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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO SUL DO BRASIL
FABAT – FACULDADE BATISTA DE TEOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA.
O QUE É IGREJA?
Felinto Pessôa de Faria, neto
Trabalho apresentado ao Curso Graduação em Teologia para aten-der as exigências da disciplinaNovo Testamento I ministrada pelo Professor Doutorando Valtair Miranda.
Rio de Janeiro – Novembro de 2007
O livro O que é igreja é de autoria do professor e pastor Luiz Roberto, sendo
publica pela editora MK, Rio de Janeiro, 2005. Contém 116 páginas.
Diante da sociedade a igreja é apenas uma instituição religiosa, junto com as
organizações filantrópicas, escolas e clubes sociais. Mas a igreja não é simplesmente
uma estrutura social humana, ela tem uma constituição espiritual. Ela representa pessoas
e não um espaço de construção.
A igreja e a reunião de pessoas que conhecem sua experiência de salvação, e que
vivem juntas e organizadas para cumprimento da vontade de Deus.
Panorama histórico da igreja cristã:
a) período apostólico: a igreja, como um grupo distintivo entre os judeus da
Palestina, surge logo após a morte de Cristo. Tem nascimento na experiência da festa
judaica de Pentecostes, cinqüenta dias após a páscoa, quando Jesus foi crucificado.
Esse período apostólico mostrou o surgimento da igreja cristã através da
pregação dos apóstolos na Palestina e pelas cidades ao redor do Mediterrâneo.
b) período patrístico: período dos pais da igreja, de Inácio a Agostinho. Foi
marcado com grandes controvérsias sobre a natureza de Cristo. Surgem os primeiros
tratados teológicos face aos movimentos internos e ensinos derivados do gnosticismo.
c) período do cristianismo patriarcal: os concílios se transformaram em
conselhos que detiam o poder sobre as igrejas. É o período da cristianização do Império
Romano e seu avanço como religião estatal e sua estruturação e centralização nas
grandes capitais.
d) período da igreja estatal: a igreja se envolve com o poder civil e se molda aos
padrões políticos do poder econômico. A Igreja Romana aumenta sua autoridade sobre
as demais igrejas. Surge a Igreja – Estado e a supremacia do Santo Império Romano.
e) período da supremacia papal: o papado atinge seu apogeu neste período. Há
uma imperialização do cristianismo.
f) período da reforma: surge à reforma e os movimentos de Lutero, Calvino e
Zwinglio. A teologia predominante dá lugar ao humanismo.
h) período denominacional: surgem as igrejas independentes do poder papal de
Roma. Com o avanço da reforma a Igreja Romana reforça, nas decisões Trento, a
obediência papal e instaura em defesa da fé a Inquisição e sua expansão ao Novo
Mundo (Américas) através da ordem dos jesuítas.
h) período evangélico: eclodem as igrejas independentes do catolicismo e das
tradicionais igrejas da reforma Protestante. As igrejas se envolvem com o social e
serviços comunitários emergenciais diante do empobrecimento das camadas populares e
o aumento da fome e da miséria no mundo.
O movimento evangélico recebe a presença e a explosão de comunidades cristãs
através de lideranças carismáticas, sem o aval eclesiástico oficial e preparação
acadêmica de seus líderes.
Igreja é uma palavra derivada do latim, uma transliteração do vocábulo ecclesia.
Etimologicamente igreja significa “alguém que é chamado para fora”.
A literatura mais antiga refere-se à ecclesia como uma convocação de homens
para a guerra. A partir do século V a.C., ecclesia passou a representar a convocação de
cidadãos efetivos de uma cidade (polis) para reunião populares. Desta forma, o
significado tornou-se dinâmico, ligando a ajuntamento de pessoas e não de
determinados local ou edifício, ou mesmo a rituais religiosos.
A idéia da palavra “igreja” apresenta algumas características de seu ambiente
originador, como de uma convocação popular para uma assembléia deliberativa na
discussão democrática e de assuntos pertinentes à vida de uma comunidade.
Igreja nas comunidades religiosas hebraicas – a partir do século VI a.C., os judeus
assimilaram os costumes da língua helênica. Nesse encontro entre a cultura hebraica e a
grega, surge um grupo de palavras gregas (léxico) que incorporou significados judaicos.
Assim a palavra ecclesia recebeu algumas idéias contidas na mente hebraica
como um povo chamado por Deus, para viver em uma família com o objetivo de
adoração e obediência à sua vontade expressa em seus mandamentos.
A igreja no Novo Testamento – o sentido no NT é sempre para indicar um
ajuntamento regular de cristãos em um determinado local.
As analises etimológicas e o uso da literatura e o uso da literatura do NT
mostram que muito cedo a maneira de se reunirem e viverem com propósitos bem
definidos fez com que a comunidade fosse identificada com algum tipo de reunião
parecida com as ecclesias quer romanas ou judaicas.
O NT também se refere à igreja como sendo um grupo de discípulos de Jesus
presentes em determinada localidade.
A igreja neotestamentária está longe de se mostrar uma instituição religiosa, pois
fala de uma igreja mundial que se reunirá vinda de todos os tempos e de todos os
lugares – universalidade da vida cristã.
A igreja transcende qualquer esfera de delimitação quer por questões políticas,
raciais ou econômicas. Mesmo as divisões denominacionais não podem particularmente
deter as bênçãos de um povo que existe alem das fronteiras humanas.
A igreja ilustrada nas figuras bíblicas – o NT compara a igreja através de diversas
imagens, tais como: povo de Deus; lavoura de Deus; corpo de Cristo; esposa de Cristo;
rebanho de Cristo e edifício do Espírito Santo.
O NT é rico em produzir figuras, imagens e expressões que revelam
características que distinguem a comunidade de discípulos de Jesus.
A igreja o e o Reino de Deus – a partir do V século, a igreja é aceita como a
representação visível do reino. Assim ela assume o poder de instaurar o domínio do
reino de Deus em todas as nações procurando estabelecer uma unidade política e
religiosa no mundo.
Pensar teologicamente sobre o reino de Deus é refletir sobre o governo ou
domínio eterno de Deus
O reino é um conceito mais amplo que a igreja. O reino abrange o controle de
todas as manifestações da vida e de tudo que se relaciona com a igreja.
A igreja é apenas uma representação visível, concreta e local do reino de Deus.
O reino cria a igreja.
A natureza da igreja cristã – pensar na natureza da igreja é entendê-la no sentido mais
amplo do que um simples lugar de adoração ou um agrupamento de pessoas - a ação de
Deus como Pai, filho e Espírito Santo revela a constituição da natureza da igreja.
A união espiritual da igreja – pensar em igreja inclui necessariamente pensar em
relações sociais. A igreja é o povo de Deus da nova aliança, composto de homens e
mulheres de todas as etnias e línguas, que responde á pregação do Evangelho com a fé
em Jesus Cristo.
A igreja é uma comunidade local de pessoas que se converteram a Deus, por
meio de sua fé em Jesus, santificadas pelo Espírito, que exercitam sua fé no templo e
local. Ela se torna visível na comunidade local e temporal, mas conhece sua identidade
de uma comunhão mundial que ultrapassa as fronteiras de seu tempo e espaço.
A missão da igreja – temos que pensar a missão da igreja em dois aspectos: a seu
relacionamento diante de Deus e do mundo.
A missão da igreja é missão de pessoas comprometidas com Deus diante da sua
própria sociedade.
Diante de Deus a igreja recebe suas missão, pois Ele é quem a comissiona. A
A missão da igreja é uma vida de adoração – nossas ações são para louvar a
Deus. A igreja exerce a missão de revelar a vida de Deus ao mundo.
Os rituais na igreja cristã - o ato batismal simboliza a entrada de uma pessoa para o
reino de Deus. O ato da ceia representa a consumação do reino de Deus. O batismo é a
marca de um novo nascimento em Cristo e a ceia é a marca da refeição no mundo novo
restaurado por Cristo.
A ceia e o batismo renovam a mensagem da igreja. Essas ações se transformam
em festa, mediante bênçãos recebidas em Cristo através de sua morte e ressurreição.
O governo da igreja – a igreja como organização social tem suas características
funcionais. Ela é inserida num ambiente datado e localizado – elemento cultural.
Existem princípios inerentes que estão presentes em todas as formas de governo, tais
como:
a) uma instituição dinâmica: a igreja organizada é reconhecida nos relatos do
NT. Ela passa a existir enquanto um grupo de pessoas que confessam sua fé em Jesus e
quer se unem e se reúnem sistematicamente
A organização não elimina o caráter espiritual.
b) uma instituição funcional: um tipo de sua funcionalidade é o tipo de governo
que elas estabelecem. Não há uma normatização sobre o caráter de forma de governo
das reuniões cristãs. Ao longo dos séculos surgem vários modelos de sustentação na
forma de governá-la. Exemplos de algumas propostas de governabilidade das igrejas:
sistema sem governos; sistema monárquico; sistema episcopal, sistema representativo e
sistema congregacional.
O sistema governamental deve ser transparente e democrático, lembrando que a
igreja representa o povo que herdará um novo tempo.
A liderança da igreja local – na dimensão espiritual, a igreja é liderada pela ação do
Espírito Santo. Qualquer que seja o sistema administrativo e organizacional, tudo está
debaixo de uma mesma cabeça, Jesus Cristo.
A liderança do trabalho cristão voluntário é a ação do Espírito Santo. Este é o
que reparte e administra as capacitações espirituais, isto é, os dons para a edificação do
corpo de cristo, a igreja.
A igreja tem sua esperança na volta de Cristo, o qual virá buscá-la e consumar o
seu reino. A igreja é a marca do triunfo de Cristo no fim dos tempos. Ela é a possessão
da vitória final quando este povo que desfruta da vida eterna herdará para sempre novos
céus e uma nova terra (I Pedro 3.13).