Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura...

16
Fundado em setembro de 1989 ANO XX Nº 241 setembro de 2009 O Selo comemorativo , criado pelo artista plásitco Xavier, será veiculado durante o ano das comemorações dos 20 anos de fundação do jornal. 20 Anos de Circulação Ininterrupta Respondo ao amável convite que me foi formulado para escre- ver um texto por ocasião dos 20 anos do jornal literário Linguagem Viva. É uma honra para o Instituto Histórico e Geográfico de São Pau- lo e um privilégio para mim escre- ver por ocasião da celebração do vigésimo aniversário dessa publi- cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági- na o que se pode dizer? Para que não se extinga a memória e o tem- po, escolho lembrar o que senti ao me encontrar pela primeira vez com Rosani Abou Adal. Na travessia deste mar da vida, que os últimos sete anos me têm proporcionado como presiden- te do Instituto Histórico e Geográfi- co de São Paulo, impressionou-me a sua presença durante a comemo- ração dos 200 anos da Imprensa Régia e do Centenário da Associa- ção Brasileira de Imprensa, e em especial com a finalidade de home- nagear alguns jornalistas. A vida é feita de pequenas páginas que relatam encontros e proximidade pelo futuro que encer- ram. Não sendo de longa data nos- so convívio, quero deixar registra- da a imagem que Rosani Abou Adal me deixou naquela tarde - uma guerreira no campo de batalha, com forte personalidade e vocação para a liderança. Um exemplo de pessoa de multifacetados talentos e virtudes, em que predomina in- vulgar capacidade de trabalho, ge- nerosidade sem limites, dedicação, gosto e fortes convicções quanto ao que faz. No momento em que uma cru- el ausência de valores nos mergu- lha em assustadora crise moral, são pessoas como ela que nos fa- zem acreditar num São Paulo mai- or e num Brasil mais feliz. Nas pa- lavras de Miguel Torga, “ é nosso dever reconhecer o mérito de quem cumpre a vida”. Rosani Abou Adal tem cumprido e sempre cumprirá Mensagem do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo a vida, firme na defesa de princípi- os e valores, que congregam a ad- miração e o respeito de todos que com ela convivem. Foi para ajudar a preencher um vazio que Rosani, responden- do ao apelo intelectual de Adriano Nogueira, piracicabano tão motiva- do quanto ela, alistou-se nessa ori- ginal aventura do Linguagem Viva. E fizeram da publicação um fenô- meno jornalístico-cultural. Pelas mãos de Rosani, o jor- nal literário Linguagem Viva ultra- passou a barreira comum entre nós da sobrevivência e descontinuida- de, sem interromper a periodicida- de de suas publicações. Estrela que não se apaga, ela não será esquecida por ter levado à frente o nobre ideário de uma agremiação de escritores. Dia iluminado e feliz! Sinto-me honrada ao realizar esta comemo- ração no Instituto Histórico e Geo- gráfico de São Paulo, onde, desde 1894, se promove e perpetua a memória da “Pátria Amada, Brasil”. Nelly Martins Ferreira Candeias Vilma Gorgulho Nelly Martins Ferreira Candeias é Professora Titular da Universidade de São Paulo e presidente do Instituto Histórico e Gerográfico de São Paulo. Última foto dos editores Adriano Nogueira e Rosani Abou Adal, na Casa de Cultura de Santo Amaro, em São Paulo, 29 de maio de 2004. Para comemorar os 20 anos de circulação ininterrupta do jor- nal Linguagem Viva, publicamos uma edição especial em cores, com 16 páginas. A solenidade, em comemo- ração aos vinte anos do jornal, acontecerá no dia 30 de setembro, quarta-feira, às 18 horas, no audi- tório do Instituto Histórico e Geo- gráfico de São Paulo, Rua Benja- min Constant, 158, estação Sé do metrô, em São Paulo. O selo 20 anos, criado pelo artista plástico Xavier - Xavi (Se- bastião Xavier de Lima), será lan- çado oficialmente no dia 30 de setembro. A exposição iconográfica, que mostrará a história do jornal ao longo dos anos, será inaugurada na mesma data e local, às 16:30 horas. A exposição estará aberta ao público para visitação até o dia 10 de outubro, no horário comercial. Serão expostos fotolitos, logo- tipos, clichês, fotos históricas e edições que marcaram a história do jornal - como a edição número um, que foi composta em linotipo, com os títulos dos tipos de Didot, impressão a quente. Em Piracicaba, o evento co- memorativo acontecerá no dia 31 de outubro, sábado, às 14:30 ho- ras, no SESC Piracicaba, com apoio do SESC, do Centro Literá- rio de Piracicaba e do Grupo Lite- rário de Piracicaba. Será prestada homenagem a Adriano Nogueira (1928 – 2004), piracicabano, que fundou o jornal com Rosani Abou Adal e atuou como editor até a edição número 178, junho de 2004.

Transcript of Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura...

Page 1: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Fundado em setembro de 1989 ANO XX N º 241 setembro de 2009

O Selo comemorativo , criado pelo artista plásitcoXavier, será veiculado durante o ano das

comemorações dos 20 anos de fundação do jornal.

20 Anos de CirculaçãoIninterrupta

Respondo ao amável conviteque me foi formulado para escre-ver um texto por ocasião dos 20anos do jornal literário LinguagemViva. É uma honra para o InstitutoHistórico e Geográfico de São Pau-lo e um privilégio para mim escre-ver por ocasião da celebração dovigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista.

Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para quenão se extinga a memória e o tem-po, escolho lembrar o que senti aome encontrar pela primeira vez comRosani Abou Adal.

Na travessia deste mar davida, que os últimos sete anos metêm proporcionado como presiden-te do Instituto Histórico e Geográfi-co de São Paulo, impressionou-mea sua presença durante a comemo-ração dos 200 anos da ImprensaRégia e do Centenário da Associa-ção Brasileira de Imprensa, e emespecial com a finalidade de home-nagear alguns jornalistas.

A vida é feita de pequenaspáginas que relatam encontros eproximidade pelo futuro que encer-ram. Não sendo de longa data nos-so convívio, quero deixar registra-da a imagem que Rosani Abou Adalme deixou naquela tarde - umaguerreira no campo de batalha,com forte personalidade e vocaçãopara a liderança. Um exemplo depessoa de multifacetados talentose virtudes, em que predomina in-vulgar capacidade de trabalho, ge-nerosidade sem limites, dedicação,gosto e fortes convicções quantoao que faz.

No momento em que uma cru-el ausência de valores nos mergu-lha em assustadora crise moral,são pessoas como ela que nos fa-zem acreditar num São Paulo mai-or e num Brasil mais feliz. Nas pa-lavras de Miguel Torga, “ é nossodever reconhecer o mérito de quemcumpre a vida”. Rosani Abou Adaltem cumprido e sempre cumprirá

Mensagem do Instituto Históricoe Geográfico de São Paulo

a vida, firme na defesa de princípi-os e valores, que congregam a ad-miração e o respeito de todos quecom ela convivem.

Foi para ajudar a preencherum vazio que Rosani, responden-do ao apelo intelectual de AdrianoNogueira, piracicabano tão motiva-do quanto ela, alistou-se nessa ori-ginal aventura do Linguagem Viva.E fizeram da publicação um fenô-meno jornalístico-cultural.

Pelas mãos de Rosani, o jor-nal literário Linguagem Viva ultra-passou a barreira comum entre nósda sobrevivência e descontinuida-de, sem interromper a periodicida-de de suas publicações. Estrelaque não se apaga, ela não seráesquecida por ter levado à frente onobre ideário de uma agremiaçãode escritores.

Dia iluminado e feliz! Sinto-mehonrada ao realizar esta comemo-ração no Instituto Histórico e Geo-gráfico de São Paulo, onde, desde1894, se promove e perpetua amemória da “Pátria Amada, Brasil”.

Nelly Martins Ferreira Candeias

Vilm

a Gorgulho

Nelly Martins Ferreira Candeiasé Professora Titular da

Universidade de São Paulo epresidente do Instituto Histórico

e Gerográfico de São Paulo.

Última foto dos editores AdrianoNogueira e Rosani Abou Adal, naCasa de Cultura de Santo Amaro,

em São Paulo, 29 de maio de 2004.

Para comemorar os 20 anosde circulação ininterrupta do jor-nal Linguagem Viva, publicamosuma edição especial em cores,com 16 páginas.

A solenidade, em comemo-ração aos vinte anos do jornal,acontecerá no dia 30 de setembro,quarta-feira, às 18 horas, no audi-tório do Instituto Histórico e Geo-gráfico de São Paulo, Rua Benja-min Constant, 158, estação Sé dometrô, em São Paulo.

O selo 20 anos, criado peloartista plástico Xavier - Xavi (Se-bastião Xavier de Lima), será lan-çado oficialmente no dia 30 desetembro.

A exposição iconográfica, quemostrará a história do jornal aolongo dos anos, será inauguradana mesma data e local, às 16:30horas.

A exposição estará aberta aopúblico para visitação até o dia 10de outubro, no horário comercial.

Serão expostos fotolitos, logo-tipos, clichês, fotos históricas eedições que marcaram a históriado jornal - como a edição númeroum, que foi composta em linotipo,com os títulos dos tipos de Didot,impressão a quente.

Em Piracicaba, o evento co-memorativo acontecerá no dia 31de outubro, sábado, às 14:30 ho-ras, no SESC Piracicaba, comapoio do SESC, do Centro Literá-rio de Piracicaba e do Grupo Lite-rário de Piracicaba.

Será prestada homenagem aAdriano Nogueira (1928 – 2004),piracicabano, que fundou o jornalcom Rosani Abou Adal e atuoucomo editor até a edição número178, junho de 2004.

Page 2: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 2 - setembro de 2009

EditorialLinguagem Viva, fundado em setembro de 1989 por Adriano Nogueira

(1928 – 2004) e Rosani Abou Adal, comemora 20 anos de circulação mensalininterrupta. Único no País, que conseguiu circular durante tanto tempo seminterromper a periodicidade.

Inúmeros veículos pararam de circular antes de completar um ano. Osque conseguiram sobreviver por mais tempo, com bons patrocinadores, nãoconseguiram manter a circulação.

Ao longo desses anos, Linguagem Viva aumentou o número de pági-nas, melhorou o padrão gráfico e ampliou o quadro de colaboradores, que écomposto de nomes expressivos da nossa Literatura.

Os nossos leitores nos deram forças para não desistir da caminhada econtinuar lutando pela democratização da leitura. Os colaboradores nos aju-daram a alimentá-los de informações com os seus artigos. O apoio dos nos-sos clientes e d’ A Tribuna Piracicabana, que imprime e encarta o jornal, foifundamental para que a nossa periodicidade nunca fosse interrompida.

Agradecemos aos assinantes, colaboradores, leitores, ao Xavier quecriou nosso logotipo e o selo comemorativo, ao fotógrafo Fábio Rubinato eaos clientes que contribuíram para que Linguagem Viva alcançasse 20 anosde circulação ininterrupta.

Infelizmente o espaço deste editorial é pequeno para citarmos os no-mes de todos os colaboradores, clientes e assinantes, mas aqui fica o nos-so agradecimento.

Entretanto, não poderíamos deixar de agradecer ao Evaldo Vicente –proprietário de A Tribuna Piracicabana, ao gráfico Miguel Uchelli, ao diagra-mador gráfico Camilo Borges dos Santos, à Livraria Brandão, Débora Nova-es de Castro e Dr. Genésio Pereira Filho – clientes, que estão conosco des-de as primeiras edições, e que foram decisivos para que Linguagem Vivanunca interrompesse a sua caminhada.

Linguagem Viva completa 20anos neste 30 de setembro. Fundadopor Adriano Nogueira e Rosani AbouAdal, vem, desde 2004, sendo dirigi-do por Rosani. Escritora e poeta, elaé vice-presidente do Sindicato dos Es-critores no Estado de São Paulo, quetenho a honra de presidir.

É um jornal literário, com peri-odicidade mensal. Distribuído a escri-tores, faculdades, professores, edito-ras, livrarias, bibliotecas, entidadesculturais e Academias de Letras, cir-cula desde sua fundação sem inter-romper a periodicidade.

Aliás, é o único jornal literárioque consegue manter essa normali-dade na tiragem. E consegue essefeito graças à dedicação de Rosani,que é uma espécie de faz-tudo no jor-nal. Nada no jornal, desde a redaçãoe a edição até a distribuição, deixa deter sua marca.

Linguagem Viva vivenciou to-das a formas recentes de impressão:da tipografia, quando nasceu, e o off-set mais tarde até a rotativa e a com-posição a laser. Mas sua marca regis-trada é o profundo compromisso coma literatura brasileira.

Linguagem Viva : 20 anos promovendoa literatura brasileira

Nilson Araújo SouzaFoi com

base nessecomprom issoque, ainda nasua infância,promoveu o I Concurso de PoesiasLinguagem Viva em 1993, com apoioda União Brasileira de Escritores, e or-ganizou posteriormente, em conjuntocom o Centro de Estudos FernandoPessoa, os Sábados Poéticos.

Foi assim, também, que em1999 promoveu Viva o Timor Leste -história, política, imprensa e cultu-ra, com apoio da Secretaria Munici-pal de Cultura e do Centro de Estu-dos Fernando Pessoa. Realizado naBiblioteca Municipal Mário de Andra-de, o evento apresentou exposição defotos, livros, vídeos e palestras.

Pelo trabalho que realiza, ojornal já recebeu vários prêmios: ocertificado da International Writers andArtists de participação da Internatio-nal Literary Magazine e o diploma deMérito Cultural da União Brasileira deEscritores do Rio de Janeiro.

Nilson Araújo Souza é Presidentedo Sindicato dos Escritores no

Estado de São Paulo.

A Academia Paulistana Maçôni-ca de Letras quer render homenagense exaltar os edificantes trabalhos rea-lizados pelo Jornal “Linguagem Viva”,ao longo de 20 anos. Veículo de im-prensa, especializado na cultura, es-pecialmente na prática literária, essesempre foi seu emblema.

O Jornal “Linguagem Viva” vemse destacando ao longo dos anos, peloenaltecimento e reconhecimento dacategoria dos Escritores, divulgandosuas obras, noticiando os lançamen-

Roberto Scarano

Roberto Scarano é escritor eseretário da Academia Paulistana

Maçônica de Letras.

20 ANOS DO JORNAL LIGUAGEM VIVA

tos, exaltando os bons trabalhos e aosnovos escritores, sempre orientoucomo uma bússola a mostrar o hori-zonte do êxito e do sucesso.

Prestamos nossas efusivas ho-menagens de exaltação a esse Órgãode Imprensa ao seu fundador inmemorian Adriano Nogueira e aRosani Abou Adal também fundado-ra, pelos profícuos e edificantes tra-balhos prestados à frente do “Lingua-gem Viva”.

Dr. Djalma AllegroAdvogado Trabalhista

Comunica a mudança do seu endereço para

Rua Araújo, 70 - cj. 62 - Vila Buarque - São Paulo - SP01220-020 - Tel. : (11) 3120-5255 - 3120-5275

[email protected] - Cel.: 9352-9244

Page 3: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 3 - setembro de 2009

Agradecemos o honroso convite para a Solenidade em comemora-ção ao aniversário de 20 anos do jornal LINGUAGEM VIVA. Mensalmentetemos tido o prazer de ler as matérias nele publicadas, dando-nos exem-plos literários. Parabéns a todos.

João Gualberto de Carvalho MenesesConselheiro Presidente do Conselho Municipal

de Educação de São Paulo

Conselho Municipal de Educação

A União Brasileira de Escritores solidariza-se vivamente com as home-nagens prestadas ao jornal Linguagem Viva na passagem dos seus 20 anosde existência. É uma manifestação muito especial, e que toda a entidade sealegra, porque os seus fundadores estão ligados à história da UBE. AdrianoNogueira, co-fundador do jornal, falecido em 2004, foi diretor da UBE em ges-tões seguidas, e Rosani Abou Adal, jornalista e poetisa de alto valor, é nossasecretária, a quem a entidade muito deve pelo seu trabalho dinâmico eidealizador. Nossos votos, pois, à perenidade de Linguagem Viva, meritóriodivulgador cultural cuja existência que é um exemplo de apreço, fé e dedica-ção às nossas Letras e à nossa Cultura.

Levi Bucalem FerrariPresidente da União Brasileira de Escritores

União Brasileira de Escritores

São Paulo, 22 de julho de 2009.

Ao Jornal Linguagem VivaA/C Rosani Abou Adal

Senhora Jornalista,

Pela presente venho cumprimentá-lo pelos vinte anos decorridos na fun-dação do Jornal Linguagem Viva, da Pena do saudoso Sr. Adriano Nogueira eRosani Abou Adal numa luta em prol da cultura paulista e nacional.

Esse Jornal é a pedra de toque no informativo a todos os acadêmicos eliteratos, tem marcado espaço pela sua linguagem simples e informações va-liosas.

Na simplicidade de suas letras, essa editora marcou e revelou a grande-za de sua luta simples a favor da literatura.

Ao encerrar deixo à editora, sua equipe e leitores nossos parabéns, semdistinção. O meu desejo que permaneça por muitos anos nessa luta, crescen-do, chegando a todos os órgãos públicos que lutam em prol da literatura.

A todos o abraço da Comissão de Direito da Propriedade Imaterial daOAB de São Paulo e o meu pessoalmente.

Paulo OliverPresidente da Comissão de Direito da Propriedade Imaterial da OAB-SP

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASILSecção de São Paulo

Sabemos que os órgãos de di-vulgação cultural costumam ter vidacurta. Aconteceu com a grande mai-oria dos jornais e revistas que teima-ram em enfrentar as dificuldades emnosso País. Com raras exceções – oJornal de Letras comandado pelos ir-mãos Condé e outros poucos casos–, esses órgãos morrem, quase sem-pre no nascedouro.

E as dificuldades não precisamser citadas, porquanto todos as co-nhecem de sobra. São muitas e gran-des, sempre. Mas uma delas – cite-mos só esta – é a falta de vontade decontinuar. Basta faltar o cabeça paraque os colaboradores comecem a ti-rar o corpo fora. Aí, a vontade vai min-guando e vai a vaca para o brejo.

Com Linguagem Viva, entretan-to, isso não aconteceu. Desde a dé-cada de 80 este jornal vem divulgan-do a cultura, levando informação lite-rária aos distantes rincões do Brasil,ajudando o nosso País a ler. São vin-te anos de uma luta que só quem aenfrenta é quem sabe quanto é pe-nosa.

VINTE ANOS DE LINGUAGEM VIVANapoleão Valadares

Napoleão Valadares, ex-presidenteda Associação Nacional de

Escritores, é autor dos livrosUrucuia e Remanso , entre outros.

O lamentável falecimento de Adri-ano Nogueira abalou, sabemos, amarcha desse importante mensário.Mas não foi capaz de acabar com ele.Adriano Nogueira era só entusiasmo.Era um idealismo alegre, animado,achando sempre que tudo ia dar cer-to. Assim o conheci, quando esteve emBrasília por uma pequena temporada,trazido por Almeida Fischer, seu pa-rente, e quando se encontrava conos-co nas tertúlias da Associação Nacio-nal de Escritores, sempre com um risofranco e sabendo todas as novidadesna área da literatura.

Mas Adriano nos deixou. E Ro-sani Abou Adal, sua parceira na velhaluta do jornal, assumiu o timão e to-cou o barco para frente. Aqui perma-neceu à vontade. E as outras dificul-dades foram sendo vencidas no dia-a-dia da luta insana. Aqui se verifica-ram a tenacidade e a vontade de ca-minhar. Aqui se viu uma vitória queraramente se vê. Viva Linguagem Viva!

O 20º aniversário de Linguagem Viva é motivo de alegria para quantos,como nós aqui na ABI, estão preocupados permanentemente com as iniciati-vas de caráter cultural, dentre as quais seu jornal é vigoroso expressão. Comuma regularidade impressionante, pois em nenhum momento deixou de che-gar às bancas de publicações e livrarias, Linguagem Viva oferece uma vigoro-sa contribuição à literatura, à vida literária e à vida cultural de São Paulo e doBrasil. Mais do que vocês, somos nós, seus leitores, que estamos de para-béns por data tão importante para a imprensa do País.

Abraço cordial do Maurício Azêdo ,Presidente da Associação Brasileira de Imprensa-ABI.

Associação Brasileira de Imprensa

A ASES – Associação de Escritores de Bragança Paulista – congratula-se com o Linguagem Viva pelos 20 anos ininterruptos divulgando a cultura, aliteratura, as artes em geral. O mestre Fernando Pessoa disse que a literatura,como toda arte é uma confissão de que a vida não basta, mas o que seria daliteratura se não houvesse quem a divulgasse?

É esta tem sido a função do Linguagem Viva: reverenciar os grandesnomes da literatura e revelar escritores que ainda não foram descobertos pelopúblico e estão longe dos holofotes da mídia.

A ASES, como entidade cultural, sem fins lucrativos, compartilha com oLinguagem Viva os ideais de difusão de nossas letras e tem no jornal umimportante parceiro.

Apresentamos aqui nossas mais efusivas saudações literárias, desejan-do que tão profícuo trabalho seja realizado por muitos outros vinte anos.

Norberto de Moraes Alves Presidente da Associação de Escritores de Bragança Paulista

Associação de Escritores de Bragança Paulista

Page 4: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 4 - setembro de 2009

Em primeiro lugar, a menção àimportância de Adriano Nogueira nacriação e edição de LinguagemViva, ao lado de Rosani Abou Adal;isso, até 2004, quando perdemosesse exemplar intelectual de Pira-cicaba. Dentre suas muitas qualida-des, o cuidado com o registro histó-rico: Adriano sabia que, para man-ter a linguagem viva, é preciso cor-rigir a perda da memória, preservara lembrança dos que contribuírampara enriquecê-la.

Méritos adicionais para Rosa-ni Abou Adal: mesmo sem o dedi-cado parceiro, a poeta e jornalista(e colaboradora decisiva na UBE)levou a publicação adiante, com umempenho que eu qualificaria comoapostolar. Possibilitou que comple-tasse vinte anos – duração bemmaior do que aquela alcançada pormuitos veículos sustentados por for-tes corporações, e não só pelo tra-balho voluntário – de modo fiel aoprojeto original, mantendo seus pro-pósitos e suas qualidades.

DUAS DÉCADAS DE LINGUAGEM VIVA

Na crítica literária e no jorna-lismo cultural, são compatíveis isen-ção e amizade? Linguagem Vivamostra que sim. Seu registro depublicações e eventos é abrangen-te; a lista de colaboradores é amplae diversificada: nenhum traço doparoquialismo, sectarismo e provin-cianismo que, notoriamente, afetamoutras publicações. Não é a mani-festação de uma “turma” ou corren-te literária, excluindo as outras. Mas,ao mesmo tempo, Linguagem Vivaé, sim, a expressão de uma confra-ria, de autores que, muitos deles,se conhecem pessoalmente e seestimam. O respeito mútuo e o com-promisso em comum com a boa di-fusão da literatura conferem brilhoadicional da Linguagem Viva.

Por esses motivos – entre mui-tos outros – é honroso estar entreseus colaboradores; é um prazer serseu leitor regular.

O Clube de Poesia de São Paulo, pelo seu Presidente Milton de GodoyCampos, cumprimenta Rosani Abou Adal pelo vigésimo aniversário doexcelente jornal literário LINGUAGEM VIVA, que edita com alto discernimentoe grande sensibilidade artística.

Milton de Godoy CamposPresidente do Clube de Poesia de São Paulo

Estou feliz pelos 20 anos de tiragem do Jornal LINGUAGEM VIVA, queacompanho desde seu início e estão guardados-catalogados em nossaAcademia de Letras. É um periódico cultural que vale a pena ler, todos osmeses, em sua íntegra, quando chega. São notícias e matériasimportantíssimas, para quem deseja estar sempre informado, aprimorando-se na cultura e na intelectualidade. Parabéns à Rosani e equipe LINGUAGEMVIVA!

Cordial abraço,Gessy Carísio de Paula

Presidente da Academia de Letras e Artes de Araguari

Academia de Letras e Artes de Araguari

CLUBE DE POESIA DE SÃO PAULO

Claudio Willer

Claudio Willer é escritor,poeta, tradutor, sociológo,psicológo e conselheiro da UniãoBrasileira de Escritores.

Já afirmei em outros aniver-sários de Linguagem Viva, e rea-firmo neste, quando alcança aglória dos vinte anos de existên-cia, sem uma falha sequer namensalidade de sua publicação,que eu não acreditava, assistin-do as primeiras reuniões para asua criação, no suspiro longo devida do jornal. Seria, a meu ver, umtablóide a mais, de vida efêmera,como tantos outros de vôos curtosque surgiam no País.

Minha descrença na sua curtavida foi se esmaecendo, porque adecisão firme de Adriano Nogueirae Rosani Abou Adal de levá-lo emfrente lhe dava sopro de perenida-de.

Com o falecimento de Adriano,embora eu colaborasse no Lingua-gem Viva e assistisse de perto a de-terminação dos dois de levá-lo emfrente, vencendo todos os percalços,minha descrença voltou. O jornal nãoiria longe nas mãos apenas de Ro-sani Abou Adal. Sugeri-lhe editá-lobimestralmente. Seria em sufocomenor. Discordou. Valendo-se ape-nas do apoio gráfico de Evaldo Vi-cente e sua determinação inque-brantável de, sozinha, enfrentar osventos contrários, Linguagem Vivalá foi em frente. Poucos anúnciospara cobrir as despesas. Poucos osamigos que cooperavam e coope-ram.

Passei então a acreditar em mi-lagre. Não desses que descem, nin-guém sabe de onde, como manáinesperado. Mas no milagre palpá-vel, suado, sofrido, vívido e ungidopelo idealismo e força de vontade —

uma verdadeira sombra benfaseja— de Rosani Abou Adal. Tal provaé que, recordando esses vinte anosde sua luta constante, ultrapassouela a borrasca que foi a morte doAdriano Nogueira e fez de Lingua-gem Viva uma fonte emblemáticaem defesa e difusão da nossa cul-tura e das nossas letras. E consi-dero isto um milagre porque, lem-brando-me de todo o seu passado,me pergunto, como se perguntasobre alguma coisa quase impossí-vel: “Como pôde?”

Pôde e pode. Basta — e não éfácil — se imbuir de determinaçãoe fé inquebrantáveis, como as pos-sui Rosani Abou Adal.

São vinte anos de vida de umjornal literário que continua mostran-do a que veio, e esperando, sem pi-res na mão, que nós, escritores, eos meios voltados à nossa cultura eàs nossas letras, voltem as vistastambém para ele, para além dosaplausos, com apoio mais decisivoe substancial, pois Linguagem Vivajá mostrou, e muito, a que veio...

Caio Porfírio Carneiro

Caio Porfírio Carneiro éescritor, crítico literário e

secretário administrativo daUnião Brasileira de Escritores.

O MILAGRE DE UMA CAMINHADA

Page 5: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 5 - setembro de 2009

Imaginem os sacrifícios deCOSTER LAURENS JANSZOON(1370 – 1440), depois JOHANNESGUTENBERG (1390 – 1468), este,contribuiu para a impressão e tipogra-fia. Tudo era escrito por monges amão e, no caso de livros, demoravameses, e de preço inacessível às pes-soas. O primeiro livro escrito porGutenberg, a bíblia, foi iniciado em1450 e terminado em 1455.

Nos 560 anos até esta parte, len-tamente, a evolução tecnológica aper-feiçoou o trabalho e, atualmente, mes-mo na grande imprensa organizada ede complexas rotativas, o trabalho éárduo.

Linguagem Viva, por suatimoneira, em segmento eminente-mente cultural, é jornal qual trabalho-so àquele dos primórdios da evoluçãoda imprensa, de peso, claro em outrocontexto, agora de ordem atual queenfrenta. Peso maior a partir de quan-do ficou a sós, sem o estimado ami-go e colaborador Adriano Nogueira.

Pesado fardo este de Rosani, demesma densidade carregada por

Coster Laurens, apenas em contextodiferente naquele século, principal-mente, por ser o jornal LinguagemViva cultural em país que a culturaainda é relegada, pouco valorizada.

Rosani lutou e luta, e desafiandoo sacrifício chega aos 20 anos comeficiente atividade. Quem acompanhaa imprensa eminentemente culturalsabe que muitas revistas e jornaisdesse segmento não chegam a umano de atividade e, às vezes, sequersaem do primeiro número.

Rosani merece maior apoio dosaliados da cultura, pois seu jornalatende a todos na divulgação de suasobras, traz notícias gerais de interes-se cultural, concursos, resenhas, tex-tos oferecidos pelos assinantes, co-mentários de e sobre escritores, e tan-tas outras divulgações culturais, na-cionais e internacionais.

Parabéns Rosani Abou Adal, pa-rabéns Linguagem Viva, parabéns “inmemoriam” a Adriano Nogueira.

Rosani é desafio ao sacrifício.

DESAFIO AO SACRIFÍCIOPaulo Veiga

A existência de uma coletânea deartigos sobre obras literárias justifica-se, principalmente, pelo fato de o tem-po ir acrescentando à escrita originaldados em função de fatos novos. AAs-sim, podemos dizer, lemos hoje nãoa Ilíada que liam os gregos. Lemos oproduto de uma transformação secu-lar e enriquecedora que lhe vai sendoacrescentada à medida que o tempopassa e o mundo se modifica. Queristo dizer que lemos hoje aIlíada com a mente de se-res do século XXI, com pre-ocupações e “descobertas”que os anos foram acres-centando ao texto original.A verdade é que hoje vive-mos num mundo totalmen-te diverso do mundo grego,com o enriquecimento detoda uma vivência da huma-nidade, de descobertas ecorreções fundamentais em nossa vi-são de mundo, de tal forma que a Ilía-da aparece como uma obra comple-tamente nova.

Em função das obras de qual-quer época fazemos hoje uma leituraque se vai enriquecendo à medida queo mundo evolui. E este é um fato sur-preendente na literatura: ela vai serevelando até em seus aspectos maisinusitados, nas descobertas que delafazemos ao longo dos tempos. Istotudo explica a razão pela qual são fun-damentais publicações como Lingua-gem Viva. É neste contexto que a dis-cussão sobre o literário acaba por sefazer e vai se diferenciando à medidaque o tempo passa.

Por um certo paradoxo podería-mos dizer que sabemos hoje maissobre a Guerra de Troia e, ao mesmotempo, podemos ter perdido algunsdetalhes, sem contar aqueles cuja vi-são ficou modificada. De qualquer for-

20 anos de Linguagem VivaMagaly Trindade Gonçalves

Zina C. Bellodima é uma outra Ilíada que lemos,como são outros os textos escolhidosem Linguagem Viva.

O papel precípuo desta publica-ção desenvolve-se em diversos as-pectos. Em primeiro lugar cada artigotraz uma visão crítica da obra e a des-coberta de aspectos antes ignorados.Tudo isto dependerá da competênciacrítica do articulista, que poderá ilu-minar ou obscurecer traços da obra.

Há, curiosamente, uma relação,ainda que nem sempre notada, entretraços da coletânea de artigos e damemorialística. As publicações de tex-

tos registram a visão daobra a cada momento.Isso significa que, em-bora cada exemplar te-nha sua especificidade,e esteja ligado ao modode ver do momento, eletraz, ainda que sutilmen-te, traços que a obradeixou entrever em ou-tras épocas. O trabalhodo articulista, portanto,

não é apenas reviver a vida crítica dotexto, nem descobrir necessariamen-te o novo. Como na memorialística,existe, neste caso, a mistura da visãodo passado com a visão do presente.

Em Linguagem Viva, empreen-dimento feliz, no momento, de Rosa-ni Abou Adal, observamos a paixãopelo trabalho de discussão e divulga-ção de obras e eventos literários, oque é, afinal, um sinal de que ao con-trário do que muitos dizem a paixãopelo literário ainda existe e ela estáplenamente exemplificada em Rosa-ni. Esperamos que estes 20 anos semultipliquem, e que esta paixão con-tinue viva e atuante.

Magaly Trindade Gonçalves eZina C. Bellodi - Professoras

Titulares da Faculdade deCiências e Letras - UNESP -

Araraquara.

Paulo Veiga é escritor ecorrespondente da AcademiaFortalezense de Letras/CE.

O jornal literário Linguagem Vivasempre me reportou à dupla RosaniAdal & Adriano Nogueira. Duas per-sonalidades distintas e antagônicas,mas que se entrosavam harmoniosa-mente.

Adriano partiu... Mas Rosani per-severou bravamente na empreitadasem que precisasse substituí-lo, dan-do continuidade à trajetória de suces-so do tablóide. O sonho dos dois ami-gos se tornou realidade e perdura hávinte anos.

Duas décadas dedicadas à Literatura

Avante Rosani, leve aos quatrocantos o seu canto literário. Que te-nhamos por muito mais décadas esseinformativo. De onde estiver, nossosaudoso colega Adriano, há de estarmuito feliz ao ver sua obra perpetua-da.

Segue minha pequena homena-gem a ambos, desbravadores do uni-verso da literatura.

Ivana Maria França de Negri

Ivana Maria França de Negri éescritora, membro do Centro

Literário de Piracicaba, do GrupoOficina Literária de Piracicaba e daAcademia Piracicabana de Letras.

Page 6: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 6 - setembro de 2009

LITERATURA, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DA MENTE

Nelly Novaes Coelho

Partimos aqui dessa afirmaçãodo grande psicólogo suíço (um dosfundadores da Psicanálise) para refle-tirmos sobre a fundamental importân-cia que, na área da Educação* , vemsendo dada à Literatura, como fecun-do instrumento de formação das no-vas gerações.

Desde meados dos anos 1970,quando tem início o Boom da Literatu-ra para crianças e adolescentes (Lite-ratura Infantil/Juvenil que é hoje a “ga-linha dos ovos de ouro” do mercadoeditorial), foi-se tornando claro para osestudiosos do fenômeno Educação,que a Literatura poderia ser o grandeeixo a movimentar a engrenagem daNova Educação na Escola, desde osprimeiros níveis de ensino.

Por que Literatura? Em princípio,não só porque é algo prazeroso, queatua na imaginação criativa do eu, mastambém (ou principalmente) porquesua matéria prima é a Palavra, -facul-dade básica que distingue o humano,do animal, -elemento mediador entreo Homem e o Mundo, entre o Eu e oOutro.

“No princípio era o Verbo”. (Evan-gelho de S. João)

“A palavra cria o Real.” (Dufren-ne/Fenomenologia)

“O que não é nomeado não exis-te.” (Lacan/Psicologia)

“Quando uma civilização entraem decadência, a primeira coisa queapodrece é a Língua.” (Octávio Paz/Signos em Rotação)

“O homem é um ser-de-lingua-gem.” (Foucault. As Palavras e as Coi-sas)

Há uma verdade basilar que pa-rece esquecida, neste nosso brilhantemundo-de-imagens, mas que começaa ser redescoberta: o mundo real exis-te, revestido pela linguagem. No mun-do humano, tudo precisa ter nome: pre-cisa ser nomeado para realmente“existir”...

E no rastro dessa “verdade” quenesta nossa bela/mágica/terrível Erada Imagem, faz-se urgente que as no-vas gerações descubram a Palavracomo poderoso instrumento de forma-ção interior, que leva à auto-consciên-

cia do Eu e de seu lugar no mundo,como Agente da continuidade da Vidano planeta.

É em função dessa descoberta eda indispensável formação cultural dasnovas gerações, que novos projetos deEducação vêm sendo propostos. Já setornou ponto pacífico de discussão, ofato de que o Sistema de Educaçãoherdado, há muito já se deteriorou eque se faz urgente a criação de novossistemas que o substituam. Como pon-to comum aos vários projetos que têmsurgido (nas áreas oficiais ou particu-lares) destaca-se a valorização da Pa-lavra/Leitura/Literatura, como fecundomeio de formação da mente e de edu-cação para a vida. Sem dúvida, é des-sa nova formação/educação, que osNovos dependem para se auto-realiza-rem como Indivíduos pertencentes aum Mundo-em-mutação, que dependedeles, para ser transformado, do atualCaos em Nova Ordem.

Enfim, o poder da palavra vemsendo redescoberto como fator-chavena construção de uma Nova Educação.Entretanto, para além do desafio decriar processos didáticos para a trans-missão dos saberes lingüísticos/literá-rios fundamentais (mundo letrado), aEscola-em-crise enfrenta um novo edesafiante complicador: a aceleradasubstituição do livro pelo computador.

Em busca de novos paradigmase nova instrumentalização para trans-mitir o novo saber letrado, a Escola sevê dividida entre a urgente redescober-ta da Leitura e da Literatura (os gran-des agentes de formação das mentes)e o fantástico meio de comunicaçãocibernética: a Internet, que veio paraficar.

Claro está que, com a invençãodo Computador, o mundo entrou na EraDigital, -a da “cultura cyber” (E. Morin),cuja “varinha mágica” (como a dos con-tos de fadas) é a Internet, poderosamídia interativa, que permite ao usuá-rio o acesso à Informação, numa es-cala planetária, nunca antes atingida.E mais, permite-lhe interagir dinamica-mente com o Texto-Mensagem, explo-rando-o em vários sentidos, recriando-

os questionando-os, etc. Crianças, jo-vens, adultos e idosos, de todas as et-nias e regiões do globo, vivem hoje“plugados”, acessando blogs, orkuts,googles e-mails, e-books...Alguns de-les, transformando-se em piratas docyberespaço, como “rackers”...Há todauma revolução cultural em processo.Incorporar esse instrumental mediáti-co, em seus novos projetos de Educa-ção e Ensino, é, sem duvida, um dosgrandes desafios enfrentados pelaNova Educação.

Desafio, devido ao ainda precá-rio sistema de interação existente en-tre o objeto básico de ensino (Língua eLiteratura) e o novo instrumental (In-ternet). Interação que, obviamente,exige, antes de mais nada, uma novaformação docente. Sabe-se que a Cri-se do Ensino não será solucionadaapenas com a inclusão do Computa-dor na sala de aula, conectado à Inter-net. Faz-se urgente, uma nova rees-truturação do Saber. É a Nova Esfingeque desafia educadores e técnicos pro-gramadores:

“Decifra-me! Ou eu te anulo!”Como integrar o Conhecimento

cultural e o Instrumental, num projetode formação humana, que vá além damera diversão ou de acesso á merainformação? É o que vem desafiandoeducadores, pesquisadores e especi-alistas nos multimídias...E que já preo-cupava, há quarenta anos atrás, a so-cióloga americana, Margaret Mead:

Chegamos ao ponto em que te-mos de educar as pessoas naquilo queninguém sabia ontem, e prepará-laspara aquilo que ninguém sabe ainda,mas que alguns terão que saber ama-nhã. (1968)

E la nave vá...Esperemos...

* v. PNLL –Política nacional do Li-vro (Lei 10.753-2003); PEC-Programade Educação Continuada e Programa“Vivaleitura”. Triênio 2006-2008.

...a fantasia (expressa nos Mitos e na Literatura) é, acima de tudo, a atividade criativa daqual provêm as respostas para todas as perguntas que podem ser respondidas: ela

constitui a origem de todas as possibilidades do viver.(C. J. Jung, Símbolos de transformação. 1962)

Nelly Novaes Coelho é escritora,crítica lierária e Professora Titular

da Universidade de São Paulo.

OBSERVANDO – I

Eunice Arruda

POEMA

simháas horas de tréguaQuando se afiamas facas

Eunice Arruda é escritora, poetae Pós-graduada em Comunicação

e Semiótica pela PUC-SP.

Eles procuram o amorPercorrem altas planícies,Abismos,Veem céus estranhosE estrelas de todas as cores.

Chegam aos desertos,Atravessam oásisE os horizontes continuamCada vez mais longes.

Como doem seus coraçõesQueimados pela solidão!

As lágrimas já secaram há muitoE eles continuam andando,Veem céus estranhos,Estrelas de todas as coresE os horizontes continuam se

afastando

Eles estão sósE procuram o amor inalcançável.

Milton de Godoy Campos

à Andréia Fischer

Milton Godoy Campos é escritor,professor e presidente do Clube

de Poesias de São Paulo.

Page 7: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 7 - setembro de 2009

Mineiro de Esmeraldas, o críticoliterário Fábio Lucas, 78 anos, radi-cado na capital paulista desde a dé-cada de 1970, é um dos mais impor-tantes ensaístas e professores brasi-leiros, tendo lecionado em cinco uni-versidades brasileiras, seis norte-americanas e uma portuguesa, fun-dado revistas literárias de grande re-levância (“Tendência”, “Vocação”) epresidido a União Brasileira dos Es-critores (UBE/SP).

Há anos, o pesquisador sonha-va escrever um livro que discutisse asmais variadas vertentes da crítica li-terária no Brasil. O desejo é concreti-zado com a entrada em cena do alen-tado ensaio O Poliedro da Crítica, pu-blicado pela editora carioca Calibán.

“Queria oferecer aos meus leito-res uma reflexão sobre a crítica da li-teratura e os vários aspectos ligadosà leitura e ao bom entendimento daobra. Meu livro cuida de modalidadesde análise e interpretação dos textosliterários”, explica o autor.

Testamento de naturezametacrítica, o novo livro do autor deO Caráter Social da Literatura Brasi-leira e Razão e Emoção Literária deveser lido como um passeio pela aven-tura da crítica literária no Brasil, res-gatando nomes importantes deste ofí-cio, casos de Mário de Andrade, An-tonio Candido, Augusto Meyer, SérgioBuarque de Hollanda, José Guilher-me Merquior, Wilson Martins, Bene-dito Nunes e Donaldo Schuler.

Além de escrever sobre críticosliterários exponenciais na vida cultu-ral brasileira, Fábio Lucas tambémreserva seu olhar acurado paraficcionistas que também estiveram dooutro lado da literatura, como Máriode Andrade, o genial criador deMacunaíma, adaptado ao cinema pelodiretor Joaquim Pedro de Andrade.“Além de discutir a natureza da críti-ca literária, comento obras de auto-res brasileiros que se dedicaram aobservar e analisar a criação literária”,frisa.

Fábio Lucas não tem medo detentar definir, afinal de contas, o quevem a ser um crítico.

“É o leitor qualificado, que tentalevar aos seus próprios leitores a ex-periência da leitura armada. Sua es-crita se reveste de juízos de valor,numa perspectiva de maior objetivi-dade possível”, afirma.

E quando entra em cena a curvaperigosa da subjetividade, tantas ve-zes camuflando derrapagens? O crí-

A CRÍTICA NO ESPELHOAlécio Cunha

tico não titubeia. “Ele reconhece a di-ficuldade de pesar a emoção desper-tada mediante a leitura, assim comoa aquisição do saber que a obra ofe-rece. Sua principal tarefa será reali-zar uma avaliação argumentada”, sa-lienta.

Na visão do ensaísta, durantesuas muitas leituras, o crítico convivecom particularidades insólitas. “É le-vado a suspender temporariamente anoção que tem da realidade. Ou a pac-tuar com a forma e o sentido que oautor imprimiu à obra, dando a ela ca-bal credibilidade”, afirma.

Para o escritor, “as obras clássi-cas realizam uma espécie de media-ção entre passado e presente, namedida em que elas são portadorasde validade nas diferentes épocas emque são lidas”.

Desta maneira, de acordo comFábio Lucas, as obras que recebemo estatuto de clássicas devem ser li-das sob ótica especial.

“O clássico permanece singularna sucessão das expectativas por queestabelece uma situação dialógicacom o público de cada época, ingres-sando na continuidade que move aexperiência literária, mantendo-seintacta diante dos horizontes que nãoparam de mudar”, frisa.

Fábio Lucas lembra que o maisimplacável crítico é o tempo. “A longoprazo, a boa literatura prima sobre amá, que cai no olvido. O tempo cassaa literatura dos falsos valores, consa-gra a tradição do novo, instaura a di-nâmica da negatividade. Obras excep-cionais alteram o gosto e as expecta-tivas”, comenta.

Neste sentido, a obra só obede-ce à “verdade transitória da época”.

Alécio Cunha é escritor, pro-fessor, jornalista, cronista e

crítico literário.

Fábio Lucas

Muitos poetas já cantaram a be-leza de se ter vinte anos, quando avida está no auge de sua pujança. Oque dizer de um Jornal que atinge talidade? Maduro, lúcido, imparcial, jáconheceu todas as dificuldades parasobreviver na luta renhida da exis-tência. Quem sabe bem de sua his-tória é a heroína que o fundou e omantém até hoje, a guerreira RosaniAbou Adal.

Fernando Pessoa, nas Odes deRicardo Reis, diz: “Para ser grande,sê inteiro: nada / Teu exagera ou ex-clui”. É o cântico que prioriza o idealcomo destino maior. Rosani conhe-ce bem esta filosofia, pois é mulherque alimenta sonhos e faz delesmetas de sua vida.

Manter um Jornal literário, noBrasil, é um décimo terceiro Traba-

MÊS DE ANIVERSÁRIO

Ely Vieitez Lisboa

Ely Vieitez Lisboa é escritora.Autora do romance epistolar Cartasa Cassandra. Seu livro mais recenteé Replantio de Outono, poemas.

lho de Hércules. Tarefa árdua que en-frenta os mais diversos moinhos devento. A quixotesca RAA sabe disto.

Linguagem Viva é jornal sério,onde escritores, críticos e amantesda Literatura têm um espaço paraveicular suas ideias, ter conhecimen-to de Concursos e notícias literáriasimportantes. Ele não é parcial e pri-ma pelo espírito democrático.

Nossas congratulações à jorna-lista, à escritora e a poeta RosaniAbou Adal. Que seu idealismo e oamor à Literatura continuem vigoro-sos, alimentados pela sua pertináciade Sísifo. Só a persistência de umaheroína poderá manter vivo e verazo excelente LINGUAGEM VIVA, pormais algumas décadas.

Seu histórico de vida atesta uma trajetória de conquistas e servi-ços prestados à literatura.

Parabéns aos editores e aos leitores!Recebam o carinho e a admiração da amiga,

Regina Sormanicoordenadora regional AEILIJ SP - Associação dos escritores e

Ilustradores de literatura infantil e juvenil de São Paulo)

LINGUAGEM VIVA FAZ 20 ANOS

Neste momento em que o Linguagem Viva emplaca 20 anosde existência, é oportuno lembrar o papel que o jornal com a marcade Adriano Nogueira e Rosani Abou Adal representa para a nossavida cultural, principalmente para a literatura, que cada vez vemperdendo mais espaço nos jornalões e outros meios de publicação.

0 mínimo que se pode dizer agora é repetir o lugar comum: oque seria da comunidade de leitores e escritores sem o LinguagemViva? Parabéns.

Antonio Possidonio Sampaio - escritor, advogado econselheiro da União Brasileira de Escritores

Page 8: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 8 - setembro de 2009

Com a morte de Joaquim, Ma-ria da Penha fecha para sempreaquele salão literário que girava emtorno da mesa de almoços inesque-cíveis.

A “Duquesa de Guermantes”,como a chamava carinhosamenteNogueira Moutinho, reuniu durantedécadas, no apartamento debruça-do sobre a Caetano de Campos e aRua São Luís, a nata de uma época.

Foi lá que fiquei conhecendoAssis Chateaubriand, Antônio Batis-ta Pereira, Odorico Tavares, LulaCardoso Ayres, Cicillo Matarazzo eoutras figuras.

Nas últimas décadas do sécu-lo, em almoços que ocorriam sema-nalmente, Lygia Fagundes Telles,Stella T. de Barros, Alfredo Mesqui-ta, Antoninho Alves Lima, NogueiraMoutinho, Alexandre Eulálio, JoséCarlos Dias, Valdo Guilherme, Quiri-no da Silva e Frei Benevenuto, tro-cavam vivências e ternuras disfarça-das de ironia.

Pelo salão do apartamento pas-saram governadores, prefeitos, em-baixadores e visitantes ilustres.

A inteligência almoçava ou naPensão Humaitá, de Yan de AlmeidaPrado, ou em casa de Penha e Joa-quim Muller Carioba.

Nessa época, os almoços naresidência de César Lacerda Ver-gueiro, na Rua Jandaia, já haviamdesaparecido.

Foi naquele apartamento, naPraça da República, que a majorHelena, do Exército de Salvação,expôs a Carmelita Garcez, esposa dogovernador do Estado, a necessida-de de acabar a zona do meretrício,no Bom Retiro, sugestão que tem-pos depois foi posta em prática.

Durante um almoço recorda-sea visita que o príncipe herdeiro daCasa Imperial Brasileira fizera a Ca-rioba, quando é recebido em Ameri-cana por Joaquim e Penha.

Ao desembarcar, pergunta pelochefe da estação. Apontam um pre-to grisalho de uniforme e boné, quecontemplava a cena.

O príncipe dirige-se a ele e ocumprimenta em primeiro lugar, ale-gando que era a mais alta autorida-de daquele local.

Durante os dias sombrios de 64,as reuniões de Penha principiarama ser observadas pelo DOPS.

Aquela história de intelectuaisse encontrarem com frades domini-canos na casa de uma parenta deCaio Prado Júnior, cheirava a sub-versão!

Foi quando o delegado SérgioParanhos Fleury invade o aparta-mento e dá voz de prisão aos parti-cipantes do almoço.

Consultado se queria ir no pró-prio automóvel, Joaquim protesta:

– Não senhor, nunca andei emcarro de preso. Quero experimen-tar.

No dia seguinte, o GovernadorRoberto Abreu Sodré, pede a seu ir-mão Armando para ser o portadordas desculpas do Governo do Esta-do de São Paulo ao casal Joaquim eMaria da Penha Muller Carioba.

Aos noventa anos, minha primarecorda com José Mindlin e AntônioCândido, histórias da família que, nofundo, são a história de São Paulo.

À VOLTA DA MESA

Paulo Bomfim

Paulo Bomfim é escritor, poeta,jornalista, membro da Academia

Paulista de Letras e eleitoIntelectual do Ano de 1981 -

Troféu Juca Pato - pela UniãoBrasileira de Escritores.

LUMINESCÊNCIAJosé Eduardo Mendes Camargo

Vou despertar como o sol,desvirginando nuvens,aquecendo corpose perdendo-me no horizonte.

Vou me recolher como a lua,dançando entre as estrelas,refletindo-me nas águas,iluminando o caminho dos encontros.

Vou me fundir em tua luze a nossa uniãoresplandecerá no universo.

José Eduardo Mendes Camargo é escritor, poeta,3º vice-presidente do Centro das Industrias do Estado de São Paulo-CIESP, diretor do Comitê de Cultura da Federação das Industrias do

Estado de São Paulo- FIESP e diretor da UBE.

As ondas, iluminadas pela luzda lua e das estrelas, vem e vol-tam, pacientemente por toda anoite. Lambem a areia, num ges-to de carícia, insistentemente.

Pessoas caminham juntasnum acordo silencioso. Casais jo-vens formulam sonhos, idosossintonizam seus passos. Pesso-as solitárias suspiram e pensam:mais um dia se foi e não fiz nadapara mim, mas sempre haverá achance do amanhã.

Pontos de LuzDjanira Pio Ondas iluminadas vão e vol-

tam numa eternidade. Pensamos:terá existido, há milênios , um sercomo eu, observando o mistériodessa imensidão e se indagandosobre a própria pequenês, na com-preensão de tudo isso?

Pontos de luz brilham naimensidão celeste, por toda a noi-te. Tentam alcançar lacunas huma-nas. Qual ponto de luz poderá ilu-minar desertos arenosos de nos-sa alma pequenina?

Djanira Pio é escritora, contista,poeta e membro da UBE

Page 9: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 9 - setembro de 2009

Quando penso no periódico Lin-guagem Viva – que agora completaduas décadas de existência - mevêm à mente três conceitos: ousa-dia, coragem e pós-modernidade. Aousadia por tentar, vinte anos atrás,ainda que timidamente, ocupar umespaço no mundo das letras, ondeexistiam diversas e consagradas pu-blicações, de natureza vária. Idéia deAdriano e Rosani que, estribados emsua coragem, arriscaram jogar-se naaventura de oferecer páginas e trazerà luz textos, colaborações, de todo tipode escritor, dos já algo famosos aoilustre e novato desconhecido, asso-ciado – ou não - da União Brasileirade Escritores. Registre-se, pois, aenergia moral com vontade de ven-cer, enfrentando os momentos difíceis,encarando e superando os mais diver-sos obstáculos surgidos em sua tra-jetória. Fator muito presente em Ro-sani que, mesmo depois do súbitodesaparecimento de seu parceiro,decidiu carregar sozinha o piano, cadavez mais pesado pelas crescentesresponsabilidades para uma só pes-soa, porém, paradoxalmente, cadavez mais leve pela aceitação plena dosresultados de seu esforço. E apoiototal de seus leitores/autores, numraro caso de superposição entre lei-tor e autor. Os que o lêem são os queescrevem e os que escrevem são osque lêem.

Se a modernidade se expressa-va em outros cadernos literários, comodo Jornal do Brasil e do Estadão, paratomar apenas dois exemplos, comouma ruptura com o passado, perce-bia-se subjazendo no material publi-cado uma tendência, uma linha esté-tica presente em quase todos os es-critos. Refletiam, realmente, uma ide-ologia, ou um weltanschaüng. Qua-se um movimento, uma onda avassa-ladora afirmando determinado concei-

Colcha de RetalhosHersch Basbaum

to estético. Ou seja, demonstrando apersistência, e validade, do conceitoexpresso por Baudelaire que diziapensar “a modernidade como as mu-danças que iam operando em seu pre-sente”. Outras publicações tentamprestar esse serviço e nem sempreconseguem. Algumas tiveram seumomento em que representavam, efe-tivamente, uma ruptura com o passa-do.

No caso de LINGUAGEM VIVAnotamos a pós-modernidade que severifica na multiplicidade de setas, deindicações de inúmeros e possíveiscaminhos, infinitas direções, todos etodo mundo construindo uma novaestética de diversas faces, todas váli-das, todas constituindo a colcha deretalhos que representa a atomizaçãoda percepção da realidade. Em outraspalavras é a publicação que melhorreflete o momento, onde são dispara-dos foguetes em todas as direçõesonde não existe uma posição hege-mônica, a não ser aquela que diz: en-terremos nosso passado, mostremosagora nosso futuro. Cabemos todos,gregos e troianos, os exegetas, osapologéticos, os iconoclastas, os mar-xistas e os neo-marxistas, os bentoni-anos e os neo-bentonianos.

Por isso que Antonio Maria, osaudoso cronista, cantou um dia.

Ninguém me amaNinguém me querNinguém me chamade Baudelaire

Hersch Basbaum é escritor,teatrólogo e diretor da União

Brasileira de Escritores.

1- Assinale a alternativa correta: a) Ele comeu de mais e teve dor

de barriga.b) No jantar havia candidatos de-

mais.c) Ele aspira o cargo de juiz.d) Carlos aspirou ao pó da rua.e) N.D.A.Resposta: EATENÇÃO: Toda vez que puder

substituir demais por muito, escrevademais e se, ao contrário, substituirpor de menos escreva de mais.

Aspirar = cheirar.Portanto = aspirou o pó.Aspirar = querer – pede preposi-

ção a, portanto aspira ao cargo.2- Coloque (C) para certo e (E)

para errado:

( ) Sua Exce-lência quer almo-çar agora.

( ) Vossa Ex-celência, o gover-nador, fará uma entrevista coletiva.

( ) O violinista não participou doconserto porque seu violino está noconcerto.

Resposta: Todas estão erradas.Observação: Usamos Vossa quan-

do falamos direto com a pessoa e Suaquando falamos da pessoa.

A frase está trocada:Concerto com C = obra musical.Conserto com S = efeito de arru-

mar, colocar em bom estado o queestá quebrado.

Vestibular & Concursos

Sonia Adal da Costa, professora de cursos preparatórios para concursos públi-cos e vestibular, formada pela Universidade de São Paulo, é pós-graduada emTeatro Infanto-Juvenil pela Universidade de São Paulo. [email protected]

PATMOS

tudo, um.em tudo, uma porção de tudo eo sentido variável do mundo.de uma vária forma de ser das coisaso que sabemos: nomes das palavras.(nada a ver com nada.)o mais: fórmulas,álgebra, mágicas.o caos:o incessante reinventarde todos os significados.nenhum homem conhece o real.nenhum poema fala todas as vozes.todas as luzes são permutas de fogo.para seres tu mesmo deves ser outro.nós só compreendemosva-ga-ro-sa-men-tea velocidade da luz.

Aricy Curvello

Aricy Curvello é escritor, poeta, ensaísta e tradutor.

Page 10: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 10 - setembro de 2009

Há registros de manifestação ar-tística desde a pré-história. Há, damesma forma, registro de poesia des-de os primeiros registros históricos dahumanidade. Arte pictórica e poesiasão expressões que acompanham aevolução humana. Dessa forma, épossível imaginar que arte e poesiasempre contribuíram para a inovaçãoda linguagem. A arte é expressão dacriatividade e tudo que resulta dessaexpressão é cultura.

Cultura é o resultado da forma-ção ou educação dos seres humanos,expressos em obras, feitos, ações einstituições. Torna-se sinônimo de ci-vilização. Cultura passou a significara relação que os humanos, socialmen-te organizados, estabelecem com otempo e com o espaço, com os ou-tros humanos e com a Natureza. “ANatureza é o reino da repetição; aCultura, o da transformação racionale intuitiva”. Meu ponto de vista é deri-vado do conceito antropológico e his-tórico: todos os humanos são cultos,pois todos são seres culturais.

A cultura não se reduz à escolae às belas artes, pois as mesmas sãoefeitos da vida cultural e um dos as-pectos da Cultura, mas não toda aCultura. Somos seres cuja ação de-termina o modo de ser, pensar e agir.A ideia de natureza humana comoalgo universal e existente se sustentapor que somos seres humanos cultu-rais ou históricos. Cultura é criação.O homem não só recebe a cultura dosseus antepassados como também criaelementos que a renovam. A cultura éum fator de humanização. É um sis-tema de símbolos compartilhados comque se interpreta a realidade e queconferem sentido à vida dos sereshumanos. O paradigma Cultura nãose deixa limitar. Da culinária à últimatese científica. Da alavanca à hidráu-lica. Da roda à fórmula. De SantosDumont às sondas espaciais. Dafrenologia a Freud. Da rádio-telegra-fia ao e-mail. Do papiro à composiçãoeletrônica. e, por fim, de Platão àsAcademias Escolares.

ESTAMOS AQUI HOJE, repre-sentados pela poetisa, ativista cultu-ral, haicaísta, divulgadora cultural, lau-reada em 2008 e Membro Honoráriodo InBrasCI-MG, Débora Novaes deCastro, PARA ENTREGAR a EditoraRosani Abou Adal e AO JORNAL LIN-GUAGEM VIVA – que circulaininterruptamente há 20 anos no país

AO JORNAL LINGUAGEM VIVA E ROSANI ABOU ADAL

Andreia Donadon Leal e no mundo, o Diploma e a Medalhade Mérito Cultural do Instituto Brasi-leiro de Culturas Internacionais deMinas Gerais. O InBrasCI é um órgãocriado pela Academia Pan-Americanade Letras e Confederação das Aca-demias de Letras e Artes do Brasil -CONFALB - O Instituto éconstituído de uma Sedeque funciona no auditórioda Confederação dasAcademias de Letras eArtes do Brasil no Rio deJaneiro, uma Chancelariana Ilha da Madeira- Por-tugal, Governadorias nosEstados de Minas Gerais,Mato Grosso do Sul,Goiás, Mato Grosso, Es-pírito Santo, São Paulo,Acre, Distrito Federal,Paraná. Os objetivos sãopromover, incentivar eapoiar, intercâmbios, conferências,palestras, exposições, cursos, concur-sos e eventos outros e reconhecerpessoas e entidades que se destaca-ram na promoção e divulgação dacultura.

Fundado em setembro de 1989,por Adriano Nogueira e Rosani AbouAdal, o JORNAL LINGUAGEM VIVA édistribuído a assinantes, escritores,universidades, professores, editoras,livrarias, bibliotecas, entidades cultu-rais e Academia de Letras. Promoveuo I Concurso de Poesias LinguagemViva, em 1993, editando os trinta clas-sificados em antologia, com apoio daFundação Biblioteca Nacional, UniãoBrasileira de Escritores e ScortecciEditora. Em agosto de 1995, Lingua-gem Viva recebeu certificado daInternational Writers and Artists departicipação da International LiteraryMagazine. Em maio de 1997, os edi-tores de Linguagem Viva receberamdiploma de Mérito Cultural da UniãoBrasileira de Escritores do Rio de Ja-neiro pelos serviços prestados à lite-ratura. Linguagem Viva promoveueventos, debates, palestras e ediçõesespeciais. Organizou em parceria como Centro de Estudos AmericanosFernando Pessoa Sábados Poéticos,entre outras atividades de difusão cul-tural. Em dezembro de 1999 promo-veu Viva o Timor Leste - história, polí-tica, imprensa e cultura, com apoio daSecretaria Municipal de Cultura e Cen-tro de Estudos Americanos FernandoPessoa. O evento, realizado na Bibli-oteca Municipal Mário de Andrade,apresentou exposição de fotos, livros,vídeos e palestras.

Aos 23 dias do mês de junho de2004 faleceu, em Piracicaba, AdrianoNogueira, um dos editores do JOR-NAL LINGUAGEM VIVA . Falar da

morte é mencionar o ciclo da vida:marcada pelo tempo: efêmero. É fa-lar de realidade, de nossa breve exis-tência na terra. Rosani demonstroucom a continuidade do Jornal Lingua-gem Viva , que é possível tornar so-nhos em realidade. Sonhou, acredi-

tou e trabalhou incan-savelmente para suamaterialização, trans-formando-os em obje-tivos, sob princípios depreparo, organizaçãoe grande contribuiçãodeixará aos herdeirosde nosso globo.

A Medalha e o Di-ploma de Mérito Cul-tural do InBrasCI-Mi-nas Gerais é o reco-nhecimento oficial queo instituto faz a pesso-as ou entidades que

contribuíram efetivamente para a va-lorização da cultura e da literatura bra-sileira. O Jornal Linguagem Viva e aeditora Rosani Abou Adal são desta-ques: no enriquecimento do cenárioliterário brasileiro, na divulgação deescritores, na promoção da cultura deseu estado, sempre visando o aprimo-ramento das Culturas e sua divulga-ção nacional e no estrangeiro.

Parabéns, Rosani e JORNALLINGUAGEM VIVA, pelo engrandeci-mento da literatura no Brasil!

A cultura é tão importante quantogastar dinheiro com estradae com saúde. Artur da Távola

Andreia Aparecida Silva DonadonLeal - Deia Leal é Diretora do

Jornal Aldrava Cultural eGovernadora do Instituto

Brasileiro de CulturasInternacionais - MG

DesejoJ. B. Sayeg

A cidade tem seus deuses,mitologia do desejo.Como não amar seus rostosde simples aparências?sua pele de geladeiraencobrindo os olhos de papel.boca de vida, com douradosfrisos, céu olímpicodo vídeo a esperançasmeu coração pequenode vendedor de amendoim.Quem não sabe avaliarquanta nuvem envolveum objeto? Sabe apenasque ela é bonitae, na displicente aventura,fuma o sonho proibido,narcóticas maçãs do paraíso.

J. B. Sayeg, poeta, escritor eadvogado, faleceu em27 de julho de 2007.

EspelhoLea von Hrabovksy

Estou nos braços de BacchoAcolhem-me como sempreCompreendida na mudezSem esperar algoDe transeuntes rarosPresos no próprio reflexoNa solidão dobrada

Lea von Hrabovsky é poeta eartista plástica.

www.linguagemviva.com.br

Page 11: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 11 - setembro de 2009

O artista plástico, char-gista e cartunista SebastianXavier de Lima – Xavier –Xavi, é o criador do logotipo,do selo comemorativo e dasilustrações do jornal Lingua-gem Viva. A caricatura doLourenço Diaféria, veiculadana página 12, artigo do NildoCarlos Oliveira também é desua autoria.

Xavier nasceu em Rubi-ácea –SP, em 1 de maio de1959. Considera-se um auto-didata, mesmo passando pela EPA -Escola Panamericana de Arte, ESPM– Escola Superior de Propaganda eMarketing, FEBASP - Faculdade deBelas Artes de São Paulo, cursos dedesign e fotografia, estágio na Folhade São Paulo; admite que sua for-mação foi mesmo na prática, traba-lhando com desenhos e fotografiapara audiovisuais na área de treina-mento da Price Waterhouse duranteseis anos, na editoria de arte da Re-vista Istoé, também em treinamentocom recursos visuais na Trevisan &Associados; e como pequeno empre-sário, depois como prestador de ser-viços autônomo, produzindo históri-as em quadrinhos, cartilhas didáticase de comunicação, projetos gráficose ilustrações para jornais internos,cartazes, para empresas como: Citi-bank, Credicard, Dow Química, Rho-dia, Klabin, Vulcam, Alcan, IBM, Phi-lips, Toga, Festo, Tigre Conexões,Sesi, Metal Leve, Spal, Panamco-Spal, Iochp-Maxion, Kavallet Comu-nicação, Di Simoni Publicidade, Ju-lio Lobos e Instituto da Qualidade,ABRE – Associação Brasileira de

Embalagem, Reinaldo Polito, Educa-tor Editora, Revista Vencer e maisrecentemente a Revista Flash.Como artista plástico participou desalões de exposição coletiva: VIISalão Bunkyo de Artes Plásticas, I eII Exposição Internacional de Art –Door de Recife, I e II Prêmio Pirellide Pintura Jovem no MASP, 47o.Salão Paulista de Arte Contemporâ-nea, entre outros pelo interior de SãoPaulo.

Também montou individualmen-te algumas exposições em São Pau-lo, Piracicaba, Goiânia e Avaré, ondereside atualmente, porém, em artesplásticas sua dedicação é mais es-porádica, porém nunca parando depesquisar e criar, e das últimas cria-ções: o “Identidade perdida sem re-médio aparente – hospitais”, projetocom nove telas e apresentação emvídeo de texto e imagens ficaramexpostos em Bauru, Botucatu (noMAC) e também em Avaré em 2008.

O Artista Plástico Xavier

Santos e profetasApóiam-se em cajados,Longas varas recurvadas na ponta,Pontos de apoioE de poder. O cajado sustenta o corpo,Asa presa ao chãoPor imã. Os cajados,Galhos secos,Bordões retorcidos,Podem dar frutos e floresQuando seguros pelos poetas.

ViagemAlice Spíndola

não há mais fugapara Bagdá

apenas sonho remotoviagem fantásticanuma onda azul

de país azulde céu azul

no azul do tempoque termina

Alice Spíndola é escritora, poeta eGraduada em Letras Anglo-

Germânicas pela UniversidadeCatólica de Goiás.

CAJADORaquel Naveira

Raquel Naveira é escritora,poeta, professora universitária e

crítica literária.

Há alguns anos,num certo dia,era isto que o meu amor via.Hoje, em visita ao seu paço,num espaço do tempo que não passa,me encaixei no seu compasso.Na sua haste fixa,a minha gira,em círculos que não tem fime assim,nada passa, mas e o tempo?

confira a íntegra dessa prosa poética no sitewww.elianadefreitas.recantodasletras.com.br

Eliana de Freitas - Paulistana, contadora, escritora, agente cultural, diretorada UBE - União Brasileira dos Escritores. Foi tributarista, hoteleira eprofessora universitária. Lançou-se na carreira literária em 2006 com o romanceOculta - uma sentença masculina, em 2007 lançou o livro de contos Brasil,cem sentidos, um divertido brado à nossa brasilidade. Em 2008, como agentecultural, coordenou a publicação do Dicionário de palavras brasileiras de origemindígena de Clóvis Chiaradia - Ed. Limiar, patrocinado pela Petrobras.

Era isto que o meu amor viaEliana de Freitas

Linguagem e A Tribuna:parceria de duas décadas

Erich Vallim Vicente

Num tempo em que “analis-tas” mundo afora decretam o fimdo jornal, fim do livro e até da pró-pria indústria impressa em si, oLinguagem Viva comemora 20anos, e prova que há espaço paraa literatura, independente da for-ma (ou formato) que ela seja pro-pagada. A força deste tablóide ide-alizado pelo inesquecível AdrianoNogueira está - desculpe-me o tro-cadilho - na linguagem, sim essaque aqui é apresentada por pala-vras impressas em papel, mas queestá na essência humana, emcada gesto, em cada símbolo.

Mensalmente, A TribunaPiracicaba tem orgulho de impri-mir e encartar o suplemento Lin-guagem Viva. Sob a coordenaçãode Rosani Abou Adal, a publica-ção ocupa um espaçodeterminante no mercado editori-al, em que o texto se faz mais im-portante na imagem. Os leitoresde Linguagem viva são os mes-mos que se deliciam com escrito-

res como José Saramago, Macha-do de Assis, Euclides da Cunha,Vitor Hugo, entre outros imortaisdas letras, e são eles que atestama necessidade constante do espa-ço público manter a sua memóriae seus valores, essenciais ao seufuncionamento.

Como parceiros do suplemen-to Linguagem Viva, também so-mos responsáveis pela qualidadede seu conteúdo e temos a certe-za de que há espaço para a publi-cação não só viver outros 20 anoscomo também para crescer, ex-pandir sua forma, ampliando seuespaço no universo digital(www.linguagemviva.com.br), semperder o formato impresso, semperder sua essência e, portanto, asua personalidade. À memória denosso querido Adriano e ao esfor-ço da eficiência Rosani, brindamosestes 20 anos, vivos, escrevendoe imprimindo o que faz parte danossa linguagem.

Erich Vallim Vicente é editorde A Tribuna Piracicabana.

Page 12: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Um ano sem Diaféria, a alma da cidade

A informação chegou na manhãzi-nha do dia 17 de setembro do ano pas-sado. Achei improvável que ele tivessedeixado para nós a tarefa de escrever-lhe a última crônica. O desafio estariapara além dos nossos limites, quandopara ele essa atividade era tão naturalcomo comer, dormir, respirar. Diante doimpacto da notícia, a providência imedi-ata foi telefonar para o Audálio Dantas,esse amigo de todos, jamais ausente,para saber se ela tinha fundamento. Aconfirmação deixaria de luto a crônicada cidade.

Pensar em Lourenço Diaféria erapensar nessa força criativa que orientao sujeito a articular história e palavra, fic-ção e realidade, sentimento e ação, semparar um minuto para fazer outra coisa,senão traduzir, como ele traduzia, aconsciência dessa humanidade que agente encontra em cada esquina paulis-tana. .

A morte tem a capacidade de le-var, quem fica, a resumir, num relance,períodos da vida de quem vai. E me veioà lembrança o homem em seu ambien-te: o Diaféria debruçado na velha Re-mington na redação da Folha. Iniciou-se nas crônicas, ou pelo menos come-çou a publicá-las paralelamente à reda-ção de reportagens, a partir do momen-to em que o jornal decidiu estimular oque chamou de “pratas da casa”.

Ao longo dos anos, ele se tornariaconhecido por um estilo inconfundível.Ao lê-lo, em qualquer tempo e em qual-quer lugar, a gente tinha a impressão deque estava redescobrindo a cidade, seuspersonagens e arredores. E me vêm àmemória uma frase de um dos seus tra-balhos: “Conheço de latido todos os cãesvadios da madrugada e descubro a in-sônia dos galos caseiros”.

Corintiano impenitente, somenteseria comparável, nesse fanatismo, aoEnéas Marcondes do Amaral, o Prínci-pe Ali Khan, que cobria turfe e que, du-rante décadas, manteve no jornal umacoluna diária de humor que saía com odístico: “Para cavalo comedor, cabrestocurto”.

Então, um dia, o inverossímil: anotícia de que fora preso, com base nafamigerada Lei de Segurança Nacional,por causa da crônica publicada a 1º desetembro de 1977, sob o título Herói.Morto. Nós. Preso, o Diaféria? O colegaafável, que subia para a redação comaquele jeito de garotão tranqüilo com avida? E que deixava a redação comoentrara – delicado e solidário, numa faseem que o ambiente político instigava acaça às bruxas?

A crônica, que exaltava o sargentoSílvio, um herói do povo no poço dasariranhas, e caracterizava o duque deCaxias como “um homem a cavalo re-duzido a uma estátua”, à primeira vistanão seria um petardo com capacidadepara provocar abalos na estrutura do re-

gime. A notícia da prisão parecia absur-da exatamente por aí. Mas, o regime te-mia crônicas. Mais do que isso, temiaespaço em branco.

Quando, no dia seguinte à prisãode Diaféria, o espaço de sua coluna saiuem branco, o regime gritou com todasas forças que possuía. A não-crônica eraum acinte. Pior com a crônica, pior semela. De tal maneira o reflexo da “aleivo-sia” calou fundo na base do regime, queo chefe da Casa Militar da Presidência,general Hugo Abreu, mandou recado àdireção do jornal, dizendo que ele seriafechado caso insistisse em manter oespaço em branco. Medo de crônica,pânico de espaço em branco. Com essamentalidade na cúpula do poder, o Bra-sil estava arranjado.

O episódio passou e Diaféria con-tinuou na trincheira do jornalismo emoutras redações. Tinha a capacidade deconferir sutilezas à contundência. Noconto, Enfim, a sós, um exemplo. O per-sonagem que via o taxidermista escan-carar a porta todas as manhãs, confes-sa: “... tenho ganas de recebê-lo comuma `porrada´ no meio da testa e de-pois empalhá-lo igual ao tucano e aogavião-rei”. A frase ganha força e natu-ralidade, inserida no dia-a-dia da vidaurbana.

Nunca se omitiu e nunca deixou deapoiar os companheiros, dentro ou forado nosso sindicato. Lembro-o participa-tivo em uma série de conferências lite-rárias pelo interior paulista, junto com oescritor-alfaiate Osório Alves de Castro,que escreveu Porto Calendário e Mariafecha a porta prau boi não te pegar. Ocronista conhecido e reconhecido, aolado do escritor que fazia peças de rou-pa para sobreviver e sobre o qual Orlan-do Fassoni escreveu, na Folha Ilustra-da, o belo artigo: “O homem que costu-rava palavras”.

Diaféria, que morava na Pompéiae tinha o coração no Brás, dividindo-ocom o Corinthians, nos deixou definiti-vamente uma tarefa impossível: escre-ver-lhe a última crônica. Mas não haviacomo fazê-lo. Ele, e somente ele, sabiaincorporar, em cada crônica, a alma dacidade.

Nildo Carlos Oliveira

Nildo Carlos Oliveira é escritore jornalista.

I

A mão desenha signos no papel,obedecendo aos impulsosde um precário conhecer-o-mundo.

Sobre essa realidade deterceira mãooutras mãos escrevem.E assim chegamos ao refinamentode abstrações de abstrações.

Do lado de fora,as coisas:

irredutíveis.

II

Irredutíveis à linguagem,as coisastransformam-se em linguagem.Ou antes: nisso transformamosnossa visão das coisas.Assim, criamos no Universoum universo paralelo,de quase tão infinitos possíveis.

Pequeninos deuses em expansão,eis o nosso único milagre.

LINGUAGEMAnderson Braga Horta

Anderson Braga Horta é escritor,poeta, tradutor e crítico literário.

Sonho,projeto, realização,o pássaro alça o voopor sobre os campos e águasde nossa pátria brasileirae terras além-mar.

Pássaro,em garbo, faz o tempo,renovando a plumagemsob sóis, luas, estrelase a cruz diamantal doCruzeiro do Sul.

Arauto,o periódico vitorioso,pauta em Clave de Sol,nos cantos e contracantosveste as alfaias paraa festa vintenária.

Salve! Salve!Linguagem Viva!Em teus celeiros, primícias.No teu estandarte, asláureas da vitória!

LINGUAGEM VIVA”20 Anos de Atividade Literária

Débora Novaes de Castro

Débora Novaes de Castro é Mestreem Comunicação e Semiótica:

Intersemiose na Literatura e nasArtes. www..haicai.com.br

Homenagem a Rosani Abou Adal eAdriano Nogueira (in memória)

O projeto foi introduzido com sucesso emvários segmentos da vida de Dois Córregos(SP), contando com a participação efetiva dacomunidade, nas escolas, nas indústrias, hos-pitais, igrejas, no campo, no comércio, etc.

Tem como objetivos promover o desenvol-vimento da comunidade, obtendo uma transfor-mação positiva do ser humano, cultivando a Paz, incentivandoa criatividade e a expressão poética. Ampliando os benefíciosda aprendizagem, estimulando o gosto e o interesse pela arteem geral, alicerçando uma sociedade mais humana, sensívele cidadã. Transformando Dois Córregos como cidade referên-cia, em se tratando de uma forma poética de viver.

Promoveu três Festivais Internacionais de Poesia nos anosde 2007,2008 e 2009, com a participação de poetas e escrito-res nacionais e internacionais.

Para 2010, o IV Festival Internacional de Poesia, com dataprevista para os dias 14,15 e 16 de Maio.

Instituto Usina de Sonhos

[email protected]

Página 12 - setembro de 2009

Page 13: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Vendem-se vales e vidas nestas inúteis vilashá meninos demais e meninas de mil réisos quais se caçam nas ruas sítios casasterrenos baldios matagais bordéis

Nos rios muitas piranhas dão algum susto ao pescadorno calor das velas no calar das noites nas vielasmínimas meninas dão prazer de baixo custo ao predador

Os meninos serão presunto e lazer com lucro ao caçadorse a outrem dão medo quando ladramo caráter é verde como a selva, rasteiro como rã na relva e não há réushá reza nas casas reses nos pastos seres serpentes

Um império de vampiroseternos metamorfos senhores de engenho e mortevieram viram e venceram gentis índiosnas índias fizeram filhosem suas filhas e netas continuam a fazerfilhos que antigos ou novos são tratados como símiossimilares não semelhantes

Tudo esses senhores vandalizamseringueiras padres cofres pobres morubixabas jabuticabas jatobás jabutisenfim o floral coração da terra de cujos frutos serão sempre donos.

GrotõesLevi Bucalem Ferrari

Levi Bucalem Ferrari é presidente da União Brasileira de Escritores.

Duas décadas de informação lítero-cultu-ral nas quais me intrometi profissionalmente,embora o Escritor não seja Um Profissionalachado nas bu[r]rocracias da politiquice brasi-leira, que prefere o châzinho de academias querastreiam por migalhas do erário público a umdesenvolvimento culturalmente adequado doBrasil, como diria, e cheio de razão, Mário de Andrade..., o que seriaimpossível em palavras de Oswaldo, Picchia ou Aranha, e etc, e muitomenos de um Sarney. E é por isso que Linguagem Viva resiste e se fazestrada nova com a poeta Rosani e todas as pessoas que têm a Literatu-ra como alma própria.

Pude, por várias vezes, discutir o LV e o Jornalismo Cultural, emgeral, com caboverdianos, angolanos, espanhóis, portugueses,moçambicanos, equatorianos e argentinos, e sempre, sempre, ficavaaquele gostinho de quero mais e mais. Lamentavelmente, o JornalismoCultural independente sofre do mesmo mal do trabalho editorial alternati-vo: falta de suporte. Mas, a alma de quem se faz Escritor ou Escritora émaior do que a bu[r]rocracia e a falta de apoio às entidades de classe, porisso, acredito que a Profissão de Escritor[a] será um dia um exercíciosocial pleno pela coragem da existência de jornais como o LinguagemViva.

BARCELLOS, João Escritor/ Consultor Cultural

NA ESTRADA COM LVO Testemunho de João Barcellos

O DIALETO DA NOITE

Corto minha lenha, vivas torase empilho ao lado da casa em segurançae um deus está sentado em meus tonéisvigiando meu vinho,em paz, menos esta almaque é minha, com certeza, e que mornaolha seu côncavo verde e se descostura.Já houve um tempo de bailehoje me dependuro como um vestido antigosemi-despedidada noite e seu relento.Oh! Como é duro na soleiranão ultrapassar o seu portal!Tudo é um tempo sóo passado, essa luz sem pavioexiste porque estamos no presenteou futuro imperfeito ou numa cilada.Que paralelo portão se abre entãoem que clã ou telhado desconhecidome acho de novo em casa e descontraídadesabotôo o casaco e reclinadaposso olhar da janela em deus dormindoo vinho entronado e a lenha consumida...

Marigê Quirino Marchini

Marigê Quirino Marchini é escritora,poeta, advogada e tradutora.

Página 13 - setembro de 2009

Page 14: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 14 - setembro de 2009

A prática da tortura nosdesumaniza. Ela nos fazmenores, mais toscos. Pri-

mitivos e brutais. Impede que sonhe-mos com uma sociedade melhor, por-que mina nossa crença mais profundana bondade intrínseca da natureza hu-mana. Corrói as bases de qualquer uto-pia e nos lembra como ainda somoscriaturas limitadas. A tortura está aquie acontece com regularidade em maisde noventa países.

Ela tem sido usada freqüentemen-te contra jornalistas, escritores, artistas,intelectuais e dissidentes políticos. Osregimes autoritários sempre recorremà tortura, com o objetivo de intimidar,vergar e imobilizar as pessoas. Na Ale-manha nazista, no Chile de Pinochet,na Romênia de Ceausescu, na Ugan-da de Idi Amin – a tortura surge e seconsolida nas masmorras de todas asditaduras. Dos velhos baús soviéticos,trazidos a superfície pelas convulsõesde uma implacável geologia política,emergiram da mentira e da trapaçadocumentos e provas de que ali preva-leciam as sombras, a corrupção, o fa-natismo, a desconfiança e a traição.Mais: das antigas arcas envilecidassurgiram os gulags, os cadáveres, ainjustiça – e a tortura.

Mesmo em países de regime maisaberto, a tortura muitas vezes se im-põe, sob a superfície. No México, porexemplo, um violento terremoto queabalou a capital, em 1985, expôs asentranhas de um governo que matavae torturava seus prisioneiros. Nas ruí-nas da Procuradoria Geral de Justiçaapareceram corpos com inequívocasmarcas de tortura e instrumentos queevidenciavam a sua pratica, na esteirado tremor – e diante do olhar perplexodas equipes internacionais de resgate.

No Chade, em Gana, na Coréiado Sul, na China, no Malauí, há inúme-ros registros de violências praticadascontra jornalistas e escritores. Tambémno Benin, na Etiópia, na Síria, em Cuba,no Irã, na Coréia do Norte e no Iraque– para citar outros exemplos – a opres-são se abate sem puder sobre pesso-as consideradas como “inimigas” pe-los governantes.

A tortura atinge igualmente mulhe-

res e crianças, no mundo inteiro. NaTurquia, na Índia, nas Filipinas, na Sí-ria, na Etiópia, em El Salvador. Muitasmulheres têm sido alvo de abuso, sãoestupradas, geralmente humilhadas,marginalizadas. Em algumas culturas,as vítimas de abusos ficam tão isola-das que preferem se calar a denunciaras violações. Temem prováveis repre-sálias, além das pressões sociais.

No caso de violências cometidascontra crianças, os registros são parti-cularmente desanimadores. Na Guate-mala, no Iraque, em Sri Lanka, na Tur-quia, as denúncias se multiplicam. NoIraque e na Turquia, os abusos contramenores da comunidade curda são ro-tineiros. Na Nigéria, no Paquistão e noBrasil, quantas crianças são vitimas detruculência?

A tortura degrada quem a pratica,mas também marca suas vítimas deforma indelével, como demonstramestudos feitos no Centro Canadensepara Investigação e Combate à Tortu-ra, de Toronto, e no Centro de Reabili-tação das Vitimas da Tortura, de Co-penhague. Há estudos perturbadores,que resultam inclusive na configuraçãode uma “síndrome do torturado”, seme-lhante a “síndrome do prisioneiro deguerra”. A vítima vive uma espécie deinversão moral, carrega pesado senti-mento de culpa, sofre de depressõesfreqüentes, sente-se perdida, desorien-tada. Sua crença mais profunda no serhumano lhe foi roubada – ou, no míni-mo, duramente golpeada.

A Assembléia Geral da ONU apro-vou por consenso, em dezembro de1984, uma Convenção Contra a Tortu-ra e Outros Tratamentos ou Penas Cru-éis, Desumanos ou Degradantes. Odocumento consagra o princípio da ju-risdição universal obrigatória sobre ostorturadores. Obriga os Estados a es-clarecer quaisquer informações sobrea prática de tortura. Cria um Comitêpara examinar informes, acolher recla-mações e investigar denúncias. É umgrande avanço, sem dúvida. Mas ain-da não nos protege do lagarto que saiudos pântanos e nos espreita, dos po-rões, das masmorras e dos subterrâ-neos da nossa própria mente.

O lagarto viveRodolfo Konder

Rodolfo Konder – jornalista,escritor, representante da ABI

em São Paulo.

Quando chegaram ao colégio, sóa velha servente surda andava por ali.Era o período de recesso escolar, eas quatro alunas tinham vindo apenaspara a aula da recuperação. Entraramna classe, sorriram, a freira retribuiu.Três anos que passavam com notamínima, já haviam até conseguidouma segunda época. Mas eram mui-to bem comportadas, nunca tinha tidoproblema algum de disciplina comnenhuma delas. Por isso não consi-derava um transtorno ter que dar aulasozinha, enquanto o resto da escolaestava de folga. A última a entrar fe-chou a porta com a chave, guardan-do-a no bolso. E tão rápido que a frei-ra nem percebeu. Sentaram todas naprimeira fileira. A irmã professora di-tou compassadamente: provar que asoma dos ângulos internos de um tri-ângulo qualquer é igual a cento e oi-tenta graus.

Ficou encostada na mesa obser-vando as meninas aparentementeabsolvidas nos cálculos. Logo uma

AS BEM COMPORTADASOdette Mutto

delas levantou, dizendo que havia ter-minado. As outras também se ergue-ram. A freira mal começou a ler, viuque não estava certo. Fez um riscocom lápis vermelho, ia explicar ondeela errara. Mas não teve tempo. Astrês avançaram furiosamente contraela. Ajudada pela que levantara pri-meiro, agarraram-na com firmeza.Nem pôde gritar porque a mão damais alta lhe tapou a boca sem pena.Foi arrastada para a janela no cantoda sala. Quando a empurraram parafora do parapeito, um dos sapatos dafreira caiu dentro da sala, mas depres-sa foi atirado lá para baixo. Depois,em silêncio, cada qual recolheu seumaterial escolar, ajeitando o uniforme,e a que estava com a chave abriu aporta. Não encontraram viva almapelos corredores, nem no jardim. Avelha servente surda também tinha idoembora.

Odette Mutto é escritora, den-tista e membro da União Brasilei-ra de Escritores.

Homem diante do mar (instância interrogativa). Precária a caravela.E finita a vida. Trapiche:o homem só contempla(desembarcado). No estatuto da memória:ele se interroga, nunca mais a ação. No porto: a rapariga rosada estendeu um lenço.Limo: foram-se juventude, trapiche, a raparida e o lenço. (Mátria: sou apenas um homem diante do mar.) O homem desembarcado só pode viver de memória: diante do mar.

HOMEM DIANTE DO MAR

Emanuel Medeiros Vieira

Emanuel Medeiros Vieira é escritor, romancista, poeta e advogado.

Page 15: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 15 - setembro de 2009

Fondo de Cultura Económica(FCE), a editora do México que ela-borou um dos catálogos mais valio-sos e diversificados da Ibero-Améri-ca, completou seu 75º aniversário em3 de setembro de 2009.

A história do FCE remonta a1934; a partir dessa data, a editoraformou um dos acervos mais impor-tantes da língua espanhola, com novemil títulos e mais de cem milhões deexemplares publicados, entre tradu-ções e obras em Espanhol, sobre oque há de mais avançado no saberuniversal. O catálogo abrange princi-palmente as ciências sociais e huma-nas, mas também compreende gêne-ros como a narrativa literária, a críticaliterária, a poesia e a literatura infantile juvenil.

Durante seus quinze lustros deexistência, o FCE foi partícipe e pro-tagonista da história cultural e literá-ria da Hispano-América, divulgando aobra de autores do porte de AlfonsoReyes, Juan Rulfo, Juan José Arreola,Octavio Paz, Carlos Fuentes, JorgeLuis Borges, Rosario Castellanos,Elena Poniatowska, Carlos Pellicer,Pedro Henríquez Ureña, SalvadorElizondo, Augusto Monterroso, Álva-ro Mutis, Salvador Novo, José EmilioPacheco, Alejandro Rossi, José LuisRomero, Aldo Ferrer, Guillermo JaimEtcheverry, entre muitos outros, e pon-do à disposição dos leitores de línguaespanhola pensadores como KarlMarx, Norberto Bobbio, Claude Lévi-Strauss, John M. Keynes, BertrandRussell, Michel Foucault, ZygmuntBauman, Cornelius Castoriadis,Elisabeth Roudinesco, Paul Ricoeury Jean Marie Gustave Le Clézio, en-tre outras grandes figuras do saber.

Assim, desdeo início dos anos90, com a criaçãoda coleção A LaOrilla Del Viento, oFCE passou a difundir a literatura in-fantil e juvenil. E, justamente para in-centivar o desenvolvimento da criaçãoliterária ilustrada para crianças e jo-vens, criou o Concurso de Livros Ilus-trados A La Orilla Del Viento, que em2009 completa treze edições.

Por outro lado, vale ressaltar queem 1945, com o objetivo de ampliar oalcance de seus livros no mundo, oFCE iniciou sua internacionalização,estabelecendo a primeira filial, locali-zada em Buenos Aires (Argentina).Posteriormente, esta expansão foi seconsolidando com a abertura de fili-ais em Santiago (Chile, 1954), Madri(Espanha, 1963), Caracas(Venezuela, 1974), Lima (Peru, 1975),Bogotá (Colômbia, 1975), San Diego(Estados Unidos, 1990), São Paulo(Brasil, 1991) e Ciudad de Guatemala(Guatemala e América Central, 1995).Além do mais, para propiciar o conta-to direto da editora com seus leitores,o FCE criou uma rede própria de vin-te e uma livrarias no México e onzeem outros países.

Fondo de Cultura Económica –FCE: El Salvador, 5665 - (1414)Buenos Aires – Argentina

Telefone: (5411) 4771-8977 – E-mail: [email protected]

Visite nosso site na rede:www.fce.com.ar

[Texto à esquerda da página:“Mesas especiais do FCE durante omês de setembro, nas principais livra-rias do país.”]

FONDO DE CULTURA ECONÓMICA- 75º ANIVERSÁRIO -

tradução de Yara Camillo

Yara Camillo é escritora, con-tista, tradutora e cineasta.

Gente da Terra, romance de JoãoBarcellos, Edicon, 320 páginas. João Barcellos,historiador, crítico, contista, dramaturgo, poe-ta, jornalista, romancista e editor, atua no Cen-tro de Estudos do Humanismo Crítico dePotugal, Eintritt Frei da Alemanha e no GrupoGranja Interncaional. Segundo RosemaryO’Connor, da Sience and Education Journal,Dublin, Irlanda, “Gente da Terra é um romancehistórico de João Barcellos, que nos mostra aimportância dos lusos e dos luso-paulistas nobandeirar o Brasil nos sertões paulistas.”

Edicon: Rua Herculano de Freitas, 181, SãoPaulo, SP, 01308-020. Tels: (11) 3255-1002 e

3255-9822. Site: www.edicon.com.br

Livros

Que histórias são essas? Brasil, cem sen-tidos, de Eliana de Freitas, 105 páginas, R$15,00, Ed. Limiar, São Paulo.

O humor é o traço recorrente, entre situa-ções dramáticas, absurdas, e muitas hilárias, vis-tas ora de um ponto de vista racional, ora de umabsoluto non sense.

A autora é scritora e agente cultural, formataprojetos culturais para as leis de incentivo, pro-move pequenas editoras e autores independen-tes através da www.conectabrasil.art.br .

Publica contos, crônicas e artigos no sítiowww.elianadefreitas.recantodasletras.com.br.

É noite, e a rua onde nasci está vazia,Despovoada e triste,

Oh! pobre ruazinha, teus filhosPartiram e tu choras o silêncio

Presente.Pois como tu, rua vazia,Eu também fiquei só...Mas não é pelo invernoSer rígido que nunca

Devemos deixar de esperarUma doce noite de primavera...

Rua Vazia

Ludimar de Miranda é poeta e membro da UBE.

Ludimar de Miranda

Agradece as mensagens recebidas.Informa que na próxima edição irá publicá-las.

Também agradece aos anunciantes, colaboradores,leitores e à Tribuna Piracicabana (Evaldo Vicente,

Camilo Borges dos Santos, Miguel Ucchelli e equipe.

Page 16: Ininterrupta - linguagemviva.com.br · vigésimo aniversário dessa publi-cação da cultura paulista. Mas no espaço de uma pági-na o que se pode dizer? Para que ... Mensagem do

Página 16 - setembro de 2009

Anderson Braga Horta

Notícias

Anderson Braga Horta lançoua antologia poética Lua da Fonte /Elegia de Varna , com seleção, pró-logo e tradução para o búlgaro deRumen Stoyanov. A edição bilínguecontou com o apoio do Ministério dasRelações Exteriores e da Embaixadado Brasil em Sófia.

O Evento em comemoração aos20 anos do jornal Linguagem Vivaacontecerá no dia 30 de setembro,quarta-feira, às 18 horas, no InstitutoHistórico e Geográfico de São Paulo,Rua Benjamin Constant, 158, estaçãoSé do metrô. A exposição iconográficaserá inaugurada na mesma data, às16:30 horas.

Linguagem Viva realizará even-to em homenagem ao seu fundador,Adriano Nogueira, no dia 31 de outu-bro, sábado, às 14:30 horas, noSESC-Piracicaba. Na ocasião tam-bém será comemorado o aniversáriode 20 anos de fundação do jornal.

Caio Porfírio Carneiro lançaráo livro de contos O Copo Azul no dia 1de outubro, quinta-feira, a partir das18 horas, na União Brasileira de Es-critores, Rua Rego Freitas, 454 – cj.121 – 12º andar, em São Paulo.

O Livro e o Direito Autoral:Questões Práticas, curso ministradopor Maria Esther Mendes Perfetti eJoão Scortecci, acontecerá no dia 3de outubro, sábado, das 9 às 13 ho-ras, na Escola do Escritor, RuaMourato Coelho, 393 - conjunto 1,em São Paulo. Informações:[email protected]

O Centro deIntegração Empresa-Escola disponibiliza aversão digital da revistaAgitação, publicaçãobimestral, produzidapela Assessoria de Co-municação do CIEE.Disponível no sitewww.ciee.org.br.

O Instituto de Ar-quitetos do Brasil –

Minas Gerais homenageou a Acade-mia Mineira de Letras, no ano do seucentenário de fundação. O IAB-MG foio responsável pelo projeto da facha-da da Mostra de Decoração MorarMais da Academia.

Valdir Ximenes lançou Contosda Vida Médica, LGE Editora, comapoio da Associação Nacional de Es-critores.

O AEILIJ PAULISTA, novo blogda Associação dos Escritores e Ilus-tradores de Literatura Infantil e Juve-nil de São Paulo, está com novas pá-ginas e mais dinâmico. http://aeilijpaulista.blogspot.com

A Associação Cultural ClubeOsquindô e a Casa do Godofredoinauguraram a Biblioteca Comunitá-ria de Passagem de Mariana. O Insti-tuto Brasileiro de Culturas Internacio-nais de Minas Gerais e a Aldrava Le-tras e Artes doaram livros.

Gangue Dix: a festa no salãoda boca!, livro infantil criado pela Dro-garia São Paulo e desenvolvido pelaProfashional Editora, com apoio daColgate-Palmolive, foi o grande ven-cedor do V Prêmio ANATEC, na cate-goria Melhor Marketing Publicitário.

O Instituto Histórico e Geográ-fico de São Paulo promoveu encon-tro com a Dra. Luíza Eluf, que profe-riu uma palestra sobre os Crimespassionais ao longo da história doBrasil.

A Coleção Tatiana Belinky ,publicada pela Editora Rideel, em 9volumes, foi lançada pela Cidade doLivro.

Pedro Salomão Kassab, médi-co e educador, eleito recentemente naAcademia Paulista de Letras para ocu-par a vaga de Crodowaldo Pavan, fa-leceu no dia 15 de setembro, aos 79anos, vítima de uma parada cardía-ca. A sessão solene de posse do paido prefeito de São Paulo estavamarcada para o dia 8 de outubro.

Leandro Konder lançará no dia8 de outubro, às 18:30 horas, no Au-ditório Pedro Calmon da UFRJ, os li-vros A derrota da dialética, Introduçãoao fascismo, Marxismo e alienação e O marxismo na batalha das idéias,pela Editora Expressão Popular.

Cora Coralina – Coração doBrasil , exposição com curadoria deJúlia Peregrino e cenografia deDaniela Thomas e Felipe Tassara,entrará em cartaz no Museu da Lín-gua Portuguesa, no dia 29 de setem-bro, no saguão do segundo andar ,Praça da Luz, s/nº, em São Paulo.Telefone: (11) 3326-0775.

Claudio Willer, poeta, tradutor eensaísta, apresenta um aspecto deseu projeto de pesquisa Poesia e mís-ticas da transgressão: o caso da ge-ração beat e outros casos, no dia 28de setembro, segunda-feira, às 14horas, na sala 208 do prédio de Le-tras da USP, Av. Prof. LucianoGualberto, 403, Cidade Universitária.

Poesia Viva - Poesia bate àsua porta com os poetas do JornalAldrava foi laureado com o PrêmioViva Leitura, edição 2009, categoria:Pessoa Física.

O Encontro da Poesia Paulista,promovido pelo Poetas del Mundo doEstado de São Paulo, acontecerá nodia 21 de novembro, na Casa dasRosas, a partir das 14 horas, em SãoPaulo. Está confirmada a presença deRosani Abou Adal.

Hilda Hilst: Criação poética,gnose e mística da transgressão,palestra que será proferida por Cláu-dio Willer, no dia 1 de outubro, quinta-feira, às 20 horas, no SESC-Pinhei-ros, Rua Paes Leme, 195, no auditó-rio do 3º andar, em São Paulo. Infor-mações: (11) 3095-9400.

Eunice Arruda lançará DiasContados, pela RG Editores, no dia17 de outubro, sábado, das 15 às17:30 horas, na Livraria Martins Fon-tes, Av. Paulista, 509, em São Paulo.Será apresentada a leitura de umconto por Inês Pereira.

O Instituto Brasileiro de Cultu-ras Internacionais - Rio de Janeiro -realizará reunião cultural, no dia 1 deoutubro, às 16 horas, no auditório daConfederação das Academias de Le-tras e Artes do Brasil - Rio de Janeiro,Rua Teixeira de Freitas, n° 5 - sala303. Déia Leal, Benedito Donadon,Gabriel Bicalho, Sebastião Ferreira,Ângela Togeiro, Sebastião Fonseca eSilva, Mírian Stella Blonki e AntonioMoreira participarão do evento.

O Gerente, de CarlosDrummond de Andrade, foi lançadopela Editora Record com ilustraçõesde Alfredo Benavidez Bedoya.

O Presidente Luiz Inácio Lulada Silva divulgou as novas propostaspara exploração petrolífera do Pré-Sal, que incluem a criação de um Fun-do Social para beneficiar projetos eprogramas de cultura, educação, ino-vação científica e tecnológica, desustentabilidade ambiental e de com-bate à pobreza no País.

A Biblioteca de São Paulo, queserá construída pelo Governo do Es-tado de São Paulo, servirá de sedepara as 961 bibliotecas públicas dosmunicípios . Serão investidos cerca deR$ 12,5 milhões na sua construção.

Cristóvão Tezza foi agraciadocom o livro O Filho Eterno, pelo 6ºPrêmio Passo Fundo Zaffari &Bourbon de Literatura.

Mariângela Haddad foi laurea-da com a obra O sumiço da pantufa,pelo 5º Prêmio Barco a Vapor, que édestinado à literatura infanto-juvenil.

A Revista Kyrial, de Literatura,produzida por alunos da Faculdade deLetras da PUC-Campinas, selecionatextos literários de alunos e ex-alunosda PUC-Campinas, até 10 de [email protected]