Igreja Luterana 1975 nº1

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    IGREJ LUTER N

    Revista Teolgica-Pastoral

    da Igreja Evanglica Luterana do Brasil

    .Uma revista para os adultos em Cristo

    Ano: 35

    Nmero: 1 e

    29

    trimestre de 1975

    Assinatura anual:

    Cr 30,00

    para

    1975

    No exterior: US 6.00

    RED O CENTR L

    Rev. Leopoldo Heimann, Diretor de Publicaes

    Av. Pernambuco 2688, 90.000 Porto Alegre, RS.

    a quem devem ser remetidos os manuscritos, car~

    tas, criticas e sugestes.

    CONSELHORED TORI L

    Dr. Johannes Rottmann

    Dr. Donaldo SchQler

    Rev. Leopoldo Heimann

    EXPEDiO E ENCOMEND S

    Casa Publicadora Concrdia S. A.

    a quem devem ser dirigidos os pedios de assI

    naturas, bem como os valores i:orrespondentes.

    assinatura.

    Diretor-Presidente: Victor Sonntag

    Diretor-Gerente: Albert Mattls

    Assessor: Rev. Guido GerJ

    ENDEREO

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    PRESENT N O

    As quatro edies de 1975 foram

    programadas com muita antecedncia

    em 1974.

    Por razes qUeesto acima das nos

    sas previses (acidentes, enfeI 11 dades,

    con espondncia) vimo-nos forados a

    englobar num s6 n tneroas edies do

    I e II Trimestres.

    Os leitores sabero compreender es

    ta falha involuntria.

    Toda a matria que vai nesta edio

    est sob a temtica geral: Cristo e sua

    Mensagem

    A beno do Senhor da Igreja acom

    panhar a leitura desta Igreja Lutera

    na.

    :1\ :

    tempo de escrever com retido

    palavras de verdade.

    EDITORIAL

    QUE FAREI ERliO DE JESUS

    No sei

    Mas alguma coisa precisa ser feito.

    O encontro com Cristo e sua men-

    sagem exige definio. :It absolutamente

    impossvel permanecer neutro ou indi

    ferente. Cristo tambm no pode ser

    ignorado OUremovido para o simples es

    quecimento.

    E necessrio tomar-se uma posio

    clara. Meio termo no existe. Quem

    no por mim, contra mim; quem co

    migo no ajuda, espalha. No existe

    outra alternativa: Estar por Cristo ou

    contra Cristo, dizer sim ou dizer no,

    declar-Io inocente ou culpado, aceit

    ou rejeit-Ia, gritar hosana ao Fi

    lho de Davi ou crucifica-o, crucifica

    o.

    Radicalismo? E, Cristo radical.

    Claro, ningum forado aceit-Io co

    mo Rejentor, como ningum ser al

    gemado e arrastado para dentro da glo

    riosa eternida.cte.Cristo convida e of..

    rece a salvao consumada. E aCris

    to no tolera indiferena ou neutrali

    dade. Deve existir uma tomada de po

    sio, Definio clara. Cristo est des

    tinado tanto para mina como para

    -

    vantamento de muitos. Est muitocla..

    1 0: Quem no por mim, contra

    mim.

    - Que farei

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    Claro Pilatos procurou tir-Io de seu

    caminho enviando-o para Herodes. Foi

    intil a tentativa. Cristo voltou Esta

    va convicto: No acho nele culpa de

    morte.

    Ji:

    inocente. Mas o juri popu

    lar pensava diferente:

    Ji:

    ru de mor

    te. E agora? Mais uma tentativa para

    no se envolver com este justo per

    guntar ao povo: A quem quereis que

    eu vos solte a Barrabs ou a Jesus

    e.\\amado Crlsto il1 Mas a. ltima 1?ala

    vra o parecer final e decisivo perma

    nece com Pilatos. Os outros j estavam

    definildos.Ento Pilatos procura lavar

    as suas mos para dizer: Estou inocen

    te do sangue deste. Intil. Disse al

    gum: Nem todas as guas salgadas

    do oceano so suficientes para lavar e

    limpar as mos criminosas de Pilatos.

    E Pilatos assumiu uma posio com

    a sentena: Entregou-o para ser cru

    cificado. A sua covaI dia. ou pretensa

    fuga so uma clara definio: Contra.

    Cristo. o que os cristos tambm con

    fessam: Padeceu sob Pncio Pilatos.

    - :Que farei ~to de Cristo?

    A pergunta est em p e se repete

    h vinte sculos. E ao longo destes vin

    te sculos mesmo no querendo en

    volver-se com este justo mesmo en

    viando-o aos Herodes mesmo lavan

    do as suas mos inocentes os homens

    vm se definindo diante de Cristo. Es

    to fazendo alguma coisa com Jesus

    chamado Cristo.

    Que foi feito de Cristo? Foi julgado

    e condenado Foi crucificado e morto.

    Foi mutila.d e dilacerado Foi comba

    tido e perseguido. Negaram a sua di_o

    2

    vindade:

    um homem devoto piedoso

    e digno de imitao. Negaram a sua

    humanidade: Foi um ser superior e

    misterioso. Escreveram: A cincia tem

    provooo finalmente que o Cristo dos

    cristos jamais exstiu. Escolheram:

    Eu coloco Burla e Scrates acima de

    Cristo. Foi escolhido: Cristo lideI e

    ideal dos jovens em protesto. Foi re

    pugnado: Cristo ai est somente para

    estragar

    llrograma da gente. Est

    claro: So contra Cristo.

    Que farei ento de Cristo?

    Que farei ento de Cristo?

    Os cristo sabem o que fazer. ~

    pois que receberam. o favor da salvao

    de Crist esto decidiidamente a favor

    de Cristo. Eles sabem confessar:

    - Creio que Jesus Cristo verda

    deiro Deus. gerado do Pai desde a eter

    nidade e tambm verdadeiro homem

    nascido da virgem Maria meu Senhor.

    Pois me remiu a mim homem perdido

    e condenado me resgatou e me salvou

    de todos os pecados da morte e do po

    der do diabo; no com ouro ou prata.

    mas com o seu santo e precioso sangue

    e sua inocente paixo e morte para queeu lhe pertena e viva submisso a ele

    em seu reino e o sirva em eterna jus

    tia inocncia e bem-aventul ana as

    sim como ele ressuscitou dos mortos

    vive e reina eternamente. Isto certa

    mente veI1dade.

    .- - .Que farei ento em Cristo?

    Aceit-Io e proclam-lo como Sal-o

    vador da humanidade.

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    A

    P SSO

    DE CRISTO NAS CARTAS DE PAULO

    Dr, Johannes H. Rottmann

    I. OBSERVAES COM RESPEITO AO

    TITULO

    Sob Cartas de Paulo neste ttulo en

    tendemos as dez epstolas tradicionalmente

    atribudas ao apstolo Paulo e endereadas

    a congregaes, incluindo a cartinha a Fi

    lemom (anexo Carta aos Colossenses),

    excluindo, no entanto, as assim denomina~

    das .Cartas Pastorais (I e 11Timteo, e a

    carta a Tito). Exclumos estas no tanto por

    questes crticas e de autoria, mas sim, por

    entendermos que elas pertencem a uma

    categoria de documentos neotestamentrios

    parte. - Exclumos, outrossim, aquela

    passagem cristo lgica por muitos chama

    do Hino Cristo lgico. de Paulo e que, sem

    dvida, apresenta a cristologia de Paulo in

    nuce: Fp

    2.6-11.

    Para essa passagem. re- .. ,

    servamos um estudo parte, que oportuni:i:;c ~

    mente ser tambm publicado. - Mesmo

    com estas restries evidente que no

    podemos nem queremos no espao de um

    breve ensaio escrever uma Cristologia.

    do apstolo Paulo. ~ a nossa inteno de

    monstrar em ligeiros traos a riqueza dos

    ensnamentos do grande apstolo com res

    peito

    pessoa de Cristo em alguns dos

    seus aspectos mais importantes.

    Se falarmos de Paulo como de um aps

    tolo convm deixarmos que ele se apresen

    ta a si mesmo:

    Paulo, apstolo, no da parte de ho

    mens, nem por intermdio de homem algum,

    mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que

    o ressuscitou dentre os mortos. GI

    1.1.

    Essa afirmao categrica, a qual, ao

    nosso julgamento, a mais antiga declara

    o escrita, por ns conhecida, do apsto

    lo, *) oloca-o, de antemo, num nvel

    absolutamente

    parte entre os apstolos,

    evangelistas e autores do Novo Testamen

    to. E isto se torna mais evidente ainda

    quando a vemos na luz da explicao

    se bem que polmica - que o prprio a-

    3

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    pstolo d com respeito

    mensagem por

    ele proclamada:

    Fao-vos saber, irmos, que o evange

    lho por mim anunciado no segundo o ho

    mem; porque eu no o recebi de - nem

    fui instruido por - homem algum, mas

    mediante revelao de Jesus Cristo- GI

    1.11,12.

    Em vista destas afirmaes, que no

    deixam dvidas sobre o fato de Paulo a si

    mesmo se considerar fonte de primeira li

    nha, ficam abertas algumas perguntas per

    turbadoras:

    Como era possvel que Paulo, apesar de

    ser, segundo sua prpria confisso, o me

    nor dos apstolos,

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    A argumentao do apstolo no contex

    to da passagem mencionada toma o seguin

    te rumo: Paulo reconhece e confessa que

    uma vez no passado teve um conhecimento

    de Jesus kat sarka (numa maneira e mo

    do carnal, -in the fleshly way, nach der

    Weise des Fleisches).

    i::

    importante obser

    var a nfase dada ao pretrito do verbo,

    egnokamen. Uma vez no passado teve

    este conhecimento, porm essa forma de

    conhecimento terminou.

    i::

    evidente que no

    pode -terminar um conhecimento histrico,

    real e existencial. Se esse conhecimento

    tivesse sido um conhecimento existencial,

    teria ficar na menta, na memria e no po

    deria ter sido modificado. - Se, portanto,

    o apstolo afirma que agora, nyn, este co

    nhecimento terminou, ento o conhecer

    kat sarka no pode ter sido um conhe

    cer existencial e histrico. Tomando o termo

    sarx no seu sentido mais comum como

    sendo a natureza corrupta do homem, so

    mos forados a admitir que este conhecer

    do apstolo era um conhecer que refletia

    seu estar ainda na sarx, isto no seu es

    tado de no regenerado. O conhecer de

    Paulo no passado era o conhecer e o julgar

    de um homem que vive na carne, que no

    cristo, que julga as cousas e as pessoas

    de um modo que reflete sua incredulidade.

    E se objeto de um tal conhecer e julgar

    Cristo, ento forosamente um conhecer

    errado, um conhecer que termina no mo

    mento em que este estado de incredulidade

    termina. Paulo, fariseu fantico e judeu or

    gulhoso de suas tradies, s podia julgar

    a Cristo, assim como o julgaram os lderes

    do povo, um impostor, um falso Messias,

    inimigo do povo de Israel e de sua esperan

    a. - Sabemos quais foram as conseqn

    cias deste conhecer carnal para os segui

    dores de Jesus, visto que o verdadeiro pro

    tagonista j havia sido posto fora de ao.

    Ele, Paulo assolava a igreja, entrando pe

    las casas e, arrastando homens e mulheres,

    encerrava-os no crcere. At 8.3. Saulo,

    respirando ainda ameaas a morte contra

    os discpulos do Senhor ... pediu cartas ...

    afim de que, caso achasse alguns que eram

    do Caminho, assim homens como mulheres,

    os levasse presos para Jerusalm, At 9,1,2.

    Tudo isto era uma vez. E tudo isto ra

    dicalmente mudou quando aquele Jesus, a

    quem Saulo perseguia at a morte como

    vivo entrou na existncia carnal de Paulo

    e transformou sua existncia na carne para

    uma vida no Espirito. Por isso o apstolo

    pode falar do seu conhecer -na carne- no

    tempo passado, e falar do seu conhecer de

    agora no tempo presente. Era este momenc

    to o grande -quando porm- .na vida do

    apstolo: Quando, porm, ao que me se

    parou antes de seu nascer e me chamou

    pela sua graa, aprouve revelar seu Filho

    a mim, para que eu o pregasse entre os

    gentios, sem detena no consultei carne

    e sangue ... , GI 1.15,16. Deste momento

    em diante () apstolo tambm no mais po

    dia julgar outros assim como os julga o

    homem carnal.

    No podemos, portanto, concluir desta

    passagem que Paulo conhecia a Jesus pes

    soalmente e em sua vida terrestre. Parece

    que o prprio apostolo julga um tal conhe

    cer irrelevante. O importante para ele era o

    conhecer, o ginoskein kata pneuma, o

    conhecer com os olhos da f. Heinz-Dietrich

    Wendland expressa o que muitos outros

    intrpretes pensam, assim como tambm ns

    achamos: -Es wird hier also eine fleisch

    liche und eine pneumatische Erkenntnis

    Christi (vgl. 3,18; 4,6) in Gegensatz zueinan

    der gestellt (NTD zur Stelle).

    No existem, portanto, subsidios sufi

    cientemente fortes, para a afirmao de que

    Paulo tenha conhecido a Jesus pessoalmen

    te durante sua vida terrestre, e que este

    conhecer se tenha constitudo fonte de in

    formao para o apstolo quando escreve

    sobre a pessoa de Cristo.

    2. Paulo dependia para suas informaes

    da tradio primitiva e dominante em

    Jerusaim e Antioquia?

    a) Paulo recebeu algo.

    Se tomarmos a afirmao do apstolo

    com respeito a seu apostolado e a seu evan

    gelho (GI1.1; v. 11,12) como afirmaes ve

    rdicas, se bem que proferidas no meio de

    forte agitao polmica, surge imediatamen

    te a pergunta: at que ponto podemos

    constatar e averiguar influncia da parte de,

    ou dependncia

    tradio apostlica pri

    mitiva no uso dos termos, nomes e fatos

    ligados pessoa de Cristo nas cartas de

    Paulo?

    O tom de afirmao, tanto na apresen

    tao, GI 1.1, como na polmica, GI 1.11,

    12, no deixa dvidas que o apstolo esta

    va convicto de estar livre de qualquer in

    fluncia humana na sua prpria formao

    de apstolo e no conteudo real e teolgico

    de sua mensagem.

    Enfaticamente nega o apstolo uma tal

    dependncia, apontando para trs aspectos

    5

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    negativas com respeito a seu evangelho

    (GI1.11.12):

    a) O evangelho por ele evangelizado (to

    esuangelisthn hyp' emou) no kat n

    throopon, no segundo preferncias, a

    provao ou modalidade de pensamentos

    humanos;

    b) tambm no o recebeu (parlabon)

    da parte (par) de homem algum. impor

    tante aqui o emprego do verbo paraJamb

    nein, que era o termo tcnico para o trans

    mitir a receber de tradies, isto , de en

    sinos etc. transmitidos pelas escolas rabioi

    caso Paulo, portanto, nega o recebimento

    de qualquer tradio de ensino;

    c) (edi

    dachtheen - notam o passivo do verbo no

    aoristo ) com respeito a este evangelho.

    importante a generalizao: o apstolo ne

    ga qualquer instruo da parte de homens

    com respeito ao contedo de sua mensa

    gem. A -entrevista> com Pedro, que Paulo

    admite GI 1.18, na luz desta afirmao,

    no pode ser considerada como sendo for

    mativa para sua mensagem como tal. O a

    pstolo certamente no quer negar que nes

    tas 2 semanas de convivio com Pedro rece

    bera informaes com respeito a aconteci

    mentos e fatos relacionados

    vida e ativi

    dade de Jesus durante os mais do que trs

    anos em que Pedro tomou parte ativa na

    companhia do Mestre. possivel termos

    nestas duas semanas com Pedre e chave

    para muitas concordncias nos relatrios

    dos evangelistas com alguns aspectos da

    mensagem de Paulo.

    Tomando assim a afirmao do apstolo

    na sua totalidade, constatamos que ele ne

    ga radicalmente qualquer influncia humana

    com respeito ao contedo central doutri

    nrio ou teolgico do seu evangelho. Nes

    ta base deve ser entendida sua apresenta

    o em GI 1.1, em que se declara apsto

    lo no da parte de homens, nem por inter

    mdio de homem algum, mas por Jesus

    Cristo>, como sendo afirmao de sua in

    dependncia de fontes humanas. Paulo con

    siderava-se recipiente de revelaes diretas

    e imediatas com respeito a seu ministrio

    como apstolo e com respeito ao conteudo

    central de sua mensagem evanglica.

    O que Paulo to enfaticamente afirma

    com respeito ao contedo central ou se que

    remos: doutrinrio - teolgico de suamensa

    gem: a absoluta originalidade, genuinidade

    e apostolicidade, ele no o faz - ao me

    nos no to distintamente - com respeito

    forma histrico ou se queremos tambm

    prtico. Enquanto foi necessrio na situao

    6

    enfrentada pela carta aos Gaiatas afirmar

    seu aposto lado como sendo legtimo, ge.

    nuino e de origem divina, precisava em fa

    ce de uma situao bem diferente, assim

    como a que encontrou em Corinto, apontar

    para seu estar dentro e no fora da grande

    corrente da - Se constatamos acima que

    o apstolo afirma ser o contedo central do

    seu evangelho absolutamente genuno, no

    podemos simplesmente dizer que em 1 Co

    15 s fala da forma e no do contedo. Ha,

    no entanto, uma diferena, qoe me parece

    ser fundamental: diante dos glatas defende

    o contedo teolgico da sua mensagem;

    diante dos corntios aponta para fatos his

    tricos acontecidos frente a testemunhas

    oculares. Estas testemunhas oculares -trans

    mitiram>, aquilo que viram; formaram, por

    tanto, uma .tradio., dentro da qual tam

    bm o apstolo se acha, se bem que so

    mente como -um nascido fora de tempo>,

    I Co 15.8. Desta maneira no so contradi

    trias as duas afirmaes mas sim se com

    pletam: O .no transmisso do conte

    do central doutrinrio e teolgico de sua

    mensagem de fontes humanas; o

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    reconhecermos o fato de que Paulo na car

    ta aos Corntios admite ter recebido infor

    maes sobre os acontecimentos da morte,

    do sepultamento e da ressurreio de Cris

    to das testemunhas oculares destes even

    tos. No entanto, as verdades divinas, por

    assim dizer atrs das informaes, ele as

    reconheceu das Escrituras .

    H, todavia, evidentemente, ainda tam

    bm uma dependncia da parte de Paulo

    de certas tradies que dizem respeito

    s formas de vida dos cristos e das co

    munidades por eles formadas. Desta tradi

    o o apstolo de modo nenhum quer se

    afastar porque acha nela uma espcie de

    garantia pela boa ordem nas congregaes,

    ordem essa que pode demonstrar ao mundo

    pago a diferena fundamental entre entida

    de sociais do mundo e as congregaes

    crists. Desta maneira Paulo pode .Iouvar

    a congregao de Corinto porque reten

    des as tradies assim como volas entre

    guei (I Co 11.2), porm adverte aqueles,

    que no querem se conformar com essa oro

    demo Se algum quer ser contencioso, sai

    ba que ns no temos tal costume, nem as

    igrejas de Deus . (I Co 11.16). Sim, pare

    ce que Paulo, dentro da corrente da tradi

    o primitiva crist, quer formar uma esp

    cie de cdigo da tica base daquilo que,

    como diz, ensina em cada igreja (I Co.

    4.17; 7.17; 14.33). - At que ponto estes

    fundamentos ticos esto de acordo com

    qualquer tradio j formada pelas igrejas

    primitivas no pode se averiguar.

    Parece-nos, portanto, que Paulo - o

    que afirma e reafirma- est convicto que

    seu evangelho segundo seu contedo cen

    tral e doutrinrio original, genuno e dire

    tamente recebido, enquanto que fatos his

    tricos e acontecimentos na vida de Jesus

    tanto como certas prticas e modalidades

    de viver ele reconheceu ter recebido e as

    sim transmitido aos seus ouvintes.

    Uma outra forma de indicaes sobre

    uma eventual dependncia de Paulo das

    tradies do cristianismo primitivo (alm de

    suas prprias afirmaes) achamos no uso

    ou no-uso de certos nomes e titulos dados

    a Jesus. Servem-nos para uma tal compa

    rao os evangelhos sinticos (*).

    *)

    evidente que os nomes e titulos da

    dos a Jesus no Ev. de Joo no devem

    entrar em considerao, visto que re

    conhecidamente o qualio evangelho

    data de uma poca posterior e que

    por sua nomenclatura depende de cir

    cunstncias e estruturas radicalmente

    diferentes tanto dos sinticos como das

    cartas principais de Paulo.

    b) nomes e titulos cristolgicos omitidos

    Alguns dos nomes e titulos que ocorrem

    nos sinticos mas no nas cartas de Paulo

    tm colorido tipicamente hebraico/aramaico,

    fato esse que sem dvida contribui para sua

    omisso da parte de Paulo. Convm citar

    mos alguns destes exemplos:

    Mestre, grego: h didskalos (ada

    ptao ou traduo do hebr,faram. rab:

    Mt 9.11: Os fariseus perguntam: .Por

    que come o vosso Mestre (

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    Mt 26.18: Na procura do lugar onde Je

    sus queria comer. sua ltima pscoa com

    seus discpulos i Ele Ihes d a incumbncia:

    Ide cidade ter com certo homem, e di

    zei-Ihe: O Mestre manda dizer: O meu tem

    po est prximo.- (As passagens paralelas

    em Mc e Lc tambm tm o titulo .Mestre-)

    Mc

    14.14:

    Lc

    22.11)

    Alm destas passagens que refletem,

    sem dvida, o uso deste titulo na lngua do

    povo, isto no aramaico, existem outros,

    tambm nos sinticos, no levando em con

    ta as passagens no evangelho de Joo. O

    no-uso do ttulo da parte de Paulo expli

    ca-se, possivelmente, no tanto pelo seu

    no-conhecimento do termo, como pelo fa

    to de que os destinatrios de suas cartas

    na sua grande maioria no conheciam o t

    tulo -Mestre. na conotao teolgico-reli

    giosa que ele tinha entre os judeus.

    Ao nosso ver reside neste fator tambm

    a explicao do' no-uso da parte de Paulo

    dos seguintes termos com fundamento niti

    damente judaico:

    Profeta: Mt 21.11: .As multides clamavam

    (na entrada triunfal de Jesus em Jerusa

    lem): Este o profeta Jesus, de Nazar da

    Galilia- (h proftes Jesus).

    Lc

    7.16:

    Depois da ressureio do filho

    da viuva de Nam: -Todos ficaram possui

    dos de temor e glorificavam a Deus, dizen

    do: Grande profeta (proftes mgas) se le

    vantou entre ns

    Lc

    24.19:

    Os discipulos de Emas, res

    podendo ao estranho que se associou a

    eles, caraterizam a Jesus o Nazareno, que

    era varo profeta. (anr proftas)

    Cf. tambm as passagens com o empre

    go indireta do termo a Jesus: Mt 13.57;

    16.14;

    Mc

    6.4; 8.28;

    Lc

    9.19; 13.33.

    Filho do Homem - h huis tou anthr

    pau - Esta designao tantas vezes ocor

    rendo nos evangelhos, tanto nos sinticos

    como no Evangelho de Joo e que o pr

    prio Jesus aplicava a si mesmo, falta por

    completo nas cartas de Paulo: fenmeno,

    sem dvida, estranho. Qual seria a razo

    da omisso? Ser que o apstolo ignorava

    por completo o uso deveras geral da parte

    da tradio? Ser que omitiu este ttulo

    por consider-Io por demais limitado aos

    crculos de origem judaica de Jerusalm ou

    achava a ligao deste ttulo

    profeta apo

    calptica de Daniel (Dn

    7.13)

    por demais

    tnua para os endereados de suas car

    tas? Qual outra poderia ser a razo? Acha

    mos que qualquer tentativa de explicar o

    8

    fenmeno, forosamente ficar no campo

    hipottico.

    Convm, para uma avaliao da impor

    tncia da diferena neste particular entre

    os evangelhos e as cartas de Paulo, apon

    tar para o fato de que a designao Filho

    do Homem. se acha - como nos consta

    - 10 vezes no Evangelho de Mateus, 4

    vezes em Marcos,

    11

    vezes em Lucas, uma

    vez em Joo (no dilogo com Nicodemos,

    Jesus, se bem que veladamente para a com

    preenso do velho mestre em Israel, apli

    cava o termo a si mesmo: De modo por

    que Moiss levantou a serpente no deser

    to, assim importa que o Filho do homem

    seja levantado., Jo

    3.14),

    e uma vez em

    Atos (Estevo no seu martrio, antes de

    morrer: Eis que vejo os cus abertos e o

    Filho do homem em p

    destra de Deus,

    At 7.56).

    Nomes e ttulos menos empregados nos

    evangelhos e, possivelmente, nem conheci

    dos por Paulo so ainda os seguinte:

    Filho de Davi - eminentemente nome ba

    seado nas profecias do A.T., e que, quanto

    nos consta, s foi usado por Mateus e,

    mesmo nas passagens paralelas, omitido

    por Marcos e Lucas. A expresso na boca

    do povo reflete claramente o ensinamento

    dos escribas, que tinham o Messias futuro

    como sendo descendente, filho, de Davi,

    evidentemente baseado em passagens co

    mo 11Sm 7 e SI 110.1 (cf. Mt 22.41-46). O

    povo usa o ttulo duas vezes e em ambas

    as passagens refletido o reconhecimento

    da parte do povo de que em Jesus apareceu

    algo messinico: Mt

    12.23

    em resposta

    cura de um endemoninhado cego e mudo

    em admirao exclama o povo:

    .

    esta,

    porventura, o Filho de Davi? Na conhecida

    histria da entrada triunfal de Jesus em Je

    rusalm torna-se a pergunta em grito afir

    mativo: Hosana ao Filho de Davi. (Mt

    21.9),

    grito tal que fez os fariseus indignar-se,

    porq~e conheciam perfeitamente sua cono

    tao messinica, Mt

    21.15.

    Que essa designao falta totalmente em

    Paulo, tem provavelmente a mesma razo

    anotada j nos ttulos tratados acima.

    Filho da Maria - Filho de Jos, o car

    pinteiro - por razes bvias, no apare

    cem nas cartas de Paulo, apesar de nos

    evangelhos estes ttulos fazerem parte es

    sencial das discusses sobre a identifica

    o de Jesus: Mt

    12.46-50;

    Mc

    6.3,

    e que

    servem para rejeit-Io como homem extra

    ordinrio da parte dos seus conterrneos.

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    11/62

    Uma idia completamente estranha s

    cartas principais de Paulo a ida de Jesus

    ser o Rei de Israel, ou o Rei dos ju

    deus. - Nas duas passagens em que o t

    tulo .Rei. ocorre em ligao a Jesus (I Tm

    1.17; 6.15) evidentemente numa forma al

    go enigmtica atribudo a Deus. - Temos

    nos evangelhos o mesmo fenmeno que

    constatamos com respeito a Filho de Da

    vi: o reconhecimento de se tratar da vin

    da do prometido filho de Davi. que seria

    o seu sucessor e ao mesmo tempo o esta

    belecedor do reino eterno de Israel. Passa

    gens nos evangelhos so as seguintes:

    Mt 2.2: O reconhecimento da parte dos

    magos e ao mesmo tempo tambm da parte

    dos escribas que relacionavam este titulo

    s profecias messinicas do A.T. Onde es

    t o recem-nascido Rei dos judeus?

    a pergunta que leva os escribas, cha

    mados por Herodes, a inquirir, onde o

    Cristo deveria nascer e resposta da iden

    tidade do Cristo com o Rei dos judeus.

    Mt 21.5 temos da parte do evangelista

    a identificao de Jesus com aquele Rei da

    filha de Sio, profetizado no A.T. (Zc 9.9

    combinado com Is 62.11): Dizei filha de

    Sio: Eis a te vem o teu Rei ... - d.

    par. Lc 19.38

    O escrneo dos soldados durante o pro

    cesso contra Jesus, Mt 27.29, reflete num

    lado a indagao de Pilatos: s tu o rei

    dos judeus? Mt 27.11 (Mt 15.2; Lc 23.3),

    porm no outro lado tambm a voz do povo

    que assim o tinha proclamado na sua en

    trada em Jerusalem poucos dias antes.

    A ironia de Pilatos, com que ele queria

    vingar-se dos lderes do povo, que com sua

    acusao astuta haviam posto o governa

    dor numa posio extremamente delicada

    (10

    19.12: Se soltas a este, no s amigo

    de Csar; todo aquele que se faz rei

    contra Csar.), vem tona no ttulo dado

    a Jesus na identificao posta sobre a cruz:

    -Este Jesus, o rei dos judeus., Mt 27.37;

    Mc 15.26; Lc 23.38. interessante a expli

    cao, recordada por Joo, que reflete a

    afirmao do prprio Jesus com respeito a

    este titulo: Os principais sacerdotes di

    ziam a Pilatos: No escreves: Rei dos ju

    deus, e, sim, que ele disse: Sou o rei dos

    judeus., Jo 19.21. - Porm o mesmo Joo

    que tambm relata a afirmao real de Je

    sus com respeito a este ttulo: Tu dizes

    que sou rei. Eu para isso nasci e para issovim ao mundo, a fim de dar testemunho da

    verdade., Jo 19.37.

    Entramos algo mais detalhadamente na

    discusso deste ttulo desde que toca a um

    dos elementos bsicos de cristologia dos

    evangelhos: a idia da basUia e de Je

    sus como o basiles a qual, se no faltar

    por completo em Paulo, tem conotaes e

    feies decididamente diferentes da dos

    evangelhos, o que demonstra que a teologia

    de Paulo no depende no seu desenvolvi

    mento sistemtico das tradies primitivas

    do cristianismo, refletidas especialmente nos

    evangelhos.

    Aquele que estava para vir - h ereh

    manos , um dos grandes termos messini

    cos para aquele que era o grande objeto

    da esperana do povo de Deus, achamos

    nos evangelhos em vrias passagens, en

    quanto Paulo, quando fala de primeira vinda

    de Cristo, nunca o emprega na forma do

    particpio c. artigo embora em duas passa

    gens use o verbo como tal: I Tm 1.15: .Fiel

    a palavra e digna de toda aceitao que

    Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pe

    cadores (lthan eis ton ksmon) e Ef 2.17:

    Ele, vindo,evangelizou paz... ( elthn

    euengelsato ernen). - Nota-se clara

    mente que estes verbos no indicam um t

    tulo messinico, o que, no entanto, certa

    mente o caso em muitas passgens dos

    evangelhos. In der Messiasdogmatik des

    Judentums ist der Messias Der Kommende

    (h erchmenos) der mit seinem Auftreten

    die Heilszeit einleitet. (*)

    Da se pode entender a pergunta do Ba

    tista do meio da tribulao para convencer

    se a si mesmo e para a certeza dos seus

    discpulos: s tu aquele que estava para

    vir? - (muito mais sucinto em grego: sy

    ei h erehmenos). Mt 11.3; cf. tambm

    Lc 7.19,20.

    O povo que na entrada triunfal de Jesus

    em Jerusalm anuncia sua vinda, canta nas

    palavras do SI 117.25s: Bendito o que

    vem em nome do Senhor (gr.: h ereh

    menos en onmat kyrou) Mt 21.9, cf. Mc

    11.9; Lc 19.38 - notvel tambm Jo 12.13.

    Na esperana da vinda do Messias esta

    va ligada

    vinda dele a vinda de um pre

    cursor, i.e., no retorno de Elias: Mt 11.14;

    Lc 7.24ss - aplicado por Jesus ao Batista

    tambm em Mt 17.9ss. e Mc 9.93S. - Inte

    ressante a reao do povo ao grito de Jesus

    na cruz: Eli, lem sabactnil, Mt 27.46s.

    e Mc 15.35: Deixe, vejamos se Elias vem

    salv-Io. - O que deve ser notado, no

    entanto, nestas passagens, que o termo es

    pecialmente caracterstico, isto h er-

    *) Johannes Schneider em Kittel: Theol.

    Wrterbuch z.N.T. - Vol. 11, 666s.

    9

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    12/62

    chmenos., no se aplicou ao precursor,

    mas to somente ao Messias.

    O uso do termo h erchmenos para a

    segunda vinda de Cristo no consta nos

    evangelhos, se bem que Jesus, que era na

    sua primeira vinda h erchmenos = a

    quele que vem vindo, que est no caminho

    para chegar logo, afirma do Filho do ho

    mem j vindo que est prestes a vir (pela

    segunda vez). mllei rchesthai. Mt 16.27.

    Sim, fala at de certos fenmenos que a

    companham esta vinda: Quando vier (

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    13/62

    as marcas de Jeslls. Uma clara aluso

    crucificao de Jesus.

    I Ts 4,14: .Pois se cremos que Jesus

    morreu e ressuscitou, assim tambm Deus,

    mediante Jesus, trar juntamente em sua

    companhia os que dormem. - Notam: O

    Jesus histrico a quem um povo inteiro co

    nheceu, este mesmo Jesus vir no dia der

    radeiro.

    11Co 4.10-14: Nessa passagem o nome

    -Jesus. ocorre 5 vezes, e todas relaciona

    das

    morte e ressurreio de Jesus, e

    vida que surgiu para muitos destes aconte

    cimentos mais importantes da histria da

    humanidade.

    11Co 4.5 temos uma combinao bastan

    te interessante da parte do apstolo do no

    me-ttulo -Cristo Jesus- com o simples .Je

    sus.

    notvel que o nome-ttuio Cristo

    Jesus liga-se ao titulo kyrios, Senhor:

    No nos pregamos a ns mesmos, mas a

    Cristo Jesus como Senhor. Isto impor

    tante O contedo da mensagem do apsto

    lo Cristo, SenhOi . No entanto, sua vida

    como cristo, servo de Cristo, apstolo

    absolutamente impossivel sem a ligao com

    aquilo, que este Senhor era e fez como o

    Salvador:

    ... no nos pregamos a ns mesmos,

    mas a Cristo Jesus como Senhor, e a ns

    mesmos como vossos servos por amor de

    Jesus.

    11Co 11.4 d-nos um exemplo deveras

    caraterstico de que o apstolo no s de

    fende a deidade de Jesus Cristo, mas que

    de modo nenhum quer permitir uma prega

    o que por acaso tivesse uma outra huma

    nidade, isto , uma falsificao do histrico

    Jesus, por alvo. No contexto e argumentao

    do apstolo a seguinte: Estes falsos pro

    fetas que esto perturbando a paz da con

    gregao de Corinto no pregam um ou

    tro Cristo. Eles bem sabem, que no h e

    que no pode haver um outro Messias do

    que aquele personificado em Jesus de Na

    zar. Mas o que eles esto tentando fazer

    dar um quadro totalmente diferente deste

    Jesus, de sua vida, de seu procedimento

    no meio do seu povo, tentando desenhar

    um quadro judaistico de Jesus numa manei

    ra grosseiramente deformada. Visto que

    Jesus vivia como judeu, isto 'judaicamen

    te, todos os seus seguidores deveriam

    tambm viver como ele, isto iudaicamen

    te', cumprindo todas as leis judaicas I As

    sim argumentavam os perturbadores da paz

    'em Corinto, que Paulo chama de .esses tais

    apstolos. (

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    14/62

    At

    18.1-5:

    Paulo em Corinto, entregando

    se no incio ao trabalho missionrio entre

    os judeus, teve uma mensagem especial e

    fundamental para eles: - ... testemunhan

    do aos judeus que o Cristo Jesus.

    De novo no centro da mensagem a de

    monstrao da identidade da pessoa de Je

    sus com o Messias profetizado nas Escri

    turas.

    At 18.28: O fervoroso Apoio, judeu de

    Alexandria, recm - convertido para o cris

    tianismo, tem uma mensagem fundamental

    tambm para os judeus de Corinto, men

    sagem essa pela qual ele mesmo foi con

    vertido e de cuja verdade agora estava ab

    solutamente convicto e, por isso, -com

    grande poder convencia publicamente os

    judeus, provando por meio das Escrituras

    que o Cristo Jesus., aquele Jesus to

    vergonhosamente condenado e crucificado

    pelos lideres do povo em Jerusalm.

    At 26.23: Enquanto o apstolo na sua

    defesa como prisioneiro em Cesaria dian

    te dos governadores Flix e Festo no em

    prega o ttulo messnico, usa-o, no en

    tanto, enfaticamente quando est enfrentan

    do o conhecedor das Escrituras: Agripa.

    Tambm a ele o apstolo tenta convencer

    -que o Cristo devia padecer, e, sendo o

    primeiro da ressureio dos mortos ...

    Que o ttulo messinico o Cristo. fa

    zia parte integral e essencial da tradio

    oral, mormente da tradio judaica-crist,

    amplamente demonstrvel pelos exemplos

    dos evangelhos, e aqui mui especialmen

    te do evangelho primordialmente de fundo

    judaico, Mateus. E aqui podemos constatar

    que, com a exceo do titulo do evange

    lho, (

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    15/62

    ttulo o Cristo., tornando-se agora desi

    gnao daquela personagem histrica de

    Jesus: morto por nossos pecados, ressus

    Ditado por causa da nossa justificao, sen

    tado direita de Deus Pai, Pai dele e nosso.

    - Poderiamos dizer, portanto, que Paulo,

    estando de um lado firmemente enraizado

    na grande tradio cristo lgica da igreja

    primitiva, no obstante avanou as estacas

    desta tradio, desenvolvendo-a da maneira

    que achava necessria e conveniente para

    sua misso mundial.

    este certamente o caso com o ttulo

    principal usado por Paulo em definir o que

    Jesus Cristo significa e , o ttulo Senhor

    - KYRIOS. - mui escasso, quase ine

    xistente nos sinticos, a designao de Je

    sus como sendo o Kyrios. As poucas pas

    sagens em que ocorre o termo so ou ci

    tao ou aplicao de profecias, ou se ba

    seiam em revelao extraordinria.

    Aplicao de profecia temos em Mt 22.

    43,44 (par Mc 12.36; Lc 20.42). Na discus

    so de Jesus com os fariseus sobre a pro

    fecia messinica contida no Salmo 110

    identifica-se Jesus, sem sombra de dvida,

    com o Senhor de Davi no obstante ser

    seu filho, isto , descendente dele. E aqui

    de novo notvel a auto-designao de Je

    sus. Ningum devia pr em dvida a auto

    conscincia clara (Selbstbewusstsein) da

    parte de Jesus com respeito

    sua messiani

    dade, se de mente aberta estuda esta dis

    cusso:

    Mt 22.41ss: Reunidos os fariseus, inter

    rogou-os Jesus. Que pensais vs do Cris

    to? de quem filho? Responderam-lhe eles:

    De Davi.. - Vem ento aquela insinuante

    discusso sobre, ao mesmo tempo, a hu

    manidade e a deidade do Cristo, do Mes

    sias profetizado. - No podemos nem que

    remos aqui entrar em discusso sobre a

    autoria davdica do SI 110. Servem-nos co

    mo prova suficiente, ao lado desta passa

    gem, as adicionais de PedrojLucas em At

    2.34s.; de Paulo em I Co 15.25; do desco

    nhecido autor judeu, imbuido com a tradi

    o judaica/crist, de Hb 1.13; 10.13. - O

    acrscimo de Marcos na passo parI., Mc

    12.36, que Davi escreveu esta profecia en

    t pnumati t hago - -pelo (ou melhor

    -estando no) Esprito Santo. parece indicar

    o desejo do autor de reforar para seus

    leitores no-judeus a divindade do pronun

    ciamento. - Segundo Lenski (Interpretation

    of St. Matthew s Gospel, pg 886), o fato de

    que Yahweh realmente chamava este filho

    de Davi nada menos do que o Adonai de

    Davi foi a causa por que the Jews have

    consistently interpreted this psalm as a

    Messianic psalm in spite of the New Tes

    tament and the Christian aplication to Jesus

    whom the synagogues reject as the Mes

    siah .

    Mt 24.42, Nesta passagem, que faz par

    te do grande discurso proftico-escatol

    gico de Jesus, ele evidentemente aplica a

    si mesmo na sua segunda vinda a designa

    o h kyrios hymn, o vosso Senhor:

    Vigiai, porque no sabeis em que dia vem

    o vosso Senhor.

    O ttulo o Senhor ocorre pelo menos

    duas vezes em Lucas, e em ambas as pas

    sagens como parte de uma revelao ex

    traordinria. Este fato parece-nos indicao

    que para estas passagens, que so do ma

    terial que nos sinticos especificamente

    iucano., o evangelista teve fontes na mes

    ma tradio como Paulo, isto , de Antio

    quia, cf. Lc 1.1sS. - As passagens so as

    seguintes:

    Lc 2.22: Na histria do nascimento de

    Jesus aparece o ttulo na boca do anjo que

    anuncia aos pastores o acontecimento faus

    toso: - ... vos nasceu na cidade de Davi,

    o Salvador, que Cristo, o Senhor. (h

    kyrios).

    Lc 24.34: Na histria dos discpulos que

    no caminho a Emas tiveram o encontro com

    o ressuscitado, estes, correndo de volta ao

    crculo dos discpulos em Jerusalm, que

    rem levar a eles a notcia faustosa, porm

    j esto surpreendidos com a mensagem:

    O Senhor (h kyrios) ressuscitou e j apa

    receu a Simo.

    A mensagem de que Jesus era h ky

    rios um dos grandes temas cristo lgicos

    de Paulo, que tambm neste tema demons

    tra que, apesar de estar dentro da grande

    corrente de tradio crstolgica do cristia

    nismo primitivo, desenvolveu a teologia cris

    tolgica de maneira extraordinria. Isto ser

    demonstrado ainda pormenorizadamente

    mais adiante.

    O mesmo fenmeno encontramos com o

    emprego do ttulo Filho de Deus. O ttulo,

    sem dvida, era conhecido na tradio oral,

    refletida to nitidamente pelos sinticos,

    mas foi, no seu sentido teolgico, vastamen

    te desenvolvido por Paulo nas suas cartas,

    como tambm pretendemos demonstrar num

    captulo

    parte. Aqui queremos s mencio

    nar que em Paulo ocorre o termo na forma

    de Filho de Deus (surpreendentemente s)

    quatro vezes; na forma -Seu Filho. duas

    vezes. Seu uso nos sinticos mostra clara-

    13

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    16/62

    mente pertencer este ttulo j aos mais an

    tigos da tradio oral. Exemplos disto so

    os seguintes:

    Como revelao diretamente divina te

    mos o ttulo nas histrias do batismo de Je

    sus e da transfigurao:

    Mt

    3

    (par. Mc 1.11; Lc 3.22): -Eis

    uma voz dos cus, que dzia: Este

    o meu

    Filho amado -a quem me comprazo.

    Mc tem a alocuo direta: Tu s o meu

    Filho amado... , o que

    repetido por Lu

    caso

    Mt 17.5 ((par. Mc 9.7; Lc 9.35) na hist

    ria da transfigurao na forma de Mateus

    temos com endereo neutro a voz do cu:

    -Este

    o meu Filho amado. em quem me

    comprazo: a ele ouvi.. Notvel a identida

    de da mensagem com a do batismo, com

    o acrescimo, no entanto, da ordem, que

    agora pode ser dada: a ela ouvi - de

    pois da confisso de Pedra (16.13ss) e de

    outras revelaces bastante claras com res

    peito identidade de Jesus. impressio

    nante a unanimidade da tradio nos trs

    sinticos com respeito a esta ordem.

    sobremaneira significativo o fato de

    que ao lado da revelao diretamente divi

    na temos o ttulo tambm na boca do Ten

    tador:

    Mt 4.3,6 tem na primeira e segunda ten

    tao o grande Se s ...

    :

    .Se s o Fi

    lho de Deus ... (a tentao da fome e do

    pinculo do templo); Mc na passagem para

    lela bem breve, constatando simplesmente

    o fato das tentaes, 1.12,13; Lucas tem

    uma inverso da terceira para a segunda

    tentao, mas o ttulo (posto no condicional)

    aparece nas mesmas tentaes como em

    Mt, isto na da fome e do pinculo do

    templo, Lc 4.3 e 9.

    Jesus tambm usa o titulo como auto

    designao. Como passagem em foco apon

    tamos para as seguintes:

    Mt 11.25-27 recorda uma orao tpica

    de Jesus, dilogo com seu Pai celestial, com

    respeito a seu ofcio e sua obra aqui na

    terra e nela se chama a si mesmo de Fi

    lho: Ningum conhece o Filho seno o

    Pai ... ; cf. tambm Lc 10.22. - A estes

    pronunciamentos podemos acrescentar tam

    bm os em que o Filho no seu estado de

    humilhao fala do Juizo Final cujo dia o

    Filho. no conhece, Mt 24.36.

    Certamente cabem aqui tambm os pro

    nunciamentos recordados na histria da

    Paixo, em que a autodesignao de Jesus

    serve como ponto central das acusaes da

    parte dos judeus, especialmente na acusa

    o da blasfmia. A pergunta direta do su-

    4

    mo sacerdote no interrogatrio: s tu o

    Cristo, o Filho de Deus Bendito? contm

    at dois dos titulas messinicos de Jesus.

    A resposta no deixa dvida: Eu sou e

    esta resposta d-nos ento o terceiro ttulo.

    vereis o Filho do homem assentado

    direita do Todo-Poderoso ... Mc 14.61,62;

    d

    tambm Mt 26.63ss (notem o particular

    especificamente caraterstico por uma fonta

    judaica: o conjurar do sumo sacerdote pe

    lo Deus vivo>. Lc 22.70s. pe a afirmao

    na boca dos judeus: Ento disseram todos:

    Logo tu s o Filho de Deus? E ele Ihes

    respondeu: Vs dizeis que eu sou.

    Mais ta( de no desenrolar da histria da

    paixo serve o ttulo para o escrnio de

    testemunhas da crucifixo: Mt 27.43. Se

    foi neste escrnio ou em outras ocases

    que o centuro ouviu o ttulo divino preci

    sa ficar aberto. Sua confisso debaixo da

    cruz , no entanto, sem dvida, um dos pon

    tos culminantes da vida do Filho de Deus

    aqui na terra, quando um pago v um cri

    minoso morrer na cruz e dele confessa:

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    17/62

    SOT RIOLOGI NO NTIGO T ST M NTO

    Dr. Walter

    llstmallll

    Prembulo

    Definio Geral - Soteriologia, a

    doutrina da salvao, a doutrina es

    crituristica com respeito

    aplicao e

    apropriao dos mritos do Messias

    Cristo para com o pecador individual,

    mediante a qual o mesmo pecador al

    cana a posse real e o uso-fruto da

    bno que o Messias-Cristo de fato con

    quistou para a humanidade inteira, tan

    to os homens do tempo da Antiga co

    mo os da Nova Alianas.

    Cristo o Salvador do mundo (Jo

    4. 42; I Jo 4. 14). Deus estava em Cris

    to, reconciliando consigo o mundo, II

    Co 5. 19. Cristo a propiciao pelos

    nossos pecados, e no somente pelos

    nossos prprios, mas ainda pelos do

    mundo inteiro, I Jo 2,2. O mediador

    entre Deus e os homens, o nico Me

    idiador, reconciliou o mundo com Deus,

    no parcial ou virtual, mas total e real

    mente. Porque com uma nica oferta

    aperfeioou para sempre quantos esto

    sendo santificados, Hb

    10.14.

    E quan

    do se assentou destra da majestade

    nas alturas, a obra da redeno esta

    va inteiramente concluda, estava fei

    to a purificao dos pecados, Hb 1.3.

    Esta definio geral e introduo pa..

    rece antes pertencer a uma soteriolo

    gia do NT e no do AT, Mas o que

    ficou afirmado acima nas citaes bi

    bUcas com referncia ao mun-do intei

    ro, da mesma maneira encerra as duas

    pocas 'deste mundo, a saber, a Antiga

    e a Nova Alianas.

    Telogos modernos consideram in

    dispensvel a pressuposio em consi

    derando um tema como o nosso, que o

    AT devia ser tratado isoladamente, Le.

    que o NT devia ser inteiramente igno

    rado, inclusive as exegeses e interpre

    taes de palavras e cousas vetero-tes

    tamentrias nele contidos. Isto fazem

    por terem por preconcebido e suas in

    terpretaes por tendenciosas. Exigem

    15

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    18/62

    tambm - e nisto tm razo dentro de

    certos limites - que o AT deve ser

    considerado -dentro de seu crculo e

    fundo histrico do respectivo autor e

    de sua poca. Por isso tambm ns le

    cionamos arqueologia bblica e histria

    de Israel e dos povos vizinhos deste e

    sua respectiva cultura, sendo isto

    ndispensvel para uma s interpreta

    o. - No necessrio que aqui seja

    mencionado a maneira arbitrria e des

    ptica com que a maioria dos intrpre

    tes modernos ignora simplesmente o

    auto-testemunho dos livros bblicos e a

    autenticidade e o tempo da autoria cla

    ramente testificadas nas Escrituras, de

    clarando-as por teorias. E para eles

    indiferente, se estas teorias foram acei

    tas em geral na teologia moderna, ou

    se so de carter individual. As mais

    diversas teori\M; histrico-cronolgicas

    das diferentes opinies das mltiplas

    correntes e escolas teolgicas finalmen

    te tm isto em comUIn e lhes serve de

    idia fundamental, se bem que no ex

    plicadamente, que eles negam simples

    mente a possibi1tdade de uma profecia

    direta, assim como, p.ex. negam a pos

    sibi1iidade de um monotesmo absoluto

    e abstrato nas pocas remotas dos pa

    triarcas e do povo de Deus.

    Tambm de ns esperam, ao enfren

    tar run tema como o nosso, uma teolo

    gia no prejUldicada, pertencendo pa

    ra eles tal teologia a refutao da ins

    pirao verbal, da integridade e da au

    tenticidade das Escrituras, a legitimi

    dade e a credibilidaide, a canonic1dade,

    etc. dos livros bblicos. Em especial es

    peram que no seja levado em conta o

    auto-testemunho dos dois testamentos

    e com isto tambm o testemunho do

    Talmude, de Jesus e de seus apstolos.

    De sua parte, porm, no vacilam a

    pressupor muita cousa ,a saber, a im

    possibilidade de uma inspirao verbal,

    divina, e por isso, infalvel das Escritu

    ras. Afirmam, por sua parte, que a

    verdade correta pdde ser achada nos

    resultados indubitveis da cincia hu

    mana e estes resultados a eles servem

    de pedra de toque para todas as afir

    maes bblicas. E a estes resultados

    prontamente sacrificam tambm as de

    claraes mais claras das Escrituras.

    Sabemos que, lamentavelmente, en

    tre aqueles que o Senhor trOUXe f,

    sempre existem tais que trazem sobre

    si mesmos repentina perdio, 2 pe

    16

    2.1. Apesar de Deus, por intermdio de

    Cristo Jesus, nos ter recoi'lfeiliado con

    sigo mesmo (2 Co 5.18), e apesar de

    sermos j reconcililliclos com Deus me

    diante a morte de seu Filho (Rro 5.10),

    todavia somos exortados de nos recon

    ciliarmos com Deus (2 Co 5.20). E esta

    exortao no diminui e no ignora o

    mrito do Salvador do mundo, mas nos

    transmitida pelo emissrio deste, que

    em nome de Cristo nos roga a deixar

    mos nos reconciliar com Deus (2 Co

    5.20).

    ]jJ a vontade de Deus e do Salvador,

    que a salvao em Cristo Jesus, uma

    redeno objetiva por ele alcanada,

    fosse propriedade de c3Jda pecador indi

    vidualmente, que possuisse a mesma,

    que gozasse alegremente da mesma.

    Uma anestia, concedtda a sditos revol

    tosos, tem o valor de run grande feito do

    governo; mas tal anestia no traz efei

    to absoluto por si mesmo; os contem

    plados se devem declarar de acordo com

    as condies da anestia, i.e. depositar

    as armas e abraar os benefcios da

    paz.

    Uma herana somente ento efe

    tuada quando o herdeiro se declara de

    acordo com as cOl1ldiesestipul3Jdas no

    testamento.

    O

    herdeiro, porm, tambm

    pode desistir de seu direito, pode negar,

    pode recusar-se de aceitar a parte a

    ele destin3Jda pelo testador. Sua herana

    no forada, impingida, nele

    A salvao preparada por Cristo pa

    ra todos os homens, chega a ns como

    ddiva, livre, divina (Ef 2.8 cf 1 Co

    1.7) e ns recebemos da sua plenitude,

    e graa sobre graa, Jo 1.16). Caso

    aceitarmos esta ddiva divina, ento

    temos a redeno, pelo sangue, a re

    misso dos pecados, Ef. 1.7. Nossa he

    rana no 3 penas nos reservada nos

    cus (1 Pe 1.4), mas ns mesmos fo

    mos feitos herana kleeronomian

    i.e. tornando-nos propriedade, Ef 1.11,

    e j gozamos das primcias, como pe

    nhor da nossa herana, Ef 1.14. - Do

    outro lado, apesar de ser preparada a

    grande ceia para muitos, e apesar de

    tudo estar pronto, h tais que no pro

    varo esta ceia, para a qual tambm

    eles seriamente foram convidados (Le

    14.16-24),

    Agora, no assim que, neste ma

    terial de trabalho por ns apresentado,

    nos queremos basear-nos no NT e em

    suas idias, que talvez quisssemos for-

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    19/62

    ar no ATum esquema dogmtico neo

    testamentrio, para depois procur~r e

    achar as provas para tal nas pginas do

    AT (o que tem sido feito e o que, cer

    tamente, no difcil fazer). Mas por

    ser estipulado definitivamente em At

    4.12 que no h salvao em nenhum

    outro, porque abaixo do cu no existe

    nenhum outro nome, dado entre os ho

    mens, pelo qual importa que sejamos

    salvos, referindo-se. na ocasio, Pedro,

    claramente a Jesus (v. 11); e porque o

    mesmo Jesus diz inequivocamente (Jo

    14.6): Eu sou o caminho, e a verdade,

    e a v~da,ningum vem ao Pai seno por

    mim; e se depois, nas palavras do mes

    mo Jesus, encontramos os patriarcas

    Abrao. Isaque e Jac, os pais de todos

    os fiis, na

    me3a

    no cu juntamente comos fiis do NT (cf Mt 8.11; Lc 13.28);

    e se Abrao se acha enumeral:lo entre

    os heris da f em Hb 11 (cf v.8), en

    to, j que no h outro caminho ao

    cu do que somente o mediante a f

    no nico e suficiente Salvador, ento

    tambm os fiis do Antigo Testamen

    to s acharam salvao por este mes

    mssimo caminho. ~ Convenddos, por

    conseguinte, que s h um Salvador e

    Mediador (1 Tm .3,5), para os fins

    desta pesquisa traamos, para o nossogoverno, determinadas diretrizes, em

    pressupondo ns, fiis, luteranos, ao

    mesmo tempo, segundo o auto-testemu_

    nho das Escrituras, a inspirao divina,

    e por isso a infabilildade de todas as

    palavras (na lngua original, claro)

    das Sagradas Escrituras.

    Trataremos, pois, da aliana firma

    da, daquele qUe a firmou, a saber, de

    Deus e da idia de Deus no AT, do

    homem, objeto da aliana do Messias,

    o Mediador da aliana, e da reconcilia

    o por este efetuada.

    A Concluso da Alianc;n.~ Se bem

    que pretendemos concluir este estudo

    com a reconciliao (re-ligio), nos ve

    mos obrigados a mencionar esta logo

    de incio.

    Quando, Deus teve o seu encontro

    com seu povo no Sinai, deu ordens a

    Moiss de, mediante sacrifcios e, es

    pecialmente, mediante o sangue da

    aliana (Ex 24.8), reconciliar com Deus

    so setenta ancios juntamente com Aro

    e seus dois companheros, admitindo

    assim os mesmos sua presena. Por

    esta ocasio, Moiss anotou as condi

    es por Deus impostas; e em seguida,

    Moiss leu o livro da aliana (b'rt) pe

    rante o povo (Ex 24.7). Como os seten

    ta ancios com Moiss e seus compa

    nheiros desta maneira estavam corres

    pondendo s prescries divinas, no fo

    ram aniquilados, como Deus ameaara

    a todos aqueles que se iam aproximar

    do monte e assim de Deus (cf Ex. 19.

    12). Estavam, pelo menos temporaria

    mente, reconciliados com Deus.

    O termo b'rit convnio, aliana

    B'rit designa um convnio, um. acordo

    legal, uma obrigao. Parece que tam

    bm os convnios entre parceiros hu

    manos no AT tiveram carter religio

    so. Achamos no AT trs tipos de b'rit:

    1) entre contraentes de condies iguais

    (ebenbrtig), um convnio que acei

    to com espontaneidade pelos parceiros(81 55.20), talvez como Davi e Jonatas

    (1 Sm 18. 3-4); 2) ou entre grupos, co

    mo Josu e seus homens e os gibeoni

    tas (Js 9.15) ou entre povos inteiros,

    como entre os edomitas e seus aliados

    (Ob 7); 3) mas tambm o matrimnio

    um b'rit (Ml 2.14).

    O AT tambm fala de aliana figu

    rativa. A algum faz uma aliana com

    os seus olhos contra a concupiscncia

    (Jo 31.1); com pedras para viver em

    harmonia com a natureza (Jo 5.23). Aexpresso Salzbund, Aliana de Sal

    (Nm 18.19) estipula que seja perp

    tua.

    Kra,t b'rit, a expresso mais usada

    para concluir aliana, certamente tem

    sua origem na maneira como os ani

    mais, em Gn 15.10, foram cortados,

    inclui, porm, como muitos acham, a

    ameaa que de maneira parecida se

    riam tratados os contraentes perjuros

    d. J2 34.18-20).

    Homens, porm, no esto em con

    dies iguais parlt com Deus. Por isso,

    Deus no conclui com os homens uma

    aliana em igualdade de condies pa

    ra ambos. O sentido de SI 50.5; Os que

    comigo fizeram aliana por meio de

    sacrifcio : os que entraram para a

    aliana que determinei. Homens a) in

    vocam a Deus por testemunho das ali

    anas, dos convnios, que porventura

    entre si concluem (

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    20/62

    religioso). - Mas homens fazem tam

    bm b) entre si um convnio com res

    peito a um servio a prestar a Deus,

    como a santificao do sbado (Ex

    31.16; cf com 2 Cr 23.1 sS, especialmen

    te vA), enquanto SI 83.5 fala justa

    mente do contrrio: de uma aliana

    contra o Senhor.

    Sendo desiguais os contraentes (co

    mo: Deus e homem), o b'rit se torna

    omem, prescrio da parte do mais

    graduado (Ez 17.13 a); neste caso o

    mais graduado assume o prescrever, eS

    tipular as condies, enquanto a outra

    parte ou obedece, ou ento viola a alian

    a (Js 23.16). Neste caso, o b'rit se tor

    na sinnimo de choq regulamento,

    prescrio. As vezes parecem existir

    condies iguais entre Deus e homens,

    mas estes no so essenciais. Assim

    existem condies soberanamente im

    postas da parte de Deus tanto versus'

    Ado e Eva no Paraso como tambm

    versus o povo ao p do monte SinaL Em

    todo o caso, Deus mesn10 escolheu a

    palavra b'rit para com a mesma de

    signar aquilo que sua imposio e

    condio soberana.

    Com respeito palavra b'rit escreve

    Gerhard v Rad (Theologie des AT, I,

    135): Nossa palavra aliana s uma

    designao provisria (hehelismiissige

    Wiedergabe) do vocbulo hebraico h'rit,

    ci.

    a isso especialmente J. Bogrich Be_

    rit, (ZAW 1944, pg 1 ss). Pois b'rit

    pode ser o contrato mesmo, i, e. seu ce

    rimonial; pode, porm, ser tambm a

    condio social dos dois parceiros, inau

    gura;da pelo mesmo cerimonial. Pois,

    antes de tudo, foi um grande progresso,

    quando Begrich ensinou a compreen

    der a aliana como condio de dois par

    ceiros desiguais. Ento como um con

    vnio forooo por um mais poderoso ao

    mais fraco (cf Je 9.6; I Re 20.34; I

    Sm 11.1 ss). Libel1dade completa de

    ao, tambm a libemade da resoluo,

    i.e. do juramento, na verdade s o mais

    polderoso tem; o parceiro inferior sim

    plesmente quem recebe. O mesmo, na

    pg. 136: A condio garantiJda pela

    concluso da aliana preferivelmente

    designa;da por shalm (Gn 26.30ss: Ber

    Saba poo de juran1ento; 1 Rs 5.26; 1s

    54.10; Mq 5.4; Jo 5.23), vocbulo pe

    lo qual a nossa palavra paz (Friede)

    s pode ser avaliada como equivalente

    insuficiente. - A isto, Rad acrescen

    ta a nota: ultimamente M. Noth pro-

    18

    ps derivar este shalm de salimum

    reconciliao, convnio, que nos tex

    tos Mari usooo em conexo com uma

    concluso de aliana. E continua:

    Pois shalm designa a Unversehrt

    heit. o esta;do do ser ileso, intato, a

    integridade de uma condio social, pois

    o estado de igualdade harmoniosa, de

    equilbrio de todas as exigncias e ne

    cessidade entre dois parceiros. Assim

    uma concluso de aliana tem como al

    vo um estado de integrida;de, de estar

    tudo em ordem e justo entre duas par

    tidas Mas este conceito de essncia de

    uma' aliana, segundo a opinio de Be

    grich, mudou no decorrer da histria.

    Tambm o recebedor em uma aliana

    sempre mais ficou encarregado e as

    sim, por sua vez, podia impor condi

    es, etc. L. a essncia da aliana se

    deslocou, agora no assim que os par

    ceiros se teriam encontrado em pari

    dade, mas para o lado, agora, de um

    convnio bilateral contractal. Assim a

    Bundesgewhrung, a concesso da

    aliana, se tornou Bundesvertrag,

    convnio, contrato. - At aqui Rad.

    Agora, se os contraentes so Deus

    na sua graa e homem em seu peca

    do em uma aliana estipulada por

    Deus, por livre e espontnea vontade,

    a ele mesmo se impe a si a salvao

    dos pecadores, tornando com isto a ali

    ana um instrumento do seu amor divi

    no (Dt 7. 6-8; 81 89.3 ss), o que se re

    trata do Gnesis at ao Apocalipse, nas

    palavras: Serei seu Deus, e eles me

    sero povo: - John Murray, The

    Convennant of Grace, pg. 31, chama

    isto manejo soberano da graa e da

    promessa. Esta reconciliao entre

    Deus e homens no devia ser simples

    mente hereditria e automtica. Sendo

    este b'rit essencialmente monergista,

    L. s efetuada por um, a saber Deus,

    no por Deus e homem, este b'rit exi

    ge qualificaes da parte do homem. A

    santidade exige despacho do pecado.

    Este despacho agora se efetua mediante

    reconciliao, perdo, remisso. Recon

    ciliao exige sacrifcio de sangue, a

    oferta de uma vida suplente (ein

    stellvertretendes Leben), cf Lc 17.11;

    Cl 1.20 e Hb 9.22. - E mais: Somente

    Deus poderia efetuar tal reconciliao.

    J. Barton Payne, The Theology of

    the OMer Testament, declara a isso na

    pg. 82: A idia de uma vontade pes

    soal continuou relativamente estranha

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    21/62

    aos hebreus at aos dias de Herodes. O

    fato, que o nico Filho de Deus seria

    apresentado como sacrifcio-resgate su

    ficiente ainda no fora manifesto cla

    ramente. Que o Filho de Deus teve que

    morrer para satisfazer a Deus, de sorte

    que os homens pudessem herdar a sua

    vida divina e estar com Deus, foi in

    compreensvel debaixo do AT. Os conhe

    cimentos eram demais embrionais

    (keimhaft ), seminais, ambos, os a

    respeito da Trindade, como os da hu

    manao e da crucificao, seguida pela

    ressurreio. Mas o AT para o b'rit

    nem nega a possibili'daile desta inter

    pretao testamentria, pois de fato to

    dos os fatores essenciais estavam pre

    sentes. O AT descreve simplesmente a

    declarao divina legal, obrigatria, mo

    nergstica a respeito da salvao com a

    designao b'rit, mas para a explicao

    do senUdo exato por Deus intenciona

    da de b'rit, necessrio dirigir-se ao

    NT.

    No NT e na LXX, porm b'rit tra

    duzido com diatheekee, cujo primeiro

    sentido o dispor de propriedaile me

    diante um testamento. Diz Philo neste

    sentido: Deus legar aos inocentes

    e imaculados uma herana Kata

    diatheekees (gemass der Klauseln eines

    Testan1ents, em conformidade com as

    clusulas de um testamento)>>.

    Segundo, porm, o usus linguae

    Idesde Alistophanes (427 AC), o sen

    tido : convnio entre dois partidos, con

    vnio, aliana. A LXX evita a traduo

    syntheekee para b'rit, o que seria a

    palavra certa para beiderseitige ber

    einkunft, acordo bilateral, enquanto

    ditheekee significa: executar imposto,

    decreto, Willensverfgung (disposi

    o testamentria), o que mais ade

    quado quanto a Deus que no equipa

    rado ao homem. Por isso o contexto,

    tambm no NT, que decide, se o senti

    do testamento ou aliana. Entre

    os textos com diatheekee, no NT, o

    mais difcil Hb 9.15-22, especialmente

    os vs. 16 e 17: Porque onde h tes

    tamento diatheekee>.' necessrio que

    intervenha a morte do testador dia

    theemenon; pois um testamento diatheekee s confirmado no caso de

    morte; visto que de maneira nenhuma

    tem fora de lei, enquanto vive o testa

    dor diatheemenom>. - li: esta tambm

    a nica vez que a RV traduz diathee-

    kee com testamento, pois estes ver

    sculos exigem esta traduo.

    Mas para onde nos leva tudo isto?

    Hb 9.15, i. o versculo imediatamente

    anterior traz duas vezes diatheekee:

    Por isso mesmo ele o Mediador da

    nova diatheekee, a fim de que, inter

    vindo a morte para remisso das trans

    gresses que havia sob a primeira dia

    theekee, recebam a promessa da eterna

    herana aqueles que tem sido chama

    dos. - Para ns difcil explicar, co

    mo p. ex. na Almeida Revisada se tra

    duziu estas duas vezes aliana, mas

    nos vs. 16 e 17: testamento. - V.18

    lemos depois: Pelo que nem a primei

    ra diatheekee foi sancionada sem

    sangue. Isto sugere que tanto a antiga

    como tambm a nova diatheekee de

    viam ser da mesma categoria.

    Franz Delitzsch diz em seu Comen

    tary on the Epistle to the Hebrews,

    n 118: O antigo b'rit foi... uma 'dis

    posio testementria, de sorte que

    Deus a si mesmo se comprometeu me

    diante promessas a confirmar uma

    eterna herana, caso Israel continuas

    se fiel... Como, desta maneira, foi um

    testamento, isto no sem um caso de

    morte, como tal exigi:do por um testa

    mento. todavia um tipo (foreshading),

    no adequado da morte do real testa

    tor diathemenon. - Confere-se tam

    bm as ltimas definies de testamen

    to em J. Massie, A Dictionary of the

    Bible, IV, 721: Os documentos que

    contm as promessas testemunhadas de

    bnos willed by God (doados me

    diante testamento por Deus), and be

    queathed (e legados por testamento)

    ns em Cristo, como estabelece Hb

    9.15: Cristo o Mediador da nova dia_

    theekee, a fim de que, intervindo a

    morte para remisso das transgresses

    que havia sob a primeira diatheekee.

    Gerh. v. Rad, 1.c. 1,309, escreve;

    Jeov concluiu um b'rit 'lm, uma

    aliana eterna, com Davi. Em verdade

    esta para a maneira de compreenso

    hebria a expresso nica oportuna, pois

    se trata de um convnio beneficente, que

    foi base 'je uma nova situao legal. O

    mesmo expressa o importante Salmo

    132, quando fala dum juramento de

    Jeov (v.lI). O nOvlm que deci:de nes

    ta situao legal criada por Deus, sem

    dvida foi a adoo do portador da co

    roa por filhO, Dai resultam consequn

    elas que s pocas posteriores reconhe-

    19

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    22/62

    ceram quanto ao seu alcance... Que Jeo

    v preparou uma lmpada para o seu

    ngido (Sl 132.17), esta promessa di

    vina ainda devia ocupar (a mente) de

    descen dentes futuros. De sorte que a

    promessa por Nato, o que j, em mi

    do, sugeriu a estratificao (Schich

    tung) complicada de 2 Sm 7, se tornou

    em medida mxima, traditionschpfe

    risch, criadora de tradio, pois esta

    promessa divina nunca mais foi esque

    cida; nas pocas seguintes sempre foi

    de novo interpretada e atualizada;

    aqui temos a base histrica e tambm a

    legitimao de todas as esperanas

    messinicas... - E Edm. Jacob escreve,

    1.c. pg. 213: Seria demais se afirms

    semos que a aliana sempre exigisse um

    mediador; mas isto certo, de que no

    momento em que a idia aliana se

    torna mais precisa, a pessoa do Media

    dor, no passado (Moiss), no presente

    (o rei) ou no futuro (o Messias), visa

    um crescimento em importncia ... e na

    pg. 341: Convertidos pelo exemplo de

    Israel, as naes por sua vez entraro

    na aliana; aquelas naes, do meio dos

    quais Israel fora chamado no incio de

    sua histria, vo peregrinar sua luz

    (luz de Israel), e o novo cu e a nova

    terra sero uma realidade nova e defi

    nitiva desta salvao (Is 60.19;65.17)>>.

    Em outros termos: J que ningum

    vem ao Pai seno por intermdio de Je

    sus Cristo (Jo 14.6.13) e pela f no

    Crucificado (Gl 3,26), este ningum

    inclui tambm os >.

    Tomaz de Aquino, Summa Theol.

    lU, 62, escreve: Os pais antigos (os

    do AT) foram justificados pela f na

    paixo do Cristo, do mesmo modo, co

    mo ns tambm (per fidem passionais

    Christi, sicut et nos)>>.

    Na nota 31 no seu traJbalho Luther

    und das Wort Gottes, na antologia

    Accents in Luther's Theology, pg. 75,

    20

    Hermann Sasse cita: Num sermo em

    Mt. 2. 2-12 na Kirchenpostilla de 1522,

    Lutera v na estrela de Belm, visvel

    a todos, a nova luz, o evangelho, ver

    bal e publicamente anunciado. Cristo

    tem duas testemunhas de seu nascimen

    to e regimento: turra se acha nas Es

    crituras no AT ou nas palavras, com

    preen jrda em letras; a outra a voz da

    palavra verbalmente anunciada. Esta

    palavra verbalmente anunciada do evan

    gelho

    chamada uma luz por Pedro em

    2 Pe 1.19. A Escritura, L. o AT, no

    entendida antes que a luz comece a

    luzir, pois mediante o evangelho que

    os profetas so compreendidos.Por isso,

    primeiro a estrela teve que luzir e ser

    vista. Pois no NT, o anunciamento de

    via ser feito verbalmente, com voz al

    ta, e devia ser anunciado publicamente,

    assim que aquilo que at ento se acha

    va em letras e vises secretas, devia

    ser transposto em linguagem e palavras

    audiveis. Pois o NT nada mais do que

    uma abertura e revelao do AT, co

    mo indicado em Ap 5, quando o CordeL

    1'0 de Deus abriu o livro, fechado com

    sete selos. Vemos, tambm, com os aps

    tolos, que toda a sua pregao nada

    mais do que uma interpretao das

    Escrituras e um fundamentar de sua

    mensagem nas mesmas Escrituras. 1 :

    por isso que tambm o prprio Cristo

    no deu sua doutrina por escrito, como

    Moiss anotou a sua, mas a anunciou

    verbalmente e mandou que fosse anun

    ciada verbalmente, tambm no ordenou

    que fOSSeanotada por escrito. De sor

    te que os apstolos s escreveram bem

    pouco, e s Paulo, Joo e Mateus es

    creveram. Dos outros apstolos nada te

    mos, a no ser de Tiago e Judas; mui

    tos, porm, no tm estas ltimas por

    escritas apostlicas. Tambm os que

    escreveram, nada mais fizeram do que

    introduzir-nos para dentro do AT, as

    sim como o anjo levou os pastores pa

    ra o prespio e as fraldas. Por isso no

    est de acordo com o NT escrever li

    vros sobre a doutrina crist, mas deve

    ter, em toda a parte, pregadores bons,

    doutos, piedosos e diligentes que extrais

    sem a palavra viva das Velhas Escritu

    ras (AT) e inculca-Ias no povo. Isto os

    apstolos fizeram. Pois antes que es

    crevessem, primeiro ensinaram com voz

    viva e converteram o povo. Esta foi a

    verdadeira incubncia apostlica e a pr

    dica do NT (cf WA 10. 1-1.625. 17 -

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    23/62

    626,21). Acrescentamos aqui uma nota

    do Dr. Sasse (n? 24,pg 92. l.c) A ele

    cita Rahner,

    783: Este um ponto

    de vista da Dogmatische Konstitution:

    ber die gttliche Offenbarung - Dei

    verbum, do

    29

    Vaticano, se bem que pre

    tenda dizer mais, especialmente com

    respeito

    salvao no AT. Mas at os

    telogos catlicos no esto satisfeitos

    (cf Rahner e Vorgrimler, Kleines Kon

    zilskompendium, Freiburg, HerdeI 1967,

    pg. 364: No se devia -passar em si

    lncio sobre os erros deste captulo (L.

    referente ao AT), que dificilmente faz

    juz ao fato, que o AT foi a Sagrada Es

    critura de Jesus e da Igreja Primitiva,

    e que contm uma experincia da hu

    manidade em suas relaes para com

    Deus, que muito mais extensa do que

    o NT .

    Sasse, 1.c. pg. 69 diz ainda: Difi

    cilmente se pode duvidar que a teolo

    gia medieval tenha sido incapaz de fa

    zer justia ao AT. Acharam no mesmo

    as promessa'Sdo evangelho como o Tri

    tentino ainda faz (

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    24/62

    trata, e surgem informaes, que no

    trazem a paz coiscincia da verdade

    do homem moderno ... (pg 276). Esta

    agravao da problemtica podemos fun_

    damentar em Lutero. Nisso Lutere tem

    - comparado com hoje - ainda tuna

    atitude sumamente ingnua para com o

    teor do AT. Para ele o mesmo, em todas

    as suas partes e seus relatos, verdade

    assim, como est escrito. Esta atitude

    para com o texto no mais a da nossa

    gerao ...

    Mas voltemos questo do b'rit,

    Quando b'rit estatuto divino, im

    posto ao homem soberana e graciosa

    mente, ento a Ed. Knig e a outros,

    testamento parece a melhor traduo.

    Isto parece ser consequncia da evolu

    o natural da idia b'rit como heran

    a salvadora. Tambm um testamento

    encerra obrigaes: Um herdeiro pode

    ferir as suas obrigaes testamentrias;

    mas quando faz isto, perde a herana.

    Assim, se bem que o testamento uma

    verdadeira imposio ou estatuto,

    , segundo a explicao de Delitzech,

    esta a imposio, que Israel devia per_

    manecer fiel. (Cf Lv 24.8) os pes de

    proposio so chamados b'rit eterno,

    no apenas estatuto mas sim por ser

    isto uma participao do homem na

    salvao divina; foi expresso da f

    em um testador misericordioso. - Se

    compararmos 2 Cr 15.12 com 2 Rs 11.

    17, ento trata-se, no primeiro caso, da

    entrada para um testamento existente

    (no aliana). Parece ser o mesmo

    caso em 2 Rs 11.17.

    Segundo Ed. Koenig, qUe gostaria

    eliminar o termo aliana a favor do

    testamento, s existiram trs excep

    es para esta sua opinio: 1) Jr 33.20,

    25, onde falado de um b'rit com o

    Idia e com a noite: 2) Zc 11.10 11.10:

    b'rit com todos os povos, L. que es

    tes povos ide uma oU de outra maneira

    deveriam servir aos planos de Deus pa

    ra com o seu povo; 3) Os 6.7: Mas

    eles transgrediram o b'rit com Ado;

    eles se portaram (com isso) aleivosa

    mente contra mim. (Ser que isto se

    refere ao convnio com base nas boas

    obras antes da queda?).

    Agora com referncia s caracters

    ticas

    b'rit. Com base em Hb 9, dia

    theekee pode ser definida com pres

    crio legal, mediante a qual adjudi

    cado ao herdeiro qualificado uma heran

    a pela morte :do testaJdor. Cinco as-

    pectos principais ai se impem: 1) O tes

    tador que testa, chamado um me

    diador (Hb 9.15); 2) os herdeiros que

    recebem, e que tambm so designados

    os chamados (Hb 9.15); 3) a maneira

    de realizao, L por meio de um le

    gado da graa, que executada aps a

    morte do testador (Hb 9.16); 4) as con

    dies: o herdeiro se qualifica para a

    ddiva, pois, como se acha expresso em

    Hb 9.28, a diatheekee existe para

    aqueles que o aguardam para a salva

    o (e isto prescrito segundo Hb

    9.20); 5) a herana, que legada, espe

    cialmente a salvao eterna (Hb 9.15,

    27).

    Como Gn 9.1-17 designado como

    aliana divina com No, necessrio

    explicar, que o compromisso por Deus

    imposto a No e sua descendncia, a

    no outra cousa do que, da parte de

    Deus, uma revelao parcial, e um pro

    visorium da lei do Sinal. Aquilo que aqui

    Deus se impe a si mesmo, precede (Gn

    8.21 s). Isto promessa de graa.

    Os rabinos judicos explicam e classifi

    cam as prescries daidas a No como

    proibies: a) da idolatria; b) do abuso

    do, e blasfmia contra, um dos nomes

    divinos; c) do casamento com consan

    gneos (parentes chegados), do adul

    trio e da sodomia; d) do roubo que foi

    castigado com a morte; e) que os pro

    slitos do porto institussem os seus

    prprios juizes; e f) de comer carne

    ainda tremenda. (Nada dizem da proi

    bio de matar o prximo; do outro la

    do encontra.lll demais na aliana de

    No, cf item e.).

    Se porm, tratamos da soteriologia

    da poca vetero-testamentria, agora se

    nos impe a pergunta, se desde o in

    cio o plano divino da salvao se te

    ria concentrado exclusivamente em

    Abrao e sua descendncia, ou se j

    antes da vinda de Cristo devemos fa

    lar 'de um pIano universal de salvao

    da parte de Deus.

    A unidade do gnero humano em ne

    nhum documento literrio da antiguida

    de testemunhada com tanta clareza

    como no AT. A unidade da humanidade

    eo progresso uniforme em direo a

    um alvo determinado j achamos em

    Gn 2.7 e 12.3; a formao 'do homem

    do p da terra e, na bno de Abrao:

    em ti sero benditas as famlias da

    terra. (cf tambm a aliana com No

    Gn 9.1-17, especialmente vs. 15 e 16).

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    25/62

    - No mundo espiritual grego, tal idia

    s aparece na poca da escrita pseudo

    aristotlica Do Mundo. - Por exem

    plo a imagem divina, segundo Gn 1.26

    prerrogativa de todos os homens ei

    koon, sego LXX), enquanto da parte

    dos gregos e romanos este epteto ('. Com isto a reu

    nio, a re-ligio com Deus, primeiro em

    concordncia e harmonia, depois de fa

    to e eterna.'1lente se torna o ltimo al

    vo Ao homem como tal tambm en

    trgue o governo sobre o resto das cria-

    turas. - Que existia um plano divino,

    mostra o procedimento de Deus depois

    da queda: no apenas impe penalida

    des disciplinares, mas ao mesmo tempo

    abraa os pecadores com o allUncia

    mento convidativo da graa: 1) por mu

    dana imediata da morte ameaada para

    logo, em dificuldades da vida (Gn 3.16

    19), que deviam sempre lembrar o ho

    mem de seu estado peca.>ninoso e do fa

    lecimento final e que deviam mant-Io

    em humildade; 2) por assistncia gra

    ciosa ao homem expulso do paraiso (Gn

    3.21); 3) por promessa da vitria fi

    nal sobre a serpente (Gn 3,15). Tam

    bm ento, quando sempre de novo o

    pecado se interps entre Deus e os ho

    mens (Gn 4.8ss e 9.15) e pela reorgani

    zao dos deveres humanos, Deus ps o

    fun::Jaulento para um b'rit entre eles,

    Deus e a humanidade pecadora (Gn

    9.1-17).

    Por isso no h dvida que a soteri

    ologia nas primeiras pginas da Bblia

    j universal quanto ao seu objetivo.

    (O capitulo rI aparecer na prxima

    edio)

    (Vem da pg. 14)

    da cristologia completa e total do NovoTestamento, Pensamos na passagem que

    nos traz a assim denominada Gmnde Co

    misso com sua frmula trinitria na qual

    o ttulo Filho o elo que liga cu e terra:

    Mt 28.19: Tendo ido, ento, (part. aor.

    poreuthntes com oun) fazei discpulos

    (melhor: discipulai ) todas as naes, bati

    zando-os em nome do Pai e do Filho e do

    Esprito Santo, , ,-,

    Se com esta exposio algo extensa

    discutimos a pergunta: Paulo dependia para

    suas informaes da tradio primitivae dominante em Jerusalm e Antioquia? e che

    gamos

    concluso de que o apstolo de

    fato estava dentro da grande corrente tra

    dicional da cristologa dos apstolos, espe

    cialmente no que diz respeito aos fatos e

    acontecimentos histricos, resta-nos ainda

    perguntar: Como ento Paulo to categori

    camente pode afirmar que com respeito a

    seu aposto lado e

    sua mensagem depende

    unicamente de Deus e de Jesus' Cristo.

    3. Q que Paulo recebeu atravs da -

    laes pessoas e sobrenaturais?

    (O

    estudo foi interrompido neste ponto

    por fora maior. Ter, se Deus quiser, sua

    continuao no prximo nmero, quando

    tambm daremos bibliografia aproveitada.)

    3

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    26/62

    4

    24

    ANOS DE

    EVANGELIZAO

    BREVE ESTUDO DE ALGUNS

    ASPECTOS DA MISSIOLOGIA NO

    ANTIGO TESTAMEN'l'\O.

    Rev. Walter O. Steyer

    I - INTRODUO

    No momento em que o homem se

    parou-se de Deus pelo pecado, toda a

    dinmica da Trindade estava voltada

    redeno do homem - pelo prprio

    Deus Assim a boa nova messinica foi

    promulgada ainda no jardim do den

    (Gn 3.15), como para fixar na mente

    do homem a noo de Paraso. Com Gn

    3.15

    ... Este te ferir a cabea, e tu

    lhe ferirs o calcanhar, a universali

    dade da salvao estava assegurada. Es_te objetivo de Deus seria alcanado com

    o levar a certeza messinica aos po

    vos futuros; O sereis minhas testemu

    nhas (At 1.8), teve seu incio com

    Ado. Abel o seu primeiro mrtir

    Sublinhamos aqui as palavras do te

    logo K. Hartenstein quando afirma:

    Os primeros ca;ptulos de Gness

    (1

    11)

    so de significado especial para a

    teologia da misso. (Natureza Missio

    nria da Igreja, pg. 17 - Heidentum

    und Kirche, EMM, 1936, pg 5) Afirmarassim que Deus apenas no NT impos

    seu plano de salvao universal, des

    conhecer a essncia :divina, expressa pe

    lo apstolo Paulo nas palavras: o qual

    deseja que todos os homens sejam sal

    vos e cheguem ao pleno conhecimento

    da verdade.

    (1

    Tm

    2.4)

    Vejanlosas

    sim alguns aspectos da missiologia no

    Antigo Testamento.

    11 - OS PRIMRD110S DA

    EVA.J.~GELIZA.OUNIVERSAL

    Traamos nosso ponto de partida em

    Gn 4.26 A Sete nasceu-lhe tambm

    um filho, ao qual ps o nome de Enos:

    dai se comeou a invocar o nome do

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    27/62

    SENHOR A Humanidade estava divi

    dida. De um lado Ado - que represen_

    tava o povo de Deus. Do outro lado

    Caim, na terra de Node - que represen

    tava a apostasia. O nascimento de Enos,

    neto de Ado, serve de marco inicial

    na missiologia vetero-testamentria. O

    v

    de Deus liderado por Ado, de

    defensivo passou a uma posio ofensi

    va. Caim que matara seu prprio irmo

    Abel, tambm teria infligido esperan

    a messinica um golpe mortal, se no

    houvesse agora aps o nascimento de

    Enos a reao evangelistica: da se co

    meou a invocar o nome do SENHOR.

    Lutero: Es fasst aber die Anrufung

    des Namens des Hern zuleich auch die

    Predigt des Wortes ... Und schliesst sich

    hieraus eine feine Meinung, dass man

    um die Zeit des Herrn Namen habe

    angefangen anzurufen, das ist, dass

    Adam, Seth, Enos ihre Nachkommen

    vermahnt haben, dass sie auf die ErlO

    sung warten, der Verheissung vom Sa

    men des Weibes glauben und durch die

    se Hoffnung der Kainiten Hinterlist,

    Kreuz, Verfolgung, Feindschaft, Unrecht

    berwi11'den und an ihremHeil nicht

    verzweifeln sollten, sondern sollten viel

    mehr Gatt danken, der sie einmal durch

    des Weibes Samen erlsen wiirde. (VaI

    1

    pg

    398/399).

    Mas desde os primrdios da humani

    dade estava armada a reao contra to

    da e qualquer atividade evangelistica.

    De contnuo os vagalhes satnicos, com

    mpeto desenfreado objetivam arremes

    sar-se contra o Rochedo da Salvao, E

    qual pequenina ilha em pleno oceano,

    o mesmo v-se constantemente ameaa

    do pelo aspectro da submerso. E tama

    nha foi a avalanche reacionria movida

    por Satans, contra a ao evangelisti

    ca, que em termos humanos exagerou

    sua prpria medida, Como um carro que

    ultrapassa sua velocidade limite, seu

    destino ltimo so os escombros ... assim,

    o dilvio foi a resposta de Deus

    ido

    latria, ao materialismo e toda gama de

    pecados produtos da artimanha satni

    ca. E assim extinguiu-se a gerao de

    Caim. No porm a de A'::lo,pois No

    andava com Deus (Gn

    6.9).

    Tambm No foi um dos heris da

    cvangelizao. Os

    120

    anos de prazo que

    precederam ao dilvio, sem dvda fo

    ram usados por ele e seus filhos na pre

    gao da palavl'a de Deus. Tempo sufi

    ciente para que todos os povos tomas-

    sem conhecimento do juizo iminente de

    Deus.

    Aps o dilvio Deus de maneira en

    ftica estabeleceu aliana com No e

    seus filhos. Gn 9.8,9 Disse tambm

    Deus a No e a seus filhos: Es que es

    tabeleo a minha aliana convosco e

    com a vossa descendncia ... Renova-se

    aqui a universalidade da salvao ba

    seada em Gn

    3.15 .

    Se No teve maior sucesso na prega

    o da esperana messinica aps o

    dilvio, ao que tudo indica a resposta

    negativa. Pois a confuso de linguas

    um resultado direto da vaidade humana,

    do destronamento de Deus na regncia

    do mun::lo. A torre de BabeI quer riva

    lizar com o poder de Deus - com o

    AMOR de Deus. O homem sempre quer

    sobrepujar ao seu CRIADOR.

    E com a disperso dos povos a

    aliana de Deus com No, entra tragi

    camente em crise. Deus, porm, estabe

    lece novos planos e novos mtodos pa

    ra a execuo da sua promessa messi

    nica. Vejamos assim:

    m - O DESDOBRAMENTO

    MISSIONARIO NA POCA

    PATRIARCAL

    Deus, no que diz respeito reden

    o do homem sempre tem em vista

    toda a raa humana, de todos OS tem

    pos. Assim o chamado de Abrao sendo

    particular, sua bno universal, em

    ti sero benditas todas as famlias da

    terra (Gn

    12.3).

    A ordem, vai para

    a terra que te mostrarei (Gn

    12.1),

    mais do que simples ordem de emigra

    o, a.ntes o incio de verdadeira jor

    nada evanglstica a estender-se at a

    consumao do sculo. Abrao como sa

    cerdote de Deus, foi o grande arauto

    da promessa messinica, em sua poca.

    O fato de Gnesis repetidas vezes men

    cionar' Ali edificou Abrao um altar

    ao Senhor, e invocou o nome do Se

    nhor (Gn

    12.7,8;

    Gn

    13,4,18;

    Gn

    21.33),

    evidencia a pregao messinica do pro

    feta, Se Deus agiu sculos mais tarde

    com tanta severi1::lade contra os povos

    da Palestina, foi sem dvi

  • 7/21/2019 Igreja Luterana 1975 n1

    28/62

    feta. o fato de todos os escravos nasci

    dos em sua casa, e a todos comprados

    por dinheiro, todo macho dentre os de

    sua casa (Gn 17.23), serem circunci

    dados mostra o empenho de Abrao de

    transmitir sua f, mesmo aos mais hu

    mildes servos de sua casa.

    Por outro, sendo Abrao um dos ho

    mens mais ricos de seu tempo (Gn

    13.6),

    o que tambm significava ser poderoso

    (Gn 14), era assim uma personalidade

    'denotvel projeo. Esta posio social

    sem dvida foi de grande valia para

    que povos, tribos e naes, tomassem

    conhecimento da promessa messinica:

    em ti sero benditas todas as fan'

    lias do terra (Gn

    12.3).

    Mais tarde pe

    las palavras proferidas pelo rei Abimele

    que, e seu amigo Ausate, e fiel co

    mandante do seu exrcito, referente a

    Isaque: Tu s agora o abenoado do

    SENHOR (Gn 26.29), fica pelo menos

    expresso que tinham conhecimento do

    Deus de Abrao. E se o tiveram foi

    porque algum lhes anunciou o nome do

    Senhor. No queremos aqui concluir que

    eram homens convertidos, mas pelo me

    nos que conheciamas promessas de Deus

    conferidas a Abrao e seus descenden

    tes.

    A bno de Jaco Fara, eviden

    cia tambm passos preliminares de evan

    gelizao, realizados sem dvida por

    Jos. Sabemos por outro que os filhos

    de Jac no Egito, conservaram-se fiis

    s promessas de Deus. Se a Bblia no

    registra atividade evangelstica p,d., o

    fato de se manterem separados e com

    ulto prprio, serviu de testemunho a

    um povo essencialmente idlatra. Sendo

    o Egito uma potncia mundial, o con

    tato com os demais povos era constan

    te. o que favoreceu a Israel a projetar

    se como povo messinico.

    O DESDOBRAMENTO

    MlSSIONARIO NA ltPOCA MOSAICA

    Tambm a eleio de Israel cornopo

    vo de Deus, no exclui a universalidade

    da salvao expressa em Gn

    3.15.

    A

    uma universaliidade de salvao, segue

    se uma universalidade de evangelizao.

    Sequncia lgica. Um no faria sentido

    sem o outro

    Em Ex

    i9.6,

    Deus declara seu propsito com a eleio de Israel: vs me

    sereis reino de sacel1dotese nao san

    ta. Isto no quer dizer que Israel se

    r povo constitudo inteiramente de sa-

    cerdotes, mas que Israel cumprir fun

    o sacerdotal como um povo no meio

    dos povos; ele representa Deus no mun_

    do das naes. O que os sacerdotes so

    para um povo, Israel como povo ser

    para o mundo... O termo santo, to

    usado como idesignativo de Israel, tam

    bm aponta nesta direo. Por santo

    (qdosh) no se entende qualidade ti

    ca, mas relao com Deus, consagrado

    (e assim, tambm, separado) para um

    servio especial (A Natureza Missio

    nria da Igreja, pg 24). O fato de Israel

    ser nao nicade entre as naes de~

    vido a aliana de Deus com Abrao,

    d-lhe