Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré

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Cachoeira do Campo Ouro Preto Minas Gerais Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré

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Cachoeira do Campo - Ouro Preto - MG Atividade do curso "Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural" Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (Ceci) UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

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Cachoeira do Campo Ouro Preto

Minas Gerais

Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré

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Objeto de Estudo Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (Ceci) UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

Aluna: Ivana De Battisti

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A primeira paróquia de Nossa Senhora de Nazaré dos Campos de Minas, uma das mais antigas das Minas Gerais, não se originou propriamente da mineração, e sim da amenidade do clima e fertilidade do seu solo. A carestia e fome nos primeiros anos de mineração provocaram a busca por terrenos favoráveis à agricultura nas regiões vizinhas às dos centros auríferos. Neste contexto, justifica-se a origem do povoado da Cachoeira do Campo no início do século XVIII, local satisfatório para os trabalhos na agricultura.

A história de Cachoeira do Campo está vinculada a episódios marcantes do período colonial. A guerra entre paulistas e emboabas (1708) contou com grande combate no local. Alguns anos depois, em frente à matriz de Nossa Senhora de Nazaré, foram presos Felipe dos santos e seus camaradas, ao tentarem enfrentar a escolta dos dragões que conduziria, de Vila Rica para o Rio de janeiro, os sediciosos de 1720.

A Matriz A instalação da irmandade do S.S. Sacramento na primeira paróquia de Cachoeira do Campo data de 1716, de acordo com seu primeiro livro de ata. O período de construção foi de 10 anos.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré comporta um dos mais significativos conjuntos de elementos artísticos do período barroco em Minas Gerais. Destaca-se pela sua raridade o conjunto de retábulos da transição do estilo nacional português para o joanino que data da primeira metade do século XVIII. Existe documentação referindo-se ao entalhador Manoel Ferreira de Matos que no ano de 1726, foi contratado pela irmandade do Santíssimo Sacramento para a feitura de um dos retábulos.

Cachoeira do Campo - Distrito de Ouro Preto

Fotografia de 1953 - Arquivos IPHAN

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A decoração pictórica, que, mesmo apresentando manifestações de períodos posteriores ao barroco é de extrema importância para o estudo evolutivo da pintura mineira. Há referências ao pintor Antônio Rodrigues Belo, de origem portuguesa, que no ano de 1755 executou a pintura do teto da capela-mor, hoje coberta por outra, datada de 1880, possivelmente de autoria do mineiro Honório Esteves do Sacramento. Muitos outros elementos apresentam suas pinturas originais ocultas por outras épocas posteriores, lisas, sem decoração.

Sobre a fachada frontal, o então Chefe do 3º Distrito do IPHAN-MG, arq. Sylvio de Vasconcellos, em ofício enviado ao Diretor Geral, Dr. Rodrigo M.F de Andrade, faz a seguinte ponderação:

1. A atual fachada evidentemente é posterior a construção da igreja 2. Parece, porém, que não só o seu acabamento é posterior, mas também sua construção

ou reconstrução total, como se pode depreender do seguinte:

A. Há documentos de obras nas torres, de 1737, torres que, portanto não podem ser as atuais, não só levando em conta a cobertura existente, como a própria colocação em planta, justaposta a nave e não entrosada nela ou cômodos laterais, solução que só viria ser aceita mais tarde (ver matrizes de Mariana, Sabará, Raposos).

B. O próprio sistema construtivo em pedra condiz com época posterior a 1737 C. Convém observar a semelhança dos frontispícios e das torres; mesmo partido de São

Francisco de Ouro Preto, na qual evidentemente se inspirou. D. As cimalhas tão ricas em perfil mas de diminuto balanço revela também as citações

eruditas já no século XIX, mas timidamente realizadas.

Assim sendo, parece difícil uma reconstrução desta fachada já que não se tratará de corrigir modenaturas ou perfiladuras. A própria proporção e jogo das formas está mal realizada indicando tratar-se de obra nova comprometida com inspirações antigas.

Descrição arquitetônica

Seu conjunto arquitetônico compõe-se, além da igreja, do adro, do cemitério da irmandade do S.S. Sacramento (atrás da sacristia) e do cruzeiro. A planta original, de partido retangular, apresenta nave, capela mor e sacristia na lateral esquerda. na segunda metade do século XIX foi construída a capelinha da irmandade do S.S. Sacramento na lateral direita da capela mor. As torres de seção quadrada são saliente em relação ao corpo da igreja.

Arquivos IPHAN - sem data

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Construída totalmente em pedra, possui 34 metros de comprimento, 19 metros de largura e paredes de 90 cm de espessura. O frontispício liso se prolonga em um frontão limitado superiormente por um arco interrompido que culmina em cruz sobre pedestal. Localizadas de um lado e de outro as duas torres são de pedra e cal e se elevam acima do frontão. Inferiormente há uma pedra larga, encimada por arco abatido e ladeada por duas sacadas colocadas um pouco acima, entre as quais fica, em posição ainda mais elevada, um óculo cruciforme envidraçado. Na torre esquerda há um relógio fixado na parte superior do vão.

Á frente da igreja se coloca o adro circundado por murada baixa e na direção da porta principal fica o cruzeiro de pedra. Internamente possui cinco alteares e arco cruzeiro de fina talha. O forro da capela mor é tabuado corrido de forma abobadada. Os forros da nave e da sacristia são em painéis retangulares (caixotões). O guarda-corpo do coro é bem alto e formada por balaustrada torneada de madeira escura. Os púlpitos, localizados no centro da nave, são de madeira policromada. O piso é de tabuado.

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Cronologia das intervenções

1725 Ano em que a igreja, toda de pedra, estava construída

1792 Ano da execução da pintura, doutoramento e reconstrução da torres

1860 Ano da construção da fachada principal

1949 Tombamento da igreja pelo IPHAN - Processo n° 403-T, Inscrição 327, Livro das Belas Artes, fls 69, 29.11.1949

1952 Documento do IPHAN sobre a retirada de elementos arquitetônicos da fachada considerados descaracterizantes, segundo parecer do Chefe do 3° Distrito, arq. Sylvio de Vasconcellos

1973 Assinatura de contrato pelo IPHAN com a Construtora Coscarelli para a restauração da cobertura

1982 Elaboração, pelo IEPHA MG, de projeto de restauração artística e instalações elétricas

1982/3 Obra de restauração, pelo IEPHA MG, dos painéis da capela-mor e colocação do piso de pedra Inabilito nos trechos do adro que não eram calçados

1985 Obra de reforço na estrutura dos painéis laterais da capela-mor

1986 Obra de instalações elétricas

1988 Obra de restauração, pelo IPHAN, da cobertura(substituição do talhamento e parte da estrutura) e beirais (novas beiras-seleiras), pisos do coro, nave e capela- mor e pintura geral. Estava prevista uma 2° etapa para: execução das instalações hidráulicas, caixa-forte (para guarda da prataria, imaginaria e indumentária), revestimento, forro da sacristia e para raio)

2012/2014 Restauro da estrutura, recuperação das pinturas, altares e bens móveis

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Desenhos de vistoria do IEPHA-MG em 1980

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Fotografias de intervenções

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Fotografias de intervenções

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Relatório de visita

Durante o período do curso de Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural, turma de 2014, realizei 5 visitas e observei o andamento das obras de restauro das pinturas parietais e recuperação dos altares e teto, como atividade do curso. o O O objetivo das visitas era pesquisar a presença de estuque, apreender os conceitos e ensinamentos passados por professores sobre técnicas tradicionais de construção e outros, como observar falhas na execução e planejamento.

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Pintura da capela-mor : janelas estratigráficas revelam pintura anterior em perspectiva do pintor Antônio Rodrigues Belo, de origem portuguesa, de 1755 (trompe l’oeil)

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Falhas na proteção do piso, mobiliário e na organização do canteiro de obras

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Falhas na proteção de pinturas parietais . Algumas ferragens estavam sendo pintadas com esmalte sintético e não observei limpeza da oxidação

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Exemplos da pintura atual cobrindo a pintura parietal, procedimento contrário às boas práticas de restauro

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Estrangulamento da vazão da água nas telhas de bica e falta de manutenção, com restos de argamassa de cimento e outras sujidades que interrompem o curso das águas de chuva e podem causar goteiras e grandes danos às pinturas e talhas da igreja.

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Presença de estuque bem preservado e limpeza de painéis na área externa na igreja

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Recuperação das talhas dos altares. Nestas imagens observamos os dedos e nariz das figuras sendo refeitos e posteriormente serão reintegrados por meio da pintura e douramento.

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Nestas imagens de 2015 (concluído o restauro), o douramento se encontra escurecido e com descolamentos.