Implantação e condução de florestas

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Evandro Alcir Meyer Diniz Fronza Santa Maria 2012 IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE FLORESTAS

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Evandro Alcir Meyer

Diniz Fronza

Santa Maria

2012

IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE FLORESTAS

Page 2: Implantação e condução de florestas

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Material didático do curso de

Implantação e condução de florestas

Evandro Alcir Meyer

Diniz Fronza

Santa Maria, novembro de 2012

Page 3: Implantação e condução de florestas

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 5

2. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE FLORESTAL BRASILEIRA E

NA REGIÃO SUL BRASIL ...................................................................... 7

3. ASPECTOS ECOLÓGICOS DOS PLANTIOS FLORESTAIS ........... 12

3.1 Qualidade de Ar .............................................................................. 12

3.2 Reflorestamentos e Água ............................................................... 14

3.3 Solo ................................................................................................ 17

4. ESPÉCIES POTENCIAIS PARA PLANTIO ...................................... 19

4.1. Espécies de rápido crescimento .................................................... 19

4.1.1 Acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.) ..................................... 19

4.1.2 Bracatinga (Mimosa scabrella Benth.) ......................................... 20

4.1.3 Eucalipto ...................................................................................... 21

4.1.4 Pinus............................................................................................ 30

4.1.5 Outras espécies ........................................................................... 32

4.2. Espécies nativas com potencial madeireiro ................................... 37

4.2.1. Açoita-cavalo (Luehea divaricata Martius & Zucaini) ................... 37

4.2.2. Angico-vermelho (Parapiptadenia rigida (Bentahan) Brenan) ..... 38

4.2.3 Cabreúva (Myrocarpus frondosus Allemão) ................................. 39

4.2.4 Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) ..................... 39

4.2.5 Canela-guaicá (Ocotea puberula (Rich.) Nees) ........................... 40

4.2.6 Canjerana (Cabralea canjerana (Vell.) Mart.) ............................... 41

4.2.7 Cedro (Cedrela fissilis Vell.) ......................................................... 42

4.2.8 Guajuvira (Cordia americana (L.) Gottshling & J.E.Mill.) .............. 45

4.2.9 Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) Blake) ....................... 46

4.2.9 Louro-pardo (Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud.) ............. 47

4.2.10 Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl.) ........... 49

4.2.11 Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze) ....... 50

4.2.12 Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong) .......... 51

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5. FATORES QUE AFETAM A ESCOLHA DAS ESPÉCIES ................ 53

6. IMPLANTAÇÃO DE POVOAMENTOS FLORESTAIS ...................... 55

6.1. Escolha do local ............................................................................ 55

6.2. Cuidados com aceiros e estradas .................................................. 57

6.3. Espaçamento ................................................................................. 57

6.4. Preparo da área ............................................................................. 59

6.5. Controle de formigas ..................................................................... 61

6.6. Escolha da muda ........................................................................... 64

6.7. Adubação e calagem ..................................................................... 66

6.8. Plantio e replantio .......................................................................... 67

6.9. Controle de plantas daninhas ........................................................ 70

7. CONDUÇÃO DE POVOAMENTOS FLORESTAIS ........................... 73

7.1. Desrama ........................................................................................ 73

7.2. Desbaste ....................................................................................... 86

7.3 Condução da rebrota ...................................................................... 92

8. SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS ............................................... 95

9. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO FLORESTAL ....................... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 98

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1. INTRODUÇÃO

Os recursos florestais brasileiros vêm sendo explorados desde o

início da colonização do país. Inicialmente, devido à baixa concentração

demográfica o impacto de tal exploração era pequeno. O crescimento da

população e o desenvolvimento de novas tecnologias de utilização da

madeira, aliados ao aumento do comércio e circulação desses produtos

e a constante busca por novas áreas, favoráveis a atividade agrícola e

pecuária, fez com que as florestas sofressem drásticas mudanças na

sua estrutura original

O consumo cada vez maior de produtos de origem florestal,

decorrente do crescimento populacional, faz com que haja uma pressão

cada vez maior sobre as florestas nativas. Como o corte dessas

florestas tem sido realizado sem critérios técnicos, pôs em risco a

extinção de várias espécies vegetais de grande valor. Por isso a

implantação de florestas é uma alternativa viável para diminuir a pressão

sobre as florestas nativas (PAIVA et al., 2001), contribuindo para a sua

conservação.

Neste sentido Galvão (2000) comenta que o reflorestamento,

principalmente em pequenas e médias propriedades rurais é de

interesse público. Visto que ele é uma fonte de renda, contribui para

evitar o êxodo rural e o desemprego, além de proporcionar inúmeros

benefícios ambientais. Portanto uma pequena ou média propriedade

rural bem planejada sempre deve possuir uma área de reflorestamento.

Porém para se obter sucesso no plantio florestal é necessário

conhecer as necessidades das espécies a serem cultivadas, quanto a

exigências climáticas, edáficas, adubação, etc. Deve-se dar atenção

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também às técnicas silviculturais a serem empregadas na condução do

plantio, bem como às particularidades de cada espécie.

Neste trabalho encontram-se resumidas informações relacionadas

com as várias operações de plantio, de manutenção e de condução de

uma floresta, fornecendo subsídios para a escolha de espécies para

plantio, e possibilidades de uso, tendo em vista a produção de madeira

para atender a crescente demanda por produtos de origem florestal.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE FLORESTAL

BRASILEIRA E NA REGIÃO SUL BRASIL

A atividade florestal esteve presente em toda a história econômica

brasileira. No Rio Grande do Sul, com a chegada dos imigrantes,

principalmente alemães e italianos, deu-se início à ocupação das áreas

florestais. As florestas eram derrubadas para fins agrícolas. Com o

passar do tempo, acentuando-se a partir da década de vinte do século

passado, a exploração madeireira passou a ser uma atividade comercial

de grande importância (ANDRAE, 2000).

De acordo com Andrae (2000), apesar dos benefícios econômicos e

sociais advindos desta atividade, inclusive, com a criação de vilas e

cidades, a produção florestal subsistiu em um ambiente econômico

meramente extrativista, praticada com interesses imediatistas. Nessa

prática, não houve reposição ou condução das florestas com vistas à

produção futura. Neste particular, deve-se esclarecer que este modelo

de economia florestal não foi verificado só no Rio Grande do Sul, mas

em todo o país.

Numa tentativa de preservar os remanescentes florestais, criou-se

uma legislação que restringe o uso dessas áreas ainda existentes. Isso

contribuiu diretamente para o desinteresse dos proprietários rurais pelas

florestas nativas, que as eliminam e impedem a regeneração natural das

espécies (I-CESNO-RS, 2006). Além disso, a inexistência de valor

econômico para essas florestas contribui, ainda mais para o desapego

pelas mesmas, aumentando as taxas de desmatamento.

De acordo com Andrae (2000), a dimensão do mercado local e

internacional de madeira, bem como a vocação natural de boa parte das

áreas antes cobertas por ricas florestas, deveria servir de motivação

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para gerar um amplo movimento estadual em favor da utilização destas

chances ecológicas e da potencialidade produtiva existente. O autor

ressalta ainda que o conceito de uso múltiplo das florestas, isto é, a

obtenção simultânea de matéria-prima, de proteção, do equilíbrio

ecológico e de benefícios recreativos, alcançados com o manejo

sustentável, apresenta-se como uma tendência mundial tanto técnica,

como cientificamente para as florestas mistas inequiâneas.

Embora exista a possibilidade técnica de manejar as florestas

naturais de forma sustentável, a tendência é que no futuro haverá ainda

mais restrições à utilização de madeira proveniente destas florestas (o

setor fumageiro proibiu a utilização de madeira de espécies nativas para

a cura do fumo, sob pena de comercialização da safra). Assim a

perspectiva de negócios como plantio de florestas de rápido

crescimento, como eucalipto, pinus e acácia, é promissora.

Segundo Farias et al. (2011) a demanda por produtos florestais tem

tido um incremento muito superior a oferta. Em outras palavras, está se

procurando mais madeira de reflorestamento do que está sendo

plantado, o que gera falta de madeira de reflorestamento no mercado,

de modo que seja necessário importar madeira. Isso é inadmissível,

uma vez que o Brasil , em particular o Sul do Brasil, possui as maiores

taxas de produtividade em reflorestamentos de Pinus, Eucalipto e

Acácia-negra. Enquanto no hemisfério norte uma floresta demora 35

anos para ser cortada para lenha, no Brasil se consegue isso com 7

anos.

Esta elevada taxa de crescimento torna o setor florestal brasileiro

bastante competitivo em relação aos outros países que estão neste

mercado.

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Além disso, os plantios florestais podem servir como fonte

alternativa de renda para famílias que vivem da agricultura em pequenas

propriedades. Espécies florestais podem ser utilizadas para recuperar

solos degradados pela agricultura, bem como para explorar

comercialmente áreas em que culturas anuais não se desenvolvem de

maneira satisfatória, obtendo renda de áreas marginais.

Um exemplo disso ocorreu no sul do território dos Estados Unidos

da América (EUA), onde a agricultura havia se tornado inviável devido à

forma predatória das práticas agrícolas, no início da colonização pelos

europeus, que erodiu o solo, esgotando sua fertilidade natural. Com isso

grande parte dos moradores destas áreas migrou para o norte, em

busca de trabalho nas indústrias metalúrgicas. Assim, o Pinus taeda

começou a regenerar nestas áreas e formou a base da atual economia

daquela região (SHIMIZU E SEBBENN, 2008).

Números do Setor Florestal Brasileiro

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS, 2008),

no ano de 2008º setor florestal era responsável por 5,6% das

exportações (US$ 9,1 bilhões), com um superávit da balança comercial

de 18,5 %. O segmento de celulose e papel teve maior participação nas

exportações brasileiras de produtos florestais, com US$ 4,7 bilhões e

um crescimento de 18,0% em relação a 2006 (US$ 4,0 bilhões). As

exportações de madeira representaram cerca de US$ 3,3 bilhões, de

móveis US$ 994,3 milhões, e carvão vegetal US$ 600 mil.

A produção de madeira em tora de florestas plantadas para uso

industrial no Brasil demonstra uma tendência de crescimento no

decorrer dos anos em torno de 15%. Estima-se que em 2007 a produção

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de madeira em tora foi da ordem de 155,6 milhões m3, representando

um aumento de aproximadamente 0,8% em relação ao ano anterior. O

consumo de madeira em tora de floresta plantada para fins industriais

cresceu aproximadamente 39% entre 2002 e 2007 (SBS, 2008).

Ainda de acordo com a SBS (2008), a produção de madeira serrada

em 2007 atingiu 27,2 milhões m³, predominando a madeira tropical (17,9

milhões m³) frente à produção de madeira de pinus (9,3 milhões m³). O

consumo atingiu aproximadamente 21,5 milhões m³ (79% da produção

nacional). As exportações brasileiras totalizaram 2,9 milhões m³ (US$

927 milhões) no mesmo ano.

As espécies mais plantadas no Brasil foram o Pinus e o Eucalipto. A

região Sudeste é responsável pela maior parte dos plantios de

Eucalipto, e a Sul, de Pinus. A Tabela 1 mostra a distribuição das áreas

de plantio destas duas espécies nos estados brasileiros.

Produtos de origem florestal

A partir das florestas podem ser obtidos muitos produtos, tanto

madeireiros como não madeireiros.

Dentre os produtos madeireiros pode citar a madeira, tábuas,

parquês, solados de calçados, chapas de mdf, aglomerado,

compensado, celulose e papel, postes, dormentes, carvão, lenha,

lâminas decorativas, entre outros.

Como produtos não madeireiros têm-se o látex, a resina que é

utilizada para confecção de adesivos e produtos farmacêuticos e de

limpeza, o tanino, óleos essenciais para remédios, perfumes,

desinfetantes, flores que possibilitam a produção de mel, produção de

cogumelos comestíveis a partir da madeira, etc.

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Tabela 1: Distribuição das áreas de Florestas Plantadas Existentes no Brasil.

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3. ASPECTOS ECOLÓGICOS DOS PLANTIOS

FLORESTAIS

As florestas, nativas ou plantadas, fornecem um grande número de

serviços para a sociedade, como conseqüência das suas influencias

sobre o meio ambiente (aspectos ecológicos). Estes são conhecidos

benefícios indiretos.

As florestas contribuem para a conservação do solo, o controle, do

vento, a qualidade de vida do homem nas cidades, a redução do riscos

de enchentes, a, redução da poluição do ar e da água, controle biológico

de pragas, entre outros.

A seguir serão apresentados alguns aspectos e impactos dos

plantios florestais sobre o meio ambiente.

3.1 Qualidade de Ar

Uma conseqüência do uso crescente de combustíveis fósseis nas

indústrias e na vida dos cidadãos gerou um grande acúmulo na

atmosfera de gases causadores do efeito estufa. Além disso, a

substituição de florestas para outros usos agravou este cenário.

Uma das alternativas para reduzir os efeitos deste fenômeno, além

de reduzir as emissões de carbono para a atmosfera, é retirar o gás

carbônico da atmosfera por meio do plantio de árvores, já que estas o

utilizam no processo da fotossíntese, descrita pela seguinte reação

química:

CO2 + 2H2O CH2O + O2 + H2O.

Analisando a equação entende-se o motivo pelo qual as plantas

“seqüestram” carbono da atmosfera. Na presença de luz, uma árvore

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absorve o CO2, mais água presente na planta, realiza o processo da

fotossíntese, que produzirá água, O2 e glicose, que será armazenada

em espécies florestais na forma de madeira.

Assim as florestas têm um papel extremamente importante para

diminuir os impactos do efeito estufa. Porém deve-se ter em mente que

florestas jovens absorvem mais CO2 e liberam mais O2 que florestas

maduras, como a Floresta Amazônica. Isso acontece porque nas

florestas mais jovens, em crescimento, a fotossíntese é maior que o

processo de respiração (consome O2 e libera CO2), já nas maduras

estes processos tendem a se anular.

Segundo Farias et al. (2011) ao plantar uma árvore contribui-se

para a redução do efeito estufa, principalmente na sua fase mais jovem,

quando ela cresce mais rápido. Associando-se isso com as áreas

disponíveis para plantios florestais na região Sul do Brasil, juntamente

com o rápido crescimento observado nesta região, existiriam condições

de negociar “créditos de Carbono” com os países emissores, baseado

no Protocolo de Kyoto.

As florestas também melhoram a qualidade do ar retirando

partículas sólidas em suspensão do mesmo. De acordo com algumas

estimativas um hectare plantado com árvores fixa em média 50

toneladas de poeira por ano. As árvores servem também para filtrar

fumaças e odores desagradáveis pela passagem do ar entre as folhas e

flores, ou por absorção (PAIVA e VITAL, 2008).

Além disso, podem ser utilizadas como barreiras para diminuir a

velocidade dos ventos (quebra-ventos) e para diminuir ruídos,

principalmente no meio urbano.

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3.2 Reflorestamentos e Água

A maneira mais fácil de entender a relação floresta-água é

conhecendo o ciclo hidrológico na floresta.

A água da chuva que cai sobre uma floresta (ou reflorestamento),

segue dois caminhos: volta à atmosfera por evapotranspiração ou atinge

o solo, através da folhagem ou do tronco das árvores. Na floresta, a

interceptação da água acima do solo garante a formação de novas

massas atmosféricas úmidas, enquanto a precipitação interna, por meio

dos pingos de água que atravessam a copa e o escoamento pelo tronco,

atinge o solo e.a serapilheira. De toda a água que chega ao solo, uma

parte tem escoamento superficial, chegando de alguma forma aos

cursos d’água ou aos reservatórios de superfície. A outra parte sofre

armazenamento temporário por infiltração no solo, podendo ser liberada

para a atmosfera através da evapotranspiração, manter-se como água

no solo por mais algum tempo ou percolar como água subterrânea. De

qualquer forma, a água armazenada no solo que não for

evapotranspirada, termina por escoar da floresta paulatinamente,

compondo o chamado deflúvio, que alimenta os mananciais hídricos e

possibilita os seus usos múltiplos (Figura 1).

Estes mesmos benefícios são alcançados com o plantio de

espécies florestais exóticas, como é o caso dos Eucaliptos e Pinus.

Apesar da crença popular de que o Eucalipto seca o solo, estudos têm

demonstrado que o consumo de água de um hectare plantado com

Eucalipto não é muito diferente de outras culturas agrícolas.

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Figura 1: Circulação da água na floresta. Fonte: Schneider e Schneider (2008)

Ao comparar o consumo de água, durante um ano, de algumas

culturas anuais com o eucalipto, percebe-se que a cultura de eucalipto

consome a mesma quantidade de água do que citrus, bem menor que a

cultura da cana-de-açúcar, podendo ser ligeiramente superior a outras

culturas, como pode ser observado na Tabela 2.

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Tabela 2: Consumo de água de algumas culturas durante um ano (1mm = 1 litro/m2).

Tipo de Cultura Consumo de Água (mm/ha/ano)

Cana-de-açúcar 100-2000

Café 800-1200

Citrus 600-1200

Milho 400-800

Feijão 300-600

Eucalipto 800-1200 Fonte: Lima (1993).

Dados sobre a eficiência no uso da água de algumas espécies,

divulgados pela Revista Madeira (2002), mostram que as espécies de

Eucalyptus cultivadas em solo brasileiro são muito mais eficientes na

economia de água retirada do solo do que as outras espécies florestais

e, também, do que a maioria das culturas anuais, como pode ser

observado na Tabela 3.

Tabela 3: Eficiência no uso da água por algumas espécies.

Espécie kg de biomassa / kg de água consumida

Eucalyptus tereticornis 1,9

Triticum aestivum (trigo) 0,98

Phaseolus vulgaris (feijão) 0,5

Zea mays (milho) 1,08

Solanum tuberosum (batata) 0,6 Fonte: Revista Madeira (2002).

Além disso, o eucalipto também apresenta uma maior produtividade

em função da água evapotranspirada quando comparado com

vegetações naturais (Figura 2).

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Figura 2: - Evapotranspiração em diferentes ecossistemas. Fonte: Schimel et al. (1996) apud Stape (2002).

3.3 Solo

As florestas fornecem o solo contra erosão, reduzindo os danos

causados pela chuva, pelo sol e pelo vento.

De mesma maneira como as florestas naturais, os plantios de

florestais (eucalipto, pinus, e de outras espécies) produzem serapilheira

continuamente protegendo o solo com uma espessa camada de folhas e

outros resíduos, transferindo uma boa quantidade de nutrientes e

matéria orgânica para o solo. As plantações também servem para

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restaurar e manter a produtividade do solo. Além disso, espécies que

possuem raízes profundas extraem os nutrientes das camadas mais

profundas do solo, possibilitando a restauração da produtividade para

locais que estavam degradados (MOURA e GARCIA, 2000)

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4. ESPÉCIES POTENCIAIS PARA PLANTIO

Neste capitulo serão apresentadas algumas espécies arbóreas com

características favoráveis ao seu cultivo. Serão abordados temas como

a caracterização das mesmas, fatores limitantes ao seu cultivo, e os

seus usos.

4.1. Espécies de rápido crescimento

4.1.1 Acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.)

-Descrição: A Acácia-negra é uma espécie florestal originária do sudeste

da Austrália, que pertence à família das leguminosas (Fabaceae). É uma

espécie arbórea de médio porte com altura variando entre 15 e 20 m. No

Brasil ela é cultivada comercialmente no Rio Grande do Sul. Estes

plantios representam aproximadamente 200.000 hectares plantados no

estado.

-Adaptação: Esta espécie se desenvolve em praticamente todos os

solos do Rio Grande do Sul. Apesar disso, esta espécie não tolera solos

muito úmidos ou com problemas de drenagem, preferindo solos de meia

encosta, bem drenados.

- Cultivo: A Acácia-negra normalmente é plantada em espaçamentos

densos (2x2m, 3x1,3 m), ou utilizada em sistemas agrossilvipastoris.

Possui um ciclo de vida curto, entrando em declínio a partir dos 7 anos.

Por este motivo, sua colheita se inicia por volta dos 5 anos. A sua

produtividade gira em torno de 200mst/ha de madeira e 16.000Kg/ha de

casca verde aos sete anos de idade. A principal praga desta cultura é o

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serrador. Para o controle desta praga deve-se remover os galhos

cortados e queimá-los (de fevereiro até setembro).

- Usos: A Acácia-negra, como outras espécies de leguminosas são

espécies fixadoras de nitrogênio. Elas podem adicionar grandes

quantidades de nitrogênio ao sistema, isto é, acima de 500 kg de N ha-1

ano-1 e, ao mesmo tempo, retornar ao horizonte superficial K, Ca e Mg

das camadas mais profundas do solo (FRANCO, 1994). Por isto esta

espécie também é muito utilizada para a recuperação de áreas

degradadas. Porém o principal objetivo do seu cultivo é a extração de

tanino da casca das árvores, a exportação de cavacos, além de ser

utilizada para lenha e carvão.

4.1.2 Bracatinga (Mimosa scabrella Benth.)

Descrição: A Bracatinga é uma espécie florestal nativa do Sul do Brasil,

que pertence à família das leguminosas (Fabaceae). É uma árvore de

médio porte com altura variando entre 15 e 20 m, e 40 a 50 cm de

diâmetro. Não perde as folhas no inverno

-Adaptação: Esta espécie é pouco exigente quanto ao solo, ocorrendo

naturalmente em matas secundárias, aonde chega a formar

povoamentos homogêneos. Em plantios, seu crescimento responde à

profundidade do solo e a fertilidade, principalmente a adição de fósforo.

Apesar de ser nativa da região Sul, a Bracatinga não tolera geadas

severas. Apresenta restrições em solos muito úmidos.

- Cultivo: A Bracatinga apresenta características silviculturais parecidas

com a Acacia-negra, sendo cultivada em plantios puros com

espaçamentos densos (2x1,5 m, 3x1 m) para a produção de energia, ou

utilizada em sistemas agrossilvipastoris. No estágio inicial é muito

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sensível a competição por ervas daninhas de modo que o plantio em

espaçamentos amplos é desaconselhado. Pode ainda ser usada no

tutoramento de espécies secundárias ou climácicas, visando formar

fustes de boa qualidade. Em geral, aos 7 anos, produz 150 mst/ha.

- Usos: A Bracatinga possui uma madeira moderadamente densa (0,65

a 0,81 g/cm³). Produz lenha e carvão de ótima qualidade. Também pode

ser usada para vigamentos, e como varas na construção civil.

4.1.3 Eucalipto

Os eucaliptos, denominação dada às árvores do gênero Eucalyptus,

são nativos da Austrália, Timor Leste e Indonésia, sendo as árvores

mais cultivadas no mundo. Este gênero possui mais de 600 espécies e

variedades, distribuídas em uma diversidade muito grande de

ambientes, desde florestas tropicais até zonas áridas (MARCHIORI e

SOBRAL, 1997).

No Brasil o eucalipto foi introduzido primeiramente no Rio Grande

do Sul, em 1868 (LIMA, 1993). O cultivo em larga escala, porém deve-se

ao trabalho de Edmundo Navarro de Andrade, que deu inicio às

pesquisas e plantios em 1903 no estado de São Paulo para atender a

demanda de madeira para as estradas de ferro. Este pesquisador

buscava espécies de rápido crescimento, produtoras de madeira que

pudesse ser queimada nas caldeiras das locomotivas a vapor da época,

além de servir para a fabricação de dormentes para os trilhos das

ferrovias, bem como para os postes de telegrafo, instalados ao longo

destas ferrovias (PAIVA et al., 2001).

De acordo com estes autores os eucaliptos são plantas de fácil

cultivo, pouco exigentes em umidade e em fertilidade do solo, que

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possuem uma característica especial, crescem rápido como espécies

arbóreas. Outro fator que contribuiu para a expansão do seu cultivo no

Brasil foi sua ótima adaptação às condições edafoclimaticas da maioria

das regiões brasileiras, fazendo com que a velocidade de crescimento

dos eucaliptos fosse maior até que a das árvores cultivadas na Austrália.

A introdução de eucaliptos no Brasil priorizou as espécies mais

vantajosas para o setor de celulose e papel, que com a utilização de

técnicas de melhoramento genético e produção vegetativa de clones

superiores, obtiveram uma grande produtividade, que tem ultrapassado

os 60 m³/ha/ano (MARCHIORI e SOBRAL, 1997). Apesar das vantagens

obtidas com o melhoramento genético, tem-se o problema que o mesmo

foi realizado para atender as necessidades do setor de celulose e papel,

de modo que muitos clones liberados pelas empresas deste setor, e

comercializados por viveiristas, possuem características tecnológicas

que limitam a sua utilização para determinados fins.

A seguir disponibiliza-se uma breve descrição das principais

espécies de Eucalipto plantadas no Sul do Brasil. Maiores informações

poderão ser obtidas em fontes como Marchiori e Sobral (1997),

Paludzyszyn Filho et al. (2006), Brondani (2008) e no TUME- Teste

de Uso Múltiplo de Eucalyptus (http://www.tume.esalq.usp.br/).

Corymbia citriodora Hook (Eucalipto-cidró)

Descrição: Árvore de grande porte, que atinge alturas entre 30 e 40 m,

de tronco reto (até 120 cm), com casca lisa e decídua inteiramente;

folhas juvenis opostas, pecioladas, oblongas a oblongo-lanceoladas,

algumas peludas, ásperas e sedosas; folhas adultas alternas,

pecioladas, estreitas a largo-lanceoladas, cheiro forte de limão.

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Adaptação: Ocorre em altitudes que variam de 80 até 800 m,

pluviosidade anual média de 625 a 1000 mm e temperatura anual média

máxima de 29 a 35ºC e mínima de 5 a 10ºC. Tem bom desenvolvimento

em solos argilosos. Porém, em solos pobres e, principalmente,

deficientes em boro, observa-se uma alta incidência de bifurcações.

Apresenta boa resistência ao estresse hídrico. Não é recomendada para

áreas onde acorrem geadas severas.

Cultivo: Normalmente cultivada em plantios puros, a pleno sol. Após o

corte, apresenta boa capacidade de regeneração por brotação de cepas.

Apresenta um crescimento um pouco inferior ao de outras espécies de

eucalipto convencionalmente cultivadas.

Usos: Madeira de cor pálida, pesada (0,729 g/cm³), com elevada

resistência mecânica, alta estabilidade dimensional e de baixa

permeabilidade. A madeira é resistente ao apodrecimento e durável ao

ataque de cupins. É muito utilizada em componentes estruturais para

construções, caixotaria, dormentes, postes, mourões, lenha e carvão.

Suas folhas são muito usadas para a produção de óleos essenciais.

Eucalyptus benthamii Maiden.

Descrição: Árvores de grande porte (30 a 45 m de altura) que possui

um tronco com casca que se solta até a base, liso e colorido, manchado

de rosa creme e cinza.

Adaptação: É uma espécie que cresce em terrenos férteis, argilosos e

com bom suprimento de água, preferindo solos de deposição aluvial,

como as várzeas, utilizadas para cultivos agrícolas. É muito resistente a

geadas, sendo superior ao E. dunnii.quanto a resistência a geadas.

Page 24: Implantação e condução de florestas

24

Cultivo: Em plantios, esta espécie tem mostrado bom crescimento,

fuste com boa forma e plantios com alta homogeniedade.

Usos: Possui uma madeira relativamente leve, (0,55 a 0,65

g/cm³). Atualmente é indicada principalmente para fins energéticos, pois

apresenta uma madeira com vários problemas de secagem e baixa

estabilidade dimensional, por isso seu uso não é indicado para serraria.

Eucalyptus camaldulensis Dehn

Descrição: Árvore de grande porte (25 a 50 m), com tronco

frequentemente torcido ou bifurcado e copa de folhagem pendente. A

casca é lisa, destacando-se em placas ou tiras longitudinais. Os ramos

jovens são avermelhados e de seção quadrangular.

Adaptação: A espécie convive com geadas e períodos de estiagem,

podendo suportar até 8 meses sem chuvas, nas regiões tropicais. É uma

das espécies mais adequadas para locais limitantes ao cultivo de outras

espécies onde ocorrem deficiências hídricas e edáficas. Além de ser

tolerante a geada suporta inundações periódicas.

Cultivo: Apresenta um crescimento menor que o de outras espécies

tradicionais. Apresenta boa capacidade de regeneração por brotação de

cepas.

Usos: Possui uma madeira densa (0,7 a 0,75 g/cm³), que apresenta

resistência mecânica elevada, bastante resistente a cupins, com cerne

de cor avermelhada. É indicada para serraria, dormentes, postes,

mourões, lenha e carvão. Não é recomendada para Celulose e Papel.

Deve-se evitar o uso de troncos torcidos para postes e mourões.

Page 25: Implantação e condução de florestas

25

Eucalyptus deanei Maid

Descrição: É uma árvore de grande porte, que atinge mais de 60 m de

altura e 100 a 150 cm de DAP, com fuste reto e copa relativamente

estreita. Apresenta casca lisa de coloração cinza azulada ou creme,

descamando em forma de faixas curtas.

Adaptação: Apresenta boa tolerância a geadas, porém é menos

resistente que outras espécies como E. viminalis e E. dunnii. Prefere

solos férteis e úmidos, porém bem drenados.

Cultivo: Deve ser plantado preferencialmente em solos férteis, com boa

drenagem. Apresenta boa capacidade de brotação das cepas após o

corte. Apresenta um bom crescimento.

Usos: Apresenta uma madeira semelhante ao E. saligna, com

densidade de aproximadamente 0,9 g/cm3, com cerne avermelhado. É

utilizada para serraria, pisos, construções em geral e painéis.

Eucalyptus dunnii Maiden

Descrição: O Eucalyptus dunnii é uma espécie arbórea de grande

porte, que atinge 50 m de altura e 100 a 150 cm de DAP

(ocasionalmente 250 cm), com fuste limpo de 30 a 35 m. Apresenta um

tronco cilíndrico e ereto, com casca lisa de coloração rosa acinzentada

na base, e verde acinzentada na parte superior, descamando em forma

de longas placas, finas e enroladas.

Adaptação: Apresenta boa tolerância a geadas, porém se estas forem

muito severas podem causar danos às plantas no seu estágio inicial.

Não é recomendado para regiões que déficit hídrico, além de não tolerar

solos com problemas de drenagem.

Page 26: Implantação e condução de florestas

26

Cultivo: É indicado pra locais com altitude acima de 500 m, onde o

crescimento de outras espécies é prejudicado pelo frio do inverno. Deve

ser plantado preferencialmente em solos férteis, com boa drenagem.

Apresenta boa capacidade de brotação das cepas após o corte.

Usos: Apresenta uma madeira leve ou de densidade média (0,5 a0,7

g/cm3), de relativa estabilidade dimensional e de elevada

permeabilidade (semelhante ao E. grandis). É utilizada para serraria,

laminação, movelaria, construções, celulose e papel, chapas de

partículas, chapas duras, caixotaria, mourões, lenha e carvão.

Eucalyptus grandis Hill ex Maiden

Descrição: É uma árvore muito alta, que alcança até 45 a 55 m de

altura. Tronco robusto com casca fibrosa de coloração claro-

acinzentada, e na parte superior possui casca lisa de cor branca,

prateada ou, às vezes, esverdeada. É a espécie mais plantada no Brasil.

Isso se deve à versatilidade desta espécie, sendo indicada para usos

múltiplos. Por ser a espécie mais cultivada, é a que apresenta os

melhores resultados com melhoramento genético.

Adaptação: É considerada sensível a geadas severas e apresenta

relativa resistência a deficiência hídrica, porém não tolera solos com

problemas de drenagem. Em solos com deficiência de boro, ocorre uma

alta freqüência de plantas bifurcadas e secas de ponteiros.

Cultivo: É uma espécie que apresenta um ritmo de crescimento muito

rápido, superior as demais espécies tradicionalmente cultivadas.

Apresenta uma regeneração por brotação muito boa.

Uso: A madeira de E. grandis é rosa levemente marrom avermelhado,

leve (0,45 a 0,55 g/cm³) e fácil de ser trabalhada. Apresenta baixa

Page 27: Implantação e condução de florestas

27

estabilidade. É muito utilizada como madeira para construção civil,

matéria-prima de fabricação de móveis, além de ser a principal matéria-

prima para as indústrias de celulose e papel, painéis aglomerados e

chapas duras.

Eucalyptus robusta Sm (Eucalipto-cascudo)

Descrição: Árvore de grande porte, que pode podem chegar até 40 m

de altura e mais de 100 cm de DAP, de copa ampla e folhagem verde-

escura e ramos finos avermelhados. Apresenta um tronco cilíndrico,

levemente tortuoso, com casca castanho-avermelhada espessa,

persistente, esponjosa de fibras longas, com fissuras profundas.

Adaptação: É uma espécie que apresenta boa plasticidade, adaptando-

se a solos hidromórficos (encharcados) ou francamente arenosos, em

várias altitudes. Não é recomendado para regiões onde ocorrem geadas

e situações de déficit hídrico severos.

Cultivo: É indicado para locais com úmidos. Apresenta capacidade de

rebrota muito alta.

Usos: Apresenta uma madeira de densidade média (0,6 a 0,75 g/cm³),

de relativa estabilidade dimensional e de média permeabilidade. É

utilizada em componentes estruturais para construções, caixotaria,

laminação, postes, mourões, dormentes, escoras, lenha e carvão.

Eucalyptus saligna Sm (Eucalipto-cereja)

Descrição: O E. saligna é uma espécie arbórea de grande porte, que

pode chegar a 55 m de altura e 180 cm de DAP. Apresenta um tronco

cilíndrico e ereto, com casca lisa de coloração cinzenta-azulada,

Page 28: Implantação e condução de florestas

28

decídua na parte superior do tronco, mas na base é áspera, persistente

descamando em tiras. No Brasil tem sido intensivamente plantada,

sendo superado em área plantada apenas pelo E. grandis.

Adaptação: Apresenta alta plasticidade, adaptando-se a vários tipos de

ambientes, como solos francamente arenosos, em diferentes altitudes.

Tolera geadas leves, e curtos períodos de estiagem.

Cultivo: É uma espécie que tolera incêndios de com chamas de baixas

alturas. É indicada para regiões onde não ocorrem geadas fortes e solos

com problemas de drenagem. Apresenta boa capacidade de brotação

das cepas após o corte.

Usos: Apresenta uma madeira mediamente leve (0,5 a 0,65 g/cm³), de

coloração rosado-claro ou avermelhada, fácil de ser trabalhada em

operações de usinagem. É utilizada para serraria, movelaria,

construções, celulose e papel, lenha e carvão.

Eucalyptus uruphylla S. T. Blake

Descrição: É uma espécie arbórea de grande porte (até 45 m de altura),

de tronco reto e folhagem verde-brilhante. A casca é persistente e

fibrosa, que forma placas retangulares de cor castanha até certa altura

do tronco. Na parte superior apresenta possui casca caduca de cor

acinzentada ou amarelada. É uma das espécies mais resistentes a

doenças entre as espécies de Eucalipto mais cultivadas.

Adaptação: Apresenta alta plasticidade, mas prefere solos profundos,

bem drenados de textura franco-argilosa. Apta para regiões onde não

ocorrem geadas.

Cultivo: É uma espécie que apresenta uma boa capacidade de

regeneração por brotação de cepa. Tem sido plantada intensivamente

Page 29: Implantação e condução de florestas

29

em programas de melhoramento genético, principalmente de hibridação.

Um dos híbridos mais plantados foi obtido pelo cruzamento com o E.

grandis (Urograndis).

Usos: É considerada uma espécie de madeira mediamente leve (0,5 a

0,6 g/cm³), de coloração castanha-avermelhada. É indicada para usos

gerais e laminação, componentes estruturais para construções,

caixotaria, mourões, escoras, celulose e papel, chapas duras, painéis,

lenha e carvão.

Eucalyptus viminalis Labill

Descrição: Árvore de grande porte (30 a 55 m de altura) com tronco de

até 120 cm de DAP. Apresenta troncos retos, copa mais ou menos

cônica, com ramos finos flexíveis e pendentes. A casca é persistente e

acinzentada na base do tronco, tornando-se lisa e esbranquiçada mais

acima, desprendendo-se em longas tiras.

Adaptação: É uma espécie altamente resistente a geadas, sendo

indicada para regiões frias como o Sul do Brasil. Tolera solos úmidos,

mas bem drenados.

Cultivo: É suscetível a deficiências hídricas e apresentam capacidade

de regeneração por rebrota.

Usos: Apresenta uma madeira de densidade média (0,7 g/cm³), de

coloração amarela. É de difícil usinagem e apresenta inúmeros

problemas de secagem, sendo utilizada para caixotaria, escoras,

mourões, lenha e carvão.

Informações sobre outras espécie, curiosidades, usos entre outros,

podem ser obtido no site TUME- Teste de Uso Múltiplo de Eucalyptus

(http://www.tume.esalq.usp.br/).

Page 30: Implantação e condução de florestas

30

4.1.4 Pinus

Segundo Marchiori (1996) o gênero Pinus é composto por um grupo

de mais de 90 espécies arbóreas, pertencentes à Familia Pinaceae, que

são originárias em sua maioria do Hemisfério Norte (Europa, Ásia,

América do Norte e Central.

No Brasil as espécies de Pinus em sendo plantadas a mais de um

século. Em 1948 o Serviço Florestal do Estado de São Paulo introduziu

espécies americanas, das quais o Pinus elliiottii e o Pinus taeda se

destacaram pelo seu rápido crescimento, facilidade nos tratos culturais e

reprodução intensa no Sul e Sudeste do Brasil (SHIMIZU e SEBBENN,

2001). Por isso as mesmas são destacadas a seguir.

Pinus elliottii Engelm.

- Descrição: É uma espécie originária do sudeste dos Estados Unidos,

que comumente alcança alturas entre de 25 a 30 m, e de 60 a 90 de

DAP. É muito cultivada no sul do Brasil por apresentar um bom

crescimento em regiões de clima subtropical úmido.

- Adaptação: Esta espécie é tolerante a geadas, além de apresentar

uma tolerância moderada em relação à deficiência hídrica. Apesar disso,

a principal peculiaridade desta espécie é o fato da mesma poder ser

plantada em sítios com lençol freático superficial, pois suporta o plantio

em solos úmidos. Espécie adaptada a solos ácidos. É uma espécie

intolerante a sombra. Cresce naturalmente em regiões de baixa altitude.

- Cultivo: O Pinus elliottii deve ser plantado a pleno sol, em plantios

puros. Para o plantio recomenda-se dar preferência a solos ligeiramente

ácidos (pH aproximadamente 5), pois nestes ocorre uma maior

Page 31: Implantação e condução de florestas

31

associação das raízes com fungos micorrízicos, o que por aumenta a

absorção de fósforo e outros nutrientes, proporcionando um maior

crescimento. Em plantios para madeira serrada, desbastes e desramas

devem ser realizados para obter árvores com a forma e as dimensões

necessárias para este objetivo.

- Usos: Possui a madeira mais densa e dura do que a das demais

espécies de Pinus (0,50 a 0,56 g/cm³), utilizada para construções leves

e pesadas, bem como na confecção de embarcações, caixas e

embalagens. No Brasil seu uso se restringe à produção de madeira de

madeira para processamento mecânico e a extração de resina. Não é

utilizado para celulose em virtude do alto teor de resina.

Pinus taeda L.

- Descrição: Esta é espécie é originária do sul e sudeste dos Estados

Unidos, e geralmente atinge em torno de 20 metros em altura e 100 cm

em DAP. No Brasil os principais plantios se encontram nas regiões

Sudeste e Sul, sobretudo nas terras mais altas da Serra Gaúcha e

Planalto Catarinense.

- Adaptação: É uma espécie adaptada a regiões onde ocorrem invernos

intensos com geadas severas, como na Serra Gaúcha. Porém

dependendo da procedência, pode apresentar um desenvolvimento

diferenciado em cada local de plantio. Apresenta um bom

desenvolvimento em sítios com bastante umidade e pouca drenagem,

ocorrendo também em locais secos. Essa espécie tem ótimo

crescimento em solos moderadamente ácidos, de textura média. É uma

espécie intolerante a sombra.

- Cultivo: O sistema de cultivo e semelhante ao Pinus elliottii.

Page 32: Implantação e condução de florestas

32

- Usos: A madeira é indicada para construções, móveis e caixotaria.

Possui fibras longas adequadas para fabricação de celulose e papel.

Esta espécie não é indicada para resinagem.

Diferenças entre as espécies

Em geral o Pinus elliottii apresenta um incremento volumétrico

menor que o P.taeda, porém ele inicia a produção de madeira adulta em

torno de sete a oito anos, contra 12 a 15 do P. taeda. Este pode ser um

importante diferencial na escolha de qual espécie plantar, quando o

objetivo for madeira destinada ao processamento mecânico (SHIMIZU e

SEBBENN, 2001), como no caso da madeira serrada.

Segundo Marchiori (1997) as acículas do P. elliottii são mais longas

e de coloração verde mais clara, têm secção normalmente semicircular,

e os cones são nitidamente pedunculados de cor castanho-

avermelhada. O P. taeda por sua vez apresenta acículas mais curtas

com um tom de verde mais escuro e secção triangular. Seus cones são

subsésseis e de cor acinzentada.

4.1.5 Outras espécies

Cedro australiano (Toona ciliata M. Roem.)(PINHEIRO et al., 2006)

- Descrição: É uma árvore de grande porte, originária da Austrália, que

pode atingir cerca de 50 m de altura e 200 cm de DAP. Apresenta um

tronco retilíneo, que algumas vezes pode ser bifurcado. Que possui

Page 33: Implantação e condução de florestas

33

sapopemas baixas, e pouco desenvolvidas. A casca é grossa, dura com

deiscência em placas retangulares e escamiformes, cinza a marrom.

- Adaptação: Cresce em áreas com precipitação entre 800 a 1800 mm

por ano, com 2 a 6 meses de estiagem. Suporta temperaturas de até

0°C, e geadas leves de curta duração. Quanto ao solo, não suporta

solos argilosos compactados e solos arenosos pobres.

- Cultivo: é uma espécie que apresenta uma boa regeneração natural e

rebrota muito bem após o primeiro corte. O plantio deve ser adensado

para permitir que o tronco não seja muito cônico, o que acontece em

plantios mais espaçados. Necessita ser manejado por meio de

desbastes (retirada de algumas árvores), durante o seu ciclo. Em alguns

casos desramas podem ser necessárias melhorar a qualidade da

madeira. Em MG, apresentou um bom crescimento, alcançando

incrementos de 20 m³/ha/ano, aos 15 anos. Não é atacado pela broca-

do-cedro.

- Usos: Possui uma madeira similar ao cedro, sendo utilizada como

substituta da mesma (descrita no item 4.2.7).

Cinamomo gigante (Melia azedarach L)

- Descrição: É uma espécie de rápido crescimento, originária da Ásia,

que pode atingir alturas superiores a 15 m e diâmetro de 40 cm.

Apresenta tronco cilíndrico, reto ou levemente tortuoso. Se plantado em

espaçamentos muito grandes, verifica-se a presença de uma intensa

ramificação. Perde as folhas no inverno.

- Adaptação: Esta espécie tolera baixas temperaturas e geadas, porém

é suscetível a geadas severas e tardias. Pode ser plantada em solos

ácidos e arenosos, porém o seu melhor crescimento é verificado em

Page 34: Implantação e condução de florestas

34

solos férteis e profundos. Não se recomenda o plantio em solos rasos e

pedregosos, pois nestes o seu crescimento é lento. Solos com

problemas de drenagem devem ser evitados.

- Cultivo: O cinamomo apresenta rápido crescimento, com incrementos

entre 24 e 44 m³/ha/ano. Em virtude da intensa ramificação, deve-se

optar ou por plantios mistos e adensados, ou então plantios puros com

espaçamento não muito amplo. Para obtenção de madeira para fins

nobres, são necessários desbastes, além disso, devem-se realizar

desramas para obtenção de madeira de boa qualidade. Recomenda-se

que nunca se corte galhos maiores que 5 cm de diâmetro na inserção do

mesmo. Segundo madeireiros que trabalham com esta espécie, se a

desrama for realizada com diâmetros maiores, a cicatrização é muito

demorada, e como a madeira do cinamomo é suscetível à ação de

fungos xilófagos (que se alimentam de madeira), perdem-se grandes

seções da tora por apodrecimento.

- Usos: Possui uma madeira moderadamente densa (0,52 g/cm³), que é

indicada para a confecção de móveis de luxo, laminados e

compensados. Sua lenha pode ser usada para e carvão.

Grevilha (Grevillea robusta Cunn.)

- Descrição: É uma espécie que atinge de 15 até 35 metros de altura

com tronco reto e cilíndrico de 50 a 60 cm de DAP. É uma árvore

perenifólia, ou seja, não perde as folhas.

- Adaptação: Esta espécie tolera geada e períodos de estiagem.

Apresenta melhor desenvolvimento em solos argilosos e arenosos,

levemente úmidos. Em solos rasos e pedregosos apresenta um

crescimento lento e tende a formar troncos tortuosos.

Page 35: Implantação e condução de florestas

35

- Cultivo: Apresenta rápido crescimento e boa forma, podendo crescer

até 2 metros em altura e de 2 a 3 cm em diâmetro. Plantio puro a pleno

sol, podendo também ser realizado em linhas, como quebra-vento.

- Usos: Possui uma madeira moderadamente densa (0,6 g/cm³),

considerada de boa qualidade. É empregada na construção civil,

fabricação de compensados e móveis. Utilizada na fabricação de tonéis

de vinho, pois se assemelha ao carvalho-brasileiro. Produz lenha de boa

qualidade.

Kiri da china (Paulownia imperialis Siebold & Zucc) (MURAIAMA

e SAKAMOTO, 1976)

- Descrição: É uma espécie exótica, originária da China, que pode

alcançar até 25m de altura com um tronco de até 1 m de diâmetro. O

tronco varia de cilíndrico a cônico, podendo chegar até 10 m de

comprimento.

- Adaptação: O kiri-da-china é uma espécie que requer solos férteis,

profundos, ricos em matéria em orgânica, e bem drenados. Não tolera

solos encharcados, com lençóis freáticos superficiais e solos rasos.

Quanto ao clima, sofre com geadas tardias. Além disso, o plantio deve

ser realizado preferencialmente em locais de exposição sul, pois esta

espécie é suscetível a queimaduras no tronco, causadas pelo sol da

tarde.

- Cultivo: Para o seu cultivo recomenda-se o plantio o plantio puro a

pleno sol, com espaçamentos amplos. Para obter homogeneidade no

povoamento, recomenda-se a decepa de todos os indivíduos do plantio.

Após a decepa, o kiri cresce mais rapidamente, formando fustes retos e

de melhor qualidade. Para conseguir madeira de boa qualidade deve-se

Page 36: Implantação e condução de florestas

36

retirar que aparecem nas axilas das folhas. Esta operação deve ser

realizada até se obter troncos com no mínimo 5 m de altura. Apresenta

boa rebrota do toco, e também das raízes.

- Usos: Possui uma madeira leve de coloração esbranquiçada, que é

indicada para movelaria, tamancos, aeromodelismo, barcos, aparelhos

ortopédicos, acústicos, e instrumentos musicais. O carvão desta espécie

é utilizado para polimento e como componente da pólvora.

Informações sobre pragas e doenças que atacam esta espécie podem

ser obtidas em Muraiama e Sakamoto (1976).

Uva-do-japão (Houvenia dulcis Thunb.)

- Descrição: É uma espécie que perde as folhas no inverno. A altura

normalmente varia entre 10 e 15 metros de altura, podendo chegar até

25 m de altura, com DAP de até 50 cm. O tronco geralmente é retilíneo

e cilíndrico, com fuste de até 8 m de comprimento. Apresenta o

inconveniente de ser uma espécie com alto potencial de invasão.

- Adaptação: É uma espécie resistente ao ataque de formigas e geadas

moderadas, não tendo problemas com pragas e doenças que sejam

limitantes ao seu desenvolvimento. Cresce bem em solos compactados,

de média profundidade, excluindo-se aqueles com excesso de umidade.

- Cultivo: No sul do Brasil, é cultivada de forma isolada, ou em pequenos

talhões. Pode ser plantada por mudas ou até mesmo por semeadura

direta. Apresenta uma intensa regeneração natural por sementes. É

dispersa por animais e também pela água. Por isso, é frequentemente

encontrado se regenerando em florestas ripárias. Apresenta um

crescimento rápido, chegando até 30 m³/ha/ano.

Page 37: Implantação e condução de florestas

37

- Usos: É uma espécie que possui grandes perspectivas para a

utilização da madeira. A densidade da madeira é de 0,65 g/cm³. Pode

ser utilizado na construção civil, marcenaria, fabricação de móveis e

laminados. Além disso, a madeira pode ser utilizada para lenha. As

folhas e os frutos servem para alimentação animal

4.2. Espécies nativas com potencial madeireiro

4.2.1. Açoita-cavalo (Luehea divaricata Martius & Zucaini)

- Descrição: Esta é uma espécie que comumente cresce de 5 a 15

metros em altura e de 20 a 50 cm, em diâmetro (DAP). Em alguns casos

pode atingir 30 m de altura e 100 cm de DAP. O tronco geralmente é

curto e tortuoso. Apesar disso pode formar troncos retos no interior da

floresta. No inverno perde totalmente as folhas.

- Adaptação: Esta espécie tolera baixas temperaturas, porém é

suscetível a geadas tardias. Ela cresce bem em solos secos ou úmidos,

rasos e pedregosos. É uma espécie que prefere locais bem iluminados,

porém tolera o sombreamento no quando jovem.

- Cultivo: Para o seu cultivo é recomendado o plantio misto com

espécies pioneiras ou em plantios de enriquecimento de capoeira (em

faixas). Apresenta uma elevada taxa de sobrevivência, porém tem um

crescimento lento. Como o Açoita-cavalo apresenta a tendência de

bifurcar, necessita de podas para a formação de um único tronco.

- Usos: Possui uma madeira moderadamente densa (0,56 a 0,70 g/cm³),

que é indicada para a confecção de móveis, compensados, instrumentos

musicais, tornearia e diversos usos nobres da construção civil. Esta

espécie apresenta um elevado potencial para a confecção de móveis

Page 38: Implantação e condução de florestas

38

vergados, sendo considerada uma das melhores madeiras para a

fabricação de coronhas de armas de fogo.

4.2.2. Angico-vermelho (Parapiptadenia rigida (Bentahan) Brenan)

- Descrição: É uma árvore que geralmente atinge até 20 m de altura e

70 cm de DAP, podendo chegar até 35 m de altura e 120 cm de DAP.

Apresenta fustes cilíndricos, normalmente inclinados, que podem chegar

até 13 m de altura, no interior da floresta. Crescendo isolada, a altura do

tronco diminui drasticamente. Perde as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, ou seja, tolera

geadas. É uma espécie que cresce em vários tipos de solo. Apesar

disso, deve-se evitar o plantio em solos excessivamente úmidos e de

baixa fertilidade.

- Cultivo: Como a espécie apresenta a tendência de formar fustes

tortuosos com ramificação precoce, é aconselhável um espaçamento

inicial adensado (3 x 0,7m) com posterior desbaste, ou um plantio misto

com espécies pioneiras, ou ainda em faixas nas capoeiras.Em plantio

mais espaçados, indica-se a utilização de tutores, para corrigir a

inclinação do tronco, e desramas para manter um único tronco.

Apresenta um baixo crescimento inicial.

- Usos: Apresenta uma madeira densa (0,75 a 0,95 g/cm³), com alburno

de castanho-rosado e cerne castanho-avermelhado uniforme, com

madeira muito resistente e de grande durabilidade natural, é bastante

valorizada para construção rural (moirões, postes, estacas, vigas) e civil,

dormentes, carpintaria. Produz lenha e carvão de ótima qualidade.

Page 39: Implantação e condução de florestas

39

4.2.3 Cabreúva (Myrocarpus frondosus Allemão)

- Descrição: Árvore de grande porte, com 10 a 25 m de altura e 30 a 60

cm de DAP, podendo atingir 35 m de altura e 100 cm de DAP, com

tronco reto a inclinado suave com até 15 m de comprimento. Perde as

folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie mediamente tolerante a geada, que ocorre

em solos profundos e úmidos, com boa drenagem, de boa fertilidade.

Tolera sombreamento de média intensidade.

- Cultivo: A cabreúva apresenta uma desrama natural deficiente,

necessitando de podas de condução e de ramos para aumentar a altura

comercial. Por isso não deve ser plantada a pleno sol, e devendo ser

plantada em consórcio com espécies pioneiras ou introduzidas em

faixas nas capoeiras. Devem-se tomar alguns cuidados no plantio, pois

segundo Carvalho (2003) o pegamento das mudas não é fácil.

Apresenta um crescimento inicial muito lento.

- Usos: A madeira apresenta um alburno amarelo-pálido, diferenciado do

cerne acastanhado. Com uma madeira pesada (0,77 a 1,18 g/cm³) muito

resistente a fungos e cupins é indicada para construção civil, obras

externas, marcenaria, revestimentos decorativos, móveis, gamelas e

cabos de ferramentas. A cabreúva tem alcançado bons preços no

mercado. A lenha é de boa qualidade.

4.2.4 Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.)

- Descrição: É uma árvore de grande porte que pode alcançar até 35 m

de altura, e de 60 a 120 cm de DAP. Apresenta um tronco cilíndrico,

levemente inclinado, ou reto, achatado e com base acanalada.

Page 40: Implantação e condução de florestas

40

Normalmente possui um fuste curto, podendo chegar até 15 de

comprimento, no interior de florestas. Perde as folhas no inverno

(caducifólia).

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, bem adaptada ao

clima gaúcho, tolerando geadas. Cresce em vários tipos de solo. Apesar

disso, não tolera solos rasos, pedregosos ou muito úmidos.

- Cultivo: A espécie apresenta um crescimento irregular, ou seja, tende

bifurcar desde a base, formando galhos grossos, apesar disso, muitas

vezes se observa a forma com monopódica (um tronco). Mesmo assim

deve ser podada para aumentar a altura comercial e melhorar a

qualidade da madeira. Recomenda-se o plantio puro a pleno sol, ou

plantio misto, em alta densidade. A Canafístula apresenta um

crescimento rápido.

Em plantios mistos com espécies pioneiras apresenta uma boa desrama

e cicatrização natural, formando uma fuste alto e livre de nós.

- Usos: A madeira pesada (0,8 g/cm³), com alburno róseo-claro,

levemente amarelado; cerne róseo ou avermelhado e ondeado,, com

resistência mecânica média, é utilizada na construção civil (vigas,

caibros, aberturas, assoalhos, parquês) e mobiliária. Em uso externo é

aproveitada para mourões, dormentes e cruzetas. Produz lenha e

carvão de boa qualidade. Também é utilizada para fins paisagísticos.

4.2.5 Canela-guaicá (Ocotea puberula (Rich.) Nees)

- Descrição: É uma árvore que geralmente atinge até 15 m de altura e

60 cm de DAP, podendo chegar até 25 m de altura e 90 cm de DAP.

Apresenta roncos cilíndricos a irregulares, normalmente reto, que podem

Page 41: Implantação e condução de florestas

41

chegar até 13 m de altura. É uma espécie que não perde as folhas

(perenifólia).

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, tolerando geadas.

Cresce em vários tipos de solo, ocorrendo com maior frequência em

solos de baixa fertilidade, bem drenados e com elevado teor de

alumínio. Apesar disso, cresce melhor em férteis com boa drenagem.

Tolera um leve sombreamento na fase juvenil.

- Cultivo: Em plantios a espécie apresenta crescimento monopodial (um

único fuste) com ramificação leve, boa desrama natural sob

espaçamento denso. Pode ser plantada a pleno sol, ou em plantios

mistos. É uma espécie que rebrota do toco após o corte. Apresenta um

bom crescimento inicial.

- Usos: Apresenta uma madeira leve (0,39 a0, 49 g/cm³), com alburno

com coloração branco-amarelada, e cerne pardo amarelado, apresenta

baixa durabilidade, porém pode ser tratada com facilidade. É usada para

construções internas, marcenaria, carpintaria, e caixotaria. Pode

também ser utilizada como base para compensados. Produz lenha de

péssima qualidade, embora seja fosse usada para cura de folhas de

fumo.

4.2.6 Canjerana (Cabralea canjerana (Vell.) Mart.)

- Descrição: É uma árvore que geralmente atinge até 20 m de altura e

70 cm de DAP, podendo chegar até 35 m de altura e 230 cm de DAP.

Apresenta fustes cilíndricos, retos, que podem chegar até 13 m de

comprimento. Crescendo isolada, a altura do tronco diminui

drasticamente. É uma espécie perenifólia (não perde as folhas).

Page 42: Implantação e condução de florestas

42

- Adaptação: É uma espécie que não tolera geadas fortes quando

jovem. Cresce em vários tipos de solo, porém se desenvolve melhor em

solos férteis, profundos, de boa disponibilidade hídrica e boa drenagem.

- Cultivo: Na fase jovem apresenta um crescimento monopodial com

poucas ramificações e desrama natural satisfatória até a metade da

altura, podendo-se optar pela poda para aumentar a altura comercial.

Pode ser plantada a pleno sol, em plantios mistos com espécies

pioneiras, ou em faixas largas abertas na vegetação secundária.

Apresenta uma boa brotação após o corte. A Canjerana apresenta um

crescimento moderado (13,5 m³/ha/ano aos 10 anos)

- Usos: Apresenta uma madeira de densidade média (0,5 a 0,75 g/cm³),

com alburno de coloração branca e cerne castanho-avermelhado ou

vermelho-escuro, com madeira durabilidade natural de média a alta, é

indicada para mourões, móveis, marcenaria, carpintaria e acabamentos

internos. Lenha de razoável qualidade.

4.2.7 Cedro (Cedrela fissilis Vell.)

- Descrição: É uma árvore que geralmente atinge até 25 m de altura e

de 40 a 80 cm de DAP, podendo chegar até 40 m de altura e 300 cm de

DAP. Apresenta fustes cilíndricos, reto ou pouco tortuoso, que podem

chegar até 13 m de altura, no interior da floresta. Perde as folhas no

inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, que ocorre

principalmente em solos profundos e úmidos, porém bem drenados e

com textura argilosa a areno-argilosa. Apesar disso, deve-se evitar o

plantio em solos rasos ou com camadas de pedras e áreas de lençol

freático superficial.

Page 43: Implantação e condução de florestas

43

- Cultivo: O Cedro necessita de poda frequente uma vez que apresenta

elevada vulnerabilidade desta espécie ao ataque da Broca-do-cedro

(Hypsipila grandella). Esta praga ataca a ponteira da planta (Figura 3),

causando um rebrota abaixo do local atacado. Com isso a planta perde

a dominância apical, diminuindo a altura comercial. As plantas atacadas

devem sofrer podas corretivas nos 4 primeiros anos, e se o ataque for

muito severo, recomenda-se o corte da árvore rente ao solo, e a

condução da brotação do toco. Em virtude do ataque da broca, o plantio

puro a pleno sol deve ser evitado, dando-se preferência ao plantio misto

com espécies pioneiras, ou ainda em faixas nas capoeiras. A densidade,

número de árvores por unidade de área, nunca deve ultrapassar as 100

árvores por hectare. O Cedro apresenta um crescimento médio.

- Usos: A madeira do Cedro varia de leve a moderadamente densa (0,47

a 0,61 g/cm³), com alburno esbranquiçado e cerne castanho-claro-

rosado até castanho-avermelhado. Madeira resistente a fungos, desde

que não enterrada, é utilizada na construção civil, construção naval

(acabamentos internos) móveis e instrumentos musicais. Fornece lenha

de boa qualidade.

Page 44: Implantação e condução de florestas

44

Figura 3: Sintoma do ataque da Broca-do-cedro (A), e detalhe da larva alojada na ponteira da planta atacada.

http://travessiambiental.blogspot.com.

br

http://matasciliares.wordpress.com/br

A

B

Page 45: Implantação e condução de florestas

45

4.2.8 Guajuvira (Cordia americana (L.) Gottshling & J.E.Mill.)

- Descrição: Árvore que geralmente atinge 15 m de altura e 40 cm de

DAP, podendo chegar até 30 m de altura e 100 cm de DAP. O tronco

geralmente é curto e tortuoso, raramente cilíndrico, porém pode chegar

até 10 m de comprimento. Uma das principais características que ajuda

na identificação desta espécie é a presença de brotações no tronco.

Perde parcialmente as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, tolerando geadas.

Na sua fase jovem também tolera sombreamento não muito intenso. É

encontrada crescendo em vários tipos de solos, sendo que apresenta

melhor crescimento em solos férteis, com boa drenagem e propriedades

físicas adequadas. Solos hidromórficos (muito úmidos) devem ser

evitados.

- Cultivo: A Guajuvira apresenta desrama natural deficiente,

necessitando de podas para que seu aproveitamento madeireiro não

seja comprometido. Pode ser cultivada em plantios com outras espécies

que forneçam um sombreamento lateral para estimular o crescimento da

gema apical. Esta espécie apresenta brotações sobre os galhos que

podem ser aproveitadas comercialmente (Figura 4). Porém quando

estas se desenvolverem no tronco, prejudicam a qualidade da madeira,

devendo ser retiradas. O crescimento da espécie varia de lento a

moderado.

- Usos: Apresenta uma madeira densa (0,75 a 0,90 g/cm³), com alburno

amarelado e cerne pardo-escuro, muito resistente ao apodrecimento. É

indicada para a construção civil (vigas, caibros, tábuas para assoalhos),

obras externas (postes, mourões, estacas, dormentes), cabos de

ferramentas, peças torneadas e peças curvadas, etc.

Page 46: Implantação e condução de florestas

46

Figura 4: Aspecto das brotações em galho de Guajuvira.

4.2.9 Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) Blake)

- Descrição: Árvore que geralmente atinge 25 m de altura e 60 cm de

DAP, podendo chegar até 40 m de altura e 120 cm de DAP. O tronco é

cilíndrico, podendo chegar a 15 m de comprimento, marcado por

cicatrizes da fixação das folhas, podendo apresentar sapopemas. Perde

as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie medianamente adaptada ao frio. Não tolera

muito sombreamento. Não se indica o plantio desta espécie em solos

rasos, de baixa fertilidade, de textura arenosa ou muito secos.

Page 47: Implantação e condução de florestas

47

- Cultivo: O Guapuruvu apresenta um crescimento monopodial, com

ramificação apenas no alto. Como esta espécie apresenta uma desrama

natural muito intensa, a poda só é necessária em plantas danificadas

pela geada. Em virtude de seu rápido crescimento e da copa larga, o

Guapuruvu deve ser plantado em espaçamentos de no mínimo 4 x 4,

podendo ser plantado a pleno sol, em plantio misto principalmente para

o tutoramento de outras espécies.

- Usos: Apresenta uma madeira leve (0,32 a 0,40 g/cm³), com alburno e

cerne indiferenciado de cor branco-palha, pouco resistente ao

apodrecimento. É indicada para utilização como miolo de painéis

compensados, brinquedos, saltos para calçados, embalagens leves,

embalagem para frutas, na construção civil (forro, e obras internas).

4.2.9 Louro-pardo (Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud.)

- Descrição: É uma árvore que geralmente atinge até 20 m de altura e

60 cm de DAP, podendo chegar até 35 m de altura e 100 cm de DAP.

Apresenta fustes de seção ovalada a cilíndrica, retos e bem definidos

podendo atingir até 15 m de comprimento Perde as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, porém sofre com

geadas tardias É bastante exigente quanto ao tipo de solo, devendo ser

plantada em solos de boa fertilidade, profundos e bem drenados. Evitar

plantio em solos hidromórficos (muito úmidos) e rasos. Tolera um

sombreamento leve quando jovem.

- Cultivo: O Louro apresenta um desrama natural deficiente,

principalmente quando em espaçamentos amplos, por isso necessita de

desramas para melhorar a qualidade da madeira (sem nós). Em plantio

não se deve ultrapassar 100 plantas por hectare, que devem ser

Page 48: Implantação e condução de florestas

48

associadas a outras espécies com crescimento similar em altura. Em

plantios homogêneos foi observado a incidência de pragas como Dictyla

monotropidia (Stal), um inseto que sugam a seiva das folhas, debilitando

as plantas (Figura 5). Apresenta um crescimento intermediário, sendo

que na Argentina foram registrados 23 m³/ha/ano aos 13 anos.

- Usos: Apresenta uma madeira moderadamente densa (0,43 a 0,78

g/cm³), com alburno de coloração amarelo-pardacenta e cerne pardo-

claro. É indicada para construção civil, fabricação de moveis de luxo,

aberturas, entre outras. Produz lenha de má qualidade.,

Figura 5: Ninfa de Dictyla monotropidia (A); adulto de D. monotropidia (B); sintomas do ataque em folhas de louro-pardo (Garça, SP) (D e E); plantas de louro-pardo desfolhadas devido ao ataque do percevejo. Fonte: Thomazini e Ribeiro (2009)

A B

C D

Page 49: Implantação e condução de florestas

49

4.2.10 Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl.)

- Descrição: Árvore que geralmente atinge até 20 m de altura e 50 cm de

DAP, podendo chegar até 35 m de altura e 100 cm de DAP. O tronco

geralmente é reto e cilíndrico a levemente tortuoso, podendo chegar até

15 m de comprimento. Perde as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, tolerando geadas.

Na sua fase jovem também tolera sombreamento não muito intenso.

Cresce naturalmente em solos de alta fertilidade, profundos e bem

drenados.

- Cultivo: O Pau-marfim apresenta crescimento monopodial na sua fase

jovem, formando troncos bem definidos mesmo a pleno sol. A desrama

natural é satisfatória em plantios mistos e razoável em plantios puros,

porém pode-se obter madeira de melhor qualidade, para laminação, por

meio de desramas. Pode ser plantado em plantios puros ou mistos,

associado com espécies de crescimento inicial maior, além de poder ser

plantado em faixas abertas em capoeiras. Apresenta um crescimento de

lento a moderado (12 m³/ha/ano aos 26 anos). Apesar disso, o plantio

desta espécie compensa pois apresenta um elevado valor de mercado.

- Usos: Apresenta uma madeira densa (0,8 a 0,90 g/cm³), com alburno

branco levemente amarelado e cerne amarelo-pálido (cor de marfim. É

indicada para a fabricação de móveis de luxo, caibros, tábuas para

assoalho, cabos de ferramentas, laminas decorativas, peças torneadas,

entre outros. É considerada uma das melhores espécies para confecção

de hélices de avião.

Page 50: Implantação e condução de florestas

50

4.2.11 Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze)

- Descrição: É uma árvore que geralmente apresenta uma altura entre

10 e 35 m de altura e 50 a 120 cm de DAP, podendo alcançar até 50 m

de altura e 250 cm, ou mais, de DAP. O tronco é reto, cilíndrico,

podendo chegar até 20 m de comprimento. Possui uma copa alta e

forma de taça, nas árvores mais velhas, e cônica nas árvores jovens.

Não perde as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie adaptada ao clima frio, tolerando geadas

severas. Cresce em vários tipos de solo, porém é recomendado plantá-

la em solos férteis, profundos e bem drenados. Solos com menos de um

metro de profundidade e lençol freático raso são restritivos ao

crescimento do Pinheiro-brasileiro.

- Cultivo: O Pinheiro-brasileiro tem uma boa desrama natural, porém a

poda é recomendada para obter madeira de melhor qualidade, livre de

nós. Deve-se tomar cuidado na execução desta atividade, pois se

houver uma abertura muito intensa nas copas, surgirão ramos

epicórnicos (rebrotas, ou ramos ladrões), que diminuirão o valor da

madeira. O plantio pode ser realizado a pleno sol, por mudas ou plantio

de sementes, em plantios puros. Os primeiros desbastes devem ser

realizados entre 7 e 12 anos, dependendo do crescimento observado.

Em casos excepcionais, o incremento pode chegar a 30 m³/ha/ano.

- Usos: Apresenta uma madeira densa (0,50 a 0,61 g/cm³), com alburno

pouco diferenciado do cerne de cor branca-amarelada. Madeira de baixa

durabilidade natural é indicada para construções em geral. A lenha não

é de boa qualidade, porém os nós-de-pinho apresentam um alto poder

calorífico. Além da madeira, fornece o pinhão, utilizado como alimento.

Page 51: Implantação e condução de florestas

51

4.2.12 Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong)

- Descrição: É uma árvore que normalmente cresce de 10 a 20 m de

altura e de 40 a 80 cm de DAP, podendo chegar até 40 m de altura e

300 cm de DAP. Apresenta tronco reto ou pouco tortuoso, curto e grosso

quando a árvore cresce isolada. Quando cresce sob competição no

interior da floresta pode alcançar fustes de 15 m de comprimento (Figura

6). Perde as folhas no inverno.

- Adaptação: É uma espécie mediamente tolerante ao frio. Tolera um

leve sombreamento na faze inicial. Cresce em vários tipos de solo,

porém apresenta um melhor desenvolvimento em solos férteis com

disponibilidade hídrica. Não cresce em solos excessivamente úmidos, e

em solos rasos ocorre a morte gradativa do ponteiro, que causa a morte

da planta.

- Cultivo: Para melhorar a qualidade dos troncos de Timbaúva,

recomenda-se o plantio misto a pleno sol com espécies de mesmo

padrão de crescimento. Plantios muito espaçados permitirão uma

ramificação intensa, que diminuirá o comprimento do fuste. Também se

recomenda o plantio em faixas abertas na vegetação secundária

(capoeira, ou capoeirão), evitando a formação de uma acentuada

ramificação lateral. Esta espécie apresenta uma desrama natural

insatisfatória, devendo-se realizar podas para melhorar a qualidade da

madeira. Cicatriza muito bem após a poda, cuja época ideal é de julho a

agosto. Apresenta um bom crescimento, chegando a 30 m³/ha/ano, aos

11 anos

- Usos: Apresenta uma madeira leve (0,37 a 0,6 g/cm³), com alburno

branco amarelado e cerne pardo-claro-rosado. É indicada para

Page 52: Implantação e condução de florestas

52

fabricação de brinquedos, colméias, construção naval, canoas,

carpintaria, entalhes e esculturas, gamelas, chapas de compensados,

etc.

Figura 6: Modificações nas características morfológicas em função das condições de crescimento, sem competição (esquerda) e sob competição (direita). Fotos: Franz Andrae (2011).

Page 53: Implantação e condução de florestas

53

5. FATORES QUE AFETAM A ESCOLHA DAS

ESPÉCIES

O sucesso de um plantio florestal depende de vários fatores, e um

dos mais importantes é a escolha da espécie a ser plantada, que é a

primeira etapa de um empreendimento florestal. Para escolher as

espécies mais indicadas é necessário considerar cuidadosamente o

objetivo do plantio, as condições climáticas e do solo da região onde

será realizado o plantio, bem como as da região de origem da espécie a

ser plantada.

O primeiro critério a ser considerado são os aspectos ambientais da

região onde será realizado o plantio, uma vez que para cada espécie, ou

variedade, existe um ambiente ecológico ótimo. Neste sentido são

importantes características como a altitude, a temperatura, ocorrência e

intensidade de geadas, precipitação média anual e distribuição das

chuvas (déficit hídrico) e luz (Tabela 4).

Em relação ao solo devem ser consideradas características como a

profundidade do solo, umidade, drenagem, o pH e a textura (arenoso,

argiloso, etc). Estas características são importantes, pois algumas

espécies não toleram solos rasos, e com problemas de drenagem.

Além disso, a escolha das espécies também deve ser feita em

função do produto que se pretende obter com plantio. Por exemplo,

escolhe-se uma espécie que possa produzir madeira para serraria. Para

isso é necessário conhecer o mercado consumidor da região, pois o

plantio deverá gerar produtos pelos quais exista demanda.

Os produtos de origem florestal mais comuns são a lenha e o

carvão vegetal (energia), postes e mourões, dormentes, serraria

(caixotaria, construções, móveis), laminação e óleos essenciais.

Page 54: Implantação e condução de florestas

54

Tabela 4: Principais fatores climáticos que afetam o desenvolvimento de uma floresta. Fonte: Paiva et al. (2010).

Page 55: Implantação e condução de florestas

55

6. IMPLANTAÇÃO DE POVOAMENTOS FLORESTAIS

Como o período de tempo entre o plantio e a colheita de uma

floresta dura vários anos, é importante que esta etapa seja planejada

com cuidado para evitar problemas com incêndios, dificuldades de

colheita, escoamento e comercialização da produção.

A seguir são apresentadas informações sobre esta etapa, que são

comuns a todas as espécies abordadas.

6.1. Escolha do local

O primeiro aspecto para definir o local de plantio de uma floresta é a

situação deste na propriedade, ou seja, se o plantio será feito em toda a

propriedade ou apenas em partes dela. Caso o plantio seja realizado em

toda a propriedade deve-se respeitar a legislação vigente, evitando o

plantio em áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal.

Se o plantio for feito em parte da propriedade rural, deve-se lembrar

que em geral as espécies arbóreas são menos exigentes quanto à

fertilidade do solo do que as culturas agrícolas. Em virtude disso, áreas

impróprias para a agricultura, ou subutilizadas (encostas, pastagens

degradadas, etc) podem ser utilizadas para a implantação de florestas,

de modo que estas áreas possam ser utilizadas para gerar renda.

Apesar disso, é importante salientar que como qualquer planta, as

árvores apresentam um melhor crescimento em locais aptos para a

agricultura.

Ao definir a área deve-se estudar como as condições da área onde

será realizado o plantio influenciarão na produtividade da futura floresta,

para isso é necessário tomar alguns cuidados como:

Page 56: Implantação e condução de florestas

56

- manter uma faixa de no mínimo 10 m no entorno do plantio a fim

de que a floresta implantada não prejudique o desenvolvimento das

culturas implantadas nas áreas vizinhas, além de servir como aceiro

para evitar a propagação de incêndios;

- analisar as condições do solo para averiguar a profundidade, a

presença de camadas de compactação, além de verificar sinais que

indiquem problemas de drenagem. Solos com profundidade menor que

50 cm devem ser evitados, pois favorecem o tombamento de árvores;

- analisar a topografia da área, inclinação do terreno;

- verificar a existência de redes de transmissão de energia elétrica;

- analisar os aspectos legais, respeitando a legislação ambiental

vigente, não plantando em áreas de preservação, e avaliar a

necessidade de remoção da vegetação nativa (capoeira).

Na figura 7 observa-se um exemplo de plantio florestal em local

apropriado e em harmonia com cultivos agrícolas e remanescentes de

vegetação nativa.

Figura 7: Exemplo de plantio florestal em local apropriado e em harmonia com cultivos agrícolas e remanescentes de vegetação nativa.

Page 57: Implantação e condução de florestas

57

6.2. Cuidados com aceiros e estradas

Sempre que possível o plantio deve ser realizado próximo a

estradas já existentes, ou em locais onde seja fácil e barato construí-las,

e assim facilitar a retirada da madeira no momento da colheita.

Os aceiros são faixas livres de vegetação que tem por objetivo

fornecer uma barreira para evitar a propagação de incêndios florestais.

Esta faixa pode ser natural (estradas ou cursos de água), ou

especialmente construída para ser uma linha de controle, caso ocorra

um incêndio. Para proteger o povoamento florestal de um incêndio são

necessárias manutenções periódicas nos aceiros, principalmente

durante a época de maior possibilidade de incêndios (épocas secas). A

manutenção consiste na limpeza dos aceiros, ou seja, retirada de todo o

material combustível depositado no aceiro.

Além disso, os aceiros e as estradas têm a função de delimitar as

unidades de produção, chamadas de talhões, cuja forma e tamanho

variam em função do relevo, e da área do plantio.

A largura dos aceiros é variável. Como regra tem-se que:

- áreas pequenas: aceiros: de 4 a 5 m de largura

- a cada 45-120 ha: aceiro de 10 m de largura

- aceiros de divisa: 10 a 15 m de largura.

6.3. Espaçamento

O espaçamento é a distância que as plantas serão plantadas entre

si. A escolha correta do espaçamento e do arranjo de plantio é

importante para proporcionar um melhor aproveitamento do terreno e da

Page 58: Implantação e condução de florestas

58

luz, permitindo assim o pleno desenvolvimento das raízes e copas das

árvores.

O espaçamento inicial afetará o crescimento das árvores, os tratos

culturais, a produção e a qualidade da madeira, a colheita e os custos

de produção, podendo interferir na morfologia das árvores, e no seu

crescimento, principalmente em diâmetro.

Neste sentido Inoue et al. (2011) avaliaram o comportamento de

Pinus elliottii em diferentes espaços vitais de crescimento (entre 1 m² e

16 m² por planta) de um experimento com nove tratamentos de

espaçamento inicial. Na Figura 8 observa-se que com um maior número

de árvores por hectare obteve-se uma maior ocupação de espaço na

forma de maior área basal, porém as menores densidades favoreceram

o maior crescimento em diâmetro de cada indivíduo. A intersecção

destas duas variáveis mostrou uma intersecção num espaço vital entre 4

e 6 m² por árvore, com área basal de aproximadamente 40 m²/ha e um

diâmetro médio de 14 cm. Em outras palavras, o espaçamento inicial

recomendado seria algo próximo a 3 x 2 m.

Figura 8: Intersecção aproximada dos valores médios de DAP e de área basal relacionados aos espaços vitais por árvore. Fonte: Inoue et al. (2011).

Page 59: Implantação e condução de florestas

59

O espaçamento relacionado com a espécie e com o objetivo do

reflorestamento. A utilização de máquinas também afeta a distancia

entre linhas (passagem de trator com implementos), Na Tabela 5 são

mostrados alguns dos espaçamentos mais utilizados para as três

espécies mais cultivadas no Rio Grande do Sul.

Tabela 5: Espaçamento utilizado para as principais espécies florestais.

Espécie Uso Espaçamento N° de plantas/ha

Acácia-negra Energia 3 x 1,33 m 2.500 mudas

Eucalipto Energia, vara e serraria

3 x 2 m 1.666 mudas

Pinus Serraria 3 x 2,5 m 1.333 mudas

6.4. Preparo da área

A etapa seguinte à escolha do local é o preparo da área, que se

divide em duas partes. A primeira é a remoção da vegetação, e a

segunda é o preparo do solo para o plantio.

No caso da remoção da vegetação é necessário conhecer a

legislação para saber o que pode, ou não, ser cortado, e os respectivos

requerimentos para obter a autorização para a supressão da vegetação.

Nos casos em que não existem empecilhos legais, ou quando não há a

necessidade de remoção da vegetação, como em áreas de pastagens

degradadas, ou lavouras abandonadas a pouco cultivadas, faz-se

apenas uma dessecação com o uso de herbicidas, ou uma roçada.

A escolha da forma de controle da vegetação invasora é feita em

função do tipo de vegetação e da topografia, podendo ser manuais,

mecanizadas ou químicas. Em regiões de topografia mais acidentada

Page 60: Implantação e condução de florestas

60

faz-se o controle com a aplicação de herbicidas com pulverizador costal,

por meio de roçadeira-costal ou foices.

O preparo do solo propriamente dito pode ser feito de maneira

mecanizada, com arados de tração animal, ou ainda apenas com a

abertura de covas.

Segundo Paiva (2010) o preparo do solo é feito para melhorar as

condições físicas do solo, eliminar plantas indesejáveis, promover o

armazenamento de água no solo, eliminar camadas de compactação, e

incorporar calcário, fertilizantes e restos vegetais, fornecendo assim as

condições ideais para o desenvolvimento das plantas.

Atualmente para implantação de florestas utiliza-se o preparo do

solo pelo cultivo mínimo ou preparo reduzido. A mudança do preparo

convencional (área total) para o cultivo mínimo (preparo apenas na linha

de plantio) ocorreu para reduzir os custos de implantação bem como

diminuir o risco de erosão e degradação do solo, que inviabilizou muitos

plantios no passado.

Para este preparo utiliza-se, em geral, um subsolador (de uma ou

três hastes) e um arado enleirador para a abertura dos sulcos. A

profundidade de preparo do solo deve ser em torno de 50 cm.

Em áreas de relevo acidentado, onde não é possível a

mecanização, a operação de preparo do solo pode ser resumida a

abertura de covas, feitas manualmente ou com motocoveadeiras. Outra

opção que pode ser utilizada nestes locais é a utilização de arados de

tração animal para o preparo de camalhões. No caso de coveamento,

recomenda-se um coroamento (capina ao redor da cova) de no mínimo

50 cm.

A escolha correta dos implementos e formas de preparo depende

de fatores como o tipo de solo, vegetação infestante, e topografia.

Page 61: Implantação e condução de florestas

61

6.5. Controle de formigas

As formigas cortadeiras foram responsáveis pelo insucesso de

muitos plantios florestais. Em função disso, este grupo de insetos é

considerado a principal praga que ataca plantios florestais, e para

assegurar o sucesso do empreendimento, o seu combate é necessário

em todas as fases de desenvolvimento da floresta.

Existem dois grupos principais de formigas cortadeiras, as saúvas e

as quenquéns. O grupo das saúvas pertence ao gênero Atta, e a

principal característica para a identificação dos seus ninhos são os

montes de terra solta ao seu redor. Já as quenquéns pertencem ao

gênero Acromyrmex, e geralmente formam ninho com uma estrutura em

formato de chaminé, feita com restos vegetais.

Para mostrar a importância de combater as formigas cortadeiras,

Paiva et al. (2001) relatam que pesquisas mostraram que:

- Uma árvore de Eucalyptus morre ao ter cortadas as suas folhas 3

vezes seguidas.

- Um formigueiro necessita, por ano, de 1 tonelada de folhas de

Eucalyptus para sobreviver,

- Com 12 formigueiros adultos por ha, não se encontra uma única

árvore de Eucalyptus viva, na área.

- Uma infestação de 200 formigueiros/ha (formiga quenquém)

resulta em 30% de perdas dos cepos (brotação).

Para o controle das formigas recomenda-se um combate inicial de

40 a 120 dias antes do preparo do solo. Porém se houver necessidade

de roçadas, ou preparo do solo, deve-se aguardar por um período de 15

dias a um mês, para iniciar o controle. Isso é necessário, pois as

intervenções provocam a desestruturação do formigueiro, que será

Page 62: Implantação e condução de florestas

62

reconstruído pelas operárias. No período de reconstrução elas não

carregarão as iscas.

O combate às formigas cortadeiras é composto por três fases

distintas, descritas na Tabela 6.

Tabela 6: Modalidades de combate a formigas cortadeiras em plantios florestais. Fonte: Paiva et al. (2010).

Page 63: Implantação e condução de florestas

63

Os produtos disponíveis no mercado para combate às formigas são

comercializados sob a forma de iscas granuladas, pós-secos e líquido

termonebulizáveis.

As iscas granuladas são a principal forma de combate às formigas,

e podem ser utilizadas em todas as fases. Devem ser utilizadas apenas

em períodos secos, pois em presença de umidade perdem atratividade.

Porém, como demoram até 15 dias para que o formigueiro tratado torne-

se inativo, não se recomenda o seu uso na ronda, e logo após o plantio,

pois grandes danos poderão ocorrer até sua ação seja efetiva.

Em geral os fabricantes recomendam a dosagem de 8 a 10 g de

isca granulada por m² de formigueiro. Assim é necessário medir a área

do formigueiro (maior largura x maior comprimento). Depois de calcular

a quantidade necessária para tratar o formigueiro, divide-se a mesma

pelo numero de olheiros de alimentação (os que as formigas entram

carregando as folhas).

Para um controle mais eficiente das quenquéns pode ser feito pela

distribuição sistemáticas das iscas. Neste método aplica-se uma dose

de isca a cada 24 m², percorrendo toda a área, sendo necessários de 2

q 4 kg para esta operação.

A aplicação da isca deve ser realizada preferencialmente com a

utilização de dosadores a cerca de 10 a 15 cm de distância dos olheiros

de alimentação ou dos carreiros. Deve-se evitar colocar as iscas sobre

os carreiros, os olheiros, e ainda sobre os montes de terra solta.

O controle deve ser intensificado nos meses de março a setembro,

com o objetivo de eliminar as formigas durante a implantação e diminuir

a infestação por novos formigueiros na primavera (FARIAS et al., 2011).

Page 64: Implantação e condução de florestas

64

6.6. Escolha da muda

Depois de definir a espécie que será plantada, a próxima etapa é a

aquisição das mudas. Muitos produtores procuram economizar nesta

etapa, comprando mudas baratas, não dando a devida importância para

a qualidade das mudas. Para que um plantio florestal possa gerar o

retorno esperado, com a produção de madeira de qualidade e bom

crescimento, é imprescindível que as mudas sejam de qualidade

superior.

Assim, é importante que o produtor conheça o viveiro que irá

fornecer as mudas. Além disso, é importante exigir um certificado de

origem do material genético utilizado para a produção de mudas, dando

preferência para mudas clonais, ou para mudas produzidas a partir de

sementes de pomares clonais. Com estes cuidados é possível garantir

um padrão genético que permitirá um grande ganho em produtividade e

rentabilidade.

Outro fator que deve ser avaliado é qualidade morfológica da muda.

O ideal é que as mudas uma altura entre 20 e 40 cm, descartando as

que apresentarem uma altura muito superior, diâmetro mínimo de 2 mm,

sem sinais de doenças ou ataque de pragas, substrato firme bem

enraizado, muda ereta e sem danos físicos, sem sinais de deficiência

nutricional e que tenham sido rustificadas.

Depois de adquiridas, as mudas devem ser transportadas com

cuidado. As mudas produzidas em tubetes podem ser transportadas em

rolos de plástico filme, chamados de rocambole (Figura 9). Este sistema

é interessante, pois além de facilitar o transporte, mantém a umidade do

sistema radicular. As mudas transportadas desta maneira devem ser

Page 65: Implantação e condução de florestas

65

plantadas em no máximo 15 dias. Períodos maiores de armazenamento

causarão danos ao sistema radicular.

Figura 9: Rocambole de mudas. Fonte: http://www.viveirotaquara.com.br

Durante o período de espera até o plantio as mudas deverão ser

molhadas duas vezes ao dia, dependendo das condições climáticas do

local. Além disso, é necessário um monitoramento de dois em dois dias

procurando sinais de pragas ou doenças.

Mudas clonais X Mudas de sementes

O plantio de mudas clonais apresenta vantagens como o rápido

crescimento e uniformidade no plantio, que tornam seu plantio muito

atraente. Porém é necessário destacar que os clones podem apresentar

problemas de adaptação climática, suscetibilidade a pragas e doenças.

Por isso é recomendado que em áreas pequenas sejam plantados pelo

Page 66: Implantação e condução de florestas

66

menos cinco clones. Além disso, o produtor deve buscar clones que já

tenham sido plantados na região, e que tenham apresentado bom

crescimento e adaptação aquele local.

6.7. Adubação e calagem

A correção das características químicas do solo para plantios

florestais segue os mesmos principio das lavouras para cultivos

agrícolas, pois existem necessidades nutricionais que devem ser

completadas pela adubação, para permitir um desenvolvimento

adequado das árvores. A adubação é necessária para garantir ganho de

produtividade em produtividade e manter a qualidade do sítio.

Quando for necessária a aplicação de calcário, este pode ser

distribuído a lanço em área total, ou nas faixas de plantio. Quando o pH

for superior a 5, não e necessária a calagem para espécies florestais.

Para uma correta recomendação de adubação, esta deve ser feita

tendo os dados de uma análise do solo. A partir da recomendação de

adubação, aplica-se a quantidade necessária fertilizantes, em pelo

menos duas ocasiões, uma antes ou durante o plantio, e a outra de 3 a

6 meses após o plantio.

A primeira adubação (de plantio ou de arranque) objetiva fornecer os

nutrientes necessários às plantas, possibilitando assim condições ideais

para o seu desenvolvimento inicial. Normalmente é constituída de

fertilizantes NPK, com maiores teores de P e menores teores de N e K.

Todo o P é aplicado nesta etapa. Esta etapa pode ser realizada

mecanicamente com a aplicação do fertilizante nos sulcos durante ou após

a subsolagem, ou manualmente, através de covetas laterais.

A segunda é chamada adubação de cobertura e tem por objetivo

garantir que o solo disponha dos nutrientes indispensáveis para a

Page 67: Implantação e condução de florestas

67

expansão da área foliar e do sistema radicular das plantas, em rápido

crescimento, depois da adaptação das mudas no campo. Consiste na

aplicação de N e K e/ou B.. Para a realização desta fertilização, a área

deverá estar livre da matocompetição. Nesta etapa, o fertilizante deverá ser

aplicado em coroa ou semi-circulo, no limite de projeção da copa

respeitando uma distancia mínima de 40 cm do caule.

A adubação de cobertura pode ser dividida em 2 ou 4 aplicação,

sendo que em solos arenosos, recomenda-se a aplicação em 4 vezes, para

evitar a perda dos nutrientes por lixiviação.

O adubo não deve ser colocado no pé da planta, pois esse

procedimento provoca a queima e a morte da muda. A aplicação deve

ser feita a uma distância de aproximadamente 20 cm da planta, na área

livre de plantas daninhas. Portanto, é necessária uma limpeza ao redor

da planta antes da adubação.

6.8. Plantio e replantio

A época de plantio pode variar de acordo com a espécie a ser

plantada e com as tecnologias disponíveis para esta operação. Em geral

deve ser realizado na época chuvosa, proporcionando umidade

adequada no solo para um bom desenvolvimento das plantas. No caso

de espécies que não toleram geadas, recomenda-se o plantio no final de

agosto.

Em épocas de estiagem devem-se irrigar as mudas no momento do

plantio, 1 a 2 litros de água por planta são suficientes para garantir o

pegamento das mesmas. Além disso, pode-se utilizar um gel, que retém

a água e a libera lentamente para planta, garantindo assim a umidade

para as mudas recém plantas.

Page 68: Implantação e condução de florestas

68

O plantio pode ser manual, semimecanizado ou mecanizado. A

escolha do método a ser utilizado depende principalmente da

disponibilidade de mão-de-obra, declividade do terreno e do tipo de

preparo do solo.

O plantio manual pode ser utilizado em qualquer situação de

terreno. Porém necessita de uma grande quantidade de mão-de-obra.

As mudas são distribuídas manualmente e com auxílio de sachos,

plantadeiras manuais ou de outras ferramentas, executa-se o plantio,

ajeitando a terra até a altura do colo da planta.

O plantio semimecanizado não é recomendado para terrenos

acidentados. As mudas são levadas até o local de plantio com ajuda de

uma carreta tracionada por um trator, para depois serem distribuídas na

área de plantio. No caso de mudas produzidas em tubetes, estas são

dispostas em pontos predeterminados de modo que o operário não

precise se deslocar para buscar mudas.

As plantadeiras manuais também podem ser utilizadas para o

plantio de mudas produzidas em tubetes, pois além de facilitar o

trabalho e aumentar o rendimento, proporcionam melhor ergonomia para

os trabalhadores.

Para evitar que a muda fique com o caule enterrado, recomenda-se

colocar um limitador nos sachos ou plantadeiras manuais.

No sistema mecanizado, tanto o plantio como o sulcamento são

realizados por uma plantadeira.

Para um bom desenvolvimento das mudas é importante atentar

para que as mudas sejam corretamente plantadas, de modo que as

mesmas não fiquem tombadas e nem que o caule fique enterrado, pois

isso pode provocar a morte das plantas. Além disso, o torrão da muda

não deve ficar exposto (Figura 10)

Page 69: Implantação e condução de florestas

69

Figura 10: Maneira correta e problemas no plantio de mudas florestais. Fonte: PAIVA et al. (2001)

O replantio é a substituição das mudas mortas para manter o

correto número de plantas por ha. Para isso é necessário avaliar o

plantio cerca de 30 a 60 dias após o plantio, e se a porcentagem de

falhas for superior a 10%, deve-se realizar o replantio. As mudas

utilizadas nesta operação devem ter a mesma idade e dimensão das

mudas anteriormente plantadas.

Um detalhe fundamental, que muitas vezes é negligenciado no

plantio diz respeito aos recipientes onde as mudas foram produzidas,

principalmente no caso de sacos plásticos ou laminados, que devem ser

removidos para permitir o desenvolvimento radicular da planta.

Page 70: Implantação e condução de florestas

70

6.9. Controle de plantas daninhas

Plantas daninhas são vegetais que crescem onde não são

desejados, também são designadas como mato, inço, plantas invasoras,

ervas daninhas, entre outras. A grande habilidade dessas plantas

quanto à sobrevivência é atribuída aos seguintes atributos ou

mecanismos desenvolvidos pela natureza: grande agressividade

competitiva, grande produção de sementes, facilidade de dispersão das

sementes e grande longevidade das sementes (Lorenzi, 2000).

Segundo Cantareli (2002), em áreas aptas à silvicultura, o controle

de plantas daninhas é um componente muito importante na fase inicial

de estabelecimento, tanto pelo custo quanto pela necessidade de

recursos humanos. Além disso, as plantas daninhas são hospedeiras de

pragas e doenças; podem eliminar no ambiente inúmeros compostos

orgânicos “aleloquímicos”, que afetam o desenvolvimento inicial das

mudas e também prejudicam as operações silviculturais de manejo

aumentando o risco de incêndios florestais.

Devido à presença de ervas daninhas, há um aumento da

diversidade biológica, refletindo na população de predadores e parasitas

das espécies florestais. Aumentam a proteção do solo contra o processo

erosivo e imobilizam grandes quantidades de nutrientes que seriam

carregados pela erosão ou pela lixiviação. Por outro lado a

matocompetição condiciona fatores negativos ao crescimento,

produtividade das árvores e à operacionalização do sistema produtivo.

Dentre os efeitos da interferência destacam-se a competição por água,

luz, nutrientes e espaço. Além disso, aumentam os riscos de incêndio

(IPEF, 1976; MARCHI et al., 1995).

Page 71: Implantação e condução de florestas

71

O controle das plantas daninhas pode manual, químico ou

mecânico.

O controle químico: é efetuado por meio da aplicação herbicidas.

Este método de controle é muito utilizado em plantações de eucalipto,

pois apresenta resultados rápidos, eficientes e prolongados. Através da

aplicação de diferentes classes de herbicidas (pré-emergente, ou pós

emergente), pode-se fazer o controle eficiente da matocompetição.

Devem-se tomar precauções para evitar o contato do herbicida com as

folhas das plantas. O controle pode ser em área total, ou na linha de

plantio.

No controle manual a capina manual realizada com enxada e

normalmente é realizada apenas na linha de plantio devido ao baixo

rendimento da operação.

A capina mecânica é realizada através da roçadeira acoplada ao

trator ou através de roçadeira costal, apresentando rendimento

operacional maior em relação a capina manual. Entretanto, apresenta

inconvenientes, como, um curto período de controle, obrigando a repetir

a operação diversas vezes, pois é eliminada apenas a parte aérea da

planta competidora. Além disso, a roçada é realizada apenas na

entrelinha, necessitando de uma nova operação a limpeza da linha de

plantio.

O controle da matocompetição é importante nos primeiros meses de

plantio. Schumacher et al. (2007) avaliando o efeito da matocompetição

sobre o crescimento de mudas de eucalipto, observaram que a

aplicação de herbicidas após 140 dias de implantação não resultou em

maior crescimento.

Este período varia com as espécies, de modo de crescimento mais

lento, provavelmente necessitam um maior período de controle.

Page 72: Implantação e condução de florestas

72

Analisando este resultado, é possível afirmar que o plantio deve

permanecer limpo até cinco meses após o plantio. Porém não é

necessário que se aplique herbicida em área total, pois o controle em

faixas de com no mínimo um metro para cada lado, é suficiente para

garantir um bom desenvolvimento das plantas.

Page 73: Implantação e condução de florestas

73

7. CONDUÇÃO DE POVOAMENTOS FLORESTAIS

A desrama artificial e o desbaste são práticas florestais com

diferentes objetivos. Enquanto a principal finalidade da desrama é

delimitar o núcleo nodoso em um cilindro central, o cilindro nodoso, e

aumentar a porção de madeira limpa. O desbaste por sua vez busca

concentrar a capacidade de crescimento de um sitio nas melhores

árvores, que ficam em pé após a sua execução. Apesar disso, estas

práticas podem interagir para atingir o objetivo de obter madeira com

melhor qualidade, agregando valor ao produto final (SILVA et al., 2012).

Para que estas peculiaridades práticas possam entendidas, serão

tratadas separadamente, abordando o efeito das mesmas sobre as

árvores, seus benefícios e riscos, e como a sua adoção conduz aos

objetivos.

7.1. Desrama

A poda ou desrama pode ser definida como “o corte dos galhos

inferiores das copas das árvores cultivadas para produção de madeira,

com o objetivo de obter madeira livre de nós, de melhor qualidade

tecnológica, mais homogênea e de melhor aspecto.”

A importância da desrama se justiça se levarmos em conta que a

presença dos nós na madeira causa vários problemas, tanto de ordem

estética, quanto nas características tecnológicas da madeira.

Conforme Sixel (2008) a desrama pode ocorrer naturalmente

dependendo da espécie utilizada e o espaçamento do povoamento,

porém, o tempo de permanência do galho no fuste implicará na

formação do nó, mesmo que o galho já esteja morto. Tal fato deve ser

Page 74: Implantação e condução de florestas

74

considerado caso se deseje obter madeira de qualidade superior, pois

mesmo com a morte do galho, por vezes, este não cai, sendo englobado

pelos anéis de crescimento (Figura 11), deixando a madeira marcada. O

nó além de provocar perda de qualidade visual, também implica em

perda qualidade nas propriedades mecânicas da madeira.

Figura 11: Aspecto da inclusão da base de um galho ao tronco. Fonte: SHIGO (1991).

Se o nó for formado por um galho vivo (nó vivo) este é soldado na

madeira, ou seja, não se desprende. O nó morto por sua vez,

corresponde a um galho que morreu e deixou de participar do

desenvolvimento do tronco, podendo ser solto quando o mesmo se

separou da peça de madeira, deixando uma cavidade ou olhal, que

Page 75: Implantação e condução de florestas

75

compromete muito a aparência e as propriedades físico-mecânicas das

peças serradas.

Assim a desrama tem por objetivos produzir madeira de melhor

qualidade, livre de nós (principalmente os mortos), facilitar as marcações

e desbastes, reduzir os riscos dos danos causados pelo fogo e diminuir

os custos de exploração.

Porém para que se possa realizar a desrama de maneira

satisfatória, sem comprometer a qualidade da madeira, faz-se

necessário observar o processo natural que ocorre nas árvores antes e

depois da perda de um galho. Estas alterações não se resumem na

simples perda física. Como todo ser vivo, a árvore tem mecanismos e

processos de defesa para reduzir os riscos de morte total após uma

lesão. No tecido vegetal são processadas alterações químicas no

interior das células atacadas, e formadas novas células para recompor

parcialmente a estrutura afetada. Este processo é denominado de

compartimentalização (SEITZ, 1995).

Este processo ocorre em quatro etapas distintas (CEMIG, 2011),

esquematizadas na Figura 12:

1 – Produção de compostos químicos pelas células

próximas à base do galho que dificultam a dispersão de organismos

contaminantes para o interior do tronco, quando da queda do galho.

2 – Obstrução efetiva de vasos que dão acesso ao

interior do tronco, através da deposição de resinas, gomas ou

cristais.

3 – Aumento da atividade metabólica junto ao ponto da

queda do galho, para dar início ao processo de cicatrização do

ferimento.

Page 76: Implantação e condução de florestas

76

4 – Recobrimento da lesão com a multiplicação de

novas células e consequente isolamento do interior do tronco em

relação ao ambiente externo.

Figura 12: Etapas da compartimentalização. Adaptado de CEMIG (2011).

Para favorecer a cicatrização é importante que o corte seja

realizado o mais rente possível do tronco, porém sem danificar a casca.

Para isso é necessário conhecer a morfologia da base de um galho, e

qual o efeito do corte sobre a cicatrização. Estas informações são vistas

Page 77: Implantação e condução de florestas

77

na Figura 13. A linha AB representa posição para realização do corte,

permitindo uma rápida cicatrização, sem danificar o câmbio.

Figura 13: Morfologia da base do galho, indicando possíveis planos de corte, e as conseqüências sobre o tecido de cicatrização. Fonte: SHIGO (1991).

Apesar disso as árvores podem apresentar bases dos galhos com

diferentes formatos. E para cada formato existe um plano de corte

diferente (Figura 14).

Page 78: Implantação e condução de florestas

78

Figura 14: Linha de corte em função das características da base do galho. Fonte: SHIGO (1991).

Quando os galhos forem muito grossos e pesados, deve-se realizar

o corte em três etapas. As duas primeiras têm como objetivo diminuir o

tamanho e o peso dos galhos e a terceira, por sua vez dará acabamento

para a poda (Figura 15)

Page 79: Implantação e condução de florestas

79

Figura 15: Sequência de operações para evitar danos ao tronco durante a poda de galhos pesados. Adaptado de CEMIG (2011).

Mesmo tomando estes cuidados, para que a desrama gere os

resultados esperados é necessário conhecer alguns detalhes sobre os

tipos de desrama, bem como qual o melhor período do ano e os

cuidados para a sua execução, e os seus efeitos sobre o

desenvolvimento das árvores.

Quanto ao tipo as desramas podem ser classificadas em:

Page 80: Implantação e condução de florestas

80

Desrama de limpeza: tem por objetivo remover galhos

que apresentem danos mecânicos e ataques de pragas.

Desrama para prevenção de incêndio: é a primeira

poda, que retira os ramos desde a base do tronco até uns dois

metros de altura. Assim evita-se que em caso de incêndios, o fogo

chegue a copa das árvores, diminuindo os danos causados.

Desrama seca: consiste na remoção de galhos mortos

e secos, ou seja, sem atividade fisiológica.

Desrama verde: consiste na retirada de parte da copa

viva. Tem como objetivo evitar a formação de nós mortos. A

desrama verde também pode ser considerada uma técnica de

condução, pois pela eliminação de ramos laterais, no momento

correto, é possível corrigir a tortuosidade de troncos jovens.

Como a desrama seca remove apenas os galhos que já estão sem

atividade fisiológica, ela pode ser realizada em qualquer época do anos,

sem prejudicar o crescimento do indivíduo desramado. Porém para

acelerar a cicatrização do corte, é importante que a poda seja executada

na estação de crescimento (preferencialmente na primavera).

Para obter sucesso com a desrama verde é necessário entender

um conflito que ocorre nesta atividade. Apesar de todos os benefícios da

desrama, a remoção de uma porção da copa viva pode afetar o

desenvolvimento das árvores, Isso ocorre, pois a copa é responsável

pela fotossíntese, e a retirada da copa viva faz com que ocorra uma

diminuição da superfície fotossintética. E para obter grandes

incrementos são necessárias copas relativamente grandes, o que

implica em maior quantidade e tamanho de ramos, que origina uma

maior quantidade e tamanho de nós na madeira no fuste. Igualmente, é

Page 81: Implantação e condução de florestas

81

de conhecimento que existe uma relação estreita entre o tamanho da

copa e o incremento volumétrico.

Segundo Pires (2000) a capacidade de uma espécie suportar

diferentes intensidades de desrama está relacionada à qualidade do

sítio onde o plantio foi realizado, de modo que nos melhores sítios as

árvores suportam uma intervenção mais drástica, em virtude da

possibilidade de recuperação mais acelerada.

Em geral podas leves não afetam o crescimento das árvores.

Porém, como a desrama é uma atividade onerosa, ao realizar desramas

leves, é necessário que estas sejam repetidas várias vezes,

aumentando o custo de produção. Já desramas muito pesadas podem

afetar o crescimento de maneira negativa.

Avaliando o efeito da intensidade da desrama sobre o crescimento

de Pinus elliottii, Schneider et al. (1999) encontraram os resultados

mostrados na Tabela 7 Analisando estes resultados observa-se que ao

desramar mais de 40% da altura total, ocorre uma significativa

diminuição do incremento, consequentemente a quantidade de madeira

produzida ao final da rotação.

Em um experimento de desrama instalado em um povoamento

monoclonal de Eucalyptus saligna, após três anos de sua instalação,

permitiu afirmar que a aplicação da desrama em povoamentos jovens

desta espécie, nas intensidades de 0, 40, 60 e 80% da altura total da

árvore, não mostrou evidências de redução do crescimento em

diâmetro, altura e volume de madeira por hectare, bem como sobre a

sobrevivência da espécie. Devido à grande dominância apical do E.

saligna e à pouca idade das árvores neste experimento, houve a

recuperação da dimensão da copa das árvores com o crescimento em

altura já no primeiro ano após a execução da desrama. A desrama em

Page 82: Implantação e condução de florestas

82

árvores com altura em torno de 11,0 m permite obter, em uma única

operação, troncos livres de nó até 8,8 m sem prejuízo do crescimento da

árvore. Os resultados indicaram ser possível aplicar a desrama

removendo até 80% da altura total sem prejuízo ao incremento (FINGER

et al., 2002).

Tabela 7: Parâmetros obtidos nos tratamentos de desrama em talhões de Pinus elliottii Engelm., aos 11 e 13 anos de idade

Fonte: Schneider et al. (1999)

Como visto, a desrama verde pode afetar o crescimento das

árvores, por isso o melhor período para efetuar esta operação e durante

o período de repouso, a fim de evitar danos ao câmbio, já que não está

ativo. Apesar disso, é interessante desramar as árvores no final do

período de crescimento, para que o ferimento causado pela poda possa

cicatrizar rapidamente. Falando em datas, este período iria da segunda

quinzena de julho, até a metade de agosto.

A execução da primeira desrama depende do uso do produto final.

Por exemplo, quando o objetivo é produção de postes, onde apenas a

aparência externa não deve apresentar nós, uma desrama uns dois

anos antes do corte final pode ser suficiente. Porém quando se objetiva

que o cilindro enodado seja o menor possível, a desrama deve ser

Page 83: Implantação e condução de florestas

83

iniciada mais cedo, quando o primeiro verticilo atingir o diâmetro pré-

estabelecido. As demais devem ser realizadas quando o diâmetro sobre

o verticilo mais baixo chegar novamente ao diâmetro estabelecido. Este

procedimento se repete até alcançar a altura objetivo (em geral de 6 a 8

m), como mostra a Figura 16..

Figura 16: Posição de medição das variáveis para a determinação do diâmetro sobre o verticilo.

A Figura 17 mostra a aparência da madeira de uma desramada e

de outra sem esta intervenção. Além disso, é possível observar a

formação do núcleo nodoso, e como as camadas de madeira se

sobrepõe aos nós deixados pelos galhos.

Page 84: Implantação e condução de florestas

84

Figura 17: Aspecto da madeira com o sem desrama.

A influência da remoção de galhos vivos na produção de madeira e

na redução da forma do fuste é inversa ao efeito do desbaste. O

desbaste do povoamento estimula o crescimento do câmbio na base das

árvores, enquanto a desrama tende a inibir o crescimento nesta posição,

concentrando-o na parte superior do tronco. Assim, a desrama tende a

reduzir a forma do tronco, cuja intensidade de redução depende da

severidade da mesma. As desramas entre 30 a 40 % da altura total das

árvores são consideradas como a de melhor intensidade, por outro lado

remoções maiores levam a diminuição da produção de madeira

(KOZLOWSKI et al., 1990).

Page 85: Implantação e condução de florestas

85

Apesar de ser uma atividade cara, a desrama é vantajosa, pois

permite: a produção de madeira limpa, sem nós; o aumento da receita e

lucro com a madeira; facilita o deslocamento no interior da floresta;

reduz os custos de desbaste; reduz os riscos de incêndios. Para evitar

que se desperdicem recursos, a partir da segunda desrama, recomenda-

se que apenas os indivíduos com potencial de permanecerem até o

corte final sejam desramados.

Na Figura 18 são apresentadas algumas ferramentas utilizadas na

execução de desramas.

Figura 18: Ferramentas utilizadas para a poda de espécies florestais.

Page 86: Implantação e condução de florestas

86

7.2. Desbaste

Os desbastes são cortes intermediários, executados em

povoamentos jovens, com o objetivo de estimular e distribuir o potencial

de crescimento nas árvores remanescentes, selecionadas em função

das suas características superiores de vitalidade, qualidade do fuste e

vigor de crescimento. Além disso, os desbastes visam redistribuir

espacialmente as árvores do povoamento (SCHNEIDER e SCHNEIDER,

2008).

Como ferramenta de condução e manejo de um povoamento

florestal, o desbaste surgiu com as observações de um fenômeno

natural, o autodesbaste, que pode ser entendido como a diminuição

progressiva do número de indivíduos por unidade de superfície, como

conseqüência da competição pela luz, umidade e pelas substâncias

nutritivas do solo.

Isto ocorre, pois à medida que as árvores crescem suas copas

necessitam de espaço maior para que a árvore possa continuar

crescendo em diâmetro. Com a restrição do espaço, tem início a

competição entre as árvores, e se não houver nenhuma interferência

esta competição levará a uma diminuição do crescimento, e

posteriormente à morte dos indivíduos menos aptos.

Assim, o desbaste visa liberar espaço para o crescimento (Figura

19) e propiciar benefícios das melhores árvores, que permanecerão

após a execução do mesmo, além de evitar a mortalidade natural das

árvores, e assim permitir o seu aproveitamento comercial. Através da

seleção realizada no desbaste, ocorre um incremento na qualidade do

povoamento uma vez que ocorre o corte das piores árvores, além das

doentes.

Page 87: Implantação e condução de florestas

87

Figura 19: Aparência de uma floresta de eucalipto desbastada, mostrando o espaço liberado.

O desbaste também pode antecipar o retorno financeiro do

investimento feito para o plantio. A rentabilidade de um investimento

depende altamente das épocas em que entram as rendas e ocorrem os

custos. Quanto mais cedo entra uma determinada renda maior a

rentabilidade do investimento, pois esta renda pode ser aplicada já em

outro tipo de investimento lucrativo. O contrário vale para os custos.

Caso exista mercado para o material de desbaste, pode-se, geralmente,

aumentar a rentabilidade de um povoamento efetuando desbastes cedo

e pesados. Nos casos onde haja necessidade de investimento em infra-

estrutura viária, por exemplo, as vezes é vantajoso adiar o desbaste, até

que o preço da madeira no mercado cubra os custos da construção de

estrada, exploração e transporte, permitindo ainda um lucro satisfatório.

Para entender a seleção de árvores que serão cortadas durante o

desbaste é necessário conhecer o potencial das mesmas, e o grau de

concorrência a que estão submetidos. De acordo com Schneider e

Schneider (2008). Um método muito usado para descrever o grau de

concorrência de uma árvore individual é a classificação sociológica.

Page 88: Implantação e condução de florestas

88

Essa classificação fornece uma estimativa subjetiva, que inclui a

dimensão relativa, a forma e a distribuição das árvores. A classificação

Kraft é a mais usada, define cinco classes sociológicas das árvores,

considerando a qualidade da copa.

A seguir são descritas as classes propostas por Kraft (Figura 20).

1) Pré-dominates - árvores com copa muito fortes e desenvolvidas

(1);

2) Dominantes - árvores com copa bem desenvolvidas (2);

3) Codominantes - árvores normais com copa relativamente

pequenas, pouco desenvolvidas (3);

4) Dominadas - árvores com copa subdesenvolvida (4);

5) Suprimidas - árvores sem condições de sobrevivência (5).

Figura 20: - Classes sociológicas de árvores. Fonte: Assmann (1961).

Page 89: Implantação e condução de florestas

89

Tipos de Desbaste

Os desbastes podem ser classificados pela maneira côo se procede

a seleção das árvores que serão abatidas durante a sua execução,

podendo ser classificados em três tipos principais:

Desbaste Seletivo: Pode ser definido como o tipo de

desbaste em que são abatidas as árvores dominadas e suprimidas,

juntamente com algumas dominantes que apresentem problemas

(bifurcadas, defeituosas ou doentes), visando deixar as melhores

árvores, estimulando o seu crescimento.

Desbaste sistemático: Consiste na colheita sistemática

de árvores, sem considerar a classificação, forma e sanidade.

Normalmente é feita cortando todas as árvores de linhas alternadas.

Por exemplo, para a retirada de 20 % das árvores, a cada 5 linhas

corta-se uma. Neste tipo de desbaste são eliminadas árvores de

todas as classes de copa.

Desbaste Misto: É a combinação dos dois métodos

anteriores. O corte sistemático das fileiras de árvores é feito para

facilitar a extração da madeira obtida no desbaste.

Para que executar os desbastes com uma maior segurança deve-se

analisar vários fatores, como:

- Quando realizar o desbaste: O desbaste deve ser realizado

quando o crescimento do povoamento tende a estagnar. Porém

dependendo das condições do local, esta diminuição do crescimento

ocorre em idades diferentes. Em geral, para um mesmo espaçamento

Page 90: Implantação e condução de florestas

90

inicial, sítios onde as árvores crescem rápido atingem a estagnação

antes que sítios ruins.

- Quais árvores cortar: Nos desbastes seletivos colhem se as

árvores com menor potencial (doentes, defeituosas), ou que apresentem

menor crescimento em diâmetro. Já no sistemático removem-se fileiras

inteiras.

- Quanto cortar: A quantidade de árvores que serão cortadas

depende da situação na qual o povoamento se encontra. Povoamentos

com maior densidade terão mais árvores desbastadas que outros com

uma menor densidade. Além disso, em povoamentos jovens os

desbastes podem ser mais pesados (maior retirada de árvores), pois

plantas jovens possuem uma capacidade maior para ocupar o espaço

liberado do que as árvores velhas.

Glufke et al. (1997) analisaram um experimento sobre o efeito de

diferentes intensidades de desbaste sobre o incremento em volume de

povovoamento e constataram uma diferença entre o incremento

periódico dos tratamentos desbastados e o incremento da testemunha

(perda de incremento) para Pinus elliottii, Estes resultados são

apresentados na Figura 21, onde se observa a drástica redução do

incremento volumétrico com o aumento do peso de desbaste. Observa-

se ser possível controlar a perda em incremento em volume com o peso

de desbaste praticado. A retirada de cerca de 13% da área basal levou a

uma perda de 5% da produção volumétrica ( área basal crítica) e a

retirada de 30% de área basal no desbaste levou a uma perda em

volume de 11%. Por outro lado, e o desbaste de 70% da área basal

máxima conduz a perda de 39% do volume potencial a ser produzido no

sítio.

Page 91: Implantação e condução de florestas

91

Figura 21. Perdas no incremento volumétrico (ipv%), em função do peso de desbaste aplicado, expresso pela relação G/Gmax. Fonte: Glufke et al.

(1997)

Os desbastes favorecem o crescimento das árvores

remanescentes, de modo que o diâmetro das mesmas aumenta com

intensidade dos desbastes, quanto menos árvores permanecerem após

a intervenção, maiores serão seus diâmetros, e consequentemente o

volume individual. A produção total (m³/ha) diminui com o aumento da

intensidade dos desbastes (Figura 22)

Figura 22: Produção total e diâmetro médio para um clone de E. saligna Fonte Scheeren, 2003,

Page 92: Implantação e condução de florestas

92

Os métodos e procedimentos para calcular o momento de execução

desbaste e a quantidade de árvores a ser cortada serão explicados e

exemplificados em aula.

Considerações importantes sobre desbastes

A execução de um desbaste enfrenta um dilema. Por um lado deve

se cortar um volume de madeira suficiente para ser vi´VEL

economicamente, do outro lado, a percentagem cortada não deve afetar

a estabilidade do povoamento nem afetar o incremento futuro

(produtividade por hectare);

Deve se combinar o desbaste com um espaçamento adequado de

plantio para os objetivos da floresta e para proporcionar o menor número

possível de desbastes consecutivos, pois geralmente são operações de

baixa lucratividade

Algumas vezes, o primeiro desbaste é considerado como pré-

comercial, pois o seu objetivo principal, neste caso, não é a produção de

madeira.

7.3 Condução da rebrota

Para manejar a rebrota de cepas de árvores é importante saber

qual o número ideal de brotos por touça que devem ser mantidos, de

modo a produzir o maior volume possível. Neste sentido Couto (1973)

verificou que para Eucalyptus saligna Smith, aos 5 anos após o corte,a

maior produção em volume ocorreu com a condução de 2 brotos por

Page 93: Implantação e condução de florestas

93

cepa. Já conduzindo apenas uma brotação, obteve um menor volume

total, porém as peças apresentavam maiores dimensões.

Mas cabe salientar que a capacidade de emitir brotações após o

corte da árvore depende de vários aspectos como a época do ano em

que é realizado o corte, a altura do corte, e o diâmetro do toco

(FERRARI et al.,2004).

Neste sentido Ferrari et al. (2004) mencionam que a época do ano

em que o corte para a regeneração das touças é realizado, influencia

sobremaneira o resultado final, uma vez que, temperaturas extremas,

ausência de chuvas, insolação excessiva ou inadequada, podem reduzir

grandemente o número de brotos obtidos, bem como a sua qualidade.

Portanto a época de corte deve ser programada para evitar períodos

secos e geadas fortes, que podem provocar o desprendimento da casca

dos tocos. Esta época pode variar para diferentes locais, havendo a

necessidade de conhecer o regime climático da região de estudo.

A altura de corte do tronco das árvores, por sua vez, condiciona o

número de gemas ativas remanescentes na touça, com possibilidade de

brotação (FERRARI et al., 2004). As brotações na parte mais alta do

toco tendem a se desenvolver mais rapidamente do que as da parte de

baixo que serão suprimidas. Estas brotações surgidas na parte superior

de tocos altos são menos estáveis do que as de tocos cortados à altura

recomendada de 12 cm ou menos. O calo que se forma em tocos altos é

mais frágil e não pode dar boa fixação ao novo tronco como dará o calo

de um corte baixo (FAO, 1981).

Nascimento Filho et al. (1983), estudando a influência da altura de

corte sobre a sobrevivência de touças de Eucalyptus, encontraram

diferenças na capacidade de rebrota para diferentes alturas de corte das

espécies estudadas. Eucalyptus grandis e Eucalyptus cloeziana

Page 94: Implantação e condução de florestas

94

mostraram comportamento semelhante quanto à sobrevivência das

touças, indicando que o corte deve ser feito a uma altura de 15 cm,

enquanto que Corymbia citriodora, não respondeu positivamente em

termos de sobrevivência com o aumento da altura de corte, indicando

que o mesmo deve ser feito a uma altura variando de 5 a 10 cm.

O diâmetro do toco é outra variável que pode influenciar na

capacidade de rebrota de um toco. De acordo com informações da FAO

(1981) observações realizadas na África do Sul, no primeiro corte de um

povoamento de Eucalyptus grandis com 7 (sete) anos de idade,

mostraram que existem variações na sobrevivência entre tocos de

diâmetros menores e maiores. Os tocos menores (3 a 10 cm) e os muito

grandes (20 a 38 cm) apresentaram elevada mortalidade, enquanto que

os tocos com diâmetro de 10 a 20 cm apresentaram baixa mortalidade.

Quanto mais uniforme é a plantação, e quanto menor a variação entre

diâmetros dos tocos, maior será a sua sobrevivência e, maior será a

produção em volume do plantio conduzido em regime de talhadia.

Outro fator importante a ser considerado para que os tocos tenham

uma rebrota satisfatória é o corte, que deve ser realizado de maneira

que não fiquem sinuosidades nem rugosidades na secção transversal do

toco. Além disso, deve-se dar preferência a cortes inclinados, de modo a

facilitar o escorrimento da água, evitando assim a permanência de uma

umidade constante, que facilitaria o desenvolvimento de fungos

patogênicos, que podem reduzir o número de brotos obtidos, e causar a

mortalidade dos mesmos (FERRARI et al., 2004; MATHEWS, 2006).

Page 95: Implantação e condução de florestas

95

8. SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS

Com o aumento da população mundial, e, por conseguinte aumento

da demanda por alimentos e produtos de origem florestal, como papel.

Com isso tem se verificado nos estados do Sul do Brasil uma deficiência

de madeira, tanto para fins comerciais como energéticos.

Apesar disso, muitos produtores rurais tem receio de plantarem

florestas em sua propriedade, pois lhe tirariam áreas destinadas à

agricultura ou pecuária, além de o retorno financeiro ocorrer em um

período relativamente longo.

Uma forma de reverter esta situação são os sistemas que propõe a

integração entre lavoura, floresta e pecuária, os sistemas

agrossilvipastoris, também chamados de sistemas agroflorestais (SAFs).

A Embrapa Florestas define “Sistemas Agroflorestais” como “um

sistema de manejo sustentado da terra que aumenta o seu rendimento,

combinando a produção de plantas florestais com cultivos agrícolas e/ou

animais, simultânea ou consecutivamente, de forma deliberada, na

mesma unidade de terreno, envolvendo práticas de manejo em

consonância com a população local”.

De acordo com a combinação dos componentes, é possível

identificar três tipos de consórcios:

Sistema Agroflorestal: corresponde a integração entre plantio de

árvores em linhas simples, duplas ou triplas, com espaçamento entre

linhas a partir de 10 m. Nas entrelinhas, cultiva-se espécies anuais, nos

dois primeiros anos, antes que o sombreamento torne-se muito intenso.

Sistema Silvipastoril: é a utilização simultânea de uma área para a

produção de madeira e criação de gado. Pode ser implantado pelo

pastoreio do gado dentro dos plantios florestais, ou pelo plantio de

Page 96: Implantação e condução de florestas

96

árvores em campos utilizados para a criação de gado. Neste último

caso, faz-se necessário cercar as mudas para evitar que o gado as

coma.

Sistema Agrossilvipastoril: é a integração de todos os componentes.

Primeiramente floresta e cultivos anuais, e depois do terceiro ano,

floresta e pecuária.

Em função do caráter de múltiplo uso, os sistemas agroflorestais,

nas suas diferentes modalidades, são alternativas econômicas,

ecológicas e sociais viáveis para o fortalecimento da agricultura,

promovendo uma série de benefícios como aumentos da produção, do

nível de emprego e da renda dos produtores rurais.

Por envolver vários componentes, estes sistemas possuem um

manejo mais complexo, que exige um bom planejamento, desde a

implantação, escolha das espécies, do espaçamento, tipos de preparo

do solo, limpeza da área, etc. Por exemplo, deve-se evitar o

revolvimento do solo para o plantio das culturas agrícolas ou pastagem,

a fim de evitar danos ao sistema radicular das árvores.

Apesar dessa complexidade, vários exemplos bem sucedidos de

integração da floresta com a agricultura e pecuária demonstram que a

sua implantação é viável, principalmente pela produção diversificada

que o sistema oferece, diluição dos custos, retorno financeiro mais

rápido, além disso, as árvores se beneficiam da adubação usada nos

cultivos agrícolas, etc.

Exemplos de integração:

- acácia-negra e melancia;

- eucalipto e trigo, eucalipto e sorgo, eucalipto e girassol, eucalipto e

feijão, etc.;

- Eucalipto e pastagem.

Page 97: Implantação e condução de florestas

97

9. MECANISMOS DE FINANCIAMENTO FLORESTAL

PRONAF Florestal

É uma linha de financiamento destinada aos agricultores que se

enquadram como agricultores familiares. O Pronaf Florestal financia

qualquer tipo de reflorestamento, tanto para fins comerciais como para

recuperação de áreas degradadas. Podem ser financiados plantios de

espécies de rápido crescimento, erva-mate, espécies nativas em geral,

etc.

Para ter acesso a essa linha de financiamento é necessário apenas

que o projeto possua pelo menos três espécies florestais, não sendo

exigidas garantias avais, apenas o enquadramento no Pronaf. Para

2012, o valor máximo financiável era de R$15.000,00 por beneficiário, a

uma taxa de juros de 1 ao ano. O prazo para o pagamento é de até 12

anos, com carência de até 8 anos.

PROFLORA

O PROFLORA é visa à implantação e a manutenção de florestas

destinadas ao uso industrial, recomposição e manutenção de áreas de

preservação permanente e reserva legal, implantação de viveiros para

produção de mudas florestais e implantação de projetos agroflorestais.

São financiáveis projetos de até R$ 150.000,00 /investidor/ano, a

uma taxa de Juros: 8,75 % ao ano, fixos, com um Prazo de Amortização

de até 12 anos, e carência de até 8 anos. Ao contrario do Pronaf

Florestal, este programa exige garantias reais (imóveis rurais ou

urbanos) e aval no caso de integrações.

Page 98: Implantação e condução de florestas

98

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