L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero...

16
Boictini Inforrn.uivo (1.1 Associaçäo Rrasileir.L de Psicoterapia e Medicina Comportarnental - Ntmcro 29 - Maio/2004 L) / TOfUTI L corn dupla satisrcr ue lIi1O flats ours rz a \ICIIC. Ra:1a 1Ot (100.1(15 do So >o pr TU>1J (IC pos-doutorarnento, para in p1 Irnelro lu>., ir c urn on. illur c uin confin it) (kr co mriwd tu It> (. ttt ahnins 1 mcc das c r,1COCS SCgUlnlus. >11 i inuitos OutrOs nornes cxcclentc trabaiho retilizad(Ipela Direronia Snrcrior, irderada peLt .\Iaria sos c]uais peco desculpas por n10 erni-tos arlui). Quern, corno aluno ou /ilah, que deu urn salto its or.intzseao icirninisu sires c lin>i>ccira dl eoIea de t.r:ibrIho. eve 0 Ti\ iIr;Io tie iumi,r contatos corn os nomcs Associação. Pode-se veriticar, em colt> rao snexo errviido SOS (.0I1S- ettacios, tern cjue CoI1C!u11' - corn jristic:i - ciue :1 capaciciade dclescle abaIhar, Iheiros, o ménito da chretonia cioc nas (intececicu, por ten dado forms pesc1irS21' c enSrnar :1 Auslise do C miporcarnento Co Behaviorismo no final so longo processo tie adec1uacaio da ABPf1C Its exigéncias de regu- Brasil Supera osOiVCiS flrsis otrsttedos tie c1nalidade quc se pode colocar larizaçIto Its infirneras lets quc nos regem. Que trahaiho incansItvcl c conlo ll)etI. \ ces eoneguei1r perisar eurno dCvern tcr se sentido os clogioso. Em Segundo lugar, a coirselente responsabilidacie de contençao profcssores Jo Mari:i .\nt1in. Ii cio (;lriudio etc.? Deem-me urn aluno tic gastos e 0 acesso a tontes de tinanerarnento corn sucesso jamais desses c revolucronarer aAnItlise cli> Coniportarnento... experimentado pelas cliretprias antenlores. 0 trahaiho da equipe de Corn o coriordos an( r ioiani crisis>> ninitas oportuniclades pars Londnina complements c ampha a sohdcz da nossa AssociaçIto, c'ue os niais tics racados expoen I CS arnCriCaflOS da vem sendo plantada p>lsso a passo I por cads urns cias Diretorras quc a AnItlise do Comportarneirro vnem ate o Brasil para dar aulas em nos- antecedeu. Todos nós di ABPMC - associados, diretores - tenios gue SOS cursos de Psicologia c pal> tcrp:lrCrn de Congressos por nóS organi- agradecere aplauclir o trahaiho porelas realizaclo, scm dc>srir 1e :15501:1 zados. ['odos levararn as melliores ntprossôes de nossa organizacIto, Ian ts sucesso tccnieo-eieniilteo a tie I >rrtt>/acIo d s Ins I ric011Oos cia nossa proclçao c do prcpsnir conc>nrial e experimental do flOSSO realizados em Londrina. rrrtpo. Podcriains icnslrtrr. slern dr Ptof. Keller, OS professores Gil Em segundo lugar. 1> to o ties clerIc a rca lizacs> cn) u nOr ti 1 slrcrman, C. I ersterj rick \ Ire1> ac . ( arc. \ Is rdn, C. Catania, R. Mallot, nosso XIII Encontro anual corn o liCoi>tieso I crenr:rerortai da ABA. kohlctuhere. E. Rihos, I. l\lorric. \rirrandt \lachado, Peter Harzem, Arnpliamos nossos horizorites, act.rrcs d> leO nlreitnnor ircial, por K S,rl/lrlcZcr erlrrc ociricor. (c -1LhLllClltc, crnearam no ambiente parte da major AssociaeIto munclial da .\naitso do Coni1n rti:flelilO. do comportamenral arnericant ruclo cjue oIsserstrain e coiherarn aqui en- nosso papel na Itrea cornpot>tamerltal no BrasH e no exterior. A cseo]ha tre rtds. do n o s s o pals nIto lot aleaiónia, oem por razdes tic C nveni ncr. 1.Ida Ainda mars. .1 expimsIto ia AnItlise fr Comportamento pelo teve onigern no conhccinictrc, da nossa Itistorca 0 itt ;r ;\n>iTiso do (oio- Bosil lInt )duziu urn r.nctp0 tie prrkcssorcS to 1 , osc1uisadores de inecpaIvo- portarnento, desde a pniinc ca vinda do Prdf. Fiecl S. Koiler so Biasil no ci eoiupetcnc>a -- riotneIt- los produzrtia urns lists corn mais de cern in.lcio da dCcada de 60 e dos frcrto que sets eneontro nc a Dra. Carolina nornes cjiC it> lrcerreiarai>t Inconlaveis c -- ttciantcs. 0 nfimero de Boo e Prof Rodolfo Azir pi odu in 0 P's I (r a u 1 ru c.,t irnaclo dc u oic cc r(, PC It n c' L C tod tin'. ti \ n'ihse Comportarnenril Ensino) ganhou definiçIto rio Brrtsil nrt tjniiersidsde tie Brasilia, corn no Br:isil so ntcru so contingente dos Estados Unidos e, corn resultado das contnibuiçOes cItretaS dessCs dtd>> extraoidtnrrios cdtcca- certeza, o no :rcpo nada deixa a deseja:5 It> cjualiclade de producIto. ciores C psieologos brasileirs, tato solici;rttscrttc reonhuckio pelo Pizi Aparicipsefo Ir.rsilc:ira rirs sucessivoS (f rcressos anuais da ABA Keller em scus escritos. :rmerrcan;t traoptsscu despereehida. (is ii> reiros passos concretos A irnportItncia do Br:ocl. pars it ,\rtcilise do (onrpornrrlrcnis (ci c pars trazer a ABA intcrrnsc;orual pars oBras:l torans clados exatamente connnuidade corn os brilh;m rc a dc ccmpc.nh s do [tin ctrn t ni s i'c nt is itt o, eneon tsos jolt rim tic itos intcrs l'os ct( C ongressos americ'inos que foram SOS Estados UnicloS obttroutu10 tIe cloutQcs no>> r°- ernie tossosreprcseisr:-imes ca citteda oigart:zrrçItode eventos da ABA. des centros arnenicanos oc p< m jw a c \n iliac ( otilforMi n nit! ( )tlCi 510 fl0cs() tJicOtltt 1 flteifl0 10 isi foi nsequ u encia de rns par Nossos estudantes de '. 'i ado rç to ttnprc sstotl irani o ,t ndc s ipseso c eunwbutc_ cIa socK dna liC Ic a irportamental e dos corn mcstres americanos pela c p cicl icL. dc trabidho i pioclutu ii tck. (1151552 port.unetttos c.nottdos por urn rcpic.scilt a grupo de anahstas de e dedicaçIto a pcsqwsa otncu4c 4 dl.s utpa lrnostr t tcledi..,na do,..'- ' ! . Clunpultaltac riCo hi isikiros N tc tol ciderCili ti foi conqwsta Espera potenci'tl hrasileuo Querci 1)10 sc ur i ts m u t t pl ice poonre is tic mo. C atitrtmtr 001'. 1 (Icr tct i 10 opac to no eesenolvimento da Am pionciros como Maria Atic Iii M lbs mint> t tfll id & 01 cflt rdors e ltsc, tic C omperrt enento c lb etn.to acjcti U>> C 'irnpmas Pars tol con rnadninha da > I BPMC > dc ii Itt i tin"l tic I )0Y j Jo o C Iudtt tamr)'. (>115 106 lodorov (de voltaern 19'nH . l)r t I s \on>uiJ tie volts 0 de 1969), trio que compôs a pnitneira cmda de brasileiros? ()utros se Hilio José Gui//,ardi seguirani a des, entre OS quais Deisy das Graças de Souza e Julio de - Presidente ABPMC / 2004-2005 Veja Ncsta Ediçio Editonial.................................................................................................. I SD para rcfletir ..................................................................................... 4 lii t'J( 5> (r to i sent Obna de Skinner Vai tCiu do Positivisrno I.ngico ........................ Carts da 1)iretoria do I3iCluio 2002 2003 iama OS Conseliteiros M - ti \'a I ii I, \l \t 5 Sobrc Marceio Beckert .......................................................................2 BrestBiogridiadieB.ESldx1Ter/B.ESlnnerOs1.'diJnlnsDjaS ................8 [lst A Mente cii IAiaerdladepanaS1Iner ................................................... .3 Unia Utopia l'ossivcl: "COltilas" rkc \Vaiden Two ..........................14 Jr a(: oOi ISiSRi 5 fir jr 'I ( 10 >11>>

Transcript of L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero...

Page 1: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

Boictini Inforrn.uivo (1.1 Associaçäo Rrasileir.L de Psicoterapia e Medicina Comportarnental - Ntmcro 29 - Maio/2004

L) / TOfUTI L corn dupla satisrcr ue lIi1O flats ours rz a \ICIIC. Ra:1a 1Ot (100.1(15 do So >o pr TU>1J (IC pos-doutorarnento, para

in p1 Irnelro lu>., ir c urn on. illur c uin confin it) (kr co mriwd tu It> (. ttt ahnins 1 mcc das c r,1COCS SCgUlnlus. >11 i inuitos OutrOs nornes cxcclentc trabaiho retilizad(Ipela Direronia Snrcrior, irderada peLt .\Iaria sos c]uais peco desculpas por n10 erni-tos arlui). Quern, corno aluno ou /ilah, que deu urn salto its or.intzseao icirninisu sires c lin>i>ccira dl eoIea de t.r:ibrIho. eve 0 Ti\ iIr;Io tie iumi,r contatos corn os nomcs Associação. Pode-se veriticar, em colt> rao snexo errviido SOS (.0I1S- ettacios, tern cjue CoI1C!u11' - corn jristic:i - ciue :1 capaciciade dclescle abaIhar, Iheiros, o ménito da chretonia cioc nas (intececicu, por ten dado forms pesc1irS21' c enSrnar :1 Auslise do C miporcarnento Co Behaviorismo no final so longo processo tie adec1uacaio da ABPf1C Its exigéncias de regu- Brasil Supera osOiVCiS flrsis otrsttedos tie c1nalidade quc se pode colocar larizaçIto Its infirneras lets quc nos regem. Que trahaiho incansItvcl c conlo ll)etI. \ ces eoneguei1r perisar eurno dCvern tcr se sentido os clogioso. Em Segundo lugar, a coirselente responsabilidacie de contençao profcssores Jo Mari:i .\nt1in. Ii cio (;lriudio etc.? Deem-me urn aluno tic gastos e 0 acesso a tontes de tinanerarnento corn sucesso jamais desses c revolucronarer aAnItlise cli> Coniportarnento... experimentado pelas cliretprias antenlores. 0 trahaiho da equipe de Corn o coriordos an( r ioiani crisis>> ninitas oportuniclades pars Londnina complements c ampha a sohdcz da nossa AssociaçIto, c'ue os niais tics racados expoen I CS arnCriCaflOS da vem sendo plantada p>lsso a passo I por cads urns cias Diretorras quc a AnItlise do Comportarneirro vnem ate o Brasil para dar aulas em nos- antecedeu. Todos nós di ABPMC - associados, diretores - tenios gue SOS cursos de Psicologia c pal> tcrp:lrCrn de Congressos por nóS organi- agradecere aplauclir o trahaiho porelas realizaclo, scm dc>srir 1e :15501:1 zados. ['odos levararn as melliores ntprossôes de nossa organizacIto, Ian ts sucesso tccnieo-eieniilteo a tie I >rrtt>/acIo d s Ins I ric011Oos cia nossa proclçao c do prcpsnir conc>nrial e experimental do flOSSO

realizados em Londrina. rrrtpo. Podcriains icnslrtrr. slern dr Ptof. Keller, OS professores Gil Em segundo lugar. 1> to o ties clerIc a rca lizacs> cn) u nOr ti 1 slrcrman, C. I ersterj rick \ Ire1> ac . ( arc. \ Is rdn, C. Catania, R. Mallot,

nosso XIII Encontro anual corn o liCoi>tieso I crenr:rerortai da ABA. kohlctuhere. E. Rihos, I. l\lorric. \rirrandt \lachado, Peter Harzem, Arnpliamos nossos horizorites, act.rrcs d> leO nlreitnnor ircial, por K S,rl/lrlcZcr erlrrc ociricor. (c-1LhLllClltc, crnearam no ambiente parte da major AssociaeIto munclial da .\naitso do Coni1n rti:flelilO. do comportamenral arnericant ruclo cjue oIsserstrain e coiherarn aqui en- nosso papel na Itrea cornpot>tamerltal no BrasH e no exterior. A cseo]ha tre rtds. do n o s s o pals nIto lot aleaiónia, oem por razdes tic C nveni ncr. 1.Ida Ainda mars. .1 expimsIto ia AnItlise fr Comportamento pelo teve onigern no conhccinictrc, da nossa Itistorca 0 itt ;r ;\n>iTiso do (oio- Bosil lInt )duziu urn r.nctp0 tie prrkcssorcS to 1,osc1uisadores de inecpaIvo- portarnento, desde a pniinc ca vinda do Prdf. Fiecl S. Koiler so Biasil no ci eoiupetcnc>a -- riotneIt- los produzrtia urns lists corn mais de cern in.lcio da dCcada de 60 e dos frcrto que sets eneontro nc a Dra. Carolina nornes cjiC it> lrcerreiarai>t Inconlaveis c -- ttciantcs. 0 nfimero de Boo e Prof Rodolfo Azir pi odu in 0 P's I (r a u 1 ru c.,t irnaclo dc u oic cc r(, PC It n c' L C tod tin'. ti \ n'ihse Comportarnenril Ensino) ganhou definiçIto rio Brrtsil nrt tjniiersidsde tie Brasilia, corn no Br:isil so ntcru so contingente dos Estados Unidos e, corn resultado das contnibuiçOes cItretaS dessCs dtd>> extraoidtnrrios cdtcca- certeza, o no :rcpo nada deixa a deseja:5 It> cjualiclade de producIto. ciores C psieologos brasileirs, tato solici;rttscrttc reonhuckio pelo Pizi Aparicipsefo Ir.rsilc:ira rirs sucessivoS (f rcressos anuais da ABA Keller em scus escritos. :rmerrcan;t traoptsscu despereehida. (is ii> reiros passos concretos

A irnportItncia do Br:ocl. pars it ,\rtcilise do (onrpornrrlrcnis (ci c pars trazer a ABA intcrrnsc;orual pars oBras:l torans clados exatamente connnuidade corn os brilh;m rc a dc ccmpc.nh s do [tin ctrn t ni si'c nt is itt o, eneon tsos jolt rim tic itos intcrs l'os ct( C ongressos americ'inos que foram SOS Estados UnicloS obttroutu10 tIe cloutQcs no>> r°- ernie tossosreprcseisr:-imes ca citteda oigart:zrrçItode eventos da ABA. des centros arnenicanos oc p< m jw a c \n iliac ( otilforMi n nit! ( )tlCi 510 fl0cs() tJicOtltt 1 flteifl0 10 isi foi nsequ u encia de rns par Nossos estudantes de '. 'i ado rç to ttnprc sstotl irani o ,t ndc s ipseso c eunwbutc_ cIa socK dna liC Ic a irportamental e dos corn mcstres americanos pela c p cicl icL. dc trabidhoi pioclutu ii tck. (1151552 port.unetttos c.nottdos por urn rcpic.scilt a grupo de anahstas de e dedicaçIto a pcsqwsa otncu4c 4 dl.s utpa lrnostr t tcledi..,na do,..'-'!. Clunpultaltac riCo hi isikiros N tc tol ciderCili ti foi conqwsta Espera potenci'tl hrasileuo Querci 1)10 sc ur i ts mu t t pl ice poonre is tic mo. C atitrtmtr 001'. 1 (Icr tct i 10 opac to no eesenolvimento da Am pionciros como Maria Atic Iii M lbs mint> t tfll id & 01 cflt rdors e ltsc, tic C omperrt enento c lb etn.to acjcti U>> C 'irnpmas Pars tol con rnadninha da >IBPMC > dc ii Itt i tin"l tic I )0Y j Jo o C Iudtt tamr)'. (>115 106 lodorov (de voltaern 19'nH . l)r t I s \on>uiJ tie volts 0

de 1969), trio que compôs a pnitneira cmda de brasileiros? ()utros se Hilio José Gui//,ardi seguirani a des, entre OS quais Deisy das Graças de Souza e Julio de - Presidente ABPMC / 2004-2005

Veja Ncsta Ediçio

Editonial.................................................................................................. I SD para rcfletir ..................................................................................... 4 lii t'J( 5> (r to i sent

Obna de Skinner Vai tCiu do Positivisrno I.ngico ........................ Carts da 1)iretoria do I3iCluio 2002 2003 iama OS Conseliteiros M -ti \'a I ii I, \l \t 5 Sobrc Marceio Beckert .......................................................................2 BrestBiogridiadieB.ESldx1Ter/B.ESlnnerOs1.'diJnlnsDjaS ................8

[lst

A Mente cii IAiaerdladepanaS1Iner ................................................... .3 Unia Utopia l'ossivcl: "COltilas" rkc \Vaiden Two ..........................14 Jr a(: oOi ISiSRi 5 fir jr 'I ( 10 >11>>

Page 2: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina

Comportamental

Fund ada em 1991 Presidcntc - He/to José Ciii /hardi P Sccretária - Patricia P/a on tie .VoiaaQueiro 2' Sec rctária - U/ian R Medeirn.c I 1sourcira - Marisa IsaholDos San/os tie !3.'i/o 2 lesoureira - la/jana Ljissan

Comisso Organizadora

A na Pan/a Bascjiieira Andicia (laud/a S. Matiano

Déhoni C. R. At//a Diana.4/virn P. Canatnnvs

Dinih C.a,ao//i Ternanda irtts.c Reiposo

11th/a,, Con/mba .Soa,rs (1 am) Karo/ina/imolim

I<a/ia Pcrrlz Ramos KñIua Sesn.'

Math.' Elolca B. S. Piaon Alatia eVtar/hct Hubm'r

LVIamiclo Tat/il None,, 6ampbe//eie Agiui.'rc

Priscila Sin/Bra/tie .Si/vana Nucci

Tbais tie Liiiia I3ere17-d

Ex- Presidentes

Bernard Range He/ia José c;za/ha.'di

Roberto Aloes Banaco Rachel Rodngues Kerhax1y

He/ia José C;za/hardi Macia Zi/ah Ia Si/va Brand/ia

Editoras ABPMC Contexto li/ian i\'iedeirns e 1atiana I .s,ssa,i

Revisores Diana C'asia,'a,ros e

Gi/berto Hazaila de Godoy

IB,\C-Gi-IAP/UNICEUB-1)F

Sobre a revista A rcvista continua aos cuidados da ecuipc da

ãltima cdiçao.

I

00 9/,V/i) 200 20:3

0.5' (]()i/.5f '/, lJ!:'/)() j

A ABPI1C reccbeu, cm feverciro 'tlttmo, uma carta cscnta pcla c3uipe da gcstao

anterior, dirigidi aus scus consclhciros, para COflllLfliCar o encerramento do scus tra-

balh)s frcntc ñ Associação C resurnir as com1uiStas c1U0 foram fruto (IC SCU ciripenhu.

Nntre tais concLustas, citar a regulartzação de toda tlocumcntacao da As-

sociacao, o scu rcconhccimcnio )unt() an CNP1 c C) cnccrramcnto dasatividades

COifl substancial superávit.

A lorma organzada c zelosa (IC tral)alhat, a busca cmpcnhada por IIOVOS SOcU)S

contrihuintes, os cuidados tomados para a1uisição (Ic scrvicos e matcriais, a busca

por patrocinios, Os competentes prdissionais ciuc estiveram 3 Ironic (las atividadcs

do F,ncontro C 0 trahaiho voluniario do pesoas empcnhadas no SUCCSSO do evento

garantiram c1uc as atividades fossem encerradas tic maneira vitoriosa.

A nova chretona da ABPMC agradccc a dccicaçiio em tornar a nossa Associação

urna entidade cada yea mais forte e rnais reconhecida nacionalinente C espera clar

contiriLudade an cacelcute trahaiho c'ue veil) sciido reahzado an longo dos ultimos anoS.

Da cdiçs7o

.5'() 1'L' i':' ii1/1 i (] L'l, () ']

Corno analistas do comportamento somos lcvados a reconhccer tue as

relacOes hunianas sao proccSSos de trocas, onde nos heneficiamos dos rcforçadores

disponibilzados por outros c aprcnclernos a nonicar COITIO amizade trocas signi flea-

tivas na vida.

Assin, an nos relacionarmos corn outros vamos scntindo e espalhando SCflti-

inentOS espeClais c a1uinas pessoas são habilidosas em dcixar marcas protundas na

nossa cxiSténcia. v1arcclo FrnIlio Beckert fci uma destas pessoas arnigas cuja vida foi marcacla

pcia dcdicação, deterrninação, coragem, espontaneidacic, autenucidade C COiflI)FOifliSSO.

Como professor, amigo, pai, filbo, csposo, Psicólogo c gcnte dcspertou a]egria,

scnsilnhzou pessoas, altcrou vidas...viveu intensarncntc.

Nos dcixou cm 23/01/2004 vItima dc urna enfermidade fatal. Sua presenca

SCflICOU ensinarnentos '.ue van fiorcsccr pe1c caminho.

flnalizo corn urn trccho de uma carta deixada por dc para alguns amigos c

farniliares, dias antes do sua pirtida:

"Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista

conflantc c seguro no volante. An mesmo tcmpo fortalece urna noção diamctraimcntc

oposta. 0 milagrc clue tanto esperamos 1)cic cstã muitas vczes an nosso alcance: não

csperc por Ele, faça-o! Nôs somos deuscs nesses termos, (Ic acreclitar ciuc a açao

cUC excrcemos (aciucla qLIC cst/t em nussc repertorlo de possihihdadcs) 6 o ingrediente

1ue, lUntando Coin outmos, servirá do argamassa C coluna da flossa conslruçao....

isirc nosso site: wwmabprnc.orgbr

Page 3: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

3

A MENTE E A LI8ERDADE PARA SKINNER /111/0 (;'5tlr Coeluio de Rose

Skinner, a principal psicOlogo da corrcnte behaviorista, é C costurna trazcr graves suhproclutos psicologicos. Corn base urn cientista pouco lido e raramente cornpreenciiclo. Suas idéias nisto, ele desaconselha enfaticamenic a use de punicoes na San muito coniplcxas C Cnfatizam a necessidiide de explicar cciucacao ou em qualc1ucr outro campo das atividades lit imanas. qua1ucr comportamento, por mais simples ciuc parcca, corno Skinner mOstrou, por exempla, Coma os efeitos (10 rc- resultado da combinacao de muitas causas. Os metoclos da forço silo drasticarncntc rnodihcados pelo contcxto e pelo :\niuiise do Coniportamento foram propostos por Skinner para "tcmpo" dc apresentacão cia rcforço, uu, mais precisamcntc, destrinçar estas mctit.ipias causas e mostrar corno elas se corn- pelo csqucrna (IC retorço. A aniulise de cases concretes, scm binam para determinar a conduta. Skinner cscrcvcu urn livro, considerar estas C outras cornplcxidades da histOria individual, "Sabre a Behaviorismo", procurando mostrar que sao faisas podc rcsultar apenas em gcncralizacôcs simplistas. as afirmaçOes mais clifunclicias a respeito do SCU pcflSarnento, Vamos no,-, rcfcrir a urn tipo concrete de comportamento, COfll() por exemplo as seguintes: a fala, para dar urna idCja da complcxidade da aniilise e tam-

ele ignora a consciência c as estados mentais; bern para introciuzir urn dos pontos mais controvcrtidos das formula o comportamento simpicsrncntc como urn tcorias de Skinner. Aplicando as noçOcs de reforco C puticao,

conjunto de respostas a estIrnuios, representando assim a pes- poderiarnos imaginar, por exemplo, que urn indivtc]uo di1e fala soa como urn automata, robô, boneco ou máquina; muito pode ter tido a seu comportamento ) de falar hastante

näo dii lugar para intençio ou propOsito. rcforçado no passado; por outro lado, urn indivIduo que fala () maior e mais persistence dcstcs crros é considerar que pouce e mostra-se constantcmcnte reservacio, taciturno e

Skinner é urn dos tcóncos que representarn a conduta coma introvertido, pode ter sido pouco rcforçado c/au cirna succssão de estImubos C respostas. Dc fato, etc foi a freqiientcrnentc punido por seu cornportamcnto de falar. Os primeiro psicobogo experimental a dcmonstrar que, nicsmo niétodos de aniihse desenvolvidos por Skinner mostram que nos anirnais, a major - rararnentcascoisasocor- parte dos comporta- rem de mode tb sirn-

- . Corno o individno pode obter consciencia do sen mentos nao e urna pies e linear. Par cxcrn- reaçiio a estimubos do Inui2doprivado, e tainbém do sen comportamento e das

1O, rcforços ou p1lntc6es ambiente. Skinner deu o condiçöcs que o dererininam? Skinner sustenta que para especIficas podem fazcr name de "operantcs" a isso é necessáxia a mediaçio da comunidade, que estabe- corn quc a individuo fale cstcs comportamentos, iecc as conringências de reforço para os comporrarnentos mais na prcscnca dc chamando a atenciio para de auro-observacâo e aurodescriç'o. deterrninadas pessoas C

o fato de que des opt- - menos na presenca de ram sobre 0 rneio. Esta outras; etc pode falar rcjciciio da teoria de esthriulo e resposta cstii clara na frase que mais sobre certos assuntos e menos sobre outros. Alérn dos abre 0 seu livro "Comportarnento Verbal": "Os hornens agem reforços c punicoes de sua histOria passada, a fala (10 indivI- sabre a mundo, modificam-no e, por sua VCZ, são modifi- duo pode ser afetacla pelas suas cnloçOcs, motivaçoes, faciga cados pelas conseqüncias de sua açiio". Aqui fica deineada ou efeito de certas cirogas etc. Para urna analise mais acurada, uma rclaciio de importincia fundamental para a estudo do rcfcrir-sc simplesmente ito comportaniento de falar C muito comportamento: a rclacão entre a comportamento e as efcitos genérica: é preciso distinguir os ciiferentes aspectos cia fala de que este comportamento produz sobre o ambiente. Esta rela- urna pessoa, onde podern ser encontrados viirios tipos de corn- ço cstahelece os efeitos ou conscqüências do comportamento portamentos operantes. liii Os comportamentos de fazer pe- presente como parte das causas do comportamento futuro. didos, dar ordens, fazer perguntas, descrever diferentes tipos de Portanto, a vida do indivIduo envoive uma história de relaçöes coisas, açöes ou situaçoes etc. E cada urn destcs tipos de corn- do seu comportamento corn a ambiente; para cntcncler 0 pOrtamento pode ocorrer nas mais variados contextos, sendo comportamento é neccssiirio retroagir ii história do indivIduo, diferencialmente afetado por rek)rcos c punlcoes, alérn dos de- as relacOes entre comportamento c consequencias ocorridas mais fatores jib mencionados, coma emocOcs, rnotivacôes etc. 110 SCU passado. 0 comportarnento é resultado da história Utilizarnos a exempbo cia fala, para mencionar a grande individual, combinada cam a heranca genética. polémica a rcspcito da aplicacao das icieias de Skinner ii lingua-

Toda a teoria de Skinner estii baseada na noçiio de que a gem. Viirios lingilistas tern argumencado que as processos de comportamento de urn indjviduo é afetado pelas conscqüCncias condicionarnento operante não podern explicar a estrurura da que comportamentos sirnilares tiveram no passado. Skinner linguagcm humana, c ncm a capacidacle que urn ser humano distngue dais tipos de conseqüCncias do comportamento. Os tern de falar e emender frases que nunca tenha falado ou ouvi- rcforços fazem corn que comportamentos sirnilarcs ocorram do antes. Os psicobogos influcnciaclos por Skinner consideram, corn mais frecgiCncia no futuro (este processo é denominado no entanto, que também na questiio da linguagern, coma em condicionamento operante). Jii as punicöes pocicm fazer corn muitos outros- dominjos do comportamento hurnano, ha que comportamentos sirnilares dirninuarn no futuro. evidCncias cientificas suhcicntcs de que a comportamento

Porcm, Skinner sempre charnou a atençiio para a fato de presente de urn indivIduo é afetado pelas conseqiiCncias de seu que a reduçiio de comportamentos através de punicOcs 6 ineficaz comportamento passado.

Page 4: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

Skinner observou c1uc a iinguagcrn pode cxcrcer urn

controle direto sobre a ação, modificando OS efeitos do

condicionarnento operante. Ele distingue entre o comportarncnt() moldado pelas contingéncias (a conduta, quc é efeito direto e muitas vezes inconsciente dos rcforços e

punicöes do passado) e 0 comportamento governado por

regras. As regras p0(1cm ser, na verdade, fOrmulas, instruçöes, conseihos, ordcns, maximaS etc. Urna pessoa pode reccl)cr

instrucöcs OU regras formuladas por outros, aSSiI1 cotno ela

pode, observando seu prOprio cornportamcnto C 0 rnundo

ao seu rcdor, formular regras para si mcsrna C através ciclas

dirigir seu comportarnento. As regras podem suplantar o cfcito

d.ireto (10 condicionamcnto operante, mas ainda al cahe ii AnIIisc

do Comportarnento identificar o c1uc faz corn quc urn indivIduo esteja mais ou menos inclinado a seguir rcgras ou instruçöes.

Skinner introduziu a nociio dc cornportamcnto governado

por regras em seu livro "Contingências dc Rcforço", utijizan-

do-a para analisar os processos dc pcnsamcflto c soiuçao dc

problemas. 1rn outra ocasio dc reahrmou qtle a Anaiisc do

Comportamenro "... na() rejeita qua1cucr ciestcs processos

mentais superiores; ela tomou a lidcranca na investigacao das contingéncias sob as c1uais des ocorrern. () que cia rcjeita é a suposicao de quc atividades comparáveis tern lugar em urn

rnundo rnistcrloso da mcntc" ("Sobre o Bchaviorisrno"). Em lugar dcstc mundo misterios() da rnentc, Skinner fala,

em "Sobre o Behaviorismo", do "munclo por debaixo da

pcic". Ele refcrc-sc a parte do amhicnte ciue cstá dentro do

corpo dc cada inciivIduo: a pessoa fala para si mesma c execu-

ta outros movimentos de seus müsculos em escala 6-io reduzi-

cia quc no podern ser perccbidos por urn observacior exter-

no. Ela sentc dores e as condiçOes de tensao C relaxamento dc

seus rnásculos etc. So a prOpria pessoa pode observar ou scn tir o cjue se passa no seu mundo privado. Skinner susrenta quc

rar cstCs processos sO porquc des a Psicologia nao pode igno mu) podern ser publicarncntc observados.

Conio o individuo pode obtcr consciencia do scu rnundo

privado, C tambérn do seu cornporiaincnto e das condiçocs

que o determinarn? Skinner sustcnta clue para iSSo é ncccssária

a rnediaçao da cornunidacle, c1uc cstabciccc as contingCncias de

reforço para os comportamCntoS de auto-observaçao e

autodcscricao. Corno a Aniblise do Comportainento possil)ilita

urn cOflbdCifllcnt() das contingcncias de reforço mais eficazes,

Skinner afirma que cia pode ajudiat na construção dc urna

autoconsciencia: "IJma clCncia do comportamento nao igno-

ra, como Sc cliz frec16cntcincntc, a consciencia. PcIo contribrio,

cia vai muito aiCrn das psicologias mentalistas ao anaUsar o cornportarndnt() autodescritivo. Ela tern sugcrido maneiras mc-lhorcs para enSinar o autoconhccirnento e tarnbérn o autocomrolc, c1uc ciependc do ilUtOCOflhCCilTICnt() ("Contin-

gCncias do Reforço"). Subjacenrc a teoria behaviorista esta a iciCia de quc tocio o

comportarncnt() liurnano é determinado, sendo, portanto,

controlado por causas especIficas. Ao afirmar as irnphcacoes desta causaiidade, Skinner é visto corno urn defensor cio controic do cornportamcnto e urn initmgo da Iiberdadc hu-mana. Suas idCias podern, no cntanto, scr vistas de urna manei-ra mais positiva: o homcm nib pcic niudar a natureza c não

pode impedir C1UC 0 arnbientc cxcrça algurn tlp() dc controic

sobre scu comportamento. Se etc recusar-se a conhecer os proccssos quc controlarn seu corn por tamento, scrã sempre urna

resa inconsciente cias "agCncias coniroladoras". Conhcccnclo

os deterrninantcs do comportarnento, 0 horncrn estaria mais

capacitado a assurnir o controie do proprio desnno.

Irilio César Cociho dc Rose é Professor e atua na Uruivcrsidade Federal dc São Carios

S, AAM R"MUM) ... E adcquado colocar este simpOsio e a Ici de Thorndikc no contexto de urna discussibo sobrc a cvotuçao por seleçibo, porque a posicao

dde fob darwiniana desde o inicio. A frasc a scguir é do The Fluiuiiin Na/tire Club, de Thorndikc, escrito pouco tempo depois da publicação de sua monografia: "0 método de aprendizagern pela scicção de sucessos dentre muitos atos é o mais fundamcntai método dc aprendi zagem" (Thorndikc, 1901, p.38).Já naquela Cpoca, Thorndikc sc referia a seleção pelas conscqucncias e nâo a scicçibo peio organisino (ao falar de scicçiio, C de crucial irnportncia especificar o quc C selecionado c o clue produz a selecao).

o azimento ,gradual em sticesso sigafica xii,, fortaleciuienio gradual 5e urn cou/unto de conexôes uuervosas i 11111 exifraquecirnento

gradual de cairns. Es/i me/ado Se apreadia,getii pot/c ser thamado Sc cue/ado de cumin e erro, cu de ensaic e sucesso. ... .-1 c,uisa de

talfor/alecirnento e eufraquiecimento C a pro er resal/ante em tern caso e a descon[orx'o cci outros. (/901, pp. 38-39)

Na vcrsibo posterior de sua monografia, em forma de Iivro, Thorndike Sc rcfcriu prOpria aprendizagem como urn produro dc se1eço:

/1 mais im'por/anfe de todas as capacidades O/7/,/flaiS C a capauclade tie tipremier. Couio cairns hab,/idae/es, t'/a O0/iutU 0 g/7iJXi flflh/u/.i/

demons/rn urn desenu'olvlrnento de animals cu/c sis/ima collect/va .rc/re pc/ira a,, neuh,rn;a inadi/ice,ño perma/uenhepara nnirnais cu/as

conexCes the, em grande pane, cniadaspor uso e desuso, satc/aclo e elescoufurlo. (1911, 1).278.)

"... Neste contexto, pode ser interessante notar quc 0 papel da seieçao por conscdpicflcias recebeu urn tratamCnto expiicito apcnas nurn momcnto rclarivarnente tard.io do trabatho dc Skinner, aproxirnaclamcnte rncio século dcpois dc Thornclikc ter virtualmente iniciado sua carrcira discutindo a aprendizagem em terrnos de seleçibo (Catania, 1995; Skinner, 1953)."

(Texto extraldo de Catania, A.C. (999). Thorndike's Legacy: learning. Selection, and the Law of l'i1cct. /munalof the La7'erniieeiial

Analytic u] llehaithr, 72, 425-428. Traduzido por Noreen Campb(ll de Aeturre para pubhcaco rieste 13rderirn)

Page 5: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

OBRA DE SKINNER VA! ALEM DO POSIT! VI SM 0 lOG/CO .\ lana /l,ni/ia \ Iatü.c

Ao Sc cstudar a obra ck B.F Skinner é neccss:irio antes de mais nada distinguir cntrc () behaviorista radical c o analista (IC

comportamento. () primeiro tern urna postura tilosófica diante do rnundo, da cincia C do conhccitncnto que reflete muito a influéncia da obra dc \Xittgcnstein c sua teoria gcral da lingua- gem. Tern-se dito ciue Skinner i un) positivista logico; na verciade, exceto por urn pCcjucno interesse pelo operacona1isrnc) no iniclo (IC Sul carreira e pela sua constante prcocupacao corn a verificabitidade, a cpisrcmolotia skinneriana é marcadamente clifcrcntc dac1uela dos positivistas Iógicos. Sen

antiforrnalisrno, suas posicôcs diante do problema de construçSo de teoria, sua I)Sturi1 inabalavclnlcnte empirico-dcscrit.iva rcvclarn. antcs, a influcncia do lisico 1. Mach .Mcsrno enc1uant() behaviorista, sua posicao C mat compreendida. L Ufll behaviorista na fl)edida cm qUe propoc quc C) Ol)CtO de estudo da psicologia deva ser o.conlportanlcnto; e é urn radical na medida em que ncga ao pSiCluiSmo a funç5o_dc causa do comportarnento, crnhora nan negue a possibilidacle dc, atravcs dc im estudo da linguageil) do sujeito, estudar scus estados iriterfios, Como SCU pensamento C Senrimentos.

Skinner, cnc1uanto urn anahsta do comportarnento, propoc urn programa de pcsc1uisa para ue a psicologia possa desvenclar sen objeto de estudo. F. COfil eSSe programa iu tral)alhanl seus seguidorcs, muitos dos quais clesconi-iccern sua filosolia. A prirneira propos- ta clara para essc prograrna sO surgiu em 1938 corn a obra "The Behavior of Organisms: An Experimental Analysis", en-

quanto sua filosofia, c1ue jã vi- nba sendo posta em prStica des- de 1931, so encontra igual explicitacão em 1945, em SCU artigo "The Operacional Analysis of Psychological Terms" (que, ali-ás, exprcssa uma postura anti-operacionalista). Postcriorrncntc, essa explicitacão Ioi traduzicla (para enorrne escãndalo dos prO-

prios behavioristas) em "Science and I lurnan Behavior" e, Ii-nalmente, entenclida em 1974 corn "About Behaviorism".

Skinner ye a psicologia cornc) urna ciencia biolOgica

(embora seja avesso ao reducionismo fisiológico) que estuda o comportamento dos organismos dentro de coordenadas

espaco-temporais, e na sua intcraçSo corn o ambiente. Na verdade, propöe o estudo da interacao comportamento-arn-biente, posto que sua unidacle de análise é a rclacao resposta-consequencia (c nao a resposta isolada), cujos ternlos são classes

funcionais e não cntidadcs estruturais. Ao contrario do c1ue niultos julgamn, nao C uma psicologia voltada nem para 0 :1111-

hiente 11Cm para 0 organisrno, C sim para C) estudo das contin-gCncias que contatam os (lois, e, para os efeitos desse contato sobre o modo de agir e proceder dos organismos. Para Skinner, o comportamento tern lugar no mundo fIsico e social fora (10 organisrno (ou melbor, sornentc aquelas intcracôcs, que por al terem lugar, Se constituem em eventos observáveis são legitimarncnte objetos dc scu cstu(io). Quando urna pcssoa

descrevc seus pensamentos, senurncntos ou suposiçOes, tudo isso é cornportarncnto. Entencicros pensamentos e scnun-ientos

(IC urna pcssoa C conhcccr as conchçoes Cm que cia exprcssa CSSCS SefltitflcfltoS C pensamentos t)em comoas relacOes funci-onais entre essas condiçocs e ac1ue1as exprcssOcs.

Skinner nao rejeita que possarn ocorrer fenOmenos em outras esferas C nIveis nos organismos (ao contrarlo (10 clue afirmarn alguns criticos), mas (lefende que, Sc C)

comportamento vai de fato cxplicar on ser cxplicado por tais

fenOnienos, cntao, os rnCto(loS de coleta c de interpreracao desses clados devenl estar no mesmo nivel dos principios bãsicos das ciCncias naturats, que é 0 nIvcl do comportamento. Como já dissenlos, Skinner nao nega a existCncia de estados itlternos, C 0 fato (IC que esscs eventos Se situern dentro dos organismos e nao possatn ser observacios senSo pelo prOprio SU}eito nao) poe em disCussac) sua cxistcncia. A objetividade on concordancia de observadores externos nSo C criterto (Ic realidade, nem critério para cscolha (IC objeto de estudo. A restricSo existente diz respeito ao acesso (para o qual hastaria urn tinico observaclor), diz respcito a relação sujeito-fenorneno X observador-fenorneno. Nesse sentido, o behaviorista tino discute SC 0 rclato (num estudo de relatos verbais sobrc estados iflternos, por exemplo) é on nSo real; dc é I 0 behaviorista cliscute por cuc 0 sujcito sclecionou falar sobrc esse evcnto C

nao sobrc outros. Essa escolba C observSvel e pode se consti- tuir legitirnamente ern seu objeto de esnido (alias, c sobre essas Cs-

colhas e seus determinantes que incide grande Parte dii açiIo tera-pCutica). Por outro lado, estados subjetivos nan tern status causal no behaviorismo radical.

A palavra rcforçarnento, fortemente identificada corn essa

proposta, refere-se, de fato, a urn tipo de contingência coniportamento-ambiente inuito importante: "0 comporta-mento é afetado pclas suas conseqüCncias". Tao importante, que foi meuficadla, tanto por behavioristas comno por criticos apressaclos, C virou "explicação" e/ou "causa" do comportamento, virou ate mesmo utna "teoria". 0 behaviorismo radical "explica" 0 comportamento - Sc C qLie essa palavra deve ser usada - especificando as condiçocs nas quais 0 comportamento ocorre. 0 reforçamento seria un-ia das forrnas de selecionar comportamentos (isto é, de altcrar a forca, a variedade e a variabilidacle dos comportarnentos). Essa

"rnodiflcal)ili(lade" e "variabilizacão" do comportamento seriam, elas proprias, produtos de urna selecSo, dada a adapta-biliciadie dessas caractcrIsticas c sen valor de sobrevivCncia. E aqui quc SC revelam as influCncias de Datwin c Spencer sobre Skinner, e o cunho decididamente biolOgico que imprirnc a palavra "comportarnento".

A expressâo "scleção pelas conscquCncias" e mais do que isso, cIa de fato resume o rnodelo proposto por B.F. Skinner Para o estudo do comportamento. Para dc, não so as caracte-

rIsticas anatômicas e fisiológicas, mas tambCm as comportarnentais, passam por sucessivos crivos de uma seleção

baseacla nos contatos dos organismos vivos corn seu ambien-tc. 1'odo scm vivo evolui e transfomma-se continuamcnte (razão

Enrender os pensatnentos e sentimentos de urna pessoa é conhecer as condiçôes em que eta cxprcssa esses sentirnenros e pensa-mentos bern como as re4ip5es, funcionais en-tre essas condiçöcs e aquelas expressJes.

Page 6: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

prc1(1e. ccria vez, indagaclo, (hSSe "estudo 0 inovirneflto

(k)S OVgaOiSIT1OS ). Mals linportante, tais transformaçöcs Sao

clirecionaclas pclas consccluencias c1uc tais contatos produzem.

Por torca desse-,, contatos 0 orgaruSmo muda C) arnbicntc cm

c1uc vive e é, por sua \cz, moditicado pelas rnudanças que

produziu. Para Skinner, () comportamento (c fazer ciéncia

urn comportamento) estI scmprc em construçao e

rccOflStruçao (donde a ênfasc em estudos na area de aprcndi-

zagein), sob a inIiu&ncia de contingèncias filogcnéticas (atuan-

do no nIvcl das cspecics), dc conungencias ontogeneticas (ml-

ando no nivcl dos repertorios comportamentais inclividuais),

de conting&ncias culturais (aruando no nivel das pr'aticas grupais).

;\ vidi, cictinida comb uii'ia moiccula (1UC Sc reproduz e

que, ao Sc rcproduzir é modificada, isto é, é selecionada cm

suas caracteriSticas pelo rneio (ou imis propriamente, pelas

rnudancas que é capaz de procluzir no melo), representa 0

primeiro exemplo de transformaçao ou selccao pelas

conscqcncias. Na fi]oenesc, a modihcacao ocorrc na reserva

genéuca da cspécie c assini é transrnitida pelos inclividuos c1Uc,

consequentcmerItc, sobrevivcm. l-.in nIvel comportamental,

esses inclivIduos tornam-sc sensIvcis a difcrcntcs tipoS C/OU

nivcis (Ic esnmulaçao, apresentam posturas rIpicas, seqüéncias

reflexas etc. 0 segundo cxcmplo de seleçao pela conseqiléncia

ocorrc na onrogcnesc. He é nicihor cntcndido Sc opusermos

dois tipos dc comportamcnto. () compertamcnto reflcxo,

coiitrolado por mccanisrnos descritos por Pavlov e

desencadcado por rnudanças amhicntais, e 0 comportarnento

operante, controlado por mecanisinos que Skinner e scus

seguidorcs csruclam e quc nao é desencadeado por muclanças

amnbientais, pelo contrario, é afetado pelas mudanças que opera

sobrc 0 ambiente. Dito tic outro modo, 0 coiTiportafllCntO

operante repcte-sc c, a cacl'a repeticio, é modificado - cnquanto

classe -, pelas conseqLiéncias que sua ocorrcncia produz no

ambiente. Na evoluçao cultural, terceiro nIvel da seleç5o por

coflseq6Cflciaç0 no modelo skinneriano, a inoclificaçao ocor-

rc naqueles dois ptrneiros nIveis, porem via planejamento de

grupo. 0 grupo adota c implernenta comportamcntos exibidos

por determinados in(livIduoS (comportamentos esses que se

reve]aram i.itcis na solucao de problemas) e dissemina esses

comportamentos entre Os dcmais indivIduos, garan tinclo assim

a sobrevivéncia do grupo. Para Skinner, as práticas culturais

rcprescntam casos especiais de apiicacao do conceito de

comportarncnto operante, quando diz: "é o cfcito sobre o

grupo, não as conseqüências reforcadoras para membros inch-

viduals, que é rcsponsãvel pela evOlUça() da cultura".

0 teste desse modcio, sucintamente descrito aqui, 6 0

progratna de trabaiho do analista do comportarnento. He o

realiza a partir de uma unidadc que, no memento, é ciescrita

com possuindo trés termos: o comportamento e seit contexto

ambicntat antccedente e consequentc. Tal programa tern proclu-

zido dcscricoes quanutativaS que analisarn a interdependencia

cntre o cofljuflt() dc variaveis do organismo e 0 conjunto de

variávcis do ambiente. A análise experimental do comporta-

memo já demonstrou ejuc essas relaçñes nao precisam ser irne-

diatas, que podein ser cxpressaS em termos relativos, c que,

provavelmcnte, incluem muito mais quc trés tcrmnos.

A aborclagem (10 analista comportarnental ao seu objeto

(Ic estudo implica em uma sotisucada metodologia de sujeito

aitico, isto 6, do suejto come seu próprio controle (clescrita

cm 1865 por Claude I3crnarcl e extrapolada, ent 1960, por

Murray Sidman, para o estudo do comportatncnto dos

organismos). Seus procedimcntos lahoratonais envolvem técnicas

elaboradas, comno inoclelagern (IC resposta e de estitnulo,

csvanecintcnto, eScureCimCflto, csquemas, encacicamncnto etc. Sua

linguageni inclui uma série de conceitos descritivos, como

reforçamento — e suas variantes: prirnário, secundário, poSitivO

e negativo —, puntcao, controie dc estIrnUk)S, classes de respos-

tas, equivaléncia, operantes, lei da igualacSo etc. Essa mctodoiogia,

cssas lccnicas e esses conccitos explicitam o comportamento

em suas reiaçOes corn o anibiente, (IC urna forma tao evidente,

regular c sistemática, que fazeni por prescinClir da cstatIstica,

como medida do resultado, e do acordo cntrc ohservadorcs,

comc) en tcrio de verdade.

Existern hoje mnais dc 40 periódicos cientificos que

publicam cxciusiva ou predonunantemente trahaihos de

pesquisa (teórica ou cnipIrica, basica ou aplicada) dc cunho

comportamcntal, edita(Ios nos EUA, Mexico, Peru, Brasil,

J apao, Franca, Canada e Bélgica. Ate 1984, haviam siclo

indexados mais dc urn miihar de tirulos, so nos EtJA, dc obras

relativas ao behaviorismo radical dc Skinner. Seus seguiclores

cliscutcm pesquisas C idCjas em sociedadcs cientificas espaihadas

nos EUA, Canada, Mexico, Tnianda, Belgica, Alemanha, Itália,

Uruguai,Jap5o, Brasil, ColOmbia, Venezuela, Equador, Panama,

BolIvia, Chile, Guatemala, Nicaragua, Porto Rico. liolanda,

Ingiaterra, Pals de Gales, Franca, Portugal, Espanha, Suécia,

Israel, Nova Zclândia, Australia c Sulça.

0 esforco (IC toda uma vida de trahaiho pelo professor

Skinner e a cxpansSo e continuidade desse trabaiho por seus

alunos representam urna contribuicao no scnt.ido de tornar o

estudo do comportamento objeto de investigacão cientIfica e

não inero quebra-cabcças metafisico, evitando cair quer no

mecanicismo rcflexológico quer no intenciona]ismo voluntarista.

MARiA AMELIA M,VT()S e Ph.D. pda Columbia University, professora (IC

psicologia experimental da USP e coautora dc "Ensinando Observac5o".

MOMENAGEUR A $3. 2NI9E Não percam a oportunidade de ter acesso a urn momento emocionante que traduz a histOria de urn hornern dedicado a busca da cornpreensao das contingéncias que ditarn o ritrno daquilo que ele mais valorizava: a vida humana.

Cerca de uma semana antes de morrer, no dia 10 de agosto de 1990, B. F. Skinner recebeu, da American PsychologicalAssociation, uma homenagem pela vida de eminente contribuicao a Psicologia (APA Citation for Outstanding Lifetime Con tribution to Psychology').

Para celebrar o centenário de nascimento de Skinner e seu intenso e significativo trabaiho em prol do desenvol-vimento e aperfeicoarnento da Análise do Comportamento, a ABPMC, corn orguiho, buscou autorizacão da APA e preparou cOpias em DVD, corn legendas em portugues, da "Palestra de Abertura da 98" Convencao Anual da APA", apresentada palo prOprio Skinner. Tat material poderá ser adquirido durante 0 XIII Encontro da ABPMC.

lnformacäes e Reservas: inforrnac6estra0iaPo[cQnJD9flCiaS.COm. br ou abpmc(abpmc.ora.br

Page 7: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

XIII iiiOi]i;W bILiI:U) ! ;)J) iIJllli

:.iiJ;)O;?7)1JiJfiij !

/ / J)/ ] Oi/ i () ./)/• jJ1)/,) ]/()jV11/,

,1i)1 4h'O)/d1 )'/?)j)/ ;'O

:3 :j'Mv/0 ;R ,4j))/,1 1,)'/.)'

):,JTII1,LI ''1') )'It It 01 0 J'J'JI')

FAçA JA SUA RESERVA NUM DOS HOTElS CON VENIA DOS PREOS VARIA DOS - INCLUSIVE HOTEL COM PREO DE ALOJAMENTO

E TRANSPORTE PARA 0 LOCAL DO CONGRESSO.

INFORMAçÜES SO8RE HOSPEDAGEM: WWWCAPRIOLITURISMO.COM.8R

INSCRIçdES PARA 0 ENCONTRO: WWWA8PMC.ORG.UR

30i'06 .Apôs 01./'07 Sx']4 i1ZUD 3OC1iDiJ') 'Ino SY(1C) S0 IC) No 3ocio SOC 10 i'1 'o SÔC1O

o1Io1clJ 770,00

330300 ?b,0 3O5)0 3 1.7,00 73,00 oo,00 )),Oi) 1)AL) L,()0 I44() )5U,t00 3O) 54,00

ATEIVcA0: AS INSCRIçOES FE/TA S EM MAIO PODEM TER SEt/S VA I ORES PA RCELA DOS EM 3 VEZES

OUTRAS INFORMAçÜES: WWWA8AINTERNATIONAL. ORG/8RAZIL

Page 8: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

'8

'0 (Wt'1t1tY1,10 P0 WAfMFA1i0 P11 (IM 1)0 M7:( I ff0!M1tI1l tf((il:06"0 P0 PfHM 111ff/A P11 i11 KlWW11i 1AkA W0 ?WM1 0 1IA0 (06k11/(

/O/rIT0c i KlWlffk TT VI U A cri1ccm fl/PAP? i i (((IA i o i.rrrto rt w iA/.A V/A f'T0(t"(Ilt/APA f0i

IJ I

BREVE 8I0GRAFIA DE B. I SKINNER' I Julie V. J/2irgcis

InfIncia e Adolescência

B. F. Skinner nasceu cm 20 de marco de 1904 em Susquchanna, urna pequena cidade ,i margern da estracla dc fcrro, nas rnontanhas (In Pensilvânia, logo aixuxo de Binghamton, Nova York. Corn urn irrnão mais novo, Skinner cresccu em urn ambiente familiar que dc descrevia COtfl() "CalOrOS() e estive1". Scu pai era urn ;ovcm C promissor advogaclo e sun mite, dona-de-casa. Boa parte de sua inftncia, dc passou construindo coisas - por exemplo, urn carrinho corn direçiio que andava dc marcha ré (por engano) e uma rnác1uina dc moto Contlnuo (que não funcionava. Outros crnpreendirneritos foram mais hem sucedidos. Ele e urn amigo construirarn urna cabana na floresta. Para seu trahalho como vendedor ambulante de frutas silvestres, ele criou urn sistema de emissão para scparar as verdes das maduras. Durante OS anos de ensino médio, c1uando trabaihava em urna loja de sapatos, fez urn aparato Para espaihar "green dust",2 o que ajudava a vassoura a apanhar a sujeira.

Na época dc ensino rnédio, Skinner teve aulas de inglas corn a Srta. Graves, a cluem, mais tarde, dcdicou seu Iivro Tecnoloia do Ensino. Baseado em urn comentário feito por seu pai, Skinner deixou escapar urn din na aula que não fora Shakespeare e, sirn, Frances Bacon, ciuem escrevera C'omoQuei-ras. Quando sun professora Ihe clisse que ele não sabia o que esava clizendo, dc foi ate a biblioteca e leu boa parte cia ohm dc Bacon. A defesa que Bacon fazia do métoclo indutivo na ciéncia, em oposição no estabeiccido pela autoridade vigente, inn ter boa scrventia Para Skinner mais tarcie.

Primeiros Encontros corn a Ciência do Comportamento

Depois de frequentar a escola F-larnilton, Skinner dccidiu se tornar escritor. Ao voltar Para casa, cscrcvcu pouco. Tocla sun producao, do perloclo que dc denominou Corno "ano negro", consistiu de uma dzia de curtos artigos de jomnal e

lexto retirado do www.hfsk]000r.org, tradiizjdo por lilian Medeiros e revisado por Noreen C. de Aguirre e Kiitia Scgrc para publicacao neste Boletirn.

Serragern ürnida, de cor verde, corn Iragrincia de eucalipto, que é espalbada no chão de urn local a set varrido, para que o po n5o suba e fique suspcnso

no iii.

alguns modelos de veleiros. Em urna escapada dc alguns rncses para Nova York, estava trabaihando como balconista de uma livraria quando, por acaso, achou livros de Pavlov e Watson. Ele os achou impressionantes e empolgantes c quis aprcndcr tixtis a respeito.

Faculdade e Novas Descobertas

J\os 24 anos, Skinner rnatriculou-se no departamento dc Psicologia dii Universiclade Harvard. Ainda rcbcldc e impaciente corn o quc considerava idéias pouco inteligentes, Skinner encontrou urn mentor igualmentc mordaz c difIcil de lidar. William Crozier era o catedrático de urn novo departamento de Fisiologia. Ele adcriu fcrvorosarnente no programa de estudo do comportamento do "animal como urn todo", scm apelar, como os psicólogos faziarn, para os processos que ocorriarn internamente. Isso se encaixava exatamente corn o objetivo de Skinner de rclacionar comportamento a condiçoes experirnentais. 0 esrudante foi encomajaclo a experirncntar. Cada cicpartamcnto, dc Psicologia e de Fisiologia, presumia que o outro estava supervisionando o jovem estuclante, rnas o fato era que estava "fazendo exatarnente o que eu queria". Corn seu entusiasmo e seu talento para procluzir novos equiparnentos, Skinner construia apareiho atrás de aparelho, sempre que o comportamento de seus ratos sugerisse mudancas. Depois de uma duzia de pecas e alguns acidentes feizes (descritos em seu "A Case History in ScientJIc iViethod"), Skinner inventou o registraclor cumulativo,3 que gravava cada resposta crnitida como urn movirnento ascendente de urna linha que se movia horizontalmente. A curva mostrava a taxa de resposta. Esse registro revelava o impacto das contingências sobre o respon-tier. Skinner descobriu que a taxa em que o rato pressionava a barra no dependia de ncnhum estIrnulo antecedentc (como Watson e Pavlov haviam insistido), mas sirn daquilo que se seguia a prcssao it barma. Isso era, de fato, novo. Diferente dos reflexos que Pavlov havia estudado, cssc tipo de comporta-mento operava no ambiente e era controlado por seus efcitos. Skinner o nomcou como comportamento operante. Ac) pro-cesso de arranjo tins contingências de reforçamento responsitveis por produzir esse novo tipo de comportarnento, dc dcu o nome de condicionamento operante. Graças a uma boisa tic esrudos, foi possIvel a Skinner passar os CiflCO anos seguintes

' Similar a urn quirnOgtafo.

Page 9: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

9

10 XK 0 f10W Ptl iPtA0 P0 i0fJuiIM If itUlM MWJ/01,' OUI: , M(I tCt fF/CcTiV0F P V(P P0 fI 0 T0CW1 1M10 P0 ifM0 P/ (i(//, H7.0 cf(! (i f'0Plkf/

'ft'f t( rPr I/P/' V/f/jO çt111

invcsdgando riao so o cfeito das conscc1ucncias C OS csqucrnas nos quais elas cram liberadas, mas também como os estImulos antecedentes adquiriarn controle sobre as rclaçöcs comporta-mento-conscc1uencia, corn as 1uais des cram pareados. Estcs estudos trnairncntc aparcccram em scu primeiro livro, The Behavior '?f Ot:anisms (1938).

Pigeon Project

Em 1936, aos 32 anos, Skinner se casou corn Yvonne Blue, e o casal mudou-se para Minnesota, ondc dc conseguiu SCU primeiro crnprcgo corno professor. Ocupado em iccionar c tambem corn sua farnulia, que, cm 1938, inciula a flIha Julie, dc pouco fcz para avançar na ciéncia que dc proprio havia iniciado. Mas, corn a guerra, isso estava para mudar. Em 1944, a 11 Gucrra Mundial estava em

lena ati\iclade. Aviöcs c bombas cram comuns, mas niio havia sisternas Clue direcionassern mIsseis. Ansioso para ajudar, Skinner solicitou fundos para

urn projeto ultra-sccrcto em que potnlos cram treinados para guiar bombas. Trabalhando atcntarnen tc, dc treinou porn- bos para que se mantivessem

bicando urn disco, o que manteria urn mIssil direcionado para aivo. Os pombos bicavam consistenternente, mesmo (1uando

caindo rapidamente c trabaihando rodeados por ruIdos semeihantes aos de guerra. Embora o Pigeon Project tenha sido SUSdiISO por causa de outro projeto ultra-secreto desconhecido para Skinner - o radar), o trabalho foi átil. Pombos se comportam muito mais vclozrncntc do que ratos, permiundo descobertas mais rápidas sobre os efeitos de novas contingéncias. Como Skinner colocou, "a pcsciuisa que dcscrevi em The Behavior of Oiganisms aparecia sob uma nova ótica. Isto nio era mais meramente urna análise experimental. Isto deu origcm a uma tecnologia". Skinner nunca mais trabalhou corn ratos. Dcscrcvcu o Pigeon Project em urn artigo de mesmo norne.

artigo está em seu livro Cumulative Record.

0 Baby Tender

Em 1 943, ao fim dos anos em Minnesota, Yvonne estava

gravida novamente. Sabcndo do talento de seu marido para resolver problemas corn engenbocas, cia inciagou se dc poderia criar urn bcrço que fosse mais seguro que os usuais, que tinham grades que pocleriam prender a perna do bebé e cobertorcs

ciie poderiam sufocã-lo. Tanto poderia, como o fez. Orguihoso dc sua nova invençibo, urn bcrco fechado c ac1uccido corn urna janela de vidro blindex, ele enviou urn artigo para a popular rcvista Ladj 's Home Journal. Para atrair mais atenç5o, mudararn

titulo que Skinner havia dado e 0 artigo, saiu corn o nomc dc "Bebé em urna Caixa". 0 baby tender, corno Skinner chamou seu hcrco, era usado sornente como carna para o novo bebé. Deborah tinha scu próprio cercaclinho e passava tanto tempo fora cia cama quanto as outras criancas. Mas, inevitavelmente, ocorreu a con fusão entre o baby tender e a "Caixa dc Skinner". Ate o final de sua vida, Skinner foi importunado por rumores sobre sua scguncla filba, escutando inclusive que eta havia cornetido suicIdio. Na vcrdade, Skinner era urn pal afetuoso e nunca fez cxperirneritos corn nenhurna dc suas filhas. I)ehorah é urna artista dc sucesso c vive cm Londres corn o marido.

Walden II

Quando a guerra estava por tcrminar, Skinner foi a urn jantar e rnencionou a uma amiga que era muito ruim que o filho dicta e outros jovens voltassern aos seus vethos modos de fazer as coisas. Eta indagou o que Skinner sugeriria que des

fizessem corno alternativa. Elc nunca conseguiu recusar urn desafio. Quase que irnediatamente, cornecou a cscrever 0 livro I Va/den II. Ele foi escrito rapidamcnte, em alguns pontos corn muita emoção. Nele, urn soldado, que acabara dc voltar cia guerra, convida amigos c seu amigo professor para visitar uma comunidade charnada Wa/den II, urn grupo de aproximada-mente 1000 rncmbros. Eics vão a comunidade. Seu criaclor, Frazier, explica como os comportamentos fcizes e eficientes que des presenciam são cuiciadosarnente modelados através

do uso de técnicas cornportarnentais. Ele explica como o impulso competitivo dos pais, para favorcccr os próprios fi-ibos, foi convcrticlo em urna preocupacibo mais igualitária corn todos OS jovens, pelo fato dc os bebCs scrcrn criados cornuni-tariamcntc ao IflVCS dc em famiiias. Tanto muiheres quanto ho-mcns trabathavam. Os ernpregos rendiarn crCditos de trabaiho, distribuIdos dc forma que alguns trahaihassern poucas horas

em scrviços in(Iesejaveis e outros trabaihassem por mais tempo em coisas mais agraciãvcis. Todos OS aspectos da comunidade cram plancjaclos. 0 livro, após urn micic) lento, tornou-se urn dos mais conhccidos trahaihos dc Skinner, recebendo tanto elogios quanto ccnsura.

Quando a guerra estava por terminar,

Skinner foi a urn fan tar e rnencionou a urna

arnio-a que era muito ruiin que o fl/ho deJa e outros/ovens voirassern aos setis veihos modos

de fazcras coisas. Ela indagou o que Skinner

sugeriria que c/es fizessern corno airernativa.

Ele nunca conseguiu recusar urn desa Ho.

Page 10: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

Indiana

Em 1945, Skinner c sua farnIlia se rnuclararn para Bloomington, Indiana, oncic dc Sc tornou catedritico do

I)epartamento de Psicologia da Universidadc (IC Indiana. 0 campo que dc havia iniciado estava crescendo. Em 1946, o prirneiro encontro da Sociedade de Anãlisc Experimental do

Cornportamcnto foi realizado cm Indiana. Doze anos mais tarde, cia tinha uma revista, a Journal of the 1:.\penmenta//t/mlysis

of Behai'ior (JhA B).

Retorno a Harvard

L!ni convite da Universidade Harvard para dar aulas sobre as conferncias de William James trouxe Skinner e a farnilia

para Cambridge, Massachusetts, no outono de 1947. Etc mi convidado a parflcipar do departamento dc psicologia cm 1948. La, etc se ofereccu para dar urn curso para untversitiirios, trabaihando arduarnente a cada semana para produzir material

para os 400 alunos ciuc se inscrcvcrarn. Essc material finalmente dcu origern ao livro Géncia e Gomportamento Plumano (1953). As

deca(las de 50 c 60 foram produtivas para Skinner, em grande

porte gracas aos exccicntes universitarios (]IIC vierarn estudar

corn dc, incluindo Douglas B. Anger James A. Anlikcr, Nathan II. Azrin, Donald S. Blough, A. Charles Catania, Lewis R. Gollub, Richard J. Herrnstein, Matthew L. Israel, Alfrcdo V. Lagma); Harlan 1. Lane, Ogden R. Lindsey, William H. Morse, Neil J. Peterson, George S. Reynolds e Herl)ert S. Terrace. Subprodutos desse trabaiho produziram o livro Schedules of

Reinforcement (Ferster & Skinner, 1957), o campo da Terapia Comportarnentai (do trabaiho de Ogden Lindslev, que criou

termo) c a psicofarmacologia (na qual Peter I)ews, do Escola de Medicina de Harvard, trabalhou em coritinuo contato corn

laboratdrio de Skinner).

Máquinas de Ensinar e Instrução Programada

As fithas dc Skinner estavarn crescendo. Quando a mais nova estava na quarta série, em 11 de novcmbro de 1953, Skinner, para o dia dos pais, assistiu a sua aula de matemática. A visita alterou a sua vida. Assim quc Sc scntou nos fundos da sala para assistir .a uma tipica aula de naternáttca da quarta série, 0 quc viu atlngiu-o (IC imediato corn a forca de uma inspiraçao. Cotno dc colocou, "scm darse conta, a professora estava violando quase tudo aciullo quc conhecIamos sobre o processo de aprendizagem". Na • modelagem, vocé adapta aquilo que vocé exige (10 animal ao seu nIvcl atual de desem-

pen.ho. Mas, na aula de rnatemática, estava claro que algunS dos estudantes nio tinham idéia sobre como resolver os proble-mas, enquanto que outros preenchiarn rapidamente a foiha de

exercIcios, scm aprender nada (IC novo. Na modelagem) cada

resposta correta é imediatamente rcforcada. Skinner havia pesquisado o atraso no reforçamento e sabia como isso difi-cultava o desempenho. Mas, na aula de rnatcrnática, as crianças passavarn para o problema seguinte, scm saber se o anterior

: estava correto. Elas precisavam responder a página inteira antcs

de receher qualc1ucr rctorno, quc, provavelmcntc, so viria no dlia scguinte. Mas como poderia uma professora, corn 20 ou 3() alunos, modelar comportamcnto matcmatico em cada urn?

Clararnente, os professores prccisavarn (IC ajuda. Naquela tarde,

Skinner construlu süa Ieira niaqujna dc ensinar. A pnimeira mácjuina de ensinar dc Skinner simplesrncnte

aprcscntava os problernas aos estudantes, em ordem randOmica, corn retorno depois de cada urn. Mas essa ináquina não cnsinava comportamento novo. Tudo o c1uc fazia era aprirnorar as habilidadcs que os alunos jil haviarn aprendido. Fm trés anos, no entanito, Skinner dcscnvolveu a instrução prograrnacla, na qual, através dc cuidadosa sequencia, estudantes rcspondiam a urn material dividido em pcqucnos passos. os passos cram similares ãquio que urn instrutor habilidoso perguntaria a urn

aluno, Se CStiVCSSC trabaihando corn urn de cada vcz. From dadas deixas para as prilneiras respostas dc cada scqüéncia, mnas, tao logo o desempenho meihorasse, rnenos ajuda era

fornecida. No final, 0 aluno estava fazendo algo que nao conscguia no comeco. Por ccrca de dcz anos. Skinner esteve cnvolvido torn o prOjeto (10 instruçao programada, respondendo a cada uma das rnilharcs dc cartas quc chegavarn

dc pais, escolas, empresas e indüstrias. Graças a urn subsIdio. Skinner contratou James G. Holland cjuc, sob sua supervisao, criou A Análise (/0 (omportamento, para que OS alunos de Skinner em Harvard pudesscm utilizar no aparato mecanico (ainda não havia microcomputadores). A area do eclucaçao adotou csse novo metodo, mas muitos dos rnateriais cram mal escritos C

nenhunia empresa quenia dcscnvotvcr matcriais para urna maquina dc ensinar quc corresse 0 risco de sair dc producao.

Entii:o, a maioria dos instruçôes prograrnadas foi colocacla sob a forma dc livros. Mas o livro não mantérn as conttngencias:

alunos p0(1cm olhar as respostas OCS (IC escrevé-las. Per volta

dc 1968, editoras do area de educaçao pararam (Ic publicar instrucao prograinada. Nesse mcsmo ano, Skinner puhlicou

Iecnoloia do Ensino, uma coleção de seus manuscnitos sobre educacão. Alguns dos rnelhorcs prugramas do década dc 60

ainda são usados e, corn a chegada (10 computador e da internet, a rnáquina perfcita que faltava a Skinner agora estã disponIvel. Ainda, instrutores estão percebcndo que, como Skinner insistia, os professores dcvern fazer mais do ciuc simplesrncnte apresentar biocos de matéria corn questioniirios no final. A instrucão efetiva rcquer quc os aprcndizes respondam a cada sedluendia de informação apresentada c recebarn retorno sobre seu dcscmpcnho ames dc avançar para a próxirna. Além disso,

a seqüéncia de passos é crucial. A análisc de Skinner sobre como criar seqüéncias de passos

surgiu enquanto dc estava terminando urn livro no qual havia trabalhado e parade durante vinte anos. Comportamento Verbal,

publicado em 1957, é uma análise sobre por que nós falarnos, cscrcvcmos e ate pensamos do forma como fazcmos. 0 livro

não é fãcil de 1cr. Foram necessérios outros vintes anos para que os pesquisadlores usasscm as categorias dc Skinner e descobrissem quc as diferentes variaveis de controle quc dc

postulou cram, de fato, indlependcntcs. Recentemente, seu trabalho tern levado a descobertas para ensinar crianças, espe-cialmente as autistas, a se comunicarern eficientemente.

Veihice

Uma prcocupacao corn as irnplicacoes que a ciência do comportamento teria para a socicdadc em geral direcionou Skinner para questôes morais e filosOficas. Em 1969, dc

publicou Contingincias de Refor(amento c, dois anos depois, 0 iVEto

It

Page 11: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

da Liherdade, que lhc rendcu uma série dc aparicôcs na televisao. Ainda, a falta de comprccnso c a distorçao de seu trabaiho lcvaram-no a escrever Sobre o Behcwio,ismo (1974). Ate

urn de sua vida, ele foi ativo proflssionalrncnte. Alérn de

seuS artigos profissionais, escreveu trés volumes autobiográficos: Par/icu/ars of my LiIi 7 Ye SJapi;z of a Beha,'iorist

ff

e a Matter of consequence.r. Em 1989, dc fi cliagnosticado corn leucemia, mas Sc manteve tao ativ() c11-lanto o permitia sua crescente frac1ucza. Na American Psyho/ogica/Association, dez dias

antes de morrer, discursou diantc de uma p]atCia lotada. Ele finalizou o artigo do qua) a palestra foi retirada cm 18 de agosto de 1990, o din em c'ue morreu.

B. F. SKINN&R - OS ULTIMOS DIAS fit/ic S. i argas

Morgantown, West Virginia, EU\ Outubmo de 1990

Meu pai sempre falava Corn aclmiração a reSpeito da morte de seu avô. "Ele morrcu trabalhando", dizia, Corn aprovacão. As vczes, acrescentava: "E aSSirn que CU c1ucro

partir". Bern, ele chegou perto. Nos ültimos rncscs dc sua vida, mcu pai rnantcvc o

padro de sua "aposentadoria": levamar-se ccdo para escrever, Café da manha, uma Caminhada, cncontros corn visitantes C

cuidar da correspondcncia ate a hora do almoco. As tardes dc geralmente passava relaxando Corn imsica e leituras leves,

prcparando-sc para o trabaiho da manhã seguintc. Ate a sua morte, a correspondencia nunca (liminl.uu. Inevitavelmente, entre as cartas de Colcgas profissionais, dc recebia algurnas cartas de estudantes secundários, pedindo que expiicassc sua obra. Pessoas

que escrevern para protissionais dc destaque new sempre estio hem informadas. Dizem que o Senador Kennedy certa vez recebeu ama carta quc dizia: "Eu

escolbi como ineu senador favorito. Voce podc mc ciizcr por qué?" As cartas ao meu pai não cram muito meihores. Nan

obstante, ele as respondia todas, sugerindo cducadamcntc que,

caso verificassern nas bibliotecas dc scus colegios, provavclmentc encontrariam urn Iivro chamado Wa/den Two QU Ciência a

Comportamenfo Hiimano, quc rcsponderia As perguntas. Oito (has antes de sua morte, como os leitores desta

revista provavelrncnte sabem, mcu pai recebeu, da American

Picbo/o,gica/ Association, a prirneira ABA citation/or OutstandinR

Lifetime contribution to Psjsho/ogy.2 Os represelitantes da

Associaçito haviarn assegurado it famulia que manteriarn mcu pai afastado da multidito - fato importante devido it sua elevada suscetibi]idade a infeccäes, em decorréncia da leucernia - e cumprirarn o prornetido. As treze horas, no dia 10 de

agosto, uma lirnusine apareceu na casa dos Skinner, para levar nosso grupo ate o hotel da convençao. Lit, fomos rcccbicios c acompanhados, num elevador particular, ate urn quartO do hotel, "como astros dc cinema", comentou rncu pai. Alguns

minutos antes do início da sessito de abertura, fomos conduzicios para baixo novarnente e levados, afravés dc urn

Pubhcado originalmente em Josiroal of Applied Beharior Anal)-sis, 23(4), 1990. Traduy.ido por Noreen Campbdl ck Aguirre para ptibIicacio neste Boktim.

2 } ornenagcni por toda uma vich, de crninente contribujcio A Pstcologia. A AIIPMC prcparou cópias cm DVI), corn lcgcndas en, pornIglIcs, da aprcscntacio fcit:i por B. F Skinner nessa ocasJo. PoderSo ocr adquiridas citirante o Xlii Encontro ou por email: (lU

abpmc(aiabs~rgjat

corrccior sccunditrio, ate a porta lateral do auditOrio. Quando entramos, eu estava scgurando o braço dc rneu pai.

!'t sala cstava lotada. Fora aberta uma segunda sala latcral C

tambérn esta estava transbomciando. Quando dcrnos dois passos

para cicntmo da sala, todos Sc levantaram C começarain a

aplaudir. Meu pai acenou corn a cahcça, urn tanto encabulado, enquanto conunuava carninhanclo —percchi que dc nito previra

tal rcccpcao. Os aplausos cram ensurdecedores. Continuaram enquanto nos encamnhitvamos ate o pc cia cscada no mcio do

palco. Continuarani enquanto meu pai subia C)S clegmaus.

Continuaram, scm reciuçito, enquanto flICu IIai era ate o seu lugar. Ele voitou-se C ac(:)mpanhaclo atmavCs do palc

inciinou gcntilmcntc a cabeça, was nan havia sinai dc que Os aplausos cessariam. Finalmente, fiincionitrios da APA

intcrrornperarn os aplausos e de-ram inicio a prograrnacao. 1)cpois dc 50 minutos de preli-rninares, chegou c momcnto de

mcu pai receber a homenagern. 171qciei fcliz por dc ter dcciclido

nan usar urn texto e anotacöes, pois a luz ofuscante

das citmeras das equipes de TV

O impossibilitaria dc enxcrgar 0

c1uc fosse. Ele comcçou. "Presidente Graham, ex-Presidente Matarazzo, distintos convidados, senhomas c senhores...113 Eie

falava suaverncnte, da mancira que cu 0 ouvira falar em diversas

convençócs, citando nomes e datas que eu teria dificuidadc de lcmbrar. 0 discumso voltou-sc para a cisito na psicologia, "uma parte seguindo na di.recito de encontrar a essCncia do scndrncnto, a essCncia do proccsso cogntvo, e outra indo em dircçito de

rcferéncias a contingéncias de reforçamcnto." Ele fez uma analogia entre a dificuidade de accitacito da sciccito natural de

Darwin c a dificuldade de aceitaçito da seleçito pelas conseqüências, do próprio Skinner, cuiminando corn a afir-

macito: "No que me diz rcspcito, a ciCncia cognitiva C o criacionismo da psicologia." Foi possIvel ouvir tocla a audiCncia prcndendo a rcspiracito. AJguns poucos aplausos se fizemam

ouvir aqui e au. (Clamamcntc, a cisito nito era 50-50.) Skinner contlnuou, terminancio em pouco mais de 15 minutos - como

havia planejado. Depois de scr acompanhado cscaclas abaixo

(mais urna vez sob aplausos), dc Sc rctimou. Acredito que assirn tambcm o fez quase todo o restante da audiCncia.

Ibdas as citacOcs sio dc comcntários feitos de inaprociso por B. F. Skinner so receher a homcnagcm da APs\ Os sesso do abertura da 98' ConvençSo AnUs! da American Psychological Association, em 10 <k agosto <Ic 1990, em Boston. Mass., FUA.

Apesar dc meus pedidos, ele recusou-se a cancelar uina equipe de TV agendada para

ifirnarpara onoticiario daquela noire. Na quar-ta-feira pela manhif, outra entrevisra. Naquela

rarde, ele deii entrada no hospital pela álrIrna

vez. Mas, urn dia antes de morrer, no hospital,

ele r.rabalhou nas álrirnas .modificaçôes do seu

trabaiho para a The American Psychologist.

Page 12: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

Durante o firn de semana, meu pal trabalhou no ensaio do cival foram rcuradas suas obscrvacocs. Faria partc da I/a'

American Psychologist e dc estava ansioso por termina-lo.

Conversamos sobre 0 fuwro cm c1uc dc rral)alharta a scuir. Ele não achava clue teria tempo de completar o trabaiho ue fizcra sobre as dcrivaçñcs das paiavras OIL para colocar em forma de artigo o material dc urn iivro sobre ética c1ue iniciata, mas (IC) qual desistira. Corno veio a acontecer, dc cstava cern) a respeito do tempo.

Na manh (IC segunda-feira, mcu pai tcve urna entrevista de urna hora corn Dan Bjork urn historiadr quc

estivera trabaihando em sua biografia. A tardc, lcvci-o para sua habitual transfuso de p1aqtctas. Naqucla nolte, eu estava traballando no gabinete que montara nurn quarto dc dcspcjo

no porao, quando rcccbi urn charnado. Era men pai. "Julie, vocé podena vir ate aqui?" Corri ate o seu escritOrio, onde o

encontrel trcrncnclo sob varios cobcrtorcs, ern sua cadcira recliniivel. Entrei cm panico. ()s sintomnas cram igniuS aos c1ue, certa vez, o levaram a urn coma. NAo conseguindo falar corn urn medico, disquci 911. Quando a ambulancia chegou, dc

estava se sentindo meihor, embora sen coraçao ainda csnvesse accicrado. A equipe da ambuhincia colocou-o numa miiscara de oxigen.io e tomou \'arias outras providencias, consn]tando

pelo telefone os medicos de seu hospital. Mcu pai não cucria voltar para o hospital; assirn, como etc parccia cstñvcl, a e1uipe partiu. 0 odgCnio o fizera sentir-se meihor, portanto instalei urn vclbo tanquc que ek conscrvara hii anos. Encorajei-o a ficar sentado poc-que seu coraçao ainda estava disparado, c a

posiçao sentada causa mcnos eslorco ao coracao. Ele concor-don e pegou urn livro para icr. \Iontci urna carna portatil em seu escrit000 e trouxc meu violilo. Durante nina hora, roc1uci para dc to(las as pcças d:issicas que en sabia tocar razoavelmente bern. Isso o agradon. lazia algurn tempo que dc não me ouvia tocar c comcntou sobre a" nIucza" do sorn. () o.xigenio e eu

terminamos mats on menos an rndSmo tcrnpo. Mais tardc, cm sua cama, urn cubIculo de dormir de rnodclo japones no canto mats atastado tIe SCU cscrii000, nos convcrsarnos. En me scntei na bciracia da cania, seguranclo sua mao, como tantas vczcs, de olhns ctniidos, dc segurama a minha an colocar-me para clormir quando criança. A difcrcnca era cjuc, desta vcz, ambos tinharnos lágrirnas nos olhos.

Ao despertar na rnanh seguinte, encontrei-o acordado, mas fraco. Apcsar de meus pcdiclos, dc rccusou-se a cancciar

umna eqnipc de TV agendacla para filrnar para U noticiário daqucla noitc. Na 1tlarta- Icira pela manhi, outra entrevista.

Naqucla tardc, dc den cntracla no hospital pela Oltima vez. Mas, urn dia antes de morrer, no hospital, dc trabalhou nas ultirnas modihcacocs (10 SCU tral)alho para a The American Psychologist. B. F. Skinner era membro da Hemlock Soc/ely ("Socicdadc (.:icllta") e acrcditava no dircito de tirar a própria vida. Ele fizcra urn tcstamcnto cm vida c, no hospital, mais 111Th) vcz recuson recursos 'heróicos" de snstentaçao da vida, titic podenam tcr prolongado o funcionarncnto de scus Orgãos.

Perto do tim, Suti boca estava seca. Depois de reccbcr urn golc dc iigua, ck pronnnciou sua ibitima palavra: "Maravilbosa".

1:

OrE

Increva-se ja nos cursos e Workshops do XIII Encontro da ABPMC Normas para inscrição e distribuiçao dos eventos por salas:

ApOs divuigaçäo dos cursos e workshops que seräo oferecidos,as pessoas poderäo optar - no momento em que efetivarem sua inscriçao - por dois cursos: urn no perIodo matinal, outro no vespertino;

Se houver vaga, seu pedido será imediatamente aceito. Para evitar contratempos, seria preferivel enviar duas dutras opcöes(digamos, a 31 e 41 opcoes para o caso das primeiras não poderem ser aceitas).

A aceitacão se darã pela ordem de chegada da inscricão no Con gresso e pela ordem de solicitacao pelo curso.

Ha salas corn diferentes capacidades para acomodar os aiunos.Assim sendo, os cursos corn maior procura serão realizados has salas corn maior capacidade. Note que as salas não serão escolhidas a priori, mas serão determi-nadas pelo nUmero de inscriçôes. Exemplo, o curso que tiver em primeiro lugar maior procura será realizado na sala maior e assirn sucessivamente.

0 nOrnero total de alunos em cada sala será determinado pela capacidade de assentos na sala.

SO farão excecäo a estas regras aqueles cursos nos quais o professor estabelecer previamente urn nUmero total máximo de alunos. Neste caso, sua sala será pré-escolhida de acordo corn a solicitacão de tamanho feita pelo professor.

Comissão Organizadora

Page 13: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

13

ESCOIHA SEUSCURSOS DO XIII ENCONTRO E GARANTA SUAS VAGAS

Cursos da manhi:

ACT - 'Acceptance and (.ninlitmcnt Tlierapv': out l';tn ,rarsi:i Lxerunenrai ................................................................................................................................ Jacqueline Pistorclio

;\n.ilise Coinportatnental das Relacöcs ,Anirosas .............................................................................................................................................................................................. Jon) Vtccntc Maccal

Análisc dc Connngtncia no Hospital Geral ................................................................................................................................................................................................. Kanni Magallaes Brasio

Anilise Functonal e .\nihse ( linca 1> ( oruportimunlo ........................................................................................................................................................................ Rolicro Alves Ranaco

Caracrcrisricas 1lisicas de urn Programa ,-\BA para (;riaisças cit liade Pré I scolar Dii nosticadas coils Autismo ..................................................................... Danicla Fazio

Como Meihorar o Rcpertório Asscruvo: Pn posits I ndividuais e de Grupo ................................................................................................................... Maria Jiilia I. Xavier Ribeiro

Conao Ministrir urn Cure de Dcscnvolvirnento Infantil: Teoria e Apltcscoec .............................................................................................................................................. Martha Peiaea

Coinportarnento \'erbal ci I Iurnantz:icio do I-lotnem . ..................................................................................................................................................................... .Maria Arnália P. A. Andcry

construindo 1 iabilidadcs Fundamcniis Flicntcs COtS) ( .nitlçaS ci ins Autismo e Outras Deuicéncias ............................................................................................... I .cslcv Lucas

Correcão Eficas de Erros de Alunos Dniritite. Fnstn ................................................................................................................................................................................. Knstin N. Schirmer

Gercncismcnro Organisacional do Cornportamcnto (0/3.1!): ci quc é C Cone faze-b. .................................................................................................................................... John Austin

Psicologa do Esporte: Citmo Trchalhir cii Análise Comportarnentab pira Mclhorar o Dcscrnpcnho de Atictas ...................................................................... Cristiana Scala

Psicopatobogia dos Transtontos de ,-\isicdadc c de I lumor ............................................................................................................................................................. Tito Pacs de Barros Nero

Suscedbiiidadc as Consequncias da Äçãø: \'ida. 3fcntc. (.ultira ........................................................................................................................................................... José Antonio D. Abtb

Técnicas Cogriitivas . do Pcnsimcnto ,-\itornitico as Crencas Centrais - Utna Alsordagctn ieórico Prátie-i ............................................................................ Daisy Hernandes

Tecnologia para a Organzacao Pessoal e para o Trabalho cm Grupo: (.onrrihuiçôes da An3ltsc do Cornportarncnto ............................................... Arts 1_ucia Coriegoso

TerapiaComportamental dc Casais................................................................................................................................................................................................................................. Alice Maly Dclirn

Terapia do Esquerna: urna Abordagern Coinitiva pica Pacicntcs Dificcis .............................................................................................................................. Idiatie Mary de 0. lalcoise

Ic do o quc VocC Sibe sobre "0/331" Está Errado ................................................................................................................................................................................................. Richard W Maloti

U tibizando o Quesiconário (:ot.trncou:il Gs/dia,,,one/ para Analisar Funcionaimente o Disréirbio tic

Cc crnportanecto: uma Análisc Nio- stein de (:otsungencas .................................................................................................................................................................................. 1 V Joe Laying

Cursos da Tarde:

i\eornpariharnento TerapCuiico e a Terapia em Ambiente Nawnal: Tcoria e Proceditnentos Analitico.Comportarncntais .................................................................. Denis It. Zamignani/ joana S. \'crmes

Arualizaçéccsem Scucidlo ....................................................................................................................................................................................................................................................... Makilirn Baptists

ConsistCncia entre Funcionirios no Forneccinento de Sec3ços Comporrarnentais: Urns introduço a urn Sistenia de Meihoria da. Qualidadc/Avahaçao de Resilcadoc ....................................................................................................................................................................................................... Gary \V I nVigna

Contribuiçocs da Análise do Comportancento pica Prcvcnçao de I)isturbjcss dc Comportarnento ....................................................................................... Alex Editardo Gallo

Controle de EstImulos: Coniribuiçôes para o Dcsenvoivrncnto de Curniccilos e a 1ndividualiza0o do Ensino ................................................................. William V Dube

Espiritunlidade, Religiosidadc ci Rclação TenapCutics ..................................................................................................................................................................................... Luc Vandenberghe

Estimulacao Cognitiva no Idosn: Urns Prática Clinics Inovadora ............................................................................................................................... Maria Virginia de A. Sousa Coclho

Eventos Pnivados: Inrcrprctacao AnalIt.ico-Cornportamental .................................................................................................................................................... Emmanuel Zagury Touninho

Implemeritacão e Avaliação de urn Programs ABA para Criancas em Idade Pré-Escolar Diagnosticadas corn Autismo ................................ Maria Angela C. P. Cornick

Implernentando Comportamento \Tcrbal numa Classe de Itscola I'ciblica ................................................................................................................................................. Stephartic Krause

Medicins Comportamcntal e Acupuntura: Jnstrnirnenros dc Psicologis .......................................................................................................................... Armando Ribeiro Ncvcs Neto

Proccdirncntos de Ensino ni Perspectivi da Análisc Cornportancntal .............................................................................................................................................................. Rosana Rossit

Terapia AnaliticoComportamcntal Infantil: 0 Comportarnento tie Brtncar C i Classificacao Diagnostics ......................................................................... I.atircia Vasconcebos

Terapia Cognitivo-Cornporamcntal do Transtortio do l'anieii ....................................................................................................................................................................... i-Ielene Shinohana

Terapia Cornportamcntal.Cognitiva pcna Cnianças: \daptacio c Consrrucao dc Técnicas de Intcrvcncão ................................................................ Renata Ferrarez F Lopes

Terapia por ContingCncias de Reforcamento: Conceituaçao c IntervencaoClinica ...................................................................................................................... Hello José Guilbardi

Terapia Sexual: Rcvendo Contribuicoes da Anátise do Cornporiamento ......................... ................................................................................................................. Diva Silva de Oliveira

Tornando Relarivamente Ficil a EquivalCncia tic Estimsilos ............................................................................................................................................................................. Richard Saunders

Treinamcnto e Desenvoivimento de Pessoal em Progratnas de Servicos I lurnatsos para Criancas coin Necessidades Especiais .................................Michael Fabnizio

Tudo o que \'ocC Sahe sohre 0 Mundo Está Erradn: Deus, Sexo e Ensino bniversiiánio ............................................................................................................... Richard \V Malott

Page 14: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

1/MA 1/TOP/A POSSIVEL: "CELl/LAS" DE IMz'PE# iwa J-Jé/io Jose (;m//)tity/i

A palavra utopia significa cm ncnhum lugar. Walden Two,

de B. F. Skinner, ao contrarto das utopias mais conhecidas, (ICSCrCVC unia coinunidadc corn caractcrisucas muito pecuttares.

A pri1cira delas ue podena ser instalada cm algum lugar.

Duas experiôncias concrctas 0 dcmonstraram: a primcira delas

ocorrcu Cm Twii Oaks, VirgInia, EU\, a partir dc 1967. A

experiencia da comunidade foi relaracla por Kathleen Kincade, no Iivro /1 If'i/de,i Two 1i.\per me/It the firs/five years of 7w/n Oaks (wmmini/y. Dificilmente poderlamos dizcr c1uc a experiéncia de

1;n Oaks foi urna aplicacao apropriacla das propostas dc

Skinner. Faltou-lhe base conceitual. E a gcncralizacao das proposias do Iivro para a rcalidadc priitica foi pobre e

cxagcraclamcnte contanunada por 1,actr6cs de COtTlpOrtarnento, sensibilidade a rcforçadorcs e praticas dc contingências cocrcitivas tipicas de comuniclades pré-Walcien 1\vo. A seguncla

experiencia, Los 1 Jo/cones, foi instalada no Mcxicc) cm 1977.

lxiste ate hoje, enfrentando urna

série de pr()l)!ctflas cjuc a lcgiuniou COnK) Urna experlencia honcsta, flcl ts propostas dc

11"a/de,i Two, maS COin urna organizacao arbitraria (clue se propôs, scm sucesso, a ser natural), pondo em dcivida SC 0 cotidiano em Lns 1-lorcone.c se

caracteriza mesmo pela operacao das contingéncias de rcforcamcnto dcscritas por Skinner no Ii/den 7)ro.

A seguncla caracterIstica peculiar em Walden Two C que 0

plancjarnento c a implcmcntacao da cornunidacle descrita por Skinner é completamente viive1. No Sc exigc investimentos

exagerados, na() Sc bascia cm tccnologia material sofisticada a

ser criada (corno em Adimr(ve/ Aiwulo Novo; 2001 uma Odisséia no Espa1o; 1984 etc.). Esscncialmcntc, a tecnologia necess/tria jt

existe, embora seja extremamente complexa c esteja em contInuo processo de dcscnvolvirnento. Eta envolve o conhecimento do ser humano a partir da análisc cicntIfica do comportarnento do horncm. Basicamente, o sucesso de Walden Two depende do dornInio do conhecimcnto da CiCncia do Comportarncnto 1-lumano - sua metodologia de pesquisa e seus produtos - c da ininterrupta continuidacie do exercIcio da Ciéncia do Comportamento para cstcndcr a comprccnSao do comportamento a partir dc pcSdlUiSa. Ad) rnCSfl1() tempo,

dcpcndc de urn profundo conhecimento da fliosofia da CiCncia do Cornportamcnto: 0 Bcha'viorismo Radical. 0 conjufltO filosófico cia obra de Skinner - ampliado por estuchosos de scus escritos - é urn rcfcrcncial consistente para sistcmatizar conccitualmcnte os ciados da CiCncia do Comportamento C

cstendC-los corn parcimonia, a fim de se elaborar uma comprcensao do ser humano, que pernhita ao homern uma vida meihor, em ambicntc fIsico c social prcservados c construIdos por etc para funcionar harmoniosamente em favor da gcraco presente C para scus descendentes. Frazier,

personagcm central do Iivro, auirma:

"0 (inico fato ciuc eu poderia gritar a todd) pulmo C que a Vida ldcal csii csperancio por nos. Eta nào depende de mudanca no governo ou das maquinaçoes no mundo da politica c ncm SC cstá aguardando urn aperfciçoarnento da natureza hurnana. Neste exato momcnto, temos as tCcnicas neccsstrias, tanto nlateriais coflo psicolàgicas, para criar urna

vida plena c satisfatOria para toclos." (1978, p-I96). Pertenço i geracão de 1968: a aiio cpie não term/non (citando

Zuenir Ventura), c1uc propunha movirnentos de contra-cultura e esnlos alternativos ao modo correntc de vida, não importando

Sc cram sonhos maicrializaclos cm expericnCias passageiras scm ncnhuma perspcctiva duradoura. 0 importante era mudar, já; a preocupacio corn o futuro ficava subjaccnte. Mas, isso

passou... os sonhos nao. Para mim, a essência de IF/a/den Two näo envelheceu.

Desde sua publicacão em 1948, muito mais se conhccc sobre 0 cornportamento humano. Novos dacios pocicriatt- ser incorporados ao plancjarnento de Walden Two intcgrando-se t evidCncia de que uina conuniclade se constroi corn comportarnentos de

pessoas, que produzem consec1üCncias, c'ue seiccionam cornportamcntos c cicsta mancira, tornam a sociedade heterogCnea, a partir das variaçOes comportarnentais

seiccionacias. A cssCncia da proposta dc !('a/den Two, poreni, permanece irretocável.

A criaco de urn novo IF/a/den Two poderia partir da proposta original de Skinner c, cm pouco tempo, as conungCncias de rcforcamento em operaco assunuriam Suas

funcOes c niodelariam o Nato I Va/den, alCm do piancjacio: real, possivel e em proccsso continuo de cvoluçio para... methor. Skinner pensou a essCncia. A nós poderia cabcr a impicrnentacão num contexto real.

"IF/a/den é nina soc/edade e.\peiirnenta/nãoporque seja fundada sobre urn experimenlo, rnasporque a experimentação ocorre constantemente dentro da mesma. Pouca coisa é considerada/ixa a/i. Seas coisas nãofwicionarn bern, c/as são ,,mdadas, noros métodos estão seiido constantemente lestados pam se ve,?/icar se são me/bores do que os anter/ores. Fmaier db que c/c p/anejoli Walden Two não como urn arqui/efo p/at; eja tern edffcio, mas coma urn cientista p/aneja urn eper/mento: a /o/oprao, incerto das cond/côes que enconlrará pc/a Inn/c, nias saliendo coiiio as Ira/ama quando czpareceinm (Freedman, 1973, p.63).

"Célula" de Walden Two

No penso rnais em construir urn IF/a/den Two utopico: em nenhum lugar ou net-n cm algurn outro lugar. Pcnso que o

Se me rdacionar bern corn as pessoas que me cercam, estarei arivarnente con tribuindo para qn'e urna "célula" de rela cionirnnto hutnano funcione corn caracrerIsticas de Walden Two.

Page 15: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

15

U/a/i/c,, injo possivel cstá proxilno: na minha casa, no ilicu

trabalh(,, cm todos os ambientes epic trcquento, cnfim. Os habitantcs do rneu I Va/i/en Tho são meus familiares, mcus amigos, incus colegas de trabalho, meus alunos, as pessoas corn as c1uais convi'vo cotidianarnente: o rapaz do caixa dii padaria; a mocinha que me serve café ou me vende urn livro; 0 rapaz cui(la do carro; o cartejro... Ncrn periso em muclar a socicciade gcral. Reconheço nicus hmites. Não Sou, p()rérn pessiniista. U/a/i/en Two iao CorlIecou corn 0 pressuposto de (IUC OS homens são naturalniente boris, sociaveis. Concordo corn irazier 1uando :ifirina que CnI U2 z/de,i 'In'o 11:10 estarnos:

'fih/ados t/u/osofia do bei ou do ma/mafos. ZIas temos fe em nossopoder de imidar o comportamdnlo humano. Podemos /ornar os homens aptos a ii ver em uwpo -pai-a a sa/lsJi-tho de todos. ks/a era a nossa J agora é amfulo. " (p. 199).

Sc me relacionar bern corn as pessoas que me cercarn, estarci at.ivamentc contribuindo para que urna "célula" de rein-cionamento hurnano funcione corn caracterIsticas de \X'aklen Two. ()s analistas de coinportarncnto não sornos poucos: muitas "células" dc I Va/den limo p0(1cm ser criadas. Qucrn sabe algumas podem ser "celulas-tronco" de uma v:lriação social. Nada precisa comccar dc forma muito complexa. .-\flna!, acre-di larnos cm mode]agcrn dc coniportarnento,j2idm-m e /uIin-on/dc estirnulos, em técnicas de mudanca gradual, enfim. Dois parnietros norteadorcs l)astariarn como porno de paruda para a ação iniciaclora. 1rn prirnciro lugar, a utilizacão dc cc)nnn-gcncias anicnas de rcforçarnento positvo. 0 reforço positivo forte tambem suhrnctc, escraviza C gera sent mentos exagerados dc ansic(Iade, de expcctativa, que são adversos. 0 reforco pc)sitivo arneno fortalece cornportamncntos de aproxirnacão, de cooperacão, coin rnIniim>s padrocs de contra-controle ou de fUga-esquiva e procluz sentimentos de hem-estar, satisfacão, liberdade etc. 0 segundo parãinctro norteador seria a minimizaçao do USC) dc contingéncias de reforcamento coercitivas, scrnpre buscando tornar amenos os eVeritoS avcrsivos - dentro dos lirnites de nosso poder. E preciso reco-nhecer qic é impossivel uma vida scm a prescnca de

contingencias de rcforçarnento aversivas, fIsicas e sociais; tambérn não ha eficácia em dcscjar, passivarnente, que o controle coercitivo dcixc de existir. 0 que se pode fazer é ernitir comportarncntos corn a função dc arncnizar a frequéncia e ititensidade das conseqüências aversivas e de desenvolver

padröcs apropriados de cornportamcntos dc fuga-esquiva e dc contra-controle sobre os comportamentos de urn

cC)ntrolador déspota. 0 enfoquc tias "células" dc Wa/c/en 'Iwo deve ser sobrc a análise e implementacão dc contingéncias dc

rcforcamento, poiS Silo estas as unidades de anãiisc c de intcrvcnção. São elas que produzem sentirnentos e comporta-memos. 1)cvidamcntc seiccionadas e irnpicrnentadas, as contingéncias de reforçamento procluzern hcrn-estar c desenvolvirnento comportamental para cacla pessoa e para os nicrnbros do grupo social, a curto e a longo prazo. Não basta, mas é urn corncco possIvcl e pronhissor. Afinal, se não formos capazes de prograrnar nosso pequeno mundo, pouco podcrcmiios fazer por urn mundo major.

Podemos cnccrrar corn as palavras do próprio Skinner (1978):

'1 opçiIo é c/ara: ou nâofaremos nada e admitimos que urn /iitniv miseráve/ e, pmovave/mente, cafastrojico urns srnpmeenda, ou empregarnos nosso conhecirneuito sobre o co/upou/arnento huiiiano para criar li/Il am/nenfe sodal em que /ei.aremos eidas produ/ivas d ci7allvas, scm corn isso comprometer a.cpossibi/idades daque/es que 1105 seuirem, para que possam faer o mesmo. "(p.66)

lieu0 José Guilharcli é Professor e Psicologo Clinico. ;\tua no Instituto de Terapia por ContingCncias de

Reforçarnento e Instituto de Análisc dc Cornportamcnto, Campinas - SP

Referéncias:

FFEEDSm\N, A. (1973) Unia Sociedade P/aug/ada: urna aná/ise dasproposiöes de Skinner. EDUSP: São Paulo.

KINCADE, K. (1974) A Wa/den Two Experiment: thefirst five years of 7 win Oaks (omrnuni'y. \Villiarn Morrow,

SKINNER, B. F. (1948) if/a/den II: urna sociedade dofuturo. 2" edição. Editora Pedagógica c Universitária Ltda.: São Paulo, 1978. Publicação original: 1948.

SKINNER, B. F. (1978) Reflections on Behaviorism and Society. Prentice-Hall: Englewood Cliffs.

Você enconrra outros textos de Hello J. Guilhardi no site: www.terapiaporcontingencias.com.br

Page 16: L) / TOfUTI - abpmc.org.brabpmc.org.br/arquivos/publicacoes/14600572835aaf461e33.pdf · "Quero aprender a ser passageiro descansado C tranciullo Corno urn Motorista conflantc c seguro

A Ai3i;ocLaçao Bra:;i kira de PicoeI apia

e viedicina Cc ipoi ainr.itaI e a

;oCiatK)t1 toi Behavior Aria! /3i3

Oferecem Palestras Gratiiitas Abertas Ao Püblico:

Data: 12/08/04 i.Cornolidar corn a criança birrenta: Quais os lirnites para aceitar o "não" do fliho.

Conferencista: Fátinia Cristina Conte - Psicóloga

2.Excessos comportamentais: Obesidacle e Cornpulsão por Compras.

Conferencista: Regina C. Wielenska - Psicôloga

Data: 13/08/04 3.I)esenvolvimento de habilidades sociais: Quando a timidez atrapaiha a

Vida afetiva, profissional e social. Conferencista: Eliane Falcone - Psicóloga

- 4.SIfl(IrOmC do Pnico: 0 terrIvel medo da ansiedade

Conferencista: Tito Paes de Barros Neto - Medico

Local: Jsjjjiuju E1uttgiont1 1s1JLeuI!LkI

}-V, BHItL0 dep itap 1 11'lt, i1753 CJ- L1fls1}iU-'H

Data: 12/08/04 IJ1) 5.Agressiviclade dojovern: Traco de caráter ou triste fruto da aprendizagern.

Conferencista: Vera Regina Lignelli Otero - Psicóoga

6.Relaç6es pais e filhos: Disciplina scm punição.

Conferencista: Maria Luiza Guedes - Psicóloga

Data: 13/08/04 7.A solidão das pessoas casadas: 0 silêncio entre os

immigos intimos. Conferencista: Maly Delitti - Psicologa

8 Auto estirna e auto confiança Como desenvo1v-1as,

mesmo depois de adutos. Conferencista: Noreen Aguirre - Psicóloga

Local: B 'isie.-i In 1tute •Cntio d RLln Jo.i FLIJIflO) 13 & CnflD

/

Inforrnaçöcs:

0 XIII Encontro da ABPMC será realizado corn a colaboraçäo de:

4, ; lip, CAMPI\A I3tisiess

Insttuto Educocionol locuIodo

FABER-CASTELL ono 1761

cfa Coda a iuiIa.

11SANASA C A M P I N A S