Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e...

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Universidade de Aveiro 2013 Departamento de Química Inês de Sousa Rocha Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Ternários FAEEsEtanolGlicerol

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Universidade de Aveiro

2013

Departamento de Química

Inês de Sousa

Rocha

Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas

Ternários FAEEs–Etanol–Glicerol

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Universidade de Aveiro

2013

Departamento de Química

Inês de Sousa

Rocha

Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas

Ternários FAEEs–Etanol–Glicerol

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biotecnologia, realizada sob a orientação científica do Prof. Doutor Antonio José de Almeida Meirelles, Professor titular da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas e do Prof. Doutor João Manuel da Costa e Araújo Pereira Coutinho, Professor Associado com agregação do Departamento de Química da Universidade de Aveiro.

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Dedico este trabalho, Aos Rochinhas

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o júri

presidente Prof.ª Doutora Luísa Alexandra Seuanes Serafim Leal Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

Doutora Mariana Belo Oliveira Estagiária de Pós-Doutoramento do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

Prof. Doutor João Manuel da Costa e Araújo Pereira Coutinho Professor Associado com Agregação do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

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agradecimentos

Ao Prof. Dr. João Araújo Pereira Coutinho pela agilidade com que atendeu ao pedido de realização de intercâmbio no Brasil. Agradeço ainda a orientação e sugestões de trabalho.

Ao Prof. Dr. Antonio José de Almeida Meirelles por me acolher no seu laboratório, pelo tempo e conhecimento partilhado, bem como pela ajuda e estímulo.

Á Telma Porcina por ter abdicado do seu tempo, pelo conhecimento transmitido, motivação e ajuda crucial, um enorme obrigada. À Bruna pela ajuda e pelos disparates. Rodrigo pela partilha de conhecimento e experiência. Ao Luís Follegatti por todos os esclarecimentos e ajuda. Ao Prof. Dr. Eduardo Batista pela disponibilidade e conhecimento partilhado. Á Losiane, Marina, Luciana, Patrícia, Paulo, Maitê, Thaiana, Simone, Magno e a todos os restantes membros do Extrae, pelo convívio, apoio e diversão. Obrigado a todos.

À Dra. Mariana Oliveira, pela grande ajuda e apoio na aplicação da equação de estado CPA e por todo o conhecimento transmitido.

Carlos, Fátima e João Rocha pelo apoio e carinho constante, inspiração e estímulo. Obrigado por tudo o que já ajudaram a conquistar e descobrir.

Pedro Silva pelo “Hay” constante e tudo o que isso implica. Tânia Fujimoto, Ricardo Zanetti, Lays Guimarães, Valerie Nicola e Sapecasa pelo que fizeram do Brasil.

Tânia Bulhões pela ajuda crucial e amizade. Joana Silva, Francisca Costa pela presença e inspiração além fronteiras. David Leite, Rui Lisboa, Daniel Martins, Ivan Costa, João Garcia, Emanuel Oliveira, Ana Adaixo e Patrícia Andrade por me seguirem e apoiarem sempre. Vasco Almeida pelo apoio nas alturas certas.

À ARM , obrigada Rui Sousa, Teresa Fernandes e Sofia Gomes pelo apoio ao projeto. Emídio Brandão pela alegria contagiante.

A todos os que não agradeci por esquecimento, fica um obrigada.

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palavras-chave

Biodiesel etílico, equilíbrio líquido-líquido, sistemas ternários, FAEEs, etanol, glicerol, CPA EoS, NRTL.

Resumo

Na tentativa de demonstrar a viabilidade do biodiesel como um biocombustível sustentável, diferentes matérias-primas e processos produtivos têm vindo a ser estudados. Atualmente, o método de produção do biodiesel mais comum é a transesterificação dos óleos vegetais. Nesta reação, os triglicerídeos presentes nos óleos vegetais reagem com álcoois primários na presença de um catalisador e dão origem a duas fases, a fase superior rica em ésteres e fase inferior rica em glicerol. O conhecimento e a capacidade de prever o equilíbrio e composição destas fases é importante, para a otimização de processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como objetivo a determinação de dados de equilíbrio líquido-líquido para sistemas com FAEEs, etanol e glicerol a diferentes temperaturas e a modelação do equilíbrio de fases destes sistemas usando a equação de estado CPA (Cubic-Plus-Association) e o modelo NRTL (Non-Randon, Two-Liquid). Desta forma foram estudados sistemas ternários que podem ser resultantes da reação de produção do biodiesel etílico: FAEEs + etanol + glicerol a temperaturas entre 30 a 70ºC. Os dados obtidos foram correlacionados pela CPA EoS e pelo modelo NRTL. Os resultados mostram que o coeficiente de distribuição do etanol depende do número de carbonos do éster, quanto mais pequeno o éster etílico maior a afinidade com o etanol. A CPA EoS demonstrou ser capaz de descrever de forma adequada os dados de equilíbrio. Igualmente, o modelo NRTL apresentou uma excelente capacidade de reprodução das fases de equilíbrio obtidas experimentalmente. Os desvios médios para os valores das frações mássicas obtidas experimentalmente e calculadas pelo modelo NRTL foram de 0.785 a 2.28% e de 2.70 a 7.02 % com a CPA EoS.

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keywords

Ethylic biodiesel, liquid-liquid equilibrium, ternary systems, FAEEs, ethanol, glycerol, CPA EoS, NRTL

Abstract

In an attempt to demonstrate the viability of biodiesel as a sustainable biofuel, different raw materials and production processes have been studied. Vegetable oil transesterefication is at the present time the most common method used in biodiesel production. In this reaction, the vegetable oil triglycerides react with primary alcohols in the presence of a catalyst creating two phases, an upper ester-rich layer and a lower glycerol-rich layer. The knowledge and the ability to predict the phases equilibrium and compositions is important to the optimization of industrial biodiesel separation and purification processes. Therefore, the objective of this work was to determine the liquid−liquid equilibria data for multicomponent systems containing FAEEs (Fatty Acid Ethylic Esters), ethanol, glycerol and the phase equilibrium modeling using the CPA EoS (Cubic–Plus–Association Equation of State) and the NRTL (Non-Random, Two-Liquid) model. For that reason ternary systems related with the reaction process intermediate step of ethylic biodiesel production: FAEEs + ethanol + glycerol at temperatures between 30 and 70ºC were studied. The experimental liquid−liquid data were correlated by CPA EoS and by NRTL model. The results demonstrate that the ethanol distribution coefficient depends of the carbon number of the ethylic ester, as carbon chain length decreases, ethylic ester and ethanol affinity increases. The CPA EoS showed the ability to predict adequately the equilibria data. The NRTL model equally showed a great capacity to reproduce experimental phase equilibrium data. The average deviations related to mass fraction composition between experimental and calculated values by the NRTL model were 0.785 to 2.28% than the ones by CPA EoS 2.70 to 7.02 %.

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ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................ iii

ÍNDICE DE TABELAS ......................................................................................... viii

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................................... ix

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

Organização da tese................................................................................................... 3

Objetivos................................................................................................................... 4

1 CAPÍTULO – Revisão bibliográfica........................................................................... 6

1.1. BIOCOMBUSTÍVEIS .................................................................................... 6

1.2. BIODIESEL ................................................................................................... 7

1.2.1. Matéria-prima .......................................................................................... 8

1.2.1.1. Óleos vegetais................................................................................... 8

1.2.1.2. Álcoois ........................................................................................... 11

1.2.1.3. Catalisadores .................................................................................. 12

1.2.2. Processo Produtivo ................................................................................ 13

1.2.3. Parâmetros de qualidade, normas e directivas......................................... 16

1.3. FUNDAMENTOS TERMODINÂMICOS .................................................... 19

1.3.1. Equilíbrio líquido-líquido....................................................................... 20

1.3.1.1. Diagramas de fase .............................................................................. 22

1.3.2. Modelos termodinâmicos ....................................................................... 23

1.3.2.1. CPA EoS ............................................................................................ 23

2 CAPÍTULO – Equilíbrio Líquido-Líquido ............................................................... 30

2.1. MATERIAL ................................................................................................. 30

2.2. METODOLOGIA ......................................................................................... 30

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 36

3 CAPÍTULO - Modelação CPA EoS ......................................................................... 51

3.1. MODELAÇÃO DOS DADOS EXPERIEMENTAIS ....................................... 51

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3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 52

4 CAPÍTULO - Modelação NRTL .............................................................................. 65

4.1 MODELAÇÃO DOS DADOS EXPERIMENTAIS ........................................... 65

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 66

5 CAPÍTULO – Conclusões e sugestões de trabalhos futuros ...................................... 74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 77

ANEXOS ....................................................................... Erro! Marcador não definido.

Anexo 1 ..................................................................... Erro! Marcador não definido.

Anexo 2 ..................................................................... Erro! Marcador não definido.

Anexo 3 ..................................................................... Erro! Marcador não definido.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Projeções do desenvolvimento do mercado europeu do biodiesel até 2020.

[44] ............................................................................................................................... 7

Figura 2. Evolução da matéria-prima utilizada na produção do biodiesel até 2020. [44] 9

Figura 3. Transesterificação de triglicerídeos (óleos vegetais) com um álcool para a

produção de ésteres mono-alquílicos de ácidos gordos (biodiesel). Em que, R1, R2, R3

representam as cadeias alquílicas.[46] ......................................................................... 14

Figura 4. Esquema geral da produção do biodiesel. ..................................................... 16

Figura 5. Diagrama de equilíbrio líquido-líquido de um sistema ternário. .................... 22

Figura 6. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por palmitato de

etilo (1)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de 30ºC (● e

─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─). ................................................................................ 39

Figura 7. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por estearato de

etilo (2)+ etanol (5)+ glicerol (6), às diferentes temperaturas. Temperatura de 40ºC (● e

─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─). ................................................................................ 41

Figura 8. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por caprilato de

etilo (3)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de 30ºC (● e

─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─). ................................................................................ 44

Figura 9. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por caproato de

etilo (4)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de 30ºC (● e

─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─). ................................................................................ 46

Figura 10. Distribuição do etanol na fase glicerol dos diferentes sistemas à temperatura

de 50ºC. Sistema com Estearato de etilo (♦), Palmitato de etilo (■) Caprilato de etilo

(▲) e caproato de etilo (×). ......................................................................................... 47

Figura 11. Dados de equilíbrio líquido-líquido do sistema ternário com biodiesel de óleo

de coco+ etanol+ glicerol (─●). [17] ........................................................................... 48

Figura 12. Dados de equilíbrio líquido-líquido do sistema ternário com biodiesel de

óleo de semente de algodão+ etanol+ glicerol (─●).[13] ............................................. 48

Figura 13. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 53

Figura 14. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 54

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Figura 15. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 54

Figura 16. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 40ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 55

Figura 17. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 55

Figura 18. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

CPA EoS (─). ............................................................................................................. 56

Figura 19. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 57

Figura 20. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 58

Figura 21. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 58

Figura 22. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 59

Figura 23. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 59

Figura 24. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 60

Figura 25. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 60

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Figura 26. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 61

Figura 27. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 61

Figura 28. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 62

Figura 29. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 62

Figura 30. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─). ................................. 63

Figura 31. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 67

Figura 32. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 67

Figura 33. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 68

Figura 34. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 40ºC . Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 68

Figura 35. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 69

Figura 36. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 69

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Figura 37. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 70

Figura 38. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 70

Figura 39. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 71

Figura 40. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 71

Figura 41. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 72

Figura 42. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol (5)+

glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo

NRTL (─) e curva de solubilidade (●). ....................................................................... 72

Figura A. 1. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema estearato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 50ºC ( ♦) a temperatura de 40ºC (

■ ) e a temperatura de 70ºC (▲). .................................... Erro! Marcador não definido.

Figura A. 2.Gráfico de Hand para o sistema estearato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 50ºC ( ♦) a temperatura de 40ºC ( ■ ) e a

temperatura de 70ºC (▲)................................................ Erro! Marcador não definido.

Figura A. 3. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema palmitato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC (

■ ) e a temperatura de 70ºC (▲). .................................... Erro! Marcador não definido.

Figura A. 4. Gráfico de Hand para o sistema palmitato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■) e a

temperatura de 70ºC (▲)................................................ Erro! Marcador não definido.

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Figura A. 5. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema caprilato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC (

■ ) e a temperatura de 70ºC (▲). .................................... Erro! Marcador não definido.

Figura A. 6. Gráfico de Hand para o sistema caprilato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■ ) e a

temperatura de 70ºC (▲)................................................ Erro! Marcador não definido.

Figura A. 7. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema caproato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC (

■ ) e a temperatura de 70ºC (▲). .................................... Erro! Marcador não definido.

Figura A. 8. Gráfico de Hand para o sistema caproato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■ ) e a

temperatura de 70ºC (▲)................................................ Erro! Marcador não definido.

Figura A. 9. Cromatograma da curva de calibração do sistema ternário caprilato de

etilo+etanol+glicerol. O primeiro pico é referente ao caprilato de etilo, o segundo ao

glicerol e por último etanol. ........................................... Erro! Marcador não definido.

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Ácidos gordos saturados mais comuns, presentes nos óleos vegetais. [2, 17,

48, 49] ........................................................................................................................ 10

Tabela 2 . Propriedades dos biodieseis de diferentes óleos vegetais comparadas com

diesel convencional. [46]............................................................................................. 11

Tabela 3.Normas vigentes na União Europeia e nos EUA.[1] ...................................... 18

Tabela 4. Classificação dos esquemas associativos. [94] ............................................. 27

Tabela 5. Grau de pureza dos ésteres etílicos determinados por cromatografia gasosa. 36

Tabela 6 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo palmitato de

etilo(1)+etanol (5)+Glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC. .......................................................... 38

Tabela 7 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo estearato de

etilo(2)+etanol (5)+Glicerol(6) a 40, 50 e a 70ºC. ........................................................ 40

Tabela 8 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo caprilato de

etilo(3)+etanol (5)+ glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC. .......................................................... 43

Tabela 9. Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo caproato de

etilo(4)+etanol (5)+Glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC. .......................................................... 45

Tabela 10. Desvios do balanço de massa da composição de fases e coeficientes de

regressão de Othmer-Tobias e Hand para os diferentes sistemas às diferentes

temperaturas. .............................................................................................................. 50

Tabela 11. Parâmetros CPA dos componentes puros e temperaturas críticas. ............... 52

Tabela 12. Parâmetros de interação binária e volume de associação. ........................... 53

Tabela 13. Coeficientes de interação binária e associação. ........................................... 57

Tabela 14.Desvios médios (∆w) entre a composição obtida experimentalmente e

calculada pela CPA EoS. ............................................................................................. 64

Tabela 15. Parâmetros de interação binária para o modelo NRTL................................ 66

Tabela 16.Desvios entre a composição obtida experimentalmente e calculada pelo

modelo NRTL. ............................................................................................................ 73

Tabela A. 1 Perfil do biodiesel de óleo de coco em ésteres metílicos de ácidos gordos

(FAME) .[17] ................................................................. Erro! Marcador não definido.

Tabela A. 2. Perfil do óleo de semente de algodão em ácidos metílicos de ácidos gordos.

...................................................................................... Erro! Marcador não definido.

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SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Símbolos Gerais

A parâmetro de energia

A(0)i,j, A(1)i,j parâmetros de interações binárias do modelo NRTL

a0, c1 parâmetro para calcular a

Ai sítio A na molécula i

b parâmetro de co-volume

C parte da equação combinatorial

Cn número de carbonos

g esfera rígida de distribuição radial

(ρ) função de distribuição radial

kd coeficiente de distribuição

ki,j coeficiente de interação binária

M massa molar

m massa do composto

P pressão

R constante dos gases perfeitos

S parâmetro de seletividade

T temperatura

V volume

w fração mássica de componente

XAi fração molar de componente puro i não ligada ao sítio A

x fração molar de componente

Z fator de compressibilidade

∆w desvios médios entre as frações mássicas

Inferiores à linha

1 Estearato de etilo

2 Palmitato de etilo

3 Caprilato de etilo

4 Caproato de etilo

5 Etanol

6 Glicerol

c Crítico

i,j índice de componente puro

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x

n número de componentes

Superiores à linha assoc.

associativo

calc. calculado

FG Fase Glicerol

FE Fase Éster

phys. físico

exp. experimental

Símbolos Gregos

γ coeficiente de actividade

η densidade de fluido reduzida

ρ densidade molar

σ desvio padrão

ε energia de associação

∆ força de associação

φ phi

β volume de associação

ij, ji parâmetros de interação binária de não aleatoriedade

ij, ji parâmetros de interação binária de energia molecular

Abreviaturas CPA Cubic-Plus-Association

CR (Combining Rule), regra de combinação

CSTR Continuously Stirred Tank Reactor

ECR Elliott Combining Rule

ELL Equilíbrio líquido-líquido

ELV Equilíbrio líquido-vapor

EoS Equação de estado

ESD EoS Elliot Suresh Donohue State Equation

FAEE (Fatty Acid Ethylic Ester), Éster etílico de ácido gordo

FAME (Fatty Acid Methylic Ester), Éster metílico de ácido gordo

FFA (Free Fatty Acid), ácidos gordos livres

FID Flame Ionization Detector

HPSEC (High Pressure Size-Exclusion Cromatography), Cromatografia líquida de alta

pressão por exclusão molecular

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xi

NRTL Non-Randon Two Liquid

RID Refractive Index Detector

RSD (Relative Standard Deviation), Desvio padrão relativo

UNIFAC Universal Functional Activity Coefficient

UNIQUAC Universal Quasi-chemical Theory

SAFT Statistical Associating Fluid Theory

SRK Soave-Redlich-Kwong

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INTRODUÇÃO

O Biodiesel é visto como uma das mais promissoras soluções energéticas do momento.

[1] Consiste numa mistura de ésteres de ácidos gordos produzidos, normalmente, por

transesterificação de óleos vegetais ou gorduras, com um álcool de cadeia curta na

presença de um catalisador. [1] Apresenta diversas vantagens técnicas sobre outros

combustíveis, tais como, matéria-prima renovável, biodegrabilidade, baixa toxicidade e

perfis de emissões inferiores. Adicionalmente, oferece um perfil de combustão parecido

ao diesel comercial e a sua utilização não carece de modificações nos motores de ciclo

diesel podendo ser adicionado em qualquer proporção devido à compatibilidade com o

diesel convencional. [2-5]

Dentro das matérias–primas para a produção do biodiesel destacam–se os óleos vegetais

e os álcoois de cadeia curta. O óleo de soja, colza e palma distinguem-se como

matérias-primas de eleição, variando em função de fatores geográficos e económicos.

[6] O álcool utilizado como matéria–prima para produzir biodiesel pode ser de origem

vegetal ou mineral. Dos diversos álcoois o álcool metílico (metanol) e o álcool etílico

(etanol) são os mais utilizados.[7] O metanol é o mais utilizado atualmente, quer pelo

seu baixo custo quer pela sua alta produção quando comparado com álcoois como o

etanol. No entanto o etanol apresenta maior miscibilidade com os óleos vegetais,

permitindo um maior contacto durante a reação, e menor toxicidade.[8] Contrariamente

ao etanol, o metanol é normalmente obtido de fontes não renováveis apresentando

consequências ambientais negativas. Consequentemente, nos últimos anos, diferentes

tecnologias foram testadas com o intuito de otimizar a produção de biodiesel etílico.[9]

A reação de transesterificação depende de várias variáveis: temperatura da reação, razão

molar óleo: álcool, quantidade e tipo de catalisador, óleos usados como matéria-prima,

agitação da mistura e tipo de álcool.[3] Normalmente o catalisador é alcalino,

usualmente, hidróxido de sódio ou de potássio. [10]

No início da reação de transesterificação, os reagentes (óleo e etanol) formam

normalmente, uma mistura heterogénea com miscibilidade parcial. Nesta fase é

necessário a adição de álcool em excesso para favorecer a reação bem como uma

agitação contínua para melhorar a difusão dos componentes. Durante a reação são

formadas duas fases, uma rica em ésteres e outra rica em glicerol, com o etanol em

excesso distribuído entre as duas fases. No final, os ésteres resultantes são separados do

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glicerol, do álcool em excesso e do catalisador, via decantação ou centrifugação.

Adicionalmente, há um processo de neutralização e de lavagem com água (purificação)

para eliminar os sabões, componentes gordos, restos de catalisador, álcool e

glicerol.[11, 12]

Para conseguir uma otimização do processo produtivo e consequente purificação é

necessário entender e prever a distribuição dos produtos nestas fases. Uma das etapas do

processo produtivo relaciona-se então com o estudo do equilíbrio líquido-líquido (ELL)

em sistemas multicomponentes da fase rica em ésteres (fase leve) e da fase rica em

glicerol (fase pesada) formadas durante a reação de transesterificação. [8] Dados sobre a

composição de fases nesta etapa do processo podem resultar em reduções de custos e

garantir os níveis de qualidade no biodiesel requeridos nas especificações

internacionais. [13]

Na literatura, já são encontrados alguns dados de equilíbrio líquido-líquido para

sistemas compostos por produtos da reação de transesterificação, incluindo dados de

sistemas com biodiesel ou ésteres de ácidos gordos + álcool + glicerol. Assim, por

exemplo, são encontrados dados de ELL para sistemas compostos por; ésteres etílicos

como linoleato, oleato, palmitato e laurato de etilo + etanol + glicerol [14], biodiesel de

colza + etanol + glicerol [15], biodiesel de óleo de canola + etanol + glicerol [16]

biodiesel de óleo de semente de algodão, de girassol e de soja + etanol + glicerol [17,

18], estearato de etilo (+ NaCl)+ etanol + glicerol [19] e biodiesel de óleo de palma +

etanol + glicerol [20]. No entanto, apesar da disponibilidade de dados de ELL de

sistemas com produtos resultantes da reação de transesterificação, permanece a escassez

de informação sobre sistemas compostos por ésteres de cadeia curta, como é o caso do

biodiesel de óleo de coco constituído, maioritariamente, por láurico (C12:0).

Consequentemente, neste trabalho foram selecionados dois ésteres de cadeia curta

nunca antes estudados, caprilato (C8:0) e caproato de etilo (C6:0), de forma a estudar o

seu comportamento de ELL. Estes ésteres foram comparados a ésteres de cadeia longa e

frequentemente encontrados em diferentes biodieseis, o palmitato e estearato de etilo.

Em trabalhos anteriores de Follegatti-Romero et al. e Oliveira et al. utilizaram a

equação de estado CPA EoS (Cubic–Plus–Association Equation of State) para tentar

descrever e prever equilíbrios líquido–líquido e líquido-vapor de sistemas presentes na

produção de biodiesel. [8, 16, 21, 22] Segundo Oliveira et al. este modelo revelou-se

apropriado para lidar com sistemas associativos complexos, tendo em conta a

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capacidade preditiva, simplicidade e variabilidade de aplicação.[23] O modelo combina

a contribuição física de uma equação de estado cúbica (como a equação de Soave-

Redlich-Kwong, SRK), com a contribuição associativa, proposta por Wertheim, usada

em equações de estado como a SAFT (Statistical Associating Fluid Theory). A

contribuição associativa abrange ligações intermoleculares do hidrogénio e outras

interações não dispersivas. [24, 25]

Por outro lado, o modelo NRTL é também frequentemente utilizado na descrição do

equilíbrio líquido-líquido, e foi referenciado por vários autores como uma boa

ferramenta para a modelação de dados de equilíbrio líquido-líquido. Este modelo de

energia livre de Gibbs baseia-se no conceito de composição local, numa solução binária

as moléculas dos dois componentes não se distribuem de forma equivalente pela mistura

líquida. Autores como Mesquita et al., Basso et al. e outros, aplicaram o modelo NRTL

com sucesso a sistemas relacionados com a produção do biodiesel.[7, 13, 17, 18, 26-31]

A equação de estado CPA e o modelo NRTL foram escolhidos como modelos

termodinâmicos distintos para caracterizar e descrever o comportamento dos sistemas

estudados, dados estes essenciais para a modelação, simulação e ajuste de condições de

operação numa planta industrial.

Organização da tese

A tese é composta por 5 capítulos.

O Capítulo 1 apresenta uma breve revisão de literatura relacionada com a importância

dos biocombustíveis, matéria-prima, processo produtivo e legislação associada ao

biodiesel. Neste capítulo é ainda feito um resumo dos fundamentos termodinâmicos do

Equilíbrio Líquido-Líquido e da modelação CPA EoS.

O Capítulo 2 apresenta o estudo do equilíbrio líquido-líquido dos sistemas ternários

compostos por ésteres etílicos (estearato, palmitato, caprilato e caproato de etilo), etanol

e glicerol a diferentes temperaturas. Neste Capítulo, a metodologia aplicada é descrita e

os resultados apresentados e discutidos.

Nos capítulos 3 e 4 são apresentadas as correlações dos dados de equilíbrio obtidos pela

CPA EoS e pelo modelo NRTL, respectivamente. Os resultados e a metodologia para a

obtenção dos dados são também descritos.

Por fim, o Capítulo 5 apresenta as conclusões gerais e sugestões de trabalhos futuros.

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Objetivos

Devido à importância do biodiesel no panorama atual dos biocombustíveis é importante

demonstrar que a sua produção é viável económica, social e ambientalmente. Na

verdade, mais do que demonstrar, é preciso ter dados que ajudem a otimizar a produção

tornando-a economicamente viável.

Alguns dos problemas atuais na produção do biodiesel etílico prendem-se com as

operações de separação de fases e purificação do biodiesel. O desconhecimento da

composição de fases durante as etapas de produção dificultam os processos de

separação. Assim, o conhecimento de dados de equilíbrio líquido-líquido de sistemas

multicomponentes formados durante o processo de produção do biodiesel são essenciais

pois estes dados permitem otimizar o processo a nível industrial.

Desta forma, o propósito deste trabalho assenta na ampliação e complemento da

informação sobre o equilíbrio líquido-líquido de sistemas ternários que resultam do

processo de transesterificação. Na escolha dos ésteres etílicos que representam a fase

biodiesel, foi tida em conta o número de carbonos destes. Normalmente, o biodiesel é

constituído maioritariamente por ésteres de cadeia longa como o palmitato e estearato

de etilo. No entanto, ésteres de cadeia curta também se encontram presentes sendo, por

vezes, como no caso do biodiesel de óleo de coco, maioritários. No entanto, os ésteres

de cadeia curta são pouco estudados, desconhecendo-se o comportamento de ELL

destes em sistemas ternários. A determinação de dados experimentais de equilíbrio

líquido-líquido de ésteres de número de carbono reduzido como caproato e caprilato de

etilo é importante uma vez que, pode influenciar a escolha de novas matérias-primas.

Em suma, o objetivo geral do trabalho foi estudar e modelar o comportamento de

equilíbrio líquido-líquido de sistemas ternários compostos por estearato de etilo-etanol-

glicerol às temperaturas de 40, 50 e 70ºC e palmitato, caprilato e caproato de etilo-

etanol-glicerol às temperaturas de 30, 50 e 70ºC.

Para tal foi tido em conta o cumprimento de objetivos específicos:

Determinação experimental dos dados de equilíbrio líquido-líquido de sistemas

compostos por produtos da transesterificação: FAEEs (palmitato, estearato

caprilato e caproato de etilo) + etanol + glicerol a diferentes temperaturas.

Utilização da técnica analítica HPSEC para quantificação dos compostos dos

sistemas em estudo.

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Aplicação da CPA EoS para análise da transferibilidade e validade dos

parâmetros obtidos na correlação de dados ou através da literatura.

Utilização do modelo NRTL como modelo termodinâmico distinto da CPA EoS.

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1 CAPÍTULO – Revisão bibliográfica

1.1. BIOCOMBUSTÍVEIS

O conceito biocombustível e o seu uso em motores diesel não é novo. Rudolf Diesel em

1900, numa exibição mundial em Paris demonstrou o funcionamento de um motor a

diesel com óleo de amendoim como combustível. [32] Contudo, apesar do estudo mais

pormenorizado e das inúmeras inovações nas décadas seguintes, os biocombustíveis

foram deixados para segundo plano.

Como consequência das crescentes inquietações económicas, sociais e ambientais, a

procura de soluções energéticas viáveis e sustentáveis tornou-se uma prioridade. [32]

Entre as diversas fontes de energia alternativas como a eólica, hídrica, solar ou

geotérmica, a energia proveniente da biomassa tem sido considerada a mais promissora.

[2] Assim, a biomassa que se apresente no estado líquido ou gasoso para transportes é

definida como biocombustível. [33]

Os biocombustíveis apresentam como principais características o facto de serem

renováveis, sustentáveis, biodegradáveis, apresentarem perfis de emissões inferiores ao

combustíveis fósseis e podem ser usados como combustíveis, com ou sem modificações

nos motores automóveis. [34] Alguns exemplos de biocombustíveis alvo de

estudo/investigação crescentes incluem o bioetanol, biodiesel e o biohidrogénio.

O biodiesel e o bioetanol já são usados em alguns países europeus, no Brasil e nos

Estados Unidos. Porém, espera-se uma adesão crescente por outros países, bem como,

um aumento no seu consumo pelos países em questão. [32] [35]

A nível mundial a produção de bioetanol em 2009 era dominada pelos Estados Unidos

(54%) e pelo Brasil (34%). No caso do biodiesel, a Alemanha liderava a produção com

16% seguida da França, Estados Unidos e Brasil com 12, 11 e 9% respectivamente. [36]

De entre todos os biocombustíveis, o biodiesel é talvez o que mais atenção tem

recebido, como consequência da similaridade com o diesel convencional em termos de

conteúdo energético, estrutura e compatibilidade com motores diesel convencionais.

Por outro lado, o facto de sectores como a aviação e transporte marítimo necessitarem

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de energia mais densa que a produzida pelo etanol, enaltece a importância dos estudos

sobre o biodiesel. [37, 38]

1.2. BIODIESEL

O biodiesel representa um combustível alternativo para motores de ignição por

compressão, uma mistura de monoalquil-ésteres de ácidos gordos de cadeia longa

derivados de fontes renováveis como óleos vegetais ou gordura animal. [33, 37]

Atualmente a produção do biodiesel é feita por transesterificação, processo em que

óleos vegetais ou gorduras reagem com um álcool formando ésteres alquílicos e

glicerol. [39]

O biodiesel apresenta-se como uma energia renovável atrativa e com vantagens

importantes sobre o diesel de petróleo tais como, baixa toxicidade, proveniente de

fontes renováveis, emissão de gases menor, quantidades insignificativas de enxofre,

flash point elevado e maior biodegradabilidade. [39-42] Adicionalmente, pode ser

mencionado um impacto favorável a nível socioeconómico, na medida em que incentiva

a produção de oleaginosas, regulando o preço destas no mercado, criando postos de

trabalho e consequentemente favorecendo a economia. [43]

Na União Europeia espera-se um crescimento de cerca de 80% na produção do biodiesel

bem como um crescimento de quase 85% no uso de biodiesel até ao ano de 2020. Neste

mesmo ano espera-se que 20 mil milhões de litros (figura 1, Bnl - billion liters) sejam

usados. [44]

Figura 1. Projeções do desenvolvimento do mercado europeu do biodiesel até 2020.

[44]

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Na Europa, o biodiesel é utilizado puro ou como mistura com o diesel de petróleo. O

biodiesel puro ou 100% é referido como B100 e já é utilizado na Alemanha em alguns

transportes públicos. A mistura do biodiesel puro com diesel à base de petróleo é

referido com BXX, onde o XX indica a quantidade de biodiesel na mistura (por

exemplo, B80, 80% de biodiesel e 20% de diesel de petróleo). Na Europa Central e em

países como Portugal, França, Alemanha, Áustria e Espanha a mistura mais utilizada é

a B5. O biodiesel europeu é produzido, principalmente, a partir dos óleos de colza ou de

girassol, associados ao álcool metílico (metanol). Os Estados Unidos também utilizam a

mistura B5, sendo o biodiesel, normalmente, produzido a partir de óleo de soja

combinado com metanol. [45]

1.2.1. Matéria-prima

A composição do biodiesel influencia significativamente as suas propriedades como

combustível. Por exemplo, um biodiesel varia de número de cetano consoante o

tamanho da cadeia e do grau de insaturação dos ésteres gordos, bem como a sua

viscosidade. Ésteres de cadeia longa apresentam viscosidades mais elevadas. [26] Por

outro lado, a presença de ésteres polinsaturados de ácidos gordos é a causa dos

problemas de estabilidade oxidativa do biodiesel. Adicionalmente, a presença de

elevadas quantidades de ésteres de ácidos gordos saturados relaciona-se com problemas

de operabilidade a frio. [1, 32, 36, 46]. Assim um biodiesel etílico terá um

comportamento e propriedades diferentes de um biodiesel metílico. [47]

As matérias–primas centrais para a produção de biodiesel são: óleos vegetais, álcool

(metanol ou etanol) e catalisadores (alcalinos, ácidos ou enzimáticos).

1.2.1.1. Óleos vegetais

Em 2020 espera-se que mais de 75% da produção global de biodiesel seja proveniente

de óleos vegetais. No mesmo ano, espera-se que uso de Jatropha para a produção de

biodiesel seja de 7%. Outras matérias-primas de fonte não agrícola, como óleos usados,

gordura animal e subprodutos da produção do etanol estima-se que tenham uma

representação de 15%. Por sua vez, biodiesel de segunda geração deve apresentar um

crescimento de cerca de 10% entre 2010 e 2020, como ilustrado na figura 2.

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Figura 2. Evolução da matéria-prima utilizada na produção do biodiesel até 2020.

[44]

A composição química do biodiesel tem uma dependência direta da matéria-prima

usada na sua produção[1]. Normalmente, os componentes presentes no biodiesel são

ácidos de cadeia longa, sendo os mais comuns os que possuem 16 a 18 átomos de

carbono. No entanto, algumas matérias-primas compreendem níveis significativos de

ácidos gordos de cadeia mais curta como o láurico, cáprico ou caprílico como no caso

dos óleos tropicais (por exemplo, óleo de coco).[2, 17]

Na Tabela 1 estão presentes os ácidos gordos saturados mais comuns, alguns dos quais

constituintes importantes de diferentes óleos.

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Tabela 1. Ácidos gordos saturados mais comuns, presentes nos óleos vegetais. [2,

17, 48, 49]

Representação Fórmula química Nome trivial

C6:0 CH3-(CH2)4-COOH Capróico

C8:0 CH3-(CH2)6-COOH Caprílico

C10:0 CH3-(CH2)8-COOH Cáprico

C12:0 CH3-(CH2)10-COOH Láurico

C14:0 CH3-(CH2)12-COOH Mirístico

C16:0 CH3-(CH2)14-COOH Palmítico

C18:0 CH3-(CH2)16-COOH Esteárico

C20:0 CH3-(CH2)18-COOH Araquídico

C22:0 CH3-(CH2)20-COOH Behénico

C24:0 CH3-(CH2)22-COOH Lignocérico

O biodiesel pode ser produzido a partir de qualquer tipo de óleo vegetal, porém, nem

todo óleo vegetal deve ser utilizado como matéria-prima para sua produção. Este facto

prende-se com as propriedades não ideais de alguns óleos vegetais tais como, a alta

viscosidade ou alto número de iodo, propriedades estas que tornam o óleo inadequado

para uso direto em motores de ciclo diesel. Na tabela 2 encontram-se algumas das

propriedades dos óleos vegetais como combustíveis.

A viabilidade de cada matéria-prima dependerá de fatores técnicos, económicos, sociais

e ambientais, e passam, inclusive, por importantes aspetos agronómicos, tais como: teor

em óleos vegetais, produtividade por unidade de área, equilíbrio agronómico e demais

aspetos relacionados com o ciclo da vida da planta, sazonalidade e a adaptação

territorial. [6, 50] Os óleos resultantes da matéria-prima mais abundante na região são

frequentemente os utilizados para o processo produtivo do biodiesel. [6]

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Tabela 2 . Propriedades dos biodieseis de diferentes óleos vegetais comparadas

com diesel convencional. [46]

Óleo vegetal

viscosidade

cinemática

(mm2/s)

Número

de cetano

Cloud

point

(ºC)

Pour

point

(ºC)

Flash

point

(ºC)

Densidade

(kg/l)

Menor valor de

operabilidade a

frio(MJ/kg)

Amendoim 4.9 54 5 - 176 0.883 33.6

Soja 4.5 45 1 -7 178 0.885 33.5

Babaçu 3.6 63 4 - 127 0.875 31.8

Palma 5.7 62 13 - 164 0.880 33.5

Girassol 4.6 49 1 - 183 0.860 33.5

Diesel 3.06 50 - -16 76 0.855 43.8

B20

(Biodiesel

mistura 20%)

3.2 51 - -16 128 0.859 43.2

Óleos vegetais como os de canola e soja [51-55] nos EUA, óleo de palma na Malásia

e outros países tropicais [56-59] e o óleo de colza [15, 60-63] na Europa têm sido os

mais frequentes usados na produção de biodiesel. [1, 3] Por outro lado, óleos não

comestíveis como os de Pongamia pinnata, Jatropha curcas e Madhuca iondica

começam conjuntamente a ter aplicação na produção deste biocombustível. [64-67]

A escolha do óleo pode ser um fator chave em relação à sustentabilidade da matéria-

prima, influenciando diretamente o custo de produção do biodiesel. [32] Na verdade,

alguns autores defendem que 80% do custo de produção de biodiesel está na aquisição

da matéria-prima, representando uma séria ameaça à viabilidade económica da indústria

do biodiesel[32, 68, 69]. Desta forma verifica-se um aumento na procura de matéria-

prima alternativa, como por exemplo, microrganismos, algas, óleos de cozinha usados e

óleos vegetais não alimentares. [1, 48, 70-74]

1.2.1.2. Álcoois

O álcool utilizado como matéria-prima na reação de transesterificação pode ser de

origem vegetal ou mineral. De entre os diversos álcoois que podem ser utilizados na

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produção do biodiesel destacam-se os de cadeia curta, tais como, metanol, etanol,

propanol e butanol. [36, 75]

O metanol é o álcool mais utilizado, principalmente na Europa e EUA. [45] Apresenta

vantagens no que diz respeito às características físico-químicas, baixo preço, condições

de reação suaves e uma separação de fases fácil. [1, 36] Porém, possui baixo ponto de

ebulição, alto risco de explosão e riscos associados à sua toxicidade.

Por sua vez, o etanol tem merecido atenção não só por ser mais económico em alguns

países, mas também porque é completamente proveniente de matéria renovável. [33, 36]

O etanol apresenta vários benefícios, tais como maior poder de dissolução em óleos

vegetais e menor toxicidade quando comparado com o metanol. [1] O biodiesel etílico é

composto por ésteres etílicos de ácidos gordos normalmente designados por FAEE

(Fatty Acid Ethyl Ester) enquanto que os ésteres metílicos de ácido gordos são

denominados por FAME (Fatty Acid Methyl Ester). As propriedades do biodiesel etílico

como combustível são por vezes superiores à do biodiesel metílico. [36] Quando

comparados, os FAEEs apresentam maior estabilidade oxidativa, menor valor de iodo e

capacidades lubrificantes superiores. A operabilidade a frio é também superior à dos

FAMEs e o valor de emissões de gases de exaustão inferior. Os valores de viscosidade e

acidez dos FAEEs são, todavia, superiores ao do biodesel metílico. [36, 76, 77]

Normalmente, a utilização da rota etílica tem preferência em países onde a matéria-

prima para a obtenção do bioetanol é mais abundante, como o Brasil e outros países da

América do Sul. [45] De salientar que o bioetanol do Brasil é considerado o mais

competitivo em termos de preço no mundo.[78]

1.2.1.3. Catalisadores

Os catalisadores usados na produção do biodiesel podem ser classificados como

alcalinos, ácidos ou enzimáticos. Os alcalinos como hidróxido de sódio ou potássio e

metóxido de sódio ou potássio são os mais efetivos e mais utilizados. [4, 79] Ácido

sulfúrico, ácido sulfónico e ácido hidroclórico são frequentemente usados como

catalisadores ácidos e as lipases como biocatalisadores.

A escolha do catalisador vai depender em grande parte da matéria-prima e do custo do

catalisador. Na presença de óleos com alto índice de acidez, a utilização de um

catalisador básico poderia levar à ocorrência de formação de sabões. [24] Por outro

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lado, os catalisadores ácidos têm a vantagem de proporcionar elevados rendimentos sem

necessidade de pré-tratamento da matéria-prima. No entanto, exigem reações a

temperaturas elevadas, assim como uma razão molar álcool/óleo e tempos de reação

superiores.[80]

A catálise básica tem como principais vantagens, relativamente à catálise ácida, o facto

de atingir conversões elevadas em tempos mais reduzidos, uma menor razão molar

álcool/óleo e condições gerais de reação mais brandas quando se trata de operar a uma

escala industrial (menos corrosivo na superfície dos reatores). [81] Por outro lado, a

necessidade de um meio reacional mais anidro leva a que haja a possibilidade de

formação de emulsões que prejudicam o rendimento das reações. [82]

A catálise enzimática oferece benefícios como a redução ou eliminação de pré-

tratamento de matérias-primas com alto conteúdo em ácidos gordos livres (FFA),

versatilidade no que diz respeito ao álcool usado e eficácia na separação de fases

obtendo-se um glicerol de alta qualidade. No entanto, o seu preço juntamente com as

taxas de reação mais baixas torna, de momento, inviável a sua utilização. [2, 32, 79]

Existe ainda a diferença entre catalisadores heterogéneos ou homogéneos, isto é, se o

estado do catalisador difere ou não da dos reagentes. Quando a catálise é heterogénea, é

possível obter uma fração de glicerol mais pura, sem exigir grandes investimentos de

capital para atingir um bom padrão de mercado. Porém, a catálise homogénea é ainda a

opção mais imediata e viável economicamente. [50]

1.2.2. Processo Produtivo

Algumas propriedades dos óleos vegetais não permitem, por vezes, uma performance

semelhante à dos combustíveis derivados de petróleo. A alta viscosidade, baixa

estabilidade oxidativa e baixa volatilidade constituem alguns dos principais entraves.

Os métodos mais comuns para a minimização destes problemas envolvem mistura de

óleos com diesel, microemulsões, pirólise ou craqueamento térmico e transesterificação.

A transesterificação é o processo mais usual. [10] Nesta reação, os triglicerídeos

(constituintes maioritários dos óleos) reagem com álcoois de cadeia curta na presença de

um catalisador (alcalino, ácido ou enzimático). [4] [46]

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Consiste na transformação de triglicerídeos em diglicerídeos e posteriormente em

monoglicerídeos obtendo-se glicerol no final e ésteres alquílicos ao longo das reações

(Figura 3). Os ésteres formados possuem uma viscosidade menor que o triglicerídeo

utilizado como matéria-prima. [33]

Esta reação é um processo reversível em que o equilíbrio depende da reatividade e da

relação molar entre os reagentes. A relação estequiométrica entre o álcool e óleo é de

3:1. No entanto, é usual a colocação de álcool em excesso (6:1) para melhorar o

rendimento da reação. [10, 46]

CH2-OOC-R1 Catalisador R1-COO-R CH2-OH

CH-OOC-R2 + 3R’OH R2-COO-R + CH-OH

CH2-OOC-R1 R3-COO-R CH2-OH

Triglicerídeos Álcool Ésteres de ácidos gordos Glicerol

Figura 3. Transesterificação de triglicerídeos (óleos vegetais) com um álcool para a

produção de ésteres mono-alquílicos de ácidos gordos (biodiesel). Em que, R1, R2, R3

representam as cadeias alquílicas.[46]

O processo de produção do biodiesel, na sua forma generalizada, encontra-se

esquematizado na Figura 4. O óleo entra no reator onde o catalisador está misturado

com o álcool. O catalisador é misturado previamente com o álcool para não entrar em

contacto direto com o óleo e minimizar a formação de sabões. O reator pode ser

descontínuo ou reator perfeitamente agitado (CSTR- Continuously Stirred Tank

Reactor), mais comum em plantas de grandes produções.[3] Durante a reação, devido à

disparidade de tamanho e polaridade, o álcool e os triglicerídeos não se misturam

adequadamente formando um sistema bifásico e necessitando de agitação contínua.[21]

A fim de conduzir a reação de transesterificação num sistema monofásico, além de ser

agitada, podem ser usados solventes orgânicos como o tetrahidrofurano (THF). O THF

garante a miscibilidade completa dos reagentes e permite assim acelerar a reação. [3, 4]

No final da reação formam-se duas fases; uma leve, rica em ésteres alquílicos de ácidos

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gordos, e uma fase pesada, rica em glicerol. O etanol em excesso tende a distribuir-se

pelas duas fases. A fase glicerol é separada normalmente por decantação ou

centrifugação [5] [9]. A separação do glicerol é por norma fácil, pois a solubilidade

deste nos ésteres é muito reduzida.[3] Após o reator é adicionado um ácido à fase

glicerol de modo a provocar a separação dos sabões formados em ácidos gordos livres

(FFA, Free Fatty Acid) e sal. Depois da remoção dos FFA, o álcool é removido por

evaporação flash ou destilação. No caso do álcool ser o etanol, esta destilação não é tão

fácil como no caso do metanol, em razão da azeotropia, associada à volatilidade relativa

não tão acentuada. Através de outros processos de refinamento como a destilação é

possível aumentar ainda mais a pureza do glicerol. [3] A fase rica em ésteres, depois de

sair do reator, passa por um processo de evaporação flash para remover o álcool,

seguido de um processo de neutralização do possível catalisador presente no biodiesel.

No caso de ser uma catálise básica é adicionado um ácido. Esta etapa serve também

para minimizar a formação de emulsões (excesso de sabão), adicionando-se um ácido

forte para o sabão se separar em FFA e sal. Segue-se a lavagem do biodiesel com água

para remover resíduos de álcool, catalisador, sabões ou glicerol. A etapa final passa pela

remoção da água, através da secagem do biodiesel. [3, 4, 46] O álcool recuperado quer

na fase glicerol, quer na fase éster, tem de ser desidratado primeiro, antes de voltar a ser

usado na transesterificação.[50]

A temperatura é um dos fatores que mais influencia a velocidade de reação. A

velocidade de conversão de triglicerídeos em diglicerídeos, monoglicerídeos e ésteres

alquílicos depende desta variável e consoante o aumento desta o processo pode ser

acelerado. Por outro lado, a temperatura está diretamente ligada ao álcool em uso, visto

que, normalmente, a reação tem como limite superior a temperatura do ponto de

ebulição do álcool utilizado à pressão atmosférica. [32]

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Figura 4. Esquema geral da produção do biodiesel.

De uma forma geral a reação de transesterificação é influenciada pelas seguintes

variáveis: temperatura da reação, razão molar óleo: álcool, quantidade e tipo de

catalisador, óleos usados como matéria-prima, agitação da mistura e tipo de álcool. [3,

32]

1.2.3. Parâmetros de qualidade, normas e directivas

A nível mundial denotam-se diferenças no mercado de biodiesel, consoante o local em

questão. De forma a garantir um produto de alta qualidade e assegurar a proteção do

meio ambiente e do consumidor final, foram estabelecidos padrões de qualidade. [1, 83]

Estes padrões têm como objectivo fixar teores limites de contaminantes que não

venham prejudicar o meio ambiente, assim como o desempenho, a integridade do motor

e a segurança no transporte e manuseio. [83]

Para entender como as normas são estabelecidas é necessário ter em conta pressupostos

e realidades que diferem consoante o país que estejamos a falar. Assim, é compreensível

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que na Europa tendo a frota automóvel na sua composição grande número de veículos

com motores diesel, as normas que regem as especificações tenha algumas diferenças

para países como os EUA ou Brasil onde são utilizados um maior número de veículos

movidos com combustíveis mais leves. [12]

A Áustria foi o primeiro país a definir e aprovar os padrões de qualidade para biodiesel,

aplicados a ésteres metílicos de colza. Subsequentemente, padrões de qualidade foram

sendo estabelecidos em outros países.[84] Atualmente o padrão de qualidade americano,

elaborado pela ASTM (American Society of Testing and Materials), através da norma

ASTM D6751, e o estabelecido na União Europeia através da norma EN 14214 do

Comitê Europeu de Normalização (Comité Européen de Normalisation - CEN) figuram

como os mais conhecidos e são geralmente usados como referência ou base para outros

padrões.[85]

Na tabela 3 estão compilados os valores das duas normas mais utilizadas, a EN 14214

na União Europeia e a ASTM D6751 nos Estados Unidos da América. Muitos dos

limites implícitos nestas normas são aplicados no Brasil. [1] Em Portugal, as regras

estabelecidas vão ao encontro do que é decidido pela União Europeia.

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Tabela 3.Normas vigentes na União Europeia e nos EUA.[1]

Parâmetro

(unidades)

União Europeia

método de teste/limite

EUA

método de teste/limite

Cinzas sulfatadas

(m/m max.)

EN ISO 3987

0.02%

ASTM D874

0.020%

Metais alcalinos

(mg/kg max.)

EN14108-14109, EN14538

5

EN14538

5

Glicerol Livre

( m/m max.)

EN14105/14106

0.02%

ASTM D6584

0.020%

Corrosão de cobre

EN ISO 2160

limite classe 1

ASTM D130

Limite classe 3

Número de acidez

(mg KOH/g max.)

EN 14104

0.50

ASTM D664

0.50

Conteúdo total de glicerol

(m/m)

EN 14105

0.25%

ASTM D6584

0.24%

Fósforo

(mg/kg max.)

EN 14107

10.0

D4951

10

Resíduos de carbono

(m/m max.)

EN ISO 10370

0.30%

ASTM D4530

0.050%

Conteúdo em ésteres

(m/m min.)

EN 14103

96.50%

-

Temperatura de destilação

( oC)

-

ASTM D1160

360

Flash point

(oC)

EN ISO 3879

120

ASTM D93

93

Contaminação total

(mg/kg max.)

EN ISO 12662

24

-

Conteúdo em sulfúricos

(mg/kg max.)

EN ISO 20846/20884

10.0

ASTM D5453/ASTM D4294

15/500

Operabilidade a frio

(oC)

EN ISO 23015 ASTM D2500

Número de cetano

(min.)

EN ISSO 5165

51.0

ASTM D613

47

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Estabilidade oxidativa

(Horas)

EN ISO 14112

6

EN ISO 14112

3.0

Mono, di-,triglicerídeos

(m/m)

EN ISO 14105

0.80%;0.20%;0.20%

-

Iodo

EN ISO 14111

120g/100g max.

-

Conteúdo em ácido linoleico

(mg/kg max.)

EN 14103

12.0

-

Conteúdo em água

EN ISSO 12937

500 mg/kg

ASTM D2709

0.050% v max.

Densidade

(kg/m3)

EN ISO 3675/12185

800-900

-

Viscosidade cinemática

(mm2/s)

EN ISO 3104

3.5-5.0

ASTM D445

1.9-6.0

Em Abril de 2009 a União Europeia colocou como limite mínimo 10% de

biocombustíveis nos transportes até 2020, de acordo com a Diretiva 2009/28/EC sobre

energias renováveis. A diretiva definiu ainda uma redução mínima de 35% da emissão

de gases de efeito de estufa alcançada por biocombustíveis. Outros critérios de

sustentabilidade sobre a produção de biocombustíveis são mencionados nesta diretiva.

[78]

1.3. FUNDAMENTOS TERMODINÂMICOS

Quando duas fases entram em contato, há uma tendência de troca de componentes até

que a composição de cada fase atinja um valor constante. Quando isto acontece, diz-se

que foi atingido o estado de equilíbrio. Deste modo, o estado de equilíbrio é entendido

como uma condição limite que os sistemas tendem a atingir, sendo a variação das

propriedades do sistema ao longo do tempo nula. [86] A composição de equilíbrio de

cada fase pode ser muito diferente, sendo esta desigualdade o que permite separar

misturas por extração, destilação e outras operações de contato de fases. Estas

composições de equilíbrio dependem de variáveis como temperatura, pressão, natureza

química e concentração inicial das substâncias na mistura. [87]

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1.3.1. Equilíbrio líquido-líquido

Alguns pares de líquidos puros, quando misturados em proporções apropriadas a certas

temperaturas e pressões, não formam apenas uma fase líquida homogénea, mas duas

fases líquidas com diferentes composições. Se estas fases estão em equilíbrio, então o

fenómeno é chamado de equilíbrio líquido-líquido ou ELL. [88]

A descrição termodinâmica do equilíbrio líquido-líquido está baseada em critérios como

a uniformidade de pressões, temperaturas e fugacidades para cada componente através

de ambas as fases em equilíbrio.

Para o ELL, num sistema de n espécies a T e P uniformes, denotam-se as fases líquidas

através de sobrescrito I e II, e escreve-se o critério de equilíbrio como:

(1)

Uma das abordagens para representar as fugacidades de duas fases líquidas, na condição

de isofugacidade é a abordagem “phi-phi” ou ( - ) expressa por:

(2)

(3)

Segundo o critério de equilíbrio:

(4)

Para ambas as fases líquidas os coeficientes de fugacidade são calculados das seguintes

relações:

(5)

(6)

Para desenvolver as expressões, é necessário uma equação de estado explícita em P. A

equação (7) Soave-Redlich-Kwong (SRK) e a equação (11) de Peng-Robinson são dois

exemplos:

(7)

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Em que,

(8)

(9)

(10)

(11)

Outra alternativa, e mais comum, consiste na utilização da abordagem onde são

usados modelos de energia livre de Gibbs em excesso (

). NRTL e UNIQUAC são as

equações mais utilizadas para o cálculo do coeficiente de actividade.

A energia de Gibbs parcial molar está relacionada com a fugacidade da seguinte forma:

(12)

O coeficiente de atividade aparece quando se integra a Equação 12, onde T e P são

constantes:

(13)

Com a adição e subtração do termo RT :

(14)

Onde a razão

é a definição do coeficiente de atividade do componente i na

solução (γi).

Com a introdução do coeficiente de atividade a Equação 1 torna-se:

(15)

Ou,

(16)

Neste trabalho os coeficientes de fugacidade foram calculados usando a equação de

estado CPA e os coeficientes de actividade calculados segundo o modelo NRTL.

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1.3.1.1. Diagramas de fase

Os diagramas de fase, como ilustrado na Figura 5, são uma forma de representar dados

de equilíbrio líquido-líquido. As composições dos sistemas ternários são representadas

colocando os componentes puros (1,2,3) em cada um dos vértices. Os lados representam

as misturas binárias. O componente 3 dissolve-se completamente em 1 e 2. Contudo, os

componentes 1 e 2 dissolvem-se de forma limitada e são representados no diagrama de

equilíbrio pela linha de base ou de solubilidade mútua. O ponto L representa a

solubilidade do componente 2 em 1 e o ponto K a solubilidade do componente 1 em 2.

A curva LRPEK é a curva binodal e apresenta a mudança da solubilidade das fases I

(curva LRP) e II (curva PEK), fora da curva LRPEK a solução é homogênea. A linha

RE é uma linha de equilíbrio, ou tie-line, que deverá passar necessariamente pelo ponto

M, que representa a mistura como um todo. O ponto P, conhecido como ponto crítico ou

plait point, representa a última linha de equilíbrio e o ponto onde as curvas de

solubilidade das fases ricas nos componentes 1 e 3 se encontram.

Figura 5. Diagrama de equilíbrio líquido-líquido de um sistema ternário.

Os diagramas de fase permitem identificar quais as proporções dos diferentes

componentes que originam uma fase homogénea ou, de igual forma, duas fases em que

dois dos compostos não se misturam.

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1.3.2. Modelos termodinâmicos

O conhecimento das propriedades termodinâmicas que permitam caracterizar e

descrever o comportamento do sistema são essenciais para a modelação, simulação e

ajuste de condições de operação numa planta industrial. Para a obtenção deste tipo de

informação são usados modelos que permitem predizer comportamentos

termodinâmicos. Como referido anteriormente, para o cálculo do equilíbrio de fases de

sistemas líquido-líquido podem ser usados modelos de energia de Gibbs em excesso

( ), tais como as equações NRTL e UNIQUAC ou equações de estado (EoS).

Até muito recentemente, os modelos mais usados para cálculos de equilíbrio de fases

em sistemas polares eram modelos como NRTL, UNIQUAC e UNIFAC. Estes modelos

podem ser aplicados a sistemas apolares, polares e alguns sistemas associativos no

entanto, a utilização destes modelos é restrita a uma gama limitada de pressões e

temperaturas. Por outro lado, as equações de estado são capazes de lidar com uma

mistura de um ou mais componentes em estado supercrítico ou próximo do ponto crítico

de uma forma consistente. A vantagem das equações de estado é a grande escala de

aplicabilidade em termos de temperatura e pressão, desde gases leves ate líquidos

densos. As equações de estado podem ser usadas para modelar equilíbrios liquido–

vapor (ELV), líquido-líquido e em fluídos supercríticos. Os modelos de energia de

Gibbs em excesso não possuem a capacidade de lidar com gases e componentes em

estado supercrítico, altas pressões e inconsistências na região crítica. [16, 23, 89]

Entre as equações de estado, a CPA EoS mostrou ser capaz de descrever o equilíbrio

líquido-líquido de misturas multicomponentes contendo álcool, glicerol e ésteres de

ácidos gordos, numa faixa de temperaturas usadas em operações de separação em

plantas de produção de biodiesel. [16, 25]

Neste trabalho foram escolhidas duas abordagens distintas para a modelação

termodinâmica dos sistemas ternários estudados, o modelo NRTL representante dos

modelos de energia de Gibbs em excesso e a equação de estado CPA.

1.3.2.1. CPA EoS

A equação CPA EoS, Cubic–Plus–Association Equation State, originalmente proposta

por Kontogeorgis et al. em 1996, combina um termo não associativo (componente

física) com um termo associativo. [24] A componente física é descrita pela equação de

estado cúbica Soave-Redlich-Kwong (SRK). A componente associativa considera as

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ligações de hidrogénio intermoleculares e outras interações não dispersivas.

Originalmente proposta por Wertheim é usada em outras equações de estado

associativas como a SAFT (Statistical Associating Fluid Theory). [90] O termo

associativo foi criado de forma a estender as capacidades da Equação de estado cúbica

para os compostos polares, cobrindo a variedade de sistemas/compostos de interesse na

industria de óleo e gás (hidrocarbonetos, gases, água, álcoois, gliceróis). [24]

A primeira aplicação da CPA a misturas apareceu no trabalho de Yakoumis et al., em

1997. [24] Neste artigo, foi estudado o ELV (Equilíbrio líquido-vapor) de misturas

binárias de um hidrocarboneto com um álcool. Os resultados obtidos são superiores aos

calculados com a equação SRK e similares aos obtidos com a equação SAFT [91].

Voutsas et al. aplicaram a equação CPA ao estudo de equilíbrios líquido-líquido de

misturas binárias de metanol, etanol e fenol com hidrocarbonetos alifáticos.[92] Suresh

e Elliott compararam o desempenho da Eos CPA com o da equação SRK, modelo

UNIFAC e a equação ESD. A equação CPA foi a que forneceu a melhor representação

dos sistemas dentre os modelos estudados. [93] Outras aplicações à modelação de

sistemas com água-hidrocarbonetos, álcool-água, multicomponentes água-

hidrocarbonetos-álcool, obtiveram bons resultados. [24]

Mais recentemente, a CPA tem sido aplicada a sistemas associados à produção do

biodiesel. [8, 16, 21, 25, 89] Em 2010 Oliveira et al. compara diferentes modelos,

UNIFAC, SRK EoS, Peng-Robinson EoS com o modelo CPA para sistemas de

multicomponentes do biodiesel. Os resultados demonstram que a CPA é o modelo mais

apropriado para a descrição de equilíbrio de fases. [23]

A expressão da equação de estado CPA pode ser dada da seguinte forma:

(17)

onde é o parâmetro de energia, b é o parâmetro de co–volume, é a densidade molar,

é a função simplificada da distribuição radial, é a fração molar do componente

puro não ligado no ponto e é a fração molar do componente i. está

relacionada com a força de associação entre pontos pertencentes a duas moléculas

diferentes e é calculado pela resolução do seguinte conjunto de equações:

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(18)

(19)

Sendo, e a energia de associação e o volume de associação,

respectivamente.

Onde, a função simplificada de distribuição radial é dada por:

(20)

Onde,

.

O parâmetro de energia do componente puro, , tem uma dependência do tipo Soave,

enquanto b é independente da temperatura.

(21)

onde e são estimados (simultaneamente com b) usando–se dados experimentais de

pressão de vapor e densidade do componente puro .

Quando a CPA EoS é utilizada em misturas, os parâmetros de energia e do co–volume

do termo físico são calculados utilizando a regra convencional de van der Waals para

um líquido em mistura:

De forma geral, a CPA exige o conhecimento dos três parâmetros de componentes

puros para a componente física, , e mais dois para o termo associativo, .

Estes últimos dois estão apenas presentes para os componentes associativos. Sendo

estimados através da regressão simultânea de dados de densidade liquida e pressão de

vapor, minimizando a seguinte função objetivo:

(22) (23)

(24)

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(25)

Para uma mistura binária composta unicamente por componentes não–associativos, o

parâmetro de interação binaria, (Eq. 23) é o único parâmetro ajustável. [89]

Na presença de dois compostos associativos numa mistura, como por exemplo,

álcool/glicerol, tornam-se necessárias regras de combinação para a energia e volume

associativo, e , respectivamente. Estes parâmetros associativos são

calculados através de parâmetros puros com o uso de regras de combinação. Diferentes

regras têm sido propostas por vários autores, porém a regra de combinação 4, CR-4

(Combining Rule-4) ou ECR (Elliott Combining Rule) é a considerada a mais adequada

para situações com misturas de dois compostos auto-associativos. Esta regra define-se:

(26)

No caso de misturas compostas por moléculas não auto-associativas mas capazes de

solvatar com moléculas polares, por exemplo sistemas compostos por ésteres-água ou

ésteres-glicerol, foi definido, em trabalhos prévios, que o seria correlacionado com

o kij usando dados experimentais. [89]

Para determinar os parâmetros de composto puro é necessário atribuir esquemas de

associação, isto é, o número e tipo de sítios de associação presentes nas moléculas.

Huang e Radosz [94], propuseram uma nomenclatura (Tabela 4) que é frequentemente

utilizada. Nesta tabela, as letras A, B, C e D indicam diferentes sítios de associação

numa mesma molécula. Os sítios doadores de eletrões são representados por pares de

eletrões não ligados, enquanto os sítios recetores são representados por átomos de

hidrogénio ligados ao oxigénio.

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Tabela 4. Classificação dos esquemas associativos. [94]

Classe Esquema Tipo de associação

Ácidos carboxílicos

Álcoois

3B

2B

Água

4C

Glicóis

4C

Ésteres Não Associativo Não Associativo

Por exemplo, os álcoois podem ser modelados pelo esquema 2B (em que dois pares de

eletrões são considerados como um único sitio doador) ou pelo esquema 3B (dois pares

de eletrões como dois sítios doadores independentes).[95] Neste trabalho foi usado o

esquema 2B pois provou, em trabalhos anteriores ser eficiente.[14, 16, 25, 89, 96] Os

glicóis, por sua vez, são identificados com o esquema 4C, onde os pares de eletrões

internos dos átomos do oxigénio não são tidos em conta. Os compostos não-associativos

são modelados sem sítios de associação supondo-se que interajam com os demais

componentes da mistura apenas por forças de dispersão. No caso do glicerol, o esquema

escolhido foi o 3 × 2B, com 6 locais de associação (2 locais por cada grupo hidroxilo).

Este esquema associativo foi testado com sucesso em outros trabalhos.[14, 16, 22, 25]

Desta forma para a aplicação da equação de estado CPA, os ésteres etílicos (não–

associativos) somente precisam de três parâmetros do componente puro no termo cúbico

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(a0, c1 e b), enquanto para componentes associativos, tais como água, glicerol e etanol,

são necessários dois parâmetros adicionais do termo de associação (ε e β).

1.3.2.2. Modelo NRTL

Desenvolvida por Renon e Prausnitz (1968), a equação NRTL (Non-Random, Two–

Liquid), baseia-se no conceito de composição local. Elaborado por Wilson em 1964,

este conceito define que numa solução binária as moléculas dos dois componentes não

se distribuem de forma igual na mistura líquida. [97, 98]

Para sistemas ideais ou moderadamente ideais, NRTL não oferece muitas vantagens

comparativamente com outros modelos como Van Laar ou Margules – três sufixos. No

entanto, para sistemas fortemente não ideais (como no caso de sistemas com ácidos

gordos/álcoois de cadeia curta) esta equação pode fornecer uma boa qualidade para

estimar os três parâmetros.[99]

Uma das vantagens do NRTL é permitir a transferência de parâmetros obtidos do ajuste

do modelo a sistemas binários para o cálculo do equilíbrio de outros sistemas

multicomponentes que contenham os mesmos elementos.

Quando a diferença de massas molares entre os componentes dos sistemas estudados é

grande, como no caso de sistemas com ácidos gordos/álcoois de cadeia curta, é

recomendável o uso da fração mássica como unidade de composição.[29]

No modelo NRTL, o coeficiente de atividade quando a composição se encontra em

fração mássica é expresso da seguinte forma:

(27)

Onde,

(28)

(29)

(30)

(31)

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(32)

Onde e representam as interações energéticas entre os componentes ; é

o parâmetro de não aleatoriedade, portanto, se for igual a zero, a mistura é

completamente aleatória; T é a temperatura absoluta; são parâmetros de

interação energética. Ao todo são 5 parâmetros ajustáveis para cada par de

componentes.

Este modelo foi precedentemente aplicado por autores como Mesquita et al., Basso et

al. e outros, com sucesso a sistemas relacionados com a produção do biodiesel.[7, 13,

17, 18, 26-31]

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2 CAPÍTULO – Equilíbrio Líquido-Líquido

2.1. MATERIAL

Os ésteres utilizados neste trabalho, estearato, palmitato, caprilato e caproato de

etilo, foram adquiridos da Tecnosyn (Cajamar/São Paulo, Brasil), todos com pureza

superior a 99%. Os solventes usados foram o etanol anidro (Merck) com uma pureza de

99.9 %, Tetrahidrofurano (Tedia) com pureza de 99.8 % e glicerol (Sigma-Aldrich) com

pureza ≥ 99 %. Foi também usado metanol 99.9% (Carlo Erba) para a determinação do

grau de pureza dos ésteres.

2.2. METODOLOGIA

2.2.1. Determinação do grau de pureza

Todos os ésteres etílicos utilizados neste trabalho foram analisados por cromatografia

gasosa, de acordo com o método utilizado por Basso et al.[7]. As amostras foram

preparadas diluindo os ésteres em metanol e as análises feitas em triplicata. Foi utilizado

um cromatógrafo gasoso Perkin Elmer, Clarus 600, com detector FID (flame ionization

detector), sob as seguintes condições experimentais: coluna capilar Perkin Elmer Elite-

225 (50 % cianopropil – 50% fenilmetil polisiloxano) com as dimensões de

comprimento, diâmetro interno e espessura de 30m, 0.25mm e 0.25µm respectivamente;

temperatura do detector e injector de 250ºC; temperatura do forno a 100ºC por 5

minutos, o restante tempo de 100 a 230ºC (a uma taxa de 5ºC/min) e 230ºC por 20

minutos no final; hélio como gás de arraste: 1mL/min; volume injetado de 0.4 µL. O

perfil dos ésteres foi quantificado com base nas áreas dos picos e a sua identificação

segundo os respetivos tempos de retenção.

2.2.2. Determinação dos dados de equilíbrio líquido-líquido

Para a determinação dos dados de equilíbrio líquido–líquido foram utilizadas as mesmas

células de equilíbrio sugeridas por Follegatti-Romero et al. [8, 21], tubos de ensaio de

vidro com capacidade de cerca de 20mL. A composição global da mistura foi

previamente determinada, sendo cada componente pesado em balança analítica (Bel

engineering, modelo MarK 210A classe 1) e colocados em contato na célula de

equilíbrio. A mistura foi agitada vigorosamente usando um agitador de soluções

(Phoenix, modelo AP 56), a temperatura constante. Após este tempo, deixou–se em

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repouso, num banho termostático (Cole Parmer, modelo 12101–55) à temperatura

desejada. Após a separação e obtenção de duas fases em equilíbrio, em geral um tempo

de espera de 14-24 horas, as amostras de cada fase eram coletadas para posterior análise

dos componentes. A separação de fases é caracterizada por duas fases transparentes e

nitidamente observáveis. A recolha das amostras era feita com seringas (Injex, 10mL) e

agulhas de aço (modelo raquidiana, B-D). As amostras eram diluídas imediatamente

após a coleta com THF para garantir não só a diluição da amostra mas também para

evitar a separação de fases à temperatura ambiente. No entanto, devido à dificuldade de

diluição do glicerol no THF foi necessário o uso do UltraSom (Thornton, modelo

T1440), como completamento da agitação.

Para cada sistema ternário foi efetuada uma curva de calibração. As curvas foram

obtidas usando uma solução padrão com cada componente: éster etílico, etanol e

glicerol e diluídos em THF. As concentrações variam entre 1 e 80 mg/mL.

Tanto as amostras de curva de calibração como as dos sistemas ternários de ELL foram

analisadas por cromatografia líquida de alta pressão de exclusão molecular, HPSEC

(High Pressure Size Exclusion Chromatography). Esta técnica baseia-se na separação

das partículas com base no seu peso molecular, as moléculas maiores atravessam a

coluna mais rapidamente que as de tamanho menor. Por outras palavras, quanto mais

pequena a molécula, maior o tempo de retenção na coluna.

O cromatógrafo usado foi um Shimadzu VP equipado com detetor RID (Refractive

Index Detector) modelo 10A de refratómetro diferencial, injetor automático (volume de

20 µL), uma coluna de forno CTO-10ASVP (mantida a uma temperatura de 40ºC), uma

coluna HPSEC Phenogel (100 Å, 300 mm × 7.8 mm com um diâmetro interno de 5

mm), coluna de reserva Phenogel (30 mm × 4.6 mm), sistema controlo modelo SCL-

10AVP e o software de controlo remoto LC-Solution 2.1.

As análises foram realizadas em triplicatas e no trabalho são apresentadas as médias. As

frações mássicas dos três componentes foram determinadas com base nas áreas dos

picos e ajustados de acordo com os valores obtidos pela curva de calibração

previamente determinada.

Para avaliar o rigor e precisão das leituras dos cromatogramas foi calculado o desvio

padrão relativo (RSD, Relative Standard Deviation).

Page 51: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

(33)

Em que,

(34)

(35)

O representa o desvio padrão dos valores das medições e o valor médio.

2.2.3. Cálculo dos Desvios no Balanço de Massa

Para avaliar a qualidade e precisão dos resultados dos experimentos de equilíbrio foi

empregue o procedimento desenvolvido por Marcilla et al. [100]. Este método foi

adaptado recentemente para sistemas com ésteres etílicos por Follegatti-Romero et

al.[14] para calcular os desvios no balanço de massa das fases. Este método já foi

utilizado para corroborar a validade de muitos trabalhados relacionados com sistemas

envolvidos em processos produtivos de biodiesel. [7, 8, 21, 26, 101]

O procedimento consiste em calcular o valor da massa de ambas as fases líquidas e

compará-lo com o valor real da massa total utilizada no experimento, fornecendo um

desvio relativo para cada ponto de mistura global.

De acordo com este cálculo, balanços de componentes independentes podem ser

escritos, com = 1, ..., n, sendo cada componente do sistema:

(36)

Onde: é a massa da mistura inicial (composição global); são as massas

das fases ricas em éster e em glicerol, respectivamente; a fração mássica do

componente na mistura inicial e

a fração mássica do componente na fase

rica em éster e na de glicerol, respectivamente.

Com estas equações é possível calcular os valores de , a partir das

composições experimentais das fases (

) e das massas dos componentes

adicionados nos tubos de teste de equilíbrio. Para isso usa-se um ajuste de mínimos

quadrados: se é a matriz formada pelos valores de , é a matriz transformada

Page 52: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

(formada pelos valores de

), e é a matriz formada pelas quantidades de

casa fase ( ), sendo os sistemas descritos como:

(37)

A equação (37) pode ser reescrita como:

(38)

Onde é a matriz transposta de e é a matriz inversa de .

Desta maneira, os valores de e (matriz ), os quais minimizam os erros dos

sistemas, podem ser calculados. A massa total calculada ( ) pode então ser

comparada a para estimar um desvio relativo de balanço de massa global,

calculado como:

(39)

Onde, desvio relativo abaixo de 0,5 % indica que os dados experimentais são de

boa qualidade[30]. Caso os valores obtidos sejam superiores ao valor supracitado ,

sugere-se refazer os experimentos.

Adicionalmente, o desvio relativo do balanço de massa pode ser calculado para cada

componente ( ). O desvio relativo para cada componente em cada tie-line N, é

calculado de acordo com a seguinte equação:

(40)

Onde é a fração mássica do componente associado a massa da composição global

.

são respectivamente, as massas da fase rica em éster e em glicerol,

e

as frações mássicas do componente das duas fases.

2.2.4. Equações Othmer -Tobias e Hand

Adicionalmente, foram testadas as correlações de Othmer e Tobias e Hand. [102] O

objectivo destes testes é corroborar a qualidade e precisão dos resultados e do balanço

de massas.

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A equação do Othmer-Tobias é descrita pela equação (41):

(41)

Onde, é a fração mássica do glicerol na fase glicerol ,

é a fração (fração dos

FAEEs) na fase éster, é o coeficiente linear e o coeficiente angular.

Por sua vez, a equação de Hand é descrita da seguinte forma:

(42)

Onde, e

é a fração mássica do etanol na fase glicerol e éster respectivamente ,

é a fração de glicerol na fase glicerol e

a fração mássica dos FAEEs na fase

éster, é o a coeficiente linear e o coeficiente angular.

2.2.5. Determinação dos coeficientes de distribuição e parâmetro de

seletividade

Os coeficientes de distribuição ( ) permitem avaliar a distribuição de cada

componente entre as duas fases líquidas em equilíbrio. No presente caso o principal

coeficiente de distribuição é aquele referente ao etanol, porque este componente é

totalmente miscível com os outros dois componentes do sistema, o éster etílico e o

glicerol, e por este motivo normalmente encontra-se em concentrações relativamente

altas nas duas fases, afetando de forma significativa a solubilidade dos outros

componentes. Os outros dois componentes, éster e glicerol, apresentam uma

miscibilidade mútua pequena e por esta razão devem ter concentrações muito diferentes

entre as duas fases em equilíbrio.

Neste trabalho calcularam-se os coeficientes de distribuição pelas equações (43) e (44)

para os componentes etanol e glicerol, respectivamente, dividindo a concentração destes

compostos na fase éster pela sua concentração na fase glicerol. O parâmetro de

seletividade foi calculado pela divisão dos coeficientes de distribuição, de acordo com a

equação (45).

(43)

(44)

Page 54: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

(45)

Os coeficientes de distribuição e o parâmetro de seletividade são, normalmente,

utilizados para avaliar o desempenho de um solvente num processo de extração líquido-

líquido. Neste caso, um bom solvente é aquele capaz de extrair bem o composto de

interesse (normalmente o composto totalmente miscível com os outros componentes do

sistema), dissolvendo muito pouco o outro composto da mistura original que se deseja

separar. De facto, com este último componente da mistura o solvente deve ter uma

miscibilidade mútua muito pequena.

O presente trabalho prende-se, não com um processo de extração líquido-líquido

propriamente dito, mas com a decantação de duas fases líquidas em equilíbrio, a qual

ocorre no final da reação de produção de biodiesel. Assim, a interpretação dos

coeficientes de distribuição e de seletividade relaciona-se com o nível de contaminação

do biodiesel no final da etapa reacional. Desta forma, um valor de coeficiente de

distribuição menor do que 1 para etanol indica uma preferência do álcool usado em

excesso na reação, pela fase glicerol. Esta preferência indica que quanto menor o valor

do coeficiente de distribuição, menor será a contaminação do biodiesel pelo glicerol.

Consequentemente, valores elevados do parâmetro de seletividade sugerem baixa

contaminação da fase éster com o glicerol produzido e também com o excesso de álcool

necessário para a reação, o que facilita o procedimento de purificação de biodiesel. No

entanto, em sistemas em que o excesso de reagente alcoólico seja maior (sistemas de

equilíbrio com mais etanol ao final da reação) a seletividade tende a diminuir. Na

verdade, sendo totalmente miscível com os outros dois compostos do sistema, o etanol,

quando em elevadas concentrações facilita a solubilização de glicerol na fase éster e

também do éster na fase glicerol.

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2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram determinados os dados de equilíbrio líquido-líquido dos seguintes sistemas

ternários:

Palmitato de etilo (1) + etanol (5)+glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e 70ºC;

Estearato de etilo (2)+ etanol (5)+glicerol (6) à temperatura de 40, 50 e 70ºC;

Caprilato de etilo (3) + etanol (5)+glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e 70ºC;

Caproato de etilo (4) + etanol (5)+glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e 70ºC;

O sistema ternário composto por palmitato de etilo, etanol e glicerol à temperatura de

50ºC tinha como intuito servir de sistema teste. O sistema à temperatura mencionada já

tinha sido previamente estudado por Follegatti-Romero et al.[8] servindo como teste de

validação da técnica em uso.

O sistema com estearato de etilo difere numa temperatura dos restantes, devido ao seu

ponto de fusão mais elevado (superior a 30ºC).

Todos os ésteres etílicos estudados apresentam um grau de pureza superior a 99% como

indicado na tabela 5.

Tabela 5. Grau de pureza dos ésteres etílicos determinados por cromatografia

gasosa.

Éster etílico Grau de pureza (%)

Palmitato de etilo >99.00 (≈ 99.21)

Estearato de etilo >99.00 (≈ 99.10)

Caprilato de etilo >99.00 (≈99.10)

Caproato de etilo >99.00 (≈ 99.80)

2.3.1. Sistema Palmitato de Etilo (1) + Etanol (5)+ Glicerol (6)

Na tabela 7 encontram-se os dados experimentais de equilíbrio líquido-líquido da

composição geral e das fases obtidos para as diferentes temperaturas assim como, o kd5

e S. Os valores indicam que tanto os ésteres etílicos como o glicerol são solúveis no

etanol, todavia os FAEEs e o glicerol são apenas parcialmente miscíveis um no outro.

Todavia, na fase éster (fase leve) a presença do glicerol é significativamente menor do

que a do éster na fase glicerol (fase pesada). Por exemplo, enquanto à temperatura de

30ºC, na fase éster o valor do glicerol é de 1.88 wt%, o valor do éster na fase glicerol é

de 18.16 wt%. A baixa solubilidade do glicerol na fase leve indica que é possível obter

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uma separação quase completa do glicerol do biodiesel.[13] Igualmente, à temperatura

de 30ºC verifica-se que na fase leve o valor do etanol é 24.58 wt%. e na fase glicerol é

de 52.55 wt%. Estes resultados indicam que o etanol apresenta maior solubilidade na

fase pesada do que na fase leve. Este facto é confirmado pelos valores de coeficiente de

distribuição do etanol (Kd5), presentes na tabela 6. Todos os valores obtidos são

inferiores a 1, o que segundo a eq.(43) indica que a distribuição do etanol é maior na

fase glicerol. O aumenta com o aumento da temperatura.

Os valores de seletividade, altos e sempre maiores do que 1, indicam que a

contaminação com glicerol é bem menor do que com etanol, o que facilita a purificação

do biodiesel. De notar que o valor de seletividade diminui com o teor de etanol uma vez

que, mais etanol no sistema provoca um aumento na solubilidade do glicerol na fase

éster.

Quanto mais etanol sobrar no sistema ao final da reação, mais trabalhosa será a

purificação, não somente porque tem mais etanol na fase biodiesel, mas também porque

mais etanol na fase biodiesel dissolve mais glicerol.

Page 57: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Tabela 6 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo

palmitato de etilo(1)+etanol (5)+Glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC.

Éster

etílico

T(ºC)

Composição Geral Fase Rica em Ésteres Fase Rica em Glicerol Kd5a S

b

100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6 100w1

Palmitato

de etilo

30

25.610 48.789 25.601 73.543 24.577 1.880 18.155 52.552 29.293 0.47 7.289

28.786 42.529 28.685 77.964 20.870 1.165 11.946 50.429 37.625 0.41 13.363

34.257 31.418 34.326 84.570 14.877 0.553 1.421 43.732 54.847 0.34 33.727

39.368 21.242 39.390 89.477 10.307 0.217 1.519 31.204 67.277 0.33 102.638

42.220 15.447 42.333 91.746 8.132 0.122 1.148 22.572 76.280 0.36 225.249

47.539 9.519 42.942 94.208 5.706 0.086 1.699 13.399 84.901 0.42 420.216

54.054 0.000 45.946 99.591 0.000 0.409 1.022 0.000 98.978

50

24.992 50.026 24.982 61.701 33.466 4.832 8.907 58.141 32.952 0.58 3.925

29.013 41.983 29.004 73.354 24.379 2.267 2.957 53.250 43.793 0.46 8.845

34.925 30.059 35.016 82.630 16.294 1.076 1.564 40.047 58.389 0.41 22.087

39.942 20.223 39.835 86.178 13.002 0.820 1.033 26.207 72.761 0.50 44.049

42.959 14.129 42.912 89.818 9.730 0.453 0.758 19.850 79.392 0.49 85.965

54.923 0.000 45.077 99.950 0.000 0.050 0.754 0.000 99.246

70

25.161 49.742 25.098 59.660 37.341 2.999 16.349 52.902 30.749 0.71 7.237

28.658 42.660 28.682 70.268 27.842 1.890 8.796 48.449 42.756 0.57 13.000

34.518 31.004 34.478 77.486 21.618 0.896 4.444 38.509 57.047 0.56 35.740

39.882 20.289 39.830 84.814 15.012 0.174 1.445 25.088 73.468 0.60 252.336

42.417 15.188 42.395 87.792 12.121 0.087 1.271 17.324 81.405 0.70 653.003

53.966 0.000 46.034 99.918 0.000 0.082 1.081 0.000 98.919

a é a distribuição do etanol segundo a Eq. (43).

b S é o parâmetro de seletividade do etanol (solvente) segundo a Eq. (45).

Na figura 7 é apresentado o diagrama de fases com as tie-lines referentes ao sistema

palmitato de etilo + etanol + glicerol às diferentes temperaturas. Apesar das

divergências das tie-lines da região superior da separação de fases do diagrama,

verifica-se que com o aumento da temperatura a solubilidade do sistema ternário

aumenta.

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Figura 6. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por palmitato

de etilo (1)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de

30ºC (● e ─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─).

De uma forma geral, os dados de ELL estão de acordo com os obtidos por Follegatti-

Romero et al.[8]

2.3.2. Sistema Estearato de Etilo (2) + Etanol (5)+ Glicerol(6)

Os resultados obtidos para o sistema ternário estearato de etilo + etanol + glicerol

apresentam várias semelhanças com o sistema composto pelo palmitato de etilo.

Na tabela 6 encontram-se os dados de equilíbrio líquido-líquido das composições gerais

e por fases do sistema estearato de etilo + etanol + glicerol para as diferentes

temperaturas. A maioria dos valores de coeficiente de distribuição obtidos são inferiores

a 1, mostrando a preferência do etanol pela fase glicerol. A solubilidade do glicerol na

fase éster e vice versa é baixa. Porém, mantem-se maior a solubilidade para o éster na

fase glicerol.

Os valores elevados do parâmetro de seletividade sugerem uma contaminação baixa da

fase éster com o glicerol e também com o etanol. Quanto menor a fração mássica do

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6 w5

w2W1

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etanol menor a solubilidade do glicerol na fase éster, o que significa um biodiesel mais

puro.

Tabela 7 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo

estearato de etilo(2)+etanol (5)+Glicerol(6) a 40, 50 e a 70ºC.

Éster

etílico T(ºC)

Composição Geral Fase Rica em Éster Fase Rica em Glicerol Kd5a S

b

100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6

Estearato

de etilo

40

25.585 49.057 25.358 70.043 27.853 2.104 12.002 56.356 31.642 0.48 7.433

28.961 41.967 29.072 78.130 20.876 0.993 7.032 52.025 40.943 0.40 16.539

33.594 32.750 33.656 82.779 17.028 0.193 6.808 39.827 53.365 0.44 118.103

41.816 16.384 41.801 88.494 11.243 0.263 5.072 18.925 76.003 0.59 171.986

45.377 9.264 45.358 90.546 9.285 0.170 4.015 8.842 87.143 1.05 539.605

54.030 0.000 45.970 99.917 0.000 0.083 3.780 0.000 96.220

50

25.664 48.600 25.737 64.906 30.618 4.476 6.393 57.145 36.463 0.54 4.365

29.351 41.132 29.517 70.675 25.654 3.671 4.649 49.048 46.302 0.52 6.598

34.092 31.690 34.218 79.627 18.815 1.558 2.864 38.923 58.213 0.48 18.065

38.176 23.352 38.473 86.362 12.442 1.197 2.513 29.931 67.556 0.42 23.462

42.713 14.702 42.586 89.134 10.175 0.691 2.620 18.019 79.361 0.56 64.844

45.716 8.470 45.814 92.049 7.594 0.358 2.464 9.059 88.476 0.84 207.363

54.690 0.000 45.310 99.889 0.000 0.111 2.080 0.000 97.920

70

25.200 49.518 25.282 65.237 32.010 2.753 10.389 57.051 32.561 0.56 6.637

28.758 42.485 28.757 71.213 26.373 2.414 9.065 50.753 40.182 0.52 8.649

33.215 33.509 33.276 77.478 21.298 1.224 5.745 40.299 53.955 0.53 23.303

39.380 21.326 39.293 86.235 13.448 0.317 2.852 28.079 69.069 0.48 104.424

45.607 8.997 45.396 92.743 7.197 0.060 1.872 11.748 86.380 0.61 888.637

54.120 0.000 45.880 99.876 0.000 0.124 1.354 0.000 98.646

a é a distribuição do etanol segundo a Eq. (43).

b S é o parâmetro de seletividade do etanol (solvente) segundo a Eq. (45).

A variação da temperatura não aparenta ter um impacto significativo na alteração da

composição das fases, como observável na figura 6. No entanto, a solubilidade do

etanol na fase éster aumenta ligeiramente com o incremento da temperatura.

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Figura 7. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por estearato

de etilo (2)+ etanol (5)+ glicerol (6), às diferentes temperaturas. Temperatura de

40ºC (● e ─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─).

Os resultados obtidos para o sistema composto por estearato de etila para as

temperaturas de 40ºC e 50ºC vão de encontro aos obtidos por Andrade et al.[19], apesar

da metodologia aplicada ser distinta. Este facto acaba por corroborar e validar a técnica

em uso neste trabalho.

De salientar que o comportamento de ELL dos sistemas com estearato e palmitato de

etilo vão de encontro aos obtidos para trabalhos com biodiesel de girassol, palma,

algodão ou de soja. Qualquer um destes biodieseis apresenta na sua constituição ésteres

de cadeia de carbono longa como o palmitato e estearato de etilo, C16:0 e C18:0,

respectivamente .[13, 16, 18, 20]

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6w5

w1W2

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2.3.3. Sistema Caprilato de Etilo + Etanol+ Glicerol

Na tabela 8 encontram-se os dados de ELL pertencentes às diferentes temperaturas do

sistema caprilato de etilo + etanol + glicerol. Contrariamente aos sistemas até agora

apresentados, a solubilidade do éster na fase glicerol e do glicerol na fase éster são

quase idênticas. Da mesma forma, o etanol encontra-se praticamente distribuído de

forma equiparável entre a fase éster e a fase glicerol. Assim, os coeficientes de

distribuição obtidos apresentam valores muito próximos, iguais ou até mesmo

superiores a 1. Consequentemente, em sistemas compostos por caprilato de etilo a

purificação fica dificultada pelo aumento da presença do etanol. O caprilato de etilo é

um éster de cadeia curta (C8:0) ao contrário do estearato e palmitato de etilo. Os ésteres

de cadeia curta são menos apolares que os de cadeia longa o que aumenta a afinidade

com o etanol.

De salientar ainda que com o aumento da concentração do etanol na fase éster verifica-

se o aumento da solubilidade do glicerol. Quando comparada a solubilidade do glicerol

na fase éster de um sistema composto por palmitato de etilo com um composto por

caprilato de etilo, à temperatura de 70ºC, verifica-se que a fração mássica máxima é de

2.999% e de 6.797% respectivamente . Assim, um sistema com mais etanol fica mais

polar, aumentando a sua capacidade de dissolver o glicerol. Facto este que acarreta

desvantagens no processo de purificação do biodiesel.

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Tabela 8 - Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo

caprilato de etilo(3)+etanol (5)+ glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC.

Éster

etílico T(ºC)

Composição Geral Fase Rica em Éster Fase Rica em Glicerol Kd5a Sb

100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6

Caprilato

de Etilo

30

34.249 31.517 34.235 61.462 32.341 6.197 5.179 31.867 62.955 1.01 10.310

36.345 27.227 36.428 68.976 26.988 4.036 3.603 27.049 69.348 1.00 17.145

40.061 19.394 40.545 77.558 21.510 0.932 2.173 17.839 79.988 1.21 103.491

41.830 16.371 41.800 82.028 17.606 0.366 1.087 14.239 84.674 1.24 286.049

45.097 9.704 45.199 88.075 10.877 1.048 0.673 7.866 91.461 1.39 120.639

55.241 0.000 44.759 98.353 0.000 1.647 0.194 0.000 99.806

50

34.258 31.491 34.251 61.868 31.685 6.447 5.825 32.411 61.764 0.97 9.365

36.176 27.108 36.716 68.565 27.092 4.343 2.931 27.513 69.556 0.98 15.772

38.839 21.555 39.606 76.479 21.482 2.039 3.245 23.527 73.227 0.91 32.789

43.380 13.169 43.451 85.887 13.403 0.710 1.351 13.542 85.107 0.99 119.403

45.939 8.383 45.678 89.728 9.767 0.505 0.768 7.839 91.392 1.25 225.624

54.953 0.000 45.047 98.770 0.000 1.230 0.330 0.000 99.670

70

34.301 31.306 34.393 61.392 31.811 6.797 7.048 31.784 61.168 1.00 9.007

36.784 26.547 36.670 68.637 28.106 3.257 4.181 26.065 69.754 1.08 23.091

39.855 20.224 39.921 76.364 21.588 2.048 1.465 18.657 79.878 1.16 45.122

42.638 14.638 42.723 83.662 15.734 0.604 0.689 13.848 85.463 1.14 160.751

45.796 8.023 46.181 89.034 10.835 0.131 0.475 5.713 93.812 1.90 1357.476

53.910 0.000 46.090 99.984 0.000 0.016 0.106 0.000 99.894

a é a distribuição do etanol segundo a Eq. (43).

b S é o parâmetro de seletividade do etanol (solvente) segundo a Eq. (45).

Quanto maior o valor do parâmetro de seletividade menor a contaminação por glicerol e

etanol. Tal como nos sistemas anteriores a seletividade diminui com o aumento da

fração mássica do etanol nas fases, devido ao aumento da solubilidade dos compostos.

Ao observarmos o diagrama de equilíbrio, ilustrado na figura 8, verifica-se que a

variável temperatura não apresenta um impacto significativo na solubilidade do sistema.

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Figura 8. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por caprilato

de etilo (3)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de

30ºC (● e ─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─).

2.3.4. Sistema Caproato de Etilo + Etanol+ Glicerol

Tal como, no caso do sistema ternário com o caprilato de etilo, o sistema caproato de

etilo + etanol + glicerol apresenta um comportamento de ELL distinto dos restantes

sistemas. Nos dados de equilíbrio apresentados na tabela 9 é possível observar que a

solubilidade do glicerol é maior na fase éster que a solubilidade do éster na fase glicerol.

Igualmente, a distribuição do etanol é maior na fase éster. Este fenómeno prende-se com

os ésteres de cadeia curta serem menos apolares que os de cadeia longa e

consequentemente apresentarem maior afinidade com o etanol. De facto, todos os

valores de coeficiente de distribuição do etanol são maiores que 1. Estes dados indicam

a preferência do etanol pela fase éster e, portanto, maior contaminação com etanol na

fase biodiesel e consequentemente uma purificação do biodiesel mais trabalhosa.

Quando comparado com os restantes sistemas, os sistemas com caproato de etilo

apresentam concentração de etanol na fase éster superiores; comparativamente, a fração

mássica máxima do glicerol, na fase éster, no sistema com caproato de etilo a 70ºC, é de

11.605% e do sistema com palmitato de etilo, à mesma temperatura, é de 2.999%.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6 w5

w3

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Tal como nos sistemas previamente apresentados, os sistemas compostos por caproato

de etilo apresentam valores de seletividade elevados.

Tabela 9. Dados equilíbrio líquido-líquido para sistema ternário contendo

caproato de etilo(4)+etanol (5)+Glicerol(6) a 30, 50 e 70ºC.

Éster

etílico T(ºC)

Composição Geral Fase Rica em Éster Fase Rica em Glicerol Kd5a S

b

100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6 100w1 100w5 100w6

Caproato

de Etilo

30

34.896 30.265 34.839 55,921 33,949 10,130 7,795 27,805 64,400 1,22 7,762

36.380 27.283 36.338 61,382 30,050 8,568 2,033 23,896 74,070 1,26 10,871

40.111 20.015 39.874 73.464 23.279 3.258 1.030 16.454 82.516 1.41 35.835

42.307 15.361 42.333 77.745 20.304 1.950 0.406 10.918 88.675 1.86 84.547

45.358 9.523 45.119 84.794 13.953 1.253 0.126 4.580 95.294 3.05 231.692

54.911 0.000 45.089 99.688 0.000 0.312 0.192 0.000 99.808

50

34.272 31.348 34.380 56.084 32.697 11.219 4.544 29.516 65.941 1.11 6.511

36.348 27.174 36.478 62.740 29.199 8.062 2.511 24.689 72.800 1.18 10.680

39.871 20.278 39.851 72.481 23.106 4.413 0.631 17.345 82.024 1.33 24.760

41.737 16.490 41.773 77.127 19.871 3.001 0.253 12.624 87.123 1.57 45.693

45.155 9.651 45.195 85.282 14.124 0.594 0.169 5.629 94.202 2.51 397.767

55.024 0.000 44.976 99.323 0.000 0.677 0.034 0.000 99.966

70

0.344 0.313 0.343 50.924 37.471 11.605 5.190 23.485 71.325 1.60 9.807

0.368 0.264 0.368 60.588 32.470 6.942 3.568 16.135 80.296 2.01 23.277

0.399 0.200 0.402 68.586 28.754 2.660 2.113 9.944 87.943 2.89 95.592

0.424 0.152 0.425 75.319 22.485 2.197 1.815 6.913 91.272 3.25 135.140

0.473 0.057 0.471 88.396 11.226 0.377 1.811 0.739 97.450 15.19 3923.321

0.521 0.000 0.479 99.964 0.000 0.036 0.884 0.000 99.116

a é a distribuição do etanol segundo a Eq. (43).

b S é o parâmetro de seletividade do etanol (solvente) segundo a Eq. (45).

Na figura 9, encontra-se o diagrama de fases de equilíbrio com as tie-lines pertencentes

às diferentes temperaturas do sistema caproato de etilo + etanol + glicerol. A

solubilidade do sistema parece ser significativamente influenciada pelo aumento da

temperatura. Particularmente na temperatura de 70ºC, a solubilidade do etanol na fase

éster aumenta. Este fenómeno prende-se, presumivelmente, com o facto do caproato de

etilo ser de todos o ésteres, o de cadeia mais curta (C6:0). Adicionalmente, estes dados

podem indicar que um biodiesel rico em ésteres de cadeia curta pode ser suscetível a um

processo de separação térmico.

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Figura 9. Comportamento das tie-lines do sistema ternário composto por caproato

de etilo (4)+ etanol (5)+ glicerol (6) às diferentes temperaturas. Temperatura de

30ºC (● e ─), 50ºC (▲ e ─) e 70ºC (■ e ─).

Na figura 10 são comparados os coeficientes de distribuição do etanol para os diferentes

sistemas à temperatura de 50ºC. No gráfico observa-se que o sistema composto por

caproato de etilo apresenta os valores de distribuição etanol mais elevados, seguido do

sistema caprilato de etilo + etanol + glicerol. A distribuição do etanol nos sistemas com

estearato ou palmitato de etilo + etanol + glicerol são aproximadamente idênticas. Para

as restantes temperaturas o comportamento do coeficiente de distribuição do etanol é

semelhante.

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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Figura 10. Distribuição do etanol na fase glicerol dos diferentes sistemas à

temperatura de 50ºC. Sistema com Estearato de etilo (♦), Palmitato de etilo (■)

Caprilato de etilo (▲) e caproato de etilo (×).

Segundo os resultados apresentados até agora é possível afirmar que a distribuição do

etanol está relacionada com o número de carbonos dos ésteres presentes no sistema.

Esta afirmação pode, em parte, ser confirmada por outros trabalhos que serão discutidos

em seguida.

A Figura 11 mostra dados de ELL de sistemas ternários compostos por biodiesel de óleo

de coco + etanol + glicerol à temperatura de 25ºC determinados por Mesquita et al..[17]

Pela análise da figura observa-se que a solubilidade do etanol na fase glicerol é maior

que na fase éster. No entanto, a discrepância de solubilidade entre uma fase e outra não

é excessiva. Por outro lado o mesmo autor, Mesquita et al., determinou os dados de

ELL de um sistema composto com biodiesel de óleo de semente de algodão+ etanol +

glicerol, ilustrado na figura 12. [13] Neste diagrama de equilíbrio é possível verificar

que a solubilidade do etanol nas duas fases difere de forma expressiva.

De uma forma geral, o sistema representado na figura 12, apresenta um comportamento

comparável ao dos sistemas obtidos neste trabalho com o estearato e palmitato de etilo.

O sistema da figura 11, tende para uma situação como a descrita pelo sistema com

caprilato de etilo.

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Figura 11. Dados de equilíbrio líquido-líquido do sistema ternário com biodiesel de

óleo de coco+ etanol+ glicerol (─●). [17]

Figura 12. Dados de equilíbrio líquido-líquido do sistema ternário com biodiesel

de óleo de semente de algodão+ etanol+ glicerol (─●).[13]

A diferença mais importante entre o biodiesel de coco e o de semente de algodão, está

relacionada com o perfil de ésteres metílicos de ácidos gordos da matéria-prima. No

Biodiesel de óleo de coco

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Etanol

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Glicerol

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Biodiesel

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Etanol

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Glicerol

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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anexo 1 encontram-se as tabelas com as composições do óleo de coco e de semente de

algodão, de ésteres metílicos de ácidos gordos. Assim, enquanto o biodiesel de algodão

é rico em ésteres de cadeia longa como oléico (C18:1) e linoléico (C18:2), o de coco é

rico em láurico (C12:0) de cadeia mais curta. O estearato de etilo possui 18 carbonos, o

palmitato de etilo 16 e o caprilato e caproato de etilo 8 e 6 carbonos, respectivamente,

considerando somente os átomos de carbono do ácido gordo correspondente. Desta

forma, faz sentido que o comportamento das tie-lines do sistema com o caprilato de

etilo se aproxime dos resultados obtidos por um sistema com biodiesel com ésteres de

cadeia mais curta e os sistemas com estearato ou palmitato de etilo se aproximem de um

biodiesel com ésteres de cadeia longa. Consequentemente, o caproato de etilo, como

éster de cadeia mais curta terá o comportamento inverso aos sistemas de ésteres de

cadeia longa. Estes resultados servem para suportar a consistência dos dados de

equilíbrio obtidos neste trabalho.

Na tabela 10 são mostrados os valores obtidos para os desvios de balanços de massa e

os coeficientes de correlação de Othmer-Tobias e Hand, dos dados experimentais de

ELL. De uma forma geral, os valores de desvio de balanço de massa são inferiores a

0.30% o que indica uma boa qualidade de dados medidos. Adicionalmente, os

coeficientes de regressão das correlações Othmer-Tobias e Hand confirmam a

consistência e robustez dos dados, com valores superiores a 0.950.

Os gráficos com as retas correspondentes às correlações de Othmer-Tobias e Hand de

cada sistema encontram-se no anexo 2.

Relativamente aos desvios relativos de balanço de massa por componente para o do

sistema com o palmitato de etilo e com o estearato de etilo + etanol + glicerol os valores

variaram entre 0.03-6%, 0.2-6% e 0.1-6% para as medições do éster, etanol e glicerol,

respectivamente. Os desvios obtidos nas medições do sistema com o caprilato de etilo e

com o caproato de etilo + etanol + glicerol os valores variaram entre 0.1-8%, 0.07-7% e

0.07-8% para as medições do éster, etanol e glicerol, respectivamente. As percentagens

de desvio mais elevadas correspondem às composições de fases com frações mássicas

mais baixas. No caso dos ésteres de número de carbono mais baixo, caproato e caprilato

de etilo, a resposta do detetor não é tão precisa, o que juntamente com uma fração

mássica baixa dificulta a leitura do cromatograma. Porém, de forma geral, os valores

são baixos e indicam consistência nos dados medidos.

No anexo 3 é possível observar um dos cromatogramas obtidos.

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Tabela 10. Desvios do balanço de massa da composição de fases e coeficientes de

regressão de Othmer-Tobias e Hand para os diferentes sistemas às diferentes

temperaturas.

Éster etílico T(ºC) 100 δa R

2

Othmer-Tobias b

R2

Hand c

Estearato de etilo

40 0.28 0.971 0.962

50 0.22 0.968 0.953

70 0.29 0.997 0.996

Palmitato de etilo

30 0.19 0.998 0.995

50 0.29 0.974 0.968

70 0.14 0.994 0.986

Caprilato de etilo

30 0.16 0.996 0.995

50 0.23 0.979 0.974

70 0.12 0.980 0.974

Caproato de etilo

30 0.13 0.972 0.976

50 0.11 0.993 0.984

70 0.25 0.998 0.983

a Desvio relativo do balanço de massa global, calculado pela equação

. b

Coeficientes de Regressão de Othmer-Tobias calculado pela equação

. c Coeficientes

de Regressão de Hand calculado pela equação

.

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3 CAPÍTULO - Modelação CPA EoS

3.1. MODELAÇÃO DOS DADOS EXPERIEMENTAIS

Como anteriormente mencionado o modelo escolhido para descrever os dados

experimentais foi a CPA EoS. Esta equação de estado foi aplicada com sucesso por

outros autores em trabalhos prévios com sistemas formados por multicomponentes do

biodiesel. [8, 16, 21, 25] Para a aplicação da CPA EoS a sistemas de equilíbrio de

multicomponentes foi necessário estimar os parâmetros não associativos dos

componentes puros ( ) bem como os parâmetros associativos (εij e o βij) . Os

valores dos parâmetros não associativos dos sistemas com os ésteres etílicos estearato e

palmitato de etilo, foram retirados do artigo de Follegatti-Romero et al. [8] sobre

sistemas ternários compostos por FAEEs, etanol e glicerol. Os valores de caproato e

caprilato de etilo foram calculados por correlação do número de carbonos, como

sugerido por Oliveira et al.[103]. As temperaturas críticas (Tc) de cada éster etílico

foram encontradas na literatura [8, 25, 104, 105] e os cinco parâmetros puros CPA para

o etanol e para o glicerol foram estabelecidos em trabalhos anteriores[8, 22, 89]. O

esquema associativo usado para o álcool foi o 2B e para o glicerol o 3 2B.

Por fim, resta o coeficiente interação binária, kij e de de volume associativo, βij. A

maioria dos parâmetros de interação já se encontravam previamente estabelecidos e

disponíveis na literatura. Assim, no caso do kij e o βij da interação ésteres de ácidos

gordos + glicerol os valores foram fixos em 0.129 e 0.100, respectivamente. Valores

previamente utilizados por Oliveira et al. e Follegatti-Romero et al. na modelação de

sistemas com multicomponentes do biodiesel.[8, 23] Por sua vez, o valor de βij (ésteres

de ácidos gordos+ etanol) foi fixo em 0.10, por Oliveira et al. [89] e o 0.060 do kij

(glicerol e etanol), retirado de um trabalho de Oliveira et al. [22].

Os valores de da interação do estearato e palmitato de etilo com etanol, foram

obtidos por correlação linear com o número de carbonos do éster etílico. Correlação

estabelecida por Oliveira et al. [22] e definida pela seguinte equação:

(46)

Em que, Cn é o número de carbonos.

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Os valores de da interação do caprilato e caproato de etilo com etanol, foram

calculados pela mesma correlação mas foi necessário um reajuste dos mesmos.

Os desvios médios (∆w) entre as composições experimentais e as estimadas pela CPA

EoS foram calculadas através da equação:

(47)

Em que o N é o número total de tie-lines que correspondem ao sistema, R é o número

total de componentes do sistema, é fração mássica na fase rica em glicerol (FG) ou

em éster (FE), o i é o componente, n é o número da tie-line, os sobrescritos e

representam as composições experimentais e calculadas.

3.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros da CPA EoS utilizados no modelo estão indicados na Tabela 11.

Relativamente aos valores dos parâmetros de interação binária e volumes associativos

foram retirados da literatura ou de correlações com o número de carbono como

anteriormente mencionado. No entanto, no caso do dos sistemas com caprilato e

caproato de etilo foi necessário ajustar alguns dos parâmetros de interação binária para

aumentar a capacidade de previsão do modelo.

Tabela 11. Parâmetros CPA dos componentes puros e temperaturas críticas.

Composto TC

(K)

a0

(J m3 mol

-2)

c1 b 10

5

(m3 mol-1) ε(J mol-1) Β

Palmitato de etilo 766.41 10.80 1.65 33.37 - -

Estearato de etilo 788.63 12.09 1.75 37.17 - -

Caprilato de etilo 658.71 5.65 1.24 18.69 - -

Caproato de etilo 615.20 4.37 1.14 15.15 - -

Etanol 514.70 0.68 0.94 4.75 21336 0.0190

Glicerol 766.10 1.21 1.06 6.96 19622 0.009

Assim, para os sistemas compostos por estearato e palmitato de etilo com etanol e

glicerol os coeficientes de interação binária e de associação, os valores encontrados na

literatura foram transferíveis de forma satisfatória. Estes valores encontram-se na

Page 72: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Tabela 12. Nas figuras 13-18, estão ilustrados os respetivos diagramas de equilíbrio

líquido-líquido com os dados experimentais e obtidos pelo modelo CPA EoS.

Tabela 12. Parâmetros de interação binária e volume de associação.

kij (Palmitato de etilo+etanol) -0.020

kij (Estearato de etilo+etanol) -0.026

kij (Ésteres étilicos+ glicerol) 0.129

kij (etanol+glicerol) 0.060

βij (ésteres étilicos+ etanol) 0.10

βij (ésteres étilicos+ glicerol) 0.100

Palmitato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 13. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

W1

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Figura 14. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

Figura 15. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

W1

W1

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Estearato de etilo (2) + etanol (5)+ glicerol (6) à temperatura de 40, 50 e

70ºC

Figura 16. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 40ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

Figura 17. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w1

w5w6

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w1

w5w6

W2

W2

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Figura 18. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo CPA EoS (─).

Após verificar que os parâmetros de interação binária encontrados na literatura não se

adequavam ao sistema com caproato e caprilato de etilo, foi necessário investigar qual o

conjunto de parâmetros mais apropriado para melhorar a capacidade de previsão do

modelo. Os valores apresentados na tabela 13 foram considerados os melhores. Na

mesma tabela estão presentes os coeficientes de interação binários originais. De

salientar que no caso do sistema com caproato de etilo foi necessário reajustar o kij

éster-etanol, de acordo com a temperatura. Aparentemente, o aumento de temperatura

tem um impacto significativo na solubilidade do sistema, o que faz com que o

comportamento das tie-lines varie consideravelmente. Essa discrepância de

comportamento influencia de forma negativa a capacidade preditiva do modelo.

Os diagramas de equilíbrio líquido-líquido com os dados experimentais e calculados

com a CPA EoS, com os parâmetros de interação binária originais e ajustados,

encontram-se nas figuras 19-30.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w1

w5w6

W2

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Tabela 13. Coeficientes de interação binária e associação.

kij (Caprilato de etilo+etanol) aoriginal 0.004

kij (Caprilato de etilo+etanol)b -0.01

kij (Caproato de etilo+etanol)a 0.010

kij (Caproato de etilo+etanol) b -0.002

kij (Caproato de etilo+etanol) c -0.08

kij (ésteres etílicos+ glicerol) 0.129

kij (etanol+glicerol) 0.060

βij (ésteres étilicos+ etanol) 0.10

βij (ésteres étilicos+ glicerol) 0.100

a Valor original. b Valor ajustado. c Valor ajustado para a temperatura de 700C.

Caprilato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 19. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w3

w5w6

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Figura 20. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Figura 21. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

W4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

W5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

W6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w3

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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Figura 22. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Figura 23. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

w3

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w3

w5w6

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Figura 24. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Caproato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 25. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w3

W4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

W5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

W6

0,0

0,1

0,2

0,3

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0,5

0,6

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1,0

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Figura 26. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Figura 27. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Sistema a 30ºC

W4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

W5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

W6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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Figura 28. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Figura 29. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação originais.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Page 82: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Figura 30. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC com os coeficientes de interação ajustados.

Resultados experimentais (--- e ●) e com modelo CPA EoS (─).

Os desvios médios (∆w) entre as composições experimentais e calculadas pela CPA

EoS encontram-se na tabela 14. Os desvios variam de 3.16 a 7.02% e quando

relacionados com outros trabalhos são encarados como bons resultados [8, 16, 21, 23,

25, 106].

De uma maneira geral, o modelo descreve de forma satisfatória os dados experimentais

de ELL. No caso do estearato e do palmitato os valores de desvio são ligeiramente mais

elevados que no caso dos sistemas de caprilato e caproato de etilo. No entanto, quer no

caso do palmitato quer no caso do estearato os valores de desvio entre as composições

calculadas e experimentais são mais acentuados perto da região de plait point. A região

inferior da separação de fases é uma das partes mais importantes do diagrama de fases,

para a decantação que ocorre na etapa final da reação para produção de biodiesel,

porque o excesso de álcool empregado gera concentrações do sistema normalmente

localizadas nesta parte do diagrama.[8] Particularmente, esta região no caso do estearato

e palmitato de etilo foi bem descrita pela CPA. Adicionalmente, os parâmetros de

interação usados na modelação destes sistemas foram transferidos de outros trabalhos, o

que mostra a capacidade de previsão, consistência e a simplicidade do modelo.

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Page 83: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Tabela 14.Desvios médios (∆w) entre a composição obtida experimentalmente e

calculada pela CPA EoS.

Sistema T (ºC) 100∆wa

Palmitato de etilo (1) + etanol (5)+glicerol (6)

30 6.24

50 5.41

70 5.64

Estearato de etilo (2)+ etanol (5)+glicerol (6)

40 7.02

50 6.92

70 6.21

Caprilato de etilo (3) + etanol (5)+glicerol (6)

30 3.59

50 2.70

70 3.23

Caproato de etilo (4) + etanol (5)+glicerol (6)

30 5.09

50 4.18

70 3.16

a Calculado pela Eq. (47)

No caso do caprilato e caproato de etilo, com a alteração dos coeficientes de interação

binária foi possível descrever de forma bastante satisfatória os sistemas. No estudo

realizado sobre o kij (caprilato de etilo-etanol), foi possível aferir que em ordem a

descrever apropriadamente as tie-lines da região inferior de separação do diagrama de

fases a descrição das tie-lines da região superior ficava comprometida. O mesmo

sucedeu com o sistema composto por caproato de etilo. Assim, foi decidido que seria

preferível tentar descrever o diagrama de fases no seu todo e não apenas as tie-lines

superiores ou inferiores. Adicionalmente, o sistema com o caproato etilo mostrou ser

mais sensível ao aumento da temperatura o que influenciou a escolha de um parâmetro

de interação binária (éster-etanol) para a temperatura de 70ºC diferente das restantes.

Assim apenas neste caso foi necessário o uso de um kij dependente da temperatura.

Page 84: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

4 CAPÍTULO - Modelação NRTL

4.1 MODELAÇÃO DOS DADOS EXPERIMENTAIS

Os dados experimentais obtidos neste trabalho foram usados para ajustar os parâmetros

de interação binária do modelo NRTL. Neste trabalho utilizou-se a fração mássica como

unidade de composição dos sistemas por considerações mencionadas no capítulo1.

Os parâmetros de interação estimados pelo modelo NRTL foram obtidos utilizando um

algoritmo desenvolvido em linguagem Fortran® por Stragevitch e d'Avila (1997). A

estimativa dos parâmetros foi baseada na minimização da função objetivo de

composição, segundo a Equação 48, de acordo com o proposto por Stragevitch e d'Avila

(1997). De acordo com o programa são realizados cálculos “flash” líquido-líquido, em

que a composição do ponto de mistura das tie-lines experimentais é utilizada. [95]

Eq. (48)

Onde D é o número total de grupos de dados, N é o número total de tie-lines e K é o

número total de pseudo-componentes no grupo de dados, w é a fração mássica, os

subscritos i, n, e m são componente, tie-line e número de grupo, respectivamente, e os

sobrescritos FE e FG identificam fases ricas em éster e em glicerol, respectivamente;

exp e calc referem-se às frações mássicas experimentais e calculadas. Por último, σw

i,n,m FE

e σwi,n,mFG

são os desvios padrão observados nas composições das fases ricas em

éster e em glicerol, respectivamente.

Os desvios médios ( ) entre as composições mássicas experimentais e calculadas em

ambas as fases são calculados de acordo com a Equação 49. [7, 107]

Eq. (49)

Vários autores, como Basso et al., Mesquita et al., Rodrigues et al. e Batista et al.

utilizaram o modelo NRTL para correlacionar dados experimentais de sistemas

Page 85: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

similares aos estudados neste trabalho, com obtenção de bons resultados. [7, 13, 17, 18,

26, 27, 30]

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os parâmetros de interação binária utilizados pelo modelo NRTL encontram-se na

Tabela 15. Os valores dos parâmetros de interação binária foram ajustados, com

exceção dos da interação etanol-glicerol que foram retirados da literatura [7].

Tabela 15. Parâmetros de interação binária para o modelo NRTL

Par ij A(0)ij A(0)ji A(1)ij A(1)ji ij

Palmitato de etilo + etanol 727.80 1520.1 -3.0790 -2.4799 0.5721

Estearato de etilo + etanol

-1146.7 4280.2 1.2798 -8.0800 0.3005

Caprilato de etilo + etanol -1786.4 17.636 2.7583 2.1342 0.1560

Caproato de etilo + etanol 3825.9 -132.51 -14.718 0.2351 0.1000

Estearato de etilo + glicerol -5836.5 -360.46 43.000 5.0000 0.1034

Palmitato de etilo + glicerol -5000.0 -265.20 20.000 4.7999 0.1610

Caprilato de etilo + glicerol -1067.0 207.24 9.7968 3.9329 0.1989

Caproato de etilo + glicerol -4237.6 6500.0 18.624 -17.000 0.1790

Etanol + glicerol -1015.8 -705.28 4.4437 0.8836 0.1100

Nas figuras 31-42, estão ilustrados os respetivos diagramas de equilíbrio líquido-líquido

com os dados experimentais e os obtidos pelo modelo NRTL. Nos diagramas é

igualmente possível observar as respectivas curvas de solubilidade de cada sistema

estimadas pelo modelo.

Page 86: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Palmitato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 31. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Figura 32. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

W1

W1

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Figura 33. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema palmitato de etilo (1) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Estearato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 40, 50 e 70ºC

Figura 34. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 40ºC . Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w2

w5w6

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w1

w5w6

W1

W2

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Figura 35. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Figura 36. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema estearato de etilo (2) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

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0,3

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0,5

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1,00,0

0,1

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0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

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1,0

w1

w5w6

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

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0,5

0,6

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1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

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w1

w5w6

W2

W2

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Caprilato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 37. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Figura 38. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

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1,00,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w3

w5w6

w3

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

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0,4

0,5

0,6

0,7

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1,0

w6

0,0

0,1

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0,3

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0,5

0,6

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0,8

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1,0

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Figura 39. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caprilato de etilo (3) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Caproato de etilo + etanol+ glicerol à temperatura de 30, 50 e 70ºC

Figura 40. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 30ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

w3

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

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1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

W4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

W5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

W6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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Figura 41. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 50ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

Figura 42. Equilíbrio líquido-líquido para o sistema caproato de etilo (4) + etanol

(5)+ glicerol (6) à temperatura de 70ºC. Resultados experimentais (--- e ●) e com

modelo NRTL (─) e curva de solubilidade (●).

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

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0,7

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1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w4

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

w5

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

w6

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

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Na Tabela 16 são apresentados os desvios médios entre as composições calculadas e

experimentais, em ambas as fases, para todos os sistemas ternários estudados.

Tabela 16.Desvios entre a composição obtida experimentalmente e calculada pelo

modelo NRTL.

Sistema T (ºC) 100 a

Palmitato de etilo (1) + etanol (5)+glicerol (6)

30 2.28

50 1.92

70 1.21

Estearato de etilo (2)+ etanol (5)+glicerol (6)

40 2.22

50 1.72

70 0.971

Caprilato de etilo (3) + etanol (5)+glicerol (6)

30 0.785

50 0.999

70 1.00

Caproato de etilo (4) + etanol (5)+glicerol (6)

30 1.85

50 2.18

70 1.17

a Calculado pela Eq. (49)

Os parâmetros de interação obtidos através do modelo termodinâmico NRTL foram

capazes de descrever corretamente o equilíbrio para os diferentes sistemas ternários,

apresentando valores de desvio médio inferiores aos obtidos pela CPA EoS. De

salientar, no entanto, que para o modelo NRTL 5 parâmetros de interação foram

ajustados aos dados experimentais, comparativamente, no caso da CPA EoS foi

reajustado aos dados experimentais apenas 1 dos parâmetros de interação e apenas no

caso dos ésteres de cadeia curta.

Relativamente ao sistemas com ésteres de cadeia curta, o modelo NRTL conseguiu

descrever de forma bastante satisfatória as fases do sistema composto por caprilato de

etilo. Por outro lado, para sistemas compostos por caproato de etilo o modelo fez uma

boa descrição de fases, nomeadamente, à temperatura de 70ºC.

Tal como no caso da CPA EoS, o modelo NRTL apresenta transferibilidade de

parâmetros, nomeadamente, no caso da interação etanol-glicerol, dados estes retirados

de um trabalho de Basso et al..

Page 93: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

5 CAPÍTULO – Conclusões e sugestões de trabalhos futuros

Os objetivos desta tese foram alcançados na medida em que foi possível obter dados

experimentais de equilíbrio líquido-líquido robustos e consistentes. Os desvios de

balanço mássico e as correlações de Othmer-Tobias e Hand comprovaram a boa

qualidade dos dados.

Os dados obtidos apresentam informações relevantes no que diz respeito à distribuição

do etanol pelas fases formadas em sistemas resultantes da transesterificação. Este tipo

de informação é importante e pode ser utilizada na projeção e desenho dos principais

equipamentos de reação e separação na produção de biodiesel etílico.

Os coeficientes de distribuição e os parâmetros de seletividade calculados são de grande

importância no que diz respeito à purificação do biodiesel

Segundo os resultados obtidos o tamanho da cadeia de carbono pode influenciar

significativamente o processo de separação de fases. Em sistemas de ésteres de cadeia

longa (estearato e palmitato de etilo), os coeficientes de distribuição do etanol são

inferiores a 1, o que indica a preferência do etanol pela fase glicerol e

consequentemente um biodiesel mais puro. Contrariamente, em sistemas compostos por

ésteres de cadeia de carbono curta, como caprilato e caproato de etilo apresentam

grande afinidade com o etanol, coeficientes de distribuição iguais ou maiores que 1. Por

sua vez, a solubilidade do glicerol na fase éster também é maior com este tipo de

ésteres. Assim, em sistemas com ésteres de cadeia curta o processo de purificação pode

ser dificultado pela maior presença de etanol e glicerol, dependendo da concentração do

álcool em excesso resultante da reação de transesterificação.

Os valores de seletividade diminuem com o aumento do teor de etanol no sistema, uma

vez que este provoca um aumento na solubilidade do glicerol na fase éster. Sendo

assim, é necessário trabalhar com excesso de etanol porque a reação é reversível e

interessa o excesso de etanol para deslocar a reação para a produção de biodiesel; no

entanto, quanto maior este excesso, ou seja quanto mais etanol sobrar no sistema no

final da reação, maior será o trabalho de purificação, não somente porque tem mais

etanol na fase biodiesel, mas também porque mais etanol na fase biodiesel dissolve mais

glicerol. Neste caso, deve-se procurar uma região de produção de biodiesel, que

Page 94: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

combine uma boa eficiência de reação com o mínimo possível de excesso de etanol para

reduzir o trabalho de purificação posterior.

A temperatura apesar de causar uma pequena variação nos valores de solubilidade acaba

por não ter um efeito significativo, com exceção do sistema ternário composto por

caproato de etilo, o que indica que um biodiesel com ésteres de cadeia de carbono curta,

pode ser mais sensível a processos de separação por temperatura.

A CPA EoS conseguiu descrever e correlacionar de forma adequada o ELL dos vários

sistemas multicompetentes apresentados neste trabalho. Apesar da necessidade de

ajustamento dos parâmetros de interação binária dos sistemas com caprilato e caproato

de etilo, este modelo apresentou elevado carácter predictivo e simplicidade. De reforçar

que mesmo com a necessidade de reajustamento, foi apenas necessária a alteração de

um dos parâmetros de interação binária para que a previsibilidade do modelo CPA EoS

aumentasse notavelmente. A CPA permite que parâmetros retirados de outros trabalhos

com dados de equilíbrio líquido-líquido ou vapor-líquido sejam aplicados com sucesso e

numa gama de temperaturas variada a outros sistemas. Adicionalmente, o facto de

apenas ser necessária a alteração de dois parâmetros (kij e βij) para aplicar a CPA EoS

demonstra a simplicidade do modelo.

Da mesma forma, o modelo NRTL foi capaz de descrever corretamente o equilíbrio

para os diferentes sistemas. Em consequência do maior número de parâmetros ajustáveis

(cinco para cada interação) o modelo NRTL apresenta desvios médios entre as

composições calculadas e experimentais menores do que os demonstrados pela CPA

EoS. Assim como no caso da CPA EoS, no modelo NRTL, é possível usar parâmetros

de interação binária obtidos de outros trabalhos e obter bons resultados.

Estes dois modelos termodinâmicos representam abordagens distintas à modelação de

dados de ELL. Os factos mencionados comprovam a aplicabilidade da CPA e do

modelo NRTL no projeto e otimização de processos que envolvam operações de

transferência de massa líquido-líquido.

Como sugestões futuras:

Obtenção de mais dados experimentais de ELL para sistemas com ésteres de

cadeia curta + etanol + glicerol, de forma a corroborar os dados obtidos;

Estudo dos parâmetros de interação binária para FAEEs de cadeia curta de modo

a melhorar a aplicação da CPA a este tipo de compostos;

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Determinação do ELL de FAEEs de cadeia curta (caproato e caprilato de etilo) +

etanol + água (sistemas de interesse na fase de lavagem do biodiesel);

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ANEXOS

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Anexo 1

Composição de FAME dos óleos de coco e semente de algodão.

Tabela A. 1 Perfil do biodiesel de óleo de coco em ésteres metílicos de ácidos

gordos (FAME) .[17]

FAME

(Nome trivial)

Representação Fração mássica% do biodiesel

de coco

Capróico C6:0 0.28

Caprílico C8:0 4.08

Cáprico C10:0 3.65

Láurico C12:0 35.35

Mirístico C14:0 19.84

Palmítico C16:0 13.83

Esteárico C18:0 3.94

Oléico C18:1 14.3

Linoléico C18:2 4.73

Tabela A. 2. Perfil do óleo de semente de algodão em ácidos metílicos de ácidos

gordos.

FAME

(Nome trivial)

Representação Fração mássica% do biodiesel

de coco

Palmítico C16:0 24.5

Oléico C18:1 20.3

Linoléico C18:2 51.2

Linolénico C18:3 2.3

Outros - 1.7

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Anexo 2

Retas das correlações de Othmer-Tobias e Hand para os diferentes sistemas.

Estearato de etilo (1) + etanol (5) + glicerol (6) à temperatura de 40, 50 e

70ºC.

Figura A. 1. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema estearato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 50ºC ( ♦) a temperatura de

40ºC ( ■ ) e a temperatura de 70ºC (▲).

Figura A. 2.Gráfico de Hand para o sistema estearato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 50ºC ( ♦) a temperatura de 40ºC ( ■ ) e

a temperatura de 70ºC (▲).

Page 111: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Palmitato de etilo (2) + etanol (5) + glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e

70ºC.

Figura A. 3. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema palmitato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de

50ºC ( ■ ) e a temperatura de 70ºC (▲).

Figura A. 4. Gráfico de Hand para o sistema palmitato de etilo + etanol + glicerol

às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■)

e a temperatura de 70ºC (▲).

Page 112: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Caprilato de etilo (3) + etanol (5) + glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e

70ºC.

Figura A. 5. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema caprilato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de

50ºC ( ■ ) e a temperatura de 70ºC (▲).

Figura A. 6. Gráfico de Hand para o sistema caprilato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■ ) e

a temperatura de 70ºC (▲).

Page 113: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como

Caproato de etilo (4) + etanol (5) + glicerol (6) à temperatura de 30, 50 e

70ºC.

Figura A. 7. Gráfico de Othmer-Tobias para o sistema caproato de etilo + etanol +

glicerol às diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de

50ºC ( ■ ) e a temperatura de 70ºC (▲).

Figura A. 8. Gráfico de Hand para o sistema caproato de etilo + etanol + glicerol às

diferentes temperaturas . A temperatura de 30ºC ( ♦) a temperatura de 50ºC ( ■ ) e

a temperatura de 70ºC (▲).

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Anexo 3

Cromatograma obtido por HPSEC de uma amostra da curva de calibração.

Figura A. 9. Cromatograma da curva de calibração do sistema ternário caprilato

de etilo+etanol+glicerol. O primeiro pico é referente ao caprilato de etilo, o

segundo ao glicerol e por último etanol.

Page 115: Inês de Sousa Equilíbrio Líquido-Líquido de Sistemas Rocha ... · processos de separação e purificação do biodiesel a nível industrial. Assim, o presente trabalho teve como