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I3'I1ini Intornialivo da Associac5o I3rasilcira de Psicoterapia c \lcdiina ('onpo tanicatal - Nuiiiero 2 - .•\hril 20111 Nosso desejo era oferecer-Ihes urn nUmero maior de Boletins: é urn prazer produzi-lo, bern como usufruir da leitura de suas páginas. 0 que nos Iimita é o fator financeiro, que impoe restriçöes ao nosso trabaiho, especialmente antecipando os gastos que assumirernos para a realização do X Encontro. A organização do próxirno Encontro está em born ritrno. Já recebemos a confirmaçao de participaçao de quase 90% dos profissionais que exporao seus trabaihos em conferências, mesas- redondas, cursos e simpósios. 0 nosso site contém a relação dos nornes ja confirmados. Também os ternas a serem apresentados estão organizados e procuramos programar um evento corn a major abrangencia possivel: desejamos urn Encontro que explicite 0 que a proposta comportamental em todas as suas variaçöes pode oferecer enquanto pesquisa, sistematizaçao conceitual e servicos a comunidade. Encontro deste ano tern urn sabor especial: comemoramos nosso 10 0 aniversário. Não deixaremos passar este evento sem salientar sua relevância. Desde ja, então, solicitamos aos associados que tenham algurn material histOrico (fotos, cOpias de cartazes, de programas etc.) que o envie para organizarmos uma amostra da nossa histOria de vida institucional. Contamos mais uma vez corn a sua colaboraçao para X Encontro: divulgue o evento, peca as pessoas interessadas que nos procurem, se organizem para comparecer, facam corn antecedência as reservas nos hotéis (ja existe uma relaçao dos hotéis conveniados no nosso site). A preparação do prOximo nümero da colecao Sobre Comportamento e Cognicao está avancada. Aguardamos ainda a contribuiçao de alguns colegas, mas adiantamos o possIvel o material ja recebido. Teremos condicoes de lancar o livro durante o Encontro. 0 material enviado ate o momento está de Otimo nIvel o que, certamente, recomenda a aquisicao do volume. Aguardem. Agradecernos mais uma vez 0 apolo que temos recebido de todos os pontos do pals para a organização do Encontro de setembro. As pessoas consultadas para sugestáo de temas e convidadas para exporem seus trabaihos tern respondido de forma imediata, acrescentando sempre uma palavra de incentivo e de carinho, que aquece nosso desejo de Ihes oferecer o melhor. Muito obrigado e urn grande abraco a todos. Hello José Guilhardi Presidente da ABPMC IMPRESSO

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I3'I1ini Intornialivo da Associac5o I3rasilcira de Psicoterapia c \lcdiina ('onpo tanicatal - Nuiiiero 2 - .•\hril 20111

Nosso desejo era oferecer-Ihes urn nUmero maior de Boletins: é urn prazer produzi-lo, bern como usufruir da leitura de suas páginas. 0 que nos Iimita é o fator financeiro, que impoe restriçöes ao nosso trabaiho, especialmente antecipando os gastos que assumirernos para a realização do X Encontro.

A organização do próxirno Encontro está em born ritrno. Já recebemos a confirmaçao de participaçao de quase 90% dos profissionais que exporao seus trabaihos em conferências, mesas-redondas, cursos e simpósios. 0 nosso site contém a relação dos nornes ja confirmados. Também os ternas a serem apresentados estão organizados e procuramos programar um evento corn a major abrangencia possivel: desejamos urn Encontro que explicite 0 que a proposta comportamental em todas as suas variaçöes pode

oferecer enquanto pesquisa, sistematizaçao conceitual e servicos a comunidade.

Encontro deste ano tern urn sabor especial: comemoramos nosso 100

aniversário. Não deixaremos passar este evento sem salientar sua relevância. Desde ja, então, solicitamos aos associados que tenham algurn material histOrico (fotos, cOpias de cartazes, de programas etc.) que o envie para organizarmos uma amostra da nossa histOria de vida institucional.

Contamos mais uma vez corn a sua colaboraçao para

X Encontro: divulgue o evento, peca as pessoas interessadas que nos procurem, se organizem para comparecer, facam corn antecedência as reservas nos hotéis (ja existe uma relaçao dos hotéis conveniados no nosso site).

A preparação do prOximo nümero da colecao Sobre Comportamento e Cognicao está avancada. Aguardamos

ainda a contribuiçao de alguns colegas, mas adiantamos o possIvel o material ja recebido. Teremos condicoes de lancar o livro durante o Encontro. 0 material enviado ate o momento está de Otimo nIvel o que, certamente, recomenda a aquisicao do volume. Aguardem.

Agradecernos mais uma vez 0 apolo que temos recebido de todos os pontos do pals para a organização do Encontro de setembro. As pessoas consultadas para sugestáo de temas e convidadas para exporem seus trabaihos tern respondido de forma imediata, acrescentando sempre uma palavra de incentivo e de carinho, que aquece nosso desejo de Ihes oferecer o melhor. Muito obrigado e urn grande abraco a todos.

Hello José Guilhardi

Presidente da ABPMC

IMPRESSO

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CONTEUDO U e Recomendo - Nirncro 23 - Abril 2001 Fer,iando Ba/h/no

rna Décacla de Encontros \1ahadu.....\. & I)obrafls7kv. L.A. (20(X)).

Tefu) JOSe &uilhauili Deluu'w,,e,:to i/u Psicologia do Esporte: evolucao e aplicuçao. (aiiipiii.as: Tccnoraph.

e Recornendo Näo se pode deixar de acompanhar as novas abordagens na area da Wineamento do Psicologia do Esporte: evolziçiio aj,licaçao Psicologia do Esporte. Campo fecundo de intervençOes junto a indivIduos que se

'ernando flalbije beneficiarn da prática esportiva, e apresentado por autores agrupados' por Afonso Antonio Machadol e lstván de Abreu Dobranszky2 no recém lancado livro

lOS Pt DAC F: rt De/inearnento da Psico/ogia do Esporte: evofuçao e aplica cáo. Abordando temas diversos sobre a ternática da psicologia do esporte ou psicotogia aplicada ao

'ROCANDO EM \IIUDOS esporte a obra näo pode deixar de lazer parte da biblioteca particular de todos reves Consideraçöcs sobre Ciência,'reorias aqueles que pretendem compreender o fenômeno esportivo. Fenornenos Esta obra certamente trará contribuicães relevantes para todos aqueles oosevelt R. Staiiing

apaixonados pelas diferentes matizes do comportamento humano, seja em razáo ;M (i)N1AI'() da revisão bibliográfica que busca traçar a evolucão da area, seja por discutir s Brornelias e a Tela de Aranha interessantes resultados advindos de pesquisas de campo. fe/jo .1(151' (;/hdl 'at/il ia P,az:on Destinado a urn pUblico atuante OLI interessado nas intervençOes junto ao

esporte, o livro aproveita idéias clãssicas e inovadoras para situar propostas que EITURA COMPARTILIJADA visam a qualidade total de vida, trazendo novos olhares para antigas práticas, orque o mentalisino nio sohreviveu na ilha de indicando novas abordagens para urn rnelhor entendimento acerca de questöes doe: unia analise de "tJnia f"lI)(1kt" tais corno o impacto de estados emocionais e padröes de comportamento sobre a il//li/la Ri//a Oie,-o

prática esportiva. \S(REVA-SE Resgatando Bandura, os estudos de auto-eficácia sugerem propostas bastante

Fncontrf) Brasilciro (IC Psicoterapia e atualizadas que poderbo ser inovadoras para profissionais que militarn no esporte 'ledicina Comportainental nacional. Ponto alto nesta leitura, a auto-eficácia é analisada corn a atencäo que a M PROCESSO questao demanda. or Que Terapia .'Inalitico-('omporlainental A interferOricia midiãtica por sua vez, que assume posiçao de vanguarda em u/mall//el /agw ThUr/fl/Ia obras de igual quilate, é também contemplada no livro. Assunto cada vez mais il/Ia//c Ne,ia (av ak a/lie

presente em diversas areas do conhecimento, a influência da midia no meio

'OS DO PAlS esportivo e compreendida pelos autores a luz de urn intricado conjunto de fatores 'rograina de Pós-Graduação em Teoria e sociais que afetam a atuaçao do psicOlogo do esporte. 'esquisa do Comportainento - Universidade A anâlise histOrico-conceitual possibilita urna compreensao diferenciada e 'ederal do Pará 'tIO/dC/lodOl. Prof 1),: 01(11(1 //fl(J CaIi'a interdisciplinar que ultrapassa o entendimento de regras. Os valores culturais e 1(1'- (.'aoi/eizadara. Pmfz. Dra. ('eli/la 'hone toda sua simbologia, manifestam-se através de releituras de Hizinga, Parlebás,

('alma LIllgllI/Iaes Bourdieu e Bruhns. Esta junçào de ideOlogos e estudiosos do jogo, permite-nos urn

LEHAVIOR & A RI'S olhar aprofundado sobre o contexto pos- modemo da adoção do jogo como pratica

Beijo amplamente incorporada por diferentes grupos, inclusive constituindo uma ontrole de Estirnulos on Dante Alighieri estratégia ernergente no meio educacional. 'alma ía Pia:zon Q//c'm/vz Tambérn a referida obra salienta a necessidade da retornada do espaco

prolissional do psicólogo escolar e seu "partner", 0 psicOlogo do esporte escolar. .ssociaça() Brasileira (IC Psicoterapia c Isto é igualmente proposto no mornento especifico em que se delineia a origem,

Medicina Comportamental atuação e formaçâo do psicOlogo do esporte.

I'I(/Id(uI(i (fl /99/ A recuperacão esportiva de atletas corn lesOes é cuidadosamente avaliada sob urn enfoque duplo: a visäo fisiológica e a visäo psicologica. Alérn de discutir a

)iretoria da Gestão 2009/2001 irnportância da consciência de limites e potencialidades, o livro, apresenta altemativas diante do afastamento das quadras e da necessidade de

'rcsidcntc - I Lho Jose Guilhardi restabelecimento para urn nivel performatico. 'ice-Presidcnle - Wilton do ()livcira

Secrutania - Patricia Pi:iszon Quciroz. Numa época em que a violência é amplamente discutida ate no âmbito dos Sccrctbrid - I orna A. G. de Castro 1etri Lli'1 i";' jogos ou práticas esportivas, a violência no esporte merece ser retratada em sua

'Sccictria - M,iiia ('aiohna Scoz . complexidade, haja visto sua estreita relacão corn eventos atuais vividos por nossa ,Tcsourcira Maria Bcalriz B. Pinho Madi sociedade. Sern pretender apontar urna relaçáo definitiva de causa e efeito, Os 'Lësouiciia Kâtia C. Chcchinato Segre . •. autores optam por urn tratarnento lUcido da questäo, atendendo simultaneamente

a cornplexidade do terna e a importància de conter seus efeitos prejudicials a onseIIio Constiltivo esportistas.

)enise bios Por tais razöes, parece-me altarnente recomendada a leitura deste ;mmanuel Zaguiy lourinho lançamento, seja para a aproxirnaçäo de psicoterapeutas a questöes inescapáveis rancico I ottifo Ncto 4aLy Dclitti sobre o comportamento humano, seja para aqueles diretamente interessados na

atucio Pin can rios °portivos

x-Presideiites . .'z. ,FernandociB

Eadf N Jélio los, Guilhardi 1. obr rto ARes Banaco . ': '. a : . . 1 Afonso Antonio Mac/;ado o I,vic doconle em Psi ologia do Esporte pu/a ONES!' do Rio Glaro a professor

achcl Rodrigucs Kcrbauy .. naEscola Superior do Educacâo Fis,ca de Juruhili a2 1st vOn do Abrou Dobrnsiky 4 mastic wn CiOncia da Motncidada polo LINFSP do Rio C',,io

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Breves Considerap'les sobre Gincia, Falamos porque e verdade, e verdade

Teorias e Fen 6menos: porque falamos ou simplesmente falamos? Roosevelt R. Starling

Se vocé acredita em certas pa/a vras, você acredita nos argumentos que elas supöern. Quando vocé acredita que a/go é certo ou errado, verdadeiro ou fa/so, você acredita nas suposicöes contidas nas pa/avras que expressarn os argumentos. Na rnaioria das

vezes, essas suposicOes contêrn enormes inconsisténcias, mas permanecem extremamente preciosas para os ass/rn convencidos (p. 231).1

NOs, os behavioristas radicais, fazernos parte de uma ornunidade verbal que na sua maioria se reconhece como tal,

DU seja, sabemos que o que nos une e nos dã identidade é urn ocabuIário comum para falar sobre o mundo. Entendemos

nossas teorias como conjuntos declarativos verbais dos quais Iançamos mao para falar sobre o fenômeno que estudamos: o comportamento dos organismos nas suas relacoes corn o ambiente. Nossas intervençoes são as nossas respostas aos estimulos da situacao clinica ou experimental controladas por esses conjuntos declarativos verbais e pela nossa histOria omportarnental ampla e a especifica àquela situacão. E dizer

que somos uma comunidade verbal que não se supöe na posse de uma verdade que transcenda o nosso simples falar.

Teorias são conjuntos discrirninados de palavras: Sons, modulados de uma certa maneira. Se forem somente pensadas, nem sons sao. Assim sendo, teorias não podem, por Si mesmas, alterar o mundo fisico. Teorias são declaraçoes sobre o mundo que controlam o comportamento da pessoa que as pronuncia, aumentando a probabilidade de que eta responda aos estimulos do ambiente dessa maneira, e não daquela. São essas respostas assim diferenciadas que podem mudar o mundo, por introduzir nele estimulos que antes não estavam presentes.

Cornunidades verbais diferentes falam de maneiras diferentes sobre o mesmo fenOmeno. Quando o desenrolar desse fenOmeno nao é potencialmente perigoso nas suas conseqüências práticas, quando não temos nele urn interesse especial ou uma clareza de quais resultados nos seriarn mais üteis, não ha maiores problemas em utilizar esse ou aquele conjunto verbal. Circunstãncias inversas podem tornar significativa a pergunta: existiriam critérios que permitissern uma melhor escolha entre essas diferentes declaraçães?

Quando o propósito da acao é obter resultados tang iveis no mundo natural, isto é, manipular as variáveis de maneira tat que certos resultados, e não outros, possarn ser obtidos, urn conjunto de declaracOes verbais vern sendo selecionado como aquele que rnelhor tern atendido esse propósito: o discurso que denominarnos ciência natural.

0 que seria uma ciência natural? Uma ciência é urn conjunto de declaracaes verbais sobre o mundo sob o controle de contingências bern discrirninadas, que constituem assim urn rnétodo, uma forma especIfica de falar sobre o mundo. Uma ciência natural é urn discurso sobre o mundo que descreve relacoes entre eventos naturais. Urn evento natural é urn Ienôrneno que tern dimensOes temporais e/ou espaciais discerniveis petos Orgãos sensoriais de urn ser humano cornum; distingue-se de eventos supranaturais ou imateriais, que nao manifestam essas dimensOes. Mas são tantos os entendirnentos e os desentendimentos sobre o conceito de ciência natural que pode ser Util tentar elucidá-la também por oposicão, declarando o que ela não é.

CiOncia natural não se confunde corn uma metodologia. Ao contrário da imagem popular, para ser natural uma ciência não necessita de tubos de ensaio e retortas, de medidores e flos. A metodologia não irnpOe uma definição de ciência; ao invés, ciecorre dela.

Medir e pesar mensurabilidade - não sao, por si mesmas, operacOes essenciais ou suficientes para definir uma ciência

natural. Por exemplo, intrigados corn o fato dos diversos materiais terem diferentes temperaturas de cornbustão, nossos antepassados declararam que cada material possula diferentes quantidades de uma substãncia charnada "flogisto". Medidas da quantidade de "flogisto" em cada material foram obtidas pesando-se cinzas, medindo-se tempos de combustão etc. Uma vez obtidos nOmeros, quaisquer nUrneros, relaçoes matemãticas podem ser estabelecidas entre eles e "provas" quantitativas formais podem ser conseguidas. Mas o que se pesava e se media não era urn evento natural: era tao somente uma palavra!

A observacão objetiva e cuidadosa dos fenômenos tambérn não caracteriza necessariamente uma ciência natural. A astrologia é urn conjunto declarativo fundado em observacOes objetivas e cuidadosas de fenOrnenos naturais: a posicão relativa de certos corpos astronOmicos no espaco, num dado momento do tempo. Não obstante, a astrologia não oferece uma descricao satisfatOria dos meios naturais através dos quais a posicoes relativas desses corpos pudessem afetar urn outr fenãmeno natural: o comportamento de uma pessoa. Ela falh em estabelecer uma relação natural entre os eventos qu examina.

Tarnbérn não é requisito para uma ciência natural que u dado fenôrneno precise ser objeto de uma observacao pUblica consensual para ser considerado como relevante para a ciência Os sentimentos do leitor somente são observados por el mesmo. SO o leitor sentirá a sua dor de cabeca. 0 leitor aceitari que alguérn negasse a sua relevância? Aceitaria uma psicologi ou uma medicina que não os tivesse em conta? Por outro lad pode ser pUblico e consensual o fato de que, neste exat momento, o solo sobre o qual o leitor se encontra está im6ve Estã? Objetivo e subjetivo, interno e externo, não são condicoe necessárias do universo natural. São suposicöes contidas na declaracoes que fazernos sobre ele.

Já se disse que o propOsito da ciência seria o de descob uma "ordem" que seria imanente ao universo natural. Mas es ordem está tao somente nas declaraçoes verbais do observad nos conceitos inventados para descrevê-la. Não perten necessariamente a natureza dos fenôrnenos a qual, de mais mais, não temos acesso. Relacaes de causa e efeito s imputaçOes que fazemos ao mundo fenoménico, na nos tentativa de dar-lhe inteligibilidade. São relaçOes que falam existir entre os fenOrnenos naturais, cuja possIvel verdade extrinseca a eles: decorre da adequabilidade prática dess relaçOes que se fala existir para os propOsitos de quem as decla

Não e exatamente a materialidade dos fenôrnenos que u ciOncia natural precisa estudar. Literalmente, o essencial aca mesmo sendo invisivel aos olhos. 0 nosso prOprio objeto estudo, o comportamento, não existe, exceto enquanto u retacao. Guirnarães Rosa disse que cachoeira não existe. 0 q existe é barranco e agua passando por dma. Tire-se o barran ou a agua, onde está a cachoeira? Cachoeira é uma relacao en dois eventos naturais. 0 comportamento que estudamos é u relaçao entre os estimulos do ambiente e as respostas organismo.

Da mesma forma, "forca da gravidade" não existe. E some mais uma declaração sobre o mundo. 0 que existe é o fato de

- Nt'inwrn 11 - Ahril MOI

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urn objeto inanimado, deixado sem sustençäo num campo gravitacional positivo, desloca-se no espaco e no tempo numa certa direçao e não em qualquer direção. "Forca da gravidade" é urn conceito, uma declaracao verbal que Isaac Newton inventou para falar sobre essa relaçäo e que tern sido aceita porque, quando a utilizamos, aumentarnos a previsibilidade e controle que podemos ter sobre esse fenômeno.

Igualmente, "reforço" não existe. "Reforço" é uma palavra/conceito, que B.F. Skinner inventou para falar sobre uma relacão entre certos eventos naturais. 0 que existe é o fato de que urn evento natural - determinadas respostas de urn organismo que ocorrern no tempo e no espaco - variam regularmente a frequencia da sua ocorrência quando precedidas ou sucedidas por determinados estimulos do ambiente, outros eventos também naturais, corn propriedades espaciais ou ternporais (urn estimulo é urn evento ou condiçao que estimula urn Orgao sensorial de urn dado organismo, seja esse urn Orgão sensorial externo, como a visao, ou interno, como os terminals nervosos interoceptivos).

Entretanto, ainda que o seu objeto de estudo não seja necessariarnente a rnaterialidade de urn dado fenômeno, uma ciéncia natural nâo tern como acessar, através de rneios naturais, urn possivel mundo de agentes, funçoes ou forcas imateriais ou supranaturais. Em razão dessa lirnitação, urn suposto mundo material que possa atuar direta ou indiretarnente sobre a matéria não pode ser conhecido por uma cléncia natural. Metáforas ou hipóteses que postulern a acão desses agentes, funcoes ou forcas - e as retaçöes que dal se possam declarar - não podem ser objeto de consideração por uma cléncia natural. Conhecé-los fica, portanto, a cargo de outros conjuntos declarativos, tais como a filosofia, a religião ou a literatura.

Consideremos agora duas bern conhecidas declaracoes verbais sobre o mundo. Jean Paul Sartre falou: "0 inferno são os outros". Sartre fez assim uma declaraçao sobre o mundo. Como saber se essa declaraçao é uma verdade cientIfica, Util para orientar as nossas relaçOes interpessoals? Os analistas do corn portarnento/behavioristas radicals, consideram uma dectaraçao como essa como urn simples relato verbal das contingéncias que presidiram a relacão desta pessoa corn as dernais. Sartre não fez essa declaracão aos trés anos de idade. ApOs viver muitos anos relacionando-se corn outras pessoas e experirnentando as conseqüéncias boas ou rnãs desses contatos, considerou-as (provavelmente muitas delas) infernais. Em principio, não temos como saber quals as expenéncias que Sartre viveu que pudessem justificar esse seu relato verbal. Talvez Madre Tereza de Calcutã, se perguntada, diria que "0 paraiso são os outros". E de se adrnitir que os dois estariarn sendo verdadeiros, no sentido de resumir corn fidelidade as suas experiências pessoais corn aquelas contingências. Mas não podernos concluir que teriam declarado, urn ou outro, uma relação natural suficientemente generalizada e estável para orientar as nossas acoes. Não saberIamos corn precisão porque aquelas pessoas falaram o que falararn.

Vejarnos agora uma outra declaração histOrica sobre o mundo: conta-se que Galileu Galilel, observando os navios que zarpavam de urn porto, fez uma notável discrirninacao. Observou que os navios que rumavarn mar adentro desapareciam do alcance da vista de uma maneira peculiar: prirneiro desaparecia o asco, depois, o convés. Seguia-se o mastro nas suas porçães nais baixas e, por ültimo, desaparecia o topo do rnastro mais alto. 'Ora" haveria de ter ele falado para si mesmo "dizern que a Terra

plana. Mas, se assirn fosse e para rnim que os observo de urn

ponto fixo, esses navios deveriarn ir aos poucos dirninuindo o tarnanho a medida que se distanciassern do porto ate que, finalmente, eu os visse como urn pequeno porito no honzonte que logo depois desapareceria. Mas se a Terra for de fato plana, cada parte do navio haveria de ir diminuindo o tarnanho em proporcão corn todas as demais partes ate que, num dado momento, o navio desapareceria por inteiro, e nao parte por parte' "Se a Terra é de fato plana ou nao, eu não sel." prosseguiria o nosso cientista Was que os navios desaparecern por partes isso eu sell Estou aqui ha urn ternpão e ate agora todos se comportararn assim, como também todos os outros que ja vi na mesma situação. Além disso, o mesmo fenôrneno, ao inverso, ocorre quando o navio se aproxirna do porto! E tern mais: chamei a atencão de outras pessoas para esse fato e todas elas viram o navio surnindo por partes, exatarnente como eu. E se a Terra fosse redonda? Isso explicaria melhor o fenômeno que observo7'.

O que aconteceu a seguir é histôria. Galileu declarou que a Terra é redonda e mais, que se move em torno do Sol, e não o contrário, como ate então se declarava. E por rnuito pouco não foi executado por conta dessas declaraçoes.

0 que distingue a declaração de Galileu da declaração de Sartre? Porque urn e considerado urn cientista e o outro urn filOsofo? A diferenca foi que ao fazer uma declaração verbal como a que fez, alérn de referir-se a uma relaçao entre eventos naturais, Galileu especificou as experiências que o levaram a falar o que falou. Utilizando o vocabulário da análise do cornportamento, ele descreveu corn precisão as contingéncias que controlararn o seu relato verbal. Como as observacoes que deram origern a declaração verbal que fez Galileu ocorreram entre eventos naturais, dotados de dimensOes materials e ternporais, as mesrnas condicöes de observação podem ser reproduzidas. Isso permite que outras pessoas possarn também falar sobre o mesmo fenOmeno. Outra vez utilizando o vocabulário da análise do comportarnento, a cornunidade verbal do cientista teve acesso aos eventos naturais (estirnulos) que controlaram 0 seu comportamento verbal, a sua declaração e, portanto, poderá modelá-la corn rnaior precisão. Eventualmente, outras dec!araçoes mais bern discriminadas podern ser pronunciadas para dar conta daquele mesmo fenômeno.

Assirn, nesta proposicão epistemolOgica, riesta falacão, a caracterIstica básica necessária e suficiente para uma ciéncia natural é que as relaçOes que ela declara ocorram entre eventos naturais e que essa declaração inclua a descrição dos rneios também necessariamente naturais através dos quais essas retacoes possam ser estabelecidas.

Sempre que essas condicães forem atendidas, a verdade prãtica de uma declaracao verbal sobre o mundo, é dizer, de uma "teoria", poderá ser deterrninada através do exarne direto dos fenOmenos. Para urn cientista, o que alguem - qualquer alguern - falou sobre urn fenOmeno deverá sempre ser considerado a luz dos eventos que controlaram o seu relato verbal. Numa bela metáfora budista, o que o grande homem fala é o dedo apontando para a Lua. Encantar-se na conternplaçao do dedo é perder a própria Lua.

1 Herbert. F (1982). Children of Dune. London: New English Libraiy.

Para ler mais Matos, M. A. (1997). 0 behaviorismo metodolOgico e suas relaçoes corn o mentalismo e o behaviorismo

radical. Em Banaco, R. A. (org), Sobre Comportamento e CognIção (pp. 54-69). Santo André: ARBytes.

Bunge, M (1985) Seudociencia e Ideologia Madrid Alianza

Kuhn, T. S. (1987). A Estrutura das Revolucoes CientIficas. São Paulo: Perspectiva . ..,

Baum, W. M. (1999). CompreenderoBehaviorismo. PortoAlegre: Artes Médicas.

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As Bmmenas e a Teia de Aranha Hélio José Guilhardi

Patricia Piazzon Queiroz - Quantas brornétias juntas! Formam urn canteiro

natural sobre a rocha.

- Olhe essa teia de aranha entre as fol has...

- Nern a tinha notado... Interessante: olhei e não a vi... faltou algurna contingência para me fazer ye-ta.

- Minha frase criou a contingência. SO agora você ye a teia, embora eta estivesse Ia o tempo todo.

- Assim, no dia a dia, fica claro como o corn portamento - de ver no caso - é controlado.

- Os cognitivistas diriam que você não "prestou atencão", por isso não viu a teia.

- Nesse caso, "prestar atenção" antecederia "ver'? Seria urn pre-requisito?

- Para Os cognitivistas sim. No entanto, "prestar atenção" não é causa de ver. As contingencias me levarn a notar aspectos do meio, a "prestar atenção" em detathes como a teia. Nesse sentido "prestar atencào", definido como olhar para algo (teia) e nomeá-lo ("teia de aranha") e corn portamento.

- Mas, então, qual foi a contingencia para eu ter notado as bromélias ja que ninguem "chamou minha atencão" para que eu as visse?

- Neste caso, a contingência está na sua histOria de vida. Em algum momento, alguém the mostrou uma determinada .planta (SD) e Ihe disse "lsto é uma brométia" (SU verbal corn funcao de modelo para nomeacao). A partir dal, quando vocé diante de uma bromélia verbalizou "bromélia" (R verbal), sua comunidade verbal a consequenciou corn algum tipo de reforco positivo ("Muito bern", "Isso mesmo", "Vê como as bromélias são lindas?" etc.)

- Mas, se aprendi em casa o que 0 uma brornOlia, como a reconheco nas rochas?

- Se o treino discriminativo foi repetido corn diferentes tipos de bromélias, em diferentes circu nstãncias, você, provavelmente, forrnou o "conceito bromélia". Isto e, passou a ser capaz de dizer "bromélia" para rnuitos tipos diferentes de plantas, todas bromélias: generalizou dentro da classe de estImulos (bromélias grandes ou pequenas, fioridas ou sem fibres, ao vivo ou em fotos etc.). Si multaneamente, discriminou entre classes de estImulos (não diz "brométia" diante de uma avenca, ou de uma sarnambaia etc.). Tendo formado o "conceito brornélia", portanto,

você está habititada a identificá-la (urn vegetal bromélia tern função de SD para você) e a nomeá-Ia em quatquerambiente.

- Se esse treino ocorreu no passado, onde ficou armazenado para eu usa-to no presente?

- A idéia de "armazenamento" 0 cognitivista. Aquilo que foi aprendido não fica "guardado" em nenhum arquivo psicolOgico, de onde é retirado quando necessário.

Mas, eu nem estava pensando em bromélias e quando as vi imediatamente as reconheci.

-0 "conceito brométia" está no organismo. Tudo que 0 aprendido (passou pela condicão indispensável de ter sido exposto a uma contingencia de reforcamento) passa a fazer parte do organismo. Assim, organismo é o conjunto formado pelo equipamento biolOgico e pelo repertOrio de comportamentos adquiridos.

- Entendo. Uma pessoa que nunca aprendeu o que o "bromélia" não poderia norneá-Ia, mesmo a tendo diante dos olhos. Não teria pré-requisitos para ye-la. 0 que não entendo, então, é o papet dos olhos? Eu não vejo corn os rneus olhos?

- E uma questao interessante. A resposta é não. Os olhos, enquanto equipamento biotOgico, são urn pré-requisito para o comportamento de "ver", mas não bastam para ver. 0 que faz urn organismo ver, através ou corn os olhos, são as contingencias que produzem uma discriminacao visual.

- Comoassirn?

Suponha que você olhe para uma tâmina corn sangue através das lentes de urn rnicroscOpio antes de uma aula prOtica sobre cOlulas sangulneas. Embora, os diferentes tipos de cOlulas sangumneas estejam Ia voce não conseguirá distingui-Ias. ApOs a aula, em que the forarn ensinados os conceitos de eritrócitos, eosinOfitos, basOfilos, ptaquetas etc. você "vera" os diferentes tipos de cOlulas. Foram as contingências (produzidas pela aula) que the ensinararn a ver aquilo que você não via antes de ter os conceitos, embora as células estivessem o tempo todo diante de seus olhos. Assim, são necessários os olhos (parte do organismo) e as contingencias ambientais para ocorrer o cornportamento de ver.

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- Acho que entendi. Preciso pensar mais sobre isso... Mas, se fui ensinada a ter o "conceito" de "bromélia", ou seja, se sou, digamos, "urn organismo bromeliado", por que não fico dizendo "bromélia" o tempo todo?

- Porque o "conceito brornélia' está no organismo e tambOm nas contingências ambientais. 0 "organismo bromeliado", como vocO disse (aquele que incorporou o conceito de bromélia em funcao de sua histOria de vida) está apto para nomeá-la, mas precisa ser exposto a contingendas que evoqüem, num determinado momento ou contexto, a resposta verbal para, de fato, nomeá-Ia. Assirn, poderia ser a visão de uma bromélia (SD), a minha presenca (urn ouvinte corn funcao de SD e corn provável funcao de Sr) como aconteceu no episOdio. Poderia ter sido outra contingência, por exernplo, alguem perguntar "0 que é urna brorn6lia7', "Quern viu urna bromélia?" etc.

Mas, houve urn rnomento no nosso percurso em que sern ter visto nenhurna brornélia eu "pensei" nela.

Pensou em quê exatamente?

- Pensei que nestas montanhas, bern que poderlarnos encontrar brornélias...

- Seu pensarnento estava, neste exernplo, sob controle do ambiente fisico: urn local onde ha certa probabilidade de existirern brornélias. (E pouco provável que você pensasse em brornélias no rneio do oceano, por ex., exceto sob circunstâncias arbitrárias especiais, como ouvir alguern dizendo "Estou corn vontade de corner abacaxi"...). E urn exemplo de generalizacão de estImulos. A probabilidade de pensar em bromélia depende da forca da resposta: contingências sob as quais o cornportarnento foi instalado e o grau de sernelhanca entre Os estIrnulos presentes e aqueles sob os quais a resposta foi condicionada.

- Você tern razão... Eu ja havia visto brornélias em urna regiao sernelhante a esta nurna outra viagern que fiz. Agora, o que me charnou a atenção na sua explicaçáo foi que você tratou o meu pensamento como se fosse urn outro comportarnento qualquer.

- Exato. Pensar é cornportar-se. 0 pensarnento é comportarnento, sujeito as rnesrnas leis que qualquer outro comportarnento. Sua (mica particularidade é o acesso para observá-lo. Corno se trata de urn comportarnento privado, sua observaçào sO é acessIvel a prOpria pessoa que se comporta (pensa): você no caso.

- Ainda urna coisa me deixa em dUvida... Quando você me perguntou em que exatamente eu havia pensado, dei-Ihe urna resposta, mas nao foi tudo. De fato, pensei que queria encontrar urna brornélia, mas alérn disso eu "vi" a brornélia que gostaria de encontrar. Posso ate descrevê-la para vocé. Mas, como posso ter visto" urna planta, corn sua flor vermelha, se ela não estava ali?

- Quando você diz que "viu" algurna coisa, e neste caso vocé viu urna planta que não estava presente, está se referindo a urna outra classe de comportarnentos encobertos, que não exatamente pensar. Usualmente, ernprega-se nestes casos o verbo imaginar. Ou seja, você imaginou que estava vendo urna planta (e como se você estivesse vendo urna irnagern). A concepçao de ver urna irnagern é tarnbérn dualista: é como se existisse urn objeto e urna côpia dele e em circunstâncias especiais nOs vernos a cOpia, a irnagern. Urn resquIcio da concepção religiosa de corpo-alma, que por sua vez se baseia na filosofia platônica do mundo das sensaçöes e das idéias...

- Como explicar, então, que eu Ni" a brornélia florida?

- A explicaçao seria a mesma usada para explicar o cornportarnento de pensar, como foi feito acirna, mas agora aplicado a outra classe de cornportamento: "ver na ausência do objeto visto". Assirn, é necessário urn SD ambiental, no caso região montanhosa, onde brornélias podern ser encontradas. Urna histOria passada em que existirarn contingências que Ihe ensinararn a discrirninar (visualrnente) urna bromélia, a ter urn conceito visual de brornélia, ou, mais especIfico ainda, de brornélias corn flores vermelhas e ainda Ihe ensinararn que brornélias crescern e florescern em regiöes rnontanhosas parecidas corn a que vocé está escalando. Sern essa histOria de contingências e sern o controle de estIrnulo ambiental você não "veria" brornélias. A brornélia que você "viu" não está no mundo platOnico das idéias, está na re/a cao entre seu organismo e o aspecto funcional do arnbiente; está nas contingencias passadas e atuais.

Envio de Resumos Interessados em encaminhar propostas para apresentaçao de trabaihos encontrarão informaçoes sobre

prazos e normas em nosso site e secretaria a partir de 18 de maio. Participe!

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Porque o mentalismo não sobreviveu na ilha de Defoe: uma análise de "Uma Fábula" Martina R1110 Otero

Se abrirmos urn dicionário da lingua portuguesa e procurarmos a definicao da palavra "frase', encontrarernos: "reunião de palavras que formam urn sentido completo; locucão; expressão; oracão". Skinner propöe uma abordagem diferente do comportamento verbal, na qual o significado das palavras, frases ou de qualquer unidade topografica do comportamento verbal deve ser buscado nas variáveis que controlaram sua emissão. A topografia da resposta não evidencia quais são suas variáveis controladoras, dai a impossibilidade de encontrarmos na topografia tudo 0 que a resposta pode estar "significando' para o ouvinte.

A fábula de Skinner figura novamente neste boletim enquanto urn texto a ser interpretado. lnterpretaçào é uma atividade usualmente associada a busca de significados nas frases de urn texto, dai uma advertência inicial: se a definicão de "frase" soa estranha por tradicionairnente se supor que cada frase possua apenas urn significado, o que podernos dizer de urn texto? A interpretacão que aqui segue e, portanto, uma entre outras tantas possiveis...

A proposta de interpretacão da fábula de Skinner aconteceu numa aula de urn curso eletivo do Programa de Estudos POs-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, da PUC-SP. A Subjetividade na Perspectiva do Behaviorismo Radical de B. F Skinner foi ministrado pela professora Tereza Maria de Azevedo Pires Sério, a Téia, sempre pronta a colocar os alunos na situacão difIcil e proveitosa do questionamento. Também sempre pronta a testemunhar, junto corn os alunos, o percurso e os resultados desse questionamento. Mas como esta leitura é uma entre tantas necessariarnente vinculada a minha histOria de vida e como pretendo que seja cornpreensivel, you tornar püblica uma das variáveis que controlararn minha leitura: não resisti eli a histOria de Robinson Crusoe escrita por seu autor original, por isso entendo que minha leitura da fábula de Skinner ficou sob controle de aspectos da histOria narrada por Daniel Defoe.

0 aspecto que mais me impressiona é a velocidade corn que o Robinson Crusoe de Daniel Defoe vai superando as dificuldades impostas pelas condiçöes da ilha em que vive. De certa maneira, é como se ele sozinho atravessasse toda a histOria da humanidade em menos tempo do que a periodo de uma vida. No periodo exato de 28 anos, 2 meses e 19 dias (tempo que ele ficou na ilha), ele passa uma noite numa árvore e desce dela (o comeco de tudo!), descobre como fazer recipientes resistentes de argila, planta, coihe, aprende a fazer pão, constrói urn canal de água, caça, elabora urn calendário, constrói uma canoa, ensina Sexta-Feira a falar... A parte dos questionamentos da veracidade dos fatos narrados, da possibilidade de que Crusoe realmente pudesse existir tal como a narrativa o apresenta, ou ainda, da diferenca corn relacão a histôria da humanidade quanto a emergência do comportamento verbal (ele já comeca sua histOria se comportando verbalmente e a humanidade não), a histOria do "náufrago perdido numa ilha deserta" parece apresentar urn resurno do que aconteceu na histOria da humanidade.

Skinner comeca sua fábula inserindo novas trechos que nao estão na histOria original de Daniel Defoe. Coma teria sido o contato de Crusoe corn a tecnologia mais avancada? Coma ele transrnitiria conhecimento? Coma seria a continuacão da história corn a insercão do comportamento verbal e da auto-observacão? Skinner vai descrevendo contingências prOprias da vida de Crusoe na ilha e, nesse processo, o que ocorre em relação a certos comportamentos tidos como "mais

complexos' na nossa sociedade. E nesse sentido, a histOria de Crusoe é especialmente "aproveitável" no que se refere a possibilidade de desconstrucao de nocöes mentalistas. Por que? Porque em urn tempo relativarnente longo para ficar isolado numa ilha, rnas curio para descobrir tudo a que ele descobre, Crusoe ilustra diversas etapas da história da humanidade, o que permite uma visualizaçao clara da histôria que produziu comportamentos atualrnente vistas em membros de nossa cultura.

Skinner aponta como uma das diuiculdades de entender o mundo a partir da noçáo de contingências e da determinação ambiental, a fato de que quando observamos o comportamento, a histOria de condicionamento ligada a ele já está muito distante e os sentimentas ou os "estados internas" estão mais próximas da ocorrência do comportamento. Crusoe nos ajuda a ver as fatos corn proximidade, esse parece ser a ponto que me interessau. Podemos analisar sua histôria através de uma análise de contingências, sern precisar supor mediacãa de eventos tais como mente e vontade. Issa é especialmente claro no episOdio em que ele descobre como praduzir utensilios de argila mais resistentes: "Urn dia, estando a cozinhar a jantar, fiz urn foga rnuita forte. Uma das minhas tigelas caiu nele e Ia ficou. No dia seguinte, removendo as cinzas, encantrei pedaças da tigela, rnas em muita diferente estado. Tinham enrijecido como pedra e quebravam como teiha. AquUa me fez pensar. Se pedacos de tigela adquiriram tal consistência ao fago, o rnesmo aconteceria corn tigela inteira e mais vasilhas". (p. 32)

Uma leitura passivel sugere que a fábula de Skinner mostra a possibilidade de explicacão do comportamento (especialmente o cornplexa, no caso desse texto) através da anélise de contingências e da determinação ambiental. Além disso, Skinner parece estar dizendo que nossa dificuldade de resgatar a histOria inteira no praduto nãa significa que as comportamentos ditos cornplexos necessitern, para sua explicacão, da elaboracão e uso de conceitos além daqueles já existentes para a explicacão do comportamento como urn toda. Parece que nossa dificuldade em analisar a comportamento verbal é o fator principal que nas leva a supor outras maneiras de explicá-lo e nos levou, historicamente, a necessidade de separaçãa do rnundo entre urn pedaco que podemas entender e outro que, a principia, jarnais canseguiremas explicar.

Estamos diante de uma inversãa: a fato de nosso conhecimento ser lirnitado acaba implicando na determinacao aprioride que ele jarnais será suficiente, e então, desiste-se da producãa de conhecimento cientIfico acerca de parte dos fenômenas. Uma posicãa alternativa - a princIpia, a que defendemos - é partir da certeza de que nosso conhecimento é limitado, especialmente na explicação de casos mais complexas, mas que pode ser aumentado, mais e mais, a partir do estudo cientifico do comportamento.

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The Royal Palm Plaza - Campinas 20 a 23 de setembro de 2001

ATE 15/08/2001

SOCIO OUTROS

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ATE 15/09/2001

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270,00 370,00

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X Encontro Brasileiro de Psicoterapia e d~"N Medicina Comportamental

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I

Por Que Terapia AnalItico-Comportamental Emmanuel Zaguiy Tourinho

Simone Neno Cavalcante

Uma das linhas de pesquisa no Pro grama de POs-Graduacão em Teoria e Pesquisa do Comportamento é intif u/ada "Behaviorismo radical, eventos privados e terapia analitico-comportamental".Projetos desenvolvidos nesta linha tern inc/uIdo traba/hos conceituais. empiricos e aplicados, sobre temas corno even tos privados e possibilidades de apllcaçäo da aná/ise do comportamento no contexto clinico. 0 texto abaixo ilustra a/gumas questOes que vém sendo abordadas nestes estudos.

Como parte de urn trabalho de elaboracão conceitual no campo da análise do comportamento, temos referido a abordagem, seus principios, propostas e modelos de intervencão corn o adjetivo "anal itico-comportamental". A mencão a terapia ana/itico-comportarnental parece surpreender Os interlocutores de modo particular, possivelmente pela tradiçao de referência a' "terapia comportamental'. Nos paragrafos seguintes apontarnos que o uso da expressäo "analitico-comportamental' não é original na area; de outro lado, salientamos que ha boas razöes para cultivá-lo.

"Analitico-comportamentat" e uma tradução da expressão em inglês behavior-analytic, utilizada para adjetivar noçOes ou práticas caracteristicas da disciplina análise do comportamento. Na literatura em ingles, o termo é empregado corn muita frequencia. Encontramos rnencôes ao "método anal itico-comportamental" (Harzem, 1984), "literatura anal itico-comportamental" (Catania 1993; Leigland, 1999; Michael, 1993), "comunidade analitico-comportamental (Sidman, 1996). estudo anal itico-comportamental" (Friman, Hayes & Wilson. 1998), "teoria anal itico-comportarnental' (Hineline, 1984), "interpretação anal itico-comportamental" (Lattal, 2000), "pontos de vista analitico-comportamentais" (Moore, 1995; Spradlin, 1996), "intervençöes analitico-comportarnentais" (Vaughn, Clarke & Dunlap, 1997), "pesquisa anal itico-comportamental" (Home, 1997), perspectiva anal itico-comportamental" (Rosales-Ruiz & Baer,

1997), "formulaçoes analitico-comportamentais' (Donahoe, Burgos & Palmer, 1993), etc. Na literatura brasileira, h6 tambérn citaçäo da "abordagern anal itico-comportamental" (Cunha, 1995) e da "perspectiva anal itico-comportamental" (Cunha, 2000).

Na area clinica, a adocao de 'terapia anal itico-comportamental" tern sido proposta (Cavalcante, 1999) e adotada (e.g. Azevedo, 2001; Gimenes, 2000; Souza Filho, 2001; Vasconcelos, 2000; Zamignani, 2001) para diferenciar a intervencão baseada em principios da análise do comportamento de práticas que combinam estes principios corn supostos cognitivistas ou de outra ordem. Esse movimento pode ser considerado uma tentativa de incorporar na literatura da area aplicada uma precisão conceitual cultivada na literatura teOrica/reflexiva e empirico-experimental, como exemplificado acirna.

A idéia de prover uma nova identificacão para o modelo de terapia consistente corn a análise do comportamento também nào é original, embora outros autores proponharn denominaçães diferentes de "terapia anal itico-comportamental". Em todos Os casos 0 pontO de partida parece ser urn diagnóstico critico do que hoje representa a terapia comportamental, pelo menos considerando-se o que a literatura assirn intitulada postula, como observa Dougher (1993):

Pode-se argumentar sensatamente que, como urn campo, a terapia comportamental e na verdade filosoficamente, conceitualmente e metodologicamente estranha a análise do comportamento. Onde a análise do comportamento é funcionalista, materialista, não reducionista e idiográfica, a terapia comportamental é estruturalista, mentalista, reducionista e nomotética (p.269).

Corn respeito a autores que fazem uso de terminologias alternativas para designar a terapia fundarnentada na analise do comportamento, o movimento mais significativo, visualizado em publicacoes recentes da area, parece ser aquele que se rernete a anâ/ise clinica do comportamento (Dougher, 1993; Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993). Esta passa a ser uma caracterizaçäo geral para a area, que acomoda modelos especificos de intervenção, por exemplo a Terapia da Aceitaçao e Comprornisso (Hayes e Wilson 1994; Hayes, Strosahl & Wilson, 1999) e a Psicoterapia Analitica

Funcional ( Kohlenberg & Tsai, 1987, 1991). Adicionalmente, nesta literatura a termo "anal itico-comportamental" e insistentemente usado nas mençöes ao aparato conceitual em que se apOia; eventualmente ha também a citaçäo de intervençOes clinicas analItico-comportamentais' (Dougher, 1993 p.269).

A caracterização que Dougher (1993) prove para a terapia comportamental possivelmente não coincide corn o modo como muitos terapeutas cornportamentais brasileiros interpretam sua pratica e os respectivos fundamentos. Em outras palavras, no Brasil talvez exista uma maior identificaçäo da terapia comportamental corn as supostos da análise do comportamento. No entanto, essa correspondéncia nào é tao invariável. A necessidade de diferenciar a prática destes analistas do comportamento parece em alguma rnedida instalada, uma vez que tambérn aqui comecam a ser ernpregados novos adjetivos para descrevé-la ou referi-la, como terapia por contingências (Guilhardi, 2000, p.90; Oliveira, 2000, p.116), ou terapia externalista (Rodrigues, 2000).

Durante algum tempo a intervencão de analistas do cornportamento frente a problernas comportamentais (atuando mais Ireqüenternente em ambientes institucionais) foi chamada de 'rnodiflcaçäo de comportamento". Embora possa haver algurna coincidência nos usos de "rnodificacão do comportamento" e "terapia comportamental" (of. Kazdin 1978), a Oltima ('terapia comportamental") e apontada corn anterior a análise aplicada do comportamento (Hawkins e Forsyth, 1997), portanto constituindo uma denominacão da qual analistas do comportamento se apropriararn, rnas que não esteve sempre ou exclusivamente associada a principios operantes (sobre o histOrico das relacOes entre terapia comportamental e analise do comportamento, vet tambérn Kohlenberg & cols., 1993).

A anàlise do comportamento pode ser interpretada como urn campo de saber no interior do qual articulam-se produçOes ftlosoficas/reflexivas/interpretativas, empiricas (experimentais e não experirnentais) e aplicadas (cf. Tourinho, no prelo). Estas producOes sào interdependentes e complementares; representam, ao mesrno ternpo, possibilidades diversas de elaboraçao e aplicacão de urn conhecimento psicolbgico'. Ligar urn modelo de intervenção clinica corn a literatura da análise do comportamento significa apontar que ele esta em contato corn aquelas diferentes producOes, ou seja, é orientado por urn sisterna amplo de interpretaçäo do comportamento hurnano que auxilia na reflexão e intervencão frente a fenômenos complexos, como Os que se apresentam em ambientes clInicos. Essa relacao é especialmente relevante quando se considema a impossibilidade (e rnesmo a inadequacao) de uma especificaçâo minuciosa de cada passo da intervençäo clinica e se reconhece que 0 comportamento do terapeuta esta sendo perrnanentemente modelado pela interação corn o sistema cultural da análise do comportamento e corn contingOncias prOprias da situaçâo de intervencão.

Para ler mais Em razão da restriçao de espaco, as referências bibliográficas constam na versão do presente texto disponIvel em nosso site.

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POS DO PAIO'ft Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento - Universidade Federal do Para'

Coo rdenador: Prof I);'. Olavo Jzria (7aIvüo 1/ice- Coordenadora: Prof. 1)ra. (eiina J.Iauia C'olino Magalhaes

Programa de Pds-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento fbi instatado como Curso de Mestrado em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento. em 1987, vinculado no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará. Em 1999. assumiu o formato do Programa, voltado para a formacëio de posquisadores em diferentes niveis (especialização, mestrado e doutorado) nas areas de psicologia experimental e ecoetologia, contando também cam orientadores nas areas de psicologia do desenvolvirnento, psicologia econômica e psicologia fisiologica.

Programa é reconhecido pela CAPES, nos termos da Portaria N084 de 22/12/94 do Presidente da Fundacão CAPES e Portaria N°694 de 13/06/95 do Ministério da EducacSo e do Desporto. Na ültirna avaliacão da CAPES para o nivel de Mestrado (bi(§nio 1996-1997), obteve nota 4, oquivalente ao conceito "Bom". Para o nivel de Doutorado, foi atribuida nota 3, equivalente a "Regular". por ocasião da implantaçSo do Progrania, no final de 1999.

São objetivos do Programa: a) contrihuir para o atendimento da demanda regional por docentes qualificados para a atividade cientifica: b) promover as condicoes para a formaçao e consolidaçao na regiSo de grupos de pesquisa nas areas de psicologia experimental e ecoetalogia; C) promover 0 intercàmbio entre pesquisadores das areas do psicologia experimental e ecoetologia, visando a producao do conhecimento intograda sabre o comportamento: d) formar profissionais corn treino em pesquisa comportamental para atuacao em atividades não universitãrias: e) formal mestres e doutores nas areas de psicologia experimental e ecoetologia; f) fomentar a atividade de pesquisa na regiSo. nas areas do programa; g) promover maiar intercâmbio entre a pOsgraduação e a graduacao. através de mecanismos que intensifiquem a presenca de docentes titulados o em formação nas atividades dirigidas aos discentes de gmduaçSo na Universidade Federal do Pará.

Desde sua criacão, a Programa funciona nas dependèncias do LaboratOrio do Psicologia Experimental da UFPA, urn predia de 960m?. 0 espaco utilizado envolve cerca de 100 m de laboratónos para coleta de dados cam sujeitos humanos e não humanos, alOni de satas de professores e do alunos do pOs-graduacSo, oficina. biotéria de primatas, biotério do ratos e sala de secretaria. Nos labaratOrias estSo disponibilizados equiparnentos de pesquisa, especialmente de informática, para a coleta e pracessamento de dados. Quanto a infra-estrutura de cornunicacSo. o Programa funciana corn servidar prôprio integrado a redo interna do campus da UFPA e interligado a Rede Nacional de Pesquisa, provendo acesso a internet a docentes e discentes. Na parte bibliografica, a Programa é atendido pela Biblioteca de Pesquisa e Pos-Graduacao do Centro do Filosofia e Cièncias Humanas e pela Biblioteca Central da UFPA.

Anualmente, o Programa promove, em conjunto cam a Departamento de Psicologia Experimental, a Semana Cientifica do LaboratOrio do Psicologia Experimental, na qual são apresentadas e debatidos as trabalhos de pesquisa de docentes e discentes, corn a participação do convidados de instituiçães de outras regioes.

corpo daconte permanente é formado por 16 Professores Orientadores, todos portadores do titulo de Doutor o corn projetos de pesquisa nas respectivas areas do orientação. Também atuam no Programa um doconte Doutor na condicão de Professor Visitante Capes,

uma recém doutora, corn balsa do CNPq. Semestralmente. a Programa realiza seleção para a Mestrado, de

acordo corn condiçoes espocificadas em Edital de Seleção. Para a nivel de Dautarado, a ingressa ocorre por fluxo continua. As vagas para novos alunos são definidas de acordo corn a dispanibilidade dos docentes. 0 aluno interessado em ingressar no Programa dove cadidatar-se a vaga do orientador quo atua na sua area de interesse. Os candidatos são estimulados a entrar em contato previamente corn os possiveis arientadores. a Sm obter esclarecimentos adicionais sabre as areas de pesquisa, hem coma ter acesso a bibliografia indicada para a Prova de Conhecimentos.

processo seletivo envolve Entrevista e Prova de Inglés (Mestrado Doutorado). Prova de Conhecimentos (Mestrado) e Apresentacão do

Prajeta de Pesquisa (Dautarado). A Prova de lngles consiste de leitura e intorpretacão do texto cientifico, sendo permitida a usa do dicionário. A Prova do Conhecimentos envolve a conteUda especificado no Edital de Seleção, de acordo corn a area e a Orientadar indicados pelo candidata por ocasião de sua inscricãa. Adicionalmente, pade ser solicitado ao candidato ao Mestrado a apresentação de projeto de pesquisa ou piano do trabalho. Para a nivel de Doutorado, a aprosentacãa do projeto de Pesquisa é obrigatôria para todos as candidatos.

Atualrnente, a Programa mantém dez linhas do pesquisa: 1) Anãlise do Comportamento: Teoria o Aplicaçöes; 2) Anãlise Experimental do Comportamento: Aprendizagern do Comportamento Carnploxo; 3) Behaviorismo Radical, Eventos Privadas e Terapia Analitico-Comportarnental; 4) Cagniçao em Primatas da Arnazônia; 5) Comportamento Gavernado por Regras; 6) Desenvolvimenta o Camportarnonto; 7) Etolagia de Insetos Sociais; 8) Ecologia o Estrat(§gias Comportamentais de Preservacao; 9) Etalogia Hurnana; 10) Neuropsicologia da Lateralidado.

Em 13 anos do oxisténcia, o Programa formou 72 mestros. A maiaria dos egressos seguiu a formação em nivel do Doutorada. no Brasil ou no exterior; muitos exercom atualmente funcOos docentes em instituiçOes locais ou do outras regiOes.

lnfarmacaos adicionais sobro o Programa podem ser obtidas nas onderecos:

Colegiado do Programa de Pós-Graduacao em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Centro de Filosofia e Cléncias Humanas, Universidade Federal do Pará. Campus Universitário do Guamá. 66.075-110, Belém, Pará

Fono: (091) 211-1 453 Fone/Fax: (091)211-1662 Email: [email protected] Homepage: www.cpgp.ufpa

Os visitantes de nosso site já tern a alternativa de enviarem formulãrios eletrOnicos para participarem da ABPMC como interessados (formulário de cadastramento), filiados (formulário de associacao) e inscritos (formulário de inscricão no X Encontro). Para novos e antigos associados, ha informacOes sobre 0 procedimento de pagarnento e envio de comprovante bancário. Düvidas podem ser esciarecidas por nossas secretárias - Eloisa ou Carolina - via telefone ou e-mail, de segunda a sexta-feira das 9:00 as 18:00hs e aos sábados das 9:00 as 12:00hs.

Novos sócios ou antigos sócios Urn so procedirnento

Para efetuar ou renovar sua fihiacão e necessário: 2

Preencher a ficha de inscriçäo disponivet em nosso site (envio eletrônico) ou boletim (envio par correio) Realizar depôsito bancario da taxa relativa a sua categoria de sócio

Estudantes (graduacao ou pos) R$ 50,00 .

Recern-formados(colaç5o2000/2001) R$50,00 . . . . . . . . . Profissionais R$ 100,00

Patrocinadores R$ 200,00 Enviar o comprovanto de depOsito bancârio via fax ou correio

Podem ser enviados 2 cheques corn o valor de 50% da taxa, urn para cobrança imediata e outro corn vencirnento ate 15 de seternbro.

Descontos na inscrição para oX Encontro e envio do pub//ca coes são beneficios exciusivos do associado. Sofa urn associado desdejá!

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Page 12: IMPRESSO - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/146005708026576784c.pdf · ornunidade verbal que na sua maioria se reconhece como tal, DU seja, sabemos que o que nos une

Alighieri, D. (1981). A Divina Comédia. São Paulo: Abril Cultural. Publicacão original.

0 Beyo hieri Controle de EstImulos em Dante Al ig

Patricia Piazzon Queiroz

Rodin inspirou-se para realizar algumas de suas esculturas na Divina Comédia de Dante (1265-1321). 0 Beijo e uma delas. Dante baseou-se numa histOria veridica que ocorreu e emocionou a ltália 10 anos antes do inicio da sua obra. A histOria de Paolo, que beijou Francesca, a esposa do

seu irmão, e narrada no volume intitulado Inferno de uma maneira que pode ilustrar a complexidade do controle de estImulos sobre o comportamento humano. Observe o jogo de determinacOes a que os amantes recorrem no Ultimo parágrafo: o que provocou o beijo?

Ouvindo o sapiente guia (VirgIlio) referir-se a tantas damas, a tantos herOis antigos, quase desfaleci(Dante), assaltthdo por imensa piedade. Disse: "Poeta, gostaria de falar àqueles dois que vão lado a lado, tao leves parecerido quanto brisa." E cia a mim: "Quando se aproximarem, interro ga-os em nome do amor que os Ufl!U e move. Atenderão." Tao logo o vent o conduziu as sombras parajunto de nOs, ergui a voz: "Almas aflitas, vinde falar conosco, se alto ordenamento nâo os proibe."

Quais pombas que movidas por igual querer as asas endere cam ao doce ninho, aquelas almas deixaram a multidão em que seguia Dido e vencendo o armaligno para nOs endireitaram, tanto as comovera o meu charnado afetuoso.

"O criatura piedosa e amiga que neste fosco sitio falas a quern tin giu com sangue o mundo Ia em dma, se o rei do universo nos desse ouvidos, pediriamos pela tua salvação, pois que te apiedas do nosso padecer. Enquanto o vento, con forme percebes, acalma-se, ouviremos e falaremos daquilo que ouvir a falar te a grade. Nasci onda o no PO, com os seus afluentas, volta-se para o mar como se em busca de repouso. Daquele amor que in f/ama celaremente os coracOes, esta que yes ao meu lado tomou-se pela minha formosura, a qual me foi tirada por modo tao brutal que inda agora me faz sofrer. Amor que ao amado nao perdoa o nâo amar, tal forca pOs no seu querer por mim que mesmo neste pals das dores a nossa união perdura. Amor nos levou a mesma morte: porérn Calna (regiao do inferno reservada para os que deram ou fizeram morte violenta a alguém, especialmente a gente do mesmo sangue) aguarda quem no-Ia deu".

Raconhecendo quern fosse aquelas almas sofredoras, incIinei-me a cabeca e isso tanto e por tanto tempo que o poeta estranhou: "Em que pensas ? "Expliquei: "Al de mim! Ref/ito sobre o doce enlevo, o arroubo que a estes conduziu a tao doloroso fim." E voltel-me para dizer: "Francesca, teus sofrirnentos levam-me a triste e piedoso pranto. Mas como sucedeu que dos ingénuos enleios o amorpassasse a proibidos anseios?"

E cia: "Não existe rnágoa mais pro funda do que a ventura relembrar na desventura, verdade que o teu guia bern conhace. Mas se pöes ampenho no conhecer a histOria do nosso amor fatal, procederei como aquele que, chorando, narra. Llamos urn dia - mero passaternpo - o reIato de como Lancelote resultara vencido palo amor. Estávamos sOs, desarmados de ma/ida. Porvezes, nossos oihares ancontravarn-se, fizeram suspender a Iaitura a mudar a cor das faces. Urn trecho nos fez sucumbir: ao larmos como a ansiante amada fora beijada pelo febril amante, este que de mimjamais se aparta, todo a tremer, baUou-me a boca. Culpados pois, o livro e seu autor, eis que, aqua/a diajá não lernos rnais".

Enquanto c/a assim falava, ele tanto chorava que eu, cont urbado, desfaleci. Tombei qual tomba corpo morto.

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