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1 Fevereiro 2013 Informação sobre o mercado dos produtos petrolíferos em 2012 Introdução Como habitualmente, apresentamos uma análise da evolução do mercado dos combustíveis ao longo de 2012, comparando com os dois anos anteriores. O objetivo é proporcionar a todos os interessados uma informação factual, baseada em valores publicados por entidades credíveis e que ajude a compreender este mercado. Numa primeira secção analisamos a evolução dos consumos dos combustíveis rodoviários, GPL e lubrificantes, com base na informação disponível até Novembro e fazendo uma estimativa para Dezembro. Nas secções seguintes apresentamos a evolução das cotações internacionais do crude, da gasolina 95 e do gasóleo rodoviário, bem como dos preços médios antes e depois de impostos, da gasolina e do gasóleo. Segue-se a apresentação da estrutura do preço médio de venda ao público e uma comparação do valor dos vários componentes nos últimos dois anos. Fazemos ainda uma análise comparativa dos preços antes e depois de impostos na UE. Finalizamos com uma breve síntese das conclusões. Consumos Como se pode observar no conjunto das figuras 1 a 5, verificamos que em 2012, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos anos, assistiu-se a uma nova retração do consumo, com exceção do GPL auto. A principal razão prende-se com a deterioração da economia, particularmente no mercado interno. Isso implicou uma menor atividade no setor do transporte comercial e uma redução do consumo dos privados. Acessoriamente, contribuíram para a redução dos consumos: a) a melhoria da eficiência energética, resultado da evolução dos veículos e de alterações de comportamento dos condutores, no caso dos combustíveis rodoviários; b) a progressiva substituição do GPL por gás natural, embora a um ritmo mais moderado do que em anos anteriores e c) a evolução tecnológica no caso dos lubrificantes. ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

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1 Fevereiro 2013

Informação sobre o mercado dos produtos petrolíferos em 2012

Introdução

Como habitualmente, apresentamos uma análise da evolução do mercado dos combustíveis ao

longo de 2012, comparando com os dois anos anteriores. O objetivo é proporcionar a todos os

interessados uma informação factual, baseada em valores publicados por entidades credíveis e

que ajude a compreender este mercado.

Numa primeira secção analisamos a evolução dos consumos dos combustíveis rodoviários, GPL

e lubrificantes, com base na informação disponível até Novembro e fazendo uma estimativa

para Dezembro.

Nas secções seguintes apresentamos a evolução das cotações internacionais do crude, da

gasolina 95 e do gasóleo rodoviário, bem como dos preços médios antes e depois de impostos,

da gasolina e do gasóleo. Segue-se a apresentação da estrutura do preço médio de venda ao

público e uma comparação do valor dos vários componentes nos últimos dois anos. Fazemos

ainda uma análise comparativa dos preços antes e depois de impostos na UE.

Finalizamos com uma breve síntese das conclusões.

Consumos

Como se pode observar no conjunto das figuras 1 a 5, verificamos que em 2012, à semelhança

do que tem vindo a acontecer nos últimos anos, assistiu-se a uma nova retração do consumo,

com exceção do GPL auto. A principal razão prende-se com a deterioração da economia,

particularmente no mercado interno. Isso implicou uma menor atividade no setor do transporte

comercial e uma redução do consumo dos privados. Acessoriamente, contribuíram para a

redução dos consumos: a) a melhoria da eficiência energética, resultado da evolução dos

veículos e de alterações de comportamento dos condutores, no caso dos combustíveis

rodoviários; b) a progressiva substituição do GPL por gás natural, embora a um ritmo mais

moderado do que em anos anteriores e c) a evolução tecnológica no caso dos lubrificantes.

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

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2 Fevereiro 2013

Fig. 1

Fig. 2

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3 Fevereiro 2013

Fig. 3

Fig. 4

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4 Fevereiro 2013

No quadro 1 apresentam-se as vendas anuais destes produtos, de acordo com a informação da

DGEG e em que se estimaram os valores relativos ao mês de Dezembro. Verificam-se quedas de

2012 em relação a 2011 de 9% nas gasolinas e nos gasóleos, 16% no GPL e 19% nos

lubrificantes. Como já referido, apenas o GPL auto apresentou um crescimento de 7%. Quando

comparamos com 2010 as quedas são ainda mais acentuadas, respetivamente 18%, 14%, 20%,

28%, e uma subida de 9%, o que demonstra bem o efeito da crise económica prolongada neste

mercado.

Vendas Anuais

Milhares ton 2010 2011 2012 Variação

(%)

2011/2010

Variação

(%)

2012/2011

Variação

(%)

2012/2010

Gasolinas 1387 1247 1131 -10 -9 -18

Gasóleos 4871 4596 4184 -6 -9 -14

GPL auto 26 26 28 2 7 9

GPL 734 699 588 -5 -16 -20

Lubrificantes 67 60 48 -10 -19 -28

Para além deste grupo de produtos, uma referência aos combustíveis para a aviação e marinha,

tendo o consumo dos primeiros estabilizado e dos últimos sofrido um aumento de 6%, em 2012

relativamente a 2011.

Relativamente a 2013 a nossa previsão não pode ser otimista. Todos os indicadores apontam

para a continuação da recessão económica, ainda mais acentuada pela queda do mercado

interno, resultante da redução do poder de compra das famílias, assoladas com um enorme

aumento da carga fiscal e com a consequente redução do rendimento disponível. Isto poderá

até agravar as quebras do consumo verificadas em 2012.

Fig. 5

Quadro 1

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5 Fevereiro 2013

Cotações e preços

Como se pode verificar nas figuras 6 a 8, continuamos a assistir ao longo de 2012 a uma

acentuada volatilidade das cotações, quer do crude quer dos produtos refinados. Podemos

constatar que 2012 se iniciou com uma forte tendência de subida, seguida de uma descida no

2º trimestre, repetindo-se o ciclo nos dois trimestres seguintes.

Fig. 6

Fig. 7

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6 Fevereiro 2013

Nos mercados internacionais as cotações usam o dólar americano. Como se pode verificar na

figura 9, constatamos que o euro apresentou a sua maior valorização no 1º trimestre,

atenuando as subidas das cotações e o mesmo aconteceu no 3º trimestre.

Fig. 8

Fig. 9

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7 Fevereiro 2013

Analisando as cotações em euros, como se mostra nas figuras 6 a 8, verificamos que o pico do

Brent se situou na semana 10, enquanto o valor mais baixo ocorreu na semana 26; para a

gasolina o pico situou-se na semana 14 e o valor mais baixo na semana 51 e para o gasóleo o

pico situou-se na semana 34 e o valor mais baixo na semana 25. Há, portanto, algum

desfasamento nas cotações dos produtos refinados e do Brent.

Quando comparamos os valores médios anuais de 2010 a 2012, como se mostra no quadro 2,

verificamos que se assistiu a uma tendência de subida, que está em linha com a crescente

procura dos países emergentes e com os maiores custos de produção das novas bacias de

hidrocarbonetos que vão entrando em exploração, nomeadamente o “offshore”.

Cotações dos produtos

€/ton 2010 2011 2012 Variação

(%)

2011/2010

Variação

(%)

2012/2011

Variação

(%)

2012/2010

Brent 455 605 657 33 9 44

Gasolina 95 562 711 809 27 14 44

Gasóleo 528 695 769 32 11 46

O Brent valorizou 9% em 2012 e no período 2010-2012 cerca de 44%, tendo a gasolina e o

gasóleo, nos mesmos períodos, sofrido acréscimos respetivamente de cerca de 14% e 44%, e de

11% e 46%.

Passando a analisar a evolução dos preços antes e depois de impostos, figuras 7 e 8,

percebemos claramente que acompanham, com muito pequena desfasagem no tempo, a

evolução da cotação dos produtos refinados, quer nas situações de subida, quer de descida.

Os preços antes de impostos atingiram o pico para a gasolina 95 e para o gasóleo rodoviário,

respetivamente na semana 14 e nas semanas 36 e 37 de 2012, enquanto os valores mais baixos

se verificaram respetivamente nas semanas 51 e 52 e na semana 26, praticamente em

simultâneo com as cotações.

Analisando agora os valores médios anuais dos preços antes de impostos no quadro 3,

verificamos que as variações são semelhantes às das cotações.

Preços antes de impostos

€/ton 2010 2011 2012 Variação

(%)

2011/2010

Variação

(%)

2012/2011

Variação

(%)

2012/2010

Gasolina 95 743 902 1004 21 11 35

Gasóleo 716 900 972 26 8 36

Quadro 2

Quadro 3

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8 Fevereiro 2013

Estrutura dos preços

As figuras 10 e 11 mostram a estrutura respetivamente para a gasolina e para o gasóleo. Neste

caso, evidencia-se também o efeito da obrigação de incorporação de FAME (biodiesel), já que

este é mais caro que o gasóleo mineral e deixou de beneficiar da isenção parcial de ISP, de que

usufruiu até final de 2010.

Como podemos observar, a carga fiscal representa a maior componente do preço de venda ao

público, seguido do preço do produto à saída da refinaria, que é indexado à cotação

internacional, restando uma fatia de apenas 9-10%, correspondendo a cerca de 14 – 15 c/l, para

cobrir todos os custos da atividade de Armazenagem, Distribuição e Comercialização. Esta inclui,

entre outros, o custo da manutenção das reservas obrigatórias (90 dias líquidos do consumo), a

armazenagem, a distribuição e a comercialização. Nesta última rubrica incluem-se os custos

fixos e variáveis de marketing, campanhas de descontos e prémios de fidelização, descontos de

frotas, margens do grossista e do retalhista. Parece óbvio que não há grande campo para

mexidas materiais no preço de venda, a não ser que fosse revista a carga fiscal, o que não é

previsível no atual quadro de consolidação orçamental.

Fig. 10

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9 Fevereiro 2013

Na figura 12 e 13 compara-se a estrutura do preço médio de venda ao público da gasolina e do

gasóleo entre 2011 e 2012. Como podemos observar a subida de 6,1% na gasolina e 5,7% no

gasóleo foi essencialmente devida ao aumento das cotações e do IVA.

Fig. 11

Fig. 12

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10 Fevereiro 2013

Comparação de preços na UE

Sobre esta comparação gostaríamos de recordar a nossa Folha de Opinião nº 52, em que se

analisam as possíveis razões para as diferenças entre os preços antes de impostos praticados

nos vários países europeus. As figuras 14 e 15 mostram os preços médios antes e depois de

impostos nos 27 Estados Membro da UE, bem como os valores médios para os 27 e para a zona

euro.

Em relação ao preço médio antes de impostos, Portugal apresenta quer para a gasolina 95, quer

para o gasóleo, valores acima da média dos 27 e da zona euro, embora as diferenças não sejam

significativas.

As explicações para este posicionamento podem encontrar-se naquela folha de opinião, sem

prejuízo das cautelas que se devem ter com estas comparações, face aos diferentes critérios de

reporte dos países.

Quanto aos valores médios de venda ao público, Portugal apresenta um valor da gasolina 95

acima da média dos 27, mas abaixo da zona euro. No caso do gasóleo, Portugal encontra-se

abaixo, quer da média dos 27, quer da zona euro.

Fig. 13

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11 Fevereiro 2013

Fig. 14

Fig. 15

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12 Fevereiro 2013

Conclusões

De todo o exposto, poderemos extrair as seguintes conclusões:

O consumo dos combustíveis está em queda, em resultado da recessão económica em

geral e da queda do poder de compra dos consumidores, em particular.

Esta queda exerce uma enorme pressão sobre as margens, uma vez que, apesar do

esforço de racionalização dos Operadores, é impossível reduzir os custos fixos na

mesma proporção, estando estes ainda sujeitos à inflação.

A cotação dos produtos mantem uma grande volatilidade, o que implica alterações de

preços frequentes.

Em termos médios assiste-se a um aumento das cotações e consequentemente dos

preços em 2012, quando comparado com os dois anos anteriores. Isto é uma tendência

universal resultado da pressão do aumento de consumo das economias emergentes,

que em muito ultrapassa as reduções nos países da OCDE, e do maior custo na

produção.

O elemento com maior peso no preço final de venda ao público dos combustíveis é a

carga fiscal, seguida do preço à saída das refinarias, sendo a margem de manobra

deixada aos operadores extremamente reduzida.

A dimensão e as características do mercado português explicam que os preços

nacionais antes de impostos se situem um pouco acima da média dos 27 e da zona

euro, sendo que aqui a diferença é menor.

Não se vislumbra em 2013, quer a retoma do consumo que deverá continuar em queda,

quer uma menor volatilidade dos preços.

Face a algum arrefecimento do crescimento económico mundial, é provável que o

aumento anual médio dos preços seja inferior ao verificado nos últimos anos, salvo se

houver perturbações significativas nos mercados internacionais e/ou no equilíbrio

geoestratégico dos principais países produtores.