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1 Inovação e competitividade sistêmica: influências percebidas no APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital Autoria: Victor Souza Sgarbi, Ana Carolina Vital da Costa, Camila Scheidegger Farias, Bartira Pereira Amorim, Gesinaldo Ataíde Cândido Resumo As mudanças no ambiente sócio-econômico e a maneira como as empresas se organizam e fazem negócios têm implicado em novas configurações empresariais em um mercado demasiadamente competitivo. Neste contexto, um fator preponderante para o sucesso das organizações é sua capacidade de inovação, que possibilita maximizar a vantagem competitiva a partir do desenvolvimento de algo novo no mercado. Para melhor compreender esse processo, as organizações, indústrias e economias buscam avaliar a sua competitividade por meio de indicadores quantitativos de qualidade, produtividade, eficiência e desempenho econômico. Contudo, a competitividade vista desta perspectiva econômica não reflete a realidade dinâmica dos cenários competitivos, pois não resulta apenas da situação econômica dos mercados e das empresas, mas de uma série de fatores interligados de modo sistêmico que acarretam na competitividade ou não das indústrias e países. Dessa forma, estudos relevantes para o entendimento da competitividade sistêmica têm sido feitos nas últimas décadas por diversos autores que definiram conceitos próprios sobre a temática, representados por modelos que permeiam conceitos de inovações empresariais. Atrelado a isso, uma das estratégias utilizadas para o aumento da competitividade tem sido a formação de redes de empresas que permitem estabelecer relações de cooperação e interação com outras empresas do mesmo segmento pela criação dos chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs). O APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital caracteriza bem esses conceitos, por se tratar de um Arranjo do setor de Software já bastante desenvolvido. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar como os aspectos da capacidade de inovação do APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital influenciam a sua competitividade sistêmica. A pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva, com análise de dados qualitativos e quantitativos, por meio da aplicação do modelo do Instituto Alemão de Desenvolvimento – IAD, proposto por Esser et al. (1994). A coleta de dados se deu por meio da aplicação de questionário junto a proprietários ou gestores das empresas que compõem o APL. Após o cálculo dos níveis de competitividade, observou-se que o APL de TIC estudado, encontra-se em um nível de alerta, conforme os parâmetros utilizados. As principais fragilidades identificadas foram as interações com órgãos financiadores de pesquisa e a necessidade de políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento do setor, enquanto que os aspectos mais positivos identificados se referem à capacidade interna de as empresas de desenvolverem novos produtos, processos e práticas, bem como sua interação com os atores locais, em especial com as instituições de ensino e pesquisa.

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Inovação e competitividade sistêmica: influências percebidas no APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital

Autoria: Victor Souza Sgarbi, Ana Carolina Vital da Costa, Camila Scheidegger Farias,

Bartira Pereira Amorim, Gesinaldo Ataíde Cândido

Resumo As mudanças no ambiente sócio-econômico e a maneira como as empresas se organizam e fazem negócios têm implicado em novas configurações empresariais em um mercado demasiadamente competitivo. Neste contexto, um fator preponderante para o sucesso das organizações é sua capacidade de inovação, que possibilita maximizar a vantagem competitiva a partir do desenvolvimento de algo novo no mercado. Para melhor compreender esse processo, as organizações, indústrias e economias buscam avaliar a sua competitividade por meio de indicadores quantitativos de qualidade, produtividade, eficiência e desempenho econômico. Contudo, a competitividade vista desta perspectiva econômica não reflete a realidade dinâmica dos cenários competitivos, pois não resulta apenas da situação econômica dos mercados e das empresas, mas de uma série de fatores interligados de modo sistêmico que acarretam na competitividade ou não das indústrias e países. Dessa forma, estudos relevantes para o entendimento da competitividade sistêmica têm sido feitos nas últimas décadas por diversos autores que definiram conceitos próprios sobre a temática, representados por modelos que permeiam conceitos de inovações empresariais. Atrelado a isso, uma das estratégias utilizadas para o aumento da competitividade tem sido a formação de redes de empresas que permitem estabelecer relações de cooperação e interação com outras empresas do mesmo segmento pela criação dos chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs). O APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital caracteriza bem esses conceitos, por se tratar de um Arranjo do setor de Software já bastante desenvolvido. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar como os aspectos da capacidade de inovação do APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital influenciam a sua competitividade sistêmica. A pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva, com análise de dados qualitativos e quantitativos, por meio da aplicação do modelo do Instituto Alemão de Desenvolvimento – IAD, proposto por Esser et al. (1994). A coleta de dados se deu por meio da aplicação de questionário junto a proprietários ou gestores das empresas que compõem o APL. Após o cálculo dos níveis de competitividade, observou-se que o APL de TIC estudado, encontra-se em um nível de alerta, conforme os parâmetros utilizados. As principais fragilidades identificadas foram as interações com órgãos financiadores de pesquisa e a necessidade de políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento do setor, enquanto que os aspectos mais positivos identificados se referem à capacidade interna de as empresas de desenvolverem novos produtos, processos e práticas, bem como sua interação com os atores locais, em especial com as instituições de ensino e pesquisa.

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1. Introdução Diante das mudanças ocorridas em função dos intensos avanços tecnológicos, do

crescimento populacional e do surgimento de demandas sociais cada vez mais complexas, observa-se que as organizações têm buscado progressivamente mais caminhos para o seu desenvolvimento dentro dos segmentos nos quais atuam, assim como têm buscado também por novas formas de gerenciamento que permitam desenvolver estratégias de crescimento e permanência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado.

A inserção das empresas neste cenário alimenta as discussões sobre crescimento da indústria, concorrência, competição e competitividade. Tem sido uma preocupação das organizações a constante busca para a compreensão dos fatores que contribuem e desenvolvem a capacidade competitiva. As empresas buscam uma posição competitiva e para isto fazem uso de estratégias que têm como objetivo principal o alcance e manutenção de vantagem competitiva. Uma das estratégias utilizadas para o aumento da competitividade tem sido a formação de redes de empresas. Essa formação de redes tem assumido diversas formas, e as redes aqui escolhidas foram os Arranjos Produtivos Locais, que podem ser definidos como uma concentração geográfica de empresas e instituições que se relacionam em um setor particular, interagindo com universidades, associações de classe, organizações que provêem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento, dentre outros (BNDES, 2008).

Um dos aspectos mais relevantes desses Arranjos concentra-se em sua capacidade de aglomerar um conjunto de variáveis como confiança, cooperação e parceria, variáveis essas responsáveis por viabilizar a permanência das empresas no mercado. Outra característica que merece ser salientada é a especialização na produção, visto que esta tem proporcionado um aumento na escala de produção das empresas, favorecendo, sobretudo, a produção compartilhada, a partir do estímulo das práticas cooperativas e participativas.

A competitividade em uma aglomeração deste tipo é um dos elementos fundamentais numa política de desenvolvimento, especialmente no estabelecimento e na concentração de esforços que promovam condições competitivas para as firmas e, conseqüentemente, favoreçam ao desenvolvimento da localidade onde estão inseridas. Neste contexto, um dos pontos fundamentais, no que se refere a essa política de desenvolvimento empresarial e local, consiste na capacidade de inovação que estas empresas possuem frente às demandas de mercado, ou seja, a capacidade que as organizações apresentam em responder e satisfazer as novas tendências exigidas pelo mercado em que competem.

A inovação encontra um ambiente bastante propício ao seu desenvolvimento nesses Arranjos, haja vista serem estes compostos por pequenas e médias empresas que, muitas vezes, possuem baixa capacidade de desenvolver processos inovativos. Para que esse processo ocorra, então, faz-se necessário o envolvimento de vários dos atores desses Arranjos (ROSALEM et al, 2008). Desde que são ambientes naturalmente férteis à inovação, esse processo pode ser impulsionado pelo incentivo a essa prática e pelas alianças e parcerias que nele podem ser desenvolvidas.

Em virtude do crescente destaque dado à formação de redes para o aumento da competitividade das empresas, e que isto tem sido cada vez mais atrelado à sua capacidade de inovação, optou-se por avaliar tais fatores no Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife, o Porto Digital. Assim, o objetivo deste artigo consiste em analisar como os aspectos da capacidade de inovação do APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife – Porto Digital influencia a competitividade sistêmica desse setor, a partir da aplicação do modelo de Esser et al. (1994). Para atingir tal objetivo, no desenho metodológico, foram utilizadas as pesquisas exploratória e descritiva, com análise de dados qualitativos e quantitativos, visto que foi calculado o nível da competitividade

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sistêmica. A coleta de dados se deu por meio da aplicação de um questionário junto a proprietários ou gestores das empresas que compõem o APL. Assim, estruturou-se esse artigo em cinco capítulos, sendo a de fundamentação teórica a que sucede a esse capítulo introdutório, na qual se apresenta uma discussão teórica sobre APLs, inovação, competitividade e modelos de competitividade sistêmica. No capítulo posterior apresentam-se os procedimentos metodológicos; seguidos da análises dos dados e, na seqüência, as considerações finais. 2. Fundamentação teórica 2.1 Arranjos Produtivos Locais Diante das mudanças que caracterizam o cenário sócio-econômico atual, observa-se a necessidade de fortalecer as relações interempresariais para o aproveitamento de sinergias coletivas que facilitem, dentre outros aspectos, o compartilhamento de informações, a cooperação e a interação entre os atores, no intuito de fomentar a competitividade do setor e, conseqüentemente, das empresas que o compõem.

Para tanto, uma alternativa encontrada tem sido a configuração de redes empresariais, as quais apresentam como características inerentes a elas a cooperação e interação das empresas entre si e destas com instituições relacionadas. Elas contribuem com as empresas e produtores ao minimizar as dificuldades individuais de cada um e, ao mesmo tempo, maximizar suas qualidades enquanto organização. A difusão da lógica de redes modifica a operação e os resultados dos processos produtivos, estimulando uma cultura de desconstrução e construção contínua, de constante aprendizado e criação de novos valores sociais (CASTELLS, 2005).

Para Porter: “Os aglomerados seriam definidos como um sistema de empresas e instituições inter-relacionadas, cujo valor como um todo é maior que a soma das partes” (PORTER, 1999, p. 226). A característica de inserção indicada por Porter (1999) nesses aglomerados empresariais é mais comum para as empresas de pequeno e médio porte. Considerando essa característica de integração entre os atores que compõem esse aglomerado, CASSIOLATO et. al (2002) apud Campos e Carvalho (2005), afirmam que para se obter maior sucesso no desenvolvimento destas redes, é necessária a criação de uma institucionalidade de políticas de micro, pequenas e médias empresas; além de adotar algumas ações que tragam informação, capacitação e sensibilização; e a criação de políticas de inovação voltadas para essas empresas.

Assim, os Arranjos Produtivos Locais – APLs, são formados, em determinada região, por um conjunto especializado de conhecimentos voltados para um tipo de produção de um setor econômico, e que se tornam ainda mais importantes em regiões cujo desenvolvimento econômico seja baixo (SANTOS, 2009). Outras características dos APLs são a notável quantidade de pequenas e médias empresas em detrimento das empresas de grande porte, o que possibilita o aprendizado coletivo, a especialização do grupo de empresas na produção de um determinado bem especificamente, existência de uma rede de relacionamentos formais e informais e compartilhamento de uma certa cultura, e de certos níveis de cooperação (SANTOS; GÓMEZ, 2010).

A integração característica desses arranjos possibilita aos atores que os compõem maior facilidade no compartilhamento de informações e de flexibilidade quanto ao atendimento de novas demandas sociais e econômicas. Isso pode propiciar maior facilidade de inovar em produtos ou processos, por meio da parceria entre atores de diferentes setores – setor privado e setor público, empresas e instituições de ensino e pesquisa, por exemplo. A sua capacidade de integração territorial, aliada aos esforços empreendidos para a cooperação ampliam as possibilidades de inovação na capacidade produtiva dessas empresas, além de

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governança nas atividades (SANTOS; GÓMEZ, 2009), o que torna esses Arranjos mais competitivos em seus setores de atuação.

2.2 Inovação e a Competitividade em APL

De acordo com Passos et al. (2004) dentre os poucos consensos estabelecidos no debate acerca do atual processo de globalização, encontra-se a inovação como fator fundamental na definição da competitividade e no desenvolvimento de nações, regiões, empresas e setores. Também segundo os autores, esse novo paradigma apóia-se no desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e informação e o aumento desses componentes tecnológicos nos produtos e serviços é tido como um desafio para as empresas que vêem na inovação um ativo capaz de torná-las sustentáveis.

Corroborando com a idéia, Dosi (1988) apud Lopes (2008) complementa que a capacidade de uma empresa realizar mudanças e avanços, dentro de um padrão estabelecido, é fortemente influenciada pelas características das tecnologias que estão sendo utilizadas, bem como pela experiência acumulada pelos gestores. Sendo assim, pode dizer que o processo inovativo não é um ato isolado, mas sim um processo dinâmico. Trata-se de uma busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais.

A classificação conceitual de inovação tem sido dividida entre inovação de produtos, de processos e inovações organizacionais. As primeiras envolvem a criação de um novo item, completamente diferente do que estava sendo produzido antes ou apenas com modificações incrementais. Já a inovação de processos está relacionada à incorporação de novas técnicas de produção ou de comercialização (OCDE, 1997) e as inovações organizacionais abrangem a adoção de novas práticas organizacionais (RENNINGS, 1998). Além disso, as inovações caracterizam-se também pelos diferentes tipos de contribuição que podem oferecer, podendo ser radicais, que modificam completamente o que já vinha sendo feito ou criam novos produtos, processos ou ferramentas organizacionais, assim como podem ser incrementais, em que as modificações se restringem a alguns aspectos.

Essas inovações também podem se manifestar de variadas formas, seja como replicação (assegurando que determinado campo está desenvolvido da forma correta), redefinição (observando o estado atual do campo de estudo sob uma nova ótica ou perspectiva), incrementalismo (possível ou não se ser alcançado por outros atores), reconstrução ou redirecionamento da inovação (a reiniciação ao ponto de partida) ou ainda a integração a um ou mais tipos de inovação anteriores, mesmo que tenham sido consideradas contraditórias (HALILA, 2007).

Determinar as atividades empresariais que consistem em esforços para a inovação é uma tarefa metodologicamente complexa, que envolve a análise de ações que vão desde a concepção do produto ou serviço até sua distribuição final. Para avaliar a capacidade de inovação de uma empresa, geralmente se faz uso de indicadores de insumos ou esforços ou os indicadores que meçam os resultados, em forma de produtos, processos inovadores ou patentes (FURTADO, QUEIROZ, 2007; OCDE, 1997). Essa classificação apontada pelo Manual de Oslo (1997) se adéqua a esse trabalho e permite justificar os critérios escolhidos para análise da inovação do setor estudado, considerando os esforços e insumos empreendidos em processos relativos à inovação. Além disso, essa definição se ajusta especialmente a grupos de empresas, não apenas para unidades empresariais individuais (FURTADO, QUEIROZ, 2007), o que conduz o processo de análise a considerar também os aspectos de integração inerentemente presentes no tipo de ambiente estudado, um APL.

Nesse processo, o ponto fundamental consiste no planejamento e na administração das atividades que precisam ser desenvolvidas. A busca contínua de novas experiências no sentido de agregar valor ao processo e à organização consiste na maior preocupação das

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empresas, visto que optar pela inovação consiste em assumir desafios, sem perder o foco na obtenção de resultados almejados.

Por fim, Passos et al. (2004) apresentam a discussão a cerca da dimensão local como um fator determinante da capacidade inovativa. Nesse sentido, os autores destacam os Arranjos Produtivos Locais (APLs) como mecanismos fundamentais para o desenvolvimento regional à medida que propicia a disseminação do conhecimento, estimulam o aprendizado interativo e a capacidade de inovação de uma rede de agentes. Sendo assim, tais arranjos constituir-se-iam em uma alternativa viável e importante de desenvolvimento econômico.

2.2.1 Competitividade e inovação em APL

Além dos vínculos citados anteriormente, observa-se concomitantemente a relevância dos APLs para com a competitividade do setor onde atuam, pois não só as integrações entre empresas são promovidas no processo de inovação, mas também as parcerias entre empresas e instituições de ensino superior e de pesquisa, que são, no Brasil, a forma mais comum de origem das inovações criadas, o que é positivo também para o aumento da competitividade da localidade e da nação (ALMEIDA, 2008; SILVA, MAZZALI, 2001).

A inovação não acontece em decorrência apenas de determinação individual. O ambiente no qual a empresa está inserida pode influir potencialmente em sua capacidade de inovação. No caso de um APL, as relações sociais, econômicas e culturais que caracterizam a integração entre os atores de diferentes naturezas afeta a capacidade de esse Arranjo conseguir inovar em seus produtos, processos ou práticas de gestão, assim como também afeta a competitividade desse setor (SANTOS, GÓMEZ, 2010).

A constante busca para a compreensão dos fatores que contribuem e desenvolvem a capacidade competitiva tem sido uma preocupação das nações, indústrias e organizações. O conceito de competitividade é amplamente discutido e diversas tentativas de estabelecer teorias e modelos capazes de explicar e avaliar as suas causas e efeitos vêm sendo elaboradas. Apesar de não haver uma definição específica e única para o que é competitividade, é fato a preocupação das empresas em lidar com a concorrência e competição cada vez mais crescente (COUTINHO, FERRAZ, 1995; ESSER et al., 1994; PORTER, 1986, 1989, 1999). As organizações buscam uma posição competitiva na indústria onde está inserida e para isto utilizam-se de estratégias que têm como objetivo principal o alcance e manutenção de vantagem competitiva. Entende-se por indústria, neste caso, o grupo de empresas fabricantes de produtos que são substitutos bastante aproximados entre si (COUTINHO, FERRAZ, 1995; PORTER, 1986; WIT, MEYER, 2004). A avaliação dos fatores relacionados à competitividade permite que as empresas tenham uma visão do sistema em que ela está inserida e como as suas ações podem contribuir ou prejudicar a sua competitividade. Com o objetivo de auxiliar as empresas no estudo da sua competitividade alguns modelos vêm sendo desenvolvidos nesse sentido.

Estudos relevantes para o entendimento da competitividade sistêmica têm sido feitos nas últimas décadas por diversos autores (Ferraz et al., 1994; Ferraz, Kupfer, Haguenauer, 1997; Meyer-Stamer, 2001) que definiram conceitos próprios sobre a temática. Em cada modelo existem diferentes aspectos que vão determinar a competitividade, o que modifica assim a perspectiva da análise.

Esser et al. (1994), em seu modelo, afirmam que a competitividade é obtida por meio da interação complexa e dinâmica envolvendo o Estado, as empresas, as instituições intermediárias e a capacidade de organização da sociedade. Já Meyer-Stamer (2001) percebe a competitividade através de níveis local, nacional e supranacional que assim promovem o potencial de desenvolvimento de uma localidade ou região.

Os autores supracitados convergem na idéia de que a competitividade deve ser analisada de modo sistêmico, pois ela não ocorre de maneira isolada, de modo que todas as

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divisões feitas pelos mesmos são meramente para motivo de estudo. O consenso se dá em que os fatores determinantes da competitividade se inter-relacionam e interagem de maneira dinâmica. Comparando os modelos supracitados pode-se perceber que os mesmos possuem similaridades e disparidades relevantes que, ao serem descritas, são importantes ferramentas de auxilio à tomada de decisão do pesquisador em relação a futuros testes e análises.

Apesar de partirem do mesmo princípio, o de que a competitividade é fruto da relação dinâmica de diversas variáveis de forma sistêmica, as abordagens diferem em características, alcance e modos de uso. Isso não significa que os modelos estão impossibilitados de serem adaptados e moldados às necessidades do seu objeto/lócus. O caráter sistêmico dos modelos é que garante a possibilidade de se estabelecerem relações entre os constructos.

No entanto, o modelo de Esser et al. (1994) foi escolhido para este trabalho por se deter mais profundamente sobre as relações existentes e por considerar a capacidade estratégica dos stakeholders em se fazerem presentes tanto no diálogo quanto por meio da articulação, além de considerar que a competitividade se realiza por meio dos fatores determinantes existentes nos níveis meta, meso, macro e micro; fatores esses essenciais na construção competitividade de um APL. 2.1.2 Modelo de competitividade sistêmica do Instituto Alemão de Desenvolvimento (IAD) e sua relação com a inovação

A constante mudança nos padrões tecnológicos e industriais causam forte impacto na economia global. Considerando essa realidade, Esser et al. propuseram em 1994 um modelo de competitividade sistêmica junto ao IAD- Instituto de Desenvolvimento Alemão que busca identificar a competitividade por meio dos seus determinantes: (1) o diálogo e articulação entre os stakeholders (capacidade de liderar e conduzir através da competição, do diálogo e da tomadas de decisões participativas) e (2) a interação entre eles nos níveis micro (ambiente interno das empresas), meso (instituições intermediárias), macro (condução macroeconômica) e meta (estrutura da sociedade).

Cada nível abrange grupos diferentes de atores, como mostra na Figura 1. Tais atores, por meio de ações e políticas, implementam medidas que podem favorecer ou agravar a competitividade sistêmica de uma localidade.

Figura 1: Determinantes da competitividade sistêmica: capacidade estratégica dos stakeholders Fonte: Esser et al. (1994).

A interação entre os atores se dá nos níveis micro, meso, macro e meta (Figura 2). No nível meta, que segundo Barreto (2008) relaciona-se com questões de cunho sócio-cultural, a importância está na “existência de padrões de organização que permitam mobilizar capacidades da criatividade da sociedade” (ESSER et al. 1994, p. 21).

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Logo após, está o nível macro que “representa o contexto macroeconômico de um país e por isso é importante que esse ambiente esteja estável para que as empresas tenham vantagem competitiva” (Barreto, 2008 p. 21). Nesse nível, para se obter competitividade é preciso que a política monetária procure um marco estável com baixa taxa inflacionária; a política orçamentária busque manter o déficit sob controle; a política de competição evite a formação de monopólios e cartéis e abusos de poder de mercado, dentre outros (ESSER et al. 1994).

A dimensão meso é o espaço onde os atores sociais negociam as políticas de apoio e promovem a estruturas sociais. A competitividade nesse nível acontece através de políticas locais das instituições mediadoras que visem, por meio da articulação e formação de tramas sociais, proporcionar as condições gerais de incentivo à inovação. No nível micro a competitividade é influenciada pelas próprias estruturas e processos da empresa. Nesse nível a competitividade abrange a capacidade das empresas em otimizar a utilização de seus recursos e produzir produtos (bens e serviços) da mais alta qualidade e a custos baixos.

Para medir a competitividade a nível micro de uma empresa, o modelo de Esser et al. (1994) indica que a eficiência (indicadores de produtividade do trabalho e do capital da empresa); flexibilidade (habilidade de mudar para produzir novos produtos, de acomodar eficazmente mudanças no volume, de processar partes via diferentes lugares na planta caso haja quebras e ou outros imprevistos, do maquinário de variar a seqüência de operações, de produzir famílias de produtos de diferentes formas possivelmente usando diferentes materiais); qualidade e, a rapidez de reação deve ser levadas em consideração. Figura 2: Determinantes da competitividade sistêmica: interação Fonte: Esser et al. (1994).

No primeiro nível, o Nível Meta, propõe-se uma gestão que leva à solução conjunta de problemas, aos processos de aprendizagem e ao desenvolvimento da capacidade de previsão e resposta. Aqui relaciona-se o nível mais elevado da sociedade e compreende-se questões de cunho sócio-cultural, escalas de valores, padrões de organização política, jurídica e econômica e capacidade de estratégia política (ESSER et al, 1994).

Já o Nível Macro representa o contexto macroeconômico de um país, e suas respectivas políticas. É importante que esse ambiente se apresente estável, para que as

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empresas possam se tornar competitivas perante as demais. Aqui as políticas fiscal, orçamentária, monetária e cambial ganham destaque (ESSER et al. 1994).

O Nível Meso se encaixa entre o contexto macroeconômico e o nível das empresas em si (micro) e requer políticas localizadas ativas. Dentro desse nível, segundo Esser et al. (1994), está a responsabilidade de configurar os entraves específicos das empresas, tendo como base os seguintes aspectos: reformar a infraestrutura (sistemas de transporte, telecomunicações e energia) com vistas a competitividade, assim como políticas dirigidas às áreas de educação ou pesquisa e tecnologia; dar uma fisionomia específica a uma política comercial e aos sistemas normativos (normas ambientais, normas técnicas de segurança) que contribuem para a criação de vantagens competitivas nacionais específicas.

No nível Micro encontram-se as atividades das próprias empresas, direcionadas pelas características dos outros três níveis (MEYER-STAMER, 2001). Neste nível está compreendida a capacidade das empresas em otimizar a utilização de seus recursos e produzir produtos (bens e serviços) da mais alta qualidade e a custos baixos. Sendo assim, a capacidade de gestão, as estratégias empresariais, as capacidades inovadoras, as práticas de produção, a integração em redes de cooperação tecnológica, a gestão logística e a interação entre fornecedores, clientes e produtores são aspectos de análise característicos desse nível do modelo em questão (ESSER et al., 1994). Percebe-se que nos níveis Micro e Meso encontram-se maiores possibilidades de analisar os aspectos da capacidade de inovação das empresas, pois é onde se concentram a análise de características internas de gestão e a integração com os atores locais. Apesar disso, os outros níveis também apresentam aspectos de análise relevantes no que concerne à avaliação da inovação nesse Arranjo. Assim, procede-se à análise desses fatores, a partir dos itens utilizados para avaliação da competitividade sistêmica desse APL. 3 Procedimentos metodológicos

A pesquisa realizada teve objetivo de proporcionar análise sobre assunto ainda pouco discutido, e que apresenta poucos trabalhos relacionados à temática e com esse tipo de análise, dessa forma, caracterizou-se como de natureza exploratória (BALASSIANO, 2009) e descritiva, por também apresentar as características de uma situação, nesse caso, da influência do fator inovação para a competitividade local (MARKONI, LAKATOS, 2002). A abordagem da pesquisa foi quantitativa e qualitativa.

Na primeira etapa do trabalho recorreu-se ao levantamento bibliográfico para suportar os conceitos discutidos e que serviram para a construção do instrumento de pesquisa. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário como instrumento, aplicado a 85 empresas, número que representava 79% do universo da pesquisa, composto por 107 empresas que compunham o APL no ano de 2008. O instrumento aplicado às empresas analisadas foi composto de perguntas fechadas que buscavam abranger os aspectos de análise de cada nível de competitividade caracterizado pelo modelo de Esser et al (1994).

As opções de respostas foram estruturadas por meio de uma escala Lickert de 5 pontos, cujas opções variavam de 0 a 1, representando escalas de concordância que variavam entre “Discordo totalmente” a “concordo totalmente”; ou de “Nunca” até “Sempre”; ou de “Não conheço” para “Utilizamos sempre”; de acordo com o que se pretendia analisar. Essa escala permitiu sondar a existência de mais de um comportamento nos objetos de estudo considerados, além de possibilitar investigar níveis diferentes de um comportamento, ao invés de simplesmente determinar respostas positivas ou negativas (RICHARDSON, 2008).

Os instrumentos aplicados para mensuração da competitividade incluíram questões que perpassaram, em cada nível, todos os aspectos de diálogo, articulação e interação presentes no modelo de Esser et al. (1994). As médias dos resultados das freqüências das respostas foram usadas como indicadores para ilustrar o grau de competitividade de cada

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Índice de competitividade

Nível de competitividade

0,0 – 0,2500 Crítico0,2501 – 0,5000 Alerta0,5001 – 0,7500 Aceitável

0,7501 – 1,0 Ideal 

nível e, pela média dos resultados dos quatro níveis, foi apontado o indicador de competitividade sistêmica do Arranjo como um todo. Para essa análise, foi desenvolvida uma escala que permitiu classificar os diferentes níveis possíveis de competitividade, variando entre 0 (zero) a 1 (um), conforme ilustra a Figura 3.

Figura 3: Escala dos níveis de competitividade Fonte: pesquisa dos autores A cada um desses níveis de competitividade, estabeleceram-se atributos de

qualificação, sendo os valores contidos entre 0 e 0,25 os que representariam um estado crítico de competitividade e os contidos entre 0,75 e 1 os que representariam um estado ideal de competitividade, como ilustra a Figura 4:

Figura 4: Índices e níveis de competitividade

Fonte: Pesquisa dos autores Para cada um dos níveis de competitividade foi calculado um índice, que foram usados

para estabelecer o nível de competitividade sistêmica e também como referências para a análise da influência que os aspectos de inovação exercem sobre os mesmos. O nível “Crítico”, compreendido entre os valores de 0,0 a 0,25; indica estado de muitas fragilidades no ambiente estudado, assim como o nível “Alerta”, compreendido entre os valores de 0,2501 a 0,500; sendo que este deverá apresentar aspectos positivos que colaboram para o desenvolvimento e a continuidade do APL. Já o nível “Aceitável”, representado por valores contidos entre 0,5001 e 0,7500 indica a presença de muitos fatores positivos no ambiente, que contribuem para classificá-lo como competitivo enquanto que o nível “Ideal”, compreendido entre os valores 0,7501 e 1,00 indica que o APL está na situação ideal, é competitivo e possui as potencialidades para manutenção e incremento dessa condição.

Entretanto, como corrobora a discussão teórica aqui proposta, a análise da competitividade sistêmica não se atém apenas aos aspectos relacionados à inovação. Dessa forma, para analisar os aspectos de inovação que afetam a competitividade sistêmica desse Arranjo foram escolhidos, dentro dos instrumentos aplicados para análise da competitividade, alguns itens que estivessem relacionados à inovação. Esses itens estão destacados nas figuras presentes na seção de Análise, e a escolha dos mesmos se baseou na discussão teórica proposta neste trabalho sobre aspectos de indicadores de inovação: buscou-se, então, identificar, dentre as questões presentes nos instrumentos aplicados, aquelas que perpassassem aspectos de esforços e insumos empreendidos para o processo de inovação, bem como os aspectos de relacionamento à integração com outras organizações presentes no APL e que são potencialmente colaboradoras no processo de inovação (PASSOS et al, 2004; SANTOS, GÓMEZ, 2010).

4 Análise dos dados 4.1 Caracterização do APL em estudo

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O Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife, o Porto Digital, conta com os requisitos básicos para a concretização de um APL, como a aglomeração espontânea de empresas e a forte ligação com outros atores, como é o caso das instituições de ensino e pesquisa. Esse Arranjo, que é vinculado ao processo de revitalização da área mais antiga da cidade do Recife, nasceu de um plano do Governo Estadual para a criação de um pólo de tecnologia, e já é considerado um agrupamento avançado, entre outras razões, por disporem de recursos complementares significativos.

Até 2008, era formado por 107 instituições, que contam com apoio financeiro inclusive do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID (BERBEL, 2008). Até 2008, o APL garantia mais de 3500 empregos e representava cerca de 3,5% do PIB do Estado de Pernambuco. A responsabilidade de gestão do projeto é de iniciativa privada, contando para isso com um Núcleo de Gestão do Porto Digital – NGPD. As principais instituições que dão suporte ao Arranjo são a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Governo do Estado de Pernambuco – SECTMA, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife – C.E.S.A.R.; o Centro de Informtática da Universidade Federal de Pernambuco – C.I.N. Percebe-se que o Arranjo possui um bom nível de integração e de desenvolvimento, tornando-o um ambiente propício para o estudo que se pretende desenvolver.

4.1 Nível Micro Segundo Esser et al (1994), é no nível micro que encontram-se as atividades internas da empresa. A análise do nível micro foi dividida em dois conjuntos de questões específicas, sendo o primeiro direcionado à incidência das principais variáveis do nível micro na empresa e o segundo direcionado às principais práticas administrativas adotadas pela empresa.

Os entrevistados foram questionados quanto à incidência de cada afirmação do questionário e suas respostas variavam de “Discordo totalmente” – equivalente à nota 0 (zero) até “Concordo totalmente” – equivalente à nota 1 (um). Os resultados referentes ao primeiro conjunto de questões estão agrupados na Figura 5, conforme a nota que o APL recebeu nos itens avaliados e expressos em números percentuais.

Figura 5: Análise do Nível Micro da Competitividade Sistêmica

Nota Item avaliado 0 0,25 0,50 0,75 1,0

Estamos preparados para adaptar-se a novas expectativas da clientela e a circunstâncias similares.

24,7 18,8 56,5

Os níveis de responsabilidades atribuídas aos trabalhadores vão aumentando no decorrer do tempo.

3,5 21,2 22,4 52,9

Apresentamos capacidade de reproduzir sem demoras as inovações das empresas líderes.

29,4 41,2 29,4

Apresentamos capacidade de gerar inovações de forma rápida. 22,4 38,4 38,8 Estamos preparados para modificações no volume de produção 21,2 37,6 41,2 Existe o esforço para a otimização simultânea da produtividade do trabalho e do capital financeiro.

17,6 21,2 61,2

Apresentamos capacidade de formular e implementar novas estratégias. 5,9 56,5 37,6 Há uma relação de longo prazo e de confiança entre a empresa e seus fornecedores.

5,9 78,8 15,3

A força de trabalho participa ativamente das tomadas de decisões. 3,7 70,5 17,6 8,2 Temos habilidade para mudar facilmente a produção em termos de fabricação de novos produtos.

29,4 33,0 37,6

Realizamos trabalhos em grupo. 9,4 29,4 61,2 Contratamos mão-de-obra especializada terceirizada. 9,4 23,7 35,2 20,0 11,7

Fonte: Pesquisa dos autores

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A análise da inovação se deu a partir dos itens destacados na Figura 5, referentes à capacidade da empresa de desenvolver inovação: capacidade de adaptação a novas expectativas, de reprodução das inovações de empresas líderes, de rapidez de desenvolvimento de inovações e da flexibilidade para produção de novos bens ou serviços. Percebe-se que os mesmos apresentaram uma avaliação positiva por parte dos empresários, o que permite deduzir que no nível micro de análise da competitividade sistêmica do setor, a capacidade de inovação exerce uma influência positiva em todos os critérios analisados. Assim, as empresas do APL de Tecnologia da Informação e Comunicação de Recife se avaliam como preparadas para se adaptarem a novas demandas externas e desenvolvimento de novos produtos, bem como a efetuar inovações necessárias de forma rápida, além de se julgarem capazes de reproduzir inovações de outras empresas líderes do setor. As respostas podem indicar uma gestão interna atenta à importância da inovação, o que a torna potencialmente apta a desenvolver produtos e processos inovadores em decorrência de demanda externa. Isso reflete as capacidades internas das empresas de promoverem a inovação, reforçadas pela ausência de respostas que obtiveram nota zero (0).

No que diz respeito às principais práticas administrativas adotadas, foi solicitado que os respondentes assinalassem a posição da empresa de acordo com cada prática sugerida. As variações iam de “Não conhecemos” – equivalente à nota 0 (zero) até “Utilizamos sempre” – equivalente à nota 1 (um), e as resposta também serão expressas em números percentuais. Os resultados deste grupo de questões estão agrupados na Figura 6.

Figura 6: Análise do Nível Micro da Competitividade Sistêmica – Práticas Administrativas

Nota Item avaliado 0 0,25 0,50 0,75 1,0

Controle da Qualidade Total (TQC) 15,4 70,5 8,2 5,9 Círculos de Controle da Qualidade (CCQ) 11,9 71,7 4,7 11,7 5’s 77,7 11,7 8,2 2,4 Benchmarking 32,9 51,8 15,3 CRM 56,5 38,8 4,7 Brainstorming 5,9 70,6 23,5 Downsizing 15,3 52,9 9,4 18,8 3,6 Planejamento Estratégico 17,6 22,4 41,2 18,8 Pesquisa de Mercado 29,4 23,6 38,8 8,2 Análise SWOT 44,7 11,7 28,3 15,3 Treinamento do pessoal 52,9 15,3 31,8 Certificação ISO 9000 ou equivalente 54,2 32,9 4,7 8,2 Venda por Internet 24,8 18,8 18,8 37,6 Entrega Padronizada 44,7 21,2 17,6 16,5 Programa de Treinamento de Usuários 35,3 29,5 23,5 11,7 Assistência Pós-Venda 14,1 56,5 29,4 Assistência Técnica On-line 10,7 17,6 71,7

Fonte: Pesquisa dos autores

Nesse conjunto de itens todos foram relacionados com a capacidade de o Arranjo produzir inovações. Observa-se que grande percentual de empresas já tem algum conhecimento sobre as práticas administrativas identificadas, com exceção de práticas como “Downsizing”, “Análise SWOT”, “Certificação ISO 9000 ou equivalente” e “Entrega padronizada”, que apresentaram maior freqüência de notas até 0,25. Há uma boa freqüência de respostas positivas quanto à utilização das demais práticas, o que indica conhecimento e difusão das mesmas entre as empresas desse Arranjo, essencial para a sua capacidade de inovar no ambiente em que atuam.

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A competitividade identificada no Nível Micro de análise, a partir da média obtida dos dois conjuntos de itens analisados, foi de 0,6479; o que o classifica como “aceitável” , conforme parâmetros discutidos na seção de procedimentos metodológicos. Percebe-se que os itens de análise relacionados à inovação colaboram para que esse nível seja classificado como tal, de acordo com a avaliação dos próprios empresários. 4.2 Nível Meso

Para o cálculo da nota do nível meso, novamente foram utilizados dois grupos de questões distintos. Segundo Esser et al. (1994) este nível encontra-se entre o contexto macro-econômico e o nível interno das empresas (micro), pois aqui estão expostos grandes entraves à competitividade das mesmas. Os respondentes foram questionados quanto à concordância com cada um dos itens apresentados e as opções de respostas variavam de “Discordo totalmente” para “Concordo totalmente. Estes pontos foram abordados no primeiro grupo de questões e agrupados na Figura 7. Figura 7: Análise do Nível Meso da Competitividade Sistêmica

Nota Item avaliado 0 0,25 0,50 0,75 1,0

A participação em organizações associativas ajuda no processo de fortalecimento do setor.

17,7 18,8 63,5

O setor tem seus interesses defendidos através de algum tipo de representação.

3,5 8,3 22,4 25,8 40

Atualmente as alianças com as instituições de ensino e pesquisa locais ajudam o setor a se desenvolver.

18,8 60 21,2

O atual sistema de transporte oferecido no entorno do Porto Digital, facilita a locomoção dos funcionários.

23,5 22,4 17,6 36,5

O sistema de transporte facilita a venda e entrega de produtos 41,2 37,6 21,2 A atual política educativa proporciona tanto uma educação básica como um forte entendimento técnico e científico para atender as necessidades da sociedade.

20 15,3 11,8 52,9

O setor investe no desenvolvimento de pesquisas para desenvolvimento tecnológico.

24,7 22,4 23,5 29,4

A atual política comercial apóia e protege as empresas que possuem claros objetivos e perspectivas de evolução.

7,1 84,7 8,2

Existe uma política de incentivo à exportação 56,5 37,6 5,9 A infra-estrutura de comunicação/acesso à internet permite o desenvolvimento do setor

9,4 5,9 30,6 36,5 17,6

Fonte: Pesquisa dos autores

Com relação à inovação, neste nível foram identificados e avaliados positivamente alguns aspectos de fomento a essa prática pelas empresas do setor, quais sejam: a política de educação que proporciona conhecimento necessário para inovar quando for preciso, principalmente no sentido de atender as necessidades da sociedade; os investimentos em pesquisas para desenvolvimento tecnológico; a existência de infra-estrutura de comunicação/acesso à internet que permite o desenvolvimento de práticas inovadoras no APL e por fim as alianças firmadas com instituições de ensino e pesquisa locais, as quais proporcionam, dentre outros benefícios, o suporte científico no desenvolvimento de práticas inovadoras.

Além de identificar a existência dessas características, o relacionamento das empresas com os stakeholders que compõem o setor é um fator importante na análise da capacidade de essas empresas gerarem inovação. O segundo grupo de questões do nível meso teve como foco a relação entre os participantes de APL, sejam eles as próprias empresas participantes, fornecedores, instituições financeiras, associações, instituições de apoio e federações,

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instituições de ensino e secretarias do governo. Quando questionados quanto ao relacionamento, os respondentes deveriam optar entre ótimo e ruim. As empresas que não tinham nenhum relacionamento com o stakeholder questionado, obteve nota 0 (zero), assim como as que declararam ter um relacionamento ruim. No extremo oposto encontram-se as empresas que afirmaram ter um ótimo relacionamento com o stakeholder questionado, ou seja, as que obtiveram nota 1 (um). Os dados estão apresentados na Figura 8 a seguir:

Figura 8: Análise do Nível Meso da Competitividade Sistêmica – Relação com Stakeholders

Nota Item avaliado 0 0,25 0,50 0,75 1,0

Grupo 1: Fornecedores e demais empresas Demais empresas do APL 32,9 8,3 5,9 52,9 Fornecedores 18,9 17,6 63,5 Grupo 2: Instituições financeiras Banco do Brasil - BB 81,1 18,9 Banco do Nordeste do Brasil - BNB 83,5 16,5 Caixa Econômica Federal - CEF 78,8 22,2 Grupo 3: Associações, instituições de apoio e federações Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet - ASSESPRO

36,5 23,5 21,2 18,8

Escritório de Promoção de Investimentos e Tecnologia do Recife - ITPO

74,1 16,5 36,4

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) 39,8 15,3 35,5 9,4 Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco) 31,8 11,7 16,5 32,9 7,1 AD-Diper (Agência de Desenvolvimento de Pernambuco) 70,6 24,7 4,7 Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Pernambuco - SEBRAE/PE

41,2 30,6 8,3 17,6 2,3

Grupo 4: Instituições de ensino Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 38,8 11,7 14,1 20,1 15,3 Outras instituições de ensino 71,7 17,7 7,1 3,5 Grupo 5: Secretarias do Governo Sectma (Secretaria de Tecnologia, Ciência e Meio Ambiente) 21,2 37,6 41,2

Fonte: Pesquisa do autores

Verifica-se neste item a inexistência ou a baixa percepção de relacionamentos das empresas do APL principalmente com instituições financeiras, bem como com instituições de apoio, a exemplo Escritório de Promoção de Investimentos e Tecnologia do Recife – ITPO, do AD-Diper (Agência de Desenvolvimento de Pernambuco) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Pernambuco - SEBRAE/PE. Além disso, identificaram-se fragilidades nas relações das empresas com instituições de ensino, bem como com órgãos de fomento pertencentes ao governo. Observam-se relações apenas entre as empresas ou delas com seus fornecedores. Isso implica que o aspecto de interação, tão necessário para que as empresas desenvolvam a inovação em ambientes como os APLs, apresenta fragilidades que comprometem a capacidade dessas empresas de desenvolver produtos, processos ou práticas inovadoras (FURTADO, QUEIROZ, 2007; OCDE, 1997;SANTOS, GÓMEZ, 2010). O indicador de competitividade identificado para o Nível Meso foi no valor de 0,4450; considerado como “Alerta”; ou seja, possui fragilidades que comprometem sua capacidade se ser um APL competitivo. Nesse sentido, percebe-se que, enquanto os aspectos de infra-estrutura, de política educativa e de alianças com instituições de ensino e pesquisa contrariam o resultado da competitividade desse Nível, a integração com os órgãos financiadores e do poder público é frágil e contribui significativamente para a avaliação como “Alerta”, necessitando de ações direcionadas à promoção do diálogo e da cooperação entre os setores privado, público e da sociedade civil.

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4.3 Nível Macro Nesse nível de análise, as políticas fiscal, monetária, orçamentária e cambial são avaliadas. Para isso, a escala utilizada para a pesquisa variava entre as respostas “Discordo totalmente” – equivalente à nota 0; e “Concordo totalmente” – equivalente à nota 1. Figura 9: Análise do Nível Macro da Competitividade Sistêmica

Fonte: pesquisa dos autores Os itens de análise refletem a capacidade que o APL possui, na perspectiva dos

empresários, de captar recursos para incrementar a produção e para promover o crescimento da empresa a partir das políticas fiscal, tributária e de regulamentações do Governo Federal. Percebe-se que todos os itens de análise concentram a maior parte de suas respostas nos valores 0 e 0,25; o que indica que há forte discordância dos empresários quanto às afirmações do instrumento. Nesse caso, para os empresários, as políticas de juros e a creditícia; bem como a proteção aos produtos nacionais e a coordenação do processo de desenvolvimento do APL em que atuam precisam ser melhor planejadas com vistas a favorecer o crescimento do setor em que o Arranjo está inserido. A ressalva se faz para a política tributária, cuja análise parece indicar uma divisão entre os entrevistados; enquanto que 43,5% discordam parcialmente que a carga atual prejudica o crescimento das empresas; 51,8% concordam total ou parcialmente com a informação. Para esse Nível, a competitividade foi avaliada como “Alerta”, sendo representada pela média 0,2990. Percebe-se que os aspectos relacionados ao fomento da capacidade de inovação das empresas afeta esse resultado, à medida que fazem parte do conjunto de fragilidades expostos na avaliação dos empresários. Seriam necessárias novas políticas desenvolvidas pelo Governo Federal para que oportunidades fossem utilizadas em favor da melhoria da competitividade do Arranjo. 4.4 Nível Meta No nível em que se analisam os aspectos mais elevados da sociedade e sua relação com os atores que a integram, o instrumento buscou avaliar a capacidade de estabelecimento de um padrão básico de organização macro social e a percepção dos empresários sobre o grau de coesão e de consenso entre esses atores. As respostas tiveram variação de “Discordo totalmente” – equivalente à nota 0; e “Concordo totalmente” – equivalente à nota 1.

Nota Item avaliado 0 0,25 0,50 0,75 1,0

Existem políticas para eliminar privilégios de pequenos grupos de interesse no Estado.

35,3 23,5 0,6 10,6

Não existem cargos supérfluos no setor público. 78,8 7,1 14,1 A política de juros praticada pelo governo ajuda o desenvolvimento do setor.

52,9 17,6 18,8 10,7

As atuais políticas do governo favorecem a concessão de crédito por parte das instituições financeiras.

21,2 41,2 16,5 21,1

A atual política monetária e orçamentária favorece o crescimento do setor.

17,7 40 37,6 4,7

A carga tributária prejudica o crescimento das empresas de TI de Recife.

43,5 4,7 22,4 29,4

As leis trabalhistas são um diferencial positivo para o crescimento do setor.

74,1 5,9 7,1 12,9

O Governo Federal incentiva o crescimento do setor através de ações de proteção aos produtos nacionais.

50,6 16,5 11,7 21,2

O Poder Público possui capacidade de conduzir e coordenar um processo de desenvolvimento competitivo para o setor de software.

16,5 41,2 21,2 18,8 2,3

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Figura 10: Análise do Nível Meta da Competitividade Sistêmica – Relação com Stakeholders Nota Item avaliado

0 0,25 0,50 0,75 1,0 Existe uma compatibilidade dos valores sociais mais significativos entre as empresas que formam o APL e a população.

36,5 30,6 32,9

As empresas que formam o APL apresentam uma rápida e eficaz capacidade de reação aos requerimentos de ajustes econômicos, sociais, políticos e ecológicos.

30,6 52,9 16,5

As orientações do APL são estabelecidas a médio prazo. 15,3 18,8 37,6 28,3 O APL mostra-se sempre aberto a novos desafios. 15,4 14,1 25,8 15,3 29,4 As instituições e organizações sociais que formam o APL são independentes frente a influencia do Estado.

10,6 14,1 44,7 30,6

O Estado é protegido de grupos particulares influentes e privilegiados. 34,2 32,9 17,6 15,3 O Estado é autônomo, ou seja, há uma separação institucional entre Estado, economia e atores sociais.

11,7 9,4 63,5 15,4

Há um forte diálogo e esforços conjuntos entre os diferentes atores sociais (instituições e organizações sociais que formam o APL) e o Estado.

41,2 15,3 32,9 10,6

Fonte: pesquisa dos autores Esse nível apresenta uma distribuição bastante diversa das respostas dos empresários.

Sobre os valores compartilhados entre as empresas, há proximidade entre as opiniões, não se identificando nenhuma resposta extrema de concordância ou discordância sobre o assunto. Já a avaliação da capacidade de as empresas de responderem às novas demandas e requerimentos externos foi percebida como existente, sem discordância de nenhum entrevistado. Curiosamente, 29,5% dos empresários discordam da capacidade de o APL ser aberto a novos desafios, o que confronta as respostas ao item anterior. A maioria dos entrevistados (56,5%) discorda total ou parcialmente quanto à existência de diálogo e esforços conjuntos entre os atores que compõem o APL.

O nível de competitividade identificado para o Nível Meta foi de 0,5120, ou seja, “Aceitável”. Percebe-se, pela comparação dos indicadores destacados (que são os relacionados à inovação), que são estes que mais influenciam para a competitividade do Arranjo possuir essa classificação nesse nível do modelo. Esses resultados indicam que, apesar do compartilhamento de valores entre o Arranjo e da capacidade percebida de resposta às novas demandas externas, a integração e o diálogo entre os atores – poder público, empresas, sociedade civil – precisa ser qualificada para que o processo de inovação ocorra, tendo em vista que a cooperação é essencial para o desenvolvimento da capacidade de inovação de um APL (PASSOS et al, 2004; SANTOS. GÓMEZ, 2010). Os resultados desse Nível corroboram os resultados encontrados também para o Nível Micro de Análise. 5 Considerações finais Pelas análises desenvolvidas, observa-se que em cada nível existem itens de análise que afetam diretamente a capacidade de inovação das empresas do APL, assim como afetam a sua competitividade. O conjunto de indicadores permitiu perceber que, no que concerne às competências internas da empresa – capacidade de responder às demandas e expectativas, de adaptação às mudanças e de desenvolvimento de novos produtos, processos e práticas, as empresas apresentam avaliação positiva, assim como nas interações existentes entre as instituições de ensino e pesquisa. A análise do ambiente externo e da interação com outros órgãos importantes para o processo de inovação, como Órgãos Financiadores de Pesquisa, bem como outros órgãos do poder público, apresentaram avaliação negativa por parte dos empresários, o que se caracteriza como uma fragilidade para a capacidade de inovação e consequentemente para a competitividade sistêmica do APL. Corroborando com esse cenário, as políticas

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desenvolvidas pelo Governo Federal também apresentam avaliação negativa por parte dos empresários, sendo esses os itens avaliados de forma mais negativa pelos entrevistados e que mais afetam o resultado da competitividade sistêmica do APL, que, pela média dos resultados dos quatro níveis, é indicado como “Alerta”, com resultado de 0,4659. Ressalta-se, como limitação deste estudo, a ausência de variáveis que poderiam ter ampliado a capacidade de análise do presente trabalho, como a inserção de categorias de análise que permitissem mensurar os resultados de inovações dessas empresas. Nesse sentido, destaca-se como possibilidade de trabalhos futuros a ampliação das variáveis utilizadas na pesquisa, de forma a permitir uma análise mais detalhada sobre o aspecto da inovação nesse APL. Referências

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