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16 ? OUTUBRO 2012 ANÁLISE SETORIAL INDÚSTRIA BRASILEIRA APOSTA NO AVANÇO TECNOLÓGICO PARA ENFRENTAR CONCORRÊNCIA Setor de H&P defende a adoção de nova postura para reduzir a dependência de fatores externos Por Mônica Costa O setor de máquinas e equipamentos tem sido duramente afetado pela crise econômica internacional e pela concorrência desleal, principalmente chinesa. Diante deste quadro, a indústria de hidráulica e pneumática também tem sofrido os impactos do fraco desempenho da área. Para a Câmara Setorial de Equipamentos Hidráulicos, Pneumáticos e Automação Industrial (CSHPA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o segmento nacional de máquinas e equipamentos, um dos maiores propulsores do setor de H&P, tem sofrido com os investimentos insuficientes, as altíssimas cargas tributárias e o câmbio desfavorável. “O setor de hidráulica e pneumática depende de inúmeros fatores, como o crescimento econômico em geral, linhas de financiamentos adequadas e, principalmente, investimento nas indústrias de máquinas e equipamentos, de transformação e base e nos setores agrícola, de construção, siderurgia, mineração, energia e automotivo, qualquer problema em uma dessas áreas, afeta o nosso desempenho”, aponta Valdevir Mangili, vice-presidente da câmara setorial. O desempenho do setor é um reflexo claro do comportamento econômico nacional nos últimos anos. Em 2008, com o avanço da economia brasileira, impulsionada pela forte demanda mundial por commodities agrícolas, pecuárias e minerais, que proporcionou ao país, o setor de H&P viveu o melhor período de sua história. No ano seguinte, no entanto, por conta da crise internacional, o faturamento da indústria nacional registrou uma queda de cerca de 30%. No ano seguinte, com o avanço no faturamento dos setores automotivos, metalúrgico e químico, entre outros, o setor registrou forte crescimento, atuação que se manteve em 2011 quando atingiu faturamento de cerca de R$ 1,5 bilhão, ou seja, um crescimento de 6% em relação a 2010. Entretanto, com a redução da demanda interna e a estagnação da economia internacional, as expectativas apontam para a estabilidade no resultado dos negócios nas áreas de hidráulica e pneumática em 2012. No acumulado do ano até o mês de julho, o setor apresenta queda de 3,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Assim, está muito difícil imaginar algum crescimento. Então o que se espera é que fechemos o ano com valores da mesma ordem que 2011”, calcula Mangili. O vice-presidente da CSHPA lembra que o principal fator para o comportamento mais tímido da economia setorial é a redução da participação de 60% para 40% do setor de máquinas e equipamentos na economia nacional, provocada principalmente pela invasão dos importados. Para reverter o quadro e buscar maior autonomia diante das instabilidades setoriais, o executivo defende investimento em novas tecnologias. “Embora haja um distanciamento entre o nível aplicado no Brasil em comparação aos países da União Europeia e da América do Norte, devemos apostar na diminuição do gap tecnológico”, diz. A mudança de postura deve estar baseada na introdução de produtos, sistemas e soluções de maior desempenho, mas com preços adequados ao mercado nacional. “Esperamos também um aumento na demanda por parcerias entre clientes e fornecedores para o desenvolvimento de novos produtos que devem imprimir maior competitividade às nossas máquinas e equipamentos. Além disso, a produção local de itens de maior consumo também deve estimular o avanço do setor”, conclui Mangili. Valdevir Mangili, vice-presidente da câmara setorial

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16 ? OUTUBRO 2012 ANÁLISE SETORIAL

INDÚSTRIA BRASILEIRA APOSTA NO AVANÇO TECNOLÓGICO PARA ENFRENTAR CONCORRÊNCIA Setor de H&P defende a adoção de nova postura para reduzir a dependência de fatores externos

Por Mônica Costa

O setor de máquinas e equipamentos tem sido duramente afetado

pela crise econômica internacional e pela concorrência desleal, principalmente chinesa. Diante deste quadro, a indústria de hidráulica e pneumática também tem sofrido os impactos do fraco desempenho da área. Para a Câmara Setorial de Equipamentos Hidráulicos, Pneumáticos e Automação Industrial (CSHPA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o segmento nacional de máquinas e equipamentos, um dos maiores propulsores do setor de H&P, tem sofrido com os investimentos insuficientes, as altíssimas cargas tributárias e o câmbio desfavorável. “O setor de hidráulica e pneumática depende de inúmeros fatores, como o crescimento econômico em geral, linhas de financiamentos adequadas e, principalmente, investimento nas indústrias de máquinas e equipamentos, de transformação e base e nos setores agrícola, de construção, siderurgia, mineração, energia e automotivo, qualquer problema em uma dessas áreas, afeta o nosso desempenho”, aponta Valdevir Mangili, vice-presidente da câmara setorial. O desempenho do setor é um reflexo claro do comportamento econômico nacional nos últimos anos. Em 2008, com o avanço da economia brasileira, impulsionada pela forte demanda mundial por commodities agrícolas, pecuárias e minerais, que proporcionou

ao país, o setor de H&P viveu o melhor período de sua história. No ano seguinte, no entanto, por conta da crise internacional, o faturamento da indústria nacional registrou uma queda de cerca de 30%. No ano seguinte, com o avanço no faturamento dos setores automotivos, metalúrgico e químico, entre outros, o setor registrou forte crescimento, atuação que se manteve em 2011 quando atingiu faturamento de cerca de R$ 1,5 bilhão, ou seja, um crescimento de 6% em relação a 2010.

Entretanto, com a redução da demanda interna e a estagnação da economia internacional, as expectativas apontam para a estabilidade no resultado dos negócios nas áreas de hidráulica e pneumática em 2012. No acumulado do ano até o mês de julho, o setor apresenta queda de 3,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. “Assim, está muito difícil imaginar algum crescimento. Então o que se espera é que fechemos o ano com valores da mesma ordem que 2011”, calcula Mangili.O vice-presidente da CSHPA lembra que o principal fator para o comportamento mais tímido da economia setorial é a redução da participação de 60% para 40% do setor de máquinas e equipamentos na economia nacional, provocada

principalmente pela invasão dos importados. Para reverter o quadro e buscar maior autonomia diante das instabilidades setoriais, o executivo defende investimento em novas tecnologias. “Embora haja um distanciamento entre o nível aplicado no Brasil em comparação aos países da União Europeia e da América do Norte, devemos apostar na diminuição do gap tecnológico”, diz. A mudança de postura deve estar baseada na introdução de produtos, sistemas e soluções de maior desempenho, mas com preços adequados ao mercado nacional. “Esperamos também um aumento na demanda por parcerias entre clientes e fornecedores para o desenvolvimento de novos produtos que devem imprimir maior competitividade às nossas máquinas e equipamentos. Além disso, a produção local de itens de maior consumo também deve estimular o avanço do setor”, conclui Mangili.

Valdevir Mangili, vice-presidente da câmara setorial

CONTROLADORES LÓGICO PROGRAMÁVEIS

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e temperatura, recebendo pulsos de medição do consumo de água e utilidades. Com até cinco canais seriais, permi-tem a comunicação com dezenas de protocolos diferentes dispondo de facilidade de conexão e podendo se conectar a vários tipos de sistema de gerenciamento. BCM Eletri-cidade e Automação Ltda. Tel. (51) 3374-3899. E-mail: [email protected]

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O s sistemas hidráulicos e pneumáticos caracterizam-se pela rápida evolução, são

adequados para diversos processos produtivos com aplicações desde a indústria automotiva, veículos para construção, robôs móveis, aeronaves, entre outros. A grande vantagem destes processos é o aumento da eficiência energética. “O uso de bombas de deslocamento variável controladas eletronicamente na hidráulica e o crescimento da micropneumática contribuíram para que diversos tipos de máquinas aumentassem sua eficiência energética”, aponta o professor Álvaro Prado, responsável pela cadeira de Hidráulica e Pneumática da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) de São Bernardo do Campo, SP. Segundo o especialista, muitas empresas têm investido na redução do consumo de energia em várias áreas, e a adoção de sistemas hidráulicos e pneumáticos surgem como fortes aliados. “São observados melhoramentos e aumento da eficiência de válvulas e bombas, com estudos sobre novos materiais e melhor desempenho nos comandos eletrônicos”, diz. Em sistemas hidráulicos, o desenvolvimento do controle load sensing para bombas de deslocamento variável chegou a resultar em economias de energia entre 15 a 35%. Tomadas em conjunto, essas melhorias podem reduzir significativamente o consumo de energia.Outro avanço importante no sistema hidráulico foi a introdução de sistemas eletrônicos para aumentar a eficiência e tornar o processo mais rápido, preciso e

confiável. A hidráulica é adequada para movimentos que exijam a aplicação de forças elevadas em períodos de tempo relativamente longos, por isso é comumente utilizada na automação pesada como siderúrgicas, metalúrgicas, máquinas de terraplenagem, transportes, navios, aviões, prensas e injeção de plástico e de outros materiais. Destaques para os sistemas de bomba de vazão variável, em substituição às de vazão constante, possibilitando mudança automática da velocidade da máquina, atendendo uma necessidade do mercado. “O sistema não é novo, mas a inclusão do comando eletrônico torna-o mais preciso e seguro” continua o professor Prado.A potência pneumática é geralmente utilizada nas indústrias onde as máquinas foram projetadas para funcionar com ar comprimido, embora outros tipos de gases inertes possam ser utilizados. Os sistemas acionados por processos pneumáticos não necessitam tanto dos sistemas eletrônicos, são mais rápidos e fáceis de produzir. São amplamente utilizados na indústria e hoje são muito comuns na automação de sistemas industriais completos. Podem ser aplicados, ainda, em outros setores, como mineração e construção civil. O professor da FEI explica que as mudanças nos conceitos de construção das válvulas a partir da micropneumática permitiram movimentos muito rápidos com grande precisão de parada, facilitando a robotização. “A micropneumática, por exemplo, é largamente usada na fabricação de componentes e peças no setor automotivo”, lembra o especialista.Com o risco de apagão, algumas indústrias que buscavam se estabelecer no País

adotaram equipamentos pneumáticos totalmente automatizados sem dependência de acionamentos elétricos. “Uma indústria do setor automotivo investiu em processos pneumáticos para evitar prejuízos na linha de produção e hoje contam com um processo de combustão interna para o acionamento dos compressores que abastecem o sistema pneumático. Não há riscos de apagão elétrico”, completa o professor.

Nova tendência para máquinas e equipamentos Entre as tendências do setor, há um crescente interesse em sistemas hidropneumáticos, que consistem na junção entre a força motriz da hidráulica com a precisão dos processos pneumáticos. Os sistemas hidropneumáticos já são utilizados há muito tempo em diversos tipos de acionamento, mas hoje ocupam um nicho de mercado de máquinas que necessitam de força de aplicação maior que a média obtida pelos sistemas pneumáticos e menor que o indicado para os sistemas hidráulicos. “A nova tecnologia de hidropneumática consiste na introdução de um sistema pneumático no controle do sistema hidráulico”, diz. Os chineses já patentearam o sistema que tem sido usado no mundo inteiro. No Brasil há estudos mostrando a eficiência do processo e a expectativa é de que nos próximos anos já haja máquinas e equipamentos operando a partir da hidropneumática no mercado interno. Entre as vantagens do sistema de controle, está o fato de ser mais barato que a válvula proporcional, que ainda tem preço elevado, inviabilizando sua aplicação em sistemas mais simples.

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