavalariamedieval. E matou a própria IdadeMédia. Egoísmo que é tanto o orgulhoquanto a sensualidade, e do qualnasceu a Revolução.

O egoísmo foi precipitado por SãoMiguel nos inferno^.

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É o egoísmo que nos impede de sermos grandes cavaleiros. E de termosa alma das canções de gesta. Egoísmo que apaga em nós o LumenChristi, luz em que veremos todas

as luzes, e sem cuja claridade

nenhuma luz é luz.

Pelo favor de Nossa Senhora, se há

alguma coisa que eu não sou é umconformista! Eu sou inconforme!

O que é, paia incontáveis"inconformistas", o "inconformismo"?

No fundo, é a conformidade submissacom a onda. E o que é chamado "conformismo"? É, muitas e muitas vezes, ainconformidade altiva contra essa

mesmíssima onda.

Os verdadeiros "inconformistas" sào

os que o linguajar dos que estão "parafrente" e "no vento" qualificam de

"conformistas"..., os que têm acoragem de erguer a cabeça eenfrentar o tufão.

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Quando ainda muito jovem,considerei enlevado

as ruínas da Cristandade,

a elas entreguei meu coração.Voltei as costas ao meu futuro

E fiz daquele passadocarregado de bênçãos

o meu Porvir...

Eu sacrifiquei minhacarreira como

quem sacrifícaum papelvelho,

atirando-o ai

lixo, sem un.

hesitação,sem um

prantcf.

A ruptura

[com o mal\profunda etrágica,

se é

completa,traz a paz.

m

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A coragem t>cser vÍ5ÍlAntc

InIão HÁ traição pequena.

Quem não desconfia de quem devedesconfiar, não confia em quemdeve confiar.

Não sabe defender quilômetros quemnão sabe defender milímetros.

Castelo de Jadraque (Espanha) - Foto Fteinhart Wolf

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Um defeito do tamanho de um grãode poeira, ao cabo de um ano,é um tijolo, ao cabo de dois anosé um muro, ao cabo de três anosé uma capitulação.

É preciso ver em qualquer gotinha aintegridade do Bem, e em qualquergotinha ter amor tão enfático quantoao píncaro; e a correspondenteexecração do Mal.

Dize-me com quem tens indulgência,e dir-te-ei quem é^.

A lei da perspicácia é a lei do contraste. A certeza é que gera o contraste.Quem não tem certezas, não é capazde perceber o contraste, e é o contraste que faz a perspicácia.

Em face da RevoluçãcE e da Contra-Revoluçãcf' não há neutros. Pode haver, isto sim, não combatentes, cujavontade ou cujas veleidades estão,conscientemente ou não, em

um dos dois campos.

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A cor^5cm t>c seror5ívr»ízAÍ>o cí^tVICÍOSO

A MODERNIDADE DA Contrã-Revo-luçâo^ não consiste em fechar osolhos nem em pactuar, ainda que emproporções insignificantes, com aRevolução^. Pelo contrário, consiste

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em conhecê-la em sua essência inva

riável e em seus tão relevantes aciden

tes contemporâneos, combatendo-anestes e naquela, inteligentemente,argutamente, planejadamente, comtodos os meios lícitos.

Bom senso sem coragem

DÁ EM COVARDIA,

E CORAGEM SEM BOM-SENSO

DÁ EM LOUCURA.

Nas minhas obras de apostolado, omenor sacrifício me detém, o menor

esforço me causa horror, a menor lutame põe em fuga. Gosto doapostolado, sim. De um apostoladointeiramente conforme com minhas

preferências e fantasias, a que meentrego quando quero, como quero,porque quero. E depois julgo ter feitoa Deus uma imensa esmold*.

Mas Deus não se contenta com isto.

Para a Igreja, quer Ele toda a minha

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vida, quer organização, quer sagacidade, quer intrepidez, quer a inocênciada pomba mas a astúcia da serpente, adoçura da ovelha mas a cólerairresistível e avassaladora do leão.

Se for preciso sacrificar carreira,amizades, vínculos de parentesco,vaidades mesquinhas, hábitosinveterados, para servir a NossoSenhor, devo fazê-lo.

Pois a Deus

DEVEMOS DAR TUDO,

ABSOLUTAMENTE TUDO, E

DEPOIS DE TER DADO TUDO

AINDA DEVEMOS DAR

NOSSA PRÓPRIA VIDA.

A astúcia é um requinte da prudência.

Quem na hora do trabalho não temperseverança, na hora da lutaperseverarãF

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A cor^scmt>c ser x>uro

ÜaS várias CORAGENS gue ohomem precisa ter, uma das maioresou a maior é a coragem deresolver ser puro.

É preciso ter grande varonilidade,grande seriedade, grande força devontade para ser puro.

Acho que a pureza é um milagrefreqüente, mas é um milagre.

Resolver ser puro é decidir dar um

salto por cima do abismo, porque ohomem percebe em si que não tem

força para isto, e que a pureza

lhe virá de uma graça obtida porNossa Senhora.

UM HOMEM ASSIM TEM

A AL>L\ DE UM HERÓI.

182

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A covâiScmt>íAíitc í>crrotA

VMA DAS MAIS irremediáveis vulga-

rídãdes de espírito do nazismo era ade achar que Nosso Senhor seportou na Paixão como uminfra-homem, porque foi derrotado.

Se uma vela

pudessepensar, o

momento

maior da

alegria s eria

aquele emque ela acabas-

^ se de se consu

mir nas mãos de

quem a carrega.

Ela pensaria: Eu fui criada para iluminar, nas mãos de quem tem a vo

cação de me conduzir. Meu pavio,minha cera, meu fogo, tudo queimou. Eu vivi!

183

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A PALAVRA CAVALEIRO

TOMA SIGNIFICADO

QUANDO ALGUÉM

CONSERVA O ÂNIMO

NO AUGE DA

TÁSTROFE^^.

Ruínas do Castelo de Kenilworth, Warwickshire, Inglaterra

-i

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NOTASif-; -

1. Louis Veuillot, Oeuvres Complètes, P. LethielleuxLibrairie-Editeur, Paris, vol. XXXIil, p. 349.2. Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. III,p. 347.3. Essa observação vale para qualquer tipo de risco, nãoapenas para o resultante de uma eventual defesa face aalguma ameaça violenta.4. Axiológico: o que tem atinência com as finalidades dosseres, com os valores morais.

5. "Vidinha" tem aqui um caráter nitidamente pejorativo.Indica as preocupações exageradas com a segurança, asaúde, as satisfações do amor próprio ou de uma sociabili-dade sem transcendência, que restringem e até amputamos tiorizontes de uma multidão de nossos contemporâneos.É digno de nota que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira arrolea "virtudezinha" entre as manifestações de "vidinfia". Comisto, deseja ele mostrar os inconvenientes de uma devoçãorotineira, exterior e fechada em pequenos panoramas, porassim dizer, "paroquiais". Os grandes horizontes da Igreja eas grandes preocupações com a situação da Causa católica são colocados de lado com desembaraço, pois as consciências de pessoas assim se sentem apaziguadas pelopouco que fazem ou julgam fazer pela Religião.6. Cf. Apoc., cap XII.7. Com efeito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com 23anos deputado mais jovem ã Constituinte de 1934, eleitocom a maior votação do País (nada menos que 9,5% dovotos apurados, ou seja, proporcionalmente bemmais do que conseguiram Paulo Maluf e Luís Lula da Silvaem nossos dias), descendendo, ademais, de uma famíliailustre, possuidor de uma inteligência reluzente e dotesoratórios absolutamente incomuns, poderia ter tido umacarreira fora de qualquer paralelo, não tivesse deliberadocolaborar na causa católica, com a mais absoluta fidelidade

aos princípios da Igreja.8. Paráfrase do refrão popular "dize-me com quem andas,e dir-te-ei quem és". Evidentementte, trata-se de uma máindulgência.9. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira censura aqui certa mentalidade, pela qual as pessoas fazem algo por Deus, com aajuda do próprio Deus, e se vangloriam disso a seus próprios olhos, como se Deus pudesse se contentar com as sobras de nossa atividade.

10. A enumeração das coragens do cavaleiro obviamentenão visa a ser exaustiva. Trata-se de trechos do Prof.

Plinio Corrêa de Oliveira recolhidos a partir de diversas

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Se as armas queres ver, como tens dito.CUMPRIDO ESSE DESEJO TE SERIA;

COMO AMIGO AS VERÁS, PORQUE ME OBRIGO

QUE NUNCA A QUEIRAS VER COMO INIMIGO. ^

CAMÕES, OS EUSÍADAS, CANTO PRIMEIRO, 66.

A

l

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qAÍcAO PODEMOS FICARCONTEMPLANDO NOSSAS

METAS COMO ALGUÉM QUE,

QUERENDO SUBIR UMA

MONTANHA, FICASSE SÓ

OLHANDO PARA O SEU

CUME.

ESCALAR DE UMA MON

TANHA SE COMPÕE TAMBÉM

DE INCONTÁVEIS PEQUENOS

OBSTÁCULOS. Por isso é

NECESSÁRIO, CUSTE O QUE

CUSTAR, DAR O PASSO IME

DIATO, E ASSIM POR DIAN

TE, ATÉ ALÇAR-SE AO PÍN-

CARO DA Montanha.

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o wilto tot^^

bs Hcvolviç^o

A REVOLUÇÃO* TEM progredido àcusta de ocultar seu vulto total, seu

espírito verdadeiro, seus fíns últimos.

O MEIO MAIS EFICIENTE

DE REFUTÁ-LA JUNTO AOS

REVOLUCIONÁRIOS CONSISTE

EM MOSTRÁ-LA INTEIRA.

Arr:\ncar-lhe assim

OS VÉUS É DESFERIR-LHE

O MAIS DURO DOS CÍOLPES.

189

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o contra-revolucionáricf- deve, pois,

aproveitar zelosamente o tremendoespetáculo de nossas trevas para —sem demagogia, sem exagero, mastambém sem fraqueza — fazer compreender aos filhos da Revoluçãcf alinguagem dos fatos, e assim produzirneles o "flash"^ salvador.

E PRECISO SABER MOSTRAR, XO

CAOS QUE XOS ENVOLVE, A FACE

TOTAL DA REVOLUÇÃO, EM SUA

IMENSA HEDIONDEZ.

Sempre que esta face se revela, aparecem surtos de vigorosa reação.

É por este motivo que, por ocasião daRevolução Francesa, e no decurso do

século XIX, houve na França um movi

mento contra-revolucionãrio* melhor

do que Jamais houvera anteriormentenaquele país. Nunca se vira tão bem aface da Revolução^-.

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o contra-revolucionárícf- deve, com

freqüência, desmascarar o vulto geralda Revoluçãcf', a fim de exorcizar oquebranto que esta exerce sobresuas vítimas.

A Contra-Revoluçâcf não deve, pois,dissimular seu vulto total. Ela deve fazer

suas as sapientíssimas normasestabelecidas por São Pio Xpara o proceder habitual do verdadeiro apóstold.

qucst3\o ccntr^]

A QUINTESSÊNCIA do espírito revo-lucionãricP consiste em odiar por princípio, e no plano metafísico, toda desi-

191

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guãldãde e toda lei, especialmente a

Lei Moral.

Um dos pontos muito importantes dotrabalho contra-revolucionário é,

pois, ensinar o amor à desigualdade

vista no plano metafísico, ao princípio de autoridade, e também à LeiMoral e à pureza; porque exatamenteo orgulho, a revolta e a impureza sãoos fatores que mais propulsionam oshomens na senda da Revolução.

Rc^viv^r bístmç^oCHtrc o Bem c o M^l

A CONTRA-REVOLUÇÃO TEM, comouma de suas missões mais salientes, ade restabelecer ou reavivar a distinção

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entre o bem e o mal, a noção do peca

do em tese, do pecado original e dopecado atuai.

Essa tarefa, quando executada comuma profunda compenetração do

espírito da Igreja, não traz consigo orisco de desespero da misericórdiadivina, hipocondrismo, misantropia,etc., de que tanto faiam certos autoresmais ou menos infdtrados pelas máximas da Revolução'.

meios bc çào

l^M PRINCIPIO, é claro, a ação con-tra-revolucionária merece ter à sua

disposição os melhores meios de tele-

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visão, rádio, imprensa de grandeporte, propaganda racional, eficientee brilhante.

0 verdadeiro contra-revolucionáricf

deve tender sempre à utilização de taismeios, vencendo o estado deespírito derrotista de alguns de seuscompanheiros que, de antemão,abandonam a esperança de dispordeles porque os vêem sempre naposse dos filhos das trevas.

Entretanto, devemos reconhecer que,

in concreto, a ação contra-revolucio-nária^ terá de se realizar muitas

vezes sem esses recursos.

Ainda assim, e com meiosI i'

DOS MAIS MODESTOS, /

1 PODERÁ ELA AECANÇAR,

RESULTADOS MUITO

APRECIÁVEIS, SE TAIS

MEIOS FOREM UTILIZADOS

COM RETIDÃO DE ESPÍRITO

E INTELIGÊNCIA.

194

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É concebível uma ação contra-revolu-cionária^' reduzida à mera atuaçãoindividual. Mas não se pode concebê-la sem esta última. A qual, por suavez, desde que bem feita, abre asportas para todos os progressos.

Os PEQUENOS JOKNAIS

DE INSPIRAÇÃO CONTRA-REVOLU-

CIONÁRIA, QUANDO DE BC);M

NÍVEL, TÊM UMA EFICÃCIA

SURPREENDENTE, PRINCIPAL

MENTE PARA A TAREFA PRIMORDI

AL DE FásZER COM QUE

OS CONTRA-REVÒLUCIONÃRIOS

SE CONHEÇAM.

Tão ou mais

eficientes podem ser o livro,

a tribuna e

a cátedra, a

serviço da Con-

tra-Revolução^.

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Elites, MÃO WASSáv

A CONTRA-REVOLUÇÃO* deve pro-curar, quanto possível, conquistar asmultidões.

Entretanto, não deve fazer disso, no

plano imediato, seu objetivo principal, e um contra-revolucionáricf- nãotem razão para desanimar pelo fato deque a grande maioria dos homens nãoestã atualmente de seu lado.

Um estudo exato da História nos mos

tra, com efeito, que não foram as massasque fizeram a Revoluçãcf.

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Elas se moveram num sentido revoluci-

onário porque tiveram atrás de si elitesrevolucionárias.

Se tivessem tido atrás de si elites de

orientação oposta, provavelmente seteriam movido num sentido contrário.

O FATOR MASSA,

SEGUNDO MOSTRA A

VISÃO OBJETIVA DA HISTORIA,

É SECUNDÁRIO; O PRINCIPAL.

É A FORMAÇÃO

DAS ELITES.

Ora, para essa formação, o contra-

revolucionáricf pode estar sempreaparelhado com os recursos de suaação individual, e pode pois obterbons frutos, apesar da carência demeios materiais e técnicos com que,

às vezes, tenha que lutar.

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Vcns^itforcs nã^o hwcscos

O ESFORÇO contrã-revolucio -náricf nào deve ser livresco, isto é,

não pode contentar-se com umadialética com a Revolução no planopuramente científico e universitário.

-.fe- •' 'O PONTO DE DA;

Revolução* üu^i-âEi^^^^Évó-•' - . ' f ■ ■ ■"LUÇAO* tal •.Q'pt^ÇEÍ^-''E .pensar-

DA^ SENTIDA E ViyitíA PEEA OPI-'-Ti . l' y.r

^ítÃQ PÚBLICA EM SEU CONJUNTO.

Os contra-revolucionários devem atri

buir importância muito particular àreíutação dos "slogans" revolucionário^.

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Ação òc prcscfiçA

Pelo menos 50% do aposto/ado docavaleiro é apostolado de presença,que consiste em ser visto de uma

maneira em que se perceba odestemor, a dedicação e a coragem.

O COjVTRA-REVOLUCIONÁRIO*

, DEVE SER UM EST^VNDARTE VIVO,

UMA TOCHA VIVA DO SUBLIME, HjDO ELEVADO, DO SACRAL*, NO

MUNDO QUE É EXATAMENTE O

CONTRÁRIO. Uma lança,

UM ARÍETE CONTRA OS QUE SE |

OPÕEM A ESSES VALORES. ^ !

200

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A forma de brilho que há nos símbolosda Contra-Revoluçãcf, e que deverefulgir no novo cavaleiro, só se explica por uma presença da graça deDeus, que se toma perceptível a outros — como diz São Tomás — poruma ação do Espírito Santo.

É este o brilho que tinhamos Apóstolos, os Cruzados,os heróis da Reconquista, ^e é um brilho quenão se reduz a

temios naturais.

O verdadeio

heroísmo é

vistoso como

um fogo deartifício e

modesto

como uma

violeta.

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C^r^ctcrístic^ locais

A CONTRA-REVOLUÇÃO* deveráfavorecer a manutenção de todas assadias características locais, em qualquerterreno, na cultura, nos costumes, etc.

Mas seu nacionalismo não tem o

caráter de depreciação sistemática doque é de outros, nem de adoraçãodos valores pátrios como se fossemdesligados do grande acervo da civili

zação cristã.

A grandeza que a Contra-RevoluçãtPdeseja para todos os países só é e sópode ser uma: a grandeza cristã.

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A c A 5v<crrA

A- PAZ É ALGO c/e muito sério parase deixar na mão dos pacifistas.

O contra-revolucionário^ deve la

mentar a paz armada, odiar aguerra injusta.

Não tendo, porém, a ilusão de que apaz reinará sempre, considera umanecessidade deste mundo de exílio a

existência da classe militar, para a

qual pede toda a simpatia, todo oreconhecimento, toda a admiração a

que fazem jus aqueles cuja missão élutar e morrer para o bem de todos.

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As qucsimnculâiS\ycsso3iis

A CONTRA-REVOLUÇÃO* devemostrar sempre um aspecto

ideológico, mesmo quando trata dequestões muito pormenorizadas e

contingentes.

■ Dar excessivo realce a

questiúnculas pessoais,

■ fazer da luta com adversários ideo

lógicos locais o principal da açãocontra revolucionária,

■ apresentar a Contra-Revoluçâocomo se fosse uma simples nostalgia(não negamos, aliás, é claro, a legitimidade dessa nostalgia)

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■ ou um mero dever de fidelidade

pessoal, por mais santo e justo queeste seja,

■ é apresentar o particular comosendo o geral,

a parte como sendo o todo,é mutilar a causa que se quer

servif.

%

205

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NOTAS

1. Flash: com essa metáfora o Prof. Plinio Corrêa de

Oliveira quer significar que a revelação fulgurante dachocante realidade revolucionária pode produzir umaespécie de iluminação súbita que põe em ordem asidéias de quem o recebe.

2. O proceder habitual do verdadeiro apóstolo, comoensinam os Papas, deve ser destemido: "Não é lealnem digno ocultar, cobrindo-a com uma bandeiraequívoca, a qualidade de católico, como se esta fossemercadoria avariada e de contrabando" (São Pio X,carta ao Conde Medolago Albani, Presidente da UniãoEconômico-Social, da Itália, datada de 22-XI-1909 —Bonne Presse, Paris, vol. V, p. 76). Os católicos nãodevem "ocultar como que sob um véu os preceitosmais importantes do Evangelho, temerosos de seremtalvez menos ouvidos, ou até completamente abando-nadod' (São Pio X, Encíclica "Jucunda Sane", de 12-111-1904 — Bonne Presse, Paris, vol. I, p. 158). Ao quejudiciosamente acrescentava o santo Pontífice:"Sem dúvida, não será alheio à prudência, também aopropor a verdade, usar de certa contemporização,quando se tratar de esclarecer homens hostis às nossas Instituições e Inteiramente afastados de Deus. Asferidas que é preciso cortar — diz São Gregório —devem antes ser apalpadas com mão delicada. Masessa mesma habilidade assumiria o aspecto de prudência carnal se erigida em norma de conduta constante e comum; e tanto mais que desse modo pareceria ter-se em pouca conta a graça divina, que não éconcedida somente ao Sacerdócio e aos seus minis

tros, mas a todos os fiéis de Cristo, a fim de que nos-

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sas palavras e atos comovam as almas desses ho-menà' (doe. cit., ibid.).

3. Mas reavivar a distinção entre o Bem e o Mal nãolevará ao maniqueísmo? — Absolutamente não. Hojese disseminou arbitrariamente o uso do adjetivomaniqueísta como uma espécie de xingação, paradenegrir qualquer forma de distinção entre o Bem e oMal. A moda consiste em fazer uma espécie deintegração entre o Bem e o Mal numa espécie asquerosa de pirão. Mas a distinção entre o Bem e o Mal éa base do senso moral, e portanto é parte integranteda boa formação católica. Negar a oposição entre oBem e o Mal constitui o auge da imoralidade.— O maniqueísmo histórico foi uma seita heréticafundada por Maniqueu no séc. III, segundo a qual odemônio não teria sido criado por Deus, mas seria elemesmo o princípio e a substância do mal (Denzinger,237). Como se vê, de modo algum rejeitar omaniqueísmo implica em condenar o senso do Bem edo Mal. Pelo contrário, lê-se na Sagrada Escritura:Contra o Mal está o Bem, e contra a morte a vida;assim também contra o homem justo está o pecador. Considera assim todas as obras do Altíssimo.Achá-las-ás duas a duas, e uma oposta à outra(Eclo, 33, 15).

4. A coletânea destes dez avisos não pretende serexaustiva. A quase totalidade destas preciosas normas de ação foram extraídas da segunda parte deRevolução e Contra-Revolução, obra-prima de PlínioCorrêa de Oliveira, sobre a qual o leitor encontrarámais esclarecimentos ao fim deste volume.

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' í'"'

 memória de Josias é

como uma composição de

aromas, Jeita por um perito

perjiimista.

Em toda a boca setá doce ag

sua lembrança como o mel,

^ e como um concerto de mú-sica enp banquete de vinhos.

[Ele veiolparatraarrancar e

depois reedMcar e renoVar.

(Ecio., XLIX, 1 e 9).

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QliAmVlA

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o escarpado rochedo Vedrá (Baleares), esplendidamente Isolado no Oceano, é um símbolo expressivo daGrandeza sacrificada e por vezes incompreendida

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Orsifibczâit

Todo homem É grandé, desde queseja fiel [à graça].

O infortúnio é o pedestal da grandeza.

jSTao ha coisa que

' SE PAGUE COM PREÇO yiAIS

CARO DO QUE A GRANDEZA.

Ela não serlv giuandeza,

SE FOSSE POSSDTEL POSSUÍ-LA

SEM SER UM CRUCIFICADO.

Grande não é o que tem proporçõesavantajadas, mas o que produz grandes efeitos.

Os grandes homens não são aquelesque só se interessam pelas grandescoisas. São aqueles que sabem vergrandes horizontes também naspequenas.

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Nossã Senhora é a mãe indizivelmente

grande, a rainha inexprimívelmentedoce e acessível, o arco-íris que reúneem uma síntese incomparável os doisaspectos da grandeza — a superioridade e a dadivosidade.

O novo cavaleiro deve

poder dizer de si:

"Eu sou o homem

da Grandeza em toda linha

"eu represento a Grandeza

PERSEGUIDA, CRUCIFICADA,

ODIADA ENQUANTO GRANDEZA

E POR SER Grandeza. Mas

AFIRMANDO SEMPRE

A FORÇA DA LEi".

"Eu fui o apedrejado

e o crucificado da Grandeza".

2B

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Não é uma grandeza de pavão, mas éuma grandeza que está continuamente em luta, porque, onde eu

entro, é indiscutível que entro commeu desafio.

Os VERDADEIROS PEQUENOS

ENCONTRAM EM MIM UM PAI,

UM PROTETOR, UM EXPLICADOR

DO CAMINHO".

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Dc wm XcstMncnXo

tM NOME DA SANTÍSSIMA e IndivisaTrindade, Padre, Filho e Espírito San

to, e da Bem-Aventurada Virgem Maria, Minha Mãe e Senhora, declaro quevivi e espero morrer na santa Fé católica, apostólica, romana, à qual adirocom todas as veras de minha alma.

Não encontro palavras suficientes paraagradecer a Nossa Senhora o favor dehaver vivido desde os primeiros dias ede morrer como espero na Santa Igreja,à qual votei, voto e espero votai' até omeu último alento todo o meu amor.

De tal sorte que todas as pessoas,instituições e doutrinas que amei durante a minha vida, e atualmente amo,

só as amei ou amo porque eram ou

são segundo a Santa Igreja, e na medida em que eram ou são segundo aSanta Igreja. Igualmente, jamais combati instituições, pessoas ou doutrinassenão porque e na medida em queeram opostas à Santa Igreja Católic^.

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GrAíibc HA fé,

5rAíit>c HA morte

Católico apostólico romano, euo fui durante toda a minha vida.

Sou-o, hoje, com maior convicção,energia e entusiasmo do que nunca.

E espero, pela graça de Deus e pelaintercessão de Nossa Senhora, que oserei mais e mais até o último alento.

Que as portas do Vaticano me tenham

sido batidas, ou venham a ser-me

batidas no rosto.

Eu em nada alteraria minha atitude de

fé, entusiasmo e obediência. E, alémdisto, me sentiria em perfeita felicidadé.

Que eu possa dizer na hora da

morte: realmente, eu fui um varão

católico e todo apostólico romano.Romano e romano^.

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NOTAS1. Sendo a Revolução essencialmente igualitária, quemse entrega a seu combate não pode deixar de ter umaadmiração especial pela Grandeza. Santo Tomás deAquino, em sua Summa Theologica, analisa duasvirtudes ligadas à Grandeza: a magnanimidade e amagnificência (2-2, 129 a 134).

2. Exemplo vivo da Grandeza a respeito da qual tãobem sabia discorrer, no ano de sua morte pôde afirmar:

"Estou com 86 anos. Eu quero ser como sou. Eu souaquele que aparece aos olhos do adversário comopessoa que não tem a menor crise de identidade.Estou entregue a uma causa distinta de mim, que é aContra-Revolução. Eu não sou senão isso. Sendoassim, quem me ama ama a Contra-Revolução, quemme odeia odeia a Contra-Revolução".

- Em outra ocasião, assim resumiu sua visão do mundo, a qual exprime muito bem sua inquestionávelGrandeza: "É uma visão harmônica e arquitetônica,monárquica e aristocrática, de toda a ordem do Universo, tanto no campo espiritual quanto no terreno temporal, mas acentuando especialmente os pontos que aRevolução* mais negou".

3. Do testamento de Plinio Corrêa de Oliveira.

4. Até aqui, extraído de artigo na "Folha de S. Paulo",domingo, 12 de julho de 1970. Haveria, no último trecho, uma leve mas tocante alusão ao famoso conceitode "perfeita alegria", de São Francisco de Assis, contida nos "Fioretti"?

5. Falecido em 3 de outubro de 1995, Plinio Corrêa de

Oliveira, alguns anos antes, em uma conferência, imaginou a situação de alguém que, ao morrer, dizia: Eumorro sem entender, mas não morro sem adorar. Eis a

grandeza de sua entrega a Deus.

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Disseram pois os ímpios no

desvarío de seus pensamentos:

— Armemos laços

ao Justo, porque nos é

molesto e é contrário às

nossas obras.

s

Só o vê-lo nos é insuportável;porque sua vida nào é semelhante

à dos outros e o seu proceder é

muito diferente.

Somos considerados por ele como

pessoas vãs

e absíém-se do nosso modo de viver

como duma coisa imunda.

(Çf. Sagrada Escritura, Livro da

Sabedoria, II, 12-16).

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EPI LOGOAIEGOWA

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InIão QUERO imãginarum galeão inteiramente excepcionai,

como o Royai SoleU,por exemplo. Concebo

um galeão médio, deboa categoria, que porcausa disso participa da majestadedo Royai Soieii. Num Rindo do marque estou figurando ser o Caribe.Mas não imagino um galeãoafrancesado. Eu o figuro com grandecategoria e espanhol.

o "Royai Soieii"

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• ■ ' V

o galeão transesférico^^ propriamente dito é espanhol. Com aquela nota

de majestade um tanto carrancuda,

um tanto desconfíada, e um pouquinhoresmungona, que caracteriza certas

coisas da arquitetura espanhola.

Na proa, um nicho para imagens, trabalhado, sério, alto, grande. A popa

com aquele ar de velho solar espanhol, muito nobre.

Posto no fundo do mar, com a car

ranca e com a agressividade de um

navio de guerra.

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Eu o imagino muito no ãindo, com

uma camada grossíssima de areia

meio gelatinosa, de não sei que substâncias, de vegetais mortos, de musgos. De vez em quando uns corais,

emergentes como esqueletos de pedra, se erguendo como dedos dedentro do mar, e que estão encosta

dos em uma parte do galeão, ajudando a mantê-lo de pé.

Vários canhões azinhavrados. De den

tro do canhão se vê sair uma miniatu

ra de polvo que mora lá dentro, quefez daquilo sua casa.

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De outro lado, percebe-se a água quese move com suas pulsações. A luzatravessa a água e ilumina aquelefundo de mar, o qual íica como umagelatina um tanto luminosa. Outraspartes ficam na escuridão. E quandovêm aquelas pulsações, o galeão semove ligeiramente, e toda aquelaespécie de gelatina de areia em queele está posto também se move umpouco, de cá para lá, de lá para cá.

Séculos dentro do mar, o galeão está.Quase em pé, escorado por bancos decoral e coisas assim. Inteiro, mas um

pouco inclinado.

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Uma catástrofe completa. Entretanto,

ele não rolou para o chão.

Toda a glória, todas as esperanças,todo o futuro do galeão estão sepultados ali sem desespero, sem frenesi,sem desânimo e sem contorçãonervosa.

Podemos imaginar que de vez emquando se desprenda do galeão umacomo que figura aérea e mitológicaque sai de dentro do mar e atormentacomo um Adamastor aqueles que

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passam. Como um protesto de que eleainda voltará.

O mundo da lenda é uma forma em

geral poluída, mas com coruscaçõesbonitas, do mundo da transes fera*.

Melhor ainda é figurar personagensque existiram, ampliando-os de talmaneira que realizem um ambientede transesfera*.

tsSE GALEÃO arquetípiccf,transesféricó*, o que é que representa, no fundo?

Ele representa uma dureza especial dosenso da finalidade, pelo qual a pes

soa raciocina da seguinte maneira:

"Sendo eu como sou, tão idêntico à

minha matriz primeira, é certo quenão quebrarei. Todos esses séculos,todas essas águas, todas essas circuns-

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tâncias não são senão obstãculos que

eu sobrepujo.

Enfrento sobrepujando

E SOBREPUJO DiVNDO DE MIM

MAIS DO QUE TUDO ISSO.

Eu sinto algo maior do que tudo isso,que nasce dentro de mim e que armaa proa contra tudo isso. Dia virã em

que tudo isso entrarã nos eixos".

O que tanto pode ser uma esperançaprofética quanto, em nível detransesfera, a segurança de que umdia o juízo de Deus virã. Ou as duascoisas juntas.

O galeão não tem, é verdade, nenhuma consolação durante esse tempo dederrota. É bem verdade. A não ser a

consolação permanente da sua própria certeza!

É preciso dizer que é uma forma decoragem total, radical. É uma forma defortaleza impressionante.

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o fundo do mar é especialmenteaugusto pelo silêncio e pela penumbra . O ruído das ondas

não chega até o fundo, e lánada se ouve. É a região danão sonoridade.

Isolamento, penumbra, silêncio,apenas o irracional existindo ládentro, e, sentado nesse irracional, o infortúnio de um sonho,

de um império de transesfera,que a estupidez e a brutalidadedos homens não permitiu quese realizasse...

. V \

... Mas que

FICA COM A PROA

APONTADA PARA A HISTORIA.

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BEM-AWNTURADO O HOMEM QUECONFIA NO SENHOR, E DE QUEM OSENHOR É A ESPERANÇA.

SERA COMO A

ÁRVORE QUE ÉTRANSPEANTADA

SOBREASÁGUAS,A QUAE ESTENDESUAS raí2;es paraA UMIDADE. EM

TEMPO DE SECA

NÃO TERÁ MINGUA,NEM JAMAIS DEIXARÁ

DE DAR FRUTO(CF. JER., CAP.

XVII, 7 SS.).

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RECADO

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tiiio mOYYC

Correu-se a laje.

Parece tudo acabado.

É o momento em que tudo começa.

E o reagrupamento dos Apóstolos.E o renascer das dedicações,das esperanças. A Páscoa se aproxima.

Ao mesmo tempo, o ódio dos inimigosronda em torno do Sepulcro,de Maria Santíssima e dos Apóstolos.

Mas Eles não temem.

E EM POUCO R\L\IU\ A

MANl L\ DA RESSURREIÇÃO.

Possa também eu. SenhorJesus, não

2■ 31

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temer. Não temer quando tudo parecer perdido irremediavelmente.

Não temer

quando todas as forças da Terraparecerem postas em mãos

de vossos inimigos.

Nj\0 I EMEK

PORQUE ES I OUAOS PÉS DE NOSSA SENHO R/V,

JUNl O DA QUAl^SE REAGRUPARÃO SEMPRE,E SEMPRE MAIS UM/VVEZ ,

P/VIUV NOVAS VI 1 ÓRLVS,OS VERDADEIROS SEGUIDORES

DE VOSSA IGREJA.

Fim'tS

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Caro Leitor

Esta obra pode sei-vir de inquérito: oque, a respeito deste conjunto de temas,

certamente pouco correntes, pensa o povo

brasileiro?

Assim sendo, se desejar, responda aoquestionário abaixo, e envie as respostas aocompilador da matéria deste volume:

1. Esta obra corresponde ao queesperava?

2. O que mais o atraiu?

3. Considerou sua leitura

a) fácilb) difícil

c) faz pensar sem fatigar muito4. São numerosas as pessoas que têm

saudades de uma verdadeira Cavalaria?

a) numerosas

b) poucasc) raras

5. Julga Litil a dhmlgaçáo destes pensamentos para o grande público? Indica alguém em particular a quem poderiam elesser de utilidade (nome e endereço)?

6. Outras obser\rações

Correspondência para:

Leo Danicle

Caixa Postal 53180

CEP: 08201-970 São Paulo - SP

E-mail: leodan(fí uol.com.br

m•

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Absoluto, senso do absoluto, procura do absoluto:Em sentido próprio, absoluto é só Deus. Entretanto,existem na criação seres com graus de perfeição muitoelevados, e esses seres nos remetem para a idéia de Deusde maneira mais excelente que os demais. A busca de taisperfeições constitui aquilo que o Prof. Plinio Corrêa deOliveira chama de procura do absoluto. Como dizia SãoBoaventura, "o Universo é a escada pela qual ascendemosaté o Criadof (São Boaventura, "Itinerário da Mente paraDeus", cap. 1, 2) ; Comecemos por contemplar todo estemundo sensível como um espelho através do qual podemoschegar até Deus, o artista soberand' (id, Cap. I, 9). Os serescriados são o vestígio, a imagem e a semelhança do Criador.Portanto, em todas as coisas, de alguma forma reluz oabsoluto. Ter o senso do absoluto é o saber ver em todas as

coisas os aspectos que melhor refletem a Deus. Entreoutros autores, explanou São Boaventura tal tese, porexemplo no Brevilóquio (Parte II, cap. XII) e no Itinerárioda Mente para Deus (Cap. I, 2). "/l criação do mundo écomo que um livro, no qual resplandece, representa-se e lê-se a Trindade criadora em três graus de expressão, a saber:como vestígio, como imagem e como semelhançã'(Breviloquio, II, XII). V também Santo Tomás de Aquino,"Summa Theologica", I q. 45 a. 7.

Arquétipo. Tipo é o "modelo ideal reunindo em si oscaracteres essenciais de certa espécie de objetos, em seumais alto grau de perfeição". Arquétipo é o "tipo supremo,de que os objetos dos quais temos a experiência não sãosenão cópias; protótipo, padrão, original, modelo,paradigma" (Paul Foulquié, "Dictionnaire de Ia LanguePhilosophique", P. U. F., Paris, 1962).

Arquitetonia, arquitetonicidade-. no vocabuláriopliniano, arquitetonia é uma ordenação possante e harmônica de conceitos. Arquitetonicidade é a qualidade pela qualum conjunto de idéias ou de belezas se insere em umconjunto, como as massas construídas num conjuntoarquitetônico de grande classe.

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Bonum: do latim, O Bem.

Contra-Revolução, contra-re-voluciondrio: V mais abaixo Revolu

ção. Para Corrêa de Oliveira, contra-

revolucionário em sentido pleno"é quem conhece a Revolução . aordem e a Contra-Revolução emseu espírito, suas doutrinas, seus

métodos respectivos: ama a Contra-Revolução e a ordem cristã,odeia a Revolução e a anti-ordem;faz desse amor e desse ódio o eixo

em torno do qual gravitam todosos seus ideais, preferencias e ati

vidades" ('Kevo\uqão e Contra-Revolução", 11, IV).

Idealizar, nesta frase, e em

geral no vocabulário do Prof. Plinio

Corrêa de Oliveira, significa despir

determinada coisa de suas imperfeições, para imaginá-la perfeita, conforme às nossas mais altas aspirações. Essas figuras ideais pairamimpalpavelmente sobre a Humanidade, constituindo uma esfera que náoexiste senão no pensamento: uma

transesfera.

Inocência-. O conceito

pliniano de inocência vai muitíssimo

além da acepção corrente da palavra.Não se trata apenas de não praticaro mal, mas sobretudo de aderir for

temente à harmonia do Verdadeiro,

do Bom e do Belo. Inocente é quemnão pecou contra aquele estado deespírito primevo de equilíbrio e temperança, e por isso conserva-se aberto a todas as formas de maravilhoso

e apetente delas.

Metafísica: como substantivo,é a parte da Filosofia que estuda o

ser enquanto ser. O Prof. Plinio

Corrêa de Oliveira muitas vezes uti

lizava o adjetivo metafísico(a) em

seu sentido etimológico, isto é,

aquilo que vai além do físico.

Paradisoiogia-. Estudo de

como teria sido o Paraíso terrestre, de

que foram expulsos Adão e Eva, e mais

acima, como é o mundo angélico e oParaíso celeste. E nessas culminânci-

as que se encontra a matriz pma uma

ordem humana ideal, para a qual a humanidade deve tender dentro das li

mitações impostas pelo pecado origi

nal. Um dos põlos de atração do Prof.Plinio Corrêa de Oliveira, durante toda

sua vida, foi a procura da ordem ide

al. Muitos dos pensamentos sobre omaravilhoso, a sociedade ideal, a or

dem ideal, transcritos nos livros desta

coleção, foram extraídos do acer\'odoutrinário monumental constituído

por mais de quarenta anos de reuni

ões realizadas com esse fim. As ano

tações delas constituem manancial de

riqueza incalculável para o estudo daordem do Universo considerada em

todos os seus aspectos.

Puichrum-. Devido a certa

banalização da palavra belo emportuguês, o Prof. Plinio Corrêa de

Oliveira muitas vezes lhe preferiao termo latino puichrum, que significa a mesma coisa mas carregaoutras conotações. Sobre o

puichrum em Santo Tomás, videSumma Theologica, I, q. 5, a.4; I,q. 39, a. 8; 1-lIae, q. 27, a. 1 ad 3."O Seio na ordem criada é o es-

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plendor de todos ostranscendentais reunidos: do

ser, do uno, do verdadeiro e dobom; ou, mais particularmente,é o fulgor de uma harmoniosaunidade de proporção na integridade das partes (splendor,proportio, integritas - cfr. SantoTomás de Aquino, SummaTheologica, I, q. 39, a. 8)".Garrigou-Lagrange O.P., DivinePerfezioni, Roma, 1923, p- 337.

Reino de Maria-, São Luís

Maria Grignion de Montfort(1673-1716) em seu Tratado daVerdadeira Devoção à Santíssima

Virgem prevê a implantação naTerra de uma era "em que almas

respirarão Maria como o corpo

respira o ar", e em que imimeraspessoas "tornar-se-ão cópias vivasde Maria" (Cap. VI, art. V). A essa

era ele chama Reino de Maria. Essa

profecia se entronca organicamen-te com a de Nossa Senhora em Fá

tima. Com efeito, depois de pre

ver várias calamidades para o mundo, Ela afirmou: "Por fim, o meuImaculado Coração triunfará".

Revolução: Para o Prof.Plinio Corrêa de Oliveira, Revolu

ção é o processo quatro vezes secular que vem devastando a Civilização Cristã. E a Contra-Revolu-ção consiste no movimento de almas que se opõe a essa derrubada, e visa restaurar a verdadeiraordem. Ver o ensaio "Revolução eContra-Revolução", do mesmo

autor. Quatro edições em português, com tradução e várias edições nas principais línguas vivas.

Revolucionário: adepto daRevolução, de forma consciente ousubconsciente.

SacraJ, sacralidade-, na ma

neira de se exprimir de Corrêa deOliveira, há uma diferença de ma

tiz entre as palavras sagrado e sacral-,sacral é o sagrado posto na ordemtemporal ou proíana. A sacralidadetem uma profunda relação com asdesigualdades do Universo e seapóia sobre os seguintes princípios: a) O Universo — mais ainda,toda a ordem do ser — é hierár

quico. b) Ele é insondavelmente desigual de um grau para outro, e infinitamente desigual em relação aDeus. c) O mais alto, a um ou outro título, é sempre causa, modelo,mestre e regente do mais babco. d)A título próprio, só Deus é causa,modelo, mesu-e e regente das cria-turas. Portanto, todas as hierarquias se reportam a Deus, que é infinitamente nobre, sublime e elevado,

e) A escala dos seres é uma escalafechada, no sentido de que o mais

alto, que é Deus, toca no último,no ínfimo. Deus e as ordens supe

riores estão, a um ou outro título,

presentes nas ordens inferiores.Portanto não se trata de uma ordem

estraçalhada e descontínua, mas

harmônica, que se fecha.

Verum: do latim. O verda

deiro.

Transesfera: v. idealizar,mais acima.

Z■ 37

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SOBRE REVOLUÇÃO E

CONTRA-REVOLUCÃO

O presente volume não pretende seroutra coisa que um eco do famoso tratado

de Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução eContrã-Revolução, tomado sobretudo do

ponto de vista da necessidade da luta e do

heroísmo.

Essa obra-prima de Plínio Corrêa deOliveira, tão pouco conhecida no Brasilapesar de sua repercussão mundial, teveentretanto quatro edições em português, efoi publicada em inglês, francês, alemão,italiano, espanhol, romeno e polonês.

E interessante conhecer alguns trechos mais relevantes da apreciação que sobre ela faz o Pe. Anastasio Gutiérrez C.M.F.,em carta de 8 de Setembro de 1993.

Esse ilustre teólogo, recentemente fa

lecido, foi doutor em Direito Canônico pelaUniversidade de Latrão e professor dessamesma Universidade; fundador do Instituto

Jurídico Claretiano de Roma; membro dacomissão de redação do Código de DireitoCanônico; conselheiro de várias congrega-

'JS

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ções vaticanas, entre as quais a Con

gregação para os Institutos de VidaConsagrada e as Sociedades de VidaApostólica; conselheiro do Conselhopontificai para a interpretação dos textos legislativos, organismo supremo

da Igreja para as questões canônicas."Revolução e Contra-Revolução

é um livro magistral, cujosensinamentos deveriam ser difundidos

até fazê-los penetrar na consciência detodos os que se sintam verdadeiimnentecatólicos.

"A análise que faz do proeesso

revolueionário é impressionante ereveladora por seu realismo e peloprofundo conhecimento da História, apartir do fim da Idade Média em deca-dêneia, que prepara o elima ao

Renascimento paganizante e à Pseudo-Reforma, e esta para a terrível Revolu

ção Francesa e, pouco depois, ao Comunismo ateu.

''Abundam pensamentos e observações perspicazes de caráter socioló

gico, político, psicológico (...) semeados ao longo de todo o livro, dignos,

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não poucos, de uma antologia. Muitos delesapontam as "táticas" inteligentes que favorecem a Revolução, e as que podem ou devemser utilizadas no âmbito de uma 'estratégia'geral contra-revolucionária.

"Em suma, atrever-me-ia a dizer que éuma Obra profética no melhor sentido dapalavra; mais ainda, que seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da

Igreja, para que ao menos as classes de elitetomem consciência clara de uma realidade

esmagadora, da qual — acredito — não setem clara consciência. Isso, entre outras coi

sas, contribuiria para revelar e desmascararos idiotas-úteis companheiros de viagem,entre os quais se encontram muitos eclesiás

ticos que fazem, de um modo suicida, ojogo do inimigo: esse setor de idiotas aliados da Revolução desapareceria em boa medida.

"Não me resta senão congratular-mecom a Instituição TFP por ter um Fundador

da altura e qualidade do Prof. Plinio."Concluo dizendo que impressiona

fortemente o espírito com que a obra estáescrita: um espírito profundamente cristão eamante apaixonado da Igreja. A obra é umproduto autêntico da sapientía christíana".

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A foto traduz bem a realidade: este foi um

homem muito benévolo, jovial, amigo. Um pai.Um católico ardoroso, que combateu o mal e

foi injustamente odiado e combatido.Neste livro, ele nos faz como que ouvir sons

maravilhosos e perdidos, por meio depensamentos que são um hino à beleza

ancestral e imortal do heroísmo

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