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INCOME SMOOTHING E COMPARABILIDADE DOS RELATÓRIOS
FINANCEIROS: EVIDÊNCIAS EM EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL
ABERTO
Alex Mussoi Ribeiro (autor de contacto)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Allison Manoel de Sousa
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Ernesto Fernando Rodrigues Vicente
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Carlos Henrique Silva do Carmo
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Autorizamos a publicação da comunicação no livro de atas do XVIII CICA, formato digital
Pretensão de apresentação com discussant
INTRODUÇÃO
Os relatórios financeiros são compostos por informações sobre operações das empresas
que são utilizados pelos usuários externos para auxiliar a tomada de decisões. As informações
contidas nestes relatórios são utilizadas pelas companhias para se comunicar com os usuários
externos (Healy & Wahlen, 1999). Estes relatórios, também, apresentam aspectos sobre a saúde
financeira das organizações, que são avaliados por estes usuários (Ge, 2009). Com isto, os
gestores podem gerenciar as informações apresentadas nos relatórios financeiros,
fundamentados em interesses difusos.
O gerenciamento de resultados pode ser utilizado para diferentes finalidades, como a
manipulação intencional das informações para enganar o mercado (Scott, 2009), o que implica
no prejuízo da qualidade dos relatórios financeiros (Healy, 1985, Jones, 1991, Dechow, Sloan
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& Sweeney, 1995). Uma forma de gerenciar resultados corresponde em suavizar os resultados,
ou mesmo, criar reservas de compensação para distorcer os resultados dos relatórios
financeiros. Isto pode ser feito a partir da manipulação do resultado líquido (Gordon, 1966) a
partir de métodos contábeis sensíveis a manipulação (Doupuch & Drake, 1966). Assim, a
suavização de resultados pode ser utilizada para não reportar o desempenho fidedigno da
empresa (Gordon, 1966).
Eckel (1981) menciona que existem dois tipos de suavização de resultados (natural e
intencional). O autor discorre que a suavização natural decorre das atividades operacionais da
empresa a partir do objetivo de geração de lucro, contudo, a suavização intencional é realizada
com interesses obscuros do gestor. Dechow e Schrand (2010) argumentam que quando há
impactos consideráveis nos resultados, a suavização intencional dos resultados prejudica a
qualidade dos relatórios. Schipper e Vincent (2003) ao considerarem a persistência dos lucros
como um dos aspectos da qualidade dos relatórios financeiros, argumentam que componentes
de transitoriedade (como a suavização intencional) diminuem a persistencia dos lucros e
prejudicam a qualidade dos relatórios.
Outras evidências empíricas apontam que a suavização prejudica outros tipos da
qualidade dos relatórios financeiros, como o conservadorismo. Suavizar resultados diminui a
capacidade de refletir dos eventos econômicos nos relatórios e tem influência no
conservadorismo (Gassen, Uwe Fülbier & Sellhorn, 2006). Almeida et al. (2012) encontraram
que empresas “não suavizadoras” possuem maior grau de conservadorismo condicional. Outros
trabalhos também encontraram resultado semelhante (Talebnia & Javanmard, 2011; Al-Taie,
Flayyuh & Talab, 2017). Ademais, a suavização intencional dos resultados, também, impacta
negativamente a transparência (Lang et al., 2012). Com isto, a suavização de resultados pode
diminuir a qualidade dos relatórios e, desta forma, afetar o processo decisório dos usuários
externos.
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O processo decisório dos usuários externos é fundamentado em duas decisões: alocar o
capital entre as alternativas, possíveis, de investimentos e dar continuidade ou não aos
investimentos existentes (Healy & Palepu, 2001). Assim, entende-se a necessidade do
investidor ao acesso ao nível informacional adequado com informações que tenham qualidade
e que, estes usuários, possam comparar distintas opções e poder escolher a alternativa mais
adequada. Fundamentado nisto, a comparabilidade se destaca como característica qualitativa
fundamental para a tomada de decisões pelos seus usuários.
O Financial Accounting Standards Board – FASB (2010) destaca que a comparabilidade
é uma característica qualitativa dos relatórios financeiros e possibilita identificar as
semelhanças e diferenças de, pelo menos, dois itens. Esta característica é importante para a
redução de custos de transação (Kang & Stluz,1997) e consiste no reflexo dos eventos
econômicos nos relatórios financeiros (Simmons, 1967; Barth, Landsman & Lang, 2008,
Beaver, Lambert & Ryan, 1987; DeFranco et al., 2011). Adicionalmente, a comparabilidade é
uma medida da qualidade da informação que está presente nas decisões que envolve
investimentos, além de ser relevante, ao influenciar a alocação de capital entre países (Yip &
Young, 2012; DeFond et al., 2011; Fang, Maffett & Zhang, 2015), facilitar as informações entre
países (Wang, 2014), diminuir o risco de futuro de crash (Kim et al., 2016), e aumentar a
qualidade das previsões dos analistas (DeFranco et al., 2011).
Embora haja diversos estudos teóricos e empíricos no que tange a influência da
suavização dos resultados na qualidade dos relatórios financeiros, como (Schipper & Vincent,
2003; Gassen et al. 2006; Tucker & Zarowin, 2006; Talebnia & Javanmard, 2011; Kolozsvari
& Macedo, 2016; Al-Taie et al., 2017), nenhum destes trabalhos investigou as características
qualitativas da informação, como a comparabilidade (necessária para o processo decisório).
Investigações recentes se aproximam do tema, como a de Sohn (2016) que constatou a
influência do gerenciamento de resultados por accruals e atividades reais na comparabilidade.
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Em outro estudo, Yang et al. (2016) também encontraram relação entre o gerenciamento de
resultados por accruals e a comparabilidade. DeFranco et al. (2011) mencionam que relatórios
mais comparáveis podem estar associados a maior qualidade dos lucros e menor suavização dos
resultados. Ainda, Ribeiro et al. (2016ª) e Yang et al. (2016) sugerem novas pesquisas que
investiguem a influência de tipos de gerenciamento de resultados na comparabilidade. Uma
destas formas de gerenciamento compreende a suavização de resultados.
No entanto, nenhum destes estudos se atentaram em investigar a suavização dos
resultados na comparabilidade. Cabe ressaltar, ainda, que parte dos estudos não separaram a
suavização natural da intencional. A partir destas discussões, esta pesquisa objetiva analisar a
influência da suavização intencional dos resultados na comparabilidade dos relatórios
financeiros.
Esta pesquisa apresenta contribuições ao discutir a influência da suavização na
qualidade dos relatórios financeiros, investigados em trabalhos como os de Schipper e Vincent
(2003), Gassen et al. (2006), Talebnia e Javanmard (2011), Kolozsvari e Macedo (2016), Al-
Taie et al. (2017). Complementarmente, a presente pesquisa apresenta uma ótica diferente, ao
analisar a suavização intencional dos resultados na comparabilidade, o que gera contribuições
para os trabalhos que mais se aproximam sobre este tema, como os de Sohn (2016) e Yang et
al. (2016).
2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INCOME SMOOTHING
A qualidade da informação dos relatórios financeiros é amplamente discutida, na qual
na década de 1960, o trabalho de Gordon (1964) discute que a suavização dos resultados pode
prejudicar a qualidade dos relatórios financeiros. O autor discorre que no momento em que há
possibilidade de realizar escolhas contábeis o gestor tem a oportunidade de suavizar os
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resultados, em que ele se utilizará desta ferramenta para manipular o lucro líquido da
companhia. Nesse sentido, o gestor poderá suavizar os lucros em períodos em que há o
resultado, acima da média, do lucro líquido para utilizar em períodos posteriores.
O gestor pode realizar a suavizar os resultados a partir de diferentes métodos de
contabilização, em que Dopuch e Drake (1966) ao analisar diferentes métodos, aponta que o de
custo é mais sensível a ser suavizado. Gordon (1966), comenta que as escolhas contábeis podem
ser utilizadas pelo gestor com intensão de não reportar fidedignamente o desempenho da
empresa e, por conseguinte, manipular o mercado. Diante dos primeiros estudos sobre a
suavização, o estudo de Copeland (1968) foi relevante ao demonstrar formas alternativas de
mensuração que podem ser utilizadas para suavizar resultados, além de sugerir que novas
pesquisas analisem a extensão e consequências da suavização. O autor destaca que ao fazer isto,
pode-se suscitar políticas que proteja os investidores de relatórios financeiros com resultados
suavizados.
Em uma nova perspectiva ao avançar a discussão sobre o tema, a investigação de Eckel
(1981) demonstra que há duas formas de suavização de resultados, natural e intencional. O autor
destaca que a primeira decorre das operações da empresa. A segunda corresponde a suavização
que decorre da manipulação dos gestores (Eckel, 1981). Esta forma de suavização se divide em
dois grupos (real e artificial), em que o autor destaca que a suavização real é realizada com a
finalidade de controlar os eventos econômicos, já a suavização artificial corresponde a
manipulação que não representa os eventos econômicos nos relatórios financeiros.
Quanto a manipulação de informações para o público externo, o trabalho de Ronen e
Sadan (1981) discorre que os gestores recorrem ao gerenciamento de resultados com a partir de
um objetivo preestabelecido. Um destes objetivos pode estar vinculado aos planos de
remuneração dos gerentes, em que o estudo de Healy (1985) sugerem que a alta incidência das
mudanças nas políticas contábeis após a adoção ou alteração do plano de remuneração dos
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gestores. Outro objetivo da manipulação de resultados corresponde ao uso dos resultados
obtidos no período atual em criar reservas de compensação nos próximos períodos, a partir dos
interesses dos gestores (DeFond & Park, 1997).
Com estudos que enfatizaram a relevância em se pesquisar a suavização de resultados,
foram desenvolvidas novas medidas que avançaram o desenvolvido por Eckel (1981). Uma
destas pesquisas foi a de Leuz, Nanda e Wysocki (2003), na qual desenvolveram uma métrica,
com base no de Eckel (1981), que mensura a suavização de resultados totais. A primeira
métrica, desenvolvida pelos autores, consiste na divisão dos desvio-padrão do lucro pelo
desvio-padrão dos fluxos de caixa operacionais. Esta métrica foi desenvolvida com objetivo de
captar a suavização de resultados a partir decisões a respeito dos ajustes contábeis e não dos
fluxos de caixa (Leuz et al., 2003). A segunda métrica desenvolvida pelos autores corresponde
a correlação entre os accruals e fluxo de caixa operacional. Esta métrica capta a
discricionariedade proporcionada pelas normas contábeis pode ser utilizada para encobrir
efeitos nos fluxos de caixa.
Outras pesquisas utilizaram adaptações do trabalho de Leuz et al. (2003) para mensurar
a suavização dos resultados, tais como os estudos de Land e Lang (2002), Francis et al. (2004),
Lang, Raedy e Wilson (2006), Myers, Myers e Skinner (2007) e Barth et al. (2008). Contudo,
esses estudos apenas analisaram as consequências da suavização total, sem separar a suavização
natural e intencional, assim como o trabalho de Leuz et al. (2003) e o seu precursor de Eckel
(1981). A partir disto, Lang et al. (2012) desenvolveram um modelo para que consegue separar
a suavização intencional da suavização natural. Os autores demonstram as consequências da
suavização intencional dos resultados, na qual apresentam que está negativamente associada a
transparência dos relatórios financeiros.
2.2 COMPARABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DAS HIPÓTESES
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As características qualitativas dos relatórios financeiros são necessárias para a tomada
de decisões. Uma destas características consiste na comparabilidade que possibilita identificar
as semelhanças e diferenças de pelo menos dois itens (FASB, 2010). Os relatórios financeiros
mais comparáveis são importantes, uma vez que o custo de obtenção de informações é reduzido
(Kang & Stluz,1997). Isto pode ser considerado um aspecto positivo e gera benefícios aos
usuários externos. Ressalta-se que a comparabilidade consiste no reflexo dos eventos
econômicos nos relatórios financeiros (Simmons, 1967).
O reflexo dos eventos econômicos nos relatórios financeiros é benéfico para os
investidores, uma vez que o auxilia na tomada de decisões (Barth et al. 2008). Este reflexo pode
ser observado ao analisar o comportamento do preço das ações, em que esta reflete mais
rapidamente os eventos econômicos que afetam as companhias do que o sistema contábil
(Beaver, Lambert & Ryan, 1987). Os autores destacam que isto se deve a publicação dos
relatórios financeiros de tempos em tempos para o público externo.
Diante disto, foram desenvolvidas métricas com a finalidade de mensurar a
comparabilidade dos relatórios financeiros. Uma dessas métricas corresponde à similaridade da
função contábil, desenvolvida por De Franco et al. (2011). Esta métrica foi bem aceita pelo
meio acadêmico, uma vez que capta o reflexo dos eventos econômicos nos relatórios
financeiros. Os autores argumentam que a similaridade da função contábil é fundamentada no
método de saída, dado estas informações são mais relevantes aos investidores.
Na parte empírica do trabalho, De Franco et al. (2011) demonstraram que informações
mais comparáveis aumentam a acurácia da previsão dos analistas. Assim, este modelo de
comparabilidade foi utilizado pelos pesquisadores em investigações no que diz respeito ao
analisar o comportamento da comparabilidade com a adoção do padrão contábil da IFRS
(DeFond, et al. 2011; Barth, Landsman, Lang & Williams, 2012; Yip & Young, 2012; Brochet,
Jagolinzer & Riedl, 2013; Ribeiro et al., 2016a; Ribeiro et al. 2016b).
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Estas investigações demonstraram que a adoção do padrão contábil da IFRS provocou
o aumento da comparabilidade dos relatórios financeiros. Isto ocorre devido a
discricionariedade no reconhecimento, mensuração e evidenciação dos eventos econômicos nos
relatórios financeiros, característica deste padrão contábil (Ribeiro et al., 2016b). Contudo,
entende-se que esta discricionariedade deve ser analisada com atenção, uma vez que pode ser
utilizada pelos gestores com a finalidade de manipulação do mercado. Sobre isto, DeFranco et
al. (2011) discorrem que a comparabilidade pode estar relacionada ao menor gerenciamento de
resultados.
Nesta circunstância, trabalhos analisaram a influência de diferentes tipos de
gerenciamentos de resultados na comparabilidade, como o de Sohn (2016). O autor encontrou
que o gerenciamento de resultados por operações reais aumenta enquanto o por accruals
diminui com o grau de comparabilidade. Já ao analisar outro ambiente institucional (com
empresas do mercado acionário chinês) Yang et al. (2016) encontraram relação entre o
gerenciamento de resultados e a comparabilidade. Assim, entende-se que o gerenciamento de
resultados pode resultar no aumento da comparabilidade. Os autores apontam como uma
limitação o não uso dos retornos, em que os resultados podem ser diferentes em empresas que
tenham liquidez e argumentam a necessidade de estudos sobre o tema.
Sobre o tema, DeFranco et al. (2011) destacam que o aumento da comparabilidade pode
estar associado ao menor uso da suavização de resultados pelos gestores pois é uma medida de
qualidade da informação. Fundamentado nisto, foram utilizados como apoio para as análises
realizadas nesta pesquisa as seguintes hipóteses:
H1: Existe uma relação negativa entre a suavização intencional dos resultados e a
comparabilidade dos relatórios financeiros.
H2: Existe uma relação negativa entre o uso de reservas de compensação da suavização
intencional dos resultados e a comparabilidade dos relatórios financeiros
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3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
3.1 Amostra e coleta de dados
O universo da pesquisa foi composto por todas as companhias brasileiras de capital
aberto da B3 que tinham informações disponíveis sobre o retorno de suas ações (necessária para
calcular a comparabilidade) entre 2010 a 2017. Com isso, a população foi composta por 157
companhias. Posteriormente, estas empresas foram discriminadas de acordo com o setor de
atividades econômicas a partir da classificação setorial North American Classification System
(NAICS). Classificação que compreende as empresas com atividades operacionais semelhantes,
utilizada como critério em outras investigações [ ver Lang, Maffett e Owens (2010), DeFranco
et al. (2011), Yip e Young (2012), Ribeiro et al. (2016a, 2016b)]. A partir desta seleção, foram
identificados 31 setores.
Escolheu-se os setores que apresentaram, pelo menos, 4 empresas, dado que o setor.
Ribeiro (2014) discorre que o setor deve ser um controle nos modelos multivariados da
comparabilidade. O autor menciona que é necessário um número mínimo de empresas por setor,
pois poucas empresas carrega os graus de liberdade e não traz variabilidade adequada para
mensurar a medida de comparabilidade. Assim, a amostra foi composta por 87 empresas de
treze setores distintos.
O intervalo de análise compreende a períodos trimestrais de 2010 a 2017, pois
compreende o período após a adoção do padrão IFRS no Brasil. O período inicial de análise foi
o primeiro trimestre de 2013, porque para mensurar a medida de comparabilidade, suavização
intencional de resultados e uso de reservas de compensação, necessitou-se utilizar dados
referente ao trimestre atual e aos 11 trimestres anteriores de cada empresa. Quanto a coleta de
dados, utilizou-se a base de dados Economatica®.
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3.2 Modelos de base do estudo
Para o cálculo da comparabilidade, recorreu-se a similaridade da função contábil
desenvolvida por DeFranco et al. (2011). Complementarmente, para mensurar a suavização
intencional dos resultados, utilizou-se a técnica desenvolvida por Lang et al. (2012).
3.2.1 Comparabilidade
A medida de comparabilidade consiste na desenvolvida por DeFranco et al. (2011), isto
é, a similaridade da função contábil. Para tanto, inicialmente foi estimada a função contábil de
cada companhia ao considerar os últimos 12 períodos trimestrais, conforme as adaptações que
constam no trabalho de Yip e Young (2012) ao substituir o valor de mercado pelo ativo total.
Esta adaptação, segundo os autores, também mantém as propriedades do trabalho original ao
capitar os reflexos dos eventos econômicos nos relatórios financeiros. Além disso, esta
adaptação também foi utilizada em outros trabalhos, como o de Ribeiro et al. (2016ª) e Ribeiro
et al. (2016b). Com isto, a função de cada companhia foi estimada conforme a seguinte equação:
𝑅𝑂𝐴𝑖𝑡 = 𝛼𝑖 + 𝛽𝑖𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑖𝑡 + 𝜀𝑖𝑡
Equação (1)
Onde:
ROAit = Lucro líquido trimestral do exercício sobre o ativo total do final do exercício companhia i no
período t não consolidado;
Retornoit = Retorno acionário final do exercício trimestral da companhia i no período t, calculado a partir
do preço de fechamento das ações ordinárias, ajustado para proventos e desdobramentos.
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Em momento posterior, estimou-se os parâmetros das funções contábeis individuais ao
projetar o ROA esperado [E(ROA)] das companhias, individualmente, com base nos resultados
da Equação 2. Desse modo, tem-se a equação para o cálculo do [E(ROA)].
𝐸(𝑅𝑂𝐴)𝑖𝑖𝑡 = 𝛼�� + 𝛽��𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑖𝑡
Equação (2)
Onde:
E(ROA)iit = ROA esperado da empresa i com os parâmetros da companhia i no período t;
Retornoit = Retorno acionário final do exercício trimestral da companhia i no período t, calculado a partir
do preço de fechamento das ações ordinárias, ajustado para proventos e desdobramentos.
O próximo passo consistiu em calcular o ROA esperado da mesma empresa com os
estimadores das demais companhias que são do mesmo setor, por meio da seguinte equação
𝐸(𝑅𝑂𝐴)𝑖𝑗𝑡 = 𝛼�� + 𝛽�� 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑖𝑡
Equação (3)
Onde:
E(ROA)iji = ROA esperado da empresa i com os parâmetros da companhia j no período t;
Retornoit = Retorno acionário final do exercício trimestral da companhia i no período t, calculado a partir
do preço de fechamento das ações ordinárias, ajustado para proventos e desdobramentos.
No momento em que se considera o evento econômico de uma empresa com os
estimadores das demais companhias do mesmo setor, tem-se como ideia que o evento
econômico constante se mantenha. A medida de comparabilidade das empresas consiste na
média da distância dos resultados obtidos a partir dos resultados da Equação 3 e 4, ao considerar
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o intervalo de período trimestral, ou seja, [E(ROAiit) – E(ROAijt)]. DeFranco et al. (2011),
colocam que quanto mais próximos os valores resultantes dessas duas funções, maior é a
comparabilidade entre as companhias. Com a finalidade de medir a comparabilidade das
companhias, ao considerar os seus pares, calculou-se a média da distância de cada função
contábil, ao considerar o intervalo do período trimestral a partir da seguinte equação:
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑖𝑗𝑡 = −1
12 ∑
𝑡
𝑡−11
𝐸(𝑅𝑂𝐴𝑖𝑖𝑡) − 𝐸(𝑅𝑂𝐴𝑖𝑗𝑡)
Equação (4)
Onde:
Compbijt = Medida de comparabilidade individual relativa da companhia i com base na empresa j no
período t.
E(ROA)iit = ROA esperado da empresa i com os parâmetros da companhia i no período t;
E(ROA)iji = ROA esperado da empresa i com os parâmetros da companhia j no período t;
Os resultados da Equação 5 correspondem as distancias médias das funções contábeis
de duas empresas pertencentes ao mesmo setor. Desta maneira, ao considerar o cálculo das
médias dos valores resultantes da Equação 5 de cada companhia, tem-se a média de
comparabilidade média de cada empresa, em que essa é calculada a partir da seguinte equação:
𝐶𝑂𝑀𝑃𝑀𝑖𝑡 =𝐶𝑜𝑚𝑝𝑏𝑖𝑗𝑡
𝑛
Equação (5)
Onde:
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COMPMit = Medida de comparabilidade de cada empresa em relação aos seus pares que pertencem ao
mesmo setor.
Compbijt = Medida de comparabilidade individual relativa da companhia i com base na empresa j no
período t.
n = Número de companhias do setor
Como expressado acima, foram realizadas adaptações do modelo original de DeFranco,
et al. (2011). Essas adaptações se referem ao intervalo de período, em que foi utilizado 12
períodos trimestrais ao invés de 16 períodos trimestrais como no trabalho original. Estudos
similares realizaram adaptações do modelo original, tais como Yip; Young (2012), Cascino e
Gassen (2012), Brochet, et al. (2013), e por fim, Ribeiro (2016ª, 2016b).
3.2.2 Income Smoothing
As medidas de income smoothing utilizadas nesta pesquisa consta no trabalho de Lang
et al. (2012) que apresenta duas formas para medir aspectos da suavização de resultados,
denominados de Smoothing 1 (SMTH1) e Smoothing 2 (SMTH2).
Os autores destacam que o SMTH1 capta a volatilidade dos lucros em relação aos fluxos
de caixa operacional no período, em que Leuz et al. (2003) e Francis et al. (2004), argumentam
que quanto mais as empresas utilizam os accruals para fins de gerenciamento de resultados o
lucro será mais suavizado em comparação aos fluxos de caixa final do exercício. Lang et al
(2012) apresentam que o SMTH1 consiste no desvios-padrão do lucro líquido do final do
período com os desvios-padrão dos Fluxos de Caixa Operacionais do final de cada período ao
utilizar um intervalo dos últimos três a cinco períodos anuais.
Nesse contexto, utilizou-se nesta pesquisa o intervalo de três períodos anuais, ou seja,
doze trimestres que compreende ao trimestre atual mais os onze trimestres anteriores. Além
disso, adaptou-se a variável original utilizada por Lang et al. (2012), ao aplicar a multiplicação
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por -1, em que isto foi necessário para que os maiores resultados correspondam as maiores
suavizações e os menores resultados compreendam as menores suavizações. Assim, torna a
medida mais intuitiva ao demonstrar que quanto maior a medida (SMTH1) houve maior
suavização dos resultados.
O SMTH2 é calculado a partir da correlação entre a Fluxo de Caixa Operacional do final
do período dividido pelos Ativos Totais com os Accruals Totais do final do período dividido
pelos Ativos Totais do final do período. Os autores colocam que no momento em que essas
variáveis estão negativamente correlacionadas os gestores podem estar utilizando reservas de
ganhos por meio dos accruals discricionários com objetivo de compensar esses resultados em
períodos de baixo desempenho.
Sobre isto, nesta pesquisa, da mesma forma que foi utilizado para o cálculo do SMTH1,
o SMTH2 foi calculado a partir da correlação entre a Fluxo de Caixa Operacional do final do
período dividido pelos Ativos Totais com os Accruals Totais do final do período dividido pelos
Ativos Totais do final do período do trimestre atual e dois últimos onze trimestres anteriores.
Ressalta-se que também foi adaptada a variável SMTH2 que consta no trabalho de Lang et al.
(2012), uma vez que foi aplicada a multiplicação por -1. Isto foi necessário para que a segunda
medida (SMTH2) também se tornasse mais intuitiva quanto a sua interpretação, pois com esta
multiplicação, quanto maior o resultado desta medida, maior uso de reservas de compensação
de resultados.
Com as medidas que captam a suavização dos resultados e uso de reservas de
compensação (SMTH1 e SMTH2, respectivamente) calculados, estas medidas foram
submetidas a Equação 1. A partir desta equação, pôde-se separar a suavização intencional de
resultados (SUAV1) da suavização natural dos resultados, em que estas duas somadas
compreendem a suavização total de resultados (SMTH1). Da mesma forma, com a Equação 1,
pôde-se discriminar o uso de reservas de compensação intencional (SUAV2) do uso de reservas
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de compensação natural, que compõe o uso de reservas de compensação totais (SMTH2).
Assim, realizou-se o cálculo da SUAV1 e SUAV2 que correspondem ao erro dos seguintes
modelos multivariados com a SMTH1 e SMTH2, respectivamente como as variáveis
dependentes, conforme consta no trabalho de Lang et al. (2012):
𝑆𝑀𝑇𝐻𝑖𝑡 = 𝑇𝐴𝑀𝑖𝑡 + 𝐷Í𝑉𝐼𝐷𝐴𝑖𝑡 + 𝑀𝐵𝑖𝑡 + 𝐷𝑃𝑅𝐸𝐶𝐸𝐼𝑇𝐴𝑖𝑡 + %𝑃𝑅𝐸𝐽𝑈Í𝑍𝑂𝑖𝑡 + 𝐶𝐼𝐶𝐿𝑂𝑖𝑡
+ 𝐶𝑅𝐸𝑆𝐶𝑅𝐸𝐶𝑖𝑡 + 𝐼𝑀𝑂𝐵𝑖𝑡 + 𝐹𝐿𝑈𝑋𝑂𝑖𝑡 + 𝜀𝑖𝑡
Equação (6)
Em que:
TAMit = Logaritmo do Ativo total do final do exercício;
DÍVIDAit = Dívida Total do final do exercício dividido pelo Ativo Total do final do exercício;
MBit = Market to Book do final do exercício;
DPRECEITAit = Desvio-padrão das Receitas do exercício dos últimos três períodos anuais da empresa i
no período t;
%PREJUÍZOit = Proporção dos períodos que houve resultado líquido negativo dos últimos doze
trimestres (3 anos);
CICLOit = Logaritmo do Ciclo Operacional final do exercício;
CRESCRECit = Crescimento da Receita do exercício;
IMOBit = Imobilizado do final do exercício dividido pelo Ativo Total do final do exercício;
FLUXOit = Fluxo de Caixa Médio dividido pelo Ativo Total do final do exercício;
ANOit = Períodos anuais, de 2012 a 2017.
Após a determinação da SUAV1 e SUAV2, os valores correspondentes a estas variáveis
(que compreendem ao resíduo da estimação da SMTH1 e SMTH2 da Equação 1) foram
transformados a partir dos seus respectivos resultados em módulo. Com isso, pôde-se verificar
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a distância do resíduo em relação a reta da regressão, em que, com a transformação em módulo,
quanto maior o resíduo, maior será a suavização intencional (SUAV1) e o uso intencional de
reservas de compensação.
3.3 Modelos empíricos e procedimento de análise de resultados
A variável dependente consiste na comparabilidade dos relatórios financeiros e as
variáveis de interesse consistem no SUAV1 e SUAV2. Na Tabela 1 constam as variáveis
dependentes e independentes do modelo multivariado.
Tabela 1. Variáveis dependentes, independentes utilizadas no modelo Variável Dependente
Variável Descrição Operacionalização Principais Referências
Comparabilidade
(COMPM)
Comparabilidade Individual
média pares do setor ROAit = i + iRetornoit + εit DeFranco et al. (2011)
Variáveis Independentes
Variáveis Descrição Operacionalização Principais Referências
SUAV1 Suavização Intencional dos
Resultados
SMTH1it= i + TAMit
+DÍVIDAit +PBRit+
DPRECEITAit+ %PREJUÍZOit
+CICLOit + CRESCRECit+
IMOBit+ FLUXOit + ANOit+ εit
Lang et al. (2012)
SUAV2
Uso de reservas de
compensação da suavização
intencional dos resultados
SMTH2it=TAMit +DÍVIDAit
+PBRit+ DPRECEITAit+
%PREJUÍZOit +CICLOit +
CRESCRECit+ IMOBit+
FLUXOit + ANOit+ εit
Lang et al. (2012)
Grau de
Alavancagem
Operacional
(GAO)
Medida que representa uma
medida de desempenho
operacional da estrutura de
custos da companhia
Lucro Bruto / (Lucro Bruto -
Despesas com Vendas e Despesa
Administrativas)
Sohn (2016); Francis,
Hanna e Vincent (1996);
Ribeiro et al. (2016a)
(2016b)
Price Book Ratio
(PBR)
Variável que mede a
expectativa de crescimento
do negócio para o mercado
Valor de Mercado / PL Contábil
Lee, Li e Yue (2006);
Mcvay, Nagar e Tang
(2006); Ribeiro et al.
(2016a); Ribeiro et al.
(2016b)
Tamanho (TAM)
Ativo Total de cada
companhia transformado
para sua base logarítmica
Logaritmo Neperiano do Ativo
Total
Watts e Zimmerman
(1986); Doyle, Ge e
McVay. (2007); Ribeiro
(2016a); Ribeiro (2016b)
17
SETOR
Variável do setor de cada
companhia com base na
classificação NAICS nível
2
Variável dummy que representa
os setores de atividade
econômica de cada companhia:
(0) Atividades auxiliares ao
transporte, (1) Construção de
edifícios, (2) Empresa de
eletricidade, gás e água,
(3)Imobiliária, (4) Indústria de
alimentos, (5) Indústria de
equipamentos de transporte, (6)
Indústria de fios e tecidos, (7)
Indústria de papel, (8) Indústria
de produtos de metal, (9)
Indústria de roupas, (10)
Indústria química, (11) Outras
indústrias, (12) Siderurgia e
indústria básica de outros metais.
Verrecchia e Weber
(2006); Bagnoli e Watts
(2010); Ribeiro (2014);
Ribeiro et al. (2016a)
(2016b)
A análise multivariada foi composta por variáveis de controle (grau de alavancagem
operacional, price book ratio e tamanho) ao considerar a relação com a comparabilidade que
constam nas investigações de Ribeiro et al. (2016ª) e Ribeiro et al. (2016b).
Para a análise dos dados, recorreu-se a regressão quantílica, com 20 replicações. Este
método também é mais adequado para analisar investigações que tratam sobre a qualidade da
informação contábil (Duarte, Girão & Paulo, 2017).
O número total de observações desta pesquisa corresponde a 1740, em que 183
compreendem a observações com informações insuficientes. Assim, a amostra contou com
1557 observações. Complementarmente, as observações foram submetidas ao tratamento
multivariado de outliers desenvolvido por Hadi (1992). Esse teste identificou 166 observações
como outliers, em que foram removidos da amostra devido ao fato de que os dados discrepantes
podem distorcer o resultado da análise. Assim, a amostra foi composta por 1391 observações.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Inicialmente, realizou-se a análise descritiva das variáveis que constam na Tabela 2.
Constata-se que a comparabilidade apresentou média de -3,109, diferente dos achados dos
trabalhos de De Franco et al. (2011), Sohn (2016), Fang et al. (2015) Ribeiro et al. (2016a),
Ribeiro et al. (2016b). A média e a mediana da comparabilidade são diferentes, uma vez que a
18
segunda medida apresentou resultado de -2,461, o que pode indicar que a comparabilidade
apresentou variação ao longo do lapso temporal desta pesquisa.
Por outro lado, as medidas de suavização SUAV1 e SUAV2 apresentaram médias e
medianas semelhantes, o que pode indicar que não houve variação ao longo do tempo. A
SUAV1 apresentou mediana de 0,643, o que pode ser considerado semelhante as evidências do
trabalho de Lang et al. (2012). Já a SUAV2 apresentou a mediana de 0,241 o que difere do
encontrado por Lang et al. (2012).
Tabela 2. Estatística descritiva
Variáveis Média Mediana Desvio-Padrão
Mínimo Máximo Obs. Overall Between Whithin
COMP -3,109 -2,461 2,001 1,842 1,137 -12,883 -0,387 1391
SUAV1 0,827 0,643 0,701 0,665 0,392 0,001 4,391 1391
SUAV2 0,273 0,241 0,205 0,125 0,166 0,000 1,047 1391
GAO 1,285 1,489 3,067 1,650 2,609 -13,837 16,400 1391
PBR 1,142 0,942 0,851 0,614 0,638 0,012 5,108 1391
TAM 14,911 15,058 1,568 1,632 0,149 10,185 17,999 1391
Ao analisar a comparabilidade ao longo do tempo, percebe-se que esta diminuiu a partir
de 2013. No ano de 2013 a comparabilidade apresentou média de -2,20; em que no ano de 2014
esta média foi de -2,80. Em uma análise por meio do teste de Wilcoxon, constata-se diminuição
significativa, ao nível de 5% da comparabilidade de 2013 para 2014. Em 2015 e 2016 a média
da comparabilidade foi de -3,18 e -3,68; respectivamente. Do mesmo modo, verifica-se houve
diminuição significativa, ao nível de 1%, da comparabilidade de 2014 para 2015 e de 2015 para
2016. Este fenômeno não ocorre apenas em 2017 (que registrou média da comparabilidade de
-3,81), em que os resultados não evidenciam diferença significativa da comparabilidade em
relação ao ano anterior.
Diferentemente, a SUAV1 e SUAV2, não apresentaram diferença significativa (ao
considerar o teste de Wilcoxon) ao longo do tempo, ao considerar o resultado médio do período
(anual) em relação ao anterior. A primeira variável apresentou média em 2013, 2014 e 2015 de
19
0,71; 0,84 e 0,82; respectivamente. Esse resultado é semelhante nos anos de 2016 e 2017, uma
vez que a média foi de 0,88 e 0,86; respectivamente. A segunda variável também apresentou
resultados parecidos ao longo do tempo, com 0,29; 0,28 e 0,27 em 2013, 2014 e 2015;
respectivamente. Resultado similar foi encontrado nos períodos de 2016 e 2017, em que a
SUAV2 apresentou média de 0,24 e 0,26; respectivamente.
Figura 1. Comportamento da comparabilidade, SUAV1 e SUAV2
Posteriormente, todas as variáveis foram submetidas ao teste de correlação de Pearson,
em que os resultados desta análise (não apresentados) sinalizaram que a variável com maior
coeficiente de correlação com a comparabilidade é o tamanho, com 0,445. Isto pode indicar que
as empresas com maior porte têm relatórios financeiros mais comparáveis. Ao analisar a
correlação entre o SUAV1 e SUAV2, observa-se que o coeficiente foi de 0,075. Resultado que
demonstra que estas variáveis possuem correlação fraca e são complementares, uma vez que
captam diferentes formas da suavização.
Na análise das variáveis independentes, constata-se que a correlação mais acentuada foi
entre a SUAV1 e tamanho, com -0,251. Resultado sugere que não há multicolinearidade entre
as variáveis independentes. O método estatístico de Variance Inflation Factor (VIF), também
foi utilizado para analisar indícios de multicolinearidade. Os resultados deste teste indicam que
o modelo tem valores abaixo de 5. Assim, não há indícios que as variáveis independentes não
são multicolineares, como sugerido por Fávero e Belfiore (2017).
20
Com isso, realizou-se a análise multivariada em quantis para a medida de
comparabilidade. Na Tabela 3 são apresentados os resultados dos fatores relacionados com a
medida de comparabilidade.
Tabela 3: Análise multivariada da comparabilidade
Variáveis
Comparabilidade
Quantil
0,10 0,25 0,50 0,75 0,90
Coef. Est T Coef. Est T Coef. Est T Coef. Est T Coef. Est T
SUAV1 -0,346 -2,18** -0,264 -2,39** 0,023 0,44 0,016 0,61 0,047 1,64
SUAV2 0,265 0,70 -0,022 -0,10 -0,071 -0,67 -0,102 -1,27 0,041 0,52
GAO -0,011 -0,78 0,005 0,35 0,006 0,94 0,007 0,93 -0,003 -0,55
PBR 0,006 0,08 0,071 1,31 0,019 0,49 0,052 1,99** 0,008 0,45
TAM 0,397 3,91*** 0,345 4,61*** 0,091 2,43** 0,051 3,29*** 0,032 2,70***
Constante -11,731 -6,88*** -9,021 -7,25*** -4,781 -9,98*** -3,711 -14,53*** -2,952 -13,20***
CS Sim Sim Sim Sim Sim
CPA Sim Sim Sim Sim Sim
R2 0,4354 0,4517 0,4374 0,4091 0,4018
Obs. 1391
Notas. CS = Controle de Setores; CP = Controle de Períodos Anuais; Obs = Observações; * significância ao
nível de 10%; **significância ao nível de 5%; ***significância ao nível de 1%. As regressões acima foram
estimadas por meio do método não paramétrico em quantis (0,10; 0,25; 0,50; 0,75 e 0,90). As constantes destes
modelos econométricos absorveram as seguintes variáveis: SETOR = Atividades auxiliares ao transporte e ANO
= 2013. Os modelos foram obtidos fundamentados a partir das seguintes equações:
COMPMit = + SUAV1it + SUAV2it + GAOit + PBRit + TAMit +CONSTRUÇÃOit
+ELETRICIDADEit + IMOBILIÁRIAit + 9INDALIMENTOSit + 10INDTRANSPORTEit + 11INDTECIDOSit
+ 12INDPAPELit + 13INDMETALit + 14INDROUPASit + 15INDQUIMICAit +
16OUTRASINDit + 17SIDERURGIAit 182014 + 192015 + 202016 +212017 + it
Os achados da Tabela 3 demonstram que a SUAV1 está negativamente relacionada
com a comparabilidade no quantil 0,10 e 0,25. Nos outros quantis (0,50; 0,75 e 0,90) a SUAV1
não está relacionada com a comparabilidade. Este achado comprova a H1, além de estar
conforme a literatura que trata sobre a suavização dos resultados é prejudicial a qualidade da
informação dos relatórios financeiros, como nos trabalhos de Schipper e Vincent (2003), Lang
et al. (2012) e Kolozsvari e Macedo (2016). Assim, constata-se que as empresas menos
comparáveis (que estão no quantil 0,10 e 0,25) são suscetíveis a diminuição da comparabilidade
dos relatórios financeiros quando há o aumento da suavização intencional de resultados.
21
Contudo, ressalta-se que as empresas mais comparáveis não são suscetíveis a diminuição da
comparabilidade.
Na análise da SUAV2, observa-se que esta variável não está relacionada com a
comparabilidade. Resultado que descarta a H2 além de diferir das evidências do trabalho de e
Almeida et al. (2012). Este resultado demonstra que quando os gestores fazem o uso das
reservas de compensação não prejudica a comparabilidade dos relatórios, o que faz com que os
investidores não tenham prejuízo no processo decisório. Isto pode estar associado a políticas
regulatórias mais rígidas quanto a governança corporativa e auditoria externa nos últimos anos,
em que Gaganis, Hasan e Pasiouras (2016) menciona que normas regulatórias mais rígidas
limitam a suavização de resultados. Com isso, entende-se que estas normas mais rígidas nos
últimos anos quanto a governança corporativa e auditoria externa no Brasil podem restringir o
uso da compensação de resultados pelos gestores ao ponto de não prejudicar a comparabilidade
dos relatórios financeiros.
O grau de alavancagem operacional e a comparabilidade não estão relacionados, em que
esse resultado está em desacordo com as evidências apresentadas por Ribeiro et al. (2016ª,
2016b). O price book ratio e a comparabilidade apresentaram relação positiva apenas no quantil
0,75; em que a comparabilidade dos demais quantis não está relacionada com o PBR, o que
diverge de Ribeiro et al. (2016ª, 2016b). No entanto, verifica-se que o tamanho está
positivamente relacionado com a comparabilidade. Resultado que diverge do trabalho de
Ribeiro (2016a), uma vez que demonstra que as empresas com maior porte são mais
comparáveis do que as companhias com menor porte. Assim, pode ser prejudicial aos usuários
externos quanto ao seu processo decisório, pois há diferença na comparabilidade a depender do
porte da companhia.
Adicionalmente realizou-se testes de sensibilidade, em que os resultados foram
similares ao calcular os accruals discricionários a partir da lógica que consta no trabalho de
22
Dechow et al. (1995). Realizou-se também testes adicionais apenas com as observações com
maior nível de suavização e uso de reservas de compensação (SUAV1 e SUAV2) ao considerar
as suavizações extremas igual ou superior ao percentil 75. Os resultados apontam que os níveis
de suavização e o uso de reservas de compensação não afetam a comparabilidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A suavização intencional dos resultados é uma forma dos gestores utilizarem da
discricionariedade dos itens que impactam nos resultados econômico-financeiros das
companhias. Com isto, suavizar os resultados pode impactar a qualidade da informação dos
relatórios financeiros e, por sua vez, afetar a tomada de decisões dos usuários externos. Um dos
itens que fazem parte da qualidade da informação dos relatórios financeiros consiste nas
características qualitativas, tais como a comparabilidade, que é um dos principais itens para a
tomada de decisões dos investidores. Embasado nesta lógica, a suavização intencional, assim
como, o uso de reservas de compensação pode afetar a comparabilidade dos relatórios
financeiros. A partir disto, este estudo teve como propósito analisar a influência da suavização
intencional dos resultados na comparabilidade dos relatórios financeiros.
As evidências apontam que a comparabilidade teve diminuição significativa na maior
parte do período analisado. Ao considerar a comparabilidade do ano atual com o ano anterior
isto persistiu entre o ano de 2013 até 2016. Diferentemente, a suavização intencional e o uso de
reservas de compensação não apresentaram queda diferença significativa ao longo do período.
Resultado que apresenta contribuições práticas aos usuários externos, uma vez que mesmo em
um período de desaceleração da economia brasileira não houve aumento ou diminuição da
suavização ou uso da compensação de resultados.
Outro achado corresponde a influência negativa da suavização intencional dos
resultados na comparabilidade apenas para as empresas que apresentam baixa comparabilidade.
23
Resultado que apresenta contribuições para as discussões sobre o tema apresentadas por
Schipper e Vincent (2003), Lang et al. (2012) e Kolozsvari e Macedo (2016), uma vez que os
autores apresentam evidências de que a suavização dos resultados é prejudicial a qualidade dos
relatórios financeiros. Além disso, apresenta contribuições práticas, uma vez que os usuários
externos podem compreender que as empresas que apresentam baixa comparabilidade são mais
suscetíveis a diminuírem este tipo de qualidade dos relatórios financeiros quando há maior
suavização de resultados, o que prejudica o processo decisório.
De outra forma, o uso da compensação de resultados não está relacionado com a
comparabilidade. Com isso, diverge das discussões que constam no trabalho de Almeida et al.
(2012), porém contribui com a academia ao demonstrar que o uso intencional, diferente do
abordado até o momento (uso total da compensação de resultados), no Brasil não influência na
comparabilidade dos relatórios financeiros. Ainda, este resultado apresenta uma implicação
prática, pois os investidores não são afetados pelo uso intencional da compensação dos
resultados no processo decisório ao considerar a comparabilidade. Isso pode estar relacionado
a maior rigidez dos sistemas de governança corporativo e da auditoria externa no Brasil nos
últimos anos, o que pode ter restringido o uso da compensação de resultados pelos gestores e
contribui com as discussões tratadas por Gaganis et al. (2016).
Este estudo não foi isento de limitações, na qual a amostra utilizada foi não
probabilística e não se pode generalizar os resultados. Outra limitação, assim como no estudo
de Ribeiro et al. (2016ª) compreende em não considerar possíveis políticas contábeis que afetam
o resultado abrangente e que o intervalo de pesquisa corresponde a um período de desaceleração
da economia. Assim, sugere-se analisar os reflexos de outros tipos de qualidade da informação
na comparabilidade, bem como, a influência de aspectos macroeconômicos nesta característica
qualitativa da informação contábil.
24
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
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