Indústrias Culturais E Internacionalização Da Econon Portug - AugMateus

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A cultura e a criatividade na internacionalização da economia portuguesa Relatório Final Augusto Mateus & Associados

Transcript of Indústrias Culturais E Internacionalização Da Econon Portug - AugMateus

  • A cultura e a criatividade

    na internacionalizao

    da economia portuguesa

    Relatrio Final

    Augusto Mateus & Associados

  • A cultura e a criatividade

    na internacionalizao

    da economia portuguesa

    Relatrio Final

  • ficha tcnica

    Ttulo

    A cultura e a criatividade na internacionalizao da economia portuguesa

    Novembro | 2013

    Promotor

    Gabinete de Estratgia, Planeamento e Avaliao Culturais

    Secretaria de Estado da Cultura

    Autoria

    Sociedade de Consultores

    Augusto Mateus & Associados

    Coordenao global

    Augusto Mateus

    Consultores

    Cristina Silva

    Joana Mateus

    Joo Romo

    Nuno Ferreira

    Susana Gouveia

  • ndice

    8 Parte I.

    Abordagem metodolgica

    10

    Todas as indstrias sero culturais e criativas

    18 Parte II.

    Posicionamento internacional no comrcio e na produo de ndole riativa

    20 Balana comercial riativa

    Grfico II.1. Exportaes e importaes riativas em Portugal | 2002 a 2011

    Grfico II.2. Evoluo das exportaes riativas face s principais fileiras exportadoras

    de bens em Portugal desde a ecloso da crise financeira internacional | 2008 a 2011

    Caixa II.1. Sobre o cabaz riativo

    28 Atlas das exportaes riativas

    Caixa II.2. Sobre privilegiar as tendncias e no os nmeros

    Tabela II.1. Evoluo das exportaes riativas de Portugal | 2002 a 2011

    49 Sobre a lngua portuguesa

    Grfico II.3. Evoluo dos produtos de indstrias criativas exportados por Portugal para

    pases de lngua oficial portuguesa | 2002 a 2011

    53 Atlas da produo riativa

    Grfico II.4. Produo riativa e nvel de vida: posicionamento internacional de

    Portugal e da UE | 2013

    Grfico II.5. Relevncia das produes riativas: posicionamento internacional de

    Portugal | 2013

    60 Parte III.

    Sinergia cultural

    62 Introduo

    Grfico III.1. Empresas exportadoras no setor cultural e criativo | 2011

    66 Capacitar

    Caixa III.1. Sobre a internacionalizao das artes portuguesas

    73 Promover

    Caixa III.2. Sobre a mobilidade internacional dos agentes culturais e criativos

    78 Conectar

    Mapa III.1. Exemplos de sinergias culturais no mundo

    87 Parte IV.

    Sinergia turstica

    89 Introduo

  • Caixa IV.1. Sobre a diferenciao, interao e segmentao

    90 Diferenciar destinos

    Caixa IV.2. Sobre o turismo como plataforma de exportao de Portugal

    99 Segmentar

    Caixa IV.3. Sobre o turismo e a economia da experincia

    103 Interagir

    Mapa IV.1. Exemplos de sinergias tursticas no mundo

    112 Parte V.

    Sinergia industrial

    114 Introduo

    Caixa V.1. Sobre o entendimento internacional de inovao

    120 Diferenciar produtos

    Caixa V.2. Sobre as 21 recomendaes para o design contribuir para o crescimento e a

    prosperidade

    126 Impregnar

    Caixa V.3. Sobre E.P.C.O.T., o Prottipo Experimental da Comunidade do Amanh

    132 Incentivar

    Caixa V.4. Sobre o papel da cultura e da criatividade na internacionalizao das

    empresas portuguesas

    Mapa V.1. Exemplos de sinergias industriais no mundo

    143 Parte VI.

    Concluses e recomendaes

    144 Diagnstico

    147 Potencial

    150 Estratgia

    156 Bibliografia e anexos

    157 Bibliografia

    170 Lista de boas prticas

    175 Questionrio

  • siglas e abreviaturas AICEP

    Agncia para o Investimento e Comrcio

    Externo de Portugal

    BRIC

    Brasil, Rssia, ndia, China

    Cnuced

    Conferncia das Naes Unidas para o

    Comrcio e o Desenvolvimento

    CPLP

    Comunidade dos Pases de Lngua

    Portuguesa

    FMI

    Fundo Monetrio Internacional

    INE

    Instituto Nacional de Estatstica

    I&D

    Investigao e desenvolvimento

    I&DT

    Investigao e desenvolvimento

    tecnolgico

    I+D+i

    Investigao, desenvolvimento e inovao

    OMC

    Organizao Mundial do Comrcio

    MIT

    Massachusetts Institute of Technology

    NACE

    Nomenclatura estatstica das atividades

    econmicas

    NESTA

    National Endowment for Science,

    Technology and the Arts

    PNUD

    Programa das Naes Unidas para o

    Desenvolvimento

    OCDE

    Organizao para a Cooperao e

    Desenvolvimento Econmico

    OMPI

    Organizao Mundial da Propriedade

    Intelectual

    ONUDI

    Organizao das Naes Unidas para o

    Desenvolvimento Industrial

    PME

    Pequenas e mdias empresas

    TIC

    Tecnologias de informao e comunicao

    Unesco

    Organizao das Naes Unidas para a

    Educao, a Cincia e a Cultura

  • AT

    ustria

    AU

    Austrlia

    BE

    Blgica

    BG

    Bulgria

    CY

    Chipre

    CZ

    Repblica Checa

    DE

    Alemanha

    DK

    Dinamarca

    EE

    Estnia

    EL

    Grcia

    ES

    Espanha

    EUA

    Estados Unidos da Amrica

    FI

    Finlndia

    FR

    Frana

    HR

    Crocia

    HU

    Hungria

    IE

    Irlanda

    IS

    Islndia

    JP

    Japo

    IT

    Itlia

    LT

    Litunia

    LU

    Luxemburgo

    LV

    Letnia

    MT

    Malta

    NL

    Pases Baixos

    NO

    Noruega

    PL

    Polnia

    PT

    Portugal

    RDA

    Repblica Democrata Alem

    RO

    Romnia

    RU

    Federao da Rssia

    SE

    Sucia

    SI

    Eslovnia

    SK

    Eslovquia

    UE

    Unio Europeia

    UK

    Reino Unido

  • Parte I

    Abordagem metodolgica

  • Aqui se expem os principais objetivos e metodologias desenvolvidas no presente estudo para

    revelar o papel da cultura e da criatividade na internacionalizao da economia portuguesa.

    No mbito do processo de programao nacional dos fundos comunitrios para o perodo

    2014-2020, importa clarificar as lgicas e as oportunidades de interveno das polticas

    pblicas cofinanciadas pela Unio Europeia atravs dos programas operacionais e regionais

    estabelecidos no Acordo de Parceria que podem promover o reforo mtuo do setor cultural e

    criativo e da economia portuguesa como um todo.

    O desafio criar as condies para que a cultura e a criatividade sejam chamadas a contribuir

    e a protagonizar o processo de reforo da internacionalizao e da competitividade do pas,

    seja pelo reforo da prpria internacionalizao do setor cultural e criativo, seja pelo reforo

    da internacionalizao da economia portuguesa atravs da inovao e da diferenciao.

  • O presente estudo tem como objetivo principal contribuir para fundamentar melhorias nas

    estratgias empresariais e nas polticas pblicas que permitam aproveitar o potencial da

    cultura e da criatividade enquanto instrumentos para fortalecer a competitividade no-custo

    do tecido produtivo nacional e para promover a internacionalizao das atividades

    exportadoras do pas.

    A crise de competitividade da economia portuguesa exige uma participao na globalizao

    muito mais ativa e articulada com a qualidade e sustentabilidade do desenvolvimento

    econmico e social interno.

    A economia mundial vive uma segunda grande fragmentao, agora das atividades no seio

    das diferentes cadeias de valor. O ritmo do crescimento econmico tornou-se muito mais

    desigual, muito mais forte nas economias emergentes do que nas economias mais avanadas.

    A natureza dos processos de criao de valor econmico tornou-se fundamental para

    garantir, ou no, nveis adequados de crescimento e de emprego.

    Nas economias mais avanadas, especialmente nas economias europeias sujeitas perda de

    dinamismo econmico induzida pelo envelhecimento da populao, a inovao e a

    diferenciao dos processos e dos produtos constituem um caminho inescapvel para voltar a

    crescer e a gerar empregos suficientes para satisfazer procuras sociais mais qualificadas.

    A economia baseada no conhecimento, o novo papel das cidades como espaos privilegiados

    de criao de riqueza e a crescente interpenetrao das atividades materiais e imateriais da

    produo de bens e de servios constituem realidades e propostas que devem ser levadas

    muito a srio.

    O futuro das economias europeias, bem como da economia portuguesa, depende

    decisivamente da respetiva capacidade em colocar a cultura, a criatividade e o conhecimento

    no centro das atividades econmicas.

    A acelerao da internacionalizao da economia portuguesa constitui uma condio

    necessria para a superao da crise estrutural de competitividade da economia portuguesa.

    A internacionalizao do prprio setor cultural e criativo obviamente decisiva nesta viragem

    para o exterior da economia portuguesa. No plano interno, e mesmo sem incluir o crescente

    dinamismo da revoluo digital, o setor cultural e criativo um dos mais dinmicos da

  • economia portuguesa, comparando bem na gerao de riqueza com outras fileiras

    emblemticas do tecido produtivo nacional, como o setor txtil e do vesturio, o setor da

    alimentao e bebidas ou o setor automvel1 .

    No entanto, o que verdadeiramente importante nesta investigao no isolar o contributo

    do setor cultural e criativo para o esforo de internacionalizar, mas reconhecer que a

    articulao entre a cultura e a criatividade constitui um dos principais fatores crticos de

    sucesso na internacionalizao de todas as restantes atividades e setores econmicos do pas.

    A inovao e a diferenciao so decisivas para promover a competitividade no-custo, a

    competitividade valor, e elas dependem da combinao entre a mobilizao do

    conhecimento, a valorizao da cultura e o fomento da criatividade, seja ao nvel do capital

    humano, seja ao nvel da organizao das empresas.

    A economia, toda ela, ser cultural e criativa no futuro das sociedades progressivas.

    O presente estudo tem assim como objetivo preparar adequadamente o novo ciclo de

    programao estrutural onde importar reconhecer abertamente o carter transversal da

    cultura e o papel produtivo das atividades criativas.

    Os fatores avanados de competitividade so escassos e diferenciados e desenvolvem-se

    endogenamente de forma cumulativa. Os seus efeitos de arrastamento difundem-se para

    montante e para jusante contribuindo de forma poderosa para dinamizar toda a atividade

    econmica (efeitos de spillover, formas de eficincia coletiva, consolidao de ambientes

    empresariais mais favorveis).

    A economia cada vez menos um caminho entre matrias-primas e produtos acabados, mas

    uma mistura cada vez mais explosiva de inovao e de diferenciao. Neste sentido, todas as

    indstrias sero culturais e criativas ou simplesmente no persistiro.

    Cada vez mais exposta concorrncia internacional dos baixos custos da sia e do leste

    europeu, a economia portuguesa s pode gerar um ciclo virtuoso de crescimento quando as

    atividades produtoras de bens e de servios transacionveis forem capazes de tirar partido

    dos fatores mais avanados de competitividade ligados inovao e diferenciao, atravs

    da mobilizao da investigao, do conhecimento, das competncias, da criatividade, do

    patrimnio e da cultura.

    1 A sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados teve a oportunidade de medir, pela primeira vez, a relevncia da

    criatividade e da cultura para a criao de riqueza e de emprego no estudo promovido pelo Ministrio da Cultura O setor

    cultural e criativo em Portugal. De acordo com a configurao do setor cultural e criativo ento proposta, foi estimado um

    contributo nacional de 2,8% para a riqueza e de de 2,6% para o emprego no ano de 2006. O lanamento da conta satlite da

    cultura, que a Secretaria de Estado da Cultura entretanto promove com o Instituto Nacional de Estatstica justificar,

    certamente, um novo olhar sobre a relevncia das atividades culturais e criativas na economia portuguesa.

  • Para superar a crise de competitividade, crucial combinar com maior coerncia a promoo

    de exportaes, a substituio de importaes e a utilizao dos recursos endgenos como

    fontes de valor acrescentado e de melhores empregos.

    Em vez de simples aes centradas em empresas, em produtos ou em setores considerados

    individualmente, o reforo da capacidade concorrencial do tecido empresarial deve ser

    incentivado atravs de formas de eficincia coletiva, aliceradas em redes empresariais

    colaborativas de partilha de experincias, de capacidades, de custos e de riscos, bem como em

    lgicas de aglomerao (clusters).

    As questes relacionadas com a natureza do crescimento - inteligente, inclusivo e sustentvel

    - e a qualidade da especializao econmica - ligao entre atividades de conceo, produo

    e distribuio - constituem a marca distintiva das grandes orientaes comunitrias para o

    ciclo de programao estrutural 2014-2020.

    neste contexto que a competitividade e a internacionalizao da economia portuguesa

    ganham protagonismo em matria de crescimento e de emprego.

    Constituem prioridades atribuio dos fundos comunitrios o incentivo ao investimento

    empresarial em inovao, criatividade, internacionalizao e formao; o reforo das

    capacidades de investigao e inovao; o desenvolvimento das ligaes e sinergias entre

    empresas, centros de I&D e o ensino superior; a melhoria da conetividade internacional da

    economia portuguesa e a modernizao da administrao pblica, visando a reduo dos

    custos de contexto2 .

    Nesta nova gerao de financiamento da Unio Europeia, o setor cultural e criativo s tem a

    ganhar com a secundarizao das condies potenciais de competitividade (a envolvente, as

    infraestruturas e os equipamentos) face valorizao das empresas como efetivos agentes

    portadores de competitividade.

    Aceitando o pas o repto da inovao e da diferenciao, a diversidade cultural e o talento

    criativo aplicados aos mais diversos setores de atividade da economia portuguesa tm todas

    as condies para protagonizar a nova estratgia econmica de utilizao dos fundos

    comunitrios.

    O presente estudo sobre a cultura e a criatividade na internacionalizao da economia

    portuguesa procura ento suportar um aprofundamento da sua relao com o

    2 Resoluo do Conselho de Ministros n. 33/2013

  • desenvolvimento econmico, com reflexos nas opes estratgicas e no desenho operacional

    do prximo exerccio de programao estrutural.

    Em causa est, nomeadamente, a articulao entre os domnios do crescimento inteligente,

    sustentvel e inclusivo, e a articulao entre a cultura e a criatividade e as estratgias de

    especializao regional inteligente, onde se aprofunda a interpenetrao entre as atividades

    de investigao, cincia e tecnologia e as atividades empresariais.

    Mais do que limitar a investigao internacionalizao do designado setor cultural e

    criativo, importa revelar o papel da cultura e da criatividade no reforo da competitividade

    internacional dos bens e dos servios com que o tecido empresarial portugus se impe nos

    mercados externos, da msica ao turismo, do cinema ao calado, do artesanato cincia.

    A cultura3 e a criatividade4 so aqui entendidas no seu carter mais amplo e ubquo,

    enquanto elemento transversal e decisivo ao reforo da internacionalizao da economia

    portuguesa atravs da inovao e da diferenciao.

    Importa reter que esta maior interao que se prope entre a cultura e a economia no

    pretende substituir ou subverter os valores e as liberdades consagrados pelas atividades

    culturais e artsticas a qualquer princpio mercantilista. Em causa no est a apresentao de

    um caminho alternativo, mas a sugesto de um caminho suplementar que alargue e

    aprofunde o espao vital do setor cultural e criativo no processo de desenvolvimento do pas.

    O estudo ser sobre o que a prxima gerao de fundos comunitrios pode fazer pela

    internacionalizao da cultura e da criatividade portuguesas. O estudo ser tambm sobre o

    que a cultura e a criatividade podem fazer pela gerao de riqueza e de emprego do pas

    durante o perodo de programao 2014-2020.

    O que vai criar emprego na economia portuguesa um crculo virtuoso gerado a partir

    daquilo em que somos fortes, virando-nos para fora a partir de dentro. Vamos para a

    globalizao com aquilo que somos.

    com a nossa cultura, com a nossa histria, com o nosso conhecimento, com a nossa

    criatividade que poderemos produzir bens e servios com grande valia escala global.

    3 Na definio da Porto Editora: (1) conjunto de costumes, de instituies e de obras que constituem a herana de uma

    comunidade ou grupo de comunidade, ou (2) sistema complexo de cdigos e padres partilhados por uma sociedade ou um

    grupo social e que se manifesta nas normas, crenas, valores, criaes e instituies que fazem parte da vida individual e coletiva

    dessa sociedade ou grupo. 4 Na definio da Porto Editora: (1) capacidade de produo do artista, do descobridor e do inventor que se manifesta pela

    originalidade inventiva, ou (2) faculdade de encontrar solues diferentes e originais face a novas situaes

  • As atividades culturais e criativas podem, ainda, desempenhar um papel de grande relevncia

    na qualidade da articulao entre os programas operacionais organizados numa base regional

    e os programas operacionais organizados numa base temtica no prximo acordo de parceria

    2014-2010. Para que tal acontea, necessrio formular objetivos que sejam suficientemente

    concretos e diversificados em cada uma dessas escalas.

    O presente estudo sobre a cultura e a criatividade ser, por isso, desenvolvido com uma

    preocupao especfica de detalhe e de desagregao para evitar a produo de concluses e

    sugestes que sejam demasiado globais e genricas para serem teis.

    Para alm da produo e sistematizao de elementos atualizados de informao estatstica e

    de diagnstico sobre o setor cultural criativo e a sua interpenetrao com as restantes

    atividades econmicas, o presente estudo visar propor medidas concretas capazes de

    integrar a programao dos fundos estruturais para 2014-2020 pelo seu contributo para a

    internacionalizao da economia portuguesa.

    A investigao sobre o papel da cultura e da criatividade na internacionalizao da economia

    portuguesa procura suportar um aprofundamento da relao entre cultura e desenvolvimento

    econmico, com reflexos nas opes estratgicas e no desenho operacional do prximo

    exerccio de programao estrutural numa dupla perspetiva:

    Em primeiro lugar, trata-se de suportar um tratamento do setor cultural e criativo que

    corresponda aos seus desafios e necessidades especficos no quadro das orientaes j

    assumidas em termos de prioridades concedidas competitividade e

    internacionalizao da economia portuguesa;

    Em segundo lugar, trata-se de suportar o reconhecimento estratgico e operacional da

    cultura e da criatividade para promover a inovao e diferenciao das restantes

    atividades e setores econmicos.

    O relatrio comea por apresentar os resultados do levantamento exaustivo da evoluo do

    comrcio internacional de bens e de servios culturais e criativos na ltima dcada e do

    posicionamento que Portugal revela no contexto europeu e mundial em termos de bens e de

    servios considerados criativos pelas estatsticas internacionais.

  • A Conferncia das Naes Unidas para o Comrcio e o Desenvolvimento (Cnuced), a

    Organizao Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o Programa das Naes Unidas

    para o Desenvolvimento (PNUD) ou a Organizao das Naes Unidas para a Educao, a

    Cincia e a Cultura (Unesco) so das organizaes que mais tm contribudo para o complexo

    desafio de capturar o potencial econmico e criativo atravs das estatsticas internacionais.

    Os constrangimentos e lacunas que se mantm nas bases de dados atualmente existentes

    para comparao do desempenho de Portugal no mundo devem ser levados em considerao

    na abordagem metodolgica ao captulo que aborda o posicionamento internacional de

    Portugal no comrcio e na produo de ndole riativa.

    Por riativo entende-se tanto o cabaz de bens e de servios considerado pelas estatsticas de

    comrcio internacional da economia criativa da Conferncia das Naes Unidas para o

    Comrcio e o Desenvolvimento (Cnuced) como o cabaz de indicadores que valoriza o pilar da

    produo criativa no ndice mundial da inovao promovido pela Organizao Mundial da

    Propriedade Intelectual (OMPI), Cornell University e INSEAD. O riativo pretende assinalar

    a restritividade das fontes estatsticas internacionais face amplitude com que os conceitos

    de cultura e de criatividade so abordados no presente estudo.

    As bases de dados atualmente disponveis no conseguem captar plenamente os impactos

    diretos e indiretos da cultura e da criatividade na internacionalizao da economia

    portuguesa. Mas a comparao destas estatsticas internacionais permite, desde j, revelar

    algumas das principais dinmicas da ltima dcada e identificar foras e fraquezas do caso

    portugus no contexto europeu e mundial.

    O potencial de extroverso que a cultura e a criatividade podem oferecer no processo de

    reforo da internacionalizao da economia portuguesa, seja no reforo da sua prpria

    internacionalizao, seja no reforo da internacionalizao da economia portuguesa atravs

    da inovao e da diferenciao, explorado em trs domnios de investigao:

    Em primeiro lugar, so identificadas boas prticas internacionais de iniciativa

    pblica, privada ou conjunta, de reforo da internacionalizao do setor cultural e

    criativo. O foco vai aqui para a sinergia cultural, ou seja, para a relevncia que o

    reforo da cooperao dentro do setor cultural e criativo e o esforo simultneo e

    coletivo dos diversos agentes e entidades culturais podem assumir na efetiva

    internacionalizao das indstrias culturais e das atividades criativas;

  • Em segundo lugar, so identificados benefcios do reforo da contribuio da cultura e

    da criatividade para o aprofundamento competitivo dos produtos tursticos e da

    contribuio do turismo para a internacionalizao do setor cultural e criativo. O foco

    vai aqui para a sinergia turstica, ou seja, para a relevncia da cultura na atrao de

    turistas e para a relevncia do turismo como plataforma exportadora;

    Em terceiro lugar, so identificados benefcios da cultura e da criatividade para a

    competitividade no-custo das grandes atividades de especializao do tecido

    produtivo nacional e para a internacionalizao da economia portuguesa,

    designadamente nas atividades consolidadas do setor exportador nacional. O foco vai

    para a sinergia industrial, ou seja, para a relevncia que uma aliana entre a indstria

    e a criatividade pode desempenhar na inovao e na diferenciao da produo de

    bens e de servios com grande valia escala mundial.

    No centro da anlise esto as formas de cooperao ou sinergias, enquanto ao conjunta de

    coisas, pessoas ou organizaes, especialmente quando o efeito superior ao que obtido

    atravs da totalidade das aes separadas de cada uma das partes5.

    Esta fase da investigao sustentada pelo levantamento e sntese da literatura existente e

    incluiu a auscultao de empresas exportadoras de bens de consumo sobre o grau de

    envolvimento com a cultura e a criatividade em setores como moda, alimentar, cermica,

    qumico ou matrias plsticas.

    Este relatrio visa contextualizar a dimenso estratgica e operacional das medidas de

    promoo da internacionalizao a implementar no contexto do prximo perodo de

    programao dos fundos estruturais.

    Em causa est o contributo da cultura e da criatividade para potenciar o valor dos bens e dos

    servios que Portugal transaciona com o exterior, diretamente atravs da internacionalizao

    do prprio setor cultural e criativo e indiretamente atravs dos designados spillovers criativos

    ao nvel do reforo competitivo do tecido empresarial do pas.

    So identificadas boas prticas e formuladas propostas que respondem aos seguintes

    objetivos temticos definidos pela Comisso Europeia:

    5 Na aceo da Porto Editora, a sinergia tambm se estende (1) anatomia, enquanto associao de diversos sistemas

    (msculos, rgos) para a realizao de uma tarefa, sendo o resultado superior ao obtido atravs das aes exercidas

    individualmente por cada sistema; (2) e farmcia enquanto ao simultnea de dois medicamentos no antagonistas,

    produzindo efeitos adicionais ou reforados.

  • Reforar a investigao, o desenvolvimento tecnolgico e a inovao, incluindo o

    apoio s capacidades organizativas e institucionais para explorao econmica de

    novas ideias e da criatividade, s estratgias de eficincia coletiva, constituio e

    consolidao de parcerias, aos servios de apoio e ao aconselhamento empresarial;

    Melhorar o acesso s tecnologias de informao e comunicao, bem como a sua

    utilizao e qualidade, incluindo o desenvolvimento de atividades empresariais na

    criao, comercializao e disseminao de contedos, aumento da qualificao

    profissional, melhoria das competncias e dos instrumentos de gesto empresarial,

    constituio e consolidao de redes de cooperao empresarial;

    Reforar a competitividade das pequenas e mdias empresas, incluindo o

    desenvolvimento e consolidao de PME em domnios emergentes com forte

    potencial de procura pelo mercado interno e por mercados internacionais, novas

    formas de turismo, melhoria das competncias em gesto empresarial;

    Promover o emprego e apoiar a mobilidade laboral, incluindo a criao e

    desenvolvimento de empresas culturais e de indstrias criativas, qualificao de

    recursos humanos, formao avanada.

  • Parte II

    Posicionamento internacional no comrcio e na produo de ndole riativa

  • Aqui se aborda o posicionamento internacional de Portugal no comrcio e na produo

    de ndole riativa, no contexto do diagnstico do grau de internacionalizao do setor

    cultural e criativo nacional.

    Por riativo entende-se tanto o cabaz de bens e de servios considerado pelas

    estatsticas de comrcio internacional da economia criativa da Conferncia das Naes

    Unidas para o Comrcio e o Desenvolvimento (Cnuced) como o cabaz de indicadores

    que valoriza o pilar da produo criativa no ndice mundial da inovao promovido pela

    Organizao Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), Cornell University e

    INSEAD. Este riativo pretende assinalar a restritividade das fontes estatsticas

    internacionais face maior amplitude com os conceitos de cultura e de criatividade so

    abordados nos restantes captulos do presente estudo.

    As bases de dados atualmente disponveis no conseguem captar plenamente os

    impactos diretos e indiretos da cultura e da criatividade na internacionalizao da

    economia portuguesa. Mas a comparao destas estatsticas internacionais permite,

    desde j, revelar algumas das principais dinmicas da ltima dcada e identificar foras

    e fraquezas do caso portugus no contexto europeu e mundial.

  • O modelo do comrcio internacional riativo proposto pela Conferncia das Naes

    Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento (Cnuced) considera trs grandes tipos de

    trocas comerciais riativas (cf. Caixa II.1): os bens e servios de indstrias criativas

    (como um livro), os produtos de indstrias relacionadas (como equipamento para

    impresso do livro) e os royalties e outros servios (como o direito de autor sobre a

    obra literria).

    Apesar do reconhecimento de significativas limitaes comparabilidade das

    estatsticas j disponibilizadas sobre as exportaes e as importaes de bens, de

    servios e de direitos criativos a nvel mundial (cf. Caixa II.2), esta base de dados tem o

    mrito de valorizar o potencial da cultura e da criatividade para o desenvolvimento e

    tem a vantagem de ensaiar uma primeira abordagem sobre a relevncia da criatividade

    em indstrias fora do setor cultural e criativo.

    Grfico II.1. Exportaes e importaes riativas em Portugal | 2002 a 2011

    Nota: Evoluo a preos correntes. O cabaz riativo identificado na caixa II.1.

    Fonte: Sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados com base em Cnuced

  • A Cnuced inclui nas indstrias criativas produtos relativos a design, artesanato, artes

    visuais, edio, novos media e audiovisuais e servios relacionados com publicidade,

    arquitetura, investigao e desenvolvimento, audiovisuais e outros servios pessoais,

    culturais e recreativos (cf. Caixa II.1).

    Nos bens e servios de indstrias criativas, as trocas comerciais de Portugal revelam as

    seguintes tendncias de evoluo6 entre 2002 e 2011:

    A taxa de crescimento mdia anual destas exportaes excedeu os 10% na

    ltima dcada, acima do ritmo exportador da economia portuguesa como um

    todo (9,8%), e com o ritmo dos servios criativos (perto de 15%) duplique o dos

    bens criativos (7%);

    O peso destes bens e servios de indstrias criativas no total das vendas do pas

    ao exterior superou sempre 3%, aproximando-se mesmo dos 4% desde 2009;

    Demonstrando maior resilincia que a generalidade das exportaes nacionais

    no colapso do comrcio mundial ocorrido em 2009, estas exportaes

    recuperam da crise internacional a um ritmo equivalente ao de grandes fileiras

    exportadoras nacionais como a do equipamento eltrico ou a alimentar;

    O seu contributo para o acrscimo das exportaes totais de bens e de servios

    que se regista no pas desde ento aproxima-se dos 3%;

    O crescimento mdio anual destas importaes foi de cerca de 7% na ltima

    dcada, aqum do ritmo importador global da economia portuguesa (7,7%). O

    seu peso no total das compras de bens e de servios do pas ao exterior

    manteve-se em torno dos 4%;

    Estas importaes acompanham o ajustamento ocorrido na totalidade das

    compras ao exterior desde a ecloso da crise financeira internacional: em 2011

    caam mais de 11% face ao mximo de 2008. O seu contributo para a quebra das

    importaes totais de bens e de servios que se regista no pas desde 2009

    ronda os 3%;

    6 Os dados do comrcio internacional esto em dlares a preos correntes.

  • A taxa de cobertura melhorou em anos recentes, com as exportaes a subirem

    de cerca de dois teros das importaes entre 2003 e 2006 para perto de 95%

    das compras ao exterior em 2011;

    A balana comercial mantm-se deficitria, mas o desequilbrio de 2011 o

    mnimo da dcada e no chega a um quinto do montante dos maiores dfices

    ocorridos em 2006 e 2008 (na ordem dos mil milhes de dlares).

    As indstrias relacionadas asseguram produtos essenciais criao, produo,

    distribuio e consumo dos contedos criativos, desde matrias-primas (como a tinta

    para pintar um quadro) a equipamentos de suporte (como o televisor para ver um

    filme). So consideradas pela Cnuced como um indicador til anlise da procura atual

    e futura de bens e de servios das indstrias consideradas criativas.

    Nos bens e servios de indstrias relacionadas, as trocas comerciais de Portugal

    revelam as seguintes tendncias de evoluo6 entre 2002 e 2011:

    A taxa de crescimento mdia anual destas exportaes excedeu os 11% na

    ltima dcada, acima do ritmo exportador da economia portuguesa como um

    todo (9,8%);

    O seu peso no total das vendas de bens e de servios do pas ao exterior rondou

    os 3% na ltima dcada;

    Demonstrando maior resilincia que a generalidade das exportaes nacionais

    no colapso do comrcio mundial ocorrido em 2009, a recuperao destas

    exportaes excede a das maiores fileiras exportadoras nacionais de

    mercadorias, com exceo da fileira dos produtos petrolferos;

    O seu contributo para o acrscimo das exportaes totais de bens e de servios

    que se regista no pas desde 2010 excede os 5%;

    A taxa de crescimento mdia anual destas importaes foi inferior a 2% na

    ltima dcada, aqum do ritmo importador global da economia portuguesa

    (7,7%);

  • Este desempenho condicionado pela acentuada quebra das importaes

    destes equipamentos de suporte, que se regista desde a ecloso da crise

    financeira internacional de 2008. Em dez anos, o peso destas importaes no

    total das vendas de bens e de servios do pas ao exterior desceu de quase 4%

    para 2%;

    O ajustamento nestas importaes excede o ocorrido totalidade das compras

    ao exterior desde a ecloso da crise financeira internacional: em 2011 caam

    mais de um tero face ao mximo de 2008. O seu contributo para a quebra das

    importaes totais de bens e de servios que se regista no pas desde 2009

    supera os 7%;

    A taxa de cobertura das importaes pelas exportaes melhorou em anos

    recentes: fruto da subida das vendas e do colapso das compras ao exterior,

    aumentou do mnimo de 70% para o mximo de 150% entre 2008 e 2011;

    A balana comercial tornou-se j superavitria: este excedente indito de 2011

    (da ordem dos mil milhes de dlares) supera mesmo o maior dos dfices

    registado em 2008 (da ordem dos 900 milhes de dlares).

    Grfico II.2. Evoluo das exportaes riativas face s principais fileiras exportadoras de bens em Portugal desde a ecloso da crise financeira internacional | 2008 a 2011

    Nota: Evoluo a preos correntes. O cabaz riativo identificado na caixa II.1 e inclui servios das indstrias criativas.

    Fonte: Sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados com base em Cnuced

  • O modelo da Cnuced tem o mrito de disponibilizar o estado da arte das estatsticas

    sobre o comrcio riativo, chamando a ateno para as dificuldades metodolgicas e

    indicando o caminho a percorrer no sentido da construo de fontes e de

    nomenclaturas mais adequadas sua real medio.

    A captao destes fluxos comerciais complica-se medida que o objeto de recolha

    estatstica se desmaterializa dos bens para os servios e para os direitos de propriedade

    intelectual, no contexto da globalizao e da sociedade de informao7.

    A propriedade intelectual abarca tanto as invenes, marcas, denominaes de origem

    e indicaes geogrficas ou design inovador dos produtos industriais ou artesanais

    atravs da propriedade industrial, como a criatividade das criaes artsticas e literrias

    atravs do direito de autor e direitos conexos. Trata-se de uma dimenso fundamental

    do comrcio internacional da economia criativa para a qual no existem ainda

    estatsticas disponveis a nvel global.

    A Cnuced vem colmatando esta lacuna com a rubrica da balana de pagamentos que

    inclui os pagamentos e os recebimentos de royalties. Contudo, esta rubrica no permite

    isolar as remuneraes exclusivas ao uso autorizado de obras criativas, abarcando

    direitos sobre outros ativos com que lidam a generalidade das indstrias para alm das

    consideradas criativas.

    A parte estritamente relacionada com as indstrias criativas tambm no possvel de

    desagregar da rubrica da balana de pagamentos relativa aos servios de informtica e

    de informao.

    para evitar empolamentos dos fluxos comerciais criativos que os dados destas duas

    rubricas so alvo de uma anlise particular, em vez de somados aos totais j

    apresentados para as indstrias criativas e relacionadas.

    7 Diz o Relatrio CNUCED da Economia Criativa 2010, Grande parte do valor da economia criativa inerente ao

    comrcio de produtos fsicos que possuem um valor relativamente baixo como materiais, mas que contm o seu valor

    real na propriedade intelectual. As medidas convencionais do comrcio concentram-se no fluxo dos produtos materiais,

    registando o seu peso ou preo Free-on-Board (FOB). impossvel desvincular o valor dos direitos de propriedade

    intelectual desses dados ou at mesmo reconhec-lo. Alm disso, a digitalizao promove cada vez mais a transferncia e

    o comrcio de direitos de propriedade online, um meio que no monitorizado. Por esses motivos, o comrcio na

    economia criativa relativamente invisvel. Procuramos rastos ou sombras dos direitos de propriedade intelectual.

    Dessa forma, com a rpida mudana tecnolgica, os relacionamentos entre os produtos e o valor mudam a cada

    semana.

  • As trocas comerciais de Portugal destes servios revelam as seguintes tendncias de

    evoluo5 entre 2002 e 2011:

    Quanto aos royalties, na ltima dcada os recebimentos ficaram em cerca de

    0,1% do total das vendas de bens e de servios ao exterior enquanto os

    pagamentos rondaram os 0,5% das compras ao exterior. Na ltima dcada, as

    exportaes cobriram em mdia menos de 15% das importaes. O dfice

    registado em 2011 (na ordem dos 0,2% do PIB) est alinhado com a mdia dos

    28 Estados-membros da Unio Europeia;

    Quanto aos servios de informtica e de informao, a ltima dcada

    apresentou maior dinamismo com os recebimentos a subirem de 0,2% para

    perto de 0,6% das exportaes totais de bens e servios e os pagamentos a

    subirem de 0,4% para cerca de 0,6% das importaes totais de bens e de

    servios do pas em anos recentes. A taxa de cobertura das importaes pelas

    exportaes passou de 40% em 2002 para perto de 80% nos ltimos anos. Em

    2011, Portugal apresentou um dfice idntico ao de Frana (na ordem dos

    0,04% do PIB), ficando atrs do excedente registado para o conjunto da Unio

    Europeia.

  • Caixa II.1. Sobre o cabaz riativo

    O presente captulo tem por base o modelo de estatsticas de comrcio internacional da economia criativa tal como proposto pela Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento (Cnuced), no mbito da parceria com a Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Na definio da Cnuced, as indstrias criativas consideram os ciclos de criao, produo e distribuio de bens e de servios que utilizam criatividade e capital intelectual como recursos primrios; que constituem um conjunto de atividades baseadas em conhecimento, focadas, entre outros, nas artes, que potencialmente gerem receitas de vendas e direitos de propriedade intelectual; que constituem produtos tangveis e servios intelectuais ou artsticos intangveis com contedo criativo, valor econmico e objetivos de mercado; que se posicionam no cruzamento entre os setores artsticos, de servios e industriais; e que constituem um novo setor dinmico no comrcio mundial. Produtos criativos Em sentido restrito, o modelo Cnuced considera os seguintes seis grupos de produtos de indstrias criativas, enquadrando o ciclo de criao, produo e distribuio de um produto tangvel com contedo criativo, valor econmico e cultural e objetivo de mercado. Incluem 204 categorias da base de dados UN Comtrade:

    Design

    Inclui uma categoria de arquitetura (desenhos originais), 37 de acessrios de moda (como malas, cintos, culos escuros, chapelaria, artigos de couro e excluindo roupas e calado), 32 de decorao de interiores (como mobilirio, txtil lar, papel de parede, porcelana ou iluminao), 17 de brinquedos (como bonecas ou jogos), 10 de joias (de metais preciosos e bijuteria) e cinco de vidro (como artigos para mesa, cozinha ou copos de cristal).

    Artesanato

    Inclui 17 categorias de tapetes dos mais diversos materiais, 30 cdigos relacionados com artigos envolvendo fios e costura (como rendas, tapearias, tapetes tecidos e bordados mo), quatro cdigos de artigos de vime (como cestaria), dois cdigos de artigos festivos (como para decoraes de Natal ou para o Carnaval), um cdigo para artigos de papel e seis cdigos de outros artigos artesanais (como velas, flores artificiais ou marchetaria).

    Artes visuais

    Inclui quatro categorias de fotografia (como chapas, filmes e microfilmes), trs de pintura (como quadros, pastis feitos mo, molduras de madeira para quadros), sete de escultura (como estatuetas e outros objetos ornamentais) e trs de antiguidades (com mais de 100 anos).

    Edio Inclui trs categorias de imprensa (jornais, revistas e outras publicaes peridicas), quatro de livros (incluindo artigos como dicionrios, enciclopdias ou livros infantis de desenho e para colorir) e oito de outros materiais impressos (como catlogos, brochuras, material publicitrio, cartazes, calendrios, mapas e cartes comemorativos).

    Novos media Inclui oito categorias de suporte digital, incluindo som, imagem ou jogos.

    Audiovisuais Inclui duas categorias de filmes cinematogrficos (35 mm ou mais e outros).

    Servios criativos Quanto aos servios criativos, convm notar que os seguintes seis grupos de servios disponibilizados pelas estatsticas da Balana de Pagamentos do Fundo Monetrio Internacional no permitem isolar as indstrias criativas, abrangendo outras atividades que escapam definio das indstrias criativas da Cnuced:

    Servios de publicidade e relacionados

    Inclui servios relacionados conceo, desenvolvimento e comercializao dos anncios realizados por agncias de publicidade; divulgao nos media, incluindo a compra e venda de espao publicitrio; servios de exposio fornecidos por feiras; promoo de produtos no exterior; pesquisa de mercado e sondagens de opinio pblica no exterior.

    Servios de arquitetura e relacionados

    Inclui servios relacionados com projetos arquitetnicos de desenvolvimento urbano, de planeamento, conceo e superviso de barragens, pontes ou aeroportos, de levantamento, cartografia, testes e certificao de bens ou servios de inspeo tcnica.

    Servios de investigao e desenvolvimento

    Inclui servios relacionados com a investigao e o desenvolvimento experimental de novos produtos e processos. Em princpio, tais atividades nas reas das cincias, cincias sociais e humanas so abrangidas; tambm est includo o desenvolvimento de sistemas operacionais que representam avanos tecnolgicos.

    Servios audiovisuais e relacionados

    Inclui servios e taxas associadas com a produo de filmes, programas de rdio e televiso e gravaes musicais. Esto includos os recebimentos ou pagamentos de aluguer; remuneraes a atores, diretores, produtores, e outros residentes para produes fora do pas; as remuneraes decorrentes de direitos de distribuio vendidos aos meios de comunicao para um nmero limitado de apresentaes em reas especficas. As remuneraes a atores, produtores, e outros envolvidos com produes teatrais e musicais, eventos desportivos, apresentaes circenses, etc. e as taxas de direitos de distribuio (televiso, rdio, etc.) para essas atividades esto includas.

    Outros servios pessoais, culturais e recreativos

    Inclui outros servios pessoais, culturais, e recreativos, tais como os associados com museus, bibliotecas, arquivos e outras atividades culturais, desportivas e recreativas. Tambm esto includas as remuneraes pelos servios, inclusive cursos por correspondncia no exterior, ministrados por professores ou mdicos.

    Restantes servios pessoais, culturais e recreativos

    Neste caso concreto, a tabela II.1 s inclui os servios pessoais, culturais e recreativos no considerados nos servios audiovisuais e relacionados e em outros servios culturais.

  • Indstrias relacionadas Em sentido lato, o modelo de estatsticas comerciais da economia criativa proposto pela Cnuced amplia-se aos produtos de indstrias relacionadas com atividades criativas. Embora no sejam produzidos por indstrias consideradas criativas, so materiais de apoio ou equipamentos de suporte necessrios para produzir, consumir ou distribuir os prprios contedos criativos. So considerados os seguintes seis grupos de produtos de indstrias relacionadas e que incluem 170 categorias da base de dados UN Comtrade:

    Design Inclui 35 cdigos para materiais de apoio ou equipamentos de suporte necessrios arquitetura, moda, decorao de interiores ou a joias.

    Artes performativas

    Inclui 28 cdigos para produtos, materiais ou equipamentos de suporte necessrios s artes de palco, como msica ao vivo, teatro, dana, pera ou circo, incluindo instrumentos musicais e artigos para cerimnias e festas.

    Artes visuais

    Inclui 49 cdigos produtos, materiais ou equipamentos de suporte necessrios pintura ou fotografia.

    Edio Inclui 11 cdigos como maquinaria de impresso.

    Novos media Inclui cinco cdigos como equipamentos de informtica.

    Audiovisuais Inclui 42 cdigos como equipamentos relacionados com radiodifuso, filmes ou produo sonora.

    Royalties e outros servios Embora no seja possvel desagregar a parte do valor estritamente relacionado com as indstrias criativas, o modelo de estatsticas comerciais da economia criativa proposto pela Cnuced abrange tambm direitos de propriedade intelectual como royalties. Consideram-se os seguintes dois grupos com base nas estatsticas da Balana de Pagamentos do Fundo Monetrio Internacional:

    Royalties Inclui os recebimentos para o uso autorizado de ativos intangveis no financeiros e no produzidos e os direitos de propriedade, como marcas registadas, direitos autorais, patentes, processos, tcnicas, projetos, fabricao, direitos de fabricao, franquias, etc. e o uso, por meio de acordos de licenciamento, de originais ou prottipos produzidos, como manuscritos, filmes, etc.

    Servios de informtica e de informao

    Inclui os bancos de dados, como os de desenvolvimento, armazenamento e de perodo de tempo online, processamento de dados, consultoria de hardware, implementao de software, incluindo design, desenvolvimento e programao de sistemas personalizados, manuteno e reparao de computadores e equipamentos perifricos, servios de agncia de notcias e assinaturas diretas e individuais de jornais e revistas.

    Fonte: Cnuced, Relatrio da Economia Criativa 2010

  • O modelo do comrcio internacional riativo da Conferncia das Naes Unidas sobre

    Comrcio e Desenvolvimento (Cnuced) permite detalhar que produtos e que servios

    capturados pelas estatsticas protagonizaram o dinamismo das exportaes

    portuguesas na ltima dcada (cf. Caixa II.2).

    Para permitir a comparao do desempenho do pas no contexto europeu e global, as

    vendas de Portugal ao exterior de indstrias criativas e de indstrias relacionadas

    foram agrupadas nos quatro domnios de anlise propostos pela Cnuced: patrimnio,

    artes, media e criaes funcionais (cf. Tabela II.1).

    Para posicionar Portugal no atlas das exportaes riativas, parte-se assim da

    abordagem de categorias de natureza mais cultural e tradicional para a anlise de

    categorias de feio mais tecnolgica e orientadas para a conectividade na sociedade da

    informao.

    Convm notar que as limitaes nas estatsticas atualmente existentes para comparao

    internacional condicionam a investigao e induzem a privilegiar os bens face aos

    servios quando se pretende posicionar Portugal no mundo.

    Os fluxos comerciais so confrontados em dlares e a preos correntes na dcada entre

    2002 e 2011.

    Caixa II.2. Sobre privilegiar as tendncias e no os nmeros

    As estatsticas de comrcio internacional da economia riativa tm o mrito de disponibilizar o estado da arte dos fluxos de bens e de servios com base nas rubricas estatsticas do comrcio internacional atualmente disponveis, chamando a ateno para as dificuldades metodolgicas e indicando o caminho a percorrer no sentido da construo de fontes e de nomenclaturas mais adequadas sua real medio. Volta-se a ateno no s para o que os nmeros mostram, mas tambm para o que eles ainda no so capazes de capturar. Embora imperfeitos, os dados comerciais do uma indicao das tendncias do mercado e dos principais fluxos comerciais, mostrando os participantes de cada categoria de indstrias criativas. Este trabalho contribui para melhorar a transparncia do mercado. No entanto, ainda h muito a ser feito a nvel nacional e internacional para fornecer as melhores ferramentas que auxiliem os governos na formulao de polticas e que forneam uma clara compreenso da dinmica dos produtos criativos nos mercados mundiais para a comunidade criativa, alerta a Cnuced. Os dados mais recentes consideram o horizonte temporal de 2002 a 2011 e um universo superior a 190 pases. Apesar da crescente abrangncia de pases que reportam de forma sistemtica e consistente fluxos de bens e de servios criativos, no h dados disponveis para alguns pases em alguns anos ou em determinadas categorias, sobretudo nos servios e mesmo no caso de pases desenvolvidos. Por isso, a Cnuced a primeira a reconhecer os problemas quanto s definies e disponibilidade de dados e a alertar para os limites da comparabilidade temporal e internacional de uma base de dados ainda incompleta. Neste contexto, a prudncia aconselha a realar tendncias gerais, a ponderar a ordem da magnitude e a identificar os principais fluxos comerciais em detrimento da afirmao de nmeros, s na aparncia definitivos quanto ao valor do comrcio internacional de bens, servios e direitos riativos. A comparao internacional permanece altamente problemtica por causa da limitao das metodologias e das lacunas das ferramentas estatsticas para anlises quantitativas e qualitativas, alerta a Cnuced. Condicionantes fundamentais interpretao dos fluxos comerciais so elencadas nos captulos 4 e 5 do Relatrio da Economia Criativa 2010, disponvel em: http://unctad.org/en/pages/PublicationArchive.aspx?publicationid=946

    Fonte: Cnuced, Relatrio da Economia Criativa 2010

  • Tabela II.1. Evoluo das exportaes riativas de Portugal | 2002 a 2011

    Nota: Evoluo em dlares a preos correntes. O cabaz riativo identificado na caixa II.1.

    Fonte: Sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados com base em Cnuced

  • Os dados disponveis para as exportaes neste domnio permitem confrontar o

    desempenho nacional entre 2002 e 2011 exclusivamente em termos de produtos de

    artesanato e de servios pessoais, culturais e recreativos (cf. Tabela II.1).

    Importa considerar que os fluxos comerciais de artesanato abarcam produtos to

    diversos, desde cestos a enfeites de Natal, desde bordados a flores artificiais, desde

    tapetes modernos aos mais tradicionais. J no caso dos servios pessoais, culturais e

    recreativos, as estatsticas no permitem isolar os associados a museus, bibliotecas,

    arquivos e a demais stios e atividades culturais e criativas, sendo empoladas pelos

    servios relativos a eventos desportivos (cf. Caixa II.1).

    Os fluxos comerciais captados pelas estatsticas ordenam os produtos artesanais como

    a sexta mais relevante exportao de ndole @riativa do pas em 2011, logo seguida dos

    servios pessoais, culturais e recreativos na stima posio.

    Quanto aos produtos de artesanato, as exportaes portuguesas subiram cerca de 8%

    ao ano, de sete para 13 dlares per capita. A taxa de cobertura das importaes pelas

    exportaes foi de 87% em 2011 contra 52% em 2002.

    Os artigos envolvendo fios e costura (incluindo rendas ou artigos bordados mo como

    os tapetes mais tradicionais) so o produto artesanal mais relevante, respondendo por

    47% das vendas ao exterior em 2011 e contribuindo com 45% do aumento das

    exportaes na ltima dcada. Segue-se a categoria especfica dos tapetes nodados ou

    enrolados dos mais diversos materiais, respondendo por 29% das vendas ao exterior

    em 2011 e contribuindo com 19% do aumento das exportaes na ltima dcada.

    A terceira maior exportao nacional de artesanato (21% das vendas ao exterior em

    2011) vem da categoria de artigos no especificados, que abarca uma ampla diversidade

    de produtos como velas, flores artificiais ou marchetaria. Na ltima dcada, Portugal

    fez crescer esta exportao 17% ao ano, trs vezes mais depressa que o mundo. nesta

    categoria que o artesanato nacional vem revelando as maiores vantagens comparativas

    no contexto europeu e mundial.

    Em 2011, os dez principais clientes dos produtos de artesanato portugus foram

    Espanha, EUA, Frana, Reino Unido, Tunsia, Blgica, Angola e Austrlia, Pases

    Baixos e Alemanha. S as vendas a Espanha dos artigos envolvendo fios e costura e as

  • vendas aos EUA de tapetes explicam mais de 30% das exportaes portuguesas de

    artesanato em 2011.

    Em termos globais, Portugal surge em 26. no ranking dos maiores exportadores de

    produtos de artesanato em 2011, assegurando 1,7% das vendas a nvel europeu e 0,4%

    das vendas a nvel internacional. Os dez maiores exportadores mundiais so China (que

    elevou a sua quota mundial de 20% em 2002 para 38% em 2011), Turquia (que

    duplicou a quota mundial para 6%), Hong Kong (quota mundial de 6% em 2011),

    Blgica e Coreia do Sul (5% cada), EUA e Alemanha (4% cada), ndia, Itlia e Pases

    Baixos (3% cada).

    Em termos desagregados, os dados disponibilizados para as exportaes portuguesas

    de produtos artesanais possibilitam o seguinte posicionamento no contexto europeu e

    mundial:

    Nos artigos de fios e costura, Portugal detm 1,9% do mercado europeu e 0,4%

    do mercado mundial em 2011. o 23. maior exportador mundial (com cerca

    de 68 milhes de dlares), num ranking liderado pela China (36% de quota de

    mercado), Coreia do Sul (10%), Hong Kong (7%), Itlia (5%) e Taiwan (5%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (mais 25,9), Turquia (mais 1,6) e Hungria

    (mais 0,2). Portugal manteve a sua relevncia no mercado mundial mas

    ganhou 0,7 pontos percentuais de quota no mercado europeu.

    Nos tapetes, Portugal detm 1,5% do mercado europeu e 0,5% do mercado

    mundial em 2011. o 22. maior exportador mundial (com cerca de 42

    milhes de dlares), num ranking liderado pela Turquia (20% de quota de

    mercado), Blgica (16%), China (15%), ndia (9%), Pases Baixos (6%) e Egito

    (5%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Turquia (mais 11,6), China (mais 3,9), Polnia (mais

    0,8) e Pases Baixos (0,4). Portugal perdeu relevncia no mercado mundial

    (menos 0,3) e ganhou quota no mercado europeu (mais 0,1);

    Nos artigos no especificados, Portugal detm 3,4% do mercado europeu e

    0,9% do mercado mundial em 2011. o 18. maior exportador mundial (com

  • cerca de 30 milhes de dlares), num ranking liderado pela China (41% de

    quota de mercado), Hong Kong (12%), Blgica (8%), EUA e Frana (4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (mais 16,9), Frana e Blgica (mais 1,7 cada),

    Japo (mais 0,8), Espanha (0,7) e Romnia, Singapura e Pases Baixos (mais

    0,6 cada). Portugal foi o nono exportador que mais quota de mercado mundial

    ganhou desde 2002, a par da Colmbia (mais 0,5). No mercado europeu, a

    quota conquistada por Portugal na ltima dcada atinge 1,8 pontos

    percentuais;

    Nos artigos festivos, Portugal detm 0,2% do mercado europeu e 0,0% do

    mercado mundial em 2011. o 40. exportador mundial (com dois milhes de

    dlares), num ranking liderado pela China (61% de quota de mercado), Hong

    Kong e Pases Baixos (7% cada), EUA (5%) e Alemanha (3%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (mais 24,4), Pases Baixos (mais 3,8), Sua e

    Blgica (0,8), EUA (0,7), Reino Unido (0,5), ustria (0,4), Eslovquia (0,3) e

    Espanha e Grcia (0,2 cada). Portugal no ganhou relevncia no mercado

    mundial e ganhou quota no mercado europeu (mais 0,2);

    Nos artigos de vime, Portugal detm 0,8% do mercado europeu e 0,1% do

    mercado mundial em 2011. o 31. exportador mundial (com menos de dois

    milhes de dlares), num ranking liderado pela China (81% de quota de

    mercado), Indonsia, Alemanha e Pases Baixos (2% cada), Polnia e Blgica

    (acima de 1% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (9,1), Alemanha (0,7) e ustria (0,3). Portugal

    obteve o quarto maior ganho de quota mundial, a par de Bielorrssia,

    Eslovquia, Mxico e Letnia (0,1 cada). No mercado europeu, a quota de

    mercado conquistada por Portugal na ltima dcada atinge 0,6 pontos

    percentuais;

    Nos artigos de papel artesanal, Portugal detm 2,6% do mercado europeu e

    0,7% do mercado mundial em 2011. o 17. exportador mundial (com meio

    milho de dlares), num ranking de um mercado mundial diminuto liderado

  • pela China (24% de quota de mercado), ndia (19%), Reino Unido (11%) e

    Frana (8%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Canad (de 0,4 para 4,2), China (mais 3,2),

    Tailndia e Repblica Checa (mais 2,4 cada), Reino Unido (mais 2,1). Portugal

    obteve o nono maior ganho de quota a nvel mundial (0,6). No mercado

    europeu, a quota de mercado conquistada por Portugal na ltima dcada

    atinge 2,3 pontos percentuais.

    Quanto aos servios pessoais, culturais e recreativos, as exportaes nacionais subiram

    cerca de 5% ao ano, de sete para 11 dlares per capita. A taxa de cobertura das

    importaes pelas exportaes foi de 50% em 2011 contra 78% em 2002.

    Entre a meia centena de pases que contabilizou vendas de outros servios pessoais,

    culturais e recreativos em 20118, Portugal surge na 5. posio (com 119 milhes de

    dlares), num ranking liderado por Malta (1,6 mil milhes de dlares), Turquia (1,3 mil

    milhes), Coreia do Sul (429 milhes de dlares) e Itlia (151 milhes de dlares). Em

    termos per capita, Portugal ascende 7. posio, atrs de Malta (3.752 dlares),

    Chipre (24), Montenegro (22), Lbano (20), Quirguizisto e Turquia (17).

    Os dados disponveis para as exportaes neste domnio permitem confrontar o

    desempenho nacional entre 2002 e 2011 exclusivamente em termos de produtos de

    artes visuais, produtos relacionados de artes visuais e produtos relacionados de artes

    performativas (cf. Tabela II.1).

    A Cnuced faz notar que a menor transparncia do mercado das artes limita a

    contabilizao e a interpretao dos fluxos detetados pelas estatsticas de comrcio

    internacional. A impedir de todo uma comparao global das artes performativas, como

    msica ao vivo, teatro, dana, pera ou circo, est a inconsistncia dos fluxos

    comerciais contabilizados (como receitas de bilheteira e de digresses ou royalties). A

    maior ausncia desta anlise mesmo o mercado da msica, sem estatsticas fiveis

    8 As estatsticas disponveis limitam-se a 44 pases.

  • (sobre direitos de autor, vendas fsicas ou online) capazes de estimar ou comparar a

    dimenso aproximada dos fluxos comerciais a nvel internacional (cf. Caixa II.1).

    Os fluxos comerciais disponibilizados pelas estatsticas internacionais ordenam os trs

    produtos das artes fora das dez maiores exportaes de ndole @riativa do pas em

    2011: as exportaes de artes visuais, como pintura, escultura, fotografia e

    antiguidades, ascendem a 84 milhes de dlares; as exportaes de produtos

    relacionados de artes visuais, como materiais e equipamentos de suporte pintura e

    fotografia, somam 19 milhes de dlares; e as exportaes de produtos relacionados de

    artes performativas, como materiais e equipamentos de suportes s artes do palco,

    incluindo instrumentos musicais e material para cerimnias e espetculos, totalizam

    seis milhes de dlares.

    No caso especfico das artes visuais, os dados disponibilizados para o conjunto das

    exportaes de pinturas, esculturas, fotografias e antiguidades acusam uma tendncia

    de queda na ltima dcada, a uma taxa mdia anual de 3% ao ano, de 11 para 8 dlares

    per capita.

    A escultura o produto das artes visuais mais relevante nas exportaes nacionais:

    responde por 80% das vendas ao exterior contabilizadas em 2011, frente da fotografia

    (9%), da pintura (8%) e das antiguidades (3%). Esta estrutura diverge da mdia

    mundial: a nvel internacional, a pintura lidera as exportaes de artes visuais (43%),

    seguido da escultura (39%), das antiguidades (11%) e da fotografia (7%).

    Em 2011, os dez principais clientes das artes visuais portuguesas foram Alemanha,

    Espanha, Frana, EUA, Reino Unido, Dinamarca, Pases Baixos, Angola, Hong Kong e

    Brasil. S as vendas de escultura Alemanha e Frana explicam mais de um quarto

    das exportaes portuguesas de artes visuais em 2011, sendo este o nico produto em

    que Portugal revela alguma vantagem comparativa a nvel internacional.

    Em termos globais, Portugal surge em 24. no ranking dos maiores exportadores de

    produtos de artes visuais em 2011, assegurando 0,7% das vendas a nvel europeu e

    0,3% das vendas a nvel internacional. Os dez maiores exportadores mundiais so EUA

    (que elevou a sua quota mundial de 19% em 2002 para 24% em 2011), China (que

    elevou a sua quota mundial de 14% em 2002 para 23% em 2011), Reino Unido (quota

    mundial de 18% em 2011), Frana e Alemanha (6% cada), Sua (5%), Hong Kong,

    Japo, Itlia e Canad (com cerca de 2% cada).

  • Em termos desagregados, os dados disponibilizados para as exportaes portuguesas

    de artes visuais possibilitam o seguinte posicionamento no contexto europeu e

    mundial:

    Na escultura, Portugal detm 2,3% do mercado europeu e 0,5% do mercado

    mundial em 2011. o 16. exportador mundial (com 67 milhes de dlares),

    num ranking mundial liderado pela China (57% de quota de mercado), EUA

    (10%), Reino Unido (7%) e Alemanha (4%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (15,9), EUA (3,1), Reino Unido (1,1). Portugal

    perdeu quota a nvel mundial (-1,4) e a nvel europeu (-4,1);

    Na fotografia, Portugal detm 1% do mercado europeu e 0,3% do mercado

    mundial em 2011. o 23. exportador mundial (com sete milhes de dlares),

    num ranking mundial liderado pelos EUA (19% de quota de mercado), Japo

    (17%), Alemanha (10%) e Taiwan (7%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Coreia do Sul (3,4), China (3,2), EUA (2,0) e Polnia

    (1,2). Portugal obteve o dcimo maior ganho de quota a nvel mundial, a par

    dos Pases Baixos (0,3). No mercado europeu, a quota de mercado conquistada

    por Portugal na ltima dcada atinge 0,9 pontos percentuais;

    Na pintura, Portugal detm 0,1% dos mercados europeu e mundial em 2011.

    o 29. exportador mundial (com sete milhes de dlares), num ranking

    mundial liderado pelos EUA (39% de quota de mercado), Reino Unido (27%),

    Frana (8%), Sua (7%) e Alemanha (5%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram EUA (7,7), Frana (3,0), China (1,4), Singapura

    (0,8) e Hong Kong (0,7). Portugal manteve a quota a nvel mundial e

    conquistou 0,1 pontos percentuais do mercado europeu;

    Nas antiguidades, Portugal detm 0,1% dos mercados europeu e mundial em

    2011. o 28. exportador mundial (com dois milhes de dlares), num

    ranking mundial liderado pelo Reino Unido (29% de quota de mercado), EUA

    (23%), Alemanha e Frana (10% cada), Sua (9%) e Hong Kong (7%);

  • Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram EUA (8,5), Alemanha (6,1) e Hong Kong (3,0).

    Portugal perdeu a mesma quota de mercado a nvel europeu e mundial (-0,2).

    Quanto aos principais produtos relacionados de artes visuais e de artes performativas,

    os dados disponibilizados em termos desagregados para as exportaes portuguesas

    possibilitam o seguinte posicionamento no contexto europeu e mundial:

    Nos materiais e equipamentos de suporte fotografia, Portugal detm 0,2% do

    mercado europeu e 0,1% do mercado mundial em 2011. o 36. exportador

    mundial (com 15 milhes de dlares), num ranking mundial liderado pelo

    Japo (26% de quota de mercado), EUA (12%), China, Pases Baixos e Blgica

    (9% cada) e Alemanha (8%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (4,7), Pases Baixos (4,1), Japo (2,9) e

    Blgica (2,5). Portugal perdeu quota de mercado a nvel europeu (-0,2) e

    mundial (-0,1);

    Nos materiais e equipamentos de suporte pintura, Portugal detm 0,3% do

    mercado europeu e 0,1% do mercado mundial em 2011. o 38. exportador

    mundial (com quatro milhes de dlares), num ranking mundial liderado pela

    China (37% de quota de mercado), Alemanha (9%), EUA (5%) e Frana e

    Indonsia (4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (17,1), ustria (2,5) e Pases Baixos (1,4),

    Polnia (0,3) e Eslovquia (0,2). Portugal perdeu quota de mercado a nvel

    europeu (-1,0) e mundial (-0,4);

    Nos instrumentos musicais, Portugal detm 0,3% do mercado europeu e 0,1%

    do mercado mundial em 2011. o 33. exportador mundial (com cinco

    milhes de dlares), num ranking mundial liderado pela China (26% de quota

    de mercado), EUA (13%), Japo (12%), Alemanha (11%) e Indonsia (8%);

  • Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (9,8), Pases Baixos (1,4), Alemanha (0,5) e

    Frana (0,4). Portugal perdeu a mesma quota de mercado a nvel europeu e

    mundial (-0,1).

    Os dados disponveis para as exportaes neste domnio permitem confrontar o

    desempenho nacional entre 2002 e 2011 em termos de produtos editoriais e de

    produtos relacionados editoriais, de produtos audiovisuais e de produtos relacionados

    audiovisuais e de servios audiovisuais e relacionados (cf. Tabela II.1).

    A Cnuced faz notar que as estatsticas disponveis incluem o comrcio de produtos

    fsicos, mas no o comrcio de contedo criativo digitalizado, como livros, jornais ou

    filmes.

    Em particular, a Cnuced alerta para a complexidade, a escassez e a subestimao dos

    dados relativos ao setor audiovisual, impossibilitando uma anlise comparativa credvel

    de indstrias criativas to importantes como televiso, rdio ou cinema. Estas lacunas

    contribuem para amplificar a relevncia das indstrias relacionadas, que j dominam

    os fluxos comerciais internacionais com materiais e equipamentos essenciais criao,

    produo, distribuio e consumo dos contedos criativos mediticos (cf. Caixa II.1).

    Na interpretao global dos dados, convm desde logo notar que os produtos

    relacionados audiovisuais respondem por quase 90% das exportaes nacionais de

    media.

    Esta categoria , no s, a mais relevante exportao de ndole riativa do pas, como

    uma das protagonistas da internacionalizao da economia portuguesa como um todo,

    devido ao dinamismo de produtos como os aparelhos recetores de radiodifuso para

    veculos automveis, vulgo autorrdios.

    Neste contexto, procede-se anlise individualizada dos cinco fluxos de exportao dos

    media capturados a nvel internacional.

  • As exportaes nacionais do conjunto dos produtos editoriais subiram cerca de 12% ao

    ano, de trs para oito dlares per capita. A taxa de cobertura das importaes pelas

    exportaes foi de 31% em 2011 contra 13% em 2002.

    Em termos desagregados, os dados disponibilizados para as exportaes portuguesas

    de produtos editoriais possibilitam o seguinte posicionamento no contexto europeu e

    mundial:

    Quanto aos livros, Portugal detm 0,7% do mercado europeu e 0,4% do

    mercado mundial em 2011. o 33. exportador mundial (com 64 milhes de

    dlares), num ranking mundial liderado pelo Reino Unido e EUA (15% de quota

    de mercado, cada), Alemanha e China (9% cada), Hong Kong (8%), Frana

    (5%), Itlia (4%), Espanha e Singapura (3% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (5,6), Hong Kong (1,5), Repblica Checa (1,2),

    Frana (0,6), Polnia (0,5) e Hungria (0,4). Com as exportaes a crescerem a

    uma taxa mdia anual de 11%, Portugal obteve o 12. maior ganho de quota a

    nvel mundial (0,1) e conquistou 0,3 pontos percentuais de quota de mercado a

    nvel europeu;

    Em 2011, os dez principais clientes dos livros portugueses foram Angola,

    Moambique, Espanha, Brasil, Frana, Reino Unido, Sucia, Cabo Verde, Timor

    Leste e Rssia. S as vendas a Angola e a Moambique explicam metade das

    exportaes portuguesas;

    Quanto aos jornais, revistas e outras publicaes peridicas, Portugal detm

    0,1% do mercado europeu e 0,0% do mercado mundial em 2011. o 53.

    exportador mundial (com cinco milhes de dlares), num ranking mundial

    liderado pelo Canad (19% de quota de mercado), EUA (12%), Alemanha (11%),

    Sucia (8%), Frana (7%), Reino Unido e Rssia (5% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Blgica (2,3), Coreia do Sul (2,2), Rssia (2,1), Frana

    (1,7), EUA (1,6) e Polnia (1,5). Com as exportaes a crescerem a uma taxa

    mdia anual de 7%, Portugal no obteve ganho de quota a nvel europeu ou

    mundial;

  • Em 2011, os dez principais clientes da imprensa portuguesa foram Brasil,

    Angola, Sua, Espanha, Cabo Verde, Moambique, Marrocos, Canad, Gibraltar

    e Frana. S as vendas ao Brasil, a Angola e a Sua explicam trs quintos das

    exportaes portuguesas;

    Quanto a outros materiais impressos, Portugal detm 0,2% do mercado europeu

    e mundial em 2011. o 40. exportador mundial (com 16 milhes de dlares),

    num ranking mundial liderado pela Alemanha (22% de quota de mercado),

    China (10%), Itlia (7%), Blgica e EUA (6% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (7,9), Japo (2,0), Polnia (1,3), Pases Baixos

    (0,9), Repblica Checa e Eslovnia (0,7 cada). Com as exportaes a crescerem a

    uma taxa mdia anual de 22%, Portugal obteve o 17. maior ganho de quota a

    nvel mundial (0,1) e conquistou 0,2 pontos percentuais de quota de mercado a

    nvel europeu;

    Em 2011, os dez principais clientes dos outros materiais impressos portugueses

    foram Espanha, Angola, Cabo Verde, Frana, Polnia, Pases Baixos, Reino

    Unido, Moambique, Itlia e So Tom e Prncipe. S as vendas a Espanha e a

    Angola explicam mais de quatro quintos das exportaes portuguesas;

    Quanto aos produtos relacionados editoriais, as exportaes nacionais caram

    cerca de 6% ao ano, de dois para um dlar per capita. A taxa de cobertura das

    importaes pelas exportaes foi de 7% em 2011 contra 17% em 2002;

    Portugal detm 0,1% do mercado europeu e mundial em 2011. o 42.

    exportador mundial (com 11 milhes de dlares), num ranking mundial

    liderado pela Alemanha (21% de quota de mercado), Finlndia (11%), Sua

    (8%), Itlia e EUA (7% cada) e Frana (5%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Alemanha (2,4), Itlia (1,3), China (1,1), Irlanda (0,6)

    e Sua (0,5). Portugal perdeu quota de mercado a nvel europeu (-0,2) e

    mundial (-0,1);

    Em 2011, os dez principais clientes dos produtos relacionados editoriais

    portugueses foram Espanha, Angola, Frana, Cabo Verde, ustria, Alemanha,

    Moambique, Tunsia, Marrocos e Reino Unido. S as vendas a Espanha e a

    Angola explicam praticamente trs quartos das exportaes portuguesas.

  • As estatsticas disponveis desagregam entre produtos audiovisuais (filmes), produtos

    audiovisuais relacionados (equipamentos de suporte relacionados com radiodifuso,

    filmes e produo sonora) e servios audiovisuais e relacionados (servios e taxas

    associadas com a produo de filmes, programas de rdio e televiso e gravaes

    musicais).

    Quanto aos produtos audiovisuais, as estatsticas disponveis para filmes

    acusam uma queda das exportaes portuguesas em cerca de 5% ao ano,

    limitando-se a 0,1 dlares per capita. A taxa de cobertura das importaes pelas

    exportaes foi de 206% em 2011 contra 71% em 2002;

    Portugal detm 0,8% do mercado europeu e 0,2% do mercado mundial em 2011.

    o 20. exportador mundial (com um milho de dlares), num ranking

    mundial liderado pelo Canad (46% de quota de mercado), Itlia (14%),

    Tailndia (8%), EUA (5%), ndia e Reino Unido (4% cada), Sucia, Espanha e

    Mxico (3% cada) e Frana (2%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Canad (12,1), Tailndia (7,4), Sucia (3,1), Espanha

    (1,7) e Mxico (0,8). Portugal perdeu quota de mercado a nvel mundial (-0,1) e

    manteve a nvel europeu;

    Em 2011, os dez principais clientes dos audiovisuais portugueses foram Reino

    Unido, Repblica Checa, Irlanda, Espanha, Alemanha, Angola, Moambique,

    Sua, Cabo Verde e Canad. S as vendas ao Reino Unido e Repblica Checa

    explicam quatro quintos das exportaes portuguesas;

    Quanto aos produtos relacionados audiovisuais, as vendas de Portugal ao

    estrangeiro cresceram cerca de 9% ao ano, de 75 para 152 dlares per capita. A

    taxa de cobertura das importaes pelas exportaes foi de 201% em 2011

    contra 118% em 2002. Como j referido, a mais relevante exportao

    portuguesa do cabaz @riativo;

    Portugal detm 2,7% do mercado europeu e 0,6% do mercado mundial em 2011.

    o 25. exportador mundial (com 1,6 mil milhes de dlares), num ranking

    mundial liderado pela China (35% de quota de mercado), Hong Kong (7%), EUA

    e Coreia do Sul (6% cada) e Taiwan (5%);

  • Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (25,4), Hungria (1,7), Pases Baixos (1,4),

    Romnia (1,0), Repblica Checa e Eslovquia (0,9 cada). Portugal manteve a

    quota a nvel mundial e conquistou quota no mercado europeu (1,3);

    Em 2011, os dez principais clientes de produtos relacionados audiovisuais

    portugueses foram Alemanha, Espanha, Reino Unido, Frana, Blgica,

    Repblica Checa, Itlia, EUA, Polnia e Pases Baixos. S as vendas de

    equipamentos de radiodifuso Alemanha, Espanha e ao Reino Unido

    explicam mais de metade das exportaes portuguesas de produtos relacionados

    audiovisuais em 2011, sendo esta mercadoria em que Portugal revela a grande

    vantagem comparativa a nvel internacional no domnio dos media;

    Quanto aos servios audiovisuais e relacionados, as vendas ao exterior

    cresceram cerca de 21% ao ano, de dois para 11 dlares per capita. A taxa de

    cobertura das importaes pelas exportaes foi de 38% em 2011 contra 20%

    em 2002.

    Entre a meia centena de pases que contabilizou vendas de servios audiovisuais

    e relacionados em 20119, Portugal surge na 16. posio com um total de 115

    milhes de dlares, num ranking liderado pelo Luxemburgo, Canad, Reino

    Unido, Frana e Hungria.

    Em termos per capita, Portugal ocupa a 15. posio, ao nvel de Estnia e

    Alemanha. frente esto Luxemburgo, Malta, Hungria, Canad, Blgica, Reino

    Unido, Pases Baixos, Frana, Espanha, Lbano, Grcia, e ustria.

    9 A lista de 56 pases no inclui designadamente os EUA.

  • Os dados disponveis para as exportaes neste domnio permitem confrontar o

    desempenho nacional entre 2002 e 2011 quanto aos seguintes produtos e servios de

    ndole mais prtica ou funcional: produtos de design, produtos relacionados de design,

    produtos de novos media, produtos relacionados de novos media, servios de

    publicidade e relacionados, servios de arquitetura e relacionados, servios de

    investigao e de desenvolvimento e restantes servios pessoais culturais e recreativos

    (cf. Tabela II.1).

    A Cnuced faz notar que os fluxos comerciais relativos aos produtos considerados de

    design so favorecidos pela maior disponibilidade de estatsticas para mercadorias de

    grande consumo como decorao, brinquedos ou joias. Estes artigos so contabilizados

    pelo valor total e no pelo valor acrescentado da sua forma ou aparncia. Inversamente,

    o difcil rastreio dos fluxos comerciais de contedos criativos digitais tende a

    subestimar a relevncia e o potencial dos novos media na sociedade da informao.

    Quanto aos servios, deve ser acautelado o facto de as categorias estatsticas disponveis

    no permitirem isolar os fluxos comerciais gerados pelas atividades exclusivamente

    criativas. As atividades de investigao e desenvolvimento so consideradas criativas na

    abordagem da Cnuced (cf. Caixa II.1).

    neste contexto que se procede anlise das quatro categorias de produtos e de

    servios exportados.

    Os produtos de design so a terceira mais relevante exportao riativa do pas,

    abarcando diversos protagonistas da internacionalizao da economia portuguesa,

    desde a fileira do mobilirio do txtil lar.

    Em termos globais, as exportaes portuguesas de produtos de design cresceram cerca

    de 8% ao ano, de 55 para 108 dlares per capita, totalizando 1.158 milhes de dlares

    em 2011. A taxa de cobertura das importaes pelas exportaes foi de 101% em 2011

    contra 84% em 2002. O maior contributo para este acrscimo das vendas ao exterior

    veio da decorao de interiores (79%), seguido dos acessrios de moda (11%), dos

    brinquedos (4%), das joias (3%), dos artigos de vidro e dos desenhos de arquitetura (1%

    cada).

  • Em termos desagregados, os dados disponibilizados para as exportaes portuguesas

    de produtos de design possibilitam o seguinte posicionamento no contexto europeu e

    mundial:

    Quanto decorao de interiores, como mobilirio, txtil lar, papel de parede,

    porcelana ou iluminao, Portugal detm 2,7% do mercado europeu e 1,2% do

    mercado mundial em 2011. o 20. exportador mundial (com 952 milhes de

    dlares), num ranking mundial liderado pela China (35% de quota de

    mercado), Alemanha (10%), Itlia (8%), Polnia e EUA (4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (18), Alemanha (0,8), Litunia (0,6) e Pases

    Baixos (0,5). Com as exportaes a crescerem a uma taxa mdia anual de 8%,

    Portugal conquistou 0,4 pontos percentuais de quota de mercado a nvel

    europeu e perdeu a nvel mundial (0,1);

    Em 2011, os dez principais clientes dos artigos de decorao nacionais foram

    Frana, Espanha, Angola, EUA, Reino Unido, Alemanha, Blgica, Itlia, Pases

    Baixos e Sucia. S as vendas a Frana, Espanha e Angola explicam perto de

    metade das exportaes portuguesas de produtos de design;

    Quanto aos acessrios de moda, Portugal detm 0,4% do mercado europeu e

    0,1% do mercado mundial em 2011. o 33. exportador mundial (com 109

    milhes de dlares), num ranking mundial liderado pela China (43% de quota

    de mercado), Itlia (13%), Hong Kong (10%), Frana (8%), Alemanha e ndia

    (3% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (12), Frana (2,7), Pases Baixos (0,6) e

    Singapura (0,5). Com as exportaes a crescerem a uma taxa mdia anual de

    11%, Portugal manteve as quotas de mercado a nvel europeu e mundial;

    Em 2011, os dez principais clientes dos acessrios de moda portugueses foram

    Espanha, Frana, Itlia, Angola, Alemanha, Reino Unido, Sua, Arbia

    Saudita, Blgica e Pases Baixos. Espanha, Frana, Itlia e Angola concentram

    quase 60% das compras;

    Quanto s joias, de metais preciosos e bijuteria, Portugal detm 0,2% do

    mercado europeu e 0,0% do mercado mundial em 2011. o 44. exportador

    mundial (com 40 milhes de dlares), num ranking mundial liderado pela

  • China e ndia (18% de quota de mercado cada), Sua (10%), EUA (9%), Hong

    Kong (8%) e Itlia (7%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (10,9), Japo (1,9), Singapura (1,4), Malsia

    (0,5), Dinamarca e Austrlia (0,3 cada). Com as exportaes a crescerem a

    uma taxa mdia anual de 8%, Portugal perdeu quota a nvel mundial (-0,1) e

    manteve a nvel europeu;

    Em 2011, os dez principais clientes das joias portuguesas foram Frana (40%),

    Espanha, Angola, Itlia, Polnia, EUA, Noruega, Reino Unido, Rssia e Sucia;

    Quanto aos brinquedos, Portugal detm 0,3% do mercado europeu e 0,1% do

    mercado mundial em 2011. o 39. exportador mundial (com 39 milhes de

    dlares), num ranking mundial liderado pela China (38% de quota de

    mercado), Hong Kong (19%), Alemanha (8%), Repblica Checa, EUA e Japo

    (4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (10,5), Repblica Checa (3,9), Alemanha (2,4)

    e Dinamarca (1,4). Com as exportaes a crescerem a uma taxa mdia anual de

    12%, Portugal manteve as quotas de mercado a nvel europeu e mundial;

    Em 2011, os dez principais clientes dos brinquedos portugueses foram Polnia

    (33%), Alemanha, Espanha, Angola, Reino Unido, Pases Baixos, Itlia, Frana,

    ustria e Cabo Verde;

    Quanto aos artigos de vidro, Portugal detm 1,4% do mercado europeu e 0,7%

    do mercado mundial em 2011. o 23. exportador mundial (com 12 milhes de

    dlares), num ranking mundial liderado pela China (17% de quota de

    mercado), Frana (13%), Egito e Sua (11% cada), ustria (7%), Alemanha e

    Repblica Checa (6% cada) e Itlia (4%);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (11,7), Malsia (1,6), Eslovnia e Dinamarca

    (0,4 cada). Com as exportaes a crescerem a uma taxa mdia anual de 7%,

    Portugal obteve o quinto maior ganho de quota a nvel mundial (0,2) e

    conquistou 0,7 pontos percentuais de quota de mercado a nvel europeu;

  • Em 2011, os dez principais clientes dos artigos de vidro portugueses foram

    Frana (50%), Espanha, Angola, EUA, Reino Unido, Rssia, Irlanda, Canad,

    Turquia e Moldvia;

    Quanto aos desenhos de arquitetura, Portugal detm 3,9% do mercado

    europeu e 2,5% do mercado mundial em 2011. o 13. exportador mundial

    (com seis milhes de dlares), num ranking mundial liderado pela Alemanha

    (36% de quota de mercado), Eslovquia e ndia (5% cada), Japo, Coreia do

    Sul, China, Reino Unido e EUA (cerca de 4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Alemanha (12,3), Eslovquia (4,8) e Coreia do Sul

    (2,8). Com as exportaes a crescerem a uma taxa mdia anual de 29%,

    Portugal obteve o quarto maior ganho de quota a nvel mundial (2,2) e

    conquistou 3,3 pontos percentuais de quota de mercado a nvel europeu;

    Em 2011, os dez principais clientes dos desenhos de arquitetura portugueses

    foram Espanha (mais de 90%), Romnia, Angola, So Tom e Prncipe,

    Marrocos, Cabo Verde, Sua, Frana, Lbia e Brasil;

    Os produtos relacionados de design surgem como a segunda mais relevante exportao

    riativa do pas. Convm notar que a sua crescente relevncia justificada pelo

    dinamismo dos materiais e equipamentos de suporte arquitetura, mas sobretudo

    empolada pela acelerao das vendas de ouro ao exterior, desde a crise de 2009;

    Em termos globais, as exportaes portuguesas de produtos relacionados de design

    cresceram cerca de 18% ao ano, de 25 para 112 dlares per capita. A taxa de cobertura

    das importaes pelas exportaes foi de 687% em 2011 contra 94% em 2002.

    Destacam-se as vantagens comparativas reveladas nos produtos relacionados com

    arquitetura, acessrios de moda e joias, alcanando em 2011 quotas no mercado

    europeu de 4,6%, 3,4% e 1,7%, respetivamente;

    Em 2011, os dez principais clientes dos produtos relacionados de design foram Blgica,

    Espanha, Frana, Itlia, Alemanha, Angola, Arbia Saudita, Reino Unido, EUA e Pases

    Baixos. S as vendas de ouro Blgica e Espanha explicam mais de um tero das

    exportaes portuguesas.

  • Quanto aos produtos de novos media, os fluxos comerciais contabilizados pelas

    estatsticas internacionais ordenam estes produtos de contedo digital, incluindo som,

    imagem ou jogos, fora das dez maiores exportaes de ndole @riativa do pas em 2011.

    No seu conjunto, as exportaes portuguesas de produtos de novos media

    cresceram cerca de 12% ao ano, de 0,8 para dois dlares per capita. A taxa de

    cobertura das importaes pelas exportaes foi de 10% em 2011 contra 5% em

    2002;

    Portugal detm 0,1% do mercado europeu e 0,0% do mercado mundial em 2011.

    o 44. exportador mundial (com 22 milhes de dlares), num ranking mundial

    liderado pela Alemanha (16% de quota de mercado), China e EUA (14% cada),

    Singapura e Hong Kong (6% cada).

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram Alemanha (6,4), Singapura (5,8), Repblica Checa

    (2,2), Hong Kong (1,5), EUA (1,4) e Polnia (1,1). Portugal manteve a quota de

    mercado a nvel europeu e mundial;

    Em 2011, os dez principais clientes dos produtos de novos media nacionais

    foram Espanha, Angola, Pases Baixos, Sua, Luxemburgo, Reino Unido, EUA,

    ustria, Chipre e Itlia. As vendas a Espanha e a Angola explicam praticamente

    dois teros das exportaes;

    Quanto aos produtos relacionados de novos media, como equipamentos de

    informtica, as estatsticas disponveis ordenam estes equipamentos de suporte

    ao consumo de contedos digitais como a dcima maior exportao de ndole

    @riativa do pas em 2011. As vendas ao estrangeiro cresceram cerca de 13% ao

    ano, de trs para nove dlares per capita. A taxa de cobertura das importaes

    pelas exportaes foi de 13% em 2011 contra 6% em 2002;

    Portugal detm 0,2% do mercado europeu e 0,0% do mercado mundial em 2011.

    o 38. exportador mundial (com 91 milhes de dlares), num ranking mundial

    liderado pela China (51% de quota de mercado), EUA (8%), Pases Baixos e

    Hong Kong (5% cada), Tailndia e Alemanha (4% cada);

    Na ltima dcada, os exportadores que mais pontos percentuais de quota de

    mercado ganharam foram China (37,1), Repblica Checa e Tailndia (1,7 cada) e