Índice - Comprar livros online | Editorial Presença · 2013-02-18 · 13 A FoME dAS EMoçÕES...

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Introdução A «fome» das emoções . Porque é que comemos . O sentimento de culpa . Emagreça o seu pensamento A decisão — É desta! . Da teoria à prática . Motivação em alta . Dieta 1, 2, 3 . O método . As opções A, B e C — escolha a sua . Os passos 1, 2 e 3 . As particularidades Passo 1 — O empurrão: emagrecimento rápido . Plano 1: detox . Detox — o que é e para que serve . Receitas dos 3 «S»: sopas, sumos e saladas Passo 2 — Emagrecimento sucessivo . Plano 2 . Os meus «pecados» . Exercício físico . Um ginásio em sua casa Passo 3 - Estabilização do peso . Plano 3 O ano tem 12 meses . Casos de sucesso . Especial «marmita» . Formas de enganar os olhos e a fome . O ponto de vista do cirurgião plástico . Receitas light para o corpo e para a carteira 11 13 15 25 35 41 41 61 66 66 67 67 68 71 71 76 77 95 95 101 102 104 115 115 121 122 125 127 129 134 ÍNDICE

Transcript of Índice - Comprar livros online | Editorial Presença · 2013-02-18 · 13 A FoME dAS EMoçÕES...

Introdução

A «fome» das emoções . Porque é que comemos

. O sentimento de culpa

. Emagreça o seu pensamento

A decisão — É desta! . Da teoria à prática

. Motivação em alta

. Dieta 1, 2, 3

. O método

. As opções A, B e C — escolha a sua

. Os passos 1, 2 e 3

. As particularidades

Passo 1 — O empurrão: emagrecimento rápido . Plano 1: detox

. Detox — o que é e para que serve . Receitas dos 3 «S»: sopas, sumos e saladas

Passo 2 — Emagrecimento sucessivo . Plano 2

. Os meus «pecados»

. Exercício físico

. Um ginásio em sua casa

Passo 3 - Estabilização do peso . Plano 3

O ano tem 12 meses . Casos de sucesso

. Especial «marmita»

. Formas de enganar os olhos e a fome

. O ponto de vista do cirurgião plástico

. Receitas light para o corpo e para a carteira

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Índice

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A vida é feita de objetivos. Vivemos em função de etapas — acabar um curso, arranjar trabalho, casar, ter filhos… Vivemos em função de momen-tos, como uma grande viagem, um fim de semana especial, um workshop ou um concerto imperdível. Além disso, move-nos o querer concretizar metas concretas, como comprar um carro ou conseguir uma promoção no trabalho. Para alcançar um objetivo, seja ele qual for, não basta cruzar os braços e esperar que a sorte nos bata à porta. Há que agir em função desse objetivo. Numa dieta é a mesma coisa. Se quer perder peso, tem de seguir o seu plano alimentar. Mas tem uma vantagem... Ao contrário do que acontece com alguns desejos demasiado ambiciosos, como ganhar o Euromilhões, na perda de peso depende apenas de si próprio. O mesmo é dizer: quer perder peso? Então perca... e conte com a ajuda da «Dieta 1, 2, 3».

Neste livro, considerei importante explorar alguns assuntos que continuam a boicotar uma dieta e que ainda são temas tabu: comer às escondidas, a vergonha, o sentimento de culpa. O «peso» que fica na consciência pode ser tão ou mais grave e sério do que aquele que é indicado nos ponteiros da balança. Quem come às escondidas, por exemplo, acha que mais ninguém o faz. Por isso, mergulha na vergonha, sofre com o sentimento de culpa e refugia-se no segredo. Posso garantir que muitas pessoas o fazem, e não só aquelas que são obesas. Ir à casa de banho para poder comer um chocolate, fazer desaparecer um quilo de gelado (e depois também a respetiva embalagem) e esconder de si próprio os doces que se leva do supermercado é muito mais comum do que pode imaginar! Leia os testemunhos das páginas seguintes e reveja comportamentos que lhe podem ser familiares… Vai acreditar no facto de que, afinal, não está sozinho!

Come sem fome, no sentido fisiológico? Até sabe quais são as razões que o levam a procurar na comida um subterfúgio, mas já tentou várias dietas e nunca conseguiu grandes resultados? Não se entregue, não adie mais a decisão de perder peso e não desista de si. Desta é de vez – e tem tudo para dar certo. Esta dieta foi pensada para quem decidiu agora emagrecer, mas também para quem já tentou e acabou por ficar a meio do caminho.

Introdução

Porquê uma dieta em três passos? Imagine que lhe pedem para subir para uma plataforma com dois metros de altura, sem ajuda. Não será, certamente, uma tarefa fácil... Mas, se até essa plataforma tiver três degraus, tudo parece mais simples. Um passo de cada vez. Se vão existir tropeções? Provavelmente, quase de certeza, porque ninguém é perfeito e porque a vida não corre sempre bem à primeira. O truque passa por, quando tropeçar, não se deixar cair. Cedeu à tentação, comeu o que não devia e mais do que devia? Então o segredo está em perdoar-se e em não se render ao sentimento de culpa. Levante-se e continue a sua dieta.

Na «Dieta 1, 2, 3», o primeiro passo consiste numa desintoxicação. Este passo dura, apenas, uma ou duas semanas — de acordo com o seu objetivo de perda de peso —, uns meros dias da sua vida que representam um enorme investimento em si. Cumprida esta primeira etapa, vai sentir no corpo a recompensa que o vai levar até ao segundo passo, que dura, no máximo, um mês. Vai implicar algum esforço da sua parte, mas os benefícios vão ser tantos, que compensa, e muito! Este plano não é uma experiência. É cumprido diariamente por centenas de pacientes. Vejo todos os dias o sucesso a entrar-me pelo gabinete, em forma de sorrisos e palavras felizes. Seria uma pena não partilhar a receita com tantos outros. No terceiro e último passo, aprenda a manter os bons resultados pela vida fora.

O propósito deste livro não é fazer com que o leitor acredite no facto de que é possível... perder peso e conseguir o corpo que há muito deseja ter. É, sim, dar-lhe a oportunidade de experimentar e ver o resultado com os seus próprios olhos.Não posso dizer-lhe que será fácil. Mas posso garantir-lhe que é possível, ou não fosse muitas vezes o impossível aquilo que nunca se tentou.

Dedique a si próprio estas semanas da sua vida e sinta na pele e no espelho os felizes efeitos deste desafio.

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A FoME dAS EMoçÕESSugestão: Enquanto lê, ganhe tempo e comece já a sua detox. Saiba como na página 71.

Costuma dizer-se que o coração tem razões que a própria razão des-conhece. Neste caso, eu diria que o estômago tem fomes que a própria fome desconhece!... Afinal de contas, quem nunca comeu sabendo que não tinha necessidade de o fazer?

Esta é apenas uma forma de introduzir a questão dos motivos que nos levam a comer para além da necessidade fisiológica. Se está a ler este livro, é porque não está satisfeito(a) com o seu peso. E, se apresenta quilos a mais para a altura que tem, então não é porque «está baixo(a)»…

Costumo dar o exemplo do automóvel. Se imaginarmos que somos um carro, os alimentos são o nosso combustível. São aquilo que nos faz andar. Então, devemos abastecer o nosso depósito em função da distância que vamos percorrer. Ou seja, se praticamente não saímos da garagem (se temos um estilo de vida sedentário), não vale a pena atestá-lo.

Na prática, porque engordamos? Porque comemos mais do que aquilo de que precisamos e que gastamos em energia. As calorias que ingerimos e que não queimamos transformam-se em gordura.

E, se engordamos porque comemos (de mais), então por que razões comemos (além dos motivos meramente fisiológicos)?

Come de mais, às refeições e fora delas. Prefere a comida que faz engordar aos alimentos que dão saúde. Quando o dia corre menos bem, está em situação de stress ou chega a casa e fica sozinho(a), consola-se com a comida, porque ela não refila. Isto acontece porque está a deixar que a

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IARA RODRIGUES

EscutE E aprEnda a distinguir Estas duas vozEs:

— Fome fisiológica = comer para viver = é a fome que vem do estômago, que determina a necessidade de reabastecimento do corpo e que está relacionada com a sustentação da vida.

— Fome emocional = viver para comer = é a fome psicológica, a que nos faz engordar, porque comemos além das necessidades energéticas, só porque estamos com alguma espécie de carên-cia ou problema emocional.

voz da fome emocional fale mais alto. A enorme maioria das pessoas com excesso de peso come por motivos emocionais, de diversas ordens.

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DIETA 1, 2, 3

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Quando as emoções comandam a vontade de comer, a fome é súbita e urgente. Muitas vezes, pede um alimento específico e a vontade não tem um fim. Acontece quando recorremos a alimentos, especialmente doces e gorduras, para encontrar algum conforto que compense a tristeza, as frustrações, a ansiedade, o sentimento de perda ou alguma inquietação. É uma atitude muito comum, mas nem sempre sabemos reconhecer que é isto que está a acontecer. E, mesmo que o percebamos, não conseguimos parar. Esta fuga para a comida proporciona algum prazer, mas ele é momentâneo e vem sempre seguido de frustração.

A comida pode proporcionar sensações agradáveis, mas estas duram breves instantes. Além de não resolver os problemas, só os agrava, porque faz engordar, fazendo piorar a saúde e a aparência. Os problemas continuam lá, mas a eles juntam-se o sentimento de culpa por ter comido exageradamente e uma autoestima cada vez mais baixa.

Gera-se então, muitas vezes, uma espécie de ciclo vicioso entre a ingestão compulsiva de alimentos muito calóricos e os sentimentos negativos, tal como acontece com outros casos de dependência. A comida torna-se um vício, como o álcool ou o tabaco, mas com uma agravante: podemos pedir ou convencer alguém a deixar de beber álcool ou de fumar, mas não podemos pedir a alguém que deixe de comer – pelo simples facto de que precisamos de comer para viver.

Existem casos relacionados com fatores biológicos, ou outros, que são descritos a seguir. Mas, nos dias que correm, as pessoas engordam sobretudo porque comem pela fome emocional. É sobretudo a estas

PorQuE É QuE CoMEMoS?

Fome emocional

Há várias razões, fatores externos e internos. Continuando a ler, vai identificar-se com alguns deles. Mas a grande vilã das dietas continua a ser a fome emocional. Pense bem… será que está a alimentar apenas as suas emoções?

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pessoas que este livro se dirige. Ao longo do livro, vai encontrar truques para enganar a fome das emoções e perder peso sem ter de deixar de comer tudo aquilo de que gosta.

compulsão alimentar

Quando a cabeça e os próprios gestos se orientam quase exclusivamente para a procura de comida de forma constante, então podemos estar perante um caso de compulsão alimentar.

A compulsão alimentar define-se por um impulso incontrolável para comer. A ingestão descontrolada de alimentos pode estar associada a transtornos alimentares como a bulimia nervosa, a compulsão alimentar periódica, entre outros. No caso da bulimia, depois dos ataques compulsivos, a pessoa vai purgar os alimentos ingeridos, provocando o vómito, recorrendo a laxantes e/ou «castigando-se» com uma grande carga de exercício físico. No caso da compulsão alimentar periódica, não existe uma direta preocu-pação com o corpo e o peso, e por isso não existe a necessidade de fazer desaparecer aquilo que se comeu. Porém, em ambos os casos, a vulnerabilidade emocional é significativa, provocando um enorme mal-estar psicológico e um iminente desconforto físico.

A compulsão alimentar é muito mais do que o simples gosto por chocolates ou a vontade de comer aperitivos ao serão. Alguns dos sintomas mais comuns são:

— Apetite exagerado.

— Descuido em termos de corpo e imagem.

— Vontade incontrolável de comer quando se está triste.

— Comer rapidamente, quase sem mastigar.

— Ter, ao comer, um prazer semelhante ao de uma criança quando tem um brinquedo novo.

— Arrependimento e tristeza depois de comer.

— Constrangimento social.

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DIETA 1, 2, 3

Binge eating é o nome que se dá aos ataques vorazes à comida. Durante um ataque de binge, a pessoa pode chegar a ingerir até dez mil calorias de uma só vez. As preferências vão para as guloseimas.

Geralmente, estes episódios têm um ciclo que se repete:

Vontade de comer – ataque rápido e/ou às escondidas – arrependimento – sentimentos de culpa e de raiva – depressão… e volta ao início.

Este é um problema que não escolhe sexo, nem idade, nem peso. No entanto, é mais comum entre as mulheres. Conheça o caso da Cristina…

cristina, 29 anos, coME Às Escondidas

Tenho 29 anos e como compulsivamente. Sempre fui rechon-chudinha – para não dizer gorda –, mas, até dada altura, isso não foi um problema.

Cresci no seio de uma família feliz. Connosco vivia a minha avó, que sempre me estimulou para a comida. Assim, redondinha, é que eu era bonita. Uma bela moça, como ela dizia sempre! Em minha casa, nunca faltaram os chocolates e os bolinhos. Lembro-me de cometer a proeza de enfiar um pacote de caramelos na boca e de todos se rirem.

Por volta dos 16 anos, comecei a não achar tanta piada aos comen-tários que ouvia na escola e tentei fazer a minha primeira dieta, que fui descobrir numa revista lá em casa. Não tive o apoio da família e não resultou.

Acabei o 12.o ano e fui à procura de trabalho. Comecei a perceber que era excluída por causa do meu aspeto. Tinha 1,58 m e pesava 87 kg. Acabei por ser aceite para o lugar de caixa num hipermer-cado em Lagos, a 100 km de casa. Aluguei um quarto e mudei-me. Encontrei alguma motivação e comecei a tentar cuidar de mim. Cheguei a perder 8 kg, mas não durou muito. Sentia-me, como hoje, sozinha, feia, gorda. Como sei que não podia, ou não devia, «enfardar» à frente dos outros, porque iam dar-me na cabeça, saía à hora de almoço. Dizia que ia almoçar a casa, porque tinha sopa e salada, mas na verdade ficava-me pelo carro, que estacionava fora do perímetro do hipermercado. Ali, tinha um autêntico es-

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conderijo de comida. Primeiro os salgados – rissóis, croquetes ou empadas. Quando os comprava de manhã, no café lá da rua, dizia para mim mesma que o fazia com o objetivo de poupar dinheiro no almoço. Depois, despachava as bolachas, os chocolates e os meus minicroissants com recheio preferidos. Mesmo quando chegava ao fim, não me sentia saciada, mas sentia-me horrível, nojenta, quase criminosa. Por outro lado, era gorda; que diferença faria mais um quilo ou menos um quilo?!

Há cerca de um ano, fui basicamente obrigada por uma colega a começar a acompanhá-la nas suas caminhadas ao longo da marginal, pelo menos dia sim, dia não. Aos poucos comecei a desinchar, a ficar menos flácida e a ganhar autoestima. Deixei de fazer aqueles disparates à hora de almoço, pelo menos de forma diária. Almoço com essa colega na cafetaria que abriu lá no hipermercado e ganhei o hábito de enganar a fome com água e chá, que tenho sempre numa garrafa junto a mim, na caixa. Atualmente peso 68 kg, mas continuo com o problema dos ataques noturnos. É rara a noite em que não acordo para me desforrar e atacar a comida que chego a deixar na gaveta da mesa-de-cabeceira. Alterno entre vários tipos de bolachas, mas o que não pode faltar é o leite condensado. Consigo comer uma lata inteira de seguida. Há pouco tempo, comecei a tomar comprimidos para dormir, para ver se não acordava e não comia, e até tem resultado, pelo menos em cerca de metade das noites. Mas sei que estou a fugir de mim própria e que não é assim que vou conseguir ultrapassar este problema que tenho com a comida. Não contei a ninguém, mas decidi procurar a ajuda de um nutricionista. Peguei no número e liguei, assim de repente. Tenho a primeira consulta na semana que vem…

Como vê, nem só os grandes obesos sofrem de compulsão alimentar. Tal como a Cristina, as pessoas que sofrem deste distúrbio não conseguem parar de ingerir alimentos, porque está fora do seu controlo. Depois da comida, ficam os sentimentos de vergonha, culpa, desilusão, raiva e re-pugnância em relação ao seu próprio corpo e ao seu comportamento.

AtEnçãO: Em relação à obesidade mórbida, também associada à com-pulsão alimentar, é uma doença complexa que camufla problemas psicológicos e físicos. Existe um desequilíbrio bioquímico dos neurotrans-

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DIETA 1, 2, 3

missores (que, de forma simples, são os mensageiros químicos do im-pulso nervoso) que controlam a saciedade. Se este é o seu caso, deve ser acompanhado por profissionais. Pode começar por um nutricionista, por um psicólogo ou por um psiquiatra.

Estamos num país tradicional e gostamos de manter certas tradições, como a de juntar família e amigos à mesa, sobretudo aos fins de semana. Geralmente, mesmo quem tem cuidado com a sua alimentação admite que acaba por comer de mais nestes dias. Começa-se com as entradas, que incluem, entre outras coisas, pão (muito pão), queijos e enchidos. Muitas vezes «comemos em calorias» só nas entradas mais do que deveríamos comer em toda a refeição. Depois vêm a sopa, os pratos principais e ainda as sobremesas, às quais é difícil resistir. Muitas vezes, o almoço arrasta-se até um lanchinho, que por sua vez acaba por se estender até ao jantar.

Em vários aspetos das nossas vidas, os nossos comportamentos e escolhas são influenciados pelas pessoas com quem nos relacionamos.

a tradição ainda é o que era

diz-me com quem andas, dir-te-ei o que comes

É certo que, se está a fazer dieta, não pode alinhar em tudo, mas também não precisa de assumir uma postura radical. Corte o mais possível nas entradas, preferindo comer um pouco de salada ou esperar pela sopa, que tem um elevado poder saciante. Acompanhe o prato principal preferencialmente com salada ou legumes. Na altura da sobremesa, já não vai ter fome. Mas, se não conseguir saltá-la, prefira uma peça de fruta. Se ainda ficar em sofrimento a olhar para «aquele» doce, pode provar apenas uma colherzinha e deixar a taça de lado.

truquE:

Saiba ainda que, se comeu demasiado ao almoço, deve cortar um pouco nas refeições seguintes. Uma coisa é certa. Se partilhar com a família a decisão de emagrecer, vai encontrar apoio, e isso é fundamental para resistir à tentação e contornar as ocasiões mais difíceis, como estas refeições coletivas.

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Deixamos de comer carne porque uma colega também o fez e ficou magra, vamos para um ginásio por causa da melhor amiga, e, nas jantaradas de grupo às sextas-feiras, alinhamos naquilo que a maioria pede: o pica-pau, os queijos, o pão torrado com manteiga e muita cerveja ou sangria. Um dado curioso, divulgado em estudos que foram publicados, aponta para que haja maior tendência para engordarmos se tivermos um amigo obeso. No mundo feminino, é interessante verificar que acabamos por ajustar aquilo que comemos, em quantidade e qualidade, ao facto de a pessoa mais próxima ser magra ou gorda.

Há pessoas que acabam por engordar em parte devido à sua profissão. Ou melhor, devido a hábitos relacionados com determinadas ocupações profissionais. Na lista das profissões em que mais se come «em trabalho», estão os advogados, os gestores e os empresários em geral, entre outros. À boa maneira portuguesa, almoça-se ou janta-se para falar de negócios… e, como é óbvio, geralmente estas refeições não passam por um prato de peixe grelhado com saladinha! Em prol do negócio, juntam-se à mesa colegas ou clientes. Come-se «muito e bem» e regam-se as refeições com (muito) bom vinho. Neste tipo de situação, não é fácil dizer que não… mas é possível resguardar-se.

quando comer Faz parte das «obrigações» proFissionais…

pEdro, 43 anos, da advocacia À oBEsidadE

Sou advogado e sempre tive tendência para engordar, mas até aos vinte e poucos anos jogava futebol três vezes por semana e con-seguia ir controlando o peso sem grande esforço. Hoje tenho cerca de 25 kg a mais.

Comecei a engordar depois de ter começado a trabalhar. Fazia

Junte-se a um amigo ou a uma amiga que precise de perder uns quilos e façam juntos a «Dieta 1, 2, 3». Combinem o dia em que começam e, a partir daí, estarão sempre lado a lado. Poderão comparar resultados, entusiasmar-se mutuamente com cada conquista e apoiar-se quando a motivação estiver a fraquejar.

truquE:

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DIETA 1, 2, 3

Por mais consciente que esteja de que não deveria cometer tal excesso, o Pedro, como tantas outras pessoas, deixa que o inconsciente tome conta da situação.

Quererá aquele pão simbolizar conforto? Tentação? Fuga? Seja qual for a resposta, a opção de não o fazer (neste caso, de não o comer) é sempre sua!

Sabendo que haverá muitos almoços e jantares e que passará longas ho-ras sentado à mesa, a decisão do que deverá ou não comer passa sempre por si. Afinal de contas, alguém o está a «obrigar» a comer?

parte do trabalho o encontro com potenciais clientes e os jantares tardios com os colegas de escritório, sempre com muitas entradas e um bom vinho. Tornou-se um hábito. Ao jantar, comia todos os dias um bom bife frito com molho suficiente para uma travessa de batatas e pão com fartura. Sabia que estava a engordar, mas não me importava. Para a vida de trabalho que levava, não me fazia diferença. E no trabalho tudo corria bem. Sou uma pessoa bem--disposta e confesso que tenho alguma capacidade para cativar. Alguns processos que correram bem foram-me fazendo subir na carreira e hoje estou bem na vida.

Comecei a ser acompanhado por uma nutricionista há dois anos. Nessa altura, fui empurrado pela família e concordei com a ideia de fazer dieta. Contei aos meus colegas e eles até começaram a colaborar. Desde então, mudei a minha alimentação, mas não consigo seguir à risca o plano alimentar preparado pela nutricionista. Ou melhor, aquilo que vai para o prato está de acordo com as regras de uma alimentação saudável, mas, muitas vezes, quando acabo de comer, fico com a sensação de fome. Mal chego a casa, recorro àquilo de que mais gosto de comer na vida, o pão. Não consigo resistir ao pão com manteiga, mesmo sabendo que ele foi identificado pela nutricionista como o meu grande inimigo.

Esta semana não está a correr nada bem. Tenho comido pão com manteiga todos os dias antes de dormir. Parece que nem me con-sigo deitar se não comer pelo menos duas grandes fatias.

Sei que não sou exemplo para ninguém. Em dois anos, só perdi cerca de 5 kg. Mas também sei que a culpa é minha.

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BEBida

Cerveja

Vinho branco

Vinho tinto

Champanhe

Whisky

Vodka

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12%

11% a 14%

11%

43%

40%

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144

170

500

462

tEor alcoólico calorias (kcal)/copo

Se saímos de casa a correr, com a agenda do dia de trabalho completamente sobrelotada, muitas vezes com a casa e até com filhos para tratar, dificilmente encontraremos tempo para cuidar da nossa linha. O ritmo frenético a ao qual vivemos acaba por nos levar a determinados hábitos alimentares favoráveis ao ganho de peso. Como não temos tempo, acabamos por não parar para almoçar, passando o dia inteiro a petiscar. Ou, então, acabamos por fazer refeições à pressa, fora de casa, ricas em alimentos gordos ou em doces.

Durante o último ano, quantas dezenas de vezes almoçou uma sopa, dois rissóis e um refrigerante, por exemplo? Ou um prego acompanhado por batatas fritas? Assim não há dieta que resista.

As bebidas alcoólicas têm muitas calorias e têm a particularidade de não fornecerem nutrientes essenciais ao organismo, ou seja, não alimentam. São as chamadas calorias vazias. Veja e assuste-se:

sempre a cem à hora

Concentre-se no que tem de ser feito e não se deixe levar pela fome e/ou pela «gula». Comece por pedir de imediato uma sopa ou uma salada, fugindo às entradas e aos aperitivos. Na hora de escolher um prato, opte por algo mais leve (por exemplo, um grelhado), e diga logo que não deseja batatas fritas, porque, se elas vierem para o prato, depois não conseguirá resistir-lhes. No final, abdique da sobremesa, ou escolha uma peça de fruta. O álcool também não é um grande amigo das dietas… Por isso, não tente acompanhar o ritmo dos restantes. Experimente intercalar o vinho com a água. Por cada copo de vinho, beba pelo menos um copo de água. Desta forma, acabará por beber muito menos.

truquE:

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Existem outras razões responsáveis pelo ganho de peso, mas são muito menos frequentes. É o caso do uso de certos medicamentos, como os antidepressivos, e causas hormonais.

É considerado um dos grandes males das sociedades modernas. Define-se como a diminuição ou a ausência de atividade física ou desportiva.

O ritmo acelerado dos dias contrasta com a inércia em termos de exercício físico à qual estamos sujeitos. Trabalhamos muitas horas, mas a maioria de nós passa o dia sentada ao computador. Andamos de carro, fazemos as compras através da internet e, à noite, o objetivo é conseguir descansar. Não há tempo para ir ao ginásio e, mesmo que haja, não apetece. Estamos tão cansados, que não nos apercebemos de que apenas a cabeça está exausta, não o corpo, que praticamente não se mexeu durante o dia.

e ainda…

o sedentarismo, um inimigo comum…

Adira à moda de levar o almoço para o trabalho. Desta forma estará a poupar dinheiro e terá a certeza de que pode cumprir o seu plano alimentar. Inclua na «marmita», por exemplo, um iogurte, uma peça de fruta e uma gelatina, para comer a meio da manhã e a meio da tarde. Programe as suas refeições e os seus lanches para prevenir contratempos e eventuais desvios alimentares.

truquE:

HElEna, 53 anos, o docE puXa o salgado

Para a idade que tenho, acho que até estou bem. Trabalho como secretária numa grande empresa, oito horas por dia. Ao fim da tarde, quando chego a casa, trato das tarefas domésticas, preparo o jantar para a família e, à noite, ainda gosto de aproveitar para fazer tricô. Foi um hábito que tinha perdido há muitos anos e que voltei a ganhar durante a adolescência das minhas duas filhas. Desde o momento em que lhes fiz as primeiras camisolas, as enco-mendas não pararam. Há uma década que me agarro às agulhas todas as noites, enquanto vejo televisão.

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Durante o dia, tenho preocupação com a alimentação. Almoço no refeitório da empresa e tenho sempre o cuidado de pedir o prato de dieta, e à noite costumo comer uma sopa e uma peça de fruta. A meio da manhã como uma maçã e a meio da tarde um iogurte e dois biscoitos. Parece tudo uma rotina muito saudável, mas ainda não contei tudo. Acho até que se não tivesse tantas regras, estaria muito gorda, porque tenho… uma questão… ou um problema. Não sei bem o que lhe chamar. Só sei que passo os serões a alternar entre os doces e os salgados. Não é que coma até rebentar, mas tenho dificuldade em parar.

Vou dar um exemplo: uma hora depois de jantar, enquanto faço tricô, como dois bombons. Depois de o sabor doce ficar na boca, sinto necessidade de comer algo salgado, e então levanto-me e como uma mão-cheia de amendoins. Continuo o tricô, mas fico a pensar naquela sensação de estar a precisar, dessa vez, de algo doce. Então, faço um chá e bebo-o, para distrair a atenção. Mas o chá puxa um bolo, e vou buscar um bocadinho, só uma fatia, pequenina, de bolo de chocolate. Fico outra vez com a boca doce e a sentir que é urgente comer uma coisa com sal. Vou à cozinha e como meia dúzia de babatas fritas de pacote. E por aí em adiante, até sentir o estômago demasiado cheio ou ir dormir com a sen-sação de que não havia necessidade de fazer aquilo…

Num jantar com um grupo de casais amigos, estavam a falar de di-etas e eu contei. Uma amiga confessou-me que também lhe acon-tece. A partir daí fiquei mais descansada. Não vou dizer que deixei de comer durante o serão, mas experimentei o truque dela, que é ir bebendo água pelo meio e reduzir as quantidades. Por exemplo, em vez de uma mão-cheia de amendoins, como só dois ou três. Resulta. E como me sinto bem com a minha figura, deixo andar este meu pequeno vício – ou particularidade, chamemos-lhe assim.

Sejam quais forem os seus motivos, vêm certamente acompanhados de um íntimo sentimento de culpa. Quer os motivos, quer os sentimentos de culpa, não são exclusivamente seus. Nas páginas que se seguem, descubra os testemunhos surpreendentes de pessoas iguais a si, «alimentarmente» falando. Vamos… pôr o dedo na ferida!