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INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS E SOLVÊNCIA: ANÁLISE
DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Cristian Alexsandro Goncalves Silva (UFU)
Luciana Carvalho (UFU)
O setor elétrico merece destaque no que se refere ao seu papel para o
crescimento e desenvolvimento econômico brasileiro. Deste modo, o
objetivo do trabalho é construir um índice de desempenho para 4
distribuidoras brasileiras de energia elétrica e identificar o risco de
insolvência sob luz da teoria. Os resultados obtidos, sugerem que a
margem líquida, bem como a participação de capital de terceiros são
fatores influenciadores da rentabilidade. Ademais, os índices de
insolvência apontam que para estas empresas há um baixo risco de
insolvência.
Palavras-chave: 1) Solvência; 2) Indicadores econômico-financeiros;
3) Setor elétrico brasileiro.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
Diversos estudos mostram que a demanda de eletricidade mundial, nas próximas décadas,
poderá crescer a taxas superiores a 2% ao ano, diante de apenas 1% para a demanda total de
energia. No Brasil, o consumo de eletricidade cresceu a uma taxa média de 5,8% ao ano, de
1973 a 2011, enquanto a demanda total energética foi de 3,2%, e o PIB, de 3,4%, valores bem
superiores aos verificados no mundo. O consumo residencial, no Brasil, evoluiu, em média,
6,3%, enquanto o industrial, 4,0%, evidenciando um maior uso social da energia (FILHO,
2013; BONFIM, et al 2011).
Sendo o desempenho financeiro de tais companhias ligado diretamente a novos
investimentos e, portanto, está associado ao crescimento e desenvolvimento econômico
brasileiro. Optou-se, na análise por meio de índices econômico-financeiros para compreender
a relação entre endividamento, liquidez e rentabilidade destas companhias, bem como
delimitar o risco de insolvência destas empresas.
Segundo Bortoluzzi et al (2010), a avaliação de desempenho econômico e financeiro de
uma organização não é preocupação recente, uma vez que, com a acirrada competitividade do
mercado, é exigido cada vez mais um modelo de gestão pelo qual se consiga produzir
informações úteis e relevantes para a tomada de decisão, gerando, assim, uma rapidez maior
na resposta às constantes modificações do mercado.
Para Maitê Garcia et al (2012), embora o uso de indicadores seja recomendado, é
necessário avaliar, primeiramente, quais deles serão observados e de qual modo serão
combinados entre si para que se obtenha a informação mais precisa para a direção da
companhia.
Este trabalho busca, portanto, responder as seguintes questões: Quais os indicadores
econômico-financeiros mais significativos na avaliação e acompanhamento do desempenho
de 4 empresas do setor elétrico brasileiro? Qual a relação entre os principais indicadores
econômico-financeiros de 4 empresas do setor elétrico brasileiro? Qual o risco de insolvência
para as quatro empresas estudadas?
2. Referencial Teórico
O referencial teórico está dividido em duas subseções: indicadores econômico-
financeiros e modelos de previsão de insolvência.
2.1 Indicadores econômico-financeiros
A análise das demonstrações financeiras pautadas em índices como liquidez corrente,
rentabilidade sobre o patrimônio líquido e participação do capital de terceiros, é utilizada para
avaliar a performance da empresa frente a seu próprio histórico e a de seus concorrentes.
Para Matarazzo (2008), os diversos indicadores disponíveis podem ser classificados
entre índices de estrutura e liquidez, que determinam a situação financeira da companhia e
índices de rentabilidade, que fornecem informações sobre a situação econômica de
determinada empresa. O uso combinado destes índices constituem-se na técnica de análise
mais empregada no país. Ainda para o autor, não é essencial, entretanto, a utilização de
grande quantidade de índices, não sendo portanto necessário a extensão para mais que onze.
Neste sentido, para este estudo, foram utilizados dez índices, os quais são mostrados
no quadro abaixo:
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Quadro 1: Indicadores Econômico-Financeiros Utilizados.
INDICADOR CARACTERÍSTICA
Liq
uid
ez Liquidez Geral Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo/Passivo Circulante + Passível
Realizável a Longo Prazo
Liquidez Corrente Ativo Circulante/Passivo Circulante
Liquidez Seca Disponível + Aplicações Financeiras + Clientes de rápida conversibilidade em
dinheiro/Passivo circulante
Ren
tab
ilid
ade Giro do Ativo Vendas Líquidas/Ativo
Margem Líquida (Lucro Líquido/Vendas Líquidas) x 100
Rentabilidade do Patrimônio
Líquido
(Lucro Líquido/Patrimônio Líquido Médio) x 100
Rentabilidade do Ativo Lucro Líquido/Ativo
Est
rutu
rais
Participação de capitais de
terceiros
(Capitais de Terceiros/Patrimônio Líquido) x100
Composição do
Endividamento
Passivo Circulante/Capitais de Terceiros
Imobilização do Patrimônio
Líquido
(Ativo Permanente/Patrimônio Líquido) x 100
Fonte: Matarazzo (2008)
2.2 Modelos de previsão de insolvência
Para este estudo serão utilizados os indicadores desenvolvidos por Kanitz (1978),
Altman, Baidya e Dias (1979) e Sanvincente e Minardi (1998).
Altman, Baidya e Dias (1979) publicam o primeiro estudo valendo-se da análise
multivariada para a definição de problemas financeiros para empresas brasileiras. Os autores
utilizaram-se de um pool de 23 empresas com reconhecidos problemas financeiros e outras 35
sem problemas financeiros aparentes. Obteve-se, portanto, a utilização de 4 variáveis para a determinação da situação de
solvência das empresas, sendo elas:
X₁: Capital de giro Líquido/Ativo Total
X₃: Lucros antes dos juros e impostos/Ativo Total
X₄: Patrimônio Líquido/Exigível Total
X₅: Vendas/Ativo Total
Altman, Baidya e Dias (1979), chegaram, portanto, à seguinte fórmula para a
determinação da situação financeira das companhias estudadas:
Figura 1: Modelo de insolvência de Altman, Baidya e Dias (1979)
(1)
Onde, para resultados com Z abaixo de zero, é esperado que a empresa possua
problemas financeiros, valores de Z acima de zero, por sua vez, indicam que a empresa não
possui problemas financeiros.
Segundo Pereira (1983), o modelo desenvolvido por Altman, Baidya e Dias (1979),
consegue prever com precisão de 80% a insolvência de uma empresa.
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Sanvinvente e Minardi (1998) se valeram de uma amostra de 92 empresas negociadas
na Bovespa. Estas empresas foram analisadas mediante três diferentes análises discriminantes,
todas derivadas do modelo proposto por Altman, Baidya e Dias (1979). A primeira,
empregando dados de demonstrações financeiras publicadas um ano antes do pedido de
concordata, a segunda contava com dados de dois anos antes o pedido e a terceira de três anos
anteriores. O modelo obteve um nível de sucesso de 81,1% na classificação de empresas que
entraram com pedido de concordata, ante uma taxa de sucesso de 79,5% na determinação para
aquelas que não entraram em concordata. Esse estudo se utilizou da seguinte função:
Figura 2: Modelo de insolvência de Sanvicente e Minardi (1998)
(2)
Onde:
X₁: (Ativo circulante – passivo total)/Ativo total
X₂: (Patrimônio líquido – capital social)/Ativo total
X₃: (Lucro operacional – despesas financeiras + receitas financeiras)/Ativo total
X₄: Valor contábil do patrimônio líquido/valor contábil do exigível total
X₅: LAJIR/Despesas Financeiras
Desta forma, para empresas com Z acima de zero, é esperado que as mesmas
continuem em operação, para empresas com valores abaixo de zero, é esperado a ocorrência
de sérios problemas financeiros, levando ao risco destas irem à falência.
A técnica de insolvência de Kanitz (1978), entretanto, pode ser considerada como um
marco para o estudo de previsão de falências das empresas no Brasil, isto porque, procurava
responder quais são os melhores indicadores para a previsão de falências e ainda se os
balanços das empresas brasileiras são fidedignos.
Kanitz (1978) listou 516 indicadores que pudessem posicionar a empresa ante seus
pares, desta forma, para cada empresa, foi determinado o percentual de outras empresas que
superariam a empresa referência para cada índice utilizado, ou seja, para um percentual de
30% para a empresa referência, é esperado que esta entre em falência, não sem antes as outras
empresas que estão abaixo dela entrarem em insolvência primeiramente.
O autor utilizou-se do emparelhamento de empresas, tomando como base 21 empresas
solventes e 21 empresas insolventes, considerando um período de 1972 a 1974, sendo
analisado o balanço dos dois anos anteriores à falência. A análise empregada apontou para
diversos índices discriminantes de empresas em boa situação financeira que foram a falência,
destes índices se originou a fórmula abaixo, denominada como fórmula para cálculo da
insolvência das empresas, onde F é a variável dependente:
Figura 32: Modelo de insolvência de Kanitz (1968)
(3) Onde:
X₁: Rentabilidade do Patrimônio;
X₂: Liquidez Geral;
X₃: Liquidez Seca;
X₄: Liquidez Corrente;
X₅: Grau de Endividamento.
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O resultado obtido em F é levado, então, ao termômetro de Kanitz, indicando três
situações distintas: Solvente, Penumbra e Insolvente. Neste conceito, quando maior for o “F”
obtido, em melhor situação a empresa estará.
Para um intervalo intermediário, de 0 a -3, entretanto, o fator de insolvência proposto
por Kanitz não é suficiente para determinar o estado da empresa, mas entretanto é um
indicativo de que a sua situação financeira requer maior atenção.
Segundo Pereira (1983), o emprego da análise de Kanitz (1978) tem uma precisão de
apenas 74% na previsão de insolvência de empresas.
3. Método de Pesquisa Adotado
Para este trabalho, foi adotada a pesquisa descritiva, que se dá pela pesquisa
bibliográfica, documental e empírica. A abordagem do problema exibe teor qualitativo e
quantitativo.
A pesquisa tem o intuito de verificar e determinar os fatores e as correlações entre os
indicadores de desempenho econômico-financeiros, das empresas Tractebel, AES Tietê,
Cemig e Light, no primeiro trimestre de 2011 ao terceiro trimestre de 2013.
A coleta dos dados realizou-se por meio do balanço patrimonial e de demonstrações do
resultado do exercício, divulgados para acesso ao público nos sites da CVM e da BOVESPA,
como também nas páginas voltadas para o relacionamento com os investidores mantidos pelas
próprias companhias elétricas. Após a coleta dos dados, foram selecionados dez indicadores
de desempenho financeiro e econômico, de acordo com a literatura acerca do tema.
3.1 Base de dados e descrição das variáveis
Com intuito de compreender a relação dos indicadores econômico-financeiros de cinco
das principais empresas do setor elétrico brasileiro utilizou-se de demonstrações financeiras
trimestrais relativo ao período de 2011 a 2013, disponíveis no site da BOVESPA.
Foram utilizadas as teorias de Kanitz (1978), Altman, Baidya e Dias (1979) e
Sanvinvente e Minardi (1998) na delimitação de insolvências dessas companhias.
3.2 População e Amostra
O setor elétrico impacta diretamente no crescimento do PIB, da produtividade e,
portanto, da competividade do país ante ao mercado. Para este estudo foram escolhidas
aquelas empresas negociadas na BOVESPA, destacando as principais companhias
fornecedoras de energia elétrica para os mercados do sul e sudeste do Brasil, sendo elas:
Cemig, atuante principalmente no mercado mineiro; AES Tietê, no mercado paulistano;
Light, responsável pela oferta de energia para grande parte dos fluminenses; e Tractebel,
presente em vários estados do país, entre eles, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
4. Descrição e análise dos resultados
Este capítulo registra os índices financeiros calculados por meio das demonstrações
financeiras trimestrais, divulgadas pelas empresas Cemig, AES Tietê, Light e Tractebel, os
resultados estatísticos apresentados pelo aplicativo estatístico SPSS® versão 18.0, bem como
a aplicação destes índices financeiros nos modelos de previsão de insolvência Kanitz (1978),
Altman, Baidya e Dias (1979) e Sanvinvente e Minardi (1998).
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4.1 Estatísticas Descritivas
Observa-se, para a Light, uma constante evolução na participação de terceiros, acima
de seus pares, conforme gráfico 1, o que pode levar a um risco de insolvência acima do
observado no setor. A Light também possui a mais alta imobilização de patrimônio líquido
perante as quatro empresas estudadas, sendo possível afirmar que a empresa necessita de
capital de terceiros para efetuar seu giro comercial.
Embora a Light possua a maior participação de capital de terceiros em sua estrutura,
observa-se no gráfico 2 um perfil de dívida de longo prazo para a empresa, deixando-a
confortável em relação à geração de recursos para o pagamento do financiamento obtido com
terceiros. Observa-se, também, que a Cemig, ao longo do período que abrange o 4º trimestre
de 2012 até o 3º trimestre de 2013, mudou seu perfil de dívida de curto prazo para longo
prazo, embora ainda esteja entre as empresas que registraram maior comprometimento de
recursos de curto prazo para saldar dívidas dentre as empresas estudadas.
Para a liquidez geral das quatro empresas analisadas, observa-se, no gráfico 3 que
todas as quatro empresas analisadas se encontram em boa situação para honrar seus
compromissos, com boa solvência, com destaque para a AES Tietê, principalmente no 1º
trimestre de 2013. Mas oportuno observar que, em caso de retração da demanda, ou ainda, na
redução das tarifas, as empresas estudadas podem vir a ter dificuldades para honrar seus
compromissos, visto que seus ativos são, em geral, de difícil liquidez.
Gráfico 1: Participação de capital de terceiros
Gráfico 2: Composição do endividamento
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Assim como é observado no indicador de liquidez geral, os resultados para o indicador
de liquidez corrente, apresentados no gráfico 4, demonstram bom nível para as quatro
empresas estudadas, com destaque para a Light, que revela evolução neste índice em 2013. A
AES Tietê, em contrapartida, vê este índice cair a partir do 1º trimestre de 2011, quando
atingiu o maior resultado de todas as quatro empresas em todos os períodos do estudo.
O índice de liquidez seca, conforme gráfico 5, apresenta destaque para as empresas
Light, Tractebel e Cemig, que vem obtendo crescentes resultados neste índice a partir do 1º
trimestre de 2013, reforçando seu desempenho financeiro, o que aponta que, em um retração
da demanda, ou baixa na receita em decorrência da redução das tarifas, a empresa não
precisaria converter seu ativo de longo prazo para honrar seus compromissos de curto prazo, o
que preserva sua capacidade produtiva.
Os resultados para o índice giro do ativo, conforme gráfico 6, se apresentam bons para
as quatro empresas, com exceção do 4º trimestre de 2011 para a Cemig, quando a empresa
obteve prejuízo no período, a manutenção dos níveis deste índice se traduz em estabilidade
para o mercado, não mostrando retração do mesmo, o que se espera para um setor maduro e
consolidado com dificuldades de entrada e demanda assegurada, como é o caso do setor
elétrico brasileiro.
Gráfico 4: Liquidez corrente
Gráfico 3: Liquidez geral
Gráfico 5: Índice de Liquidez Seca
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É possível observar, no gráfico 7, que a empresa AES Tietê apresenta boa margem
líquida ante as empresas concorrentes, entretanto, também se observa uma piora neste
indicador ao decorrer do 4º trimestre de 2011 até o 3º trimestre de 2013. É possível avaliar
que a grande elevação da margem líquida da Cemig, no 4ª trimestre de 2012, deve-se às
receitas financeiras que se elevaram em 1027% em relação ao trimestre anterior.
A rentabilidade do patrimônio líquido, conforme gráfico 8, mostra-se prejudicada para
a Cemig no 4º trimestre de 2011, com recuperação nos trimestres subsequentes, a AES Tietê
observa uma elevação neste indicador desde o 4º trimestre de 2012, mantendo-a na liderança
neste indicador frente as demais.
Gráfico 6: Giro do ativo
Gráfico 7: Margem líquida
Gráfico 8: Rentabilidade do patrimônio
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Em linha com a margem líquida, ilustrada no gráfico 7, também é possível observar
que a AES Tiete é a empresa com melhor uso de seu ativo, conforme apresentado no gráfico
9, visto que a rentabilidade desta encontra-se em bom patamar ante a seus pares. A Cemig,
entretanto, registrou recuperação, ante o resultado ruim do 4º trimestre de 2011.
4.2 Índices de desempenho para empresas do setor elétrico
Em conformidade com a literatura sobre desempenho econômico e financeiro, foram
selecionadas dez variáveis para a construção do índice de desempenho do setor elétrico,
conforme quadro 1. Para a construção deste índice, utilizou-se o método de Nagar e Basu
(2002), também utilizado por Correia (2008).
Assim como os autores Nagar e Basu (2002) orientam, após obter os componentes
principais, foi realizado o cálculo do índice atráves da média ponderada dos K componentes
principais, em que os pesos representam os autovalores da matriz de correlação R, deste
modo:
(1)
os maiores valores indicam alta qualidade em indicadores econômicos e financeiros.
Desse modo, foi utilizada a seguinte equação:
(2)
Gráfico 9: Rentabilidade do ativo
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A tabela 6 revela que entre as quatros empresas, a AES Tietê apresenta um maior desempenho
econômico – financeiro. Enquanto o pior desempenho do índice é do LIGTH, o que é
corroborado pela baixa rentabilidade do ativo e baixa margem líquida frente a seus pares.
Tabela 1: Índice de desempenho econômico-financeiro
Cemig 0,60032-
AES Tietê 1,36440
Light 1,14760-
Tractebel 0,19250-
4.3 Análise de Solvência
Aplicando os indicadores encontrados ao modelo proposto por Kanitz (1978),
verificam-se bons resultados para as quatro empresas estudadas, conforme apresentados no
gráfico 10, com destaque para a Tractebel, que evidenciou estabilidade durante o período
compreendido entre o primeiro trimestre de 2011 e o 1º trimestre de 2013, quando registrou
crescimento no indicador até o terceiro trimestre de 2013, tornando a na empresa mais
solvente segundo o modelo proposto pelo autor, dentre as quatro estudadas no 3º trimestre de
2013. A Cemig, embora tenha estado como a empresa mais insolvente das quatro no período
compreendido entre o 3º trimestre de 2011 e 4º trimestre de 2012, ainda assim, mostrou-se
confortável, com grande recuperação, a partir do 1º trimestre de 2013.
O gráfico 11 demonstra os resultados obtidos quando aplicados os indicadores
financeiros ao modelo proposto por Altman, Baidya e Dias (1979), é possível observar que
estes resultados contrariam aqueles encontrados por Kanitz (1978), em especial aos resultados
das empresas Cemig e Light, pelos quais as duas empresas encontram-se insolvente na maior
parte do período analisado. O modelo, entretanto, confirma os resultados obtidos com o
modelo de Kanitz (1978), para a Tractebel, colocando-a como a empresa mais solvente da
amostra no 3º trimestre de 2013, com evolução desde o 2º trimestre de 2013. A AES Tietê, em
contrapartida, apresenta significativa queda nos dois modelos.
Gráfico 10: Insolvência das empresas de acordo com Kanitz (1968)
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Os resultados obtidos por meio do modelo proposto por Sanvincente e Minardi (1998),
conforme gráfico 12, contrariam, em grande parte, os resultados obtidos ao se aplicarem os
dados econômico-financeiros à luz das teorias propostas por Kanitz (1978) e Altman, Baidya
e Dias (1979).
Nesse modelo, a maioria das empresas se mostra insolvente, em especial, a AES Tietê
que apresenta resultados negativos em todo o período compreendido, o que, por este método,
a levaria a ser classificada como empresa insolvente. A Light, por sua vez, mostra-se solvente
durante todo o período analisado, com exceção do 3º trimestre de 2011, o que é também
observado no modelo proposto por Kanitz (1978), sem entretanto, ser diagnosticado neste
último a insolvência da empresa, conforme apresentado no gráfico 10. Ainda para a Light,
todos os modelos, com exceção do modelo proposto por Altman, Baidya e Dias (1979)
constatam evolução na solvência da empresa no período compreendido entre o primeiro
trimestre de 2013 e o terceiro trimestre do mesmo ano. Para o modelo de Altman, Baidya e
Dias (1979), esta evolução só acontece a partir do 2º trimestre de 2013.
5. Conclusão
As empresas do setor elétrico brasileiro têm papel fundamental na elevação do Produto
Interno Bruto, uma vez que o seu bom funcionamento proporciona a outras empresas a
produção e a comercialização de bens, fomentando o emprego e a elevação de renda. Em
raxão da importância estratégica destas companhias, é observado que muitas destas pertencem
a grandes grupos estrangeiros, como as empresas AES Tietê e Tractebel, ou então, são
controladas pelo governos estadual ou federal, como os casos da Cemig e Light.
Gráfico 91: Insolvência das empresas de acordo com Altman, Baidya e Dias (1979)
Gráfico 102: Insolvência das empresas de acordo com Sanvicente e Minardi (1998)
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Diante da medida provisória 579, que modificou a estrutura do setor, trazendo queda
expressiva do valor de mercado dessas companhias, geram-se dúvidas sobre a saúde
financeira de tais empresas. É necessário, portanto, a validação e o acompanhamento dos
indicadores financeiros de tais companhias, bem como da classificação do risco de
insolvências das mesmas
Esse resultado também corrobora a teoria de Matarazzo (2008), em que é
recomendado a utilização de, no mínimo, quatro indicadores, não ultrapassando onze para a
análise da situação econômico-financeira da empresa.
O conjunto de dez indicadores utilizados para este estudo pode ser substituído por três
fatores, os quais, nomeados de fator rentabilidade capital, fator liquidez e fator giro do ativo,
quando utilizados em conjunto, explicam, aproximadamente, 89% do total de variação dos
demais índices.
Observou-se que, de maneira geral, as quatro empresas, estudadas no período
compreendido entre o primeiro trimestre de 2011 e o terceiro trimestre de 2013, gozam de boa
saúde financeira, com bons índices de liquidez e boa margem líquida. As barreiras de entrada
neste mercado, naturalmente, impostas pela elevada necessidade de capital para a implantação
destas empresas são também um bom indicador do sucesso futuro destas empresas.
De modo geral, salvo os resultados obtidos pela modelagem dos dados por meio do
modelo proposto por Sanvincente e Minardi (1998), as empresas são qualificadas como
solventes, o que é corroborado pelos índices econômico-financeiros calculados.
Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que os objetivos propostos neste
trabalho foram atingidos.
Sendo os indicadores financeiros mais significativos na avaliação do desempenho
financeiro das empresas do setor elétrico brasileiro, o Retorno do Ativo e Retorno do
Patrimônio Líquido, além do indicador da Margem Líquida.
Embora os modelos de solvência estudados neste trabalho possam apresentar uma
redução na incerteza quanto ao futuro dessas empresas, a alta variabilidade nos resultados
entre um modelo e outro reforça que não existe, atualmente, um modelo único, capaz de
prever com certa segurança a solvência ou não das empresas. Assim, sugere-se a análise
conjunta destes modelos com os indicadores econômico-financeiros clássicos.
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