ID: 51151578 01-09-2013 Corte: 1 de 5 ARTIGO Hortas ... · PDF filedia, cidades como Dakar,...

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Tiragem: 750 País: Portugal Period.: Bimestral Âmbito: Ambiente e Ciência Pág: 5 Cores: Cor Área: 16,39 x 22,79 cm² Corte: 1 de 5 ID: 51151578 01-09-2013 Hortas urbanas: uma oportunidade O estado da economia em Portugal exige uma preocupação deliberada dos órgãos políticos, bem como medidas de contenção por parte dos cidadãos de todas as classes. A problemática do consumismo desmedido já não está em voga. O que continua a ecoar nas mentes dos portugueses são palavras como austeridade e crise económica. Dado o panorama apresentado, urge saber e difundir, mais que nunca, mecanismos de defesa contra a precaridade. É um ponto de mudança na história da nação, onde muitos tentam vingar pelas novas tecnologias e outros procuram nas formas mais básicas de subsistência, uma oportunidade para enfrentar o futuro. As hortas urbanas surgiram nos países Nórdicos durante o século XIX para dar resposta à emergente industrialização e urbanização dos centros urbanos. “Historicamente, muitas cidades a nível mundial praticaram formas de agricultura biológica. Há cerca de um século, Paris cultivou mais de 100.000 toneladas de colheitas, os excedentes foram tantos que tiveram de os enviar para Londres. Hoje em dia, cidades como Dakar, Sofia e Singapura produzem uma percentagem significativa da comida que consomem através da agricultura urbana Alex Steffen et al. in World changing: A user’s guide for 21 st century O desenvolvimento sustentável é, neste caso, um ponto fulcral, visto que procura uma melhor qualidade de vida para todos, associando três aspetos chave para a sua concretização: a justiça social, o desenvolvimento económico e a proteção do ambiente. As hortas urbanas são um forte exemplo deste mecanismo de proteção ARTIGO

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Tiragem: 750

País: Portugal

Period.: Bimestral

Âmbito: Ambiente e Ciência

Pág: 5

Cores: Cor

Área: 16,39 x 22,79 cm²

Corte: 1 de 5ID: 51151578 01-09-2013

Hortas urbanas: uma oportunidade

O estado da economia em Portugal exige uma preocupação deliberada dos órgãos políticos, bem como medidas de contenção por parte dos cidadãos de todas as classes. A problemática do consumismo desmedido já não está em voga. O que continua a ecoar nas mentes dos portugueses são palavras como austeridade e crise económica.

Dado o panorama apresentado, urge saber e difundir, mais que nunca, mecanismos de defesa contra a precaridade. É um ponto de mudança na história da nação, onde muitos tentam vingar pelas novas tecnologias e outros procuram nas formas mais básicas de subsistência, uma oportunidade para enfrentar o futuro.

As hortas urbanas surgiram nos países Nórdicos durante o século XIX para dar resposta à emergente industrialização e urbanização dos centros urbanos.

“Historicamente, muitas cidades a nível mundial praticaram formas de agricultura biológica. Há cerca de um século, Paris cultivou mais de 100.000 toneladas de colheitas, os excedentes foram tantos que tiveram de os enviar para Londres. Hoje em

dia, cidades como Dakar, Sofia e Singapura produzem uma percentagem significativa da comida que consomem através da agricultura urbana ”

Alex Steffen et al. in World changing:

A user’s guide for 21st century

O desenvolvimento sustentável é, neste caso, um ponto fulcral, visto que procura uma melhor qualidade de vida para todos, associando três aspetos chave para a sua concretização: a justiça social, o desenvolvimento económico e a proteção do ambiente.

As hortas urbanas são um forte exemplo deste mecanismo de proteção

ARTIGO

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contra a crise político-económica. Pode-se aferir que esta prática tem repercussões não só a nível económico, mas também a nível social e, mais concretamente, a nível pessoal.

“As hortas urbanas constituem espaços verdes e espaços de agricultura urbana com usos múltiplos fundamentais ao desenvolvimento sustentável de qualquer cidade”

Rute Pinto e Rui Ramos in Viabilidade

ambiental de hortas urbanas: o caso de Braga, Portugal

No que toca ao desenvolvimento económico, esta medida permite que famílias mais carenciadas cultivem

produtos hortícolas e frutícolas variados para consumo próprio e, em alguns casos, possam vender esses produtos em feiras ou mercados específicos para complemento do orçamento familiar.

As hortas permitem também o desenvolvimento a nível social, permitindo a criação de uma comunidade que se dedica à atividade hortícola. O convívio comunitário permite a troca de informações relativamente aos métodos de cultivo, bem como de produtos agrícolas de diferentes cultivos.

A componente pedagógica é igualmente um fator de interesse nestes projetos. O desenvolvimento interpessoal que esta atividade possibilita, edifica também o desenvolvimento pessoal pela sua componente educativa. Não é por acaso que os projetos de hortas urbanas estão, quase sempre, associados a projetos educativos de agricultura biológica. Neste caso, a agricultura biológica é promovida na maioria dos municípios portugueses de forma a difundir práticas mais sustentáveis e promover hábitos alimentares mais saudáveis.

Mais de 20 cidades Portuguesas promovem as hortas urbanas com o objetivo de apoiar famílias carenciadas, desempregados, inativos ou ainda para

Hortas Urbanas de Ponte de Lima.

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Corte: 3 de 5ID: 51151578 01-09-2013proporcionaruma atividade de recreio para trabalhadores e jovens.

Em Cascais, a autarquia disponibiliza terrenos para o cultivo de produtos alimentares para consumo próprio dos utilizadores e o projeto Hortas de Cascais prevê ainda outras vertentes como hortas em casa e hortas nas escolas.

O município de Ponte de Lima possui um projeto de hortas urbanas muito popular entre os habitantes do concelho, sendo o espaço disponibilizado insuficiente para satisfazer as requisições. A autarquia tenta contornar a situação preparando novos terrenos para a implementação de novas hortas.

O projeto de hortas urbanas da Lipor, desenvolvido na área metropolitana do Porto possui, para além de outras, as hortas de subsistência, em que em algumas delas, como é o caso da Horta de Subsistência da Maia, é permitida a venda dos produtos cultivados no mercado local.

No entanto, existem dois lados da mesma moeda: aqueles que são beneficiados diretamente com o cultivo dos produtos e as entidades que edificam e regulam estas atividades. Os segundos, ao aplicarem a estratégia política de disponibilizarem terrenos

para esta atividade, estão a conquistar os cidadãos pela funcionalidade efetiva que terá no seio familiar. Estão ainda a poupar dinheiro que, doutra forma aplicariam na limpeza desses terrenos, permitindo investir noutros setores de benefício às populações.

Vários estudos sobre esta vertente apontam também para a problemática

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da contaminação dos solos, devido à poluição urbana. Este ‘presente envenenado’ pode por em causa a segurança alimentar dos seus utilizadores, pois os solos das áreas urbanas estão sujeitos a uma permanente contaminação por metais pesados dos gases de combustão dos veículos automóveis. Isto faz com que a viabilidade ambiental das

hortas urbanas esteja comprometida, sobretudo como espaços de cultivo de produtos para alimentação.

Em Lisboa, a Câmara Municipal optou pelo desenvolvimento de parques hortícolas, que constituem espaços de recreio que possuem também espaços delimitados destinados à prática agrícola. Esta solução poderá de alguma forma contornar a questão acima referida, sendo estes inseridos em espaços amplos e preparados para o efeito.

A solução para que esta atividade atinja resultados mais satisfatórios e seja aproveitada no seu máximo é através da regulação do uso e ocupação do solo urbano, criação de espaços verdes de usos mistos, reconservação de espaços abandonados em hortas urbanas e a criação de hortas urbanas de diferentes tipologias. Noutro nível, é essencial a identificação do tipo de solos agrícolas mais suscetíveis à contaminação, definir uma distância mínima entre solos para as hortas urbanas e estradas fortemente movimentadas e praticar o pousio dos solos para descanso e regeneração biológica natural.•

Projeto Horta-à-Porta (Lipor) em Gondomar.

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