Idosos - O futuro continua ENVELHECIMENTO - POPULAÇÃO IDOSA - 2010

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Idosos - O Futuro Continua Portugal em 2050 é um País de cabelos brancos já que somos 3,2 milhões de idosos. Esta realidade, exigiu nos últimos 40 anos adaptações específicas. O Apoio Domiciliário é hoje altamente personalizado, com o cuidador concentrado no atendimento integrado, humanizado e no estímulo das capacidades, suportando os idosos social e afectivamente. As instituições trabalham em rede com as Universidades Seniores. Com esta rede, a vida institucional passa pela partilha da experiência, recodificando-se o envelhecimento e questionando o próprio conceito de velhice resignada. Os idosos têm um grau de instrução mais elevado, sendo a robótica e a informática soluções para promover o envelhecimento activo e a protecção social no terreno. As actividades concentram-se na descoberta de novos interesses e procuram abrir possibilidades para a reformulação de planos de vida, nos quais os idosos se situam como pessoas participantes e capazes de contribuir no seu grupo institucional, familiar e nas comunidades. Só residualmente existe em Portugal uma evidente carência de mentalidade aberta que levava á carência de oferta de respostas sociais, em quantidade e qualidade nessa fórmula eficaz de associação entre alojamento, lazer, realização objectiva, assistência ao lar com a prestação de cuidados de saúde. A nova geração de idosos é mais dinâmica, mais sensível a inovações, mais exigente, mais independente e cada vez mais interessada na satisfação de outras necessidades que não sejam só as básicas. As organizações terão pois que continuar a adequar os seus serviços tendo sempre em conta a crescente heterogeneidade dos idosos do futuro. Verificam-se diferentes perfis de consumo, uma vez que os idosos são cada vez mais activos e permanecem mais tempo em actividade, e que a idade da reforma é cada vez mais tarde, há mais voluntariado idoso, a esperança de vida e de vida com mais saúde aumentou. É também uma evidência que o aumento do envelhecimento em Portugal contribuiu para o aumento do número de pessoas em risco acrescido de dependência, quer esta seja transitória ou instalada, pelo que essas pessoas necessitam cada vez mais de cuidados específicos adequados e integrados. Daí que o progressivo envelhecimento exija o reforço das parcerias, na melhoria da qualidade, na consolidação dos direitos sociais e na afirmação do grupo das pessoas com mais idade como um forte potencial social, económico e cultural. A cooperação entre instituições com responsabilidade directa e indirecta na planificação de programas sociais para a terceira idade tem privilegiado medidas promotoras de um envelhecimento activo reforçando três grandes vectores de actuação: Prevenção, Participação e Autonomia.

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Nos últimos quarenta anos a população idosa, em Portugal, teve um aumento significativo, o que faz com que em 2050 sejam 3,2 milhões de idosos, é por isso importante que as instituições acompanhem as mudanças dos idosos para adequar as intervenções às suas diferentes necessidades, apostando no envelhecimento activo através da prevenção, participação e autonomia.

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Idosos - O Futuro Continua

Portugal em 2050 é um País de cabelos brancos já que somos 3,2 milhões de idosos. Esta realidade, exigiu nos últimos 40 anos adaptações específicas. O Apoio Domiciliário é hoje altamente personalizado, com o cuidador concentrado no atendimento integrado, humanizado e no estímulo das capacidades, suportando os idosos social e afectivamente. As instituições trabalham em rede com as Universidades Seniores. Com esta rede, a vida institucional passa pela partilha da experiência, recodificando-se o envelhecimento e questionando o próprio conceito de velhice resignada. Os idosos têm um grau de instrução mais elevado, sendo a robótica e a informática soluções para promover o envelhecimento activo e a protecção social no terreno. As actividades concentram-se na descoberta de novos interesses e procuram abrir possibilidades para a reformulação de planos de vida, nos quais os idosos se situam como pessoas participantes e capazes de contribuir no seu grupo institucional, familiar e nas comunidades. Só residualmente existe em Portugal uma evidente carência de mentalidade aberta que levava á carência de oferta de respostas sociais, em quantidade e qualidade nessa fórmula eficaz de associação entre alojamento, lazer, realização objectiva, assistência ao lar com a prestação de cuidados de saúde. A nova geração de idosos é mais dinâmica, mais sensível a inovações, mais exigente, mais independente e cada vez mais interessada na satisfação de outras necessidades que não sejam só as básicas. As organizações terão pois que continuar a adequar os seus serviços tendo sempre em conta a crescente heterogeneidade dos idosos do futuro. Verificam-se diferentes perfis de consumo, uma vez que os idosos são cada vez mais activos e permanecem mais tempo em actividade, e que a idade da reforma é cada vez mais tarde, há mais voluntariado idoso, a esperança de vida e de vida com mais saúde aumentou. É também uma evidência que o aumento do envelhecimento em Portugal contribuiu para o aumento do número de pessoas em risco acrescido de dependência, quer esta seja transitória ou instalada, pelo que essas pessoas necessitam cada vez mais de cuidados específicos adequados e integrados. Daí que o progressivo envelhecimento exija o reforço das parcerias, na melhoria da qualidade, na consolidação dos direitos sociais e na afirmação do grupo das pessoas com mais idade como um forte potencial social, económico e cultural. A cooperação entre instituições com responsabilidade directa e indirecta na planificação de programas sociais para a terceira idade tem privilegiado medidas promotoras de um envelhecimento activo reforçando três grandes vectores de actuação: Prevenção, Participação e Autonomia.

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Os idosos de 2050 são actores políticos cada vez mais expressivos, aumentando a sua responsabilidade nos governos, no poder legislativo e na sociedade civil organizada. Por isso as políticas de saúde esforçam-se por contemplar todo o ciclo de vida uma vez que as políticas de segurança social do princípio do século foram insuficientes para lidar efectivamente com a população idosa de 2050. Não tenho a certeza de que 2050 seja como descrevi mas o que tenho a certeza é que se nada fizermos, seremos nós próprios, os fautores da nossa incapacidade de promover políticas públicas que cumpram a Missão de assegurarem o bem-estar da população. E acredito também que este fim só poderá ser alcançado com a participação activa de uma rede solidária aberta, informada, actualizada e modernizada e que já começou a mudar as formas de actuação e os procedimentos. Manuel de Lemos Presidente da União das Misericórdias

In: Jornal de Notícias, Opinião, 30 de Agosto de 2010