implantação | 1:1000 planta de cobertura · Os ambientes habitáveis e climatizados terão...

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“eu venho desse reino generoso, onde os homens que nascem dos seus verdes, continuam profundamente irmãos das coisas poderosas, permanentes, como as águas, os ventos e a esperança” Thiago de Mello in Amazônia, pátria das águas, 1978 A SERENIDADE COMO CONTRAPONTO EM UM OCEANO DE FORMAS Em um ambiente marcado por uma profusão de estruturas e diferentes tecnologias, que caracterizam eventos como as exposições universais, parece interessante se con- trapor a esta tendência por meio da serenidade e neutralidade de uma estrutura regular e precisa. Um edifício tranquilo certamente se destacará no cenário da EXPO. Além disto ofertará um experiência inolvidável pelos conteúdos a serem exibidos, pelas faci- lidades a serem oferecidas e pelos espaços a serem vivenciados. O pavilhão que propomos se pauta em uma simplicidade técnica e construtiva que permite ousar na proposta expográfica. SEQUÊNCIA DE VAZIOS A SEREM VIVIDOS O pavilhão é constituído sequencialmente por três vazios paralelos: dois volumes espaciais programáticos de 15X45 metros que conformam um vazio central de 20X45 metros. Os blocos abrigam, alternadamente, no pavimento térreo os espaços comerciais (loja, restaurantes e serviços) na ala oeste e o espaço multiuso para eventos e exposições temporárias na ala leste. O restaurante e loja compartilham um espaço contínuo sem- pre relacionado a praça central e desfruta de uma paisagem interna surpreendente. A cozinha será totalmente transparente em cristal revelando a operação e o trabalho das pessoas envolvidas. O primeiro pavimento abriga em ambos os blocos a exposição principal. Desprovido de apoios, este espaço completamente livre com 9 metros de altura, permite sua ocupação de forma livre e flexível, o que favorece múltiplas formas de exposição. Um mezanino, como um panóptico pairando sobre este espaço expositivo e praça cen- tral, acolhe a administração que desfruta de desejáveis visuais internas. O vazio central abrigará, junto à circulação do público da EXPO, a praça de acolhimento e encontro com bancos que permitem os visitantes descansarem e aguardarem seus pares. Do lado oposto, junto à circulação de serviços, encontra-se a zona técnica e bastidores. Finalmente, entre ambas localiza-se a praça principal como elemento de surpresa, atração e animação. PRAÇA DE ÁRVORES: A FLORESTA DO ENCANTAMENTO Como uma referência direta aos conteúdos a serem expostos, optou-se por um dos biomas mais conhecidos do Brasil ser instalado de forma técnica e responsável nesta praça central: um diorama da Floresta Amazônica com 450 metros quadrados, constitu- ído por árvores e vegetais vivos a serem transportados de nosso país para Dubai, como “árvores exiladas”. Representará igualmente uma resposta à situação delicada que en- frenta este bioma no presente momento, com um índice de comprometimento quase irreversível, como uma indagação universal que deve ser necessariamente feita ou como uma notícia alarmante do desastre eminente que afetará a vida do planeta. Uma floresta meio inundada que se remete aos igapós, entremeada por ilhas de terra firme, será capaz de gerar uma experiência sensorial a partir da atmosfera que envolve o visitante por meio das percepções de umidade, resfriamento, cheiros e luzes filtradas. A ideia é reproduzir um cenário que mescla estas duas situações amazônicas, incorpo- rando este elemento real, capaz de emocionar, ao processo museológico. CONSTRUÇÃO EM MADEIRA: A TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL O Pavilhão será integralmente construído em madeira laminada colada de eucalipto (MLC): superestrutura, lajes (feitas de painéis pré-moldados de MLC) e paredes peri- métricas de fechamento. Cada bloco é suportado por 6 pilares em V com uma seção de 36X36 centímetros. Os pilares suportam, de forma não coplanar, as vigas de apoio das lajes de piso e cobertura. A laje de piso das exposições terá um apoio intermediário de 24X24 centímetros para suportar adequadamente as cargas dos espaços expositivos. A laje é constituída de painéis de MLC (com 24 centímetros de espessura nas lajes expositivas e 12 centímetros nas lajes de cobertura), lixados e tratados como uma laje zero. O mesmo painel de 15 centímetros será utilizado como vedos verticais no perímetro laterais dos blocos. Os ambientes habitáveis e climatizados terão fechamentos em vidro e lâminas de aço que são utilizados igualmente como tirantes nas passarelas para auxiliar os vãos maio- res no espaço central, evitando-se desta forma pilares intermediários. No pavimento térreo, muros de concreto com 50 cm de altura servem para a contenção das águas e terra. Além disso, definem os limites dos piso em pedra basáltica (mosaico português) assentado diretamente sobre areia no solo estabilizado, nivelado e apiloado. A estrutura será totalmente produzida no Brasil, transportada e montada no local. A intenção é minimizar ao máximo as obras civis necessárias, diminuindo os prazos de execução e promovendo uma economia geral. DESEJÁVEL LEGADO DA PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA Finalizada a exposição, o pavilhão será desmontado e retornará ao Brasil, onde poderá ser doado, por exemplo, para alguma instituição educacional e se transformar, com algumas modificações e acréscimos, em uma escola. A floresta poderá ser doada a alguma instituição local que será responsável pela ma- nutenção das árvores exiladas. Ambas as destinações serão objeto de estudo meticuloso e constituintes do projeto. * * * A arquitetura a ser vivida e experimentada deve seu colorido e cineticidade às pessoas que a habitarão e não a sua forma e modo de ser construída. Neste sentido cremos que este Pavilhão representará com firmeza e fineza um legado da arquitetura brasileira como continente, além da mensagem precípua e humana do seu conteúdo. QUADRO DE ÁREAS m 2 planta nível térreo áeas comerciais 680,00 área exposição temporária 680,00 área total coberta 1770,00 planta nível 4,95 área exposição permanente leste 680,00 área exposição permanente oeste 680,00 área total coberta 1485,00 planta nível 9,90 área administrativa 330,00 área total coberta 345,00 área total construída 3600,00 implantação | 1:1000 planta de cobertura 0 15 1 1. acesso público 2. acesso vvip e vip | acesso serviço | carga e descarga 3. laje cobertura | equipamentos técnicos 4. espelho d’água 5. equipamento reuso 3 2 5 4 4

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“eu venho desse reino generoso,onde os homens que nascem dos seus verdes,continuam profundamente irmãosdas coisas poderosas, permanentes, como as águas, os ventos e a esperança”

Thiago de Mello in Amazônia, pátria das águas, 1978

A SERENIDADE COMO CONTRAPONTO EM UM OCEANO DE FORMAS

Em um ambiente marcado por uma profusão de estruturas e diferentes tecnologias, que caracterizam eventos como as exposições universais, parece interessante se con-trapor a esta tendência por meio da serenidade e neutralidade de uma estrutura regular e precisa. Um edifício tranquilo certamente se destacará no cenário da EXPO. Além disto ofertará um experiência inolvidável pelos conteúdos a serem exibidos, pelas faci-lidades a serem oferecidas e pelos espaços a serem vivenciados.O pavilhão que propomos se pauta em uma simplicidade técnica e construtiva que permite ousar na proposta expográfica.

SEQUÊNCIA DE VAZIOS A SEREM VIVIDOS

O pavilhão é constituído sequencialmente por três vazios paralelos: dois volumes espaciais programáticos de 15X45 metros que conformam um vazio central de 20X45 metros.Os blocos abrigam, alternadamente, no pavimento térreo os espaços comerciais (loja, restaurantes e serviços) na ala oeste e o espaço multiuso para eventos e exposições temporárias na ala leste. O restaurante e loja compartilham um espaço contínuo sem-pre relacionado a praça central e desfruta de uma paisagem interna surpreendente. A cozinha será totalmente transparente em cristal revelando a operação e o trabalho das pessoas envolvidas.O primeiro pavimento abriga em ambos os blocos a exposição principal. Desprovido de apoios, este espaço completamente livre com 9 metros de altura, permite sua ocupação de forma livre e flexível, o que favorece múltiplas formas de exposição.Um mezanino, como um panóptico pairando sobre este espaço expositivo e praça cen-tral, acolhe a administração que desfruta de desejáveis visuais internas.O vazio central abrigará, junto à circulação do público da EXPO, a praça de acolhimento e encontro com bancos que permitem os visitantes descansarem e aguardarem seus pares. Do lado oposto, junto à circulação de serviços, encontra-se a zona técnica e bastidores. Finalmente, entre ambas localiza-se a praça principal como elemento de surpresa, atração e animação.

PRAÇA DE ÁRVORES: A FLORESTA DO ENCANTAMENTO

Como uma referência direta aos conteúdos a serem expostos, optou-se por um dos biomas mais conhecidos do Brasil ser instalado de forma técnica e responsável nesta praça central: um diorama da Floresta Amazônica com 450 metros quadrados, constitu-ído por árvores e vegetais vivos a serem transportados de nosso país para Dubai, como “árvores exiladas”. Representará igualmente uma resposta à situação delicada que en-frenta este bioma no presente momento, com um índice de comprometimento quase irreversível, como uma indagação universal que deve ser necessariamente feita ou como uma notícia alarmante do desastre eminente que afetará a vida do planeta.Uma floresta meio inundada que se remete aos igapós, entremeada por ilhas de terra firme, será capaz de gerar uma experiência sensorial a partir da atmosfera que envolve o visitante por meio das percepções de umidade, resfriamento, cheiros e luzes filtradas. A ideia é reproduzir um cenário que mescla estas duas situações amazônicas, incorpo-rando este elemento real, capaz de emocionar, ao processo museológico.

CONSTRUÇÃO EM MADEIRA: A TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL

O Pavilhão será integralmente construído em madeira laminada colada de eucalipto (MLC): superestrutura, lajes (feitas de painéis pré-moldados de MLC) e paredes peri-métricas de fechamento.Cada bloco é suportado por 6 pilares em V com uma seção de 36X36 centímetros. Os pilares suportam, de forma não coplanar, as vigas de apoio das lajes de piso e cobertura. A laje de piso das exposições terá um apoio intermediário de 24X24 centímetros para suportar adequadamente as cargas dos espaços expositivos.A laje é constituída de painéis de MLC (com 24 centímetros de espessura nas lajes expositivas e 12 centímetros nas lajes de cobertura), lixados e tratados como uma laje zero. O mesmo painel de 15 centímetros será utilizado como vedos verticais no perímetro laterais dos blocos.

Os ambientes habitáveis e climatizados terão fechamentos em vidro e lâminas de aço que são utilizados igualmente como tirantes nas passarelas para auxiliar os vãos maio-res no espaço central, evitando-se desta forma pilares intermediários.No pavimento térreo, muros de concreto com 50 cm de altura servem para a contenção das águas e terra. Além disso, definem os limites dos piso em pedra basáltica (mosaico português) assentado diretamente sobre areia no solo estabilizado, nivelado e apiloado.A estrutura será totalmente produzida no Brasil, transportada e montada no local. A intenção é minimizar ao máximo as obras civis necessárias, diminuindo os prazos de execução e promovendo uma economia geral.

DESEJÁVEL LEGADO DA PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA

Finalizada a exposição, o pavilhão será desmontado e retornará ao Brasil, onde poderá ser doado, por exemplo, para alguma instituição educacional e se transformar, com algumas modificações e acréscimos, em uma escola.A floresta poderá ser doada a alguma instituição local que será responsável pela ma-nutenção das árvores exiladas.Ambas as destinações serão objeto de estudo meticuloso e constituintes do projeto.

* * *

A arquitetura a ser vivida e experimentada deve seu colorido e cineticidade às pessoas que a habitarão e não a sua forma e modo de ser construída. Neste sentido cremos que este Pavilhão representará com firmeza e fineza um legado da arquitetura brasileira como continente, além da mensagem precípua e humana do seu conteúdo.

QUADRO DE ÁREAS m2

planta nível térreo áeas comerciais 680,00área exposição temporária 680,00área total coberta 1770,00 planta nível 4,95 área exposição permanente leste 680,00área exposição permanente oeste 680,00área total coberta 1485,00 planta nível 9,90 área administrativa 330,00área total coberta 345,00 área total construída 3600,00

implantação | 1:1000planta de cobertura

0 15

1

1. acesso público2. acesso vvip e vip | acesso serviço | carga e descarga3. laje cobertura | equipamentos técnicos4. espelho d’água5. equipamento reuso

3

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4

volumetria geral acessos e fluxos

fluxo de visitantesfluxo de serviçosfluxo vip e vvipfluxo de cargas

programas

espaço de exposição temporária | multiusobanheiros | serviços | apoiorestaurante | lojaespaço de exposição permanenteárea administrativa | lounge | reuniões | escritórioscirculação vertical

diorama amazônico visto a partir do restaurante

ARQUITETURA

planta nivel 0.00 | pavimento térreo | 1:250praça de acolhimento · espaço multiuso · diorama · área comercial

1

2 34

6 75

8

9

1. praça de acolhimento | acesso público2. espaço multiuso | exposição temporária3. restaurante | loja4. diorama amazônico5. varanda de ligação6. sanitários | depósitos | sala entrada de energia | rack | camarim7. sanitários | vestiários | copa | depósito8. circulação | acesso vvip e vip9. acesso serviço | manutenção | bastidores | carga e descarga

0 5 10 15

A A

B

B

C

C

sangria ou plantio em bag

transporte local

acondicionamento para transporte internacionaldiorama amazônico visto a partir do espaço da exposição permanente

“São trezentos e cinquenta milhões de hectares,

são setenta bilhões de metros cúbicos de madeira em pé.

Um terço da reserva mundial de florestas.”

Thiago de Mello in Amazônia, pátria das águas, 1978

ASPECTOS TÉCNICOS DA CONSTITUIÇÃO DO DIORAMA AMAZONICO

A Bacia Amazônica tem uma área maior que a Europa inteira e representa 16% das águas doces de todos os rios do mundo . É coberta por uma densa floresta tropical primária intercalada por rios, igarapés, lagos, pântanos, savanas e praias arenosas. As florestas de terra firme representam 80% da área total, enquanto as florestas inundadas (várzeas e igapós) entre 5% e 10%. A ideia é reproduzir um cenário que mescle estas duas situações amazônicas.A diversidade das espécies, servirão de amostragem , garantindo a realidade da floresta seca e inundada. As espécies nativas adultas, a serem definidas, serão tecnicamente preparadas para o transplante, acondicionadas em bags ou tambo-res garantindo a estabilidade e a segurança da instalação em substrato, garantido o sucesso total da implantação. A implantação, poderá ser feita em areia, serragem, terra ou outro substrato leve como vermiculita. O sistema de irrigação deverá ser automatizado e por gotejamento de forma pontual, garantindo a utilização mínima é necessária, sem qualquer desperdício. As chuvas diárias e ocorrentes na região, poderão ser produzidas através de bicos nebulizadores ou aspersores aéreos.A partir de exemplares de grande porte, intermediários e folhagens típicas, criaremos a floresta estratificada, dando realidade ao projeto e despertando o olhar desta importante reserva do planeta. Folhas farão todo recobrimento do solo, garantindo ainda mais realidade visual. As folhagens (filodendreos e bromélias) criarão maciços e caminhos por entre arvores, troncos e folhas sobre o substrato, fortalecendo a ideia das matas revestidas por restos vegetais.Algumas espécies que podem ser utilizadas: açaizeiro (A); angelim; babaçu (B); bacuri; cacaueiro (C), camapu; castanha-do-pará (D); cupuaçu; cutiera; ingá (E); jambu; jenipapo (F); jequitibá; macaxeira; sapotizeiro; seringueira (G); sumaum, etc.Não à toa, no coração do pavilhão a Amazônia é o Bioma a ser representado. O maior bioma brasileiro e possui grande importância para a estabilidade ambiental do planeta. Nela estão fixadas mais de uma centena de trilhões de toneladas de carbono. Sua massa vegetal lidera cerca de sete trilhoes de toneladas de água anualmente para a atmosfera via evapotranspiração e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Uma verdadeira fonte de resfriamento em escala planetária, que reproduzimos no plano simbólico e funcional na escala do projeto arquitetônico.

PAISAGISMO

planta nivel 4.95 | primeiro pavimento | 1:250exposição permanente

1 2

54

6

1. ambiente expositivo | ala leste2. ambiente expositivo | ala oeste3. varanda aberta4. varanda fechada5. sanitários | depósitos6. circulação

0 5 10 15

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A A

B

B

C

C

[A]açaizeiroeuterpe oleraceaporte: 10 - 20 m

[B]babaçuattalea speciosaporte: 10 - 30 m

[C]cacaueirotheobroma cacaoporte: até 20 m

[D]pastanha-do-paráBertholletia excelsaporte: 30 - 50 m

[E]ingáinga edulisporte: 6 - 15 m

[F]jenipapogenipa americanaporte: 8 - 14 m

[G]seringueiraHevea brasiliensisporte: até 20 m

ala oeste do espaço da exposição permanente

vista do pavilhão a partir da área administrativa

planta nivel 9.90 | segundo pavimento | 1:250administração

12 4

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1. recepção | lounge2. staff3. sala da diretoria4. reuniões5. escritórios6. depósitos | copa | sanitários7. sanitários | depóstitos 8. circulação

0 5 10 15

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A A

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