Igreja Luterana 1999 nº2

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Sugestão de métodos para estudar parábolas.

Transcript of Igreja Luterana 1999 nº2

  • (

    SE~1INA.RlO CONCRDIADiretor

    Paulo Moiss NerbasProfessores

    Acir Raymann, Ely Prieto, Gerson Lus Linden, Leopoldo Heimann,

    Norherto Heine (CAAPP), Orlando N. Ott, Paulo Gerhard Pietzsch,

    Paulo Moiss Nerhas, Vilson Scholz.Professores emdtos

    Amaldo J. Schrnidt, Donaldo Schueler,

    Johannes ti. Rottmann, Martim C. Warth

    ii.;nEJA. ~~~T~RANA~.fi_ ~_ LU _ISSN 0103-779X

    Revista semestral de Teologia publicada em junho a novembro pela

    Faculdade de Teologia do Seminrio Concrdia, da Igreja Evanglica

    Luterana do Brasil (IELB), So Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.

    Conselho Editorial

    Acir Raymann (editor), Vilson Scholz

    Assistncia AdministrativaJanisse M. Schindler

    A Revista Igreja Luterana est indexada em Bibliografia BblicaLatino-Americana - Old Testament Abstracts .

    Os originais dos artigos sero devolvidos

    quando acompanhados de envelope com endereo e selado.

    / ~ Solicita-se permuta - '\I 'Ne request exchange I

    " '::i~rbitten Austaus~ /

    CorrespondnciaRev'..staIGREJALUTERANA

    Seminrio Concrdia

    Caixa Postal 202

    93.00 1-970 - So Leopoldo, RS

    NDICE

    VOUJME58 "

    FRUM

    Trapalhadas em final de sculcAcruzdaIELB .

    ARTIGOS

    Sugesto de mtodo para esn.:ic.:Vlson Scholz .

    "Pericopite" e sua cura: anlis' i_Vlson Scholz .

    Consideraes da tica crist qc:.c...:-:::;,

    tcnica de reproduo humana 2.2:.:

    Rafael Juliano Nerbas e Or!,_~:.:'

    Elementos de umaeclesio1cgi::: ~- .c-",::

    Igreja e sacramentos em \Volr,.:::-- ~:-.--:

    Manfred Krespsky Zeuch .....

    AUXLIOS HOMILTICOS . , .

    DEVOES ".,'

  • ?ietzsch,

    ubro pela

    .anglica

    .~J.o Brasil.

    :::'U[ICa

    NDICE

    IGREJA LUTERANA

    VOLUME 58 - NOVEMBRO 1999 - NMERO 2

    FRUM

    Trapalhadas em final de sculo 149A cruz da IELB o o o o o o o 151

    ARTIGOS

    Sugesto de mtodo para estudar as parbolasVlson Scholz o o o 153

    "Pericopite" e sua cura: anlise da narrativaVlson Scholz .... o 161

    Consideraes da tica crist quanto ao uso da fertilizao in vitro comotcnica de reproduo humana assistida

    Rafael Juliano Nerbas e Orlando Nestor Ou 167

    Elementos de uma ec1esiologia luterana contempornea:

    Igreja e sacramentos em Wolfhart Pannenberg

    Manfred Krespsky Zeuch 181

    AUXLIOS HOMILTICOS 202

    DEVOES 296

    147

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    fRUM

    TRAPALHADAS EM FINAL DE SCULO

    1999 foi um ano de muitas trapalhadas entre os "profetas" da destruio. Hou-ve quem anunciasse a destruio de Paris, com milhes de mortos em uma catstro-fe nuclear. At em fim do mundo se falou. Talvez estes movimentos escatolgicos,prprios de um final de sculo e milnio (independente da questo se o milnio defato comea em 2000 ou 2001), poderiam ser vistos com uma viso positiva. Afinal,permitiram um campo para anncio da viso bblica sobre o fim. No entanto, haspectos preocupantes para os quais, penso, deveramos estar atentos, como pas-tores e lderes na Igreja.

    o que acontecer diante da frustrao havida ante as falsas profecias? Impos-svel responder com segurana. J houve, na histria no to distante, situaesem que falsas profecias sobre as coisas do fim serviram para, com certas adapta-es, institucionalizar o erro. Exemplo 1- as expectativas geradas pelos discursosde William Miller, que calculou a vinda de Jesus para 22 de outubro de 1844. Seuerro acabou sendo reinterpretado, viabilizando o incio do Adventismo do StimoDia. Exemplo 2- semelhante ao anterior, agora com Charles T. Russel, que anunciouo fim do mundo para 1914. Apesar do engano, vem dele a seita "Testemunhas deJeov." Falsas profecias podem, quem sabe, seguir o roteiro destas citadas e gerarnovos grupos escatolgicos, a engrossar as fileiras dos j existentes. Segundo oInstituto Millennium Watch, que pesquisa os fanticos milenaristas, h cerca de1200 "profetas" nos Estados Unidos, declarando serem Cristo. (Revista Isto 04/08/99, p. 110)

    Outra reao possvel diante da falta do cumprimento das "profecias" citadas a concluso, pelo mundo, de que a mensagem dos religiosos engano e supersti-o. Esta seria uma generalizao ampla, para o que deveria ser aplicado aosmilenaristas. Para alguns pode parecer que os "cristos" esto por a, com Bbliasdebaixo do brao, anunciando catstrofes, que falham! muito fcil, para o mundo,colocar os religiosos no mesmo bolo. O antroplogo Ari Pedro Oro, da Universida-de Federal do RS, faz a anlise: "Quando as sociedades parecem ter chegado a umaencruzilhada, comum a populao olhar para o cu esperando que um fato sobre-natural substitua este mundo por um melhor." (Zero Hora 08/08/99,p.36)

    Faz-se necessria uma contnua e profunda nfase no ensino bblico daEscatologia, e seu testemunho fiel ao mundo. A IELB dedicou boa parte do tempode suas atividades nacionais e regionais em 1999 para o estudo das coisas do fim.

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  • Igreja Luterana - N 2 . 1999

    preciso manter o ensino equilibrado, sbrio e claro da Escritura sobre este assuntocativante e tantas vezes abordado com sensacionalismo. Sem negar a realidade daLei, que anuncia condenao aos descrentes, preciso continuar enfatizando acentralidade do Evangelho, tambm no ensino da Escatologia. Afinal, a Lei anunci-ada para que haja arrependimento e, pelo Evangelho, salvao. Corno Igreja, noestamos a simplesmente esperando um fim, mas a revelao plena do reino do Se-nhor Jesus Cristo, o que aguardamos com alegria e esperana.

    Escatologia mensagem de esperana e consolo. "As quatro atividades dainumervel companhia dos salvos, nas celebradas palavras finais de A Cidade deDeus [de Agostinho] recapitulam temas centrais na escatologia bblica. "Paz" des-creve o repouso perfeito em Deus daqueles que no tempo terreno foram justifica-dos por graa, por causa de Cristo, mediante a f. "Viso" denota o cumprimentodo intelecto humano no seu observar a verdade, que o prprio Deus. "Amor" quebrota de Deus, para encher Seu povo, e voltar a Ele, satisfaz o corao e a vontadede homens e mulheres, feitos para a comunho pessoal com seu Criador e uns comos outros. "Louvor" tanto a resposta da criatura misericrdia divina, que de boavontade rende a Deus o que dele, como tambm a voz de Cristo em ns, falandoao Pai ..... O antigo testemunho do bispo de Hipona, no 5 sculo, permanece atualat hoje, visto que o mistrio de Deus em Cristo e permanecer eterna fonte devida: L ns teremos paz e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvare-mos. Vede o que ser no fim, que no tem fim! Pois qual o nosso fim, seno chegarquele reino que no tem fim?" (JohnR. Stephenson,EscathoZogy - ConfessionaZ LutheranDogmatics - voZ. XIII, editor: Robert D. Preus, Fort Wayne, The Luther Academy, 1993,p.132,3).

    Gerson Luis Linden

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    c The Luther Academy, 1993,

    Gerson Luis Linden

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    A CRUZ DA IElB

    Como anda a cruz daIELB? Pelo visto ela anda bem, obrigado! Basta andarmospor esse vasto territrio "ielbiano" para constatarmos essa verdade. Pois esses diasandei refletindo sobre ela e quero aproveitar esse espao para partilhar com osleitores alguns pensamentos.

    Esta logomarca j est conosco desde 1991. Creio que um tempo razovel parase avaliar a sua validade ou no. Quando o Conselho Diretor (23-26 de maio de1991) aprovou a "Cruz daIELB", estava na verdade cumprindo uma resoluo da 50"Conveno Nacional (1986), a qual havia determinado que se criasse uma identifi-cao fcil para as congregaes da Igreja Evanglica Luterana do Brasil. No seulanamento, ficou claro o que significava essa identificao fcil. A logomarca daIELB prpria para utilizao em papelaria (papel ofcio, envelopes, cartes), pai-nis (placas de identificao, out-doors), trabalhos em escultura e outros (cf. Men-sageiro Luterano, julho de 1991, p.5).

    J se passaram quase dez anos, e a cruz da IELB est a. Podemos v-Ia emvrios tamanhos e nos mais variados e inusitados lugares. Alm da tradicionalexplicao: "L" para Luterana e o "B" estilizado, sugerindo do Brasil. J h quemveja outras explicaes para a mesma. O "1" para Igreja e o "M e L" de MartinhoLutero! A cri atividade grande e certamente seremos surpreendidos com outrasexplicaes.

    Mas qual o ponto? A cruz da IELB no cumpriu o seu papel? Sim. Certamenteque sim. Hoje essa logomarca sinnimo de IELB. Ningum duvida que ela ajudou(e ainda ajuda) na divulgao do nome da igreja e tambm na sua identificao.

    Para explicar o meu ponto, quero retomar uma frase colocada acima, quandomencionei que a cruz da IELB pode ser vista "em vrios tamanhos e nos maisvariados e inusitados lugares".

    Tenho observado que no af de se utilizar a cruz da IELB, se perdeu de vista oseu primeiro propsito - identificar a instituio. E nesse particular, a cri atividadetem sido grande. J se pode ver a "cruz da IELB" encimando altares de igrejas, nosparamentos do altar e do plpito, em estolas pastorais e at gravadas em utensliosda Santa Ceia. Quem sabe se tenha dado um novo significado ao "L" da cruz daIELB = "litrgico"?

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  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    Aqui h que se fazer uma distino. A logomarca da IELB um smbolo dainstituio. Seu papel identificar e divulgar a denominao. uma cruz, verdade,mas uma marca de identificao da IELB. Isso no quer dizer que ela no podeestar presente nos templos da IELB (especialmente nos cartazes de divulgao dasnfases anuais da igreja), mas jamais deveria tomar o lugar do crucifixo! e dossmbolos Iitrgicos da igreja crist, os quais so universais e pertencem Igreja detodos os tempos e pocas.

    Vinculado a isso, gostaria ainda de chamar ateno para os destaques e nfasesanuais daIELB. A cada ano a igreja prope uma temtica, e sugere que a mesma sejaestudada nos grupos do PEM, nos estudos bblicos e utilizada como tema de ser-mes dominicais. Aqui h que se cuidar para que o texto do Domingo no se torneum pretexto para se falar do destaque do ano. Cada texto proposto pela Srie Trienaltem o seu prprio destaque, bem como de resto todo o domingo do Ano Eclesisti-co. A srie de leituras foi elaborada com muito cuidado, pois no busca somente ointerrelacionamento dos textos, mas procura refletir todo o desgnio de Deus (Atos20.27) e quer manter um ano Iitrgico Cristocntrico. No quero dizer com isso queos destaques anuais da IELB no devam ser estudados ou mesmo anunciados doplpito. Neste caso, o bom senso deve imperar. Quando o texto do domingooportunizar pregar sobre referido destaque, que assim seja feito. Agindo assim, o"Cristo para Todos" (e os destaques anuais) certamente no ir soar apenas comoum lema ielbiano, mas com certeza como um lema bblico e altamente relevante.

    A cruz da IELB est a. E parece que veio para ficar. O seu valor, ningumquestiona. O que se espera que ela seja de fato utilizada para o fim a que foidestinada - identificar a IELB! Tendo dito isso, espero ter contribudo para que seuuso na IELB seja feito de forma adequada e coerente, bem como seu lema e desta-ques anuars.

    ElyPrieto

    o mais importante ornamento do altar o crucifixo. O crucifixo enfatiza a humanao deCristo e seu sacrifcio perdoador. Uma cruz lisa e vazia carece dessa nfase. Todavia h quemafirme que a cruz vazia representa a ressurreio. Particularmente, creio que a cruz vaziaapenas lembra que Cristo foi tirado dela - ainda morto I Se queremos falar de smbolo daressurreio, teremos que inevitavelmente apontar para a tumba vazia (Cf. Lc 24.1-12). Emcontraposio queles que querem ver um Cristo espiritualizado, a Igreja Luterana cr econfessa que " parte desse homem no h Deus" (PC, DS - Da Pessoa de Cristo, Vll1, 81).

    Sendo assim, o crucifixo pode tornar-se matria confessional. A tradio luterana prefere ocrucifixo cruz vazia. Todavia, possvel utilizar o crucifixo em cima do altar e a cruz(vazia) por detrs da mesa-fixa ou suspensa.

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    ARTIGOS

    SUGESfC

    ESTUDAJ

    Nenhum mtodo, nem m~o-::--

    quada compreenso de um l~ -=hermenutica ou exegese a;:,:,oc- -procura entender um texto.princpios este: a gente r:~:contrrio, a gente segue os rr -terico da hermenutica, o 0_ - ~-

    intepretativo, existe uma t.;;~,~__ - =receptor ou intrprete, expIe ..

    A sugesto de mtodo q_~ :,se, entender as parbolas. ?::.e ainda assim ficar sem ent:,,": _c-

    A estrutura do mtodo co'':' :-_

    I. G?~~

    1. Segmentao do DisClU'diferentes edies da E::- -

    Ttulos em Bblias tcr ..:.~-

    Ia. Por outro lado, os tf,'.:: _c -

    DI: Vilson Scholz

    Professor de Te.ologi" ,..Traduo da Sociedcld" = -

    1 Lonergan, Method I!: :;-prpria.

    2 Lategan, "Hermeneut:~: -,Horzons: Part 1 . Pc.:.

    Papers, Number 8. p ::

  • ~~ =ELB um smbolo da

    uma cruz, verdade,c dizer que ela no pode

    _:,::a.zes de divulgao das_

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    15.11-32 seria "O Filho Prdigo" (ARA), "O Pai Amoroso" (J. Jeremias), "O PaiCompassivo e o Irmo Irado" (Peter R. Jones), "Dois Filhos" (Contemporary EnglishVersion), ou "Uma Famlia Desajustada e seus Vizinhos" (Richard L. Rohrbaugh)?Poderia ser tudo isso ao mesmo tempo? Outra questo: Ser que tanto Mt 18.10-14quanto Lc 15.1-7 so "A Parbola da Ovelha Perdida", como aparece no The GreekNew Testament?, ou seria Mt 18 muito mais "A Parbola da Ovelha Desgarrada"?

    2. Crtica Textual (Podemos at concordar com os editores do texto grego, mastemos o direito de saber que opes eles tinham.)

    Aqui o exegeta se pergunta: Que "verso" est sendo lida como texto? Existealguma variante? O que explica o surgimento da( s) variante(s)? Faz alguma diferen-a? Mesmo que no se esteja disposto ou capacitado a discordar dos editores dotexto grego, o exame das variantes textuais ajuda pelo menos a perceber o que inusitado ou difcil, o que incomodou os leitores do texto no passado. No entanto,a questo fundamental sempre esta: Que diferena faz? Como seria o texto seadotssemos a variante? claro que, se o exegeta no consegue ver a diferenaentre texto e variante, ter de suprimir este passo.

    3. Textura (A parbola como obra de arte ou vitral.)

    "Textura" e "texto" tm muito em comum, a comear pela mesma raiz latina. Umtexto uma seleo de signos lingsticos, que so tecidos ou entrelaados numateia ou rede de relaes. Aqui, pois, cabe ver o padro que resulta da combinaodos diferentes elementos ou signos. Infelizmente, no passado as parbolas foramvistas antes de tudo como janelas atravs das quais se pode enxergar algo diferen-te, seja o conceito "reino de Deus", seja a pregao do assim-chamado Jesus hist-rico, seja o contexto eclesistico do evangelista. Em tempos recentes, no entanto,depois do que Bernard C. Lategan chama de "Onda Estruturalista", as parbolaspassaram a ser vistas como vitrais que tm sua beleza prpria.

    Atentar para a textura do texto, contemplar a beleza do vitral, implica evitar aatitude do tipo "eu j sei o sentido, por que me preocupar com os detalhes daparbola?". Cumpre perguntar: Em que sentido este texto singular ou nico?Nunca demais atentar para termos raros, conexes, padres que surgem, etc. Aquitambm cabe ir das partes para o todo, e voltar do todo para as partes.

    Igualmente interessante observar o "tempo" ou aspecto verbal. As parbolasso narrativas que tm um "tempo" ou aspecto verbal bsico, geralmente aoristo oupresente. Qualquer alterao no "tempo" ou aspecto, como, por exemplo, a passagemdo aoristo para o presente, pode ser significativa em termos de confirmao do "pon-to" da parbola. Alis, em estudos recentes sobre o aspecto verbal da lngua gregapassou-se a falar em "planos de discurso". Seriam trs planos: "pano-de-fundo"(Background), "realce" (Foreground), e "destaque" (Frontground).3 O "pano-de-

    J Stanley E. Porter, ldioms of the Greek New Testament, Sheffield Academic Press, 1996, p. 23.

    154

    fundo" o aspecto prirr:i.-: -presente serve para dar "'c .'.'..dar "destaque". Exemp li:-::. ca no aspecto presente.:'. :'e:."tinha"). No v. 7, passa-s:-" '.respondendo diz (YEL :2::"':':- _traduzido por "disse". A;::.:: _ :-.:.c~ao que dito. Em outras f':':'parece ser confirmadocautela, para no querer e".::' =.ria ser baseada unicame:,::- -.

    "interpretaes do aspe:::claramente apoiadas pele::--::

    Outra coisa que se ped-: -:..- .to se sabe, foi formulada v- >.': - _-prefiram o termo "extra' . .:.;:..-_a) Exagero ou hiprbole: t ::: --:--contraste para apresentar " :..vencionais. Huffman con::'. :_:-

    para revelar que a vinda c.: -:-

    4. Gnero ou Forma Uri?!'~= _

    sabido que oNovo T:,:,.=--:-:--:sentido amplo ou genri:: .. : .os (Lc 4.23), ditos sapienci.:::embora Tapaf3o~ apare~c. :-significa que existem 50parbolas no aparecem id-::.:- _

    Ao se querer defini: f:'Aristteles (Topica, VIII. ~ _:-: _:- :formuladas. James W. Yc':-.cno-literais destinadas a e:.'

    definio, "histria temer::. :.

    coloc-Ia de ponta cabe;:::teITena". Isto assim pCl':_=antes, e s ento se formul:e..: -

    mao" da histria terrena ~.~. _

    4 Silva, Explorations in E:'."l.Book House, 1996, p. 7';

    5 Norrnan Huffrnan, "Atypl~": ;=,:97 (1978), 207-220.

    fi Paul Ricoeur, "Biblical :-:'o~~-,7 James W. Voelz, Whar D.,,: :-

  • , ., (1. Jeremias), "O Pai: s" (Contemporary English

    Richard LRohrbaugh)?~~~que tanto Mt 18.10-14

    : :mo aparece no The Greek,~ da Ovelha Desgarrada"?

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    :>sim-chamado Jesus hist-

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    . , ::: do vitral, implica evitar a:-:curar com os detalhes da, " I~XW singular ou nico?: :::::3es que surgem, etc. Aqui:: ?a~a as partes.

    :

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    Existem, nos Evangelhos, trs tipos de parbolas: "7TapapoAaL-smile" (em n-mero de doze, segundo Madeleine Boucher8); "7TapapoA1X-parbola" (em nmerode dezesseis, segundo Boucher); e "7TapapoAa-ilustraes" (em nmero de quatro,todas em Lucas). Esta classificao remonta, no mnimo, a Adolf J1icher, cuja obrapublicada em 1899 teve grande influncia na interpretao das parbolas no sculoXX. Jlicher popularizou a diferena entre "Gleichnisse" (smiles), "Parabeln" (pa-rbolas), e "Beispielerzahlungen" (ilustraes). Para Jlicher, o bom samaritano (Lc10), o rico insensato (Lc 12), o rico e Lzaro (Lc 16), e o fariseu e o publicano (Lc 18)so ilustraes. Parbolas envolvem comparao entre dois planos ("o reino dcDeus semelhante a ...."). Uma ilustrao no envolve comparao, pois apenasexcmplifica um princpio ou um valor (o amor ao prximo, por exemplo).

    As 7TapapoAa-parbola, que so parbolas narrativas, tendem a seguir algumasdas "leis" que norteiam narrativas populares: a. conciso; b. ponto de vistaunitrio; c. o carter dos personagens revelado pelo modo de agir (e no por meiode descrio); d. pouca nfase nas emoes; e. nfase nos personagens princi-pais; f. no-revelao do que levou a determinado modo de agir; g. omisso deconcluses bvias ou irrelevantes; h. linguagem concreta; i. discurso direto emonlogo; j. repetio; l. clmax no final.

    5. Tradues (No precisamos fazer de conta que o texto nunca foi traduzido.)

    Nenhuma traduo substitui o original, e raramente uma s traduo conseguereproduzir toda a beleza do texto. Por isso, quanto mais verses do texto se puderler, melhor.

    n. LGICA (= Histria e Teologia)

    6. Contexto Literrio (Onde aparece a nossa parbola no contexto amplo danarrativa?)

    Este passo parece to bvio, mas no . Em geral se ignora ou manipula oCJntexto literrio. Procede-se corno se as parbolas tivessem vida independente,formando um "quinto evangelho". Para os crticos, ento, o contexto meramenteredacional e precisa ser substitudo pelo "contexto vivencial" (Sitz im Leben) origi-nal. Em anos recentes, no entanto, voltou-se a valorizar o contexto cannic09.

    Por que existe essa tendncia de ignorar o contexto literrio? Talvez porqueessa moldura literria contribui significativamente para o seguinte dado estatstico:75% das parbolas de Jesus aparecem interpretadas nos Evangelhos! Para proporinterpretao diferente, preciso em boa parte desprezar esse contexto.

    , Madeleine L Boucher, The Parables. Wilmington, Michael Glazier, 1983.

    v Um exemplo disso o livro de John Drury, The Parables flI the Cospels (New York, Crossroad,1989). Leva em conta o contexto literrio, embora esteja por demais preocupado com aassim,chamada "crtica da redao"

    156

    Ao se levar o conte':':"histrias dentro da hist"c.

    A preciso ver se existe, :~.=

    narrativa menor) e do e\c.~.~::parbola do Filho Prdi;atitude o filho mais velhc "

    na narrativa maior, que o L:-.: .. .:o pai (que representa Je5,:;

    7. Contexto Histrico f C-, .

    Uma parbola, por HEi, ,no pode ser isolada de sc;,- ,convencionou chamar de o valor relativo do denric

    trabalhador do campo na Fc..::;.

    preciso cautela par:: c.:Isto acontece particularme::::c ::"histrico-crtico, e se con ,_,:

    qual se enxerga o contex:e::.c. =Jesus. O mesmo vale paE., ::-.eatravs da parbola para e:.:.:acima (ou abaixo) do tex:e. ,c, -_

    dor de vidraa", tornandc :, c :c .-.:

    Outro perigo tentar ["

  • .30dx-smile" (em n-

    .-::

  • Igreja Luterana . N 2 1999

    8. lntertextualidade (todo texto , num certo sentido, afuso de textos anteriores.)

    Que textos esto refletidos ou ecoam na parbola? Em geral, a lista de passa-gens paralelas no to extensa assim, nem mesmo numa edio Nestle-Aland.Nem sempre todas as passagens pertinentes so citadas. Por exemplo, a parbolado semeador j foi descrita como "um midraxe de 1saas 55". No entanto, Nestle-Aland no apresenta 1s 55.10-11 como paralelo.

    Tambm cabe perguntar se h algum "tema parablico". Temas parablicos sopalavras ou conceitos que, por sua freqncia (no AT e nas parbolas), acabamvirando tema. Rei, dono de casa, semeador, vinha, so exemplos de temas parab-licos.

    Outra questo a investigar se a parbola pode ser descrita como parbola doReino. Caso afirmativo, qual a relao? No faltam estudos das parbolas em quese procura relacionar todas elas com o reino de Deus, mesmo aquelas em que talconexo no tornada explcita. Neste caso, algumas tratam da vinda do Reinoagora, outras falam da consumao do Reino, outras falam do Deus do Reino, dagraa do Reino, das pessoas do Reino, etc.

    Uma questo interessante, neste particular, se devemos privilegiar o mtododedutivo ou o indutivo. Em outras palavras, devemos formular uma teologia doreino a partir dos evangelhos como um todo e aplicar isto s parbolas (dedutivo),ou devemos partir das parbolas e entender o conceito de reino de Deus a partirdelas? Talvez tenhamos que fazer as duas coisas. No entanto, a hermenuticaluterana, adotando o princpio de que as passagens mais claras (neste caso, no-figuradas) devem iluminar as menos claras (no caso, as parbolas), d prefernciaao mtodo dedutivo.

    Ainda neste passo, cabe fazer uma comparao sintica (sempre que houver umparalelo em outro evangelho). No entanto, luz da recente nfase nos evangelhoscomo narrativas ("Narrative Criticism"), passou-se a preferir a leitura sintagmtica(o lugar da parbola na narrativa maior) leitura paradigmtica (as semelhanas ediferenas da parbola em relao verso paralela em outro sintico).

    lU. RETRICA (= Impacto e Aplicao)

    9. A Mensagem da Parbola

    Aqui cabe fazer uma srie de perguntas:

    a. As parbolas transmitem uma mensagem, que precisa ser destilada das mesmas,ou seriam elas prprias a mensagem? Tradicionalmente se tem visto a parbolacomo trazendo uma mensagem. Neste caso ela pode ser comparada a um"cdigo" ou "vasilha", para ficar com a terminologia empregada por Thomas G.

    158

    Long12 Mais recente:T:~~~:. ~.A imagem usada :l d~ _simplesmente reduzi~ :: ::_~~-

    ningum questionou:, "quanto a que vamos j"'~~z.::.:

    b. Quantos pontos-de

  • .~fuso de textos anteriores.)

    , Em geral, a lista de passa-,cuma edio Nestle-Aland.

    _':'~5 Por exemplo, a parbola-',:3555". No entanto, Nestle-

    - ' :::0". Temas parablicos so-"~Te nas parbolas), acabam

    ;~: exemplos de temas parab-

    ,: '~r descrita como parbola do-, ~5tudos das parbolas em que

    :: , ~o. mesmo aquelas em que tal_'.2S tratam da vinda do Reino

    . _, :'.llam do Deus do Reino, da

    ., :~\emos privilegiar o mtodo,-:',::'S formular uma teologia do

    . .'::isto s parbolas (dedutivo),.~:o de reino de Deus a partir

    ::\0 entanto, a hermenutica, :-'eaisclaras (neste caso, no-

    '. 2S parbolas), d preferncia

    :.,5tiea (sempre que houver um:~:ente nfase nos evangelhos

    , :,C'referir a leitura sintagmtica. :,,~digmtica (as semelhanas e, :~:n outro sintieo).

    :.::cto e Aplicao)

    . - --::isa ser destilada das mesmas,::,:mente se tem visto a parbola

    -:'2 pode ser comparada a um, , : ;:ia empregada por Thomas G.

    Igreja Luterana - N" 2 - 1999

    Longl2. Mais recentemente se passou a enfatizar que a parbola a mensagem.A imagem usada a de uma "obra de arte". Posto em outros termos, pode-sesimplesmente reduzir a parbola a uma "verdade central"? Por muito temponingum questionou a legitimidade de tal procedimento, mas fica a perguntaquanto a que vamos pregar: a parbola oua verdade central da mesma?

    b. Quantos pontos-de-comparao (tera comparationis) pode uma parbolater? A maioria dos estudiosos vai responder, quase que por reflexo condiciona-do, que a pergunta est mal formulada, pois uma parbola tem apenas umtertium ou ponto-de-comparao1J. Nisto, mesmo sem saber, esto fazendocoro com Adolf J1icher, que, opondo-se ao mtodo alegrico e recolTendo aAristteles, insistiu no "um s ponto". Nos ltimos anos tambm isto tem sidoquestionado, passando-se a admitir que uma parbola pode ter mais do que umponto. Craig L. Blomberg, por exemplo, defende a tese de que existe um tertiumou ponto por personagem, o que geralmente resulta em trs tertiacomparationisl4. Outros argumentam que impossvel limitar o nmero depontos-de-comparao, pois varia de parbola a parbola. Blomberg chega aafirmar que o mtodo de Agostinho (i.e. alegrico, com pluralidade de pontos)era na verdade melhor do que o de J1icher (no-alegrico, com um s ponto). Oproblema de Agostinho foi decifrar detalhes que no so relevantes e valer-sedo cdigo eITado. No raras vezes Agostinho explica as parbolas como sefossem histria da igreja e teologia em cdigo.

    10. O Propsito e o Impacto da Parbola ("Palavras so usadas para fazercoisas", lohn L. Austin)

    Mais uma vez cabe fazer uma srie de perguntas:

    a. A quem Jesus se dirige, aos discpulos, multido, ou a seus adversrios?b. Qual o propsito da parbola, ou seja, que quer Jesus alcanar com a mesma')

    Segundo Jacques Dupontl5, Jesus contou parbolas com o intuito de "cons-truir pontes" que permitissem a passagem do ponto-de-vista dos seus advers-rios para o ponto de vista que ele trazia. A parbola no era apenas um convitea cruzar a ponte, mas era a prpria ponte .

    c. Por que, humanamente falando, esta parbola est na Bblia?d. D para saber como esta parbola foi lida ao longo dos tempos, especialmente

    pelos Pais da igreja antiga?

    " Thomas G. Long, Preaching and lhe Lilerary Forms of lhe Bible, Fortress Press, 1989.

    13 O termo latino lerriwn quer dizer "terceiro". Designa o terceiro elemento, que faz a ligaoentre os dois outros: a imagem ou figura e o assunto de que se fala. Equivale a "ponto-de-comparao" .

    14 Craig L. Blomberg, Inlerpreling lhe Parables InterVarsity Press, 1990.15 Jaeques Dupont, Por que parbolas? Petrpolis, Vozes, 1980.

    159

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    e. A parbola teve alguma influncia na formulao de alguma doutrina? Ainda seaplica o princpio theologia parabolica /10/1argume/1tativa est (que equivale adizer que parbolas no podem ser usadas para fundamentar doutrinas)? Oexemplo clssico neste caso o uso que Agostinho fez da parbola do joio (Mt13.24-30), em sua luta contra os donatistas. Segundo Agostinho, a parbolaensina que a igreja um corpus mixtum, incluindo bons e maus. Acontece quea parbola deixa claro que o campo o mundo, no a igreja! Outro exemplo tirado de Craig Blomberg, que apela para Mt 20 como "uma das mais claraspassagens didticas da Escritura contra a noo de que existem graus de glriano CUI6". Dum ponto-de-vista luterano, questionvel basear tal afirmaounicamente numa parbola.

    f. Que podemos aprender de nossos contemporneos, especialmente outros pre-gadores?

    g. De que modo Deus nos fala nesta parbola em lei e evangelho?h. O que "relevante" em nosso contexto (se que nos cabe decidir o que

    relevante) ?1. Qual o contexto litrgico da parbola?j. Como posso pregar o evangelho a partir desse texto?

    A ltima pergunta j nos encaminha para a homiltica, que a arte de pregar asparbolas. Mas isto outro departamento.

    16 Craig L. Blomberg, Jeslls and lhe Cospe/s. Nashville. Broadman and Holman Publishers,1997, p. 302.

    160

    Igrejas crists, em eSf'e::~ _seus cultos, correm o risc.~c :

    apenas percopes ou pcqc:e-.l- _todo. Currculos de esccl:e -.mal. Um certo nmero de :..,:~:-

    que vida prpria. As h;,,~salvao (que narrativa e'-se estudar o Bom Sam3r:::::-. -

    levar em conta que, em Lc.: .

    efeito dessa justaposio e _ ~-prximo (Bom Samaritan:

    Uma outra maneira deie:,::-c

    para tomar emprestado um:narrativa, mas por diversas :-2.2 -'0

    dc verdades teolgicas qc:e:=-:-e::Mtodo Dogmtico, detamento, o Mtodo Hist6:-:: -isto ressuscitado, em quem: _~ est conduzindo um intenso

    _.:-.i:, diz que no se pode escre-:- _ s::" que isso se faa num dilo-

    ,~u um conceito raro para um

    --:,atrstico e expresso especial-- - ~:-J)ergdiscute vivamente com a

    Jade do seu conceito de sacra-

    ic, cumprimento da histria de. ::\uma aproximao tipolgica,~, como sendo uma realidade,

    _ -~.ao estreita entre a Igreja e osc -:' saltada nesta viso prolptica.

    ::'Jsio singular, que do lado-3, Metz ou L. Boff.85 Existem

    ~:-.:cscomo sendo uma antecipa-

    _: Ebeling do sacramento como-:-iente catlico W. Kasper,86e de

    sacramento Jesus Cristo, tendo:2'lsso com essas correntes teo-

    e.:: um srio exame da questo do. :=.:lavra e sacramentos, que muitas- Trata-se, com Pannenberg, mais

    . -=:-enterafirmou de Lutero, do que

    ..'- ~que a concepo de Pannenberg: qual a proclamao e a absolvi-

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

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    Die Problematik der Abendmahlslehre aus evangelischer Sicht. ln:Evangellisch-katholische Abendmahlsgemeinschaft. Gottingen, 1971, pp.9-45.

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    Konfessionen und Einheit der Christen. ln: Dem Wort gehorsam. (Festschriftfr D. Hermann Dietzfelbinger). Mnchen, 1973, pp.261-275. - tambm em

    Okumenische Rundschau Ano 22, Heft 3 (Juli 1973), pp. 297-308.Lebensraum der ehristlichen Freiheit. Die Einheit der Kirche ist die Vollendung

    der Reformation. Evangelische Kommentare 8 (1975), pp.587-593.Reformation und Einheit der Kirche. ln: Una Sancta 30 (1975), pp. 172-182.Anspruch auf Katholizitat. Das Augsburger Bekenntnis aIs Grundlage fr die

    Einheit. (2. Teil)>>.Lutherische Monatshefte 16 (1977), pp.27-32. - tambm com-pleto sob o ttulo: Eine Grundlage fr die Einheit? Die Augsburger KonfessionaIs katholisches Bekenntnis. KNA na 3/4 (1977),

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    __

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    AUXLIOS HOMIlTICOS

    PRIMEIRO DOMINGO NO ADVENTO

    28 de novembro de 1999Marcos 11.1-10

    CONTEXTO

    Com muita propriedade a percope da entrada triunfal de Jesus em Jesusalm temsido colocada como uma das leituras no incio do ano eclesistico como evangelhodo primeiro domingo de advento. Assim como Jesus entrou humilde, mas como rei,justo e salvador, em Jerusalm, a filha de Sio, assim ainda hoje vem a sua igreja, afilha de Sio do Novo Testamento, trazendo justia e salvao, pela sua palavra esacramentos. A percope serve assim como preparao, no tempo do advento, paraa sua vinda espiritual aos nossos coraes, a fim de que possamos avanar comgratido a Deus, conforme o lema de nossa igreja para o novo ano eclesistico. Apercope encontra-se nos quatro Evangelhos com algumas diferenas na narraoque, porm, no so conflitantes. Aps haver passado a noite em Jeric, na casa deZaqueu, Jesus dirigiu-se a Betnia, aonde deve ter chegado sexta, tardinha. Pas-sou o sbado com seus amigos Lzaro, a quem recentemente ressuscitara dos morotos, Marta, Maria e outros seguidores, que ali moravam. No dia seguinte, domingo,ps-se em marcha rumo de Jerusalm com seus discpulos e outros peregrinos.Quando muitos peregrinos, j em Jerusalm para a festa da Pscoa, ouviram de suachegada, saram da cidade para encontrar-se com ele, com ramos de palmeiras,unindo as suas vozes ao cortejo, procedente de Betnia.

    TEXTO

    Quanto s aldeias de Betfag e Betnia, s podemos localizar a ltima, tendo aprimeira desaparecido. Betnia situava-se no lado leste do Monte das Oliveiras,onde se encontra hoje a aldeia El Azarigeh (cidade de Lzaro). Betfag deve ter-seencontrado entre Betnia e Jerusalm. Seu significado casa de figos e o de Betnia,casa de tmaras. At o ano de 70 A.D. aquela regio era coberta de rvores frutferase o Monte das Oliveiras, de oliveiras, quando os romanos mandaram cort-Ias,sendo at hoje seu nmero escasso.

    V 1- Jesus enviou dois de seus discpulos, que talvez fossem os mesmos de Lc22.8, Pedro e Joo. Se o Evangelho de Marcos registrou de fato as memriasde Pedra, ento um dos enviados deve ter sido Pedro, devido exatido dos

    dados fornecidos. R.A.Cole chama a ateno sobre o fato de que foram dedois em dois. Jesus costumava confiar uma tarefa a ser realizada em conjun-to, a um grupo, no mnimo de dois em dois. A ao solitria do cristo nuncafoi um ideal bblico. Apenas entrou mais tarde na igreja com o surgimentodos monges e eremitas.

    202

    V2- A aldeia que est2::: ::deveria ser um

    ainda no tinha slc .'de instrumento j~ ::::-::-:-:primcias. Passage-' .. I'esta interpretas ::_-ainda no usads ': .. _bem planejado.

    V 3- O Senhor precisa ,de:.;; -animal o liberasse,~_ .' .as maiores barrelr.:.' .

    vontade seja feita", .::

    V4 Os discpulos enviad::: :porto, certamente d" ::::. -

    ltima palavra I:fl:.:::rua), originalmente.::: ..:.-.

    sentido de quarteir2c:. c. _sariamente de uma L:: =:

    Vv. 5-6- Diz o nosso text,:::::discpulos estavam s:: :::. :nos (Lc 19.33). Esse'chegaram a conhec~-:-e:::

    e, por isso, permitirzc. ::_:conforme a ltima fr::.::

    Os que no admitem aprvio de Jesus feito com: s ::.encontram dificuldade ei!': ::::::_

    sugerido em Lc19.33 em c::passagens em que a onisc.2:-.1.48; Jo 2.4,25; Mc 10.33.3.:

    Merece destaque o pr.::: _.:::: --para eles obscura da qual "l:-::=comprometer a sua honestl::::::::desafio e so coroados de

    as tarefas penosas, muitas \ ",Ze::

    as mesmo com fISCO,sem;::: .:: -concedido pela fidelidade:::.: -

    V 7- uma das caracter::::::.histrico peio que ,~~.':: _nos pnmeIrOS ve:-:!=.

  • _:.ial de Jesus em Jesusalm tem_:0 ~ eclesistico como evangelho_: entrou humilde, mas como rei,

    o 0-0'0 ainda hoje vem a sua igreja, a,:, 'c salvao, pela sua palavra e

    ':,3.0, no tempo do advento, para,'o ie que possamos avanar com: :'ara o novo ano eclesistico. A

    :.lgumas diferenas na nanao_" :'::0 a noite em Jeric, na casa de

    o c:' :hegado sexta, tardinha. Pas-, o:' el1temente ressuscitara dos mor-

    :':''' amoNo dia seguinte, domingo,

    . _; discpulos e outros peregrinos.o o :. resta da Pscoa, ouviram de sua

    o , ~, ele, com ramos de palmeiras,: 3etnia.

    :. ' jemos localizar a ltima, tendo a:.i:, leste do Monte das Oliveiras,

    __~c de Lzaro). Betfag deve ter-se:.:.do casa de figos e o de Betnia,

    c:: 3.:,era coberta de rvores frutferas:.5 romanos mandaram cort-Ias,

    :.:e talvez fossem os mesmos de Lc

    ":

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    indicando aes passadas yyL( OUOLV, tXTOOtV,EL (v. 1), (v.2). No v. 7encontramos de novo os dois primeiros verbos no presente: cpPOUOLV,TIL~.OUOLV. Na traduo se perde essa nuana estilstica, sendo todos osverbos traduzidos no passado. Mas assim mesmo podemos perceber a su-cesso rpida das aes. Em Mateus e Lucas a maioria desses verbos seencontra no aoristo.

    Apenas Mateus relata que trouxeram a Jesus dois animais: o jumentinho e suame. Os outros evangelistas citam somente o jumentinho, pondo toda a nfase noanimal que foi usado como montaria. No h necessidade de ver nisso uma contra-dio. A jumenta no pertence essncia do relato. Ela foi levada junto talvezapenas para tornar o jumentinho mais dcil, quando dela acompanhado.

    Vv. 8-10- E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho. As vestes postas sobreo jumentinho tinham uma finalidade prtica: amaciar o assento. As que foramespalhadas pelo caminho serviam como tributo de homenagem que se pres-tava no Oriente a um rei (cf. 2 Rs 9.13). Era tambm uma demonstrao desubmisso e sacrifcio, oferecendo o que tinham de mais indispensvel parao prprio uso. Alm disso, para expressar a sua intensa alegria, espalhavamramos de rvores pelo caminho. Que tipo de ramos eram? Mateus usa ostermos K.OOU eXT tWV ovopwv (ramos das rvores); Marcos, oH~.oaKlj!av,E eX1T,WV eXypwv (ramos que haviam cortado dos campos); Lucas smenciona as vestes que estendiam pelo caminho e Joo fala em ~ata ,wvcpOLVLKWV (ramos de palmeiras) que tomaram para sair a seu encontro. Comoparece, serviram-se de ramos de diferentes plantas, tanto de rvores comode plantas rasteiras, tudo para expressar a mesma simbologia: alegria, espe-rana, vitria.

    Essa diversidade de ramos usados coaduna-se bem com o v. 9 que fala de doisgrupos: os que iam adiante dele como os que vinham depois. Os que iam adiantedele eram com certeza o grupo do qual fala Joo. Numerosa multido que j tinhavindo festa e se encontrava em Jerusalm, tendo ouvido que Jesus estava decaminho a Jerusalm, tomou ramos de palmeira e saiu a seu encontro, talvez agitan-do-os (Jo 12.12,13). Era costume dos judeus de agitar ramos de palmeiras na festados tabernculos como expresso de alegria. Encontraram-se com o grupo quevinha acompanhando a Jesus na descida do Monte das Oliveiras, do lado de Jeru-salm, onde toda a multido passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todosos milagres que tinham visto (Lc 19.37). As palavras jubilosas no so todas asmesmas nos quatro relatos. A multido pode ter proferido todas elas, sendo quecada evangelista registrou o que lhe foi transmitido por divina inspirao. Uma frase comum aos quatro: EU.\OYllIlvO o PXIlEVO v oVllan KupLou (bendito o quevem em nome do Senhor). 'EpXIlEVO um ttulo estritamente messinico (cf. Mt11.3). Designava o nome do Messias que deveria vir para tornar o nome de Deusconhecido aqui na tena e salvar a humanidade dos seus pecados. A palavra hosanafoi registrada por trs, com exceo de Lucas. uma transliterao de ~)?;-,)!'\Ui;-,(Salva-nos, ns te pedimos). uma combinao ao mesmo tempo de splica e de um

    204

    grito de homenagem ou

    o incio para o uso litrgi:'~ : --

    Tanto a frase Bendito c c cextrados do SI 118.25,26 E .:-:- -113-118), cantados duran:=.:. :=com o Messias esperado. _dos: hosana ao Filho de Do"

    (Joo) e Marcos, em lugar d= ::._Rei e reino se completam e 2r:'c.: ~ .um reino deste mundo. Iss: 2:0: _.morada de Deus para onde: o.:ainda so mais explcitas: pC.:paz que s Jesus poderia dar = .:._

    intil especular quant:sentrada de Jesus em Jerusalr:: = 2 - .s o compreenderam plenam=~:o _c'bm At 1.6). No importa (' ir2.triunfal foi o cumprimento d= Z _ :

    movido pelo poder do Espri:: ~.:.voz por todos os milagres quo ::r.-:recente milagre da ressurrei~2-

    corao, boca e mos, numa f~-,-,=.;tambm aceitou o seu lom'or. - - _ '.escribas de silenciar as vozes::::

    mais longe ainda, dizendo que _ . oo que as pedras iriam proteS:2: c'-

    PROPOSTA HOMILTIC-\

    Tema

    A entrada de Jesus em Je:'..:.:o'-igreja atravs da palavra e sacr:::--:-

    1. Ele vem humilde, porm c::-.' := .2. Ele deve ser recebido cc:-:.

    louvor e testemunho) e cc:-:- .: :-:-~

  • .c (v.1), (v.2).Nov.7~':::.:ntraram-se com o grupo que

    .~ das Oliveiras, do lado de Jeru-, :."'''' a Deus em alta voz, por todos

    :,\TaS jubilosas no so todas as. ~ ::roferdo todas elas, sendo que

    .' ::cor divina inspirao. Uma fraseV!-1aHKUPLOU (bendito o que

    , estritamente messinico (cf. Mt

    "ir para tornar o nome de Deus:.:, ,eus pecados. A palavra hosana

    :=: uma transliterao de XJ?:1l7't.:i;:1, , :-'iesmo tempo de splica e de um

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    grito de homenagem ou saudao, equivalente a "Viva!" ou "Glria!" Passou desdeo incio para o uso litrgico como uma interjeio de alegria e louvor.

    Tanto a frase Bendito o que vem em o nome do Senhor como o hosana foramextrados do SI 118.25,26. um salmo messinico que faz parte do grande hallel (Sls113-118), cantados durante a Pscoa pelos judeus. A multido identificou a Jesuscom o Messias esperado, o que expressam tambm os outros termos acrescenta-dos: hosana ao Filho de Davi (Mateus), Bendito o Rei (Lucas), Rei de Israel(Joo) e Marcos, em lugar de Rei, fala no reino que vem, o reino de Davi, nosso pai.Rei e reino se completam e ambos foram prometidos e estavam para vir. Mas no eraum reino deste mundo. Isso atestam as palavras nas maiores alturas, indicando amorada de Deus para onde Jesus em breve seria exaltado. As palavras de Lucasainda so mais explcitas: paz no cu e glria nas maiores alturas, aludindo quelapaz que s Jesus poderia dar e a uma glria no profana, mas celestial.

    intil especular quantos da multido entenderam o verdadeiro sentido daentrada de Jesus em Jerusalm e a natureza de seu reino espiritual. At os discpuloss o compreenderam plenamente depois que Jesus foi glorificado (J012.16; cf. tam-bm At 1.6). No importa o grau de compreenso, o que importa que a entradatriunfal foi o cumprimento de Zc 9.9 e que o entusiasmo do povo era autntico,movido pelo poder do Esprito Santo. A multido estava louvando a Deus em altavoz por todos os milagres que tinham visto (Lc 19.37), entre os quais figurava orecente milagre da ressurreio de Lzaro (Jo 12.17). Receberam a Cristo com ocorao, boca e mos, numa f alegre e confessante, ativa pela amor. Por isso Cristotambm aceitou o seu louvor, no atendendo ao pedido dos principais sacerdotcs cescribas de silenciar as vozes dos meninos no tcmplo (Mt 21.15) e em Lc 19.40 vaimais longe ainda, dizendo que o silenciar de tais homenagens seria um crime contrao que as pedras iriam protestar em altos brados.

    PROPOSTA HOMILTICA

    Tema

    A entrada de Jesus em Jerusalm, uma imagem de sua vinda ainda hoje a suaigreja atravs da palavra e sacramentos.

    1. Ele vem humilde, porm como Rei, trazendo salvao e paz.2. Ele deve ser recebido com o corao (f verdadeira), com a boca (confisso,

    louvor e testemunho) e com as mos (obras que sejam frutos autnticos da f) .

    Paulo F. Flor

    Dois Irmos, RS

    205

  • Igreja Luterana - N" 2 1999

    SEGUNDO DOMINGO NO DVENTO

    5 de dezembro de 1999Marcos J,1-8

    1.1) "areh" = incio, origem, princpio. Neste texto, descreve o comeo do evan-gelho de Cristo, segundo Marcos.

    Evangelho significa boas novas. Marcos usa esse termo para se referir aos fatoshistricos, palavra e obra de Jesus Cristo, como plenamente de acordo com asprofecias do AT.

    UlOU theou" = Filho de Deus. Essa designao aps o nome Jesus Cristoencontra-se somente aqui em todo o NT. Assim, Marcos apresenta Jesus Cristocomo o eterno Filho de Deus. Jesus (cujo significado Salvador, cf Mt 1.21), defato pode salvar inteiramente dos pecados, por ser ele de natureza divina (ct. Hb7.23-28). A natureza divina de Cristo o fundamento do evangelho.

    1.2,3) "kats ggratetai" = assim como est escrito. uma frmula confirmatriapara o relato que segue. Tudo o que segue aconteceu de acordo com o que foianunciado previamente pelo profeta, Os profetas anunciaram. Por isso, o quesegue devia ser assim, BLH: "A boa notcia~.. comeou como o profeta Isaastinha dito".

    "ngelos " = Joo Batista mensageiro de Deus. Essa uma das poucasocasies no NT em que o termo usado para referir-se a mensageiro humano e noa anjos. Alm deste texto, encontramos o vocbulo com o mesmo sentido de mensa-geiro humano emLc 7.24; 9.52; Tg 2.25 e Mt 11.10.

    A citao de 1s 40.3 e Ml 3.1. Joo Batista , por conseguinte, o mensageiro,aquele que foi enviado para anunciar ao povo a necessidade e meio de preparaodo caminho para a chegada de Cristo.

    Da, a citao de preparador do caminho. Logo, Joo Batista foi porta-voz epreparador do caminho para Cristo. Ele o Precursor do Messias vindouro.

    "Consciente de ser ele o porta voz e preparador do caminho para Aquele queestava para vir, o "mais poderoso" (l'vIc1.7), Joo o proclamou como sendo o execu-tor do julgamento divino. Ao mesmo tempo, Joo via nele o cumprimento da pro-messa proftica sobre a outorga do Esprito (Me 1.8). Porquanto o juzo de Deus iminente, exigido o imediato arrependimento. Joo no exigia apenas a confisso

    206

    do pecado mas tambr;~,

    pregao de arrependimcr~::Edmund, The Doetr!ne

    IA) Na pregao de JciL ~~::-~do pecado, visande - -:-C cde mente e atitud" ~ ,~-~~

    Batismo como mel;: "':-:~-:_na atitude dos batin:-', -

    poder ser a cita;: _mento.

    o texto traz "batismo d~~c::-~-"arrependimento? No se tE:'::uma purificao cltico-ceri'''.:r __

    o seu encontro com o juiz ',:r: cpregao, tomando-se comc:~c_

    O batismo de Joo relaci:rc

    livrar-se do julgamento. Arr: f: _ ~anependimento e, por caus:: c~ _salvao no juzo vindouro. '.;:

    a purificao e renovao es:c: ~tido pelos profetas (Me 1.S: '

  • . descreve o comeo do evan-

    , c:: :enno para se referir aos fatos::lenamente de acordo com as

    ~~:.;o aps o nome Jesus Cristo-- \larcos apresenta Jesus Cristo

    _::10 Salvador, cf. Mt 1.21), de~ "le de natureza divina (cf. Hb

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    o povo esperava a manifestao de Deus para o juzo. Parecia, no entanto, queDeus estava distante, alheio realidade e necessidades do cotidiano de seu povo.

    As vozes que se faziam ouvir no eram dignas de crdito, visto no terem sidoenviadas por Deus. Sua mensagem no era a mensagem divina de lei e evangelho.Por conseguinte, no preparavam para o "encontro com o Juiz".

    A voz de Deus, no entanto, se faz ouvir atravs do seu ltimo mensageiro etambm precursor de Deus - Joo Batista. Sua mensagem Palavra de Deus ampa-rada na voz dos profetas outrora enviados. Ele proclama Cristo, o Filho de Deus,como Aquele que est para vir. Nele h remisso de pecados e a outorga do EspritoSanto.

    Que tipos de vozes clamam e clamaro nesses domingos que precedem o terceiromilnio? Sero, de fato, a voz de Deus? Pense nos esotricos e suas exigncias de

    purificao, nos pentecostais e outros legalistas confundindo o rito de Batismo comuma conformidade a leis eclesisticas, etc. No parece ao povo de Deus que ele secalou por dois milnios, deixando seus filhos sem a sua companhia e orientao? E, seDeus continua ativo, onde podemos ouvi-Io e de que maneira nos comunicamos comele? So fidedignas as tantas vozes que clamam e exigem do pobre pecador? A per-gunta da Idade Mdia continua atual: "Como encontrar um Deus gracioso?"

    Essa reflexo prpria para conduzir ao tema da pregao:

    Deus nos fala pelo Evangelho de seu Filho. (v.I)

    Rudi Thoma

    So Borja, RS

    208

    TERCEI:RO

    CONTEXTO

    O Evangelho de k:"Jesus diante dos discpc:;.: : _.Estes, porm, foram f;,.~Deus, e para que, crend: . .:::".

    Nossa percope se "L':-=-'que o Verbo (Jesus) ete:'(Jesus) a redeno ( 19-:-respeito de Jesus Cristo. -.

    No v. 6 Joo (o Bati:::-=-:: :--,-tem autoridade dada per D,idosos (Zacarias e Isabe 1 ::. - ::nascimento de Joo afim,.'.

    Esprito Santo, j no vem'::"E a mo do Senhor est::'-=-

    Promessa Divina, de algu:':. -era um representante pe",'

    vv. 7 e 8- dito quc Je:"estava no mundc ,:: _

    presente. E mais t,,- ~_"Eis o Cordeiro de D::_:

    a luz, como bem eliso", ~" _

    5.35); ou seja, Jose ::verdadeira. A fun:L =-=-

    vv.19-23 - Umade1ega~-"- -=-.:sobre quem ele cr:: e . -=-.:"- '-,~ promessa de D::c:' _

    Elias, antes que \er.:--.-=-. ~.ele era o profeta qu:: :::-lhes-ei um profeta:: - r'::as minhas pala '-r,' .: ..ponde: No. A

  • .ufzo. Parecia, no entanto, que::::::es do cotidiano de seu povo.

    ~ :: ~rdito, visto no terem sido

    ;em divina de lei e evangelho.::,:mo Juiz".

    ~s do seu ltimo mensageiro e

    :-:,s::gem Palavra de Deus ampa-:::, ::lama Cristo, o Filho de Deus,

    :::-pecados e a outorga do Esprito

    :::'Tlingos que precedem o terceiro" " esotricos e suas exigncias de

    ",'Jndindo o rito de Batismo com

    ::::::-:e ao povo de Deus que ele se'J,i companhia e orientao? E, se

    :: J:- maneira nos comunicamos com

    . \:igem do pobre pecador? A per-'-"rar um Deus gracioso?"

    :;2 pregao:

    :l seu Filho. (v.I)

    Rudi Thoma

    So Borja, RS

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO

    j2 de dezembro de 1999

    Joo 1.6-8, 19-28

    CONTEXTO

    O Evangelho de Joo expressa claramente o seu propsito: "Na verdade fezJesus diante dos discpulos muitos outros sinais que no esto escritos neste livro.Estes, porm, foram registrados para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho deDeus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (20.30-31).

    Nossa percope se situa no prlogo do Evangelho de Joo, onde testificadoque o Verbo (Jesus) eterno (1.1-2); estava junto ao Pai na criao (1.3); e o Verbo(Jesus) a redeno (1.9-14), e se estende pelos testemunhos de Joo Batista arespeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus que tira o pecado do mundo (1.29-34).

    No v. 6 Joo (o Batista) apresentado como "enviado" por Deus. Algum quetem autoridade dada por Deus para falar. Deus intervm na vida de um casal deidosos (Zacarias e Isabel) e lhes concede um filho na velhice, e o anjo ao anunciar onascimento de Joo afirma: "Este ser grande diante do Senhor ... ser cheio doEsprito Santo, j no ventre materno" (Lucas 1.15); e aps o seu nascimento dito:"E a mo do Senhor estava com ele" (Lucas 1.66). E Joo o cumprimento daPromessa Divina, de algum para preparar o caminho do Senhor (Mateus 3.3). Jooera um representante pessoal de Deus no seu plano de salvao.

    vv. 7 e 8- dito que Joo veio como "testemunha". Joo foi o "profeta final", queestava no mundo testemunhando, apontando para o Salvador que j estpresente. E mais tarde, face a face com Jesus, Joo d o grande testemunho:"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Joo 1.29). Joo no eraa luz, como bem disse Jesus: "Ele era a lmpada que ardia e alumiava"( Joo5.35); ou seja, Joo era um instrumento na mo de Deus para mostrar a luzverdadeira. A funo da lmpada mostrar a luz, e Joo fez isso muito bem.

    vV.19-23 - Uma delegao dos lderes religiosos judeus foram at Joo para especularsobre quem ele era e o que pregava. Perguntaram se era ele Elias, uma referncia promessa de Deus em Malaquias 4.5: "Eis que eu vos enviarei o profetaElias, antes que venha o grande e terrvel Dia do SENHOR". Questionaram seele era o profeta que Deus prometeu enviar em Deuteronmio 18.18: "Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmos, semelhante a ti, em cuja boca poreias minhas palavras, e ele lhes falar tudo o que eu lhe ordenar". E Joo res-ponde: No. A delegao persiste em seus questionamentos, pois o que iriam

    209

  • Igreja Luterana - N 2 . 1999

    dizer aos que os enviaram? E Joo responde dizendo que o cumprimento dapromessa de Isaas 40.3: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho doSenhor; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus". Sua misso era preparatria.Joo era a voz que anunciava a redeno, que j estava presente no mundo.

    VV.24-27- Os fariseus que foram interrogar Joo tinham um interesse maior naatividade que ele estava fazendo - Batizar. Para os fariseus o Batismo era umrito escatolgico, que deveria ser realizado por personagens do fim dos tem-pos. Joo ao dizer: "Eu batizo com gua", deixa claro que vir outro quebatizar com o Esprito Santo ( Joo 1.33). E Joo desfaz-se de toda autoridadee dignidade pessoais e diz que j est presente no meio do povo algumespecial que ele no era "digno de desatar-lhe as correias das sandlias"(v.27).Desamarrar e carregar sandlias era o dever dos escravos. Joo se coloca nacondio de escravo, servo do Senhor, que ele batizaria mais tarde.

    V.28 - Este versculo serve para confirmar e localizar o leitor do Evangelho sobreonde se passaram estes acontecimentos .

    PROPOSTA HOMILTICA

    Advento: queremos esperar com fidelidade a Deus testemunhando a respeito daLuz: Jesus.

    Paulo Henrique VoltzSo Jos do Rio Claro, MT

    210

    QUARTO ~J

    Nota: Contexto e Aii.~

    INTRODUOUm jornalista disse: "Um ,',"

    cheio". Pode nossa vida do dia-::-::. ~

    com extraordinrios significad::' .~,sim. Ela mostra-nos o que accm,:

  • = c~,jo que o cumprimento da:-7s~rto:Preparai o caminho do

    _ . _ Sua misso era preparatria.

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    ::'.. :.'ersonagens do fim dos tem-:.c:\a claro que vir outro que~: desfaz-se de toda autoridade

    . ~:e no meio do povo algum, _.,:c:meias das sandlias"(v.27).

    _.' escravos. Joo se coloca na::o:nizaria mais tarde.

    =::'f o leitor do Evangelho sobre

    = C..lS testemunhando a respeito da

    Paulo Henrique VoltzSo Jos do Rio Claro, MT

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    QUARTO DOMINGO NO ADVENTO

    19 de dezembro de 1999Lucas 1.26-38

    Nota: Contexto e Anlise do texto: ver Igreja Luterana, vaI. 49, n 2, ano 1990.

    INTRODUOUm jornalista disse: "Um fato como um saco - s fica em p quando est

    cheio". Pode nossa vida do dia-a-dia, agitada com a preparao do Natal, ser enchidacom extraordinrios significados? A experincia de Maria responde com um fortesim. Ela mostra-nos o que acontece ...

    ... quando o comum torna-se extraordinrio

    I - Quando Deus providencia tudo

    A - Deus providenciou Jesus Cristo no mistrio da encarnao (v.31)B - Deus providenciou Jesus Cristo na sua morte e ressurreio (v. 31; Mt 1.21).C - Deus providenciou na Escritura Sagrada um registro do seu amor em Jesus

    Cristo (2 Pe 1.21). Deus usou o anjo para anunciar a Boa Notcia, o Evangelho!

    A virgem Maria experimentou a total providncia de Deus. Duma humilde galilia,ela tornou-se o embrio dos sonhos e da esperana de toda a humanidade: "Foiconcebido pelo Esprito Santo". Maria, tambm, ilustra a maravilha de receber umgrande privilgio em sua "insignificncia, humildade, pobreza e inferioridade". (Lutero)

    n-Quando Deus capacita-nos a receber o que ele providenciou

    A- Somos tentados a perder-nos no comum (v.34).

    1- Muitas vezes queremos transformar as ddivas de Deus em nossas realizaes.2- Muitas vezes queremos limitar as ddivas de Deus de acordo com os nossos

    padres.

    B- O reconhecimento do extraordinrio necessita de aceitao (v.38)1- Como Maria que creu na misso salvadora de Jesus (v.37).2- Esta misso salvadora preencheu e satisfez a sua vida (v.37).

    c- O reconhecimento do extraordinrio necessita de uma resposta (v.38)

    CONCLUSO

    Deus ainda muda o comum em extraordinrio? Simples gua, po e vinho, palavras

    211

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    num livro (Bblia), corpo e sangue, isso tudo so coisas comuns, mas transformadasem extraordinrias por Deus!

    As palavras do anjo Gabriel: 'Tara Deus no haver impossveis", aindapermanecem verdadeiras. Pode Deus preencher a nossa vida do dia-a-dia com seusignificado extraordinrio? Em Jesus Cristo a resposta SIM: ontem, hoje e parasempre! Nossa "contribuio" para este milagre? A alegre resposta da f, queexclama: "Deixe isso para mim conforme tua Palavral"

    Osvino Vorpagellndaial, se

    212

    I. CONSIDERAES I,iReNormalmente inicia-s_=-

    exegticas que consideram :e,~estrutura do texto, a gramtic::. -:repartir alguma experincia e " ~

    contri buio uma coletnea de -:-_refletiram sobre o texto. Esc!'e

    pregao relevante nesses rIC', :, -

    Krst, Lindolfo Weingartner. e

    Enfim, fiz o trabalho d,,:~oferecer o mel saboroso do E>.:. :de nossas vidas.

    n. CONSIDERAES GER ';T';;AS EXPECTATIVAS DA CO"':;lDO PREGADOR

    A histria do Natal em 51 '~

    outros tipos de prdicas, c::-~'sociedades de consumo. sobre .:.'posto ao lixo e misria de n:',.:c: - ~

    Mas, falar e ouvir o b\lC e :

    presta ateno no profundarc.e'

    ro de Deus precisa fazer ao pre -: ':'.-

    o pregador precisa leIT,::':': : __mais freqentados do anO __todas as idades. Viro av6s -:_ .

    mria natalina est viva g:.:c.::':comunicao de massa que e~'

    Mas, apesar de tudo. c..'~::parar, por um instante. Te=- ce::."alegria e amor. E se a festa ::~',~co que est acontecendo r:2 SL.:::' -: .'

  • ;: ~Jmuns, mas transformadas

    ';aver impossveis", ainda. ,,} vida do dia-a-dia com seu

    - . O'" SIM: ontem, hoje e para

    -".alegre resposta da f, que

    Osvino Vorpagellndaial, se

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    DIA DE NATAL

    25 de dezembro de 1999Lucas 2. 1-20

    I. CONSIDERAES INTRODUTRIASNormalmente inicia-se um estudo homiltico com reflexes isagglcas e

    exegticas que consideram termos, verbos, palavras chaves na lngua original, aestrutura do texto, a gramtica, etc. Decidi ir por outro caminho, numa tentativa derepartir alguma experincia e vivncia como pregador do Evangelho. Trago comocontribuio uma coletnea de pensamentos de mais de uma dezena de autores querefletiram sobre o texto. Escrevo o que julguei ser o mais significativo para umapregao relevante nesses novos tempos. Os autores consultados foram: NelsonKrst, Lindolfo Weingartner, entre outros.

    Enfim, fiz o trabalho de uma abelha. Fui a muitas flores colher o nctar para

    oferecer o mel saboroso do Evangelho de modo compreensvel e aplicado ao hojede nossas vidas.

    ll. CONSIDERAES GERAIS SOBRE O EVENTO DO NATAL,AS EXPECTATNASDACONGREGAOEOS CUIDADOSDO PREGADOR

    A histria do Natal em si no causa mais tanto impacto, razo porque surgiramoutros tipos de prdicas, como os sermes sociais, polticos de protesto contrasociedades de consumo, sobre as diferenas sociais e os exageros do luxo contra-posto ao lixo e misria de nossas multides.

    Mas, falar e ouvir o bvio e o normal do Natal cansa!? De tanto repetir ainda sepresta ateno no profundamente radical do Natal? So perguntas que o mensagei-ro de Deus precisa fazer ao preparar seu recado natalino.

    O pregador precisa lembrar que provavelmente o culto neste dia ser um dosmais freqentados do ano, e que Natal um acontecimento para as pessoas detodas as idades. Viro avs, pais, jovens, crianas, especialmente crianas. A me-mria natalina est viva graas a muitos fatores, entre os quais esto os meios decomunicao de massa que exploram esse momento para seus fins de lucro.

    Mas, apesar de tudo, as pessoas querem ter um momento celebrativo. Queremparar, por um instante. Tem sede e fome por consolo, esperana, paz, harmonia,alegria e amor. E se a festa do Natal ficou to normal, preciso que algum nos digao que est acontecendo na sua essncia.

    213

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    Ao refletirmos sobre essas expectativas de nosso povo, teremos levado a srioo pblico alvo da mensagem de Natal, e isso compromisso de todo pregador emensageiro de Deus.

    Por ser um dia com boa freqncia e com chances de reaparecerem os "membrosrelapsos", o pastor tentado a usar mais a lei do que realmente partir do evangelho- a verdadeira fora Iibertadora. De igual modo o pregador no pode esquecer quenesse dia as crianas vivenciam a tenso dos presentes, e portanto, esto impacien-tes e agitadas, o que requer dele um esforo e preparo especial como comunicadorsensvel e atento realidade de seu povo.

    m. CONSIDERAES HISTRICAS E HOMILTICASA histria mais recontada do mundo a do Natal. Um levantamento da popula-

    o, em todo o imprio, visando atualizar e melhorar a arrecadao de impostosmovimentou um marceneiro chamado Jos e sua esposa Maria, da cidade de Nazarpara a cidade de Belm, cidade de seus antepassados, e ali fazer seu registro.

    Quando chegaram a Belm, souberam que no havia mais lugar nas hospedari-as, e Maria estava em adiantado estado de gravidez. Acomodados numa estrebaria,Maria deu luz a seu primeiro filho, e colocou o beb num cacho de animais.

    At aqui uma histria normal. Meros fatos corriqueiros. O que d um significa-do nico histria desse menino deitado num cacho que a alguns quilmetrosdali, naquela mesma noite, nos campos ao redor da cidade, um grupo de pastores deovelhas estava batendo um papo, enquanto cuidavam das ovelhas, e algo de extra-ordinrio aconteceu: apareceu-lhes um mensageiro de Deus e lhes disse que tinhauma notcia maravilhosa para eles, a saber, que nesse momento acabara de nascer,ali na cidade, o Messias to esperado! Deus intervm para dizer, atravs do mensa-geiro, um absurdo: naquele beb est o Salvador de vocs, o Cristo. Deus esclarececom sua palavra. E receberam o convite para ir l e conferir. E eles foram e viram. Essa a essncia da alegria do Natal: ver o Messias.

    O objetivo da mensagem de Natal a encarnao: o Verbo se tornou carne. Deusentra na aflio do mundo para que todos vejam sua glria. Sua misso como Mes-sias recolocar em ordem as relaes entre os homens e Deus. Por si prprios oshomens no tm condies de reatar as relaes com seu Criador. Esta criana anica chance de salvao para a humanidade.

    No entanto, Ele se revela contra toda a expectativa humana. Identifica-se com oshumildes, como um Deus aparentemente fraco. Sua fragilidade impede Seu reconhe-cimento. o milagre e mistrio da humanao divina.

    Onde em todos os registros das divindades que os humanos criaram pode en-contrar-se um Deus como esse que criou as criaturas humanas e ele mesmo tornou-se um humano? Ele no se esconde atrs do vu de sua glria majestosa, mas deita-se numa manjedoura.

    214

    o Evangelho ~U __ ~ __na teria arquitetado IYi:: o:jedoura, oficina de C3.IT':: ::,-sinais da aparente frac~;:::'::'~

    PERSONGENS D_\ BIST --

    A cincia de obstetr:> se no fato de que Jesus, o Filho do::esceu do cu e se humanou. Isto o

    :'estaes de sua glria, cuja primeira

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    foi o milagre em Can. Jesus lhe promete uma viso ainda maior do que amanifestao de sua oniscincia, quando o viu debaixo da figueira. Prometeque veria o Filho do homem como o elo entre o cu e toda a humanidade, o queamplia a viso particularizada de Natanael, e at limitada, sobre a ao do Messiasno mundo. Sua confisso sobre o Messias foi a "de um verdadeiro israelita em

    quem no h dolo" (v. 47). Esta declarao limita a ao do Messias a Israel.Jesus amplia sua ao e sua viso para a salvao de toda a humanidade e desua reconciliao com Deus.

    6. Percebemos em tudo isso a importncia do "Vem e v", no apenas para osisraelitas, mas para todo o mundo .

    TEXTO

    1. Nossa percope, dentro do Evangelho de Joo, colocada na seqncia imediatado chamado dos primeiros discpulos e da manifestao do Cristo a eles. QuandoJoo aponta "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (v. 36) despertado em Andr, e possivelmente em Joo, o interesse por Jesus, e pergunta: "Onde assistes?" J vemos o primeiro chamado e convite do prprioSenhor Jesus: "Vinde e vede" (v. 39), que ecoa em Filipe quando chama Natanael.Podemos sentir a atrao que Jesus exerceu nestes homens, que de fatoaguardavam o Messias .

    2. Na seqncia imediata ao texto, vemos o milagre em Can da Galilia, manifestaoda glria de Jesus como verdadeiro Deus, visando confirmar e fortalecer a f dosdiscpulos no Messias.

    3. O texto apresentado em apenas um pargrafo, o que vai ao encontro do seupropsito de tratar do chamado de Filipe e Natanael e da abrangncia da missodo Messias no mundo.

    4. Obsen;aes no texto:a -) Antes de ir para a Galilia Jesus chama Filipe (v. 44). No foram escolhas feitas

    ao acaso; neles estava a ansiosa espera pelo Messias, o movimento de f emdireo a Jesus e a disposio em segui-Io.

    b -) Filipe chama Natanael, cujo nome s aparece em Joo; ele tem sido identificadocom Bartolomeu nos outros evangelhos.

    c -) Natanael parece que se aplicava ao estudo das Escrituras. A posio dedestaque dada ao verbo grapsen, aor. de grafo - escrever, pode indicar queFilipe e Natanaelj haviam discutido o cumprimento destas Escrituras, o querevela tambm toda a expectativa em torno do assunto.

    d -) Podemos observar a passagem citada de Moiss em Dt 18.18 "Suscitar-Ihes-ei um profeta do meio dos seus irmos, semelhante a ti, em cuja boca porei asminhas palavras, e ele Ihes falar tudo o que eu Ihes ordenar."

    225

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    e -) Notamos o ceticismo de Natanael (v. 46) ti agatn - alguma coisa boa - umapergunta com desprezo.

    f -) O convite de Filipe foi o convite que Jesus fez a Andr e possivelmente aoprprio Joo (v. 39) "Vinde e vede" e depois Filipe no v. 46 "Vem e v".

    g -) Jesus v em Natanael a sinceridade de um verdadeiro israelita. A frase en hdolos ouk estin - indica uma integridade religiosa e moral.

    h -) Quando Jesus diz que viu Natanael debaixo da figueira, significativo notarque a figueira era usada pelos rabinos para estudar, ou para ensinar. Foi umaamostra da oniscincia divina do Cristo, o suficiente para convencer Natanael...que vena COIsasmmores.

    i -) A promessa da viso do cu aberto e dos anjos subindo e descendo sobre oFilho do homem uma referncia ao sonho de Jac em Gn 28.10. S quc napassagem do evangelho, Jesus a prpria "escada" que liga terra e cus, oshomens com Deus. A comunicao com Deus torna-se uma realidadepennanente para os que abraam a f.

    PROPOSTA HOMILTICA

    Tema - "Vem e v," v. 46

    INTRODUO

    Sugiro algo didtico, como a apresentao de convites e cartazes para introduziro assunto do convite de Jesus e depois o de Filipe.

    1 CRISTO DIZ: "VEM E V"

    1-) o convite a cada discpulo.2-) o convite para quem quer ser discpulo.3-) o convite para quemj discpulo.4- ) o convite para a f no Cristo, para ser fiel, para avanar com fidelidade e na

    fidelidade a Deus, para o perdo, para a nova vida, para a salvao e para avida eterna.

    5-) Transio: O convite de Cristo nos leva a sermos portadores do mesmo, notestemunho.

    2 COM FILIPE DIZEMOS: "VEM E V"

    1-) o nosso testemunho de f e fidelidade.2-) Testemunhos o Cristo na Palavra, na pregao, no evangelho da salvao.3-) Quem no aceita o convite no pode ver o "cu aberto" e os "anjos subindo

    e descendo sobre o Filho do homem".

    226

    4-) Quem no aceita o con'.i:;, -:a Deus.

    5-) Quem no aceita o con ...os homens.

    6-) Mas quem aceita o con \i:~ ....

    CONCLUSO

    - Rejeite o convite do mun:':- Aceite o convite de Crist:.

  • _2atn - alguma coisa boa - uma

    _; ~ez a Andr e possivelmente ao -=llipeno v. 46 "Vem e v".

    erdadeiro israelita. A frase en h.21Dsae moral.

    . da figueira, significativo notar.= ~ ;;studar, ou para ensinar. Foi uma

    ;':f:ciente para convencer N atanael

    ~",lOS subindo e descendo sobre o

    . de Jac em Gn 28.10. S que na'escada" que liga terra e cus, os

    ':-:-.Deus torna-se uma realidade

    =-;; =- Jnvites e cartazes para introduzir

    u __ para avanar com fidelidade e na_ -,'va vida, para a salvao e para a

    =- >"rmos portadores do mesmo, no

    ':; :.~o, no evangelho da salvao."cu aberto" e os "anjos subindo

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    4-) Quem no aceita o convite no pode avanar e nem permanecer na fidelidadea Deus.

    5-) Quem no aceita o convite, no tem mediador, Cristo, a escada entre Deus eos homens.

    6 ) Mas quem aceita o convite tem a graa, vida, perdo, salvao e reconciliao .

    CONCLUSO

    - Rejeite o convite do mundo, do diabo e da prpria carne- Aceite o convite de Cristo, "Vem e v" .

    Rubens J. Ogg

    So Loureno do Sul, RS

    227

    ..~

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    TERCEIRO DOMINGO APS EPIFANIA

    23 de janeiro de 2000Marcos 1. 14-20

    CONTEXTO

    Esse texto marca o incio do ministrio de Jesus na Galilia ( v.14 ). Logo aps

    esse texto comeam os relatos dos milagres de Jesus, que a nfase do evangelhode Marcos.

    Interessante: Jesus no inicia seu ministrio sozinho. Ele "chama" quatro de

    seus discpulos para irem com ele.

    Dentro do ano da igreja estamos vivendo o perodo de Epifania, onde lembramosde forma especial a manifestao de Jesus para os gentios, para os povos e para osdiscpulos. Essa poca e esse texto so timos para enfatizar o "Cristo para Todos",a misso da igreja.

    Podemos tambm dizer que "Avanamos com gratido a Deus" , realizando amisso, pois Jesus nos leva ao arrependimento e nos transforma em seus discpulos. para isso que Jesus se manifesta entre os povos.

    muito importante citar a relao ntima do texto do AT desse domingo ( Jn. 3. 1-5,10) com o evangelho. Os ninivitas levaram a srio a Palavra de Deus, mesmo que em umsegundo momento. Arrependeram-se, por causa da pregao de Jonas, e Deus seagradou muito da situao.

    'IEXTO

    v. 14: K7]puaawv - proclamar.O ministrio de Jesus proclamar o Evangelho de Deus. Essa proclamao

    que leva ao arrependimento e que faz discpulos.

    v. 15: f-1,fTaVOfLTf" arrepender e TWrfUfTf .. crer.Essas formas so dois imperativos de Deus aos homens, e o tempo presente

    enfatiza o que Deus quer dos homens a cada dia: arrependimento da vida de erros/pecado ef no Cristo Salvador, o Evangelho encarnado.

    v. 17: Tm7)aw - farei. Deus quem torna discpulos, atravs de seu chamado e da mudana de vida

    que ele realiza. Deus que faz com que Andr e Simo, bem como todos osdiscpulos, se tornem pescadores de homens.

    228

    A "pesca" de pessoa' ~ ~~ _Mt. 13.47 mostra que a ..~~::~ ~.-_

    v.18: SimoeAndr 2'.'.: .como discpulos. Eles ade::-.c.:..-:-_~_bblica para ser discpulo: ,~, '=_-

    v. 19: Karapn(ov,o::; -, :-_:-~-

    as redes prontas para ou:-::..~~

    o texto mostra que de ' ..equipamento de pesca, as :-~=~chama para serem discpu: ;

    Podemos tirar daqui Ulli ~:-_::::-..:..- ..material de pesca, bem cuid2d _

    v. 20: Tanto esse versL,:' .como a caminhada do dis.:i::-.: -

    a frente. Os discpulos segu~='_

    PROPOSTA HOMILTIC_,-

    Tema: Pescando para J ~, .. ;

    INTRODUONas "guas do mar da \::..:

    lanada para capturar as p~ssqueremos pescar outros m2.:o

    L Jesus quer "pescador~:: ::~A. Ele nos torna, n:;

    1) Deixam ru::" ..B. Para proclamar 2,,--=-~::-~"=.=

    1) Mensag~::.:: -

    lI. Da melhor forma pc:'A. Palavra e Sacr;:c.::'-::"

    1) De forma:.~:::':2) Atravs d~";

    para a rec::' ::_

    CONCLUSO

    Nas "guas do mar da '. :::2. .. -gratos por ele nos ter rei:: 'Cristo para Todos.

  • .APS EPIFANIA

    10

    ,; .~:'na Galilia (v.14 ). Logo aps~~';'.lS. que a nfase do evangelho

    ';Jzinho. Ele "chama" quatro de

    c:-. Jdo de Epifania, onde lembramos. ; gentios, para os povos e para os

    :..~,;~nfatizar o "Cristo para Todos",

    iratido a Deus" , realizando a: - -s transforma em seus discpulos.

    ~do AT desse domingo (ln. 3. 1-5,?:..lavrade Deus, mesmo que em um

    :.. 23. pregao de Jonas, e Deus se

    _ . 0-' de Deus. Essa proclamao

    _ :"J'; homens, e o tempo presenteooependimento da vida de erros/

    . __ ~-.}CIo.

    . c .:iamado e da mudana de vida_~ e Simo, bem como todos os

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    A "pesca" de pessoas profetizada desde o AT (Jr. 16.16, Ez. 47.10 ). O texto deMt. 13.47 mostra que a "rede" para serlanada sobre todas as pessoas, sem excees .

    v. 18:Simo e Andr deixaram - aifm7lJ.L - tudo para trs e seguiram - aKOAOOOf{;) - a Jesus,como discpulos. Eles aderiram, ligaram-se intimamente com Jesus. Essa uma exignciabblica para ser discpulo: necessrio estar intimamente ligado com o Mestre Jesus.

    v. 19: KIXTlXpn( OVTIX - consertar, pr em ordem, remendar, limpar, dobrar, deixaras redes prontas para outra pescaria.

    O texto mostra que dois discpulos estavam pescando e dois consertando oequipamento de pesca, as redes, no momento do chamado de Jesus. E Jesus oschama para serem discpulos a exemplo do que estavam fazendo.

    Podemos tirar daqui um ensinamento muito importante: precisamos ter hoje um bommaterial de pesca, bem cuidado, em ordem, para sermos bons "pescadores de pessoas".

    v. 20: Tanto esse versculo como o v.17 trazem o advrbio orr ww enfatizandocomo a caminhada do discpulo com o Mestre: aps ele, sempre. Jesus quem faza frente. Os discpulos seguem os seus passos .

    PROPOSTA HOMILTICA

    Tema: Pescando para Jesus.

    INTRODUONas "guas do mar da vida" onde estamos, h muita armadilha sendo

    lanada para capturar as pessoas. Ns fomos pescados pela rede de Deus equeremos pescar outros mais.

    I. Jesus quer "pescadores de homens" na misso.A. Ele nos torna, nos faz pescadores, a exemplo dos discpulos.

    1) Deixam tudo para trs e seguem a Jesus, vo aps ele.B. Para proclamar arrependimento e f.

    1) Mensagem do "Cristo para Todos".

    11.Da melhor forma possvel, com os melhores equipamentos de "pesca".A. Palavra e Sacramentos: equipamentos dados por Deus

    1) De forma atrativa, contextualizada e dinmica2) Atravs desses meios o Esprito Santo traz os "peixes/homens"

    para a rede do reino de Deus.

    CONCLUSO

    Nas "guas do mar da vida" ns vamos avanando como pecadores de Jesus,gratos por ele nos ter feito seus pescadores e cada vez com mais vontade de levarCristo para Todos .

    Aurlio Leandro Dali'OnderRibeiro Preto - SP

    229

  • Igreja Luterana - N 2 1999

    QUARTO DOMINGO APS EPIFANIA

    30 de janeiro de 2000Marcos 1.1-28

    INTRODUOA percope inicia com o primeiro versculo (V) do Evangelho de So Marcos.

    Com isso oportuno sublinhar, no contexto maior, algumas informaes sobre apessoa e o Evangelho de Marcos. Adiantamos, tambm, que escolhemos a pregaode Cristo como tema do sermo. No texto da mensagem do dia, examinaremos,especialmente, os conceitos de pregao, ensino, autoridade, arrependimento,evangelho e perdo.

    CONlEXTO

    Marcos um personagem bonito, querido e com os ps no cho. Ele merecedestaque na abertura da histria da igreja do Novo Testamento. Marcos o autor doEvangelho que leva seu nome. Ao lado de Mateus, Lucas e Joo, pois, um dosquatro evangelistas. Mas Marcos no faz parte dos 12 apstolos escolhidos porCristo. Era de Jerusalm, a capital religiosa e teolgica de Israel, e na casa de sua meMaria, a igreja do Novo Testamento realizava ofcios religiosos (At 12.12). Foicompanheiro de Paulo e Barnab na primeira viagem missionria (At 12.25). Houveum atrito com Paulo, e Marcos voltou para casa. Desaparece por um perodo de dezanos. Euzbio, em sua Histria Eclesistica, faz uma colocao interessante: "Marcos,tendo-se feito intrprete de Pedra, escreveu com exatido, se bem que sem respeitara ordem dos fatos, quando ele se lembrava das coisas que o Senhor disse e fez".No se sabe o tempo, o lugar e o modo de sua morte. Quando Paulo se encontra napriso de Roma, manda chamar "Marcos porque me til para o ministrio" (2 Tm4.11). Houve reconciliao. Pois este Marcos "um dos homens que falaram daparte de Deus movidos pelo Esprito Santo" (2 Pe 1.21), ao escrever o Evangelho deMarcos.

    O Evangelho de Marcos tido como o primeiro livro do Novo Testamento. omais breve dos quatro Evangelhos. Tem um estilo vivo e vigoroso, de frases curtase precisas. No um historiador preocupado com biografias, mas um narrador queusa um '~ornalismo moderno e dinmico". Algum que conta fatos, sempre tendopressa. Mas ele extremamente exato, respondendo sempre as grandes perguntasdiretivas: Quando? Onde? Que? Como? Quem? Por qu? Para qu? Marcos tempressa e corre - com urgncia que precisa divulgar sua mensagem. Marcos noescreve para judeus, mas para gentios. Provavelmente de Roma para os romanos.Acredita-se que foi escrito antes de 70, ano da destruio de Jerusalm. Lendo todoo Evangelho, fica muito claro que Marcos teve um grande propsito com o seu

    230

    Evangelho: mostrar qJ~ .~ec_mais uma das "sagrad::, _em Cristo Jesus" (2 Tm :

    'IEXTO

    Como a percope ::encontramos, no mnim~Batismo de Jesus; 3. A t~~ _

    5. O chamado dos prime::-- e ,evangelho de hoje. H ;::,

    Como, porm em tC~ ~pregao de Jesus. Dianknfase no sermo:

    Filho de Deus (v. I- i"~ ~Cristo, o Messias, o Prcrne::::'

    Trindade. Aponta para a d:', .~.~ _Marcos. Filho do Homem. ::,.Filho de Deus, Salvador de ~.'_~::.Art. III da CA: Do Filho de De_

    Pregar (v.4,7,14,17,3S - "proclamar, transmitir, avisa:-.:::.:-Sempre como algo oficiaL C'pblico, para todos, para c16.15). Na igreja, tornoU-Se ._Pregao, a Mensagem, c De. _-

    Ensinar (v. 21,22 - dii:.: ..

    conotao de apresenta.:: ;:. -'-'contedos, lies, dourrini"s ::~

    se mais em pregao; quJ.':c:fala-se mais em ensinar. d.;:-

    Autoridade (v. 22,27 - 2.>

    desculpas. O termo aparece :'~ >:-e ordenadas por rabinos. ,2C'::: ~. "interessantes: ter o direito e:: ~:'., ~e dizer, sem interferncia de Je""com o poder e o direito de i2:','Tambm pode ter o sentido ~e :::coisa. Os escribas eram au:: _~ce

    e medocres. Jesus pregiJU e ~. eFilho de Deus (Natureza:::de Filho do Homem (N",t'J::e:,:: :-: '

  • _: Evangelho de So Marcos.:c~gumasinformaes sobre a

    _, : c:':',. que escolhemos a pregao, :'Lgem do dia, examinaremos,

    Lutoridade, arrependimento,

    -:11 os ps no cho. Ele merece, -=- ~ ,tamento. Marcos o autor do

    : .,'. Lucas e Joo, pois, um dos

    :::, 12 apstolos escolhidos por

    , ;::" de Israel, e na casa de sua me:.:ios religiosos (At 12.12). Foi

    . ;~:T'.missionria (At 12.25). Houve=: ~ ,aparece por um perodo de dez, :c:olocao interessante: "Marcos,: :i:tido, se bem que sem respeitar: :isas que o Senhor disse e fez"., -te. Quando Paulo se encontra na

    ~ ..-..-,e til para o ministrio" (2 Tm:'um dos homens que falaram da~ 1.21), ao escrever o Evangelho de

    ,~iro livro do Novo Testamento. o'o vivo e vigoroso, de frases curtas::: biografias, mas um narrador que.:~m que conta fatos, sempre tendo:~Ddo sempre as grandes perguntas" Por qu? Para qu? Marcos tem

    ulgar sua mensagem. Marcos no~lmente de Roma para os romanos.

    .estruio de Jerusalm. Lendo todo~ um grande propsito com o seu

    Igreja Luterana - N 2 - 1999

    Evangelho: mostrar que Jesus Cristo o Filho de Deus! O Evangelho de Marcos mais uma das "sagradas letras que nos podem tornar sbios para a salvao pela fem Cristo Jesus" (2 Tm 3.15).

    'IEXTO

    Como a percope longa (28v.) e Marcos breve e conciso em suas narrativas,encontramos, no mnimo, seis blocos diferentes (1. Joo Batista e sua pregao; 2.Batismo de Jesus; 3. A tentao de Jesus; 4. O incio da pregao de Jesus na Galilia;5. O chamado dos primeiros discpulos; 6. A cura de uma pessoa endemoninhada) noevangelho de hoje. H, pois, seis assuntos distintos para sermes.

    Como, porm em todo o texto a anunciao recebe destaque, optamos pelapregao de Jesus. Diante disso, a anlise de alguns termos que devero recebernfase no sermo:

    Filho de Deus (v. 1 - uiou tou Theu): Jesus, a Salvao, o Salvador, o Redentor.Cristo, o Messias, o Prometido, o Ungido. Filho de Deus, a segunda pessoa daTrindade. Aponta para a divindade de Jesus. o tema principal do Evangelho deMarcos. Filho do Homem, ttulo que s Jesus aplicava a si mesmo. Jesus Cristo,Filho de Deus, Salvador do mundo. o Emissor ou o Pregador em nosso estudo. Ct.Art. III da CA: Do Filho de Deus.

    Pregar (vA,7,14,17,38 - keerssu - kerugma): Anunciar publicamente. proclamar, transmitir, avisar, publicar, comunicar, falar ao outro, "pescar gente"(v.17).Sempre como algo oficial, em nome de algum com autoridade; com o sentido de serpblico, para todos, para o longe - "todo o mundo, todas as naes" (Mt 28.19; Mc16.15). Na igreja, tornou-se termo tcnico para designar o "Sermo de Plpito", aPregao, a Mensagem, o Discurso Sacro, no exerccio do ministrio pastoral.

    Ensinar (v. 21,22 - didasku - didaxe): quase sinnimo de pregar. Tem umaconotao de apresentao mais informal, mas didtica e pedaggica. transmitircontedos, lies, doutrinas aos outros. Quando Jesus se dirige s multides, fala-se mais em pregao; quando se dirige a seus discpulos, seguidores, apstolos,fala-se mais em ensinar. dar lies, transmitir doutrinas, instrues.

    Autoridade (v. 22,27 - ezusfa): No com fraqueza ou vergonha, como que pedindodesculpas. O termo aparece no NT para falar de atividades recomendadas, autorizadase ordenadas por rabinos, sacerdotes ou o prprio Deus. Tm dois significados beminteressantes: ter o direito e a liberdade para fazer e dizer o que tem vontade de fazere dizer, sem interferncia de quem quer que seja, ter o poder e o direito de fa;.-:eralgocom o poder e o direito de fazer algo com o poder e o direito que recebeu de outro.Tambm pode ter o sentido de capacidade, habilidade e jeito de fazer bem algumacoisa. Os escribas eram autoridades, mas em relao a Jesus eram pequenos, pobrese medocres. Jesus pregou e ensinou com a sua prpria autoridade, na qualidade deFilho de Deus (Natureza Divina) e com a autoridade recebida do Pai, na qualidadede Filho do Homem (Natureza Humana). Ct. Mt 28.18.

    231

  • Igreja Luterana - N 2 - 1999

    Arrependimento (v. 4,15 - metnoia): No desespero, mas arrependimento,isto , reconhecimento de um mal praticado e a inteno de mudar de vida. regenerao, renascimento e mudana interior, moral e espiritual. renovao daalma, do corao e da mente. dar meia-volta. retomar. mudar de estrutura, depostura e de conduta. ter uma atitude nova, correta, divina e abenoada. Este umdos contedos doutrinrios do sermo de Cristo. Sem arrependimento no existesalvao. Cf. Art. XII da CA: Do Arrependimento.

    Evangelho (v. 14,15 - euagglion): uma boa, agradvel e feliz notcia. ocontrrio de derrota, de prejuzo, de tristeza. sempre um grito de vitria, deconquista, de ganho. Tambm significa falar, proclamar e divulgar as boas, grandese graciosas obras de Jesus em favor dos pecadores - os delTotados. a mensagemda salvao em Cristo. Curiosidade: 7 tido como nmero da perfeio; em Mc, otermo "evangelho" aparece 7 vezes; o contedo do evangelho - "Cristo" aparece 7vezes e "Filho de Deus" aparece 7 vezes. Este o segundo contedo do sermo deCristo - o evangelho. Cf. Art. IV de Art. de Esmalcalde: Do Evangelho.

    Remisso (v. 4,25 - fesis): perdo dos pecados. Livramento da culpa. Libertaodos males. Soltura de algemas, de prises, de inimigos. riscar e apagar dvidas,manchas e chagas. A remisso sempre conferida por Deus. O homem no pode seremir (pagar, comprar) ou perdoar-se a si mesmo. O perdo resultado final da mortede Cristo. a maior bno: ser absolvido do pecado, libertado do diabo e salvo doinferno. Cf. Mt 26.28; Lc 1.77; 3.3; Ef 1.7. Hb 9.22; Explicao do 2 Art. do CredoCristo.

    Maravilhas (v. 22,24,28 - eekpleessu): ficar admirado e perplexo com um fatopresenciado. ficar atnito e assombrado com algo que se viu ou ouviu. ficarabismado e emocionado com algum ou alguma coisa que esplendoroso, forte,diferente. A pregao s multides, o ensino na sinagoga e o milagre da cura doendemoninhado fez com que "a fama de Jesus corresse c1ere em todas as direes"(v.28) e deixava a todos maravilhados, admirados, atnitos e perplexos.

    DISPOSIO

    INTRODUOOs Trs Ofcios de Cristo

    Cristo exerceu trs ofcios:

    r Oficio Sumo-sacerdotal: como Sumo Sace