Inflacao_anos_80_90
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Políticas de combate à inflação dos anos 80 e 90
Contexto:
- Ajuste do Balanço de Pagamentos (crise da dívida do início dos anos 80)- Economia internacional em recuperação
- Queda do déficit operacional
Problema:
- Inflação brasileira passa a crescer de forma significativa, especialmente a partir da segunda
metade da década de 80 até a primeira metade da década de 90
- Políticas ortodoxas recessivas do início dos anos 80 tiveram pouca influência sobre a
inflação- Começa a ser discutida a idéia de inercialidade da inflação
Que fatores podem explicar o aumento “descontrolado” da inflação?
a) Choque do petróleo de 1979;
b) Maxidesvalorização cambial de 1983;
c) Instrumentos formais de indexação (ORTN)
Diagnósticos & soluções
a) Pacto social
b) Choque ortodoxo
c) Choque heterodoxo
d) Reforma monetária
Características especiais de (c) (d)
(i)
Curva de Phillips inelástica;(ii) Inflação com autocorrelação temporal elevada;
(iii) Políticas recessivas desnecessárias;
(iv) Não “aborda” redistribuição de renda entre empresas, governo e trabalhadores
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Programas de controle inflacionário durante o governo Sarney
A) Fracasso inicial do gradualismo
•
gabinete muito diversificado (Dornelles (MF) x Sayad (MP)), o que dificultou aimplementação de políticas robustas
• inicialmente:
o contenção de gastos públicos e da expansão monetária
o congelamento inicial de preços
o choque agrícola prejudica a tentativa de contenção de preços
• Dílson Funaro substitui Dornelles no MF
• novo choque agrícola negativo
• troca do índice oficial da inflação: de IGP-DI para IPCA
B) Plano Cruzado (28/02/1986)
• José Sarney lança o Cruzado
o situação econômica à época era favorável:
o crescimento econômico
o SBC positiva
o
reservas internacionais em bom nívelo preço do petróleo em queda;
o déficit do governo baixo e sob controle
o dólar desvalorizado frente ao iene e moeda européias
• Medidas do plano
o troca de moeda, de Cruzeiro para Cruzado (1.000 x 1)
o deslocamento da base do IPCA para 28/02/1986, e passou a se chamar IPC
o preços congelados por tempo indeterminado, nos níveis vigentes em 27/02/1986
exceto tarifas industriais de energia elétrica, que ajustaram em 20%
preços públicos foram, na prática, congelados em níveis defasados
o salários convertidos para Cruzados
calculado com base no poder de compra médio dos últimos seis meses
abono de 8% para os assalariados
SM fixado em Cz$ 804, um abono de 16%;
o reajustes de salários e pensões passam a ser fixados anualmente
o criação do “gatilho salarial”, que dispararia quando a inflação acumulasse 20% (data
de ajuste endógena)o taxa de cambio fixada (US$ 1 = Cz$ 13,84)
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o desindexação da economia: substituição da ORTN pela OTN, esta com valor
congelado por um ano
o instituição da “tablita”, que convertia obrigações financeiras em Cruzeiros para a
nova moeda
o
proibição de reajuste de valores contratos com duração inferior a um anoo não houve metas de política monetária e fiscal
• Resultados do Plano Cruzado
o forte queda do IPC
o explosão de consumo (razões: preços congelados com defasagem, aumento de poder
de compra dos salários)
o escassez de produtos (leite, carne e automóveis);
o queda dos juros nominais gerou juros reais até mesmo negativos;
o
valorização das ações na bolsa, ágio no mercado de dólares e aumento de preço dosativos reais;
o tendência ao déficit público (tarifas públicas defasadas e aumento dos gastos com
salários de funcionalismo
Plano Cruzadinho: 23/06/1986 – 10/1986
• tímido pacote fiscal para tentar conter DA
o impostos sobre gasolina e automóveis
aumento dos preços é expurgado do IPCo anúncio do “Plano de Metas”: pacote de investimentos
• na verdade, esforços do governo estavam focados nas eleições para governador e para a
assembléia;
• consumo elevado continuava e até aumentava, em função da expectativa de
descongelamento;
• SBC continuava a piorar, em função da queda de X e em função de M mais alto em função
da expectativa de desvalorização. SBK também registrava saída de recursos devido à
expectativa de desvalorização. Ágio no cambio era de 90%.
•
ágio e “produtos novos” sinalizavam que a inflação real já estava bem acima da inflaçãooficial
Plano Cruzado II: 11/1986 – 06/1987
• anunciado logo após a vitória do governo nas eleições estaduais
• pacote fiscal para aumentar arrecadação do governo
o reajuste de preços públicos (gasolina, energia elétrica, telefone)
o aumento de impostos indiretos (automóveis, cigarros e bebidas)
forte impacto inflacionário;
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• nova tentativa (agora fracassada) de expurgar o aumento de preços dos automóveis,
cigarros e bebidas sobre o IPC, para evitar que o gatilho disparasse. Governo limitou o
ajuste do gatilho a 20%, e o resíduo seria carregado para o próximo disparo;
• reinstitui minidesvalorizações diárias do Cruzado
•
governo tenta (sem sucesso) o “pacto social” com trabalhadores e empresários;• governo cede as pressões e suspende quase todos os controles de preços em 02/1987
o desaquecimento da economia:
pelo lado da demanda, queda do salário real e elevação dos juros
pelo lado da oferta, pelos limites à importação de matérias-primas importadas,
entre outros, pela queda do nível de reservas
• SBC passa a ficar negativo
• governo suspende pagamento de divida externa aos bancos privados
•
Funaro deixa o cargo em 04/1987• Bresser Pereira sobe ao cargo
C) Plano Bresser (12/06/1987)
• Plano híbrido: elementos ortodoxos e heterodoxos
• Política monetária e fiscal ativas (contenção da DA – parte ortodoxa do plano)
o prática de juros reais positivos
o
redução do déficit público• preços e salários (inclusive aluguéis) congelados pelo prazo máximo de 3 meses (haveria
flexibilização e depois, descongelamento, em etapas sucessivas)
o aumento de preços públicos às vésperas: eletricidade, telefone, aço, pão, leite e
combustíveis
o incorporava somente 20% do gatilho de maio
o o resíduo do gatilho (de até maio) seria pago em seis parcelas mensais a partir de
setembro;
•
criação da URP (Unidade de Referencia de Preços) como referencial para reajuste depreços e salários
o determinado pela média geométrica (suavização) mensal da variação do IPC ocorrida
no trimestre anterior e era aplicada ao trimestre subseqüente
• base do IPC deslocada para a data de início do plano
• Cruzado desvalorizado em 9,5%, mas não foi congelado
o Institui-se o regime de minidesvalorizações diárias do câmbio
• obrigações contratuais em moeda antiga deflacionados para cada dia de vencimento via
aplicação de uma nova “tablita”
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• Resultados
o inflação até diminui, mas o escopo do governo já era menor por causa do fracasso do
plano anterior (falta de credibilidade no congelamento e remarcação preventiva de
preços por temor de novos congelamentos);
o
vendas do comercio e produção industrial caem devido à queda do poder aquisitivodos salários e dos juros reais positivos
o SBC volta a ficar positiva
o devido à pressões inflacionárias, o governo diminui o leque de produtos com preços
controlados e concede alguns reajustes
quanto aos salários, algumas mudanças geraram aumentos, o que prejudicou as
chances de redução do déficit publico
• resquício do gatilho, que seria pago só a partir de setembro, foi antecipado
• acordos de reajustes salariais dentro do próprio governo
o
Bresser sai do MF
D) Ministério da Fazenda sob Maílson da Nóbrega
Plano “Feijão com arroz”: 01/1988 – 12/1988
• Metas “modestas” (ortodoxia gradual):
o
estabilização da inflaçãoo redução gradual do déficit público
• não foi realizado congelamento de preços
• em janeiro de 1988, retoma-se o pagamento de juros sobre a dívida
o retomam-se também as negociações sobre recebimento de novos empréstimos
• inflação inicialmente fica sob controle, mas sobe gradativamente
• com a promulgação da Nova Constituição, controle do déficit publico ficaria mais
limitado, em função do novo desenho de transferências a governos e municípios
• em 04/11/1988, assina-se o “pacto social”
o limitação ao juste de tarifas e dos preços públicos e privados
o consegue conter a inflação, apenas momentaneamente, devido à discordância entre
empresários e trabalhadores, em especial
Plano Verão (14/01/1989)
• Programa mais rigoroso de combate à inflação
• Programa híbrido
o
Ortodoxia: prática de juros reais elevadas
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corte das despesas públicas
o Heterodoxia
choque de desindexação: suspensão dos mecanismos de indexação via retirada
da URP
preços congelados nos níveis efetivos de 14/01/1989, por tempoindeterminado. Antes do anúncio, puderam ser ajustados os preços públicos e
administrados, pão, leite, tarifas telefônicas, energia elétrica, gasolina e álcool
• Substituição do Cruzado pelo Cruzado Novo (1 NCz$ = 1.000 Cz$ = 1 US$)
o Cotação do dólar fixada em NCz$ 1 (desvalorização do Cruzado em 18%), por
tempo indeterminado;
o Minidesvalorizações diárias suspensas (diferentemente do Bresser, e em linha com o
Cruzado)
• base do IPC foi deslocada para 15/01/1989
•
Diferentemente dos planos Cruzado e Bresser não foram determinadas novas regras de
indexação
• Salários convertidos para Cruzados Novos
o com base no poder de compra médio dos últimos 12 meses
o sobre este valor, aplica-se a URP pré-fixada
o a partir de fevereiro, a URP não corrigiria mais os salários
o diferentemente do Cruzado e Bresser, não estabeleceu nova regra para reajustes
salariais. Seria decidida entre representantes dos trabalhadores e dos empresários do
pacto social• Congelamento e posterior extinção da OTN-fiscal e da OTN
o Criação do BTN (valor nominal ajustado mensalmente)
• Tal como no Cruzado, alugueis residências foram convertidos para Cruzado Novo pelos
valores médios, igual aos salários
o Valores congelados, mas contratos feitos a partir de 15/01/1989 poderiam contemplar
qualquer índice de correção
• Assim como Cruzado e Bresser, estabeleceu uma nova “tablita” de fatores diários, para
converter em cruzados novos as dívidas com vencimento posterior a 15/01/1989, expressas
em cruzados
• Resultado prático:
o Queda inicial da inflação
o Extinção do indexador oficial impediu coordenação de expectativa de preços
o Redução dos prazos de reajustamento
o Forte aumento da inflação nos meses posteriores
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E) Plano Collor
Plano Collor I (15/03/1990 - Zélia Cardoso no MF)
• Principais medidas:
o
Substituição do Cruzado Novo para Cruzeiro (Cr$ 1 = NCz$ 1)o Teoricamente houve congelamento, mas na prática, foi desrespeitado
o Ajuste fiscal
Aumento da arrecadação via aumento do IPI e do IOF
Reforma ministerial, extinção de órgãos públicos e campanha para demissões
o Câmbio livre (flutuante)
o Bloqueio dos ativos financeiros acima de Cr$ 50.000 (US$ 1.200) por 18 meses
Valores excedentes foram convertidos em doze parcelas mensais iguais, com
atualização monetária mais 6% a.a., a serem pagas a partir de 09/1991
•
Resultado prático:
o Queda da inflação, mas que voltou ao longo do ano, e forte recessão
Plano Collor II (01/02/1991 – Marcílio Marques Moreira no MF)
• Principais medidas:
o Desindexação: extinção do BTN, do BTN-Fiscal e da correção monetária
o Criação da Nota do Tesouro Nacional (NTN)
o
Criação do FAF, cujo rendimento seria a TR Criação da TR como instrumento de remuneração de aplicações de curto prazo;
TR com elemento inovador: indexação forward looking
• Resultado prático
o Queda momentânea da inflação, mas sem sucesso permanente (em boa parte,
influenciado pelo ambiente político)
Importância do governo Collor:
• Reformas estruturais:
o
Abertura econômicao Implementação do PICE – Política Industrial de Comércio Exterior
o Queda de controles quantitativos das importações e substituição por um regime de
impostos cadentes (reforma tarifária com queda gradual anunciada)
• Privatizações (PND – Programa Nacional de Desestatização)
o Siderurgia (Usiminas e CSN, p.e.), Petroquímica e Fertilizantes