Importância da Atuação do Psicólogo no Tratamento de Mulheres com Câncer de Mama

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55 Importância da Atuação do Psicólogo no Tratamento de Mulheres com Câncer de Mama The Importance of Psychological Interventions in the Treatment of Women with Breast Cancer * Especialista em Psicologia Médica - HUPE/ UERJ. Especialista em Psicologia Oncológica - INCA Trabalho apresentado ao Instituto Nacional de Câncer para a obtenção do título de Especialista em Psicologia Oncológica. Endereço para correspondência: Juliana Lima Venâncio - Av. Afrânio de Melo Franco 42 apt. 502 - Leblon - Rio de Janeiro CEP: 22430-060 - e-mail: [email protected] Resumo Decorrente da grande incidência do câncer de mama no Brasil e da desestruturação que esse diagnóstico e tratamento acarretam na vida da mulher, é fundamental a atuação do psicólogo para dar suporte à paciente e a seus familiares nesse momento. Esse profissional vai ajudar a mulher a manter o seu bem-estar psicológico durante o tratamento. Vários estudos referentes ao câncer de mama comprovam que pacientes que participam de atendimento psicológico possuem um melhor ajustamento à doença, redução dos distúrbios emocionais (como ansiedade e depressão), melhor adesão ao tratamento e diminuição dos sintomas adversos associados ao câncer e aos tratamentos, podendo até obter um aumento no tempo de sobrevida. A atuação do psicólogo neste campo é muito recente e pouco conhecida. Acreditamos ser importante a divulgação da relevância desta especialidade a fim de obter reconhecimento por parte dos profissionais de saúde, criando assim uma maior demanda para o psicólogo. Palavras-chave: adaptação psicológica; neoplasias mamárias; saúde da mulher; psicologia; pacientes; qualidade de vida. Abstract Considering the large incidence of breast cancer in Brazil and the problems involving the diagnosis and treatment in the lives of the women with breast cancer, it is very important the work of psychotherapists, who help and give all the proper support to the patient and their family during that tough period. This professional will help women on maintaining their psychological well-being during the treatment. A full range of studies on breast cancer con- firms that all the patients who have undergone a psychological treatment have a better adjustment to the disease, less emotional distresses (like anxiety and depression), a better response to the treatment and a significant reduc- tion of the adverse symptoms caused by the cancer itself and its treatment, and the life span of the patient may be even increased. The work of psychotherapists in the field is very recent and still not well understood. We believe that it is very important and extremely necessary for this discipline to be recognized and properly disseminated among health professionals, so that the patients get the psychological and emotional support they need. Key words: psychological adaptation; breast neoplasms; women's health; psychology; patients; quality of life. Revisão de Literatura Atuação do psicólogo no câncer de mama Artigo submetido em 12/12/03; aceito para publicação em 16/02/04 Juliana Lima Venâncio* Revista Brasileira de Cancerologia 2004; 50(1): 55-63

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Importância da Atuação do Psicólogo no Tratamento deMulheres com Câncer de Mama

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55Importncia da Atuao do Psiclogo no Tratamento deMulheres com Cncer de MamaTheImportanceofPsychologicalInterventionsintheTreatmentofWomenwithBreastCancer*EspecialistaemPsicologiaMdica-HUPE/UERJ.EspecialistaemPsicologiaOncolgica-INCATrabalhoapresentadoaoInstitutoNacionaldeCncerparaaobtenodottulodeEspecialistaemPsicologiaOncolgica.Endereoparacorrespondncia:JulianaLimaVenncio-Av.AfrniodeMeloFranco42apt.502-Leblon-RiodeJaneiroCEP:22430-060-e-mail:[email protected] da grande incidncia do cncer de mama no Brasil e da desestruturao que esse diagnstico e tratamentoacarretam na vida da mulher, fundamental a atuao do psiclogo para dar suporte paciente e a seus familiaresnesse momento. Esse profissional vai ajudar a mulher a manter o seu bem-estar psicolgico durante o tratamento.Vrios estudos referentes ao cncer de mama comprovam que pacientes que participam de atendimento psicolgicopossuemummelhorajustamentodoena,reduodosdistrbiosemocionais(comoansiedadeedepresso),melhor adeso ao tratamento e diminuio dos sintomas adversos associados ao cncer e aos tratamentos, podendoatobterumaumentonotempodesobrevida.Aatuaodopsiclogonestecampomuitorecenteepoucoconhecida. Acreditamos ser importante a divulgao da relevncia desta especialidade a fim de obter reconhecimentoporpartedosprofissionaisdesade,criandoassimumamaiordemandaparaopsiclogo.Palavras-chave:adaptaopsicolgica;neoplasiasmamrias;sadedamulher;psicologia;pacientes;qualidadedevida.AbstractConsidering the large incidence of breast cancer in Brazil and the problems involving the diagnosis and treatmentin the lives of the women with breast cancer, it is very important the work of psychotherapists, who help and giveall the proper support to the patient and their family during that tough period. This professional will help womenonmaintainingtheirpsychologicalwell-beingduringthetreatment.Afullrangeofstudiesonbreastcancercon-firms that all the patients who have undergone a psychological treatment have a better adjustment to the disease,lessemotionaldistresses(likeanxietyanddepression),abetterresponsetothetreatmentandasignificantreduc-tion of the adverse symptoms caused by the cancer itself and its treatment, and the life span of the patient may beevenincreased. Theworkofpsychotherapistsinthefieldisveryrecentandstillnotwellunderstood. Webelievethatitisveryimportantandextremelynecessaryforthisdisciplinetoberecognizedandproperlydisseminatedamong health professionals, so that the patients get the psychological and emotional support they need.Key words: psychological adaptation; breast neoplasms; women's health; psychology; patients; quality of life.Reviso de LiteraturaAtuao do psiclogo no cncer de mamaArtigo submetido em 12/12/03; aceito para publicao em 16/02/04Juliana Lima Venncio*RevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6356Venncio JLINTRODUOApesardosavanosdamedicinanotratamentodocnceredoaumentodeinformaesveiculadaspelamdia,ocnceraindaequivale,muitasvezes,auma"sentenademorte",comumenteassociadoador,sofrimento e degradao1,2. A literatura nos mostra queocncersemprefoipercebidocomoalgovergonhoso,sujo,contagiosoesemcura,sendoumadoenatradicionalmenterelegadapelasociedade3,4.O diagnstico de cncer e todo o processo da doenasovividospelopacienteepelasuafamliacomoummomentodeintensaangstia,sofrimentoeansiedade.Almdortulodeumadoenadolorosaemortal,opaciente comumente vivencia no tratamento, geralmentelongo,perdasesintomasadversos,acarretandoprejuzosnas habilidades funcionais, vocacionais e incerteza quantoaofuturo5,6.Muitasfantasiasepreocupaesemrelaomorte,mutilaesedorencontram-sepresentes.No cncer de mama, alm das preocupaes citadasacima,encontram-sepresentesoutrasangstiasligadas feminilidade, maternidade e sexualidade, j que o seio um rgo repleto de simbolismo para a mulher. Sendoassim,oannciodessediagnstico,seguidopelostratamentos, pode ocasionar abalos significativos na vidadapaciente.Entreasmulheres,ocncerdemamaapresenta-secomo a segunda neoplasia maligna com maior incidncia,assimcomoumacausarelevantedemortesporcncerno Brasil. Dessa forma, essa patologia considerada umdosmaioresproblemasdesadepblicaassociadoaocncer em mulheres nesse pas7-10. No entanto, um tipodecncerquepossuiumasignificativapossibilidadedesobrevidaquandodetectadoprecocemente11.Umimportantefatorquetemcontribudoparaoaumentodasobrevidadasmulherescomcncerdemamasoosavanosdamedicina4,proporcionandotratamentosmaiseficientesetcnicasqueviabilizamadetecoprecoce.Comessesprogressosteraputicos,o cncer vai deixando de ser uma doena freqentementefataleassumindocaractersticasdeumadoenacrnica12.Considerando-seaaltaincidnciadocncerdemama, a grande possibilidade de uma longa sobrevida eadesestruturaoqueodiagnsticoetratamentodocncerdemamaacarretamnavidadamulher,temocorridoumamaiordemandaparaseinvestirnaqualidadedevidadapaciente13,14.Qualidadedevidaaquidefinidacomo"umconceito multidimensional que mensurado como umaavaliaosubjetivadostatusdesadeedobem-estaremdiferentessetoresdavida,incluindocomponentesfsicosepsquicos"15.Dessaforma,aatuaodopsiclogo fundamental ao longo do tratamento, j quesuaprticavisaobem-estaremocionaldapaciente,contribuindoassimparaumaboaqualidadedevida.IMPACTO NA VIDA DA MULHER COM CNCER DE MAMA:CONSEQNCIAS EMOCIONAIS DO DIAGNSTICO E TRATAMENTOAeclosodocncerdemamanavidadamulheracarretaefeitostraumticos,paraalmdaprpriaenfermidade.Amulhersedeparacomaiminnciadaperdadeumrgoaltamenteinvestidoderepresentaes, assim como o temor de ter uma doenasemcura,repletadesofrimentoseestigmas.Apartirdodiagnsticoconfirmado,apacientevsuavidatomarumrumodiferentedoquepoderiaimaginar,jqueocncerpodeacarretaralteraessignificativas nas diversas esferas da vida como trabalho,famliaelazer13.Dessaforma,acabatrazendoimplicaesemseucotidianoenasrelaescomaspessoasdoseucontextosocial6.Sales et al.13 ao pesquisarem a qualidade de vida dasmulherestratadasdecncerdemamaluzdofuncionamento social, evidenciam que as mudanas notrabalho,lazer,relaesfamiliaresesociaisdessasmulheressoprovocadasmaisporproblemaspsicolgicosdoquefsicos.Essa realidade que impera faz com que a paciente eseus familiares assumam papis que no foram escolhidosesimimpostospelafatalidadedoadoecimento,interrompendoplanos,ideaiseperspectivasfuturas.Aconstanteadaptaosmudanasocorridasdevidoaoadoecertorna-senecessria16.Pesquisa realizada por Bergamasco e ngelo6 mostraanecessidadedaspacientesadaptarem-senovacondiodeportadoradecncerdemama,atmesmopara conseguirem se ajustar s mudanas ocorridas apsodiagnstico.Porsuavez,saberquetemumadoenasemcausadefinida traz ainda mais angstia e culpa. Vislumbrar ofuturo passa a ser muito doloroso, j que os tratamentospropostosimplicamempossvelmutilao,nuseas,vmitos,alopecia,almdealteraessexuaisereprodutivas,comoamenopausaprecoce17.Pollin18,emseulivro,descreveoitopreocupaesconstantesnavidadepacientesquevivenciamdoenascrnicas que ilustram claramente os maiores problemastrazidostambmpelasmulherescomcncerdemama.Asquestesabordadasporelaso:perdadocontrolesobreavida,mudanasnaauto-imagem,medodadependncia,estigmas,medodoabandono,raiva,isolamento e morte. O medo da progresso da doena edarecidiva6 sooutraspreocupaesconstantes.RevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6357Atuao do psiclogo no cncer de mamaDiversaspesquisasdescrevemqueansiedadeedepressoestoentreosproblemaspsicolgicosmaisfreqentes entre as pacientes com cncer13,19,20. Raminerzet al., citado por Carroll21, verificaram que 20% - 30%daspacientescomcncerdemamatmansiedade,depresso e baixa auto-estima em algum momento apsodiagnstico.Porsuavez,Carroll21reforaqueessascomorbidadespodemcontinuarapsoconhecimentododiagnsticoeatmesmodepoisdotrminodotratamento.Epping-Jordan et al.22 apontam fatores que podem estarassociadoscomansiedadeedepressoduranteocncerde mama. Esses fatores so: variveis demogrficas, idade,nveleducacional,estgiodadoena,temperamento(otimista ou pessimista), respostas ao estresse e estratgiasdeconfrontaocomadoena.Osentimentodeculpa,vivenciadopormuitasmulheresquetmdiagnsticodecncerdemama,outrofatorabordadoporGlinderetal.23queestassociadoaoaumentodadepressoedaansiedade.Estudo desenvolvido por Spiegel20 com mulheres comcncerdemama,mostraqueograudadepressoindepende da malignidade do tumor. Dessa forma, s asuspeita de ter um cncer pode trazer abalos significativosnavidadamulher.Essemesmoautoralertaqueemdiversos casos a depresso no detectada, j que muitosdos seus sintomas, como falta de apetite e pouca energia,podem estar associados aos efeitos do tratamento ou sconseqnciasdoprpriocncer.BaseadonosestudosdeSimpsonetal.24,outroproblemapsicolgicomuitocomumentreospacientescomcncerotranstornodeajustamento,atingindo25%-30%dospacientes.Aoseestudarasconseqnciaspsicolgicascausadaspelocncerdemamaimportanteressaltarquequantomaior a mutilao, mais traumtico ser o seu efeito19, 25.Nessecaso,amulhermastectomizadasofreseqelasmaiores,jquevivenciaalteraessignificativasnasuaimagemcorporal.Ummedomuitofreqenteentreaspacientesmastectomizadasodenosermaisatraentesexualmente.Dessaforma,apresenadocompanheironareestruturaodesuaintegridadefundamental.Porm,percebe-sequecertasmulheresseafastamdosseusparceirosnessemomento,passandoataevitarcontatos sexuais1. Em muitos casos, a mastectomia passaaserumdesafioparaarelaohomem-mulher.importanteressaltarquenoapenasasmulheresque realizam a mastectomia vivenciam a baixa da auto-estima. O prprio fato de estar com cncer, uma doenarepletadeestigmas,jalteraapercepodesimesma,comomulher26.Corroborandoessaidia,pesquisadesenvolvidaporAlagaratnam e Kung, citada por Moyer25, afirma que haltosnveisdedepressoedificuldadessexuaistantonaspacientescomcncerdemamatratadascommastectomia quanto com as que fizeram cirurgias menosradicais. Esse estudo conclui que o diagnstico de umadoenamalignamaispreocupantedoqueodesfiguramentodamastectomia.Cabe mencionar que as reaes das pacientes frentedoena,aotratamentoereabilitaodependemdecaractersticasindividuais,taiscomo:histriadevida,contextoculturalesocial27,espiritualidadeeoposexual28. Essas individualidades iro influenciar a formadeavaliaraimportnciadadoenaeaformadeenfrent-la3,19.Almdascaractersticasindividuais,diversaspesquisas3,14,29evidenciamaocorrnciadediferentesreaesemocionaisnasdiversasetapasdotratamento,desde o diagnstico at a recidiva. Percebe-se que mesmocom bons resultados do tratamento, a vivncia do cncerfreqentementedeixamarcasnavidadasmulheres14.Muitasdelaspassamatemeraameaadoretornodadoenaeaterdificuldadeemlidarcomasseqelasdeixadaspelostratamentos.Todos esses fatores emocionais abordados, presentesnavidadamulhercomcncerdemama,influenciamno sucesso do tratamento e da reabilitao, assim comoemsuaqualidadedevida19.ATUAO DO PSICLOGO: DE QUE FORMA O PSICLOGO PODEAJUDAR NESTE MOMENTO?Breve histrico da Psicologia OncolgicaAstransformaesnoconceitodesade,ocorridasentre os anos 70 e 90, quando passa a ser compreendidacomoumfenmenobiopsicossocial,constituramummarconacriaodeumespaoparaopsiclogonosServiosdeSade30.Outro fato importante que contribuiu para a inserodopsiclogonareadesadefoiarealizaodaConfernciaInternacionalsobreCuidadosPrimriosdeSade,em1978,nacidadedeAlma-Ata,naentoUnio Sovitica, quando passou-se a enfatizar os cuidadosprimrios,dando-senfasepromoodasadeeprevenodadoena.Apartirdeento,ocorreuumamaiorpreocupaocomaadesodopacienteaotratamento.Dessaforma,maisespaoseabreaopsiclogo, j que a adeso ou no ao tratamento muitasvezesimplicaemquestespsicolgicas30.Antesdadcadade70,ospoucosprofissionaisdesadementalquetrabalhavamnareaoncolgicaatuavamemapenastrsfocos:pesquisassobreRevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6358personalidade e atitudes que poderiam causar o cncer;atendimentodeproblemaspsiquitricosdospacientescomcncercausadospeloprocessodeajustamentosituaoeestudossobreasquestesdamorteeluto4.Nofinaldadcadade70,surgiramnovosmtodosdedetecoprecoceetratamentosmaiseficazescontrao cncer, resultando num aumento gradual da expectativadevidadopacienteeconseqentementenumamaiorpreocupao com a sua qualidade de vida. Isso resultounosurgimentodocampodeestudoeprticadaPsicologiaOncolgica4.Nadcadade80,noBrasil,jseencontravamtrabalhosisoladosdepesquisasobreassistnciapsicossocialagruposdepacientesedeatendimentopsicoterpicoapacientesemhospitaiseconsultrios,alm da formao de grupos de auto-ajuda por pacienteseex-pacientesdecncer.Estudosmostramque,desdeento,vriaspesquisastmsidodesenvolvidasnessarea,buscandoformasdeatuaocadavezmaiseficientes5.OInstitutoNacionaldeCncer/INCA,rgodereferncia nacional no tratamento dessa patologia, apenasem1979contratouoprimeiropsiclogo.Em1985oSetordePsicologiapassaaserumSetorindependente,comumcorpoformadoporseisprofissionais.Atualmentesodozeprofissionaisatuandonascincounidadesassistenciais*.Em2003estainstituiocriaoprimeirocursodeespecializaoemPsicologiaOncolgica,formandodezprofissionais.Em1998obteve-seumgrandeavanonareadepsicologia, quando o Ministro da Sade da poca, atravsdaportaria3.535doMinistriodaSade,publicadano D.O.U. de 14/10/98, tornou obrigatria a presenade profissionais especialistas em Psicologia Clnica comoum dos critrios para cadastramento de Centros de AltaComplexidadeemOncologia(CACON)juntoaoSistema nico de Sade (SUS).Dessaforma,opsiclogopassaasermembrodaequipemultidisciplinarcuidadoradopacientecomcncer,atuandoemtodasasetapasdoprocessodotratamentooncolgico.Papel do psiclogo oncolgicoO psiclogo atuante na rea de psicologia oncolgicavisamanterobem-estarpsicolgicodopaciente,identificandoecompreendendoosfatoresemocionaisque intervm na sua sade. Outros objetivos do trabalhodesseprofissionalsoprevenirereduzirossintomasemocionaisefsicoscausadospelocncereseustratamentos,levaropacienteacompreendero*Dadoscolhidosporpsiclogosdessainstituio.significadodaexperinciadoadoecer,possibilitandoassimre-significaesdesseprocesso3,16.Emsuaatuao,opsiclogodeveestaratentotambm aos distrbios psicopatolgicos, como depressoeansiedadegraves.Suaprticaexercidaemtodasasetapasdotratamento,comoditoanteriormente,habilitandoopacienteaconfrontar-secomodiagnsticoecomasdificuldades dos tratamentos decorrentes, ajudando-o adesenvolverestratgiasadaptativasparaenfrentarassituaesestressantes.Osobjetivosdotrabalhodopsiclogooncolgicoseroalcanadosnamedidaemqueesseprofissionalvaicompreendendooqueestenvolvidonaqueixadopaciente,buscandosempreumavisoampladoqueestsepassandonaquelemomentonoescolhidodavidadele16.Numespaodeacolhimentoeescutaoterapeutadevesempretrabalharcomarealidade.Quantomaisinformado o paciente estiver de sua doena, maior sera sua capacidade de enfrentar o adoecer e mais confianaternaequipe.Pacientesbeminformadosreagemmelhor ao tratamento13. Dessa forma, o psiclogo devepreocupar-seemfalarnumalinguagemacessvelaopaciente e sempre checar se as informaes e orientaesdadas pela equipe foram efetivamente compreendidas16.SegundoFerreira12,ostemasquemaispreocupamospacientescomcncerequedevemserfocosdasintervenespsicoterpicasso:sensaodefaltadecontrolesobreaprpriaexistncia,temordasolidoedaprpriamorte,sentimentodeimpotnciaefracassoe temor dos efeitos adversos do tratamento oncolgico.A atuao do psiclogo no se restringe ao pacienteoncolgico.imprescindvelincluirafamlianoatendimento31, j que so personagens fundamentais noauxlioaospacientesparaoenfrentamentodadoena.Namedidaemquetenhasuporte,afamliapodesetornaraliadapermanentenosdopaciente,comotambmdaprpriaequipedesade12,16.Pesquisa realizada por Bergamasco e ngelo6 afirmaqueafamlia,comsuaajudamaterialeemocional,considerada pelas mulheres com cncer de mama comosendo um apoio fundamental para darem continuidadeaotratamento.Para Simpson et al.24 o suporte social tambm umfatorimportantenaprevenoealviodadepressoeansiedade nos pacientes com cncer. Neste artigo, essesautorescitamumapesquisacompacientescomcncerdemamamostrandoqueaansiedadeeadepresso,trsmesesapsacirurgia,estorelacionadascomoVenncio JLRevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6359grau de suporte dos membros da famlia e do cirurgio.Atuandojuntofamlia,opsiclogodevebuscarreforarosvnculosafetivosentrefamliaepaciente,facilitandoumdilogoverdadeiro,capacitando-osacompartilharexperinciaseemoes.Aparticipaodos familiares nas decises, junto ao paciente, constituioutrofatorquedeveserestimuladopelopsiclogo16. importante mencionar que o psiclogo oncolgicotrabalhanumarededecontatos,ouseja,notrabalhasozinho e sim com a equipe de sade. A interao entretodososprofissionaisenvolvidosnotratamentodocncer de mama fundamental para a conquista de umbomresultado,jqueaatuaopassaaserglobal,envolvendotodososaspectosimplicadosnoadoecimento.O psiclogo deve estar atento aos focos de conflitosdentrodaequipedesade,impedindorudosquepossamsurgirnessacomunicao,poisapartirdarelao desses profissionais que todas as demais relaespodemviabilizar-seousecomprometerem16.Para que a atuao do psiclogo junto equipe e aopacientesedesenvolvasatisfatoriamente,necessrioqueesseprofissionaltenhainformaesbsicassobreocncer,almdostratamentosesintomasqueresultamdosmesmos.importanteparaopsiclogosaberdistinguir sintomas emocionais dos sintomas decorrentesdasquestesorgnicas.Oconhecimentobsicodasquestesmdicasreferentesaocncerdemama,como,porexemplo,osestgiosdadoenaeprognsticosassociados a esses, contribui para que o psiclogo possadefiniraabordagemqueirutilizarcomopaciente.Possibilidades de atuao do psiclogo notratamento de pacientes oncolgicosO psiclogo oncolgico trabalha tanto na instituiohospitalarquantonasuaprpriaclnica.Oaporteterico-tcnicoutilizadodeveserarticuladoconformeo local onde se desenvolve o trabalho, o diagnstico dopaciente,otipodeintervenoeprincipalmenteoobjetivoquepretendeseralcanado32.Opsiclogoquetrabalhacompacientesportadoresdedoenascrnicasdeveterumaposturamaisativa,comumfoconoadoecimentoenaspreocupaesdomomento, visando sempre um atendimento humanizadoe global ao doente16.ParaPenna33,essetipodepsicoterapiadevertercomoobjetivo"melhorar,modificareatenuaraquiloquedisfuncionalequecausesofrimentoaopaciente,queoimpeadeutilizarformasadaptativasparalidarcomapatologiaorgnica,visandoumamelhoranaqualidadedevidadoindivduonavignciadeumadoena". Tcnicasderelaxamento,comoaauto-hipnoseouorelaxamentoprogressivo,somuitoutilizadascompacientesoncolgicos,jquepermitemqueomesmoconsigaterummaiorcontrolesobresuasemoesesintomas, como, por exemplo, saber controlar o pnico,a dor, nusea e vmitos20. O sentimento de impotnciamuitopresenteentreospacientes,jquenadapodeserfeitoparaevitarumcncer,havendotambmdesconhecimentosobrecomoserodesenvolvimentoda doena. Por isso, essa sensao de ter algum controlesobre os sintomas decorrentes da doena ou tratamentosmuitopositivaparaopaciente,poissevcapazdefazeralgoemseuprpriobenefcio33.O grupo outro tipo de interveno muito utilizadonaprticadapsicologiaoncolgica.Aliteraturaespecializada traz fortes evidncias da eficcia da terapiadegrupocompacientescomcncer.MeloFilho32,citandoIrvinYalom,definealgumascaractersticasexclusivasdosgrupospsicoterpicosquecontribuem para sua eficcia: compartilhar informaes,universalidadedeconflitos,altrusmo,comportamentoidentificativo, aprendizagem interpessoal, coeso grupalecatarse.Naprticaexistemdiferentesabordagensgrupaisquesediferememsuafinalidade,taiscomo:ensino-aprendizagem, comunitrio, teraputico, psicodramtico,dateoriasistmica,cognitivo-comportamentalepsicanaltico34.Aescolhadequalseramelhorabordagemaserutilizadadevesercalcadanotipodegrupo(deambulatriooudeenfermaria,homogneoouheterogneo,abertooufechado),sobreoobjetivo(breve, de mdio ou longo prazo) e sobre outras variveis(informativo,depreparoparacirurgiaouparaterapia,etc.). Pesquisas evidenciam que para aumentar a eficciadosgrupos,elesdevemtermetas,estruturaemtodosdeintervenofeitossobmedidaparasuascaractersticasespecficas32.SegundoMelloFilho32,nosgruposdepacientessomticos,asinterpretaespsicanalticas,ouseja,interpretaesdirigidasaaspectosinconscientes,socontra-indicadas.Issoporqueopacientejseencontrasobrecarregado com a doena somtica, com a auto-estimabaixa, frgil, propenso a depresses, regresses e atitudesauto-agressivas.Nestecaso,essemesmoautorreforaque mais indicado utilizar interpretaes prvias como:clarificao, assinalamento e confrontao, estando sempreatentoaoqueopacientepossatolerar.As prticas atuais de terapia de grupo privilegiam osgruposhomogneos,ouseja,pacientesquetenhamalgumaidentificaoentresi32.Naabordagemdestetrabalho, a homogeneidade se d pela patologia. Owenet al.35 evidenciam que quanto mais homogneo o grupoAtuao do psiclogo no cncer de mamaRevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6360for, melhores sero os objetivos alcanados e mais focalserainterveno.ParaMelloFilho32reunirpacientescomamesmapatologianumgrupostrazvantagens,jquepermiteao paciente perceber melhor seus problemas, vendo essesnos outros, aprendendo a tolerar o que repudiam em si,melhorandoassimaresoluodadoena.Segundo Spiegel20, o trabalho de grupo uma formadecriarrelaessociais,fatoimportantejquemuitospacientestendemaseisolareasesentirrejeitados.Entreiguais,nogrupo,ospacientessesentemaceitos,proporcionando,assim,umamelhorintegraoentreosparticipantes.Habeetal.11ressaltamquealmdeserumaprticateraputica que traz timos resultados, a terapia de grupopermiteumtratamentomaisviveleconomicamente,secomparadaaocustodaterapiaindividual.Na literatura internacional verifica-se que grande partedas pesquisas utiliza a abordagem cognitivo-comportamentalpara as intervenes com os pacientes com cncer. SegundoPenna33, nos pases anglo-saxes essa realmente a tcnicamais utilizada. J no Brasil as "terapias expressivas" so asmaisusadas.Essasterapiasbuscamacompreensodosignificado simblico da doena e dos conflitos emocionaisinconscientesligadosaoadoecimento,nodandomuitanfasenamobilizaodosrecursoscognitivosparaseadequarmelhorsituao.Pesquisasmostramadificuldadededeterminarquetipo de mtodo mais apropriado para trabalhar com opacientecomcncer35,36.Entretanto,acredita-sequeaabordagemterico-tcnicautilizadaservedeembasamento para o desenvolvimento do trabalho e nocomo determinante de sua eficcia. O que todos devemteremcomumsoosobjetivosquedeveroseralcanados,utilizandoaabordagemcomaqualopsiclogomelhorseidentifique.importantemencionarqueantesdecomearqualqueratendimentopsicoterpicoprecisodetectarseopacienterealmenteprecisadeumaintervenoespecializadaesehumademandaparaisso33.CONSEQNCIAS POSITIVAS DA ATUAO DO PSICLOGOAliteraturaespecializadamostraquepacientessubmetidos ao acompanhamento psicolgico durante otratamentodocncerdemamaobtmganhossignificativos,taiscomo:melhoradoestadogeraldesade; melhora da qualidade de vida, melhor tolernciaaosefeitosadversosdateraputicaoncolgica(quimio/radioterapiaecirurgia)emelhorcomunicaoentrepaciente,famliaeequipe20,37.Dessaforma,percebe-sequeasintervenespsicolgicaspodemterconseqnciaspositivastantonoaspectoemocional(depressoeansiedade)quantonossintomasfsicos(nuseas,vmitosefadiga)20.Pesquisas mostram que as intervenes psicossociaisinfluenciampositivamenteoajustamentoemocionalefuncionaldapacienteealiviamossintomasadversosdecorrentesdocnceredoseutratamento35,36.Outraconseqnciadeumbomtrabalhopsicoterpicoaparticipaomaisativaepositivadapaciente durante o tratamento, resultando numa melhoradeso, evitando assim, o abandono do mesmo. Estudosevidenciamquequandoapacienteencontra-semaisparticipativaduranteotratamento,hmenorprobabilidade do surgimento de intercorrncias clnicasepsicolgicasnomesmo38.Almdessesresultadosqueopsiclogobuscaemsuaatuao,poderoocorrerefeitosadicionaiscomooaumentodotempodesobrevidadapaciente20,37,39,40.CoheneLazarus,citadosporGimenez3,propemquealongevidadedapacientecomcncerestrelacionadacomacapacidadedeajustamentodoindivduodoena.Estamesmaautoraenfatizaoutrosfatoresqueinfluenciamnasobrevidadapaciente,taiscomo:expressodossentimentos,vontadedeviver,reaoativaemrelaoaotratamentoebomsuportesocialeafetivo.Fatoresestesincentivadosnotrabalhopsicoterpico.Diversaspesquisas20,37compacientesportadorasdecncerdemamademonstramqueaspacientesquesesubmetemaintervenespsicolgicasalmdostratamentosmdicoshabituaispossuemumdiferencialqualitativo e quantitativo em sua sade comparativamentequelasquenoparticipamdessetipodeatividade,aumentandosignificativamenteseutempodevida.Entreosvriostrabalhosreferentesaestetema,destaca-se a pesquisa desenvolvida por Spiegel20,41 sobreoefeitodaparticipaodepacientescomcncerdemama com metstase, numa psicoterapia de grupo.Assessesrealizadastinhamcomoobjetivoincentivaraexpressodossentimentossobreadoena,estimularodesenvolvimento de fortes vnculos entre as participantes,alm de lhes ser ensinado hipnose para controle da dor.Osresultadosmostramreduosignificativanostranstornosdehumor,almdeobterefeitospositivosemrelaoaoenfrentamentodadoenaedador20.Baseadonessamesmapesquisa,Spiegel41constatouquealmdoefeitobenficosobreohumoreovigordaspacientesalcanadoscomaintervenopsicoteraputica,aspacientestiveramumaumentosignificativoemsuasobrevida,comparando-secomogrupodecontrole.Paraessemesmoautor,esseltimofatofoiresultado,entreoutrosmotivos,dosefeitospositivosdamelhoradosestadosemocionaissobreaVenncio JLRevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6361atividadedossistemasimunolgicoeneuroendcrino,interferindonaprogressodocncer.Estudos recentes tm comprovado cada vez mais queasperturbaesemocionaisprejudicamobomfuncionamentodosistemaimunolgicocausandoalteraes bioqumicas, constituindo assim um dos fatoresresponsveispelaorigemedesenvolvimentodasdoenas19,38,42,43.Dessaforma,apaciente,noestandobem emocionalmente, estar mais vulnervel para adoecer.Inmeraspesquisasdemonstramaassociaodecertosfatorespsicolgicosorigemeprognsticodocncer.Osfatoresmaisrecorrentesnaliteraturaso:estadosafetivos,especialmentedepresso;eventosdevidaestressantes,comdestaqueparaasperdas;apoiosocial;personalidadeeestilosdeenfrentamentodassituaesproblemticas37,42,43.Pesquisas37,42sobreainflunciadasreaespsicolgicasaodiagnsticodecncerdemamanasobrevidadaspacientesdemonstramumasignificativaligao entre o prognstico e essas reaes. As pacientesqueseenquadramnotipodereaodenominada"espritodeluta",ouseja,determinadasalutarativamentecontraadoena,adotandoumaatitudeotimista,tiverammaiorsobrevidadoqueaquelasquereagiam com sentimentos de desesperana e desamparo.Ainflunciadosfatorespsicolgicossobreosaspectos biolgicos demonstrada atravs de estudos37,39comumtipodeclulaproduzidapelosistemaimunolgico, a clula natural killer (NK). Eles mostramumaassociaoentrealgumasvariveispsicossociaiseofuncionamentodessasclulas.Osmesmostrazemevidnciasdequeumbaixonveldeajustamentoaocncer,falhanoapoiosocial,altonveldeestresseepresena de sintomas depressivos diminuem a produoeatividadedaNK.Sendoessaclularesponsvelpelavigilnciaimunolgicasobreocncer,controlandoadifusodasclulasmalignas,apacientetenderaterumpiorprognstico.De acordo com esses dados, conclui-se que o sistemaimunolgico fortemente afetado por fatores emocionaisequedeterminadasatitudespsicolgicaspodeminfluenciarpositivamentenosistemadedefesa,favorecendoumamaioremelhorsobrevida.Mesmocomtodososavanosnessareadeestudo,aindahmuitasquestesaseremesclarecidasecomprovadas44.Esseresultadoadicionaldaintervenopsicolgicanoaumentodasobrevidadapacientetambmestassociado tanto aos hbitos mais saudveis, que a mesmaincorporaemsuavida,comoasuaadesoaostratamentos. Isso ocorre porque a interveno psicolgicaafetarpositivamenteoestadoemocionaldapacientemotivando-aaadotaressescomportamentos38.Existemautores35,45quequestionamavalidadedecertas pesquisas que analisam a eficcia das intervenespsicolgicassobreoaumentodasobrevidaesobreoestadoemocionalnospacientescomcncer,jqueexistemdiversasvariveisdifceisdeseremcontroladas.Mesmonodandocrditoacertosdadoscientficos,Cunningham et al.45 afirmam perceber em suas prticasqueospacientesenvolvidosemtratamentopsicolgicovivemmaisdoqueasexpectativasmdicas.Nosoapenasospacientesefamiliaresquesebeneficiamcomoatendimentopsicolgico.Asinstituies de sade tambm lucram, j que a ampliaodombitodaassistnciaresultanadiminuiodousodeserviosmdicosemgeral,reduzindootempodehospitalizao,conseqentementecaindooscustoshospitalares. Martins31 cita um importante estudo meta-analticorealizadoporMumfordetal.querevelaevidnciasnareduodocustodousodeserviosmdicosapsintervenespsicossociais.Ostrabalhosanalisados resultaram nas seguintes observaes: reduono tempo da internao, diminuio de 20% no uso deserviosmdicosequedanassolicitaesdeexames.Verificou-setambmqueocustodeumtratamentopsicoterpicoeracompensadopelaeconomiaqueseobtmatravsdadiminuiodousodeserviosmdicos. Neste mesmo texto, Martins cita outro trabalhodesenvolvido por Strain et al. que demonstra ter havidoumareduodecustoshospitalaresdeat160.000dlares devido diminuio do tempo de hospitalizaoapsintervenespsicossociais.TodososavanosobtidosnombitodaPsicologiaOncolgicatminfluenciadoummaiorreconhecimentopor parte da comunidade cientfica do trabalho do psiclogocom pacientes oncolgicos. A American Cancer Society, citadaporOwen35,concluique:"Como muitos estudos bem controlados indicam quegruposdeapoioapropriadamenteplanejadosesupervisionadosmelhoramaqualidadedevidadospacientescomcncer,aAmericanCancerSocietyosencorajacomoumcomponentevaliosoealtamentecompensadoremserviospsicossociaisnotratamentodocncer".Mesmocomcertosreconhecimentosecomtodasas evidncias descritas no campo cientfico e observadasnaprtica,dosbenefciosdoatendimentopsicolgicoaopacientecomcncer,esseservioaindanofoiincorporadonasrotinasdeassistnciadessepaciente36.SegundoOwen35,paraqueissoaconteasernecessrio,primeiro,convencerosoutrosprofissionaisda rea de sade que, alm da melhora na qualidade devida do paciente, h tambm benefcios financeiros comoatendimentopsicolgico.Atuao do psiclogo no cncer de mamaRevistaBrasileiradeCancerologia2004;50(1):55-6362CONCLUSOA partir do levantamento da literatura especializada,aliado experincia com atendimentos s pacientes comcncerdemama,constata-searelevnciadotrabalhodopsiclogojuntoaessasmulheres.Aatuaodesseprofissionaldeveseadequardemandaquelhefeita,traandointervenesquepossam ter efeitos positivos no enfrentamento da doenae dos tratamentos. Sua prtica visa possibilitar a mulhercomcncerdemamaumamelhorqualidadedevida.Atualmente,percebe-seumamaiorinserodopsiclogonareadaSade.Porm,muitasconquistasainda podem ser feitas buscando uma maior integraoentre os diversos profissionais da rea de Sade, visandoacriaodeumespaoprprioparaaatuaodopsiclogo.Dessaforma,acredita-seserimportanteumamaiorcongregaoentreospsiclogoshospitalaresatuantesnareaoncolgica,ampliandoosespaosdetrocasedeproduocientfica.Avalorizaodoscursosdeespecializaonessareaoutrofatorimportanteparaa formao de profissionais capacitados para a realizaode um bom trabalho.Essassugestespropostasbuscamfacilitaradivulgaodarelevnciadotrabalhodopsiclogonombitodaoncologiaafimdecriarumademandaereconhecimentoparaesseprofissional.REFERNCIASBIBLIOGRFICAS1. Arn MR, Zahar S, Delgado PG, Viegas M, Cabral CP,SouzaCM,etal.Representaesdepacientesmastectomizadas sobre doena e mutilao e seu impactono diagnstico precoce do cncer de mama. J Bras Psiquiatr1996;45(11):533-9.2. 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