Informativo ABRATES Sumário · Informativo vol.23, nº.1, 2013 ABRATES A ABRATES homenageia o Dr....

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vol.23, nº.1, 2013 Informativo ABRATES ISSN 0103-667X Informativo ABRATES ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE SEMENTES Editado pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE SEMENTES Presidente JOSÉ DE BARROS FRANÇA NETO EMBRAPA SOJA 1º Vice-Presidente MARIA LAENE MOREIRA DE CARVALHO UFLA Vice-Presidente FRANCISCO AMARAL VILLELA UFPel ABRATES Rua Jonathas Serrano, 895 - Jd. Quebec 86060-220 - Londrina, PR e-mail: [email protected] Editores ADEMIR ASSIS HENNING EMBRAPA SOJA FRANCISCO AMARAL VILLELA UFPel FERNANDO AUGUSTO HENNING EMBRAPA SOJA JOSÉ DE BARROS FRANÇA NETO EMBRAPA SOJA 1 4 2 5 Mensagem do Presidente Mensagem dos Editores Cursos e Eventos 04 05 Sumário 12 3 07 Notícias Trabalhos Técnicos 15 21 25 33 Potencial alelopático de Raphanus sativus L. var. oleiferus. Marcela Carlota Nery, Maria Laene Moreira de Carvalho, Fernanda Carlota Nery, Raquel Maria de Oliveira Pires........................................................... Importância do potencial fisiológico da semente de soja. Julio Marcos-Filho............................................................. Métodos não sulfúricos para superação de dormência de sementes de mucuna-preta (Mucuna aterrima). Nilce Naomi Kobori, Gabriel Moura Mascarin, Silvio Moure Cicero................................................................ Estimativa da incerteza de medição em análise de pureza física. Glaucia Bortoluzzi Maag, Filipe de Medeiros Albano, Rosinha Maria Peroni Mesquita.................... Fluxo gênico e coexistência de lavouras com espécies transgênicas e convencionais. Ivan Schuster................. 39

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vol.23, nº.1, 2013 InformativoABRATES

ISSN 0103-667X

Informativo A B R A T E S

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TECNOLOGIA DE SEMENTES

Editado pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TECNOLOGIA

DE SEMENTES

Presidente JOSÉ DE BARROS FRANÇA NETO

EMBRAPA SOJA

1º Vice-PresidenteMARIA LAENE MOREIRA DE CARVALHO

UFLA

2º Vice-PresidenteFRANCISCO AMARAL VILLELA

UFPel

ABRATESRua Jonathas Serrano, 895 - Jd. Quebec

86060-220 - Londrina, PRe-mail: [email protected]

EditoresADEMIR ASSIS HENNING

EMBRAPA SOJA

FRANCISCO AMARAL VILLELAUFPel

FERNANDO AUGUSTO HENNINGEMBRAPA SOJA

JOSÉ DE BARROS FRANÇA NETOEMBRAPA SOJA

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Mensagem do Presidente

Mensagem dos Editores

Cursos e Eventos

04

05

Sumário

12

3 07Notícias

Trabalhos Técnicos

15

21

25

33

Potencial alelopático de Raphanus sativus L. var. oleiferus. Marcela Carlota Nery, Maria Laene Moreira de Carvalho, Fernanda Carlota Nery, Raquel Maria de Oliveira Pires...........................................................

Importância do potencial fi siológico da semente de soja. Julio Marcos-Filho.............................................................Métodos não sulfúricos para superação de dormência de sementes de mucuna-preta (Mucuna aterrima). Nilce Naomi Kobori, Gabriel Moura Mascarin, Silvio Moure Cicero................................................................

Estimativa da incerteza de medição em análise de pureza física. Glaucia Bortoluzzi Maag, Filipe de Medeiros Albano, Rosinha Maria Peroni Mesquita....................Fluxo gênico e coexistência de lavouras com espécies transgênicas e convencionais. Ivan Schuster................. 39

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vol.23, nº.1, 2013 InformativoABRATES

Informações geraisO Informativo ABRATES é uma publicação quadrimestral da

Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes.Publica artigos técnicos de caráter prático

os quais efetivamente poderão contribuir para o desenvolvimento tecnológico da indústria de sementes.

Toda matéria publicada é de inteira responsabilidade dos autores

Informativo ABRATES, Londrina v. 23, n. 1 Abril, 2013

Tiragem500 exemplares

DiagramaçãoJessica Akemi Ychisawa

Ficha Catalográfi caMaria José Ribeiro Betetto

CRB 9/ 1.596

Informativo ABRATES / Associação Brasileira de Tecnologia de

Sementes. – v. 1, (1990) Brasília, DF: ABRATES, 1990 - Quadrimestral (1990 - ) Editada em Brasília (1990 - 1993), Curitiba (1994 – 1998), Londrina (1999 – 2003), Pelotas (2004 – 2007), Londrina (2008- ) ISSN 0103-667X 1 Agricultura – Sementes – Periódicos. I. Associação Brasileira

de Tecnologia de Sementes.

CDD 631.52105

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Pub

licaç

ão d

e Tra

balho

s É necessário que no mínimo um dos autores do trabalho seja sócio efetivo da ABRATES. Serão aceitos para publicação trabalhos técnicos, revisões de literatura sobre temas de interesses da área de sementes e informações técnicas para o setor sementeiro. O conteúdo dos trabalhos é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es), fi cando a critério do Comite Editorial a aprovação da publicação ou não dos trabalhos em função da sua relevância para o setor sementeiro. A digitação do trabalho deverá ser feita utilizando-se o editor de texto Word (DOC ou RTF) e os gráfi cos em programas compatíveis com o WINDOWS, como o EXCEL, e formato de imagens: Figuras (GIF) e Fotos (JPEG). Os trabalhos técnicos e os resumos de literatura deverão conter os seguintes tópicos: título, autor(es), resumo, termos para indexação, introdução, desenvolvimento, conclusões/recomendações/ considerações fi nais e referências quando citadas no texto.

Os trabalhos deverão ser escritos em linguagem técnica, contendo recomendações, técnicas ou informações baseadas em resultados experimentais e/ou em observações técnicas. Referências deverão obedecer às normas adotadas pela Revista Brasileira de Sementes.

Outros pormenores para publicação de trabalho poderão ser obtidos junto ao Comitê Editorial da Revista.

Estrutura do texto

* Introdução:A introdução deve abordar com objetividade e clareza o problema, apresentando o objetivo a que se propõe o trabalho.

* Desenvolvimento:O desenvolvimento do tema deve conter as informações de ordem lógica, de maneira a facilitar sua compreensão imediata.Deve conter divisões do assunto de maneira coerente, de forma a permitir total clareza e compreensão do texto.Cada divisão deve apresentar seqüência lógica, com princípio, meio e fi m, utilizando, quando necessário, ilustração, tabelas e fi guras para facilitar a compreensão.No desenvolvimento poderá apresentar, além das recomendações, resultados de pesquisa utilizadas por diferentes autores, através de citações bibliográfi cas.

* Conclusões:Deve ser expressada claramente, acompanhada de técnicas ou recomendações.

Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail: [email protected].

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Mensagem do Presidente

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Prezados associados e leitores do Informativo ABRATES,

Com grande expectativa informamos que a Comissão Organizadora do XVIII Congresso Brasileiro de Sementes, a ser realizado em Florianópolis, SC, no período de 16 a 19 de setembro de 2013, começa a receber os resumos dos trabalhos científi cos. O maior evento nacional da área vai reunir nesta edição três importantes simpósios: o I Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras; o XII Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes; e o VII Simpósio Brasileiro de Tecnologias de Sementes Florestais, integrando interessados nas áreas de grandes culturas, forrageiras, fl orestais e olerícolas, como revela o tema principal do evento: A semente na produtividade agrícola e conservação de recursos genéticos.

A programação do CBSementes conta com palestras, painéis, minicursos e sessões pôster. Os interessados devem enviar seus resumos até o dia 19 de junho de 2013. O RESUMO poderá ser enviado em português, espanhol ou inglês e deverá ser submetido eletronicamente, utilizando o Formulário de Submissão, seguindo as orientações, conforme o site: http://www.abrates.org.br/cbsementes/trabalhos

A ABRATES promove ainda este ano mais dois cursos na área de sementes. A 6ª edição do Curso de Amostradores será realizada nos dias 29 e 30 de abril de 2013 e o 4º Curso de Analista, de 06 a 09 de maio de 2013, no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG). Os cursos têm ênfase em aulas práticas e se consolidam como referências para o setor de sementes.

A todos, desejamos uma ótima leitura.

José de Barros França NetoPresidente da ABRATES Gestão 2011-2013

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Mensagem dos Editores

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A primeira edição do Informativo ABRATES em 2013 traz cinco artigos de temas variados. O Potencial alelopático de Raphanus sativus L. var. oleiferus é o artigo apresentado por Marcela Carlota Nery, Maria Laene Moreira de Carvalho, Fernanda Carlota Nery e Raquel Maria de Oliveira Pires. O trabalho dividido em dois experimentos permitiu verifi car o potencial alelopático de plantas de nabo forrageiro sobre a germinação de sementes da própria espécie e de sementes de alface e mostrou efeito alelopático provoca inibição da germinação de sementes de alface.

A Importância do potencial fisiológico da semente de soja é o artigo escrito pelo professor Julio Marcos-Filho. Nele, o autor mostra que o principal objetivo da Tecnologia de Sementes é o desenvolvimento de procedimentos eficientes para a produção, comercialização e utilização de lotes de sementes de soja de alta qualidade.

Métodos não sulfúricos para superação de dormência de sementes de mucuna-preta (Mucuna aterrima) é o artigo escrito por Nilce Naomi Kobori, Gabriel Moura Mascarin e Silvio Moure Cicero. A pesquisa mostra que os tratamentos mais eficientes para superar a dormência de mucuna-preta são água quente a 60 ºC por 5 minutos, escarificação com lixa no lado oposto ao hilo e água sanitária comercial (2,5%) por 45 minutos. A avaliação da germinação no terceiro dia permite antecipar o resultado do teste de germinação.

Os autores Glaucia Bortoluzzi Maag, Filipe de Medeiros Albano e Rosinha Maria Peroni Mesquita abordam a gestão de qualidade em laboratórios de sementes, versando sobre credenciamento e a norma NBR ISO/IEC 17025 no artigo Estimativa da incerteza de medição em análise de pureza física. O trabalho tem o objetivo de propor uma sistemática para a estimativa da incerteza de medição em análise de pureza de sementes no Laboratório Ofi cial de Análise de Sementes do Laboratório Nacional Agropecuário/RS, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (LASO/LANAGRO/RS). Os resultados obtidos indicam uma boa performance analítica do LASO/LANAGRO/RS e que a sistemática de cálculos pode ser aplicada em outros laboratórios de análise de sementes.

Para falar sobre a necessidade de coexistência de lavouras convencionais e transgênicas e discutir o impacto do fl uxo gênico via pólen e do potencial de contaminação das lavouras convencionais a partir do pólen das plantas transgênicas, o pesquisador Ivan Schuster apresenta o artigo Fluxo gênico e coexistência de lavouras com espécies transgênicas e convencionais, em que considera a polinização cruzada, presença adventícia e pureza genética de sementes.

Em Notícias, informamos que a Comissão Organizadora do XVIII Congresso Brasileiro de Sementes, que será realizado em Florianópolis (SC), de 16 a 19 de setembro de 2013, já recebe trabalhos. Os leitores devem fi car atentos aos prazos para envio de resumos. Também apresentamos um relato sobre a participação nos cursos de Amostradores e de Analista, promovidos pela ABRATES e realizados no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG), com ênfase em aulas práticas. As capacitações se consolidam como referências para o setor de sementes.

Na área de cursos e eventos, apresentamos duas atividades desenvolvidas por parceiros e apoiadas pela ABRATES: o I Simpósio de Qualidade de Sementes, promovido pela A ALAP (Asociación de Laboratorios Agropecuarios Privados) nos dias 4 e 5 de novembro de 2013, em Rosário, na Argentina e o I Simpósio de Pós-colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul, promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (ABRAPOS) e realizado de 05 a 07 de junho de 2013, em Dourados (MS).

Esperamos que esta edição do Informativo ABRATES agrade e enriqueça o leitor.

Até a próxima edição!

Os editores:

Dr. Ademir Assis Henning, Vice-diretor Financeiro da ABRATES e pesquisador da Embrapa Soja

Dr. Fernando Augusto HenningPesquisador da Embrapa Soja

Prof. Dr. Francisco Amaral VillelaSegundo Vice-presidente da ABRATES e professor da Universidade Federal de Pelotas (RS)

Dr. José de Barros França NetoPresidente da ABRATES e pesquisador da Embrapa Soja

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A ABRATES homenageia o Dr. Harry Dean Bunch

O Dr. H.D. Bunch nasceu em 1915, em Oklahoma, onde recebeu sua formação em Agronomia na Universidade Estadual de Oklahoma. Após o serviço militar na II Guerra Mundial, foi empregado como engenheiro agrônomo na Universidade Estadual do Mississippi, onde atuou em diversas funções durante os quase 40 anos de atividades nessa instituição: foi Diretor do Laboratório de Tecnologia de Sementes, de 1955 até 1964; Líder do projeto cooperativo entre a Universidade Estadual do Mississippi / USAID e o governo brasileiro (Ministério da Agricultura) denominado AGIPLAN (Apoio Governamental para a Implantação do Plano Nacional de Sementes), no período de 1964 a 1967; Diretor do Escritório de Programas Internacionais em Agricultura de 1967 até sua aposentadoria em 1985.

Supervisionou o AGIPLAN, programa pioneiro em produção de sementes no Brasil. Se hoje o nosso País tem um bem estruturado programa de produção de sementes, com certeza, isso se deve à atuação do Dr. Bunch na sua implementação sob a coordenação do AGIPLAN. Por intermédio desse programa, cerca de 50 brasileiros obtiveram os seus títulos de Mestrado e Doutorado em Tecnologia de Sementes nos EUA.

Era também conhecido e respeitado em outros países, por sua marcante atuação no desenvolvimento de seus programas de produção de sementes, como por exemplo a Índia, a Tailândia e o Quênia.

Como pessoa, o Dr. Bunch se destacou pelo seu lado humano. Todos os brasileiros que interagiram com ele são unânimes em dizer que ele sempre mantinha a porta de seu escritório aberta e um sorriso nos lábios, para atender a todas as nossas possíveis inquietudes. Muitas foram as ocasiões em que os seus estudantes, inclusive os brasileiros, para quem ele dedicava uma atenção e um carinho especiais, foram amavelmente recepcionados por ele e por sua esposa, Jeanette, em sua residência, onde proporcionavam inesquecíveis reuniões sociais, com degustação de comida e bebida típica do Brasil (feijoada e caipirinha).

O Dr. Bunch faleceu aos 97 anos, no dia 11 de fevereiro de 2013, após complicações com pneumonia. Deixa esposa, Jeanette, três � lhos, seis netos e dois bisnetos.

A ABRATES, através de sua diretoria e seus associados, presta sua homenagem ao Dr. Dean Bunch como era conhecido. A SEMENTE por ele semeada está certamente espalhada pelo mundo!

Dr. Bunch, em 1982, doando a sua coleção particular das revistas Crop Science e Agronomy Journal à Universidade Federal de Pelotas, representada pelo Prof. Silmar Peske.

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CB Sementes 2013Abertas inscrições no maior encontro brasileiro da área de sementes

Até 19 de junho de 2013 a Comissão Organizadora recebe inscrições de trabalhos para o 18º Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que será no Centro de Convenções Centro Sul, em Florianópolis (SC), de 16 a 19 de setembro de 2013.

Os trabalhos serão apresentados na forma de pôsteres e divididos entre as sessões: 1) Produção - Maturação – Colheita; 2) Composição Química – Biologia Molecular; 3) Secagem –Benefi ciamento – Embalagem – Armazenamento; 4) Viabilidade – Germinação – Dormência; 5) Vigor; 6) Morfologia – Identifi cação Varietal; 6) Patologia –Tratamento de Sementes e 7) Sementes de Espécies Florestais.

O Congresso se confi gura como o maior evento nacional da área. De acordo com o presidente da ABRATES, um dos objetivos desta edição é integrar interessados nas áreas de grandes culturas, forrageiras, fl orestais e olerícolas: “Nesta edição, trabalhamos com o tema A semente na produtividade agrícola e conservação de recursos genéticos. Esperamos reunir cerca de 1500 pessoas, entre técnicos, produtores, empresários de vários setores, pesquisadores, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação vinculados ao setor de sementes de diversas culturas, o que mostra a integração entre os diversos segmentos e estágios da produção de sementes no Brasil”, revela o presidente do evento, José de Barros França Neto.

A programação científi ca do CBSementes conta com palestras, painéis, minicursos, sessões pôster, além do show room tecnológico com a presença de empresas renomadas do segmento de sementes, insumos, máquinas e equipamentos, tecnologia e áreas afi ns. A programação abrange também o XII Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes, Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras e o VII Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais.

Os minicursos estão distribuídos durante toda a programação e têm vagas limitadas. Os seguintes temas serão abordados:

Minicurso 1 - Tecnologias para a Produção de Sementes de Soja de Alta Qualidade. Coordenação: Fernando Augusto Henning (Embrapa Soja);

Minicurso 2 - Tecnologia e Morfologia de Sementes de Palmeira. Coordenação: Manuel de Jesus Vieira Lima Junior (Centro de Sementes Nativas do Amazonas - CSNAM);

Minicurso 3 - Formação de Responsáveis Técnicos por Campos de Produção de Sementes de Soja e Milho. Coordenação: Maria Laene Moreira de Carvalho (Universidade Federal de Lavras - UFLA) e Gilda Pizzolante de Pádua (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG);

Minicurso 4 - Redação de Artigos Científi cos. Coordenação: Denise Cunha Fernandes Santos Dias (Universidade Federal de Viçosa - UFV);

Minicurso 5 - Produção, Colheita e Benefi ciamento de Sementes Florestais Tropicais. Coordenação: Manuel de Jesus Vieira Lima Junior (CSNAM).

“Os interessados devem optar pelos minicursos quando efetuarem sua inscrição no Congresso. Até 14/05/13, o valor para inscrição em cada minicurso é de R$ 100. Outras informações no site da ABRATES: www.abrates.org.br/cbsementes”

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ABRATES e UFLA fortalecem capacitação na área de sementes

Os cursos teórico-práticos de Formação de Amostradores e de Capacitação de Analista de Sementes, oferecidos pela Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES) e realizados pela Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG), consolidam-se como referências para o setor de sementes. A sexta edição do Curso de Amostradores acontece nos dias 29 e 30 de abril de 2013 e envolve os princípios básicos, defi nições e conceitos em amostragem de sementes, saúde e segurança do amostrador, marcação e rotulagem, entre outros temas. Já, o IV Curso de Analista será realizado de 06 a 09 de maio de 2013. Com ênfase em aulas práticas, as capacitações serão oferecidas no Laboratório de Análise de Sementes da UFLA.

O curso de Analista tem o objetivo de proporcionar capacitação para avaliação da qualidade de sementes de grandes culturas, de acordo com as Regras para Análises de Sementes. A capacitação para amostradores possibilita que o profi ssional esteja em conformidade com o Regulamento da Coordenação de Sementes e Mudas, estabelecido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Leonir Flach trabalha no laboratório de análise de sementes de uma multinacional e já participou dos cursos de Analista e Fisiologia da ABRATES. Agora ele se prepara para a VI edição do curso de Amostradores, em Lavras (MG). Para ele, a formação foi importante. “Os cursos são atuais e abrangentes. Envolvem grandes culturas e dão segurança a quem trabalha com qualidade de sementes, principalmente porque têm atividades práticas”. Embora dirigido aos candidatos que desejam se tornar amostradores de sementes licenciados, o curso interessa a todos os envolvidos com as boas práticas de amostragem.

As inscrições para os dois cursos estão abertas e outras informações estão disponíveis no site da ABRATES: www.abrates.org.br

Inscrições para o I Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do MS encerram em maio

Faltam menos de dois meses para o I Simpósio de Pós-colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul. O Simpósio é promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (ABRAPOS) e será realizado de 05 a 07 de junho de 2013, no Parque de Exposições do Sindicato Rural de Dourados (MS). As inscrições se encerram no dia 29 de maio na internet e podem ser feitas no site http://www.abrapos.org.br/eventos/spgms2013.

Esta é a primeira edição do evento no estado e somente 350 vagas foram disponibilizadas. Para informações sobre o programa técnico, informações sobre Dourados, hotéis e local acesse o site do evento na internet: http://www.abrapos.org.br/eventos/spgms2013/

Fonte: Diretoria da Abrapos

ALAP vai reunir representantes de Laboratórios de Sementes em RosárioA cidade argentina será sede do I Simpósio de Qualidade de Sementes

A ALAP (Asociación de Laboratorios Agropecuarios Privados) promove nos dias 4 e 5 de novembro de 2013, em Rosário, na Argentina, o Primeiro Simpósio de Qualidade de Sementes. Com apoio da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), o encontro engloba as principais questões em qualidade de sementes em foco hoje na América do Sul. A Presidente da ALAP, Martina Souilla, dará início aos trabalhos do Simpósio na manhã do dia 4 com a palestra: Em busca da qualidade.

Outros temas na programação são: Gestão e Métodos para Avaliação de Qualidade de Sementes nos laboratórios, Pós-colheita de sementes, Normas de análises e novidades da ISTA (Internacional Seed Testing Association), Técnicas de Tetrazólio e Vigor, além de um Painel com as empresas participantes.

A programação completa e outras informações http://www.laboratoriosalap.com.ar

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Curso de Fisiologia reúne representantes da área de sementes de todo o Brasil

A ABRATES realizou, de 19 a 22 de março de 2013, o II Curso de Fisiologia de Sementes, no Auditório da Embrapa Soja, em Londrina (PR). O curso reuniu cerca de 130 representantes da indústria de sementes, laboratórios, cooperativas, empresas de armazenamento e logística, estudantes e pesquisadores provenientes de 12 estados brasileiros, além de representantes do Paraguai e Uruguai.

A formação é baseada no livro “Fisiologia de Sementes de Plantas Cultivadas” de autoria do Prof. Dr. Júlio Marcos Filho, da USP/ESALQ, que foi um dos palestrantes do evento. O treinamento proporcionou um melhor entendimento dos processos fi siológicos em todas as etapas de produção das sementes, desde a formação à pós-colheita.

Para José de Barros França Neto, presidente da ABRATES, é fundamental conhecer a fi siologia das sementes a fi m de obter uma produção de melhor qualidade. “O conhecimento da fi siologia de sementes pode ser aplicado em todas as etapas do processo de produção de sementes, o que poderá garantir mais segurança e produtividade em diferentes etapas da produção”, afi rmou.

Os professores Dr. Júlio Marcos Filho (USP/ ESALQ), Dra. Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias (UFV); Dr. Cláudio José Barbedo (Instituto de Botânica / SP), Dr. Francisco Carlos Krzyzanowski (Embrapa Soja) e Dr. José de Barros França Neto (Embrapa Soja) ministraram o curso, abordando assuntos como aspectos de formação das sementes, desenvolvimento (maturação), dormência, germinação, deterioração e condicionamento fi siológico de sementes (Priming), vigor e desempenho de sementes.

Participantes do II Curso de Fisiologia de Sementes da ABRATES, realizado no Auditório da Embrapa Soja, em Londrina - PR

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58° Curso DIACOM é tradição em diagnóstico de sementesDiagnóstico Completo (DIACOM) da Qualidade da Semente de Soja é uma metodologia

que combina testes de qualidade fi siológica e sanitária

A Embrapa Soja realizou de 15 a 19 de abril, em Londrina (PR), a 58ª edição do curso DIACOM: Tetrazólio e Patologia de Sementes, no Núcleo Tecnológico de Sementes e Grãos Dr. Nilton Pereira da Costa, nas instalações da empresa. Realizado desde 1984, o Curso contou com a participação de 37 pessoas. Dirigido aos profi ssionais das áreas de produção e armazenagem, análise, extensão, ensino e pesquisa em sementes, o Curso foi ministrado pelos pesquisadores da Embrapa Soja Ademir Henning, Francisco Krzyzanowski, Irineu Lorini, Fernando Henning e José França Neto.

De acordo com Ademir Henning, coordenador dessa edição, os participantes têm acesso a conhecimentos gerais sufi cientes para permitir a realização dos testes de tetrazólio e patologia de sementes, com qualidade e precisão.

A formação tem duração de 43 h, sendo 32 h de atividades em laboratório. As práticas em tetrazólio permitem aos alunos identifi car danos mecânicos, térmicos, deterioração por umidade ou causados por percevejo além de estimular os níveis de vigor e potencial de germinação. Já nas práticas de patologia de sementes há treinamento para instalação, condução e avaliação do teste de sanidade em soja, permitindo a identifi cação das estruturas dos principais fungos que infectam a semente de soja da semente: Phomopsis sp., Fusarium spp., Colletotrichum truncatum, Cercospora kikuchii, C. sojina e Aspergillus spp.

A próxima edição do Curso DIACOM: Tetrazólio e Patologia de Sementes está programada para a semana de 25 a 29 de novembro de 2013, na Embrapa Soja. Informações podem ser obtidas pelo email [email protected], ou pelo telefone (43) 3025-5223.

Com informações: de Carina Rufi no (MTb 3914-PR)Assessoria de Imprensa - Embrapa Soja

Participantes do 58º Curso DIACOM

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Comitiva Brasileira e Diretoria da ABRATES participam do 30º Congresso Internacional de Sementes da ISTA

Em junho, componentes da Diretoria da ABRATES e de outras instituições farão parte da delegação brasileira na Turquia

A ISTA (International Seed Testing Association) promove entre os dias 12 e 18 de junho de 2013, na cidade de Antalya, Turquia, seu 30º Congresso Internacional de Sementes. O evento terá a presença de diversos membros da Diretoria da ABRATES, bem como de representantes de outras instituições brasileiras. Na manhã de 12 de junho, o diretor Financeiro da ABRATES e pesquisador da Embrapa Soja, Francisco Krzyzanowski, vai proferir a palestra: O papel da avaliação da qualidade na produção de sementes, como exemplifi cado pela produção de sementes de soja. Krzyzanowski ocupa desde 2010 o cargo de Offi cer do Comitê Executivo da ISTA, com funções de vice-presidente.

Outros brasileiros devem participar como ouvintes e com trabalhos científi cos. São diversos representantes de instituições de ensino, pesquisa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de representantes de empresas produtora de sementes. Os membros da ABRATES também participam de reuniões de diversos Comitês Técnicos, além de Reuniões Ordinárias da ISTA. São esperados ao menos 600 participantes durante todos os dias do evento. Informações sobre o 30º Congresso da ISTA: http://ista2013antalya.org/

A ISTA

A ISTA tem o objetivo principal de garantir uniformidade nos testes de qualidade de sementes por meio do desenvolvimento, adoção e publicação de procedimentos padrões de amostragem e análise de sementes. Atualmente 201 laboratórios fazem parte da ISTA em 79 países ao redor do mundo.

UCS promove Seminário de Tecnologia em Sementes Mais de 130 pessoas participaram do evento no auditório Casa do Povo, em Vacaria (RS)

A universidade de Caxias do Sul (UCS) – Campus Universitário de Vacaria (RS) - promoveu no dia 11 de abril de 2013 o 2º Seminário de Tecnologia em Sementes, realizado pelo Diretório Acadêmico Genor Mussatto e pelo Laboratório de Sementes e Fitopatologia (LASFI), que integra a estrutura do Curso de Agronomia no Campus.

O Seminário teve o objetivo de divulgar informações sobre a tecnologia de produção de sementes de qualidade para produtores rurais, estudantes, técnicos, produtores de sementes e profi ssionais das Ciências Agrárias. O evento foi coordenado pela professora Taísa Dal Magro. Os professores e pesquisadores convidados abordaram temas como Resistência e controle de plantas daninhas na produção de sementes de soja e Tecnologias de produção no campo e no benefi ciamento de sementes, entre outros.

O presidente da ABRATES, José de Barros França Neto, apresentou a palestra Vigor x Produtividade em Sementes.

Dulce Mazer Jornalista - MTb 8775/PR

ABRATES - Assessoria de Imprensa

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ISF World Seed CongressData: 27 a 29 de maio de 2013Local: Atenas, GréciaSite: www.worldseed2013.com

ISTA Workshop on Vigour TestData: 04 a 06 de junho de 2013Local: Izmir, TurquiaSite: www.seedtest.org

ISTA Workshop on Purity and GerminationData: 06 a 09 de junho de 2013Local: Ankara, TurquiaSite: www.seedtest.org

30th ISTA Seed CongressData: 12 a 18 de junho de 2013Local: Antalya, TurquiaSite: www.ista2013antalya.org

XXXII Ciclo de Reuniões Conjuntas da Comissão de Sementes e Mudas do Paraná - CSM/PRData: 24 a 27 de junho de 2013Local: Foz do Iguaçú - PRInformações: [email protected]

VIII Curso de Vigor para Semente de SojaData: 08 a 12 de julho de 2013Local: Embrapa Soja, Londrina - PRSite: www.cnpso.embrapa.br/vigor

Primer Simposio de Calidad de SemillasData: 04 a 05 de novembro de 2013Local: Ariston Hotel, Rosario - ArgentinaSite: www.laboratoriosalap.com.ar

XVIII Congresso Brasileiro de SementesData: 16 a 19 de setembro de 2013Local: CentroSul - Centro de Convenções - Florianópolis, SCSite: www.abrates.org.br/cbsementes

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Potencial alelopático de Raphanus sativus L. var. oleiferus1

Marcela Carlota Nery2, Maria Laene Moreira de Carvalho3, Fernanda Carlota Nery4,Raquel Maria de Oliveira Pires5*

RESUMO - Objetivou-se verifi car o potencial alelopático de plantas de nabo forrageiro sobre a germinação de sementes da própria espécie e de sementes de alface. O trabalho foi dividido em dois experimentos, no primeiro, sementes de alface foram colocadas para germinar em substrato sobre papel umedecido com extrato de folhas, caules e raízes de plantas de nabo forrageiro, à temperatura de 20 °C, nas concentrações de 100%; 75%, 50% e 25% e (0%) (p/v). No segundo experimento, sementes de alface e de nabo forrageiro foram colocadas para germinar com extratos da parte aérea de plântulas de nabo forrageiro nas concentrações de 10%, 5%, 2,5% e 0% (p/v). O extrato das folhas, caules e raízes de nabo forrageiro possui efeito alelopático que provoca inibição da germinação de sementes de alface. O mesmo efeito pode ser observado para o extrato de plântulas de nabo forrageiro sobre a germinação de sementes de alface em concentração superior a 5% (p/v). Este extrato, no entanto, não provoca redução na germinação de sementes da própria espécie.

Termos para indexação: nabo forrageiro; alface; alelopatia.

Introdução

O termo alelopatia foi criado pelo pesquisador alemão Hans Molisch, em 1937 e defi nido por Ferreira e Áquila (2000) como o efeito que um organismo pode causar sobre outro de maneira direta ou indireta, em conseqüência de substâncias que são liberadas dentro de um ecossistema. Essas substâncias, presentes em muitas plantas e em diferentes órgãos como folhas, fl ores, frutos, caules, raízes e em sementes de várias espécies de plantas (Miro et al., 1998; Alves et al., 2002), são conhecidas como aleloquímicos, que quando liberados, em quantidades sufi cientes causam efeito alelopáticos que podem ser observados na germinação (Soares, 2000), no crescimento e no desenvolvimento de plantas adultas (Oliveira, 2002).

Em testes de germinação é freqüente a observação de danos como queima das radicelas ou deformações de raízes provocadas por aleloquímicos, além de sementes não germinadas pela ação de substâncias tóxicas à germinação. Existem evidências de que plantas do gênero Brassica produzem aleloquímicos que podem inibir a germinação de espécies como Cassia unifl ora (Ghayal et al., 2007), Tamarindus indica (Parvez et al., 2003) e Eremochloa ophiuroides (Gannon et al., 2006).

Negi et al. (2007) utilizaram mostarda (Brassica campestris L.) para detectar o efeito alelopático de extratos de folhas e caules de Ougeinia ojeinensis Roxb indicando

que plantas do gênero Brassica podem ser sensíveis a ação dos aleloquímicos. Extratos de folhas e caule de lippia (Phyla canescens Kunth) (Tan et al., 2007), noz (Juglans regia L.) e nogueira (Kocacaliskan e Terzi, 2001) não afetaram a germinação de sementes de nabo (Raphanus sativus), apesar de reduzirem o crescimento das plântulas. Parvez et al. (2004) observaram, quando utilizaram macerados do tegumento de sementes de Tamarindus indica L. nas concentrações de 1%, 5% e 10%, redução na germinação de sementes de R. sativus.

Apesar da sensibilidade do gênero Raphanus aos aleloquímicos, observações em formações vegetais onde ocorre a espécie R. sativus L. var. oleiferus, conhecida como nabo forrageiro, permitem levantar a hipótese de que é uma espécie com atividade alelopática, uma vez que forma populações densas e apresenta sinais de inibição do desenvolvimento de outras espécies vegetais em condições de campo, como a soja (Fleck et al., 2006), o milho (Martins e Rosa Júnior, 2005; Rizzardi et al., 2006), o trigo (Machado, 2007) e o algodão (Norsworthy, 2003). Calegari (2001) relata efeitos alelopáticos do nabo forrageiro que afetam, qualitativa e quantitativamente, a incidência de distintas espécies de plantas daninhas. Dias e Dias (2007), quando utilizaram extratos de caule e folhas de nabiça (R. raphanistrum L.), observaram redução na germinação e crescimento de plantas de trigo e aveia.

Tokura e Nobrega (2005) observaram que quando

1Submetido em 06/12/2012. Aceito para publicação em 24/01/2013. 2Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, UFVJM, Departamento de Agronomia. 3 Universidade Federal de Lavras, UFLA, Departamento de Agronomia.

4Universidade Federal de São João Del-Rei, UFSJ, Departamento de Engenharia de Biossistemas.

5Universidade Federal Viçosa, UFV, Departamento de Fitotecnia, 36570-000, Viçosa, Brasil. [email protected]

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sementes de milho foram submetidas a extratos de parte aérea de colza (Brassica napus) e nabo forrageiro (R. sativus L. var. oleiferus) o crescimento da radícula foi afetado em razão do aumento da concentração dos extratos, apesar da germinação de sementes ter sido superior a 80% e Tawaha e Turk (2003) relataram o efeito alelopático de mostarda (B. nigra), sobre a germinação de cevada (Hordeum spontaneum Koch.) e aveia (Avena fatua L.). Todas as plantas produzem essas substâncias alelopáticas, que variam em qualidade e quantidade de espécie para espécie, além de variar na quantidade de ocorrência em um local ou ciclo de cultivo para outro. A resistência a esses metabólitos secundários é mais ou menos específi ca, existindo espécies mais sensíveis que outras, como por exemplo, Lactuca sativa, Lycopersicum esculentum e pepino (Cucumis sativus), sendo por isso, muito usadas em biotestes de laboratório e consideradas plantas indicadoras de atividade alelopática (Alves et al., 2004).

Diante do exposto, objetivou-se avaliar o efeito alelopático de extratos de plantas e plântulas de nabo forrageiro sobre a germinação de sementes da própria espécie e sementes de alface.

Material e Métodos

As plantas e sementes de nabo forrageiro utilizadas pertenciam à variedade CATI AL-1000 e as sementes de alface, à cultivar Grand Rapids. A pesquisa foi realizada em dois experimentos, como se segue:

Experimento 1 – Efeito dos extratos de planta de nabo forrageiro na germinação de sementes de alface;

Para preparação dos extratos de folhas, caule e raiz, as partes das plantas de nabo forrageiro com 67 dias após antese foram inicialmente limpas, pesadas, picadas e em seguida, cada material foi triturado com auxílio de um liquidifi cador. Após 30 minutos em repouso, os extratos foram fi ltrados em fi ltro de pano.

Todos os extratos foram feitos obedecendo a proporção de 100 g de material vegetal para 100 mL de água destilada, sendo este considerado o extrato bruto 100% (p/v). A partir deste, foram feitas diluições, obtendo-se as demais concentrações de 75%, 50% e 25% (p/v). Como testemunha (0%), foi utilizada somente água destilada. O pH do extrato de cada parte da planta na maior concentração, foi medido com o auxílio do pHmetro.

Para o teste de germinação a semeadura do alface foi realizada em caixas acrílicas do tipo gerbox, com substrato sobre papel mata-borrão, umedecido em quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato com os extratos. As caixas gerboxes foram transferidas para câmara do tipo B.O.D. regulada à temperatura de 20 ºC, com fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais

ao 4º dia (primeira contagem), sendo o teste encerrado ao 7º dia (Brasil, 2009). O índice de velocidade de germinação foi calculado segundo a fórmula proposta por (Maguire, 1962).

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x4+1 (3 extratos, 4 concentrações e um tratamento adicional, a testemunha). Os dados foram submetidos a analise de variância e regressão. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SISVAR® (Ferreira, 2000).

Experimento 2 – Efeito do extrato aquoso de plântulas de nabo forrageiro na germinação das sementes da própria espécie e de sementes de alface;

A parte aérea, folhas e hipocótilo de plântulas de nabo forrageiro com 7 dias, foram secas a 30 °C por 24 horas em estufa de circulação forçada de ar, trituradas e peneiradas. Em seguida, 10 g, 5 g e 2,5 g de material foram depositados em becker com 100 mL de água destilada por 2 horas com agitação manual, constituindo os tratamentos 10% (p/v), 5% (p/v), 2,5% (p/v) e testemunha 0%. Posteriormente, o material foi fi ltrado, centrifugado por 5 minutos a 5000 rpm e armazenado a 8 °C. O pH do extrato na maior concentração foi medido com o auxílio do pHmetro.

Para o teste de germinação, a semeadura foi realizada em caixas acrílicas do tipo gerbox com substrato sobre papel mata-borrão, umedecido com cada concentração em quantidade equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato seco para sementes de alface e 2,0 vezes (defi nido em pré-teste) para sementes de nabo forrageiro. As caixas gerboxes foram transferidas para câmara do tipo B.O.D. regulada à temperatura de 20 ºC (alface) e 20 °C - 30 °C (nabo forrageiro), com fotoperíodo de 12 horas. Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes para as duas espécies. Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais ao 4º dia para alface e 3° dia para nabo forrageiro (primeira contagem), sendo o teste encerrado ao 7º dia para ambas as espécies (Brasil, 2009). O índice de velocidade de germinação foi feito computando-se o número de sementes protrundidas a partir de 1mm de comprimento da radícula e calculado de acordo com a fórmula proposta por (Maguire, 1962).

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado comparando as concentrações para cada espécie, sendo os dados submetidos a analise de variância e regressão. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SISVAR® (Ferreira, 2000).

Resultados e Discussão

Experimento 1

Nos testes de germinação e primeira contagem, as sementes de alface semeadas em substrato umedecido

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com soluções de diferentes concentrações de extratos de nabo forrageiro, apresentaram germinação inferior em relação àquelas semeadas em substrato umedecido com água, evidenciando o efeito alelopático do nabo forrageiro sobre a germinação das sementes de alface (Tabela 1). Esse efeito, contudo, não foi observado na avaliação do índice de velocidade de germinação que não diferiu em relação ao tratamento adicional (testemunha).

a germinação de sementes de alface foi inibida com extratos de folhas onde a concentração dos aleloquímicos é maior. A alta concentração de aleloquímicos no extrato de folhas também foi observada por Rozete et al. (2007) quando sementes de B. oleraceae foram postas para germinar em extratos de folhas de alecrim-do-campo, Bacharis dracunculifolia DC., em concentrações superiores a 30%.

Tabela 1. Porcentagem média de plântulas normais na primeira contagem e na germinação de sementes de alface semeadas em substrato papel umedecido com água (adicional) e extratos de folhas, caules e raízes de plantas de nabo forrageiro em diferentes concentrações de 25% a 100% (fatorial).

Testes Água(adicional) 1Extratos (fatorial)

Primeira Contagem 67 A 13 B Germinação 86 A 50 B

1Médias seguidas de mesma letra maiúscula, na linha, não diferem entre si pelo teste F, a 5%.

Observou-se pela primeira contagem da germinação de sementes de alface (Figura 1) que os extratos de caule e raiz em todas as concentrações produziram efeitos inibitórios signifi cativos (p < 0,01). Os extratos de raízes praticamente não afetaram a germinação na concentração de 25%, o que não ocorreu quando se utilizaram extratos de folhas e caules, já que a germinação era inferior a 10%. Para extrato de folhas, não houve diferenças signifi cativas entre as concentrações. Para as sementes de alface colocadas para germinar em extrato de folhas de nabo forrageiro, observou-se anormalidades no sistema radicular, afetando o crescimento das plântulas. Esses resultados corroboram com a afi rmativa de que aleloquímicos provenientes de plantas da família Brassicaceae podem afetar o desenvolvimento radicular de espécies sensíveis, afetando a porcentagem de germinação (Felix et al., 2007).

Em extrato de caule e raiz na concentração de 100% (p/v) foi observada redução signifi cativa (p < 0,01) da porcentagem de germinação (Figura 2). Com o uso do extrato de folha a germinação de sementes de alface foi de 0%, fato este explicado pela anormalidade no sistema radicular (90%) e também pela porcentagem de sementes mortas (3%).

Resultados semelhantes de redução na germinação de sementes de alface na concentração de 100% (p/v) do extrato aquoso de folhas de aroeira, Schinus terebinthifolius Raddi também foram observados por (Souza et al., 2007). Além disso, segundo Butcko e Jensen (2002), extratos de raiz e rizomas não possuem aleloquímicos que inibem a germinação. Porém,

× – –yfolhas = não significativo, ■ ----ycaule = - 0,0114x² + 1,239x – 14,625 R² = 0,41%,

▲―yraíz= 0,013x² - 2,459x + 121,375 R² = 0, 93%

0102030405060708090

100

0 25 50 75 100

Concentração do extrato (%)

Prim

eira

con

tage

m (%

)

Figura 1. Resultados de primeira contagem da germinação (%) de sementes de alface em diferentes concentrações dos extratos de folhas, caule e raízes de nabo forrageiro.

×– –yfolha = não significativo, ■―ycaule = - 0,0212x² + 1,798x + 58,75 R² = 0,77%,

▲‐‐‐‐yraíz= - 0,0346x² + 3,247x +34,375 R² = 0,92%

0102030405060708090

100

0 25 50 75 100

Concentração do extrato (%)

Ger

min

ação

(%

)

Figura 2. Resultado de germinação (%) de sementes de alface em diferentes concentrações dos extratos de folhas, caule e raízes de nabo forrageiro.

Um dos aspectos que podem afetar o desenvolvimento de plântulas no teste de germinação é o pH da água ou solução de umedecimento do substrato. Segundo Rao e Reddy (1981), os efeitos depressivos são manifestados apenas em valores de pH igual ou inferior a 3,0 ou igual ou superior a 9,0. No presente trabalho, o pH dos extratos de folha, caule e raiz foram de

Concetração do extrato (%)

Concetração do extrato (%)

Prim

eira

con

tage

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)

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6,1; 5,9 e 5,9, respectivamente e da testemunha de 8,8, o que descarta um efeito deletério propiciado pela alteração de pH com a adição do extrato nos substratos de geminação.

Para o parâmetro IVG (Figura 3), nota-se que em todas as concentrações, tanto do caule como da raiz, houve atraso no processo germinativo, sendo o efeito mais pronunciado na concentração de 100%, onde se registraram os menores valores para esse parâmetro. Esse resultado vem confi rmar as observações realizadas por Ferreira e Áquila (2000) os quais relataram que muitas vezes, o efeito alelopático não ocorre sobre a germinação, mas sobre a velocidade de germinação das sementes.

de germinação e IVG. No entanto, observou-se redução acentuada a partir da concentração de 5% (p/v). Em baixas concentrações (2,5%) os extratos estimularam a germinação das sementes de alface e de maneira não signifi cativa, as sementes de nabo forrageiro.

×– –yfolhas= não significativo, ■―ycaule = - 0,0045x² + 0,322x + 17,87 R² = 88,94%,

▲----yraíz= - 0,0038x² + 0,3457x + 17,3656 R² = 93,28%

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0 25 50 75 100

Concentração do extrato (%)

IVG

Figura 3. Resultado do índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de alface sob o efeito de diferentes concentrações dos extratos de folhas, caule e raízes de nabo forrageiro.

Para o extrato de folhas foi observado maior IVG, isto porque, foi computado o número de sementes protrundidas incluindo plântulas normais e anormais.

Comparando-se os efeitos inibitórios em função da fonte de extrato, observou-se que os extratos aquosos das folhas provocaram efeitos inibitórios superiores aos do caule e da raiz, apesar de não haver diferenças signifi cativas entre as concentrações. Além disso, a concentração mais elevada, 100% (p/v), provocou efeito inibitório mais signifi cativo para todos os parâmetros estudados.

A partir destes resultados foi realizado um 2° experimento, testando o efeito inibitório do extrato da parte aérea de plântulas de nabo forrageiro em concentrações menores sobre a germinação de sementes de alface e do próprio nabo forrageiro.

Experimento 2

O extrato da parte aérea das plântulas, da mesma forma como ocorre com o extrato da planta de nabo forrageiro, inibe a germinação das sementes de alface como pode ser observado pelas fi guras 4, 5 e 6. Todas as concentrações do extrato causaram efeitos similares de redução que se ajustaram ao modelo quadrático, tanto na primeira contagem, porcentagem

Yalface = - 0,607273x² + 1,478182x + 44,209 R² = 0,81% Ynaboforrageiro= não significativo.

0

1020

3040

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100

0 2,5 5 10Concentração do extrato (%)

Prim

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con

tage

m (%

)

Alface Nabo-forrageiro

Figura 4. Resultados da primeira contagem da germinação (%) de sementes de alface e nabo forrageiro sob o efeito de diferentes concentrações dos extratos de plântulas de nabo forrageiro.

Yalface = -1,514545x² + 9,006364x + 63,6681 R² = 0,95% Ynaboforrageiro= não significativo

0

1020

3040

50

6070

8090

100

0 2,5 5 10Concentração do extrato (%)

Ger

min

ação

(%)

Alface Nabo-forrageiro

Figura 5. Resultados da germinação (%) de sementes de alface e nabo forrageiro sob o efeito de diferentes concentrações dos extratos de plântulas de nabo forrageiro.

A maioria dos trabalhos relata que os efeitos dos compostos alelopáticos se relacionam aos processos fi siológicos da planta receptora e, de maneira geral, agem como inibidores da germinação e do crescimento (Rawat et al., 1998; Vaccarini et al., 1999). Porém, alguns trabalhos demonstraram que estes compostos podem atuar como

Concetração do extrato (%)

Concetração do extrato (%)

Concetração do extrato (%)

IVG Pr

imei

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(%)

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min

ação

(%)

Alface

Alface

Nabo-forrageiro

Nabo-forrageiro

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promotores de crescimento. Aparentemente, a maior parte, senão todos os compostos orgânicos que são inibitórios em alguma concentração, são estimulantes quando presentes em menores concentrações (Rice 1984). Ghayal et al. (2007) descrevem que extrato de folhas de Cassia unifl ora L. estimula a germinação de sementes de B. juncea e R. sativus em baixas concentrações (2,5% e 5%), mas em altas concentrações (15% e 20%) inibe a germinação e o crescimento de plântulas, o que justifi ca o estímulo da germinação de alface e do nabo forrageiro na concentração de 2,5%.

afeito alelopático que provoca inibição da germinação de sementes de alface em concentração superior a 5% (p/v), mas não provoca redução na germinação da própria espécie.

Conclusões

O extrato das folhas, caules e raízes de nabo forrageiro possui efeito alelopático inibindo a germinação de sementes de alface.

O extrato de plântulas de nabo forrageiro em concentração superior a 5% (p/v) afeta a germinação de sementes de alface. Este extrato no entanto, independente da concentração, não provoca redução na germinação de sementes da própria espécie.

REFERÊNCIAS

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FERREIRA, D.F. SISVAR- Sistema de análise de variância para dados balanceados: programa de análises estatísticas e planejamento de experimentos, versão 4.1. Lavras: UFLA, 2000.

Yalface= - 0,143018x² + 1,109945x + 17,9292 R² = 0,90% Ynaboforrageiro= não significativo

0,00

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0 2,5 5 10Concentração do extrato (%)

IVG

Alface Nabo-forrageiro

Figura 6. Resultado do índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de alface e nabo forrageiro sob o efeito de diferentes concentrações dos extratos de plântulas de nabo forrageiro.

O uso do extrato na concentração de 10% causou anormalidades no sistema radicular em 87% das plântulas de alface. Observou-se que as plântulas de alface afetadas apresentaram os hipocótilos de tamanho reduzido, radícula oxidada e escurecida. Ferreira e Áquila (2000) apontam que as substâncias alelopáticas podem induzir o aparecimento de plântulas anormais, sendo a necrose da radícula um dos sintomas mais comuns (Gatti et al., 2008).

Ao contrário do que ocorreu com as sementes de alface, a germinação das sementes de nabo forrageiro não foi afetada negativamente pelo extrato das plântulas, o que indica não haver efeito alelopático de nabo forrageiro na germinação de suas próprias sementes.

Conclui-se que o extrato de folhas, caule e raízes de nabo forrageiro, Raphanus sativus L. var. oleiferus, possui efeito alelopático que provoca inibição da germinação de sementes de alface. Além disso, o extrato da parte aérea de plântulas de nabo forrageiro, Raphanus sativus L. var. oleiferus, possui

Concetração do extrato (%)

IVG

Alface Nabo-forrageiro

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Importância do potencial fi siológico da semente de soja1

Julio Marcos-Filho2

O principal objetivo da Tecnologia de Sementes é o desenvolvimento de procedimentos efi cientes para a produção, comercialização e utilização de lotes de sementes de alta qualidade. Esse conjunto de conhecimentos, construído com base na experimentação científi ca e na experiência prática, tem início nos trabalhos de melhoramento genético e prossegue até a colheita, processamento e distribuição de lotes de alta qualidade, reunindo os atributos genético, fi siológico, físico e sanitário.

A soja, independentemente do sistema de cultivo, é uma das espécies que merecem mais atenção, quando se considera o nível de exigência dos produtores quanto à qualidade das sementes. Os quatro componentes básicos da qualidade das sementes apresentam importância equivalente, mas o potencial fi siológico tem recebido maior atenção da pesquisa, talvez porque o estabelecimento do estande constitui base sólida para a obtenção de alta produtividade e por constituir a primeira oportunidade para que o produtor avalie “in loco” o desempenho inicial das sementes adquiridas. A emergência rápida e uniforme das plântulas contribui signifi cativamente para a obtenção da população desejada de plantas por área; falhas no estabelecimento do estande certamente contribuem para gerar frustrações.

Importância do potencial fi siológico

O potencial fi siológico reúne informações sobre a germinação (viabilidade) e o vigor de sementes. Sua avaliação segura permite identifi car lotes de sementes que possuem maior probabilidade de apresentar o desempenho desejado durante o armazenamento e em campo. Assim, somente após a emergência de plântulas no campo será possível verifi car até que ponto se manifestaram o potencial fi siológico identifi cado em laboratório e o grau de efi ciência dos procedimentos usados para sua avaliação. Essa situação pode ser ilustrada com base no exemplo hipotético apresentado na Tabela 1, considerando o comportamento de lotes com porcentagens de germinação elevadas, após a semeadura em campo.

Os estandes foram semelhantes na área A, em ambiente favorável, mas a redução da porcentagem de emergência e a diferença no desempenho dos dois lotes foram evidentes na área B, onde as condições ambientais se desviaram das mais

adequadas. No entanto, sob estresse muito intenso, não foi possível evitar o péssimo desempenho de ambos os lotes.

1Submetido em 20/12/2013. Aceito para publicação em 24/01/2013.2Eng. Agrônomo, Prof. Titular, Departamento de Produção Vegetal, USP/ESALQ – Piracicaba, SP, Brasil. E-mail: juliomar [email protected]

Tabela 1. Exemplo hipotético da germinação e emergência de plântulas, sob diferentes condições de ambiente.

Lote Germinação (%) Emergência de Plântulas (%)

Área A Área B Área C 1 95 92 85 65 2 92 90 78 67

Nessa simulação, verifi ca-se a existência de diferenças no potencial fi siológico, com vantagem para o lote 1, indicando que materiais com a mesma porcentagem de germinação podem apresentar desempenhos diferentes, dependendo da intensidade do estresse e do nível de vigor das sementes. Deve ser destacado que, quanto maior o desvio em relação às condições favoráveis de ambiente, menor a probabilidade de associação entre resultados dos testes de vigor e os de emergência das plântulas em campo.

Vários fatores afetam o potencial fi siológico das sementes, destacando-se o genótipo, as condições climáticas durante o desenvolvimento das sementes, a ocorrência de insetos e microrganismos nocivos, a nutrição da planta-mãe, a época e o manejo durante a colheita, a ocorrência de injúrias mecânicas, a adequação das operações de secagem e benefi ciamento, as condições e período de armazenamento, o tratamento químico.

A semente atinge o máximo potencial fi siológico por ocasião da maturidade e, a partir desse ponto, pode ter início a deterioração. Esses fatos são inquestionáveis, tanto pela pesquisa como na prática. No entanto, é pouco provável que a qualidade individual da semente possa ser totalmente recuperada após a maturidade e mantida com o auxílio de qualquer técnica especial, após o início da deterioração.

Essas considerações enfatizam a necessidade de cuidados especiais para a manutenção do potencial fi siológico das sementes a partir da maturidade, procurando manter atividade metabólica insufi ciente para acelerar ou intensifi car a deterioração. As sementes de soja, em função de suas características morfológicas e fi siológicas, são muito propensas à deterioração e sensíveis a adversidades

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ambientais durante a maturação e a práticas inadequadas de manejo da colheita, processamento e armazenamento.

O embrião da semente de soja é protegido por um tegumento relativamente frágil; o eixo embrionário é superfi cial e suscetível a injúrias mecânicas ou provocadas por outros agentes externos, inclusive microrganismos. As sementes com tegumento intacto são mais protegidas contra a captação muito rápida de água, reduzindo a possibilidade da ocorrência de “injúrias por embebição”, que provocam a

Figura 1. Fissuras internas provocadas por injúrias mecânicas, não identifi cadas externamente podem provocar anormalidade na germinação (Flor, 2003).

1. imagem externa; 2. radiografi a, com indicação do local de injúria importante; 3. plântula anormal originada da semente radiografada.

Por outro lado, as principais reservas armazenadas nos cotilédones são lipídios e proteínas. Estas, reconhecidamente hidrófi las, e os lipídios, quimicamente instáveis, acentuam a propensão à deterioração, especialmente quando as sementes são mantidas em ambiente relativamente quente e úmido, característico de regiões subtropicais e tropicais. Há considerável infl uência do genótipo sobre essa manifestação, de modo que as cultivares diferem quanto ao desempenho das sementes.

As temperaturas elevadas durante a maturação, associadas à defi ciência hídrica, aceleram a translocação de fotossintatos para a semente e difi cultam a degradação da clorofi la, provocando a “maturação forçada” e a formação de maior quantidade de sementes esverdeadas, com potencial fi siológico reduzido. Essa queda também pode ser provocada pela ação de várias espécies de percevejos e doenças foliares, aplicação incorreta de produtos químicos (fungicidas, dessecantes) que promovem alterações na sequência normal de eventos característicos do processo de maturação.

Potencial fi siológico e desempenho de sementes

A identifi cação das relações entre o potencial fi siológico e o desempenho das sementes constitui prioridade para o setor produtivo e um desafi o permanente para os pesquisadores. Essa tarefa não é simples, devido à marcante infl uência do

ruptura de membranas e a liberação acentuada de exsudados, com refl exos negativos na germinação.

As injúrias mecânicas mais severas podem provocar a quebra de sementes ou a separação completa dos cotilédones, mas isto nem sempre é percebido pelo agricultor porque esses materiais normalmente são removidos durante o benefi ciamento. Assim, as injúrias ao tegumento ou as fi ssuras internas, não detectadas a olho nu, mas identifi cadas em análises com uso de raios X (Figura 1), podem ser mais prejudiciais.

1 2 3

ambiente durante a germinação e desenvolvimento das plantas e das diferenças no histórico dos lotes, cuja amplitude nem sempre é identifi cada corretamente.

Vários pesquisadores entendem que o potencial fi siológico pode afetar indiretamente a produção da cultura, graças aos seus refl exos sobre o estande inicial (Marcos Filho, 2005). Na verdade, reduções severas na velocidade e porcentagem de emergência de plântulas geralmente acarretam problemas durante o desenvolvimento das plantas, principalmente em culturas cuja densidade de semeadura é planejada para a obtenção de populações relativamente menores por área, como é o caso de várias hortaliças, do algodão, do milho.

É possível que o potencial fi siológico tenha efeito direto na habilidade da planta acumular matéria seca; no entanto, é coerente considerar que as reservas da semente e sua mobilização adequada exercem infl uência apenas durante o crescimento inicial da plântula. A partir de determinado ponto, identifi cado na soja pela queda dos cotilédones, a planta se torna autotrófi ca e seu comportamento passa a depender basicamente das relações com o ambiente e as práticas de manejo.

A emergência lenta, reduzida ou desuniforme pode acarretar falhas no estande, atrasos no desenvolvimento, problemas para o controle de plantas daninhas, interferência em características da planta relacionadas à colheita (altura das plantas, intensidade de ramifi cação, diâmetro da haste principal,

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grau de acamamento, altura da inserção das primeiras vagens). No entanto, à medida que prossegue o desenvolvimento das plantas, a partir do estádio em que se tornam autotrófi cas, há tendência para o decréscimo do efeito inicial do vigor das sementes, de modo que as possíveis diferenças no desempenho inicial de plantas podem a desaparecer, conforme ilustram os dados apresentados na Tabela 2. Vários outros trabalhos realizados posteriormente têm confi rmado essas conclusões, demostrando que os efeitos do vigor podem se manifestar mais intensamente, ou não, dependendo das condições de ambiente e da técnica cultural adotada.

No entanto, esse assunto ainda merece ampla discussão.

O esclarecimento das dúvidas persistentes tem sido difícil principalmente devido à ampla variação da metodologia e de critérios adotados nas investigações sobre o assunto. Por exemplo, têm sido relatados incrementos superiores a 25 pontos porcentuais na produção da soja quando são utilizados lotes de sementes de alto vigor, em relação aos constituídos apenas por sementes de baixo vigor. No entanto, a interpretação do signifi cado dessa informação requer cautela, devido à artifi cialidade da metodologia. Além disso, a maioria dessas investigações procura comparar o desempenho individual das plantas e não o de populações, o que teria alto valor acadêmico, mas importância limitada, em termos práticos.

Tabela 2. Efeito do nível de vigor da semente sobre o rendimento da soja (França Neto et al., 1984).

Cultivar Níveis de vigor Emergência de plântulas (%) Envelhecimento acelerado (%) Produção (kg/ha)

Davis Alto 91 81 1999

Médio 79 50 1926 Baixo 61 13 1994

Bossier Alto 88 76 1747

Médio 83 67 1813 Baixo 74 56 1773

Ao mesmo tempo, os lotes de “baixo vigor” utilizados em muitas dessas investigações geralmente possuem qualidade inferior à mínima estabelecida nos padrões para a comercialização, fazendo com que as conclusões tenham limitações, de modo que é necessária análise cuidadosa das condições em que as informações foram produzidas, para que sejam obtidas conclusões consistentes. Deve ser considerado, também, que o processo de deterioração dos lotes de sementes, pós-maturidade, é gradativo e progressivo, de modo que pode haver disponibilidade de lotes comercializados com grande predominância de sementes de alto vigor; no entanto, o inverso difi cilmente é verdadeiro, pois não há comercialização legal de lotes com germinação inferior a 80% e constituídos exclusivamente por sementes de baixo vigor. Interessante ressaltar que essas investigações não têm destacado a ocorrência de diferenças na produção de soja originada de lotes de sementes de alto x médio ou de médio x baixo vigor.

A situação específi ca da soja não permite ignorar a sua plasticidade, ou seja, a característica capacidade de adaptação ao espaço disponível, mediante o ajuste da produção individual com a maior ou menor intensidade de ramifi cação e produção de vagens e sementes por planta. Por esse motivo, a literatura documenta, com destaque, a ausência de efeitos do vigor da semente sobre a produção dessa cultura, quando é estudado o desempenho de populações originadas de lotes

com diferenças de vigor, mas com qualidade superior à exigida para comercialização.

Atualmente, com a evolução tecnológica dos métodos de cultivo e das prioridades do melhoramento genético, de um modo geral, as culturas de soja têm sido conduzidas com populações inferiores a 200.000 plantas/ha, em contraste com as superiores a 300.000 plantas/ha, recomendadas até alguns anos atrás. Essas alterações reduziram, mas não eliminaram a plasticidade dessa espécie, de modo que, mesmo assim, o comportamento individual das plantas não representa o que ocorre em uma população de plantas. Ao mesmo tempo, permitem enfatizar o aumento da importância da utilização de lotes avaliados quanto ao vigor, para maior garantia da obtenção da população recomendada de plantas por área.

De qualquer maneira, é importante destacar que, mesmo sem o perfeito esclarecimento da influência do vigor de lotes de sementes sobre o desenvolvimento das plantas e produção de grãos, apenas seus efeitos sobre a emergência e desenvolvimento inicial das plantas e estabelecimento do estande são suficientes para justificar a aquisição e uso de lotes de sementes de alto potencial fisiológico (Figura 2). As comparações entre populações originadas de lotes comercializáveis do mesmo cultivar certamente proporcionam a obtenção de informações mais consistentes.

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Figura 2. Cultivo em que as plantas têm desenvolvimento inicial desuniforme (1) não têm condições de originar populações uniformes (3), com o desempenho e a produção desejada. O estabelecimento de estande adequado, obtido com o uso de lotes de sementes vigorosas, é ilustrado em (2).

Avaliação do potencial fi siológico

A importância do estabelecimento rápido e uniforme do estande exige que a avaliação do potencial fi siológico permita identifi car, de maneira consistente, os lotes com maior probabilidade de se estabelecer em campo, sob ampla variação das condições de ambiente.

Os resultados obtidos em laboratório correspondem, com maior frequência, aos verifi cados em campo quando o ambiente pré e pós-semeadura é favorável à emergência e ao desenvolvimento inicial das plântulas. Nesta situação, as informações fornecidas pelo teste de germinação podem ser consideradas sufi cientes. No entanto, como os desvios em relação às condições ideais de campo são frequentes, é necessária a utilização de outros procedimentos para estimar o potencial fi siológico das sementes.

Os métodos para avaliação do vigor não foram desenvolvidos para “predizer” a porcentagem de emergência de plântulas em campo. Fornecem resultados comparativos entre lotes, de modo que menções isoladas, como “70% de vigor”, nada signifi cam. A seleção de métodos para determinar o vigor considera, além da sensibilidade às diferenças de potencial fi siológico entre as amostras analisadas, a simplicidade, o grau de padronização, o custo reduzido, a rapidez para obtenção dos resultados e as relações com o desempenho das sementes durante o armazenamento e após a semeadu ra. Dentre os testes disponíveis, destacam-se para a soja:

a) tetrazólio, que também permite o estabelecimento de diagnósticos para a solução de problemas, com base na identifi cação das causas de sintomas de anormalidades;

b) envelhecimento acelerado, considerado padronizado para a soja;

c) condutividade elétrica, também efi ciente para várias outras espécies;

d) testes baseados no desempenho de plântulas, principalmente comprimento da raiz primária e da parte

aérea: permitem avaliar o vigor e detectar efeitos nocivos de produtos químicos.

O uso de testes de vigor não fornece informações que permitam “adivinhar” o potencial de desempenho das sementes durante o armazenamento e em campo. No entanto, contribui decisivamente para detectar diferenças importantes entre lotes e ampliar a diversidade de informações necessárias para conferir maior segurança à tomada de decisões.

O uso de apenas um teste gera informações incompletas, de modo que os programas de controle de qualidade procuram identifi car o potencial fi siológico com base na interpretação conjunta dos resultados de dois ou mais testes, cujos princípios se relacionem diretamente aos objetivos pretendidos.

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Métodos não sulfúricos para superação de dormência de sementes de mucuna-preta (Mucuna aterrima)1

Nilce Naomi Kobori2*, Gabriel Moura Mascarin3, Silvio Moure Cicero2

RESUMO – A mucuna-preta [Mucuna aterrima (Piper et Tracy) Holland] é uma leguminosa empregada para adubação verde e como forrageira, cujas sementes apresentam dormência causada pela impermeabilidade do tegumento à água. O objetivo deste trabalho foi estudar métodos não sulfúricos para superar a dormência de sementes de mucuna-preta. Foram avaliados dois métodos físicos (calor seco em estufa a 55 ºC por 24 horas e imersão em água quente a 60 ºC por 5 minutos), um químico (imersão em hipoclorito de sódio comercial a 2,5% por 45 minutos) e um mecânico (escarifi cação com lixa). Como não houve plântulas normais na primeira contagem do teste de germinação, realizou-se uma contagem intermediária no sétimo dia, de modo a correlacionar a emissão de raiz primária no terceiro dia, com formação de plântulas normais no sétimo e no décimo quarto dia. A correlação de Pearson indicou que a emissão da raiz primária (no terceiro dia) teve relação positiva na formação de plântulas normais (no sétimo dia). Os tratamentos mais efi cientes para superar a dormência de mucuna-preta são água quente a 60 ºC por 5 minutos, escarifi cação com lixa no lado oposto ao hilo e água sanitária comercial (2,5%) por 45 minutos. A avaliação da germinação no terceiro dia permite antecipar o resultado do teste de germinação. O teste de raios X mostra que as sementes são bem formadas morfologicamente, mas não germinam devido ao tegumento impermeável à água.

Termos para indexação: calor seco, água quente, hipoclorito de sódio, escarifi cação, raios X

Introdução

A mucuna-preta [Mucuna aterrima (Piper et Tracy) Holland] é uma leguminosa anual ou bianual, de crescimento indeterminado, porte baixo, hábito rasteiro e com ramos trepadores vigorosos e bem desenvolvidos (Wutke, 1993). É cultivada para adubação verde, mas pode ser utilizada na alimentação animal como forrageira, em pastejo direto e na forma de silagem ou feno; seus grãos triturados constituem suplemento protéico aos animais (Calegari, 1995).

As sementes de mucuna-preta apresentam dormência causada pela impermeabilidade do tegumento à água (Brasil, 2009), ou seja, sementes duras, cuja proporção é elevada em sementes recém-colhidas (Wutke, 1993), atingindo valores de 60% a 80% (Maeda e Lago, 1986a), mas que diminui com o armazenamento (Maeda e Lago, 1986b). É uma característica associada a espécies de diversas famílias botânicas, sendo mais frequente nas Leguminosae (Carvalho e Nakagawa, 2000). A dureza do tegumento é atribuída especialmente à camada de células em paliçada, que é constituída de paredes espessas e recobertas externamente por uma camada cuticular cerosa (Popinigis, 1985), o que impede a absorção de

água e impõe uma restrição mecânica ao crescimento do embrião, retardando, assim, o processo germinativo. No habitat natural, esta dormência é removida por processos de escarifi cação, termo este que se refere a qualquer tratamento que resulte na ruptura ou no enfraquecimento do tegumento. Dessa maneira, permite-se a passagem de água e gases e pode ainda induzir a um aumento da sensibilidade à luz e temperatura, da remoção de inibidores e promotores, dando início ao processo germinativo. Todas essas alterações possuem expressiva infl uência no metabolismo das sementes e, consequentemente, na dormência (Mayer e Poljakoff- Mayber, 1989).

Do ponto de vista ecológico, a dormência é um dos principais mecanismos de preservação das espécies, por permitir a distribuição da germinação ao longo do tempo (Eira e Caldas, 2000). Porém, torna-se um problema na agricultura por causar desuniformidade na germinação e difi culdade na obtenção de população de plantas adequadas na implantação da cultura. Caso haja o manejo inadequado da cultura, sementes podem permanecer nas camadas do solo, formando um banco de sementes, que germinam nas culturas subsequentes como plantas invasoras.

1Submetido em 07/11/2012. Aceito para publicação em 31/01/2013.2Departamento de Produção Vegetal, USP/ESALQ, Caixa Postal 9,13418-900 - Piracicaba/SP, Brasil.

3Departamento de Entomologia, USP/ESALQ.*Autor para correspondência <[email protected]>

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Os métodos para a superação de dormência vêm sendo continuamente estudados de modo que sejam de fácil execução, rápidos e efi cientes. Os trabalhos sobre superação de dormência geralmente utilizam ácido sulfúrico concentrado (P.A. 98%) por um período pré-determinado, em condições de laboratório. De acordo com Maeda e Lago (1986a), a imersão em ácido sulfúrico concentrado por cinco a 20 minutos e a escarifi cação mecânica (remoção de pequena porção do tegumento) são os métodos comprovadamente mais efetivos para superar a dormência de sementes de mucuna-preta. No entanto, os cuidados durante a manipulação, associados ao descarte do resíduo deste produto químico (altamente corrosivo), torna-o perigoso e ecologicamente não sustentável. Além disso, este tratamento químico, também chamado de escarifi cação ácida, pode ocasionar danos aos tecidos da semente, principalmente no eixo embrionário, resultando em plântulas anormais (Rodrigues et al., 1990).

A superação da dormência de sementes de mucuna-preta pode ser obtida por meio de métodos mecânicos e químicos (Maeda e Lago, 1986a), além de físicos (Wutke et al., 1995). A escarifi cação mecânica por meio do atrito das sementes contra superfícies abrasivas, como a lixa, vem sendo recomendada, para pequenos lotes de sementes, principalmente de espécies fl orestais (Perez et al., 1998). Os métodos químicos envolvem a utilização do ácido sulfúrico ou qualquer outro produto químico, enquanto os métodos físicos envolvem o efeito de temperaturas, como a utilização de calor seco (55 ºC por 16 a 24 horas), que simula a secagem das sementes ao sol, um método prático e não prejudicial para a germinação de sementes de mucuna-preta (Wutke et al., 1995).

O teste de raios X é considerado um método simples, rápido e não destrutivo que tem como objetivo detectar sementes vazias, cheias e com danos internos causados por insetos, patógenos ou danos mecânicos, e pode contribuir para a seleção de lotes em programas de controle de qualidade e, consequentemente, aumentar a efi ciência do sistema de produção (ISTA, 2004). Este teste tem sido utilizado em pesquisas com sementes desde a década de 1950, quando Simak e Gustafsson (1953) demonstraram sua viabilidade para a avaliação da qualidade de sementes de Pinus sylvestris L. Assim, essa técnica foi empregada na orientação de trabalhos de melhoramento genético, possibilitando a detecção de anormalidades em embriões e a determinação do seu estádio de desenvolvimento, bem como no isolamento de embriões mutantes de Arabidopsis thaliana (Bino et al., 1993). A técnica de raios X também permitiu relacionar a morfologia de sementes com a germinação ou morfologia das plântulas de diversas espécies agrícolas e fl orestais (Van der Burg et al., 1994; Battisti et al., 2000; Machado e Cicero, 2003; Oliveira et al., 2003;

Mondo e Cícero, 2005; Pupim et al., 2008; Santos et al., 2009; Pinto et al., 2009; Gagliardi e Marcos Filho, 2011; Gomes Junior e Cicero, 2012; Kobori et al., 2012; Menezes et al., 2012).

O objetivo deste estudo foi verifi car a efi cácia de métodos não sulfúricos para superação da dormência de sementes de mucuna-preta.

Desenvolvimento

A pesquisa foi realizada nos Laboratórios de Análise de Sementes e de Análise de Imagens no Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, em Piracicaba, SP. Sementes de mucuna-preta, com cerca de seis meses após a colheita e provenientes da empresa Piraí Sementes Ltda. (Piracicaba, SP), foram submetidas a cinco tratamentos: calor seco em estufa com circulação forçada de ar (55 oC por 24 horas); escarifi cação do tegumento com lixa fi na (no lado oposto ao hilo até o tecido branco); imersão em água sanitária comercial (2,5% por 45 minutos, seguido de enxágue em água corrente); imersão em água quente (60 oC durante 5 minutos); e controle (testemunha).

O teor de água das sementes foi determinado por meio do método da estufa, a 105 °C ± 3 °C durante 24 horas (Brasil, 2009), com duas subamostras de 10 sementes. Os resultados foram expressos em porcentual médio, tendo como base a massa úmida.

Na avaliação da superação de dormência das sementes de mucuna-preta, foram utilizados os testes de germinação e de primeira contagem de germinação, utilizando os critérios prescritos nas Regras para Análise de Sementes - RAS (Brasil, 2009), com oito repetições de 50 sementes. Utilizou-se como substrato o papel toalha “germitest” umedecido com água na proporção de três vezes a massa do papel seco, mantido em germinador a 20-30 °C. A primeira contagem ocorreu no terceiro dia e a contagem fi nal no décimo quarto dia. Visando à maior precisão dos dados, uma contagem intermediária foi feita, no sétimo dia, para verifi car a germinação no intervalo de tempo recomendado pelas RAS. Na primeira contagem do teste de germinação, realizada no terceiro dia, o critério de avaliação considerado foi a emissão da raiz primária, pois nesse período ainda não havia plântulas normais, embora esta seja a recomendação das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). Nas demais contagens, levou-se em consideração a formação de plântulas normais, que é o critério de avaliação adotado em tecnologia de sementes, que considera a capacidade da semente em gerar uma plântula que contenha todas as estruturas essenciais ao desenvolvimento e estabelecimento da cultura no campo. Determinou-se o total de plântulas normais, anormais, sementes duras e mortas. Os resultados foram expressos em porcentagem.

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O experimento seguiu um delineamento inteiramente casualizado com oito repetições. Os dados de germinação das sementes foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, em seguida, compararam-se as médias dos tratamentos pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). O conjunto de dados das variáveis que não apresentou homocedasticidade recebeu transformação, conforme recomendação do programa estatístico Statistical Analysis System [SAS 9.1. (SAS, 2004)]. Para verifi car a existência de uma relação entre a emissão de raiz primária no terceiro dia e a formação de plântula normal no sétimo e no décimo quarto dia, utilizou-se a correlação de Pearson, que determina o grau de dependência entre duas variáveis. Em seguida, efetuou-se a análise de regressão linear para cada correlação.

O teste de raios X foi realizado no Laboratório de Análise de Imagens apenas para sementes escarifi cadas com lixa, no lado oposto ao hilo, utilizando-se de duas repetições de 50 cada. As sementes foram colocadas sobre um recipiente plástico transparente, especialmente desenvolvido para a condução da análise. O recipiente foi colocado diretamente sobre um fi lme de raios X (Kodak MIN-R EV, tamanho de 18 cm x 24 cm), no escuro, a uma distância de 53 cm da fonte de raios X. As imagens foram obtidas com intensidade de 20 kV e tempo de exposição de 60 segundos, estabelecidos em testes preliminares, utilizando-se um equipamento FAXITRON X-Ray, modelo MX-20. A revelação do fi lme foi efetuada numa processadora Hope X-Ray, modelo 319 Micromax. Posteriormente, as imagens dos fi lmes de raios X foram capturadas por um Scanner Umax, modelo PowerLook 1100, para ampliação e visualização em computador Pentium III (600 MHZ, memória de 256 MB, HD Ultra SCSI de 20 GB e monitor de 21”). Em seguida, as sementes, previamente identifi cadas, foram colocadas para germinar do mesmo modo descrito para o teste de germinação, distribuídas em grupos de 10, sendo duas fi leiras de cinco sementes espaçadas, no terço superior do substrato e os rolos foram mantidos em germinador a 20-30 °C por um período de quinze dias. As plântulas normais, bem como as plântulas anormais e as sementes mortas foram fotografadas, por meio de uma câmera fotográfi ca digital Nikon, modelo D1, acoplada ao computador. Para as avaliações, as imagens de raios X das sementes foram disponibilizadas em computador, possibilitando o confronto da análise das imagens radiográfi cas com as respectivas imagens de plântulas normais, anormais ou sementes mortas resultantes do teste de germinação, relacionando-os com a morfologia interna. Os dados obtidos no teste de raios X não foram submetidos à análise estatística.

O teor de água das sementes de mucuna-preta utilizado nesta pesquisa foi de 7,9%.

Os resultados da análise de variância e comparação das médias pelo teste de Tukey são apresentados em valores

originais, juntamente com o erro padrão da média, nas Tabelas 1 e 2. A interação dos tratamentos para superação da dormência de sementes de mucuna-preta com os períodos de avaliação foi signifi cativa, pois ambos infl uenciaram a germinação de sementes desta espécie. Dos tratamentos testados, a maior porcentagem de sementes germinadas foi obtida com a escarifi cação com lixa e a água quente, independente do período de avaliação. O tratamento usando calor seco apresentou as menores médias nas duas primeiras contagens avaliadas, não diferindo do controle (testemunha) na contagem fi nal. O tratamento escarifi cação com lixa apresentou o melhor resultado na primeira contagem do teste de germinação (88%) no terceiro dia, indicando maior velocidade de germinação. Nesta avaliação, considerou-se a emissão da raiz primária como critério de germinação e, desse modo, a escarifi cação com lixa diferiu estatisticamente do controle, evidenciando que a retirada de parte do tegumento impermeável à água possibilitou uma rápida entrada de água e a reativação do metabolismo das sementes, resultando em maior porcentagem de sementes germinadas nesta contagem. O tratamento com água sanitária não diferiu estatisticamente em relação aos tratamentos escarifi cação com lixa e água quente, na contagem intermediária (sétimo dia) e na contagem da germinação fi nal (décimo quarto dia), em que estes tratamentos diferiram do controle e do calor seco. Houve menor germinação apenas na primeira contagem (terceiro dia) para água sanitária e calor seco, provavelmente devido a um atraso no sistema de reparo de membranas ocasionado pelo tratamento químico. O aumento da germinação de sementes de mucuna-preta foi diretamente proporcional ao período de avaliação, independente do tratamento. Na primeira contagem (terceiro dia), os tratamentos calor seco e água sanitária apresentaram as menores médias, enquanto na última contagem, a diferença entre os tratamentos foi menor, embora não signifi cativa estatisticamente.

A Tabela 2 apresenta as porcentagens médias das sementes não germinadas (mortas ou duras) e das plântulas anormais, observadas na contagem fi nal do experimento (décimo quarto dia). De modo geral, os tratamentos controle e calor seco apresentaram maiores médias de plântulas anormais, sementes mortas e sementes duras. O tratamento com água sanitária apresentou menor porcentagem média de plântulas anormais e de sementes mortas, provavelmente devido ao fato de este produto químico possuir propriedades desinfectantes e, desse modo, reduziu a quantidade de plântulas anormais. Com exceção do tratamento escarifi cação com lixa, todos os demais tratamentos apresentaram sementes duras, evidenciando que este tratamento promove a ruptura da camada impermeável do tegumento, proporcionando a entrada da água no interior das sementes.

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Tabela 1. Porcentagem média de germinação - primeira contagem de germinação (PCG), contagem intermediária (CI) e contagem fi nal (CF), seguidos de erro padrão da média (EPM) de sementes de mucuna-preta submetidas a tratamentos para superação da dormência.

Tratamentos Germinação ± EPM (%)(1)

PCG - 3º dia(2) CI - 7º dia(3) CF - 14º dia(4) Calor seco 32 ± 7,09 bD 50 ± 5,72 bC 76 ± 0,92 aB

Água quente 83 ± 2,63 aAB 83 ± 1,44 aA 89 ± 2,56 aAB Escarificação - lixa 88 ± 2,27 aA 82 ± 1,44 aAB 86 ± 2,54 aAB

Água sanitária 73 ± 1,80 bBC 81 ± 0,48 aAB 86 ± 1,58 aAB Controle 71 ± 1,32 aC 71 ± 1,33 aB 78 ± 1,83 aB

F 52,62** 38,87** 7,78** CV (%) 13,22 13,35 4,79

1Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05).2Critério considerado: emissão de raiz primária; dados transformados por x2.3Critério considerado: formação de plântulas normais; dados transformados por x3.4Critério considerado: formação de plântulas normais; dados transformados por x+0,5.

Tabela 2. Porcentagem média de plântulas anormais, sementes mortas e duras, seguido do erro padrão da média (EPM), de sementes de mucuna-preta.

Tratamentos Média ± EPM (%)(1)

Plântulas anormais Sementes mortas(2) Sementes duras(3) Calor seco 10 ± 0,86 A 7 ± 2,12 A 4 ± 1,38 B

Água quente 4 ± 1,47 AB 3 ± 1,11 AB 3 ± 0,75 B Escarificação- lixa 6 ± 2,06 AB 8 ± 2,06 A 0 ± 0,00 A

Água sanitária 2 ± 0,82 B 1 ± 0,58 B 9 ± 1,55 B Controle 9 ± 1,73 A 6 ± 0,86 A 8 ± 1,26 B

F 5,46** 5,75** 74,65** CV (%) 44,23 21,81 19,43

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). 2Dados transformados por (x+0,5)0,4; 3Dados transformados por (x+0,5)-0,6 .

Os tratamentos água quente a 60 oC e água sanitária apresentaram menor incidência fúngica durante a condução do ensaio, ao contrário do verifi cado no tratamento calor seco, o qual apresentou menor germinação (Tabela 1) e maior contaminação por fungos. Provavelmente, esses tratamentos inviabilizaram os agentes patogênicos associados às sementes, devido à ação do produto químico e da hidrotermoterapia. O tratamento com água quente apresentou as maiores médias em praticamente todos os períodos avaliados (Tabela 1), com exceção da primeira contagem, no terceiro dia, em que o tratamento escarifi cação com lixa apresentou maior número de sementes que emitiram raiz primária. No entanto, dessas sementes escarifi cadas que germinaram no terceiro dia, nem todas produziram plântulas normais nas demais contagens, dando continuidade ao processo germinativo para resultar em uma plântula normal.

Do mesmo modo que as escarifi cações mecânica e química, a imersão em água quente provoca uma alteração

no tegumento das sementes, aumentando a permeabilidade e permitindo a embebição e, consequentemente, o início do processo germinativo, comprovando a efi ciência desses tratamentos em romper a camada impermeável das sementes (Marcos Filho, 2005). Alves et al. (2007) observaram que a imersão em água a 80 ºC por 1 minuto foi efi ciente para superar a dormência de sementes de Caesalpinia pyramidalis Tul, enquanto para Peltophorum dubium (Spreng.) Oliveira et al. (2003) relataram que a imersão das sementes em água a 95 ºC e posterior permanência na mesma água por mais 24 h, foram efi cientes para promover a germinação. Segundo Mayer e Poljakoff-Mayber (1989), a água fervente pode desnaturar as proteínas do tegumento e aumentar a capacidade de absorção de água; no entanto, temperaturas muito elevadas por um período de tempo maior pode resultar em efeitos deletéreos, como observado por Santarém e Aquila (1995) em sementes de Senna macranthera (Colladon) Irwin e Barneby (fedegoso) e por Grus et al. (1984) para Caesalpinia leiostachya (Benth.)

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(pau-ferro) e Cassia javanica Ried. (cássia-javanesa). Assim, conclui-se que a temperatura da água e o tempo em que as sementes devem fi car imersas varia com a espécie. Linhares et al. (2007) obtiveram bons resultados com a imersão em água sanitária, para sementes de jitirana (Merremia aegyptia (L.) Urban), uma convolvulácea utilizada como adubo verde, em que o aumento de tempo de imersão (até 45 minutos) proporcionou aumento na porcentagem de germinação e no índice de velocidade de germinação, indicando que, possivelmente, a água sanitária desestruturou a camada impermeável do tegumento das sementes sem causar danos ao embrião. O tratamento calor seco reduziu a germinação em relação ao controle, apesar de ser considerado um método efi ciente para superação da dormência causada pela impermeabilidade do tegumento em sementes recém-colhidas (Maeda e Lago, 1986b). Este método provavelmente causou às sementes uma dormência secundária, induzida pela alta temperatura, em resposta a determinada condição do ambiente, com germinação lenta e demorada e com a presença de sementes duras. Além disso, é conveniente ressaltar que houve maior contaminação por patógenos e maior número de plântulas anormais (Tabela 2), possivelmente por causar danos nos sistemas de reparo das membranas das sementes. Resultado semelhante foi obtido por Jeller e Perez (1999), em que a exposição de sementes de Cassia excelsa ao calor seco (65 °C durante 24 horas), foi inócua para superação da dormência, provavelmente por induzir uma dormência secundária. Fatores genéticos e fatores ambientais vigentes durante a produção (Argel e Humphreys, 1983), o estádio de desenvolvimento das sementes no momento da secagem e o tipo de secagem podem afetar a permeabilidade do tegumento, determinando a porcentagem e a intensidade de dormência (Marcos Filho, 2005; Nakagawa et al., 2005).

A correlação de Pearson (Figuras 1 e 2) mostra que existe uma dependência positiva entre os critérios de germinação pela emissão de raiz primária e plântula normal no sétimo dia (r = 0,92), ou seja, essas duas variáveis são diretamente proporcionais (Figura 1). A Figura 2 apresenta a correlação entre emissão de raiz primária e plântula normal no décimo quarto dia (r = 0,56), indicando uma dependência positiva, porém de menor intensidade entre as variáveis. Portanto, verifi ca-se que há uma forte evidência de que a formação de raiz primária está mais diretamente relacionada à formação de plântulas normais no sétimo dia do que no décimo quarto dia de avaliação. O coefi ciente de determinação (R2) da regressão linear da correlação entre emissão de raiz primária e plântula normal no sétimo dia foi alto (> 80%); portanto, pode-se fazer uma estimativa segura da porcentagem de germinação no sétimo dia com base na avaliação da contagem de sementes

com raiz primária (terceiro dia). Como o R2 da equação de correlação entre emissão de raiz primária e plântula normal no décimo quarto dia foi baixo (< 50%), não se recomenda prever a germinação no décimo quarto dia com base na avaliação da emissão de raiz primária.

y = 0,6092x + 15,496R2 = 0,8419

0

10

20

30

40

50

60

0 10 20 30 40 50 60

Nº de sementes com raiz primária

Nº d

e pl

ântu

las

norm

ais

(7° d

ia)

r = 0,918 (P ears on)

 

Figua 1. Correlação entre emissão de raiz primária (terceiro dia) e plântula normal no sétimo dia de avaliação.

y = 0,2211x + 33,748R2 = 0,3149

0

10

20

30

40

50

60

0 10 20 30 40 50 60

Nº sementes com raiz primária

Nº p

lânt

ulas

nor

mai

s (1

4º d

ia)

r = 0,561 (P ears on)

 

Figura 2. Correlação entre emissão de raiz primária (terceiro dia) e plântula normal no décimo quarto dia de avaliação.

O tempo de condução do teste de germinação, de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), com primeira contagem no terceiro dia e contagem fi nal no décimo quarto dia, ocorre em um intervalo de tempo (dias) muito grande, de onze dias. Na primeira contagem, as sementes apresentavam-se apenas com a emissão da raiz primária e não uma plântula normal. No décimo quarto dia, apesar da formação de plântulas normais, o substrato (papel) apresentava-se seco, mesmo tendo sido reumedecido na contagem intermediária (no sétimo dia). Com base nos resultados obtidos e nas observações, sugere-se uma alteração do tempo da experimentação, com primeira contagem após o terceiro dia e contagem fi nal antes do décimo quarto dia, de modo a atenuar problemas com o reumedecimento do substrato, contaminação por patógenos, assim como a obtenção

Nº de sementes com raiz primária

Nº d

e pl

ântu

las n

orm

ais (

7º d

ia)

Nº de sementes com raiz primária

Nº d

e pl

ântu

las n

orm

ais (

14º d

ia)

0 10 20 30 40 50 60

0 10 20 30 40 50 60

60

50

40

30

20

10

0

60

50

40

30

20

10

0

y = 0,6092x + 15,496R2 = 0,8419

r = 0,918 (Pearson)

y = 0,2211x + 33,748R2 = 0,3149

r = 0,561 (Pearson)

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mais rápida do resultado fi nal do teste de germinação. O teste de raios X das sementes escarifi cadas com lixa

no lado oposto ao hilo apresentou sementes bem formadas morfologicamente (Figura 3), sem indícios de danos mecânicos ou tecidos deteriorados nos cotilédones ou no eixo embrionário. Este resultado corrobora com o fato de que o tegumento impermeável à água é a causa da baixa germinação das sementes desta espécie, um fator determinante que limita a entrada de água nos tecidos da semente. Pinto et al. (2009), estudando a viabilidade de sementes de pinhão manso (Jatrophas curcas L.), verifi caram ocorrência acentuada de sementes mortas e plântulas anormais, provenientes de sementes sem danos tanto no embrião quanto no endosperma, atribuindo à alta incidência de patógenos nas sementes a explicação desta diferença. Do mesmo modo, Kobori et al. (2012) verifi caram que sementes de mamona classifi cadas como cheias e opacas resultaram em plântulas anormais ou sementes não germinadas. Segundo Carvalho e Oliveira (2006), a técnica de radiografi a não detecta todos os problemas de qualidade da semente, mas permite, na maioria dos casos, avaliar de forma rápida e não destrutiva, a morfologia interna, fornecendo informações atuais, úteis e essenciais para a pesquisa e controle de qualidade de sementes.

da germinação no terceiro dia, considerando a protrusão da raiz primária pode proporcionar uma avaliação segura do potencial germinativo de sementes de mucuna-preta.

Conclusões

Os tratamentos não sulfúricos mais efi cientes para superar a dormência de sementes de mucuna-preta são: água quente a 60 ºC por 5 minutos, a escarifi cação com lixa no lado oposto ao hilo e água sanitária comercial (2,5%) por 45 minutos. A avaliação da germinação no terceiro dia, considerando-se a protrusão da raiz primária, pode proporcionar uma avaliação segura do potencial germinativo das sementes. Pelo teste de raios X é possível verifi car que as sementes são bem formadas morfologicamente, mas não germinam devido ao tegumento impermeável à água.

Agradecimentos

À empresa Piraí Sementes Ltda. (Piracicaba, SP) pela doação das sementes, ao CNPq e CAPES pelas bolsas de pós-graduação do primeiro e segundo autor, respectivamente e à FAPESP pelo auxílio fi nanceiro.

Referências

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BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília. MAPA/ACS. 2009. 395p. http://www.bs.cca.ufsc.br/publicacoes/regras%20analise%20sementes.pdf

CALEGARI, A. Leguminosas para adubação verde de verão no Paraná. Londrina: IAPAR, 1995. 118p. (Circular, 80).

Figura 3. Imagem radiográfi ca de uma semente de mucuna-preta, submetida ao processo de escarifi cação do tegumento com lixa, no lado oposto ao hilo. A seta indica a área escarifi cada, com remoção de parte do tegumento, permitindo a entrada de água nos tecidos da semente.

Os tratamentos escarifi cação com lixa, água quente e água sanitária são métodos práticos, rápidos e de grande facilidade para o agricultor, que pode fazer uso antes da semeadura em sua propriedade, com produtos de fácil obtenção, sem a utilização de produtos químicos tóxicos, que necessitem de manuseio cuidadoso e gerem passivo ambiental. Além disso, a avaliação

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Estimativa da incerteza de medição em análise de pureza física1

Glaucia Bortoluzzi Maag2*, Filipe de Medeiros Albano3, Rosinha Maria Peroni Mesquita2

RESUMO - Normas internacionais como a ISO/IEC 17025 estabelecem requisitos para gestão da qualidade em laboratórios de ensaios, inclusive de análise de sementes. Estes laboratórios devem seguir as regras de credenciamento do MAPA, que exigem a implantação de um sistema da qualidade. Órgãos como INMETRO e a ISTA também executam sua sistemática de acreditação embasados pelas normas ISO. Ainda, as Regras para Análise de Sementes (RAS) brasileiras fornecem tabelas de tolerância que estão relacionadas com a incerteza de medição das análises de sementes. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo propor uma sistemática para a estimativa da incerteza de medição em análise de pureza de sementes no LASO/LANAGRO/RS. Utilizou-se como referência o Guia para a Expressão da Incerteza de Medição (GUM), identifi cando as fontes de incerteza, suas distribuições de probabilidade e combinando matematicamente suas contribuições para obter-se a incerteza padrão e a incerteza expandida. Estes cálculos foram aplicados para o porcentual de semente pura de soja. Verifi cou-se que o nível de incerteza do laboratório foi inferior ao proposto nas tabelas de tolerância das RAS. Os resultados obtidos indicam que a sistemática de estimativa da incerteza pode ser aplicada em outros laboratórios de análise de sementes.

Termos para indexação: qualidade, NBR ISO/IEC 17025, credenciamento, laboratório

Introdução

Atualmente a qualidade é uma exigência em diferentes áreas e normas internacionais como a ISO/IEC 17025 estabelecem requisitos para gestão da qualidade em laboratórios de ensaios, inclusive de análise de sementes. Esta norma objetiva com estes requisitos, que os laboratórios demonstrem como operam, caso pretendam ser reconhecidos como capacitados tecnicamente para realizar ensaios específi cos, bem como garantir a confi abilidade analítica dos ensaios realizados. A International Seed Testing Association (ISTA) utiliza a norma ISO 17025 para executar sua sistemática de acreditação de laboratórios (ISTA, 2007). No Brasil, os laboratórios de análise de sementes devem seguir as instruções normativas de credenciamento (Brasil, 2005a; Brasil 2007) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que exigem a implantação de um sistema da qualidade que garanta a confi abilidade de resultados emitidos, baseado na NBR ISO/IEC 17025. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) também avalia laboratórios para acreditação de acordo com esta norma.

1Submetido em 17/01/2013. Aceito para publicação em 26/03/2013.2Laboratório Ofi cial de Análise de Sementes do Laboratório Nacional Agropecuário/RS, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (LASO/LANAGRO/RS/MAPA), Av. Farrapos, 285, CEP 90220-004 - Porto Alegre, RS, Brasil.

3Rede Metrológica RS (RMRS), Av. Assis Brasil, 8787, CEP 91140-001 - Porto Alegre, RS, Brasil.* Autor para correspondência <[email protected]>

Um dos requisitos da norma NBR ISO/IEC 17025, especifi ca que os laboratórios de ensaio tenham procedimentos para a estimativa das incertezas de medição, sendo este um dos parâmetros requerido como evidência objetiva da validação do método analítico (Albano e Raya-Rodriguez, 2009). O Guia para Expressão da Incerteza de Medição (GUM) (ABNT/INMETRO, 2003) defi ne a incerteza de medição como um parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracateriza a dispersão de valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mesmo mensurando. A primeira edição luso-brasileira do Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM), editado pelo INMETRO em 2012, defi ne a incerteza de medição como o parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurando, com base nas informações utilizadas. Albano e Raya-Rodriguez (2009) ressaltam que a incerteza está relacionada a um valor de resultado da medição e não ao valor verdadeiro do mensurando, o qual na prática não é conhecido. Logo, a incerteza é a dúvida remanescente associada ao resultado da medição correspondendo a uma faixa de valores que podem ser atribuídos fundamentalmente ao mensurando

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não devendo ser entendida como uma “faixa de segurança”. Portanto, a incerteza caracteriza uma faixa de dispersão ou intervalo e não um valor pontual (RMRS, 2009).

A estimativa da incerteza tem sido proposta em outras áreas do conhecimento, tanto analíticas como tecnológicas (EURACHEM/CITAC, 2000; Carrasco et al., 2008; NASA, 2010 ; Arencibia et al., 2011). O conceito de incerteza como atributo quantifi cável é relativamente novo. É amplamente reconhecido que quando todos os componentes do erro de medição conhecido tenham sido avaliados e as correções adequadas tenham sido aplicadas, ainda permanece uma incerteza sobre quão correto é o resultado declarado, isto é, uma dúvida acerca de quão corretamente o resultado representa o valor da grandeza que está sendo medida (ABNT/INMETRO, 2003). O Guia EURACHEM/CITAC (2000) esclarece que a incerteza de medição não implica em colocar dúvidas sobre a validade de uma medição; pelo contrário, o conhecimento da incerteza implica em acréscimo de confi ança na validade do resultado de uma medição.

Cabe salientar que a legislação brasileira (Brasil, 2009; Brasil, 2010) não exige a expressão da incerteza de medição nos Boletins de Análise de Sementes. A ISTA também não reporta a incerteza em seus certifi cados (ISTA, 2007; ISTA, 2010), pois reconhece que as incertezas associadas aos resultados estão acessíveis por meio das tabelas de tolerâncias publicadas na International Rules for Seed Testing e que estas contem as fontes de incerteza que são específi cas de cada teste, não havendo contradição entre o sistema da ISTA e as normas ISO sobre incerteza (ISTA, 2007). As Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009) também fornecem tabelas de tolerância que estão relacionadas com os componentes da incerteza de medição das análises de sementes.

Independentemente de exigências normativas para expressar ou não a incerteza de medição nos resultados de ensaios ou análises, o laboratório deve levar em conta que conhecer a incerteza de seus ensaios é uma ferramenta valiosa: possibilita a identifi cação dos fatores que mais infl uenciam no resultado do ensaio e, dessa forma, permite ao laboratório implementar controles adequados para a garantia da qualidade e melhoria continua de seus serviços. Adicionalmente, a incerteza de medição pode ser um diferencial competitivo, pois o cliente pode buscar aquele laboratório que tenha melhor qualidade na sua medida e, portanto a menor incerteza (RMRS, 2009). Assim, a incerteza é um importante parâmetro para avaliar a qualidade da medição realizada e para aumentar a confi abilidade na comparação entre valores de medições feitas por diferentes laboratórios (Carrasco et al., 2008).

Dentro deste contexto, o presente trabalho teve como objetivo propor uma sistemática para a estimativa da incerteza

de medição em análise de pureza de sementes no LASO/LANAGRO/RS, bem como para ser utilizada por outros laboratórios que realizem análises de sementes.

Material e Métodos

O cálculo da Incerteza de Medição foi baseado no Guia para Expressão da Incerteza de Medição, Terceira Edição Brasileira do Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement (GUM) editado pela ABNT e INMETRO em 2003. Tendo em vista que, o presente trabalho objetivou apresentar uma metodologia de cálculo, a incerteza foi estimada somente para o componente semente pura da análise de pureza de soja. O trabalho foi conduzido no LASO/LANAGRO/RS, no ano de 2010, consistindo em seis etapas distintas, conforme apresentado abaixo:

Etapa 1: Identifi car o modelo matemático da medição do mensurando. No ensaio em questão, representa a equação da medição do porcentual de semente pura;

Etapa 2: Identifi car as principais fontes de incerteza envolvidas no ensaio (desvio de repetitividade, desvio de reprodutibilidade, resolução e incerteza de medição de equipamentos utilizados, entre outros fatores);

Etapa 3: Elaborar uma planilha em Excel para os cálculos de incerteza, identifi cando as distribuições de probabilidade de cada componente de entrada (fonte levantada na etapa 2) e seus graus de liberdade;

Etapa 4: Calcular a incerteza padrão, dividindo o valor de entrada pelo seu divisor (que varia conforme a distribuição de probabilidade associada a esta variável) e o coefi ciente de sensibilidade, calculado através das derivadas parciais de cada variável envolvida no cálculo de incerteza para transformar todas as fontes na mesma unidade de medida.

Etapa 5: Calcular a incerteza combinada e os graus efetivos de liberdade. Etapa 6: Calcular o fator k (fator de abrangência) e a incerteza expandida.

Resultados e Discussão

Os passos básicos para a estimativa da incerteza são: a especifi cação do mensurando, a identifi cação das fontes de incerteza, a quantifi cação dos componentes da incerteza e seu cálculo (Albano e Raya-Rodriguez, 2009). Um resumo esquemático com as fórmulas utilizadas em cada etapa é apresentado em uma planilha de cálculo (Tabela 1) baseada no documento NIT-DICLA-021 (INMETRO, 2012). Na Tabela 2 são apresentados os resultados dos cálculos utilizados para a estimativa da incerteza de medição.

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Tabela 1. Esquema da planilha de cálculos utilizados para a estimativa da incerteza de medição.

Fonte Valor de entrada Unidade

Distr. de

Probab. Divisor

Incerteza Padrão u(xi)

Coeficiente de

Sensibilidade ci

Contribuição para incerteza

ui(y)

vi* e

veff

SP

IM Balança Certificado de calibração g t k Val. Entrada/k

=(1/PF)x100

Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

Resolução Resolução balança / 2 g ret 1,73 Val. Entrada/

1,73 Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

Erro Certificado de calibração g ret 1,73 Val. Entrada/

1,73 Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

PF

IM Balança Certificado de calibração g t k Val. Entrada / k

=(SP/PF2)x100

Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

Resolução Resolução balança/2 g ret 1,73 Val. Entrada /

1,73 Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

Erro Certificado de calibração g ret 1,73 Val. Entrada /

1,73 Inc. Padrão x Coef. Sensib. ∞

SP% Desvio padrão de precisão intermediária

Amplitude média/d2

% t 1,00 Val. Entrada / 1,00 1,0 Inc. Padrão x

Coef. Sensib. n-1

Incerteza combinada uc(y) Equação c Equação g

Incerteza expandida U k= ** Equação f

*Para variáveis com distribuição retangular, atribuiu-se infi nitos graus de liberdade vi à contribuição para a incerteza.**Distribuição de t de Student, com probabilidade de 95,45% e Veff graus de liberdade.

Tabela 2. Planilha de cálculos utilizados para a estimativa da incerteza de medição do componente semente pura da análise de pureza em soja.

Fonte Valor de entrada Unidade

Distr. de

Probab.

Divisor

Incerteza Padrão u(xi)

Coeficiente de

Sensibilidade ci

Contribuição para incerteza

ui(y)

vi ou veff

SP IM Balança 0,01 g t k 0,00500

0,199

0,000996 ∞ Resolução 0,005 g ret 1,73 0,00289 0,000575 ∞

Erro 0,00 g ret 1,73 000000 0,000000 ∞

PF IM Balança 0,01 g t k 0,00500

-0,197

-0,000987 ∞ Resolução 0,005 g ret 1,73 0,00289 -0,000570 ∞

Erro 0,00 g ret 1,73 000000 0,000000 ∞

SP% Desvio padrão de precisão intermediária 0,0425 % t 1,00 0,04250 1,0 0,042496 63

Incerteza combinada uc(y) 0,042527 63

Incerteza expandida U k= 2,04 0,1

Resultado da Etapa 1: modelo matemático. Segundo o

GUM (ABNT/INMETRO, 2003) a expressão da incerteza da medição inicia pelo estabelecimento de um modelo matemático de medição do mensurando, ou seja, a grandeza específi ca que está sendo submetida à medição. Segundo as RAS (Brasil, 2009), o modelo matemático da medição do porcentual de semente pura (SP%) da análise de pureza é igual a:

SP% = (SP/PF) x 100%, (Equação a)

Onde:SP = componente semente pura em g. PF = peso fi nal em g.

Resultado da Etapa 2: fontes de incerteza. Na avaliação da incerteza da medição, devem-se identifi car as principais fontes de variabilidade no ensaio que está sendo analisado (Albano e Raya-Rodriguez, 2009). As principais fontes de variação identifi cadas para a análise de pureza foram a

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resolução, o erro e a incerteza de medição da balança utilizada, obtidos do certifi cado de calibração emitido por um laboratório pertencente à Rede Brasileira de Calibração (RBC) (Tabela 1). Também foi considerado como fonte de incerteza o desvio padrão da precisão intermediária (desvio de repetitividade e reprodutibilidade) obtido através de um estudo intralaboratorial para confi rmação de desempenho, envolvendo 8 amostras de sementes de soja, que foram divididas em 2 subamostras, sendo estas analisadas por 4 diferentes analistas. Este desvio padrão foi calculado pela divisão da amplitude média dos resultados por um coefi ciente d2 tabelado (AIAG, 2002; Albano e Raya-Rodriguez, 2009;). Para 4 analistas e 64 ensaios realizados, foi considerado um d2 (n>30) de 2,059.

Resultado das Etapas 3 e 4: cálculo da incerteza padrão. Conforme estabelecido no GUM e no Guia EURACHEM/CITAC, estimou-se a incerteza padrão u(xi) , de cada grandeza de entrada do modelo matemático (resultado da Etapa 1) como uma medida de dispersão equivalente a um desvio padrão. Como as incertezas padrão são dependentes do tipo de componente e da distribuição de probabilidade a ele associada, para transformar o componente em uma incerteza padrão dividiu-se o valor de entrada da fonte pelo divisor apropriado à cada distribuição de probabilidade, apresentado na Tabela 1:

u(xi) = Valor de entrada (fonte) / divisor (Equação b)

Resultado da Etapa 5: cálculo da incerteza combinada. Pela lei de propagação da incerteza, estabelecida no GUM, as incertezas padrão relacionadas a cada variável do modelo matemático da medição devem ser propagadas para gerar uma incerteza combinada uc(y), com base na seguinte equação:

N

i i

N

i iicyuxucyu

1

2

1

22 , (Equação c) Onde: ui(y) = contribuição para incerteza.u(xi) = incerteza padrão.ci = coefi ciente de sensibilidade.

O produto entre a incerteza padrão u(xi) e seu respectivo coefi ciente de sensibilidade ci, originam a contribuição para incerteza ui(y) , que corresponde a uma medida de dispersão equivalente a um desvio padrão com a mesma unidade do mensurado. Para o cálculo da incerteza combinada, foi necessário compatibilizar as unidades de medida. Os coefi cientes de sensibilidade ci servem como fatores de conversão de unidades de medidas, convertendo a incerteza padrão de cada variável u(xi) para a mesma unidade de medida do mensurando: porcentual de semente pura. Os coefi cientes de sensibilidade foram calculados

através das derivadas parciais de Y em relação a cada cada variável X. Para uma amostra de sementes de soja com resultado de semente pura (SP) = 497,8 g, material inerte = 4 g, outras sementes = 0,3 g e com peso fi nal PF = 502,1g, As derivadas parciais foram calculadas em relação à semente pura como:

SP = (1/PF) x 100 = 1/502,12 x 100 = 0,199 (Equação d)

E em relação ao peso fi nal:

PF = (-SP/PF2) x 100 = - 497,8/502,12 x 100 = -0,197 (Equação e)

Resultado das Etapa 6: cálculo do fator k e da incerteza expandida. A incerteza expandida U é obtida, multiplicando-se a incerteza padrão combinda uc(y) por um fator de abrangência k:

U = k uc(y) (Equação f)

O valor de k foi estabelecido a partir da distribuição de t de Student, com base em uma probabilidade de abrangência de 95,45% e com os graus de liberdade efetivos (Veff). O grau de liberdade efetivo foi estimado pela fórmula de Welch-Satterthwaite:

N

ii

i

c

N

ii

ii

c

eff

vyu

yu

vxuc

yuv

1

4

4

1

4

4

)()( (Equação g)

Onde:vi = graus de liberdade efetivo da contribuição da incerteza

padrão .ui(y) = contribuição para incerteza.uc(y) = incerteza combinada.

Se gundo o GUM, o resultado de uma medição é então expresso como Y = y ± U. No presente estudo, a incerteza da medição, U=0,1%, foi arredondada para cima, conforme recomendado no GUM e, apresentada com uma casa decimal, conforme previsto nas RAS (Brasil, 2009) e nos padrões para produção e comercialização de semente de soja (Brasil, 2005b). Portanto, pode-se representar o resultado de análise de pureza da amostra cujos dados estão relatados no resultado da Etapa 5, como sendo:

SP% = 99,1 ± 0,1

O valor de incerteza estimado U foi comparado aos valores de tolerância extraídos da tabela de tolerância 18.1 das RAS e apresentados na Tabela 3. Verifi cou-se que o nível

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de incerteza é inferior às tolerâncias admitidas na tabela das RAS, demonstrando boa performance analítica do laboratório para análise de pureza de soja.

Tabela 3. Médias de resultados para o componente semente pura da análise de pureza de 8 amostras de sementes de soja e amplitudes máximas obtidas por quatro diferentes analistas.

*Valores extraídos da Tabela 18.1 das Regras para Análise de Sementes (RAS) (Brasil, 2009).

Amostra Semente pura (%)

Amplitude máxima entre

analistas

Tolerância máxima*

Incerteza calculada

U ---------------------------- (%) --------------------------------

1 99,65 0,2 0,4 0,1 2 99,09 0,1 0,7 0,1 3 99,13 0,1 0,7 0,1 4 99,24 0,3 0,6 0,1 5 99,59 0,1 0,5 0,1 6 99,73 0,1 0,4 0,1 7 99,68 0,1 0,4 0,1 8 99,31 0,4 0,6 0,1

Como em outras áreas do conhecimento, os resultados demonstram que o cálculo da incerteza de medição para análise de pureza em sementes também pode ser baseado no Guia para Expressão da Incerteza de Medição (ABNT/INMETRO, 2003).

Embora a legislação brasileira (Brasil, 2009; Brasil, 2010) não exija a expressão da incerteza de medição nos Boletins de Análise de Sementes, a incerteza é um fator que auxilia na interpretação correta do resultado da medição. Na prática, a avaliação da incerteza de medição permite ao laboratório visualizar os componentes ou fontes de incerteza presentes no processo de análise, possibilitando detectar necessidade de treinamentos, implementar ações corretivas e promover a melhoria contínua do seu sistema de gestão da qualidade.

Conclusões

Considera-se que o objetivo deste trabalho foi atingido adequadamente, uma vez que a sistemática de cálculos proposta para a estimativa da incerteza de medição foi implantada com êxito no LASO/LANAGRO/RS.

Sendo a estimativa da incerteza um dos requisitos para a acreditação ou credenciamento de laboratórios, de acordo com a norma NBR ISO/IEC 17025, os resultados obtidos indicam uma boa performance analítica do LASO/LANAGRO/RS e que a sistemática de cálculos pode ser aplicada em outros

laboratórios de análise de sementes. Toda sistemática de cálculos pode estar documentada em

um procedimento operacional padrão do laboratório e em planilhas eletrônicas, permitindo a atualização periódica do cálculo da incerteza.

Referências

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Fluxo gênico e coexistência de lavouras com espécies transgênicas e convencionais1

Ivan Schuster2

RESUMO - A necessidade de coexistência de lavouras convencionais e transgênicas torna importante a discussão do impacto do fl uxo gênico via pólen e do potencial de contaminação das lavouras convencionais a partir do pólen das plantas transgênicas. Em geral, este impacto é superestimado. Em soja as taxas de fl uxo gênico são, em média, inferiores a 1% nas distâncias entre 0,5 e 1m, e chegam à zero em poucos metros. Em milho, embora a taxa de fecundação cruzada seja elevada, mais de 85% do pólen é depositado nos primeiros metros. As taxas de fl uxo gênico acima de 100 m são desprezíveis. As normas de produção de sementes adotadas para sementes convencionais são sufi cientes para a obtenção de sementes com os níveis de pureza exigidos. Por outro lado, quando se trata da produção de sementes ou de grãos com certifi cação de livres de OGM (Organismos Geneticamente Modifi cados), é preferível utilizar isolamento de 200 m para milho e de 8 m para soja, entre lavouras convencionais e transgênicas. Em soja, a principal causa de fl uxo gênico é a mistura de sementes devido à limpeza inadequada de equipamentos, e não o fl uxo de pólen.

Termos para Indexação: Polinização cruzada, presença adventícia, pureza genética

Introdução

O fl uxo gênico pode ser defi nido como a troca de alelos entre indivíduos ou populações, e pode ocorrer tanto pela dispersão de pólen, quanto pela mistura de sementes. Denomina-se fl uxo gênico vertical a troca de alelos entre indivíduos dentro da mesma população ou entre indivíduos de populações/cultivares diferentes da mesma espécie, e fl uxo gênico horizontal a troca de alelos entre indivíduos de espécies diferentes.

Sob o ponto de vista evolutivo, o fl uxo gênico é um processo migratório, compondo juntamente com a mutação e a seleção, os fatores essenciais para a evolução das espécies. Portanto, o fl uxo gênico é um fenômeno comum na natureza, desde a origem das espécies. A migração de alelos entre populações diferentes previne a diferenciação das populações, mantendo-as unidas nas espécies. Desta forma, o fl uxo gênico “diminui a variabilidade entre as populações”, uma vez que os alelos destas populações são compartilhados, mantendo unidas as populações. Por outro lado, o fl uxo gênico “aumenta a variabilidade dentro das populações”, pela introdução de alelos novos, que podem conferir novas características a estas populações. Uma vez que a seleção natural atua juntamente com o fl uxo gênico, estes novos alelos somente permanecerão na população se conferirem alguma vantagem adaptativa a mesma.

1Submetido em 04/04/2013. Aceito para publicação em 08/04/2013.2 Eng. Agr. D.Sc. Gerente da Divisão de Pesquisa. Coodetec - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola. BR 467, km 98, Cascavel, PR. CEP 85.811-160. E-mail: [email protected]

Considerando-se a escala evolutiva, o fl uxo gênico é responsável por unir as populações dentro das espécies, introduzir variabilidade dentro das populações, e também pela criação de novas espécies, tais como o trigo hexaplóide cultivado (Triticum aestivum), que é resultante do cruzamento natural entre três espécies silvestres diploides. Também o algodão cultivado (Gossypium hirsutum) e o café arábica (Coffe arabica) são resultantes do cruzamento natural entre espécies ancestrais.

Embora a existência do fl uxo gênico não tenha relação com o surgimento das plantas geneticamente modifi cadas (GM), este assunto ganhou importância após o surgimento das plantas GM, em função das discussões sobre o risco de escape gênico vertical e horizontal dos eventos transgênicos para plantas não-GM, cultivadas ou silvestres.

O risco de fl uxo gênico horizontal de plantas GM para outras espécies, e o eventual impacto ambiental deste, é avaliado durante a regulamentação dos eventos de plantas GM. No Brasil, os resultados desta avaliação devem ser submetidos à CTNBio, que é o órgão responsável pela avaliação de risco e pela autorização de cultivo e comercialização de plantas GM no país. Havendo risco de escape gênico horizontal, os eventos de plantas GM não são aprovados para uso nas regiões em que este risco existe. Um exemplo desta restrição de uso é o algodão GM. Em algumas regiões do país existem

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espécies silvestres nativas de algodoeiro, e nestas regiões não é permitido o cultivo de algodão GM (Barroso et al., 2005).

Quando consideramos a produção de sementes ou a produção de grãos livres de OGM, o que precisa ser considerado é o fl uxo gênico vertical, aquele que ocorre entre variedades da mesma espécie. O fl uxo gênico vertical implica na necessidade de normas de coexistência, para que seja possível a produção de grãos ou sementes com padrões de pureza dentro dos limites estabelecidos. É importante observar que no caso da produção de sementes, mesmo não se tratando de variedades GM, é necessário adotar medidas de coexistência, a fi m de se produzir sementes geneticamente puras, sem contaminação com outras variedades.

O fl uxo gênico vertical entre variedades da mesma espécie pode ocorrer via fl uxo de pólen ou de sementes. O fl uxo gênico via sementes pode ocorrer em qualquer etapa do processo de produção, desde a semeadura, a colheita, o transporte, a secagem, o benefi ciamento, o tratamento e o armazenamento. A limpeza inadequada dos equipamentos resulta na mistura de sementes/grãos, que também se caracteriza em fl uxo gênico. Além disso, a presença de plantas voluntárias do cultivo anterior é uma das principais causas de fl uxo gênico via sementes. Ao se cultivar uma variedade ou híbrido não-GM após ter sido cultivada uma variedade ou híbrido GM na mesma área, as sementes remanescentes da colheita que permanecem no solo podendo germinar mesmo após longos períodos depoisda colheita, sendo comum a observação de plantas voluntárias do cultivo anterior no próximo cultivo. Estas plantas, popularmente denominadas de “tigueras”, são importante fonte de contaminação de grãos ou sementes.

O fl uxo gênico via pólen depende de alguns fatores, como por exemplo, a distância entre as plantas, a temperatura e a umidade, que infl uenciam a viabilidade do pólen, a presença de ventos e de insetos, o sincronismo no fl orescimento entre a variedade doadora e receptora do pólen, a cor das fl ores, que está relacionada à atratividade aos insetos, a quantidade de pólen produzido e, principalmente, do modo de reprodução da espécie.

As espécies de plantas diferenciam-se no seu modo de reprodução, sendo classifi cadas em autógamas, alógamas e intermediárias (ou autógamas com frequente alogamia). Plantas autógamas reproduzem-se preferencialmente por autofecundação, sendo que pelo menos 95% das sementes são obtidas pela autofecundação, diminuindo os riscos de contaminação. Plantas alógamas, por outro lado, reproduzem-se preferencialmente por fecundação cruzada, sendo que pelo menos 95% das sementes são obtidas por polinização com pólen de outras plantas. Plantas intermediárias são aquelas em que mais de 5% e menos de 95% das sementes são obtidas por fecundação cruzada.

No Brasil, existem eventos de plantas GM aprovados

para cultivo e comercialização em soja, milho, algodoeiro e feijoeiro. A soja e o feijoeiro são espécies autógamas, o milho é uma espécie alógama e o algodoeiro é uma espécie intermediária.

Desenvolvimento

Fluxo Gênico em Soja

Além de ser uma espécie autógama, as fl ores de soja apresentam cleistogamia, ou seja, a fecundação ocorre antes da abertura das fl ores, o que reduz o fl uxo gênico nesta espécie a níveis próximos de zero. No momento da polinização as anteras formam um anel em volta do estigma. O pólen é então depositado diretamente no estigma, resultando em uma alta taxa de autofecundação (Figura 1). A polinização geralmente ocorre no dia anterior à abertura das fl ores (Carlson et al., 2004), de modo que o estigma somente fi ca exposto após ter sido autopolinizado.

Figura 1. Cleistogamia. Em espécies cleistogâmicas a autopolinização ocorre antes da abertura das fl ores.

A probabilidade de ocorrer fl uxo gênico entre plantas é a mesma para variedades transgênicas e para variedades convencionais. No Brasil, o fl uxo gênico em soja já vem sendo estudado a mais de quatro décadas (Tabela 1). Sediyama et al. (1970), utilizando um delineamento de fi leiras adjacentes e alternadas, encontraram taxas de fecundação cruzada de 0,09% em Viçosa-MG, e 0,90% em Capinópolis-MG. Já quando foram semeadas plantas alternadas na mesma fi leira, obtiveram 1,30% de fecundação cruzada em Viçosa-MG. Vernetti et al. (1972) relataram taxas de fecundação cruzada em soja variando de 0,03% em Ponta Grossa-PR a 1,22% em Pelotas-RS.

Nos EUA, também utilizando fi leiras adjacentes, Ahrent e Caviness (1994) encontraram taxas de fecundação cruzada variando de 0% a 2,55%, ao avaliarem 12 cultivares. Ray

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et al. (2003) avaliaram a fecundação cruzada em soja a diferentes distâncias, e encontraram taxas de fecundação cruzada de 0,41% a 0,90 m e 0,03% a 5,4 m da fonte de pólen.

Ao avaliaram a taxa de fl uxo gênico entre plantas na mesma fi leira, intercaladas e espaçadas de 15 cm, obtiveram taxa de fecundação cruzada de 1,8%.

Tabela 1. Resumo dos estudos para determinação do Fluxo Gênico via pólen, em soja.

Referência Localidade Fluxo Gênico Máximo Observado até 1m de

distância Tecnologia Distância Máxima

doFluxo Gênico Observação

Sediyama et al., 1970 Viçosa, MG 0,09% Convencional Não determinado Fileiras adjacentes intercaladas

Sediyama et al., 1970 Viçosa, MG 1,3% Convencional Não determinado Plantas intercaladas na mesma fileira

Sediyama et al., 1970 Capinópolis, MG 0,9% Convencional Não determinado Fileiras adjacentes intercaladas

Verneti et al., 1972 Ponta Grossa, PR 0,03% Convencional Não determinado Fileiras adjacentes intercaladas

Verneti et al., 1972 Pelotas, RS 1,22% Convencional Não determinado Fileiras adjacentes intercaladas

Ahrent e Caviness, 1994 EUA 0% a 2,55% Convencional Não determinado Avaliação em 12 cultivares diferentes

Ray et al., 2003 EUA 0,41% Convencional 5,4 m -

Ray et al., 2003 EUA 1,8% Convencional Não determinado Plantas intercaladas na mesma fileira

Abud et al., 2003 Planaltina, DF 0,04% a 0,14% Transgênico 13 m - Abud et al., 2007 Planaltina, DF 0,52% Transgênico 10 m - Pereira et al., 2007 Florestal, MG 1,27% Transgênico 8 m - Pereira et al., 2007 Viçosa, MG 0,25% Transgênico 2 m - Schuster et al., 2007 Cascavel, PR 0,61% Transgênico 4 m -

Yoshimura et al., 2007 Japão 0,19% Transgênico 7 m Fluxo gênico provocado por insetos

Silva e Maciel, 2010 Alfenas, MG 0,025% Transgênico Não determinado -

Recentemente, com a adoção de variedades transgênicas, novos avaliações de fl uxo gênico foram realizadas no Brasil, para avaliar a possibilidade de uma lavoura de soja não GM ser contaminada por pólen de uma lavoura de soja GM. Em Planaltina, DF, Abud et al. (2003) observaram taxas de fl uxo gênico de 0,44% a 0,45% a 0,5 m de distância, sendo que a 1 m de distância as taxas de fl uxo gênico foram reduzidas para 0,04 a 0,14%. Em outro estudo, Abud et al. (2007) relataram taxas de fecundação cruzada de 0,52% entre plantas de soja GM e não GM distantes 1,0 m, em Planaltina, DF. Os autores consideraram que a distância de10mentre lavouras de soja GM e não-GM é sufi ciente para evitar contaminação por fl uxo de pólen.

Pereira et al. (2007) avaliaram a taxa de fecundação cruzada entrevariedades transgênicas e não transgênicas de soja, e obtiveram taxa de fecundação cruzada de 1,27% em Florestal-MG e 0,25% em Viçosa-MG, para as fi leiras que estavam distantes 0,5m da fonte de pólen. Em Viçosa-MG, fecundação cruzada foi observada apenas até 2 m de distância da fonte de pólen, e em Florestal-MG, foi observada fecundação cruzada somente até 4 m de distância da fonte de pólen. Em outro trabalho, Pereira et al. (2012) concluíram que é raro o fl uxo gênico entre variedades de soja a mais de 3,0 m de distância.

Schuster et al. (2007), em Cascavel, PR, obtiveram taxa de fecundação cruzada entre variedades de soja transgênicas e não transgênicas de 0,61% a distância de 1,0 m, sendo que este percentual reduziu-se bastante a partir de 2 m. Os autores concluíram que após 8 m não há mais fl uxo gênico entre plantas de soja, via pólen. Em Alfenas, MG, Silva e Maciel (2010), também avaliando o fl uxo de pólen entre plantas transgênicas e convencionais de soja, obtiveram taxas de fecundação cruzada de 0,025% entre plantas a 1,0 m de distância, e 0,01% a 2,0 m de distância.

Yoshimura et al. (2007) relataram observações realizadas durante quatro anos no Japão. A maior taxa de fecundação cruzada observada entre variedades convencionais e transgênicas de soja foi de 0,19% a distância de 0,7 m. Ao longo dos quatro anos, a maior distância em que foi observado fl uxo de pólen foi de 7 m. Os autores concluíram que o pólen da soja possui uma densidade muito elevada para ser levado pelo vento, e que a principal causa de polinização cruzada em soja é a presença de insetos, especialmente himenópteros.

Pelos diversos estudos realizados em relação ao fl uxo gênico em soja, observa-se que as taxas de contaminação de grãos ou sementes pelo fl uxo de pólen são extremamente baixas,

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em geral inferiores a 1%, e localizadas apenas nas bordaduras das lavouras. Para o caso de produção de grãos para a indústria, as baixas taxas de fl uxo gênico e a diluição destes grãos colhidos na bordadura das lavouras com grãos colhidos nas áreas mais internas, resultam em percentuais de contaminação extremamente baixos, e certamente bem abaixo do limite para rotulagem do produto, que é de 1% de contaminação (Brasil, 2003).

No entanto, apesar de todas as evidências científi cas e experimentais de que o fl uxo gênico via pólen é desprezível em soja quando se utiliza o isolamento recomendado, é muito comum observar-se contaminação de sementes convencionais por sementes GM. Esta contaminação ocorre, em sua grande maioria, por fl uxo de sementes e não por fl uxo de pólen. Portanto, na produção de grãos ou sementes livres de OGM deve-se atentar tanto para o isolamento da lavoura, quanto para a limpeza criteriosa de todos os equipamentos, tanto de semeadura quanto de colheita, transporte, benefi ciamento e armazenamento.

No caso de produção de sementes, estes cuidados não são exclusivos para evitar contaminação com grãos GM, mas para evitar contaminação com grãos de outras cultivares, sejam GM ou convencionais. No entanto, as exigências de pureza genética são mais rigorosas em relação à presença de sementes livres de OGM do que em relação à presença de sementes de outras cultivares convencionais, além da presença de grãos GM ser mais fácil de ser detectada. Por exemplo, o índice permitido de sementes de outras cultivaresem sementes da categoria C2 no estado do Paraná é de cinco sementes em uma amostra de 500 g. Isso representa aproximadamente 0,15% de contaminação. Para a categoria S1 são permitidas 10 sementes de outras cultivares, o que equivale a aproximadamente 0,3%.

Brasil (2003) estabelece que alimentos ou ingredientes destinados ao consumo humano ou animal, que contenham mais de 1% de sua constituição com OGM, devem ser rotulados com a informação de que contém ingrediente transgênico. Produtos que contenham menos de 1% de ingredientes GM não precisam ser rotulados como transgênicos. Mas no caso de certifi cação de soja livre de OGM o limite geralmente é de 0,1%, e em alguns casos até menor. Isso signifi ca que o rigor a ser adotado na limpeza de equipamentos e no respeito a áreas de isolamento/bordadura deve ser maior para a produção de grãos ou sementes com certifi cação de livres de OGM, em relação ao que normalmente é utilizado para a produção de sementes.

Para o caso de produção de sementes de soja, a norma específi ca determina isolamento de 3 m entre lavouras com cultivares diferentes. Esta distância é sufi ciente para evitar contaminação por fl uxo de pólen além dos limites tolerados. No entanto, para produção de grãos ou sementes livres de OGM, é recomendável utilizar um isolamento de no mínimo 5 m, e preferencialmente de 8 m, especialmente em regiões

com histórico de insetos da classe dos himenópteros.

Fluxo Gênico em outras autógamas

Em feijão, que também apresenta cleistogamia, a maioria dos estudos tem observado taxas de fecundação cruzada menor do que 1%, sendo variável também em função da distância, região e época, sendo próxima de zero a 3,5 m. Para variedades transgênicas de feijão, a distância de isolamento recomendada é de 5 m. Uma revisão sobre fl uxo gênico em feijoeiro pode ser encontrada em (Pinheiro e Faria, 2005).

Em arroz, Brunes et al (2007) observaram fl uxo gênico entre arroz vermelho e arroz branco a uma distância máxima de 10 m, no entanto a frequência de fl uxo gênico observado não foi informada. Em trigo ainda não existem trabalhos de avaliação do fl uxo gênico realizados no Brasil. Nos EUA, Canadá e Nova Zelândia,as taxas de fl uxo gênico observadas em trigo variaram de 0,1% a 10,1%, sendo variáveis de acordo com a distância e com a cultivar (Griffi n, 1987; Martin, 1990; Hucl, 1996; Enjalbert et al., 1998). Cultivares que produzem maior quantidade de pólen apresentam também maior taxa de fl uxo gênico. No Canadá, Hucl e Matus-Cádiz (2001) avaliaram o fl uxo gênico em trigo, utilizando cultivares com baixo fl uxo gênico e cultivares com elevado fl uxo gênico. A partir de 3 m de distância as taxas de fecundação cruzada foram menores do que 0,5% para todas as cultivares,e foi observado fl uxo de pólen até a 27 m, com frequências menores do que 0,1%, para as variedades com maior taxa fecundação cruzada. Os autores recomendam isolamento de 30 m entre variedades de trigo quando se pretende evitar o fl uxo gênico, especialmente em função de variedades que produzem bastante pólen.

Fluxo Gênico em Milho

Diferentemente da soja, o milho é uma espécie alógama, com uma elevada taxa de fecundação cruzada. Por apresentar monoicia, ou seja, os órgãos masculino e femininos em locais separados na mesma planta, e também por apresentarem dicogamia, em que não há um sincronismo perfeito entre o fl orescimento masculino e feminino na mesma planta, a fecundação cruzada no milho é favorecida.

O fl uxo gênico entre lavouras de milho próximas sempre ocorre, e isso não causa nenhum tipo de impacto quando ambas as lavouras são convencionais, uma vez que não se trata de produção de sementes. O fl uxo gênico entre lavouras comerciais de milho somente passou a ser importante após o início do cultivo de milho transgênico, devido a possibilidade de contaminação de lavouras de milho convencional com pólen de milho transgênico. Caso haja fl uxo gênico via pólen de plantas de milho GM para plantas de milho convencional,

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os grãos colhidos nas plantas convencionais de milho serão grãos GM (os grãos obtidos da polinização com pólen GM serão heterozigotos e, portanto, expressam a proteína GM). Desta forma, os grãos de milho de uma lavoura de milho convencional podem ser contaminados com grãos GM caso haja fl uxo gênico de milho GM via pólen para esta lavoura.

Para que ocorra fl uxo gênico via pólen entre lavouras de milho próximas, é necessário primeiramente que haja coincidência de fl orescimento entre as plantas de ambas as lavouras. Além disso, a intensidade do fl uxo gênico via pólen depende da quantidade de pólen produzido pelos híbridos, da presença de uma bordadura de milho, da presença de barreiras físicas, tais como matas, montanhas, edifi cações, etc., e também da topografi a do terreno.

A coincidência de fl orescimento é essencial para que ocorra fl uxo gênico. Se duas lavouras próximas não estiverem fl orescendo na mesma época, nenhuma das outras causas do fl uxo gênico será importante, pois embora os grãos de pólen possam ser levados até a lavoura próxima, se não houverem estigmas receptivos não haverá fecundação. Os híbridos de milho apresentam grande variação na quantidade de pólen que produzem, e aqueles que produzem maior quantidade de pólen também podem provocar maior quantidade de fl uxo gênico. O uso de bordadura de milho também reduz a quantidade de fl uxo gênico, uma vez que o grão de pólen de milho apresenta elevada densidade. Segundo Eastham e Sweet (2002), 89% do pólen de milho é depositado nos primeiros 5 m. No Brasil, Nascimento et al (2012) avaliaram fl uxo gênico de milho transgênico em nove locais, e observaram que 82% de toda fecundação cruzada ocorreu nos primeiros 30 m. A presença de barreiras físicas pode impedir o fl uxo de pólen de uma lavoura para a outra. Em lavouras em que a topografi a não é plana, a taxa de fl uxo gênico será maior e a maiores distâncias se o híbrido transgênico estiver sendo cultivado na parte mais alta do terreno, e o híbrido convencional na parte mais baixa.

No Canadá, Ma et al. (2004) observaram que na direção do vento havia menos de 1% de fecundação cruzada em milho a 28 m de distância, e na direção oposta havia menos de 1% de fecundação cruzada a 10 m de distância. Mesmo assim, os autores recomendaram que a distância mais apropriada para a separação entre lavouras de milho transgênico e convencional no Canadá deve ser de 200 m, pois foram observados traços de fl uxo gênico a distâncias maiores do que 100 m, especialmente quando os híbridos transgênicos produzem grandes quantidades de pólen.

Na avaliação do fl uxo gênico em milho em nove diferentes localidades do Brasil, Nascimento et al. (2012) observaram que na maioria dos casos, taxas de fl uxo gênico superiores a 1% ocorrem apenas até 20 m de distância, sendo que em apenas um local foi observado mais de 10% de fl uxo gênico a

50 m, mas em todos os locais a taxa de fl uxo gênico foi menor do que 1% a 100 m de distância.

A Resolução Normativa número 4 de 2007, da CTNBio, estabelece as normas de coexistência entre lavouras de milho transgênico e milho convencional, para evitar a contaminação por fl uxo de pólen. Lavouras de milho transgênico devem estar a uma distância de 100 m de lavouras de milho convencional, ou alternativamente, a 20 m de distância, desde que haja uma bordadura de 10 linhas de milho convencional na área de milho transgênico. Esta Resolução Normativa não se aplica a produção de sementes, que é normatizada pela Resolução Normativa número 25 de 2005, do MAPA, que prevê isolamento de 200 m para a produção de sementes de milho, e de 400 m no caso de variedades e milhos especiais.

Além de lavouras de milho GM próximas das lavouras de milho convencional, outra fonte de contaminação de milho convencional com pólen GM é a presença de plantas voluntárias (tiguera) de milho GM nas lavouras de milho convencional ouem lavouras próximas. Ou seja, mesmo que o milho convencional esteja plantado próximo a uma lavoura de soja, se houver presença de plantas voluntárias de milho GM nesta lavoura de soja, e houver coincidência de fl orescimento destas plantas de milho com as plantas da lavoura de milho convencional, poderá haver contaminação do milho convencional com milho GM.

Fluxo Gênico em Algodão

O algodoeiro é uma planta intermediária, ou autógama com frequente alogamia. Possui fl ores completas e não possui cleistogamia. Segundo Freire (2002), taxas de fl uxo gênico de 29% a 54% ocorrem em algodão, a uma distância de 1 m, mas o fl uxo gênico é nulo a 10 m de distância. Segundo o autor, a utilização de uma bordadura de 20 m entre uma lavoura de algodão GM e uma lavoura de algodão convencional é sufi ciente para evitar o fl uxo gênico entre estas plantas.

Diferentemente da soja e do milho, no Brasil existem regiões com presença de algodão silvestre sexualmente compatível com o algodão cultivado. Nestes casos, há uma restrição de uso de algodão GM nestas regiões onde existem variedades locais com elevada variabilidade genética, para evitar a transferência de eventos transgênicos para as espécies silvestres (Barroso et al., 2005).

Considerações Finais

O fl uxo gênico em plantas transgênicas não difere do fl uxo gênico em plantas convencionais. No entanto, os métodos de detecção da presença de contaminação com sementes GM são capazes de detectar presença de contaminação em baixos níveis

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(abaixo de 0,1%), e desta forma o fl uxo gênico de plantas GM fi ca mais evidente. As normas de coexistência estabelecidas pela CTNBio não tem por objetivo garantir a ausência de contaminação das lavouras convencionais, mas permitir que a eventual contaminação que possa ocorrer permaneça dentro dos limites estabelecidos pela legislação. No Brasil, a legislação estabelece que alimentos que contenham mais de 1% de presença de OGM devem ser rotulados como transgênicos (Brasil, 2003). As normas de coexistência para o milho são sufi cientes para manter os níveis de contaminação abaixo deste limite. Para soja não existe norma de coexistência. Por tratar-se de espécie autógama e cleistogâmica, as taxas de fecundação cruzada em soja são próximas à zero, e limitadas a pequenas distâncias, de forma que não há necessidade de isolamento para manter os níveis de contaminação abaixo do limite de 1%.

Para a produção de sementes, não existe norma específi ca para tratar da presença adventícia de sementes GM. A utilização do isolamento recomendado para a produção de sementes de soja, milho e algodão é sufi ciente para a manutenção da pureza das sementes dentro dos limites estabelecidos pelas Normas de Produção de Sementes.

Por outro lado, quando se trata da produção de grãos ou sementes com certifi cação de “livres de OGM”, os cuidados precisam ser maiores, pois os limites aceitáveis nestes casos, tanto para grãos como para sementes, são mais baixos do que no caso de “commodities”. Geralmente os limites aceitáveis são de 0,1% ou inferiores. Para a produção de sementes ou grãos livres de OGM, é seguro utilizar o isolamento de 8 m para a soja, e de 200 m para o milho.

Além da adoção do isolamento adequado, é muito importante que se evite o fl uxo gênico via semente. A maior parte das contaminações de soja convencional com soja GM é devida a misturas de sementes, e não devida ao fl uxo de pólen. Limpeza adequada de semeadoras, colhedoras, equipamentos de transporte e de benefi ciamento são fundamentais para evitar a contaminação.

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