INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade...

13
SIC CLÍNICA MÉDICA INFECTOLOGIA VOL. 1

Transcript of INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade...

Page 1: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

SIC

CLÍN

ICA

MÉD

ICA

INFE

CTOL

OGIA

VOL

. 1

Page 2: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Autoria e colaboraçãoDurval Alex Gomes e CostaGraduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Especialista em Infectologia pelo Hospital Heliópolis. Doutor em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico in-fectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Estadual Mário Covas, Santo André. Médico infectologista do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

Carolina dos Santos Lázari Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia da FMUSP. Médica infectologista do Serviço de Extensão ao Atendimento a Pa-cientes com HIV/AIDS da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP no período de 2006 a 2012. Médica assistente da Enfermaria da mesma Divisão.

Rodrigo Antônio Brandão NetoGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico assistente da disciplina de Emergências Clínicas.

Ralcyon F. A. TeixeiraGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Mé-dico assistente do Hospital Universitário (HMCP) da PUC-Campinas. Médico Infectologista do Hospital Sírio-Libanês.

Maria Daniela Di Dea BergamascoGraduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções em Onco-Hematologia e Transplante de Medula Óssea da Disci-plina de Infectologia.

Assessoria didáticaFabrício Martins Valois

Atualização 2017Durval Alex Gomes e Costa

Page 3: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

Page 4: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Índice

Capítulo 1 - Imunologia – noções gerais e aplicações em Infectologia.............................. 15

1. Introdução ...................................................................16

2. Defi nições básicas em Imunologia .......................16

3. Tipos de imunidade .................................................. 17

4. Imunodefi ciências .....................................................21

5. Imunidade mediada por células .......................... 24

Resumo ............................................................................ 26

Capítulo 2 - Patogênese do HIV e AIDS ........27

1. Introdução .................................................................. 28

2. Conhecendo o vírus ................................................. 28

3. Transmissão do HIV..................................................31

4. Epidemiologia ...........................................................31

5. Patogênese ................................................................33

Resumo .............................................................................37

Capítulo 3 - Infecção pelo HIV e AIDS .......... 39

1. Tipos de infecção ......................................................40

2. HIV agudo – síndrome do HIV agudo ...............40

3. Diagnóstico ............................................................... 42

Resumo ............................................................................48

Capítulo 4 - Manifestações oportunistas na AIDS ............................................................... 49

1. Doenças oportunistas ............................................ 50

2. Doenças oportunistas específi cas ....................... 51

3. Sistemas nervosos central e periférico ............ 52

4. Doenças pulmonares associadas ao HIV .......... 62

5. Doenças gastrintestinais associadas ao HIV ....72

6. Manifestações dermatológicas ............................76

7. Lesões oculares associadas ao HIV..................... 78

8. Outros órgãos acometidos ...................................80

Resumo .............................................................................81

Capítulo 5 - Tratamento do HIV/AIDS ......... 83

1. Tratamento antirretroviral ....................................84

2. Síndrome de reconstituição imune ................... 95

3. HIV e transmissão vertical ................................... 96

4. Profi laxias no HIV .................................................. 102

5. E a cura? ................................................................... 102

Resumo ..........................................................................104

Capítulo 6 - Doenças sexualmente transmissíveis ................................................. 105

1. Sífi lis adquirida ........................................................ 106

2. Cancro mole .............................................................. 115

3. Uretrite gonocócica ................................................ 117

4. Linfogranuloma venéreo ..................................... 120

5. Donovanose .............................................................. 121

6. Herpes genital .........................................................123

7. Infecção pelo HPV ...................................................125

8. Abordagem sindrômica .......................................126

Resumo ..........................................................................132

Capítulo 7 - Meningite e outras infecções do sistema nervoso central ..........................135

1. Defi nição ....................................................................136

2. Fisiopatologia ...........................................................136

3. Apresentação clínica ..............................................136

4. Etiologia .....................................................................139

5. Complicações e prognóstico ............................... 144

6. Diagnóstico .............................................................. 144

7. Tratamento ............................................................... 148

8. Quimioprofi laxia das meningites bacterianas ...153

9. Imunização ativa ....................................................153

Resumo ..........................................................................155

Capítulo 8 - Sepse ...........................................157

1. Introdução ................................................................ 158

2. Manifestações clínicas...........................................163

3. Diagnóstico etiológico ...........................................165

4. Tratamento .............................................................. 166

5. Febre de origem indeterminada ........................ 171

Resumo ...........................................................................175

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

Ciru

rgia

do

Trau

ma

Que

stõe

s

Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

Ciru

rgia

do

Trau

ma

Com

entá

rios

Page 5: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Capítulo 9 - Síndrome da mononucleose infecciosa ..........................................................177

1. Introdução .................................................................178

2. Epidemiologia .........................................................178

3. Virologia e fisiopatologia ......................................178

4. Manifestações clínicas ......................................... 180

5. Complicações ......................................................... 182

6. Diagnóstico .............................................................. 184

7. Tratamento ................................................................185

Resumo .......................................................................... 186

Capítulo 10 - Toxoplasmose ..........................187

1. Introdução ................................................................ 188

2. Etiologia e transmissão ........................................ 188

3. Imunocompetentes ............................................... 189

4. Imunossuprimidos ................................................. 190

5. Pacientes com AIDS ............................................... 191

6. Toxoplasmose ocular em imunocompetentes ...193

7. Toxoplasmose congênita .......................................193

8. Diagnóstico ............................................................. 194

9. Tratamento ..............................................................196

Resumo .......................................................................... 198

Capítulo 11 - Citomegalovírus .......................199

1. Introdução ............................................................... 200

2. Infecção aguda ........................................................ 201

3. Infecção em AIDS ...................................................202

4. Infecção em transplantados .............................. 204

5. Infecção congênita.................................................206

6. Tratamento ..............................................................207

Resumo ......................................................................... 208

Page 6: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Meningite e outras infecções do sistema nervoso central

Rodrigo Antônio Brandão NetoDurval A. G. CostaCarolina dos Santos Lázari

Este capítulo aborda um importante tema da Infecto-logia: as meningites, cuja etiologia pode ser bacteriana, viral ou fúngica, sendo as causadas por bactérias as mais graves. Em adultos, as principais bactérias cau-sadoras de meningite bacteriana são S. pneumoniae (mais frequente na maioria do país) e N. meningitidis, enquanto nas formas virais os agentes mais envolvidos são os enterovírus (ecovírus ou coxsackie tipos A e B). Os sintomas de meningite geralmente incluem cefaleia, prostração, letargia ou irritabilidade, febre, menin-gismo, náusea e vômitos, variando sua intensidade de acordo com a causa, bacteriana ou viral. O diagnóstico leva em conta o quadro clínico e os achados no exame do liquor, e o tratamento é feito com antibioticoterapia nas meningites bacterianas, com ceftriaxona 2g IV, 12/12h, ou cefotaxima 2g IV, 4/4h, em pacientes de até 50 anos, e com ampicilina 2g IV, 4/4h + ceftriaxona 2g IV, 12/12h, em pacientes acima de 50 anos.

7

Page 7: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

sic infectologia136

1. Definição

ImportanteA presença ou ausência

de função cerebral normal é importante para dis-

tinguir entre meningite e encefalite. Pacientes com

meningite apresentam função cerebral normal.

Na encefalite, é esperada alteração da função

cerebral, incluindo estado mental alterado, déficit

motor ou sensorial, alte-rações de personalidade

e/ou comportamento e hemiparesias.

As meninges são membranas de tecido conjuntivo que revestem o Sis-tema Nervoso Central (SNC), a fim de lhe conferir proteção mecânica e barreira físico-química. De fora para dentro, compreendem a dura--máter, a aracnoide e a pia-máter.

A meningite é uma doença inflamatória das leptomeninges (pia-máter e aracnoide), que acomete esses envoltórios e o espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebrospinal. O processo é craniospinal, compro-metendo o sistema ventricular, o canal vertebral e as cisternas da base do crânio, e pode acometer os nervos cranianos. Os principais agentes são as bactérias e os vírus, mas podem ainda ser ocasionadas por pa-rasitas e fungos. As encefalites, por sua vez, são infecções agudas do parênquima nervoso que determinam febre, cefaleia, confusão mental, rebaixamento do nível de consciência, sinais de acometimento focal ce-rebral (déficits motores, afasia, assimetria de reflexos, alterações da coordenação etc.) São causadas, principalmente, por infecções virais.

2. FisiopatologiaEm situações propícias, os agentes de infecção ou colonizantes das vias aéreas invadem a mucosa respiratória e, por via hematogênica, alcançam as meninges, onde se multiplicam e estimulam um processo inflamatório.

Figura 1 - Disposição das meninges e ilustração de uma meninge inflamada, neste caso, com acometimento encefálico

Além disso, as infecções do trato respiratório superior, otite aguda (ou mastoidite) ou pneumonia podem acompanhar ou anteceder o quadro clínico. Em crianças, otite, sinusite, pneumonia e celulite periorbitária são situações predisponentes.

3. Apresentação clínica

DicaDeve-se pensar em

meningite sempre que um paciente apresenta febre

e manifestações neuroló-gicas, sobretudo se existe

uma história pregressa de outra moléstia infecciosa

ou de traumatismo cranioencefálico (TCE). O

prognóstico depende do intervalo entre o apare-

cimento da enfermidade e a instituição da terapia

antimicrobiana.

A manifestação clínica usual é o início agudo de febre, cefaleia holo-craniana, rigidez de nuca e vômitos. Em geral, a doença progride de maneira rápida. Ocasionalmente, o início é menos agudo, com sinais meníngeos presentes por alguns dias ou 1 semana. A tríade de febre, rigidez de nuca e alteração de estado mental, que é a manifestação clássica da meningite bacteriana, acontece em apenas 60% dos casos.

Page 8: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Toxoplasmose

Carolina dos Santos LázariDurval A. G. Costa

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, cuja infecção pode acontecer pela ingestão de oocistos ou bradizoítos presentes em carne crua ou mal passada de animais infectados, como porcos e carneiros. A manifestação clínica principal é a linfade-nopatia cervical, e o tratamento é feito para casos muito sintomáticos, utilizando-se sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico. A infecção é especialmente importante nos pacientes com AIDS, nos quais ocorre na forma de neurotoxoplasmose, e nas gestantes em fases iniciais da gestação, nas quais ocorre a transmissão vertical para o feto, causando malformações diversas como corior-retinite, cegueira, epilepsia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, anemia, icterícia, microcefalia, calcifi-cações cerebrais difusas, hidrocefalia etc.

10

Page 9: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

sic infectologia188

1. IntroduçãoA toxoplasmose é uma doença sistêmica causada pelo protozoário To-xoplasma gondii. Apesar de a infecção por esse parasita ser altamente prevalente em todo o mundo, a incidência de manifestações clínicas é baixa, com habitual ocorrência no momento da infecção aguda, de ca-ráter benigno e autolimitado. Por outro lado, a doença pode ser grave em indivíduos imunodeprimidos e em crianças que adquirem a infecção por transmissão materno-fetal.

2. Etiologia e transmissãoO T. gondii é um protozoário coccídeo que parasita felídeos como hos-pedeiro definitivo, mas pode causar infecção em humanos, que desem-penham o papel de hospedeiros intermediários. As formas evolutivas mais importantes no ciclo do parasita são os oocistos, os taquizoítos e os bradizoítos.

Os oocistos são as formas de resistência eliminadas no ambiente pelos felinos juntamente com as fezes, podendo ser ingeridos pelo homem. Os taquizoítos são as formas capazes de se multiplicar rapidamente por reprodução assexuada no ser humano, presentes na infecção ativa, seja na corrente sanguínea durante a infecção primária, seja nos teci-dos, na doença de reativação. Já os bradizoítos se reproduzem lenta-mente no interior de cistos teciduais. Sua importância reside no fato de servirem como fonte de infecção para o homem, quando ingeridos na carne crua ou mal cozida de animais infectados – sobretudo por-cos e carneiros. Além disso, também podem estar presentes em te-cidos humanos – principalmente músculos, retina e Sistema Nervoso Central (SNC) –, formando cistos que podem dar origem à doença por reativação.

Figura 1 - Ciclo de vida do Toxoplasma gondii

Page 10: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

SIC

QUE

STÕ

ES E

CO

MEN

TÁRI

OS

INFE

CTOL

OGIA

VOL

. 1 -

REVA

LIDA

Page 11: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

QUESTÕES

Cap. 1 - Imunologia – noções gerais e aplicações em Infectologia ..................................................211

Cap. 2 - Patogênese do HIV e AIDS .............................211

Cap. 3 - Infecção pelo HIV e AIDS ................................211

Cap. 4 - Manifestações oportunistas na AIDS .......212

Cap. 5 - Tratamento do HIV/AIDS ...............................212

Cap. 6 - Doenças sexualmente transmissíveis .......213

Cap. 7 - Meningite e outras infecções do sistema nervoso central .................................................215

Cap. 8 - Sepse ....................................................................216

Cap. 9 - Síndrome da mononucleose infecciosa ....216Cap. 10 - Toxoplasmose .................................................. 217

Cap. 11 - Citomegalovírus .............................................. 217

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Imunologia – noções gerais e aplicações em Infectologia .................................................219

Cap. 2 - Patogênese do HIV e AIDS ............................219

Cap. 3 - Infecção pelo HIV e AIDS ...............................219

Cap. 4 - Manifestações oportunistas na AIDS ......220

Cap. 5 - Tratamento do HIV/AIDS ..............................220

Cap. 6 - Doenças sexualmente transmissíveis ......220

Cap. 7 - Meningite e outras infecções do sistema nervoso central ................................................ 222

Cap. 8 - Sepse ................................................................... 222

Cap. 9 - Síndrome da mononucleose infecciosa ... 223

Cap. 10 - Toxoplasmose ................................................. 223

Cap. 11 - Citomegalovírus ............................................. 224

Índice

As questões INEP e UFMT, que compõem a maior parte dos testes utilizados neste volume, foram extraídas de provas de revalidação. Por isso, nos casos de temas ainda não abordados ou pouco explorados nas provas do Revalida, selecionamos questões de Residência Médica como complemento de estudo.

Page 12: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

Infe

ctol

ogia

Que

stõe

sQuestõesInfectologia

Imunologia – noções gerais e aplicações em Infectologia

2016 - UFPR1. Assinale a alternativa em que todos são critérios diagnósticos para imunodefi ciência primária:a) amigdalites de repetição, infecção de vias aéreas

superiores frequentes, mais de 3 pneumonias em 1 ano

b) diarreia crônica, infecção urinária de repetição, otite crônica com derrame, meningite e artrite séptica

c) história familiar, poliendocrinopatias, diarreia crôni-ca, candidíase persistente e linfopenias

d) plaquetopenias com plaquetas pequenas, ausência de cicatriz do BCG, pneumonia por bactérias atípicas, osteomielite

e) infecção urinária de repetição, amigdalites com pouca resposta ao tratamento com antimicrobianos, pre-sença de estigmas genéticos, abscesso hepático

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2014 - UFT2. Células T CD4+ que respondem a patógenos intracelu-lares pelo recrutamento e pela ativação de células fago-citárias são chamadas:a) NKTb) apresentadoras de antígenos c) Th1d) Th2e) linfócitos T citotóxicos

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Patogênese do HIV e AIDS

2016 - UNIRIO3. Ao internar um paciente portador do vírus da imuno-defi ciência adquirida humana (HIV), o residente depa-rou com quadro de emagrecimento importante. Havia relato de diarreia crônica e peso atual de 45kg e altura

de 1,75m. O parâmetro que não sugere o diagnóstico de desnutrição do paciente é:a) albumina sérica de 3,8mg/dLb) creatinina sérica de 0,2mg/dLc) espessura da dobra cutânea tricipital de 2cmd) hiperceratose folicular e glossite evidenciadas no

exame físicoe) história clínica de diarreia crônica e perda de peso não

intencional

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2011 - FMUSP-RP4. Cerca de 30 a 40% dos pacientes infectados pelo ví-rus HIV irão desenvolver neoplasia maligna ao longo da vida. Dentre os tumores mais comuns destacam-se o sarcoma de Kaposi, o linfoma não Hodgkin e o carcino-ma de colo de útero. A patogênese que explica esse alto risco de câncer é:a) inserção do genoma viral em pontos críticos do geno-

ma celular levando à formação de proteínas quiméri-cas que são pró-carcinogênicas

b) as células infectadas pelo vírus HIV contêm oncoge-nes que transcritos levam ao desenvolvimento do câncer

c) a transcriptase reversa do vírus HIV ativa muitos on-cogenes durante a replicação viral, os quais vão de-sencadear o processo de carcinogênese

d) a infecção pelo vírus HIV causa imunodefi ciência no indivíduo

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Infecção pelo HIV e AIDS

2012 - INEP - REVALIDA5. Uma mulher de 23 anos, casada, do lar e nuligesta, iniciou atividade sexual há 3 anos, após casamento. No momento, essa mulher está em tratamento para condi-lomatose vulvar em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e apresenta boa evolução. Ela não mantém relações ex-traconjugais, seu marido é saudável e não tem histórico de Doença Sexualmente Transmissível (DST) e/ou uso

Page 13: INFECTOLOGIA VOL. 1 · Graduada em Medicina e especialista em Infectologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Mestranda . na UNIFESP, fazendo parte do Grupo de Infecções

ComentáriosInfectologia

Imunologia – noções gerais e aplicações em Infectologia

Questão 1. Analisando as alternativas:a) Incorreta. O que é mais importante na defi ciência de imunodefi ciência primária é a história familiar, que está em falta nessa alternativa. As infecções descritas podem ocorrer nas defi ciências de imunoglobulinas.b) Incorreta. Novamente, faltou falar de história familiar de infe cções de repetição. Convém lembrar que quadros de artrites sépticas podem ocorrer nas agamaglobulinemias.c) Correta. É essa a resposta, principalmente porque, além das infecções de repetição, o ponto-chave é a his-tória familiar, 1º aspecto para investigação de uma imu-nodefi ciência primária. d) Incorreta. Faltou a história familiar, mais uma vez.e) Incorreta. Estigmas genéticos não são o mesmo que história familiar. Algumas imunodefi ciências são acompa-nhadas de síndromes, o que pode ocasionar estigmas ge-néticos. Isso, entretanto, é diferente de história familiar. Gabarito = C

Questão 2. Analisando as alternativas:a) Incorreta. As células NKT nada mais são do que os linfócitos natural killers iniciais no processo de resposta imunológica inata, que não tem estímulo celular por CD4. b) Incorreta. As células apresentadoras de antígenos rece-bem o nome de APC (Antigen-Presenting Cells) e também fazem parte da resposta inata para gatilho da célula.c) Correta. As células Th1 medeiam a resposta celular que ocorre a partir do CD4 naïve. São elas as responsá-veis pela resposta celular específi ca, por meio da ativa-ção de fagócitos para a aniquilação do antígeno.d) Incorreta. As células Th2 são responsáveis pela res-posta humoral, que não medeia a ativação de fagócitos, mas de resposta inespecífi ca com infl amação difusa.e) Incorreta. Os linfócitos T citotóxicos são mediadores de resposta celular, mas não têm ação a partir do CD4. Gabarito = C

Patogênese do HIV e AIDS

Questão 3. O valor de albumina normal está acima de 3,5mg/dL. A questão obriga a decorar alguns valores, im-

portantes na prática diária de um médico. A alternativa “a” é a resposta, pois um desnutrido teria albumina com valor bem abaixo de 3,5. Creatinina mede a quantidade de massa muscular. Um valor de 0,2 indica desnutrição grave com consumo de proteínas e redução drástica de massa muscular. Ainda que o aluno não saiba que o valor nor-mal de dobra cutânea tricipital estaria bem acima de 0,2, ele saberia que o valor de albumina está normal. Hiperce-ratose folicular e glossite são sinais de hipovitaminose e desnutrição energético-proteica. E diarreia crônica leva a perda de peso cronicamente, com desnutrição. Gabarito = A

Questão 4. Historicamente, a principal causa de tumores associados ao HIV é a diminuição de imunidade celular, com consequente facilitação de outras infecções (virais em sua maioria) que possam causar tumores com maior facilidade (é o caso do vírus herpes 8 levando ao sarcoma de Kapo-si ou do Epstein-Barr e HTLV levando a linfomas, e o pró-prio HPV, com maior incidência de câncer de colo de útero quando associado à imunodepressão). No entanto, recen-temente houve crescimento de hipótese que o próprio HIV, mesmo em pacientes com valores de linfócitos T CD4 alto por longos períodos de tempo, poderia causar aumento de incidência de tumores, principalmente do linfoma. Este fato estaria associado à característica do HIV de se misturar ao material genético da célula parasitada (não só linfócitos T CD4) levando a uma maior facilidade de “erros” de codifi ca-ção com o passar dos anos. Entretanto, mais estudos são necessários antes de confi rmar tal hipótese.Gabarito = D

Infecção pelo HIV e AIDS

Questão 5. A paciente já tem diagnóstico defi nitivo de HIV, o que indica que ela deverá iniciar acompanhamen-to com atendimento especializado. Como na UBS não há este atendimento, deve ser feito encaminhamento para a unidade de saúde de referência especializada para o tratamento. Lembre-se: 2 amostras positivas para HIV com pelo menos 1 teste confi rmatório (no caso, foi feito o western blot), fecham o diagnóstico de HIV. Portanto, não será necessário fazer novas amostras de HIV. Os exames de CD4 e carga viral deverão ser pedidos pela equipe da unidade referenciada. Gabarito = C

Infe

ctol

ogia

Com

entá

rios