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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Turismo e Recreação nas Praias do Baixo Rio Negro - Uma Avaliação
Retrospectiva de Impactos Ambientais
Mauro do Nascimento
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-Graduação em Biologia Tropical e
Recursos naturais, do convenio INPA / UFAM,
como parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLOGICAS,
área de concentração em Ecologia.
MANAUS – AM 2005.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Turismo e Recreação nas Praias do Baixo Rio Negro - Uma Avaliação
Retrospectiva de Impactos Ambientais
Mauro do Nascimento
ORIENTADOR: Prof. Dr. Bruce Walter Nelson
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-Graduação em Biologia Tropical e
Recursos naturais, do convenio INPA / UFAM,
como parte dos requisitos para obtenção do
titulo de Mestre em CIÊNCIAS BIOLOGICAS,
área de concentração em Ecologia.
MANAUS – AM 2005.
ii
Mauro do Nascimento
Turismo e Recreação nas Praias do Baixo Rio Negro – Uma Avaliação
Retrospectiva de Impactos Ambientais / Mauro do Nascimento, 2005
110p. : il.
Dissertação – INPA/ UFAM
1. Turismo 2. Recreação 3. Avaliação Retrospectiva de Impactos Ambientais
4. Praias fluviais 5. Rio Negro
CDD 19.ed.36370098113
Sinopse: As atividades de turismo e recreação desenvolvidas nas praias da margem esquerda do baixo rio Negro, entre a comunidade Arara e foz do Igarapé Tarumã Açu, foram estudadas com os objetivos de avaliar quanto estas atividades são direta ou indiretamente responsáveis pelos impactos ambientais, além de descrever a situação da qualidade ambiental deste trecho do rio Negro. Os temas turismo e meio ambiente, com as suas principais formas de interação e impacto, constituem o capitulo introdutório juntamente com uma caracterização do clima, geologia, geomorfologia e vegetação da área de estudo. O desmatamento e outras agressões sobre a vegetação constituem o maior impacto. Em segundo lugar aparece o lixo como importante forma de degradação ambiental. Outras formas de impacto também foram observadas e sua ocorrência pode ser atribuída tanto às ações dos moradores locais como dos visitantes. Nos capítulos finais, apresenta-se uma metodologia para avaliação da qualidade ambiental, de fácil aplicação em espaços naturais sujeitos a atividades de recreação e turismo, organizado ou não. Seu uso poderá nortear ações de manejo importantes para a conservação do ambiente a da atividade. Palavras chaves: turismo e recreação em espaços naturais, tipos de impactos, avaliação de impactos, praias fluviais do baixo rio Negro, metodologia de avaliação de qualidade ambiental.
iii
Dedicatória:
A Valmor e Erna, os meus pais.
Leonardo, Álvaro, Eduardo e
Gustavo meus filhos.
iv
Agradecimentos:
A elaboração de uma tarefa como a de realizar um curso de mestrado é árdua, mas
torna-se prazerosa quando se conta com a ajuda de parentes, amigos e instituições que nos
apóiam, assim gostaria de prestar meus mais profundos agradecimentos aos meus pais –
Valmor e Erna, meus filhos – Leonardo, Álvaro, Eduardo e aquele que ainda não chegou,
mas que já me estimula. Para Eloiza um muito obrigado quer pelas sugestões e pelo
enorme apoio durante muitos anos.
Ao meu orientador professor Bruce Walter Nelson grato por ter confiado em mim e
ter me dado à liberdade de trabalhar com minhas propostas, muito obrigado.
Aos professores e demais colaboradores do curso de mestrado do INPA, pessoas
cujo convívio pude desfrutar por todo este período e que agora homenageio e agradeço.
Aos colegas de curso por terem tornado este meu caminho mais suave devido ao
seu companheirismo, pois um sonho só se realiza quando não se sonha só.
As instituições responsáveis pela criação e manutenção do curso o Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA, a Universidade Federal do Amazonas –
UFAM, muito obrigado e agradeço também a Fundação de Amparo a Pesquisa do
Amazonas – FAPEAM pela bolsa concedida.
Aos coordenadores do Projeto BioTupé obrigado pelo apoio e providenciais
caronas.
E finalmente aos meus amigos que fiz durante este período, pessoas que muito me
ajudaram a suportar as mudanças que ocorreram e em especial a Eliete que hoje assume
um papel muito importante em minha vida a todos, muito obrigado.
v
ÍNDICE
Índice figuras 2
Índice de quadros e tabelas 5
Resumo: 6
Abstract: 7
Apresentação 8
1. Introdução 10
1.1. Turismo e Recreação 10
1.2. Áreas de estudo e suas formas de uso. 14
1.3. Turismo e Impactos Ambientais 22
1.4. Uso Turístico e Qualidade Ambiental 30
2. Objetivo geral 42
2.1. Objetivos Específicos 42
2.2. Questões: 43
3. Materiais e métodos 44
3.1. Formas de medição e avaliação dos impactos: 47
3.2. Beleza Cênica 50
3.3. A área de estudo 51
3.3.1. Aspectos naturais – condições gerais 51
3.3.2. As áreas de praia e o uso de imagens de satélite 55
4. Resultados e discussão 59
4.1. Uso do solo 59
4.1.1. O desmatamento 63
4.1.2. Uso turístico e recreativo 65
4.2. Formas mais freqüentes de acesso às praias 66
4.3. Os impactos 72
4.4. Fatores de geração de danos 89
vi
4.5. Relação entre a forma de uso recreativo e a intensidade de danos ambientais 90
4.6. Beleza cênica e quantidades de impactos 95
4.7. Método de avaliação de impactos simplificado 96
5. Conclusões e recomendações 98
5.1 Quanto aos impactos 98
5.2 Quanto à forma de avaliação de impactos 100
6. Bibliografia: 106
7. Anexos 109
Formulário 01. Utilizado para caracterização da área. 109
Formulário 02. Utilizados para identificação e quantificação dos impactos. 111
Formulário 03. Utilizado para identificar as formas e intensidade de uso da área. 113
Formulário 04. Utilizado para identificar as infra-estruturas, equipamento e serviços em cada área. 114
vii
Índice figuras
Figura 01. Fluxograma representando a relação entre a exploração turística e a ecologia ... 9
Figura 02. Praia do Tupé, um dos locais mais procurados nos finais de semana................ 14
Figura 03. Picos de cheias no rio Negro no município de Manaus ..................................... 15
Figura 04 – Mapa do baixo rio Negro apresentando a localização dos perfis, áreas de deposição e blocos neotectônicos. ....................................................................................... 16
Figura 05 – Cortes transversais esquemáticas no baixo rio Negro...................................... 17
Figura 06 – Mapa da hidrografia da área urbana de Manaus. ............................................. 18
Figura 07 – Quadro demonstrativo dos limites de balneabilidade. ..................................... 19
Figura 08 – Quadro demonstrativo dos resultados de balneabilidade nas praias da área urbana de Manaus................................................................................................................ 20
Figura 09 – Modelo resumido das inter-relações entre atividade turística e impactos sobre os elementos ambientais ...................................................................................................... 24
Figura 10 – Modelo de interação entre a atividade turística e os impactos sobre o solo. ... 26
Figura 11 – Modelo de interação entre as atividades turísticas e prováveis impactos sobre a vegetação. ............................................................................................................................ 27
Figura 12 – Modelo de interação entre a atividade turística e os impactos sobre a fauna. . 29
Figura 13 – Modelo de interação entre a atividade turística e provável impactos sobre os recursos hídricos e a fauna aquática. ................................................................................... 30
Figura 14 – Ciclo de vida das destinações turísticas ........................................................... 31
Figura 15. Erosão da margem, possivelmente provocada pela retirada da vegetação para construção do centro de visitantes ao fundo – praia do Tupé - Manaus. / setembro 2003.. 35
Figuras 16 e 17 - Lixo abandonado por visitantes (Cachoeira Dois de Novembro, rio Machado, rio Juruazinho, respectivamente Machadinho do Oeste / RO) (agosto / 2002) .. 36
Figura 18 – Abrigo para acampamento improvisado – Pimenta Bueno / (RO) (julho / 2001)............................................................................................................................................. 38
Figura 19 – Exemplos de construções que degradam a paisagem – praia de Paricatuba, margem direita do rio Negro (setembro / 2003) .................................................................. 39
Figura 20 - Mapa de localização da área de estudo – área em destaque seta no fragmento de imagem ................................................................................................................................ 45
Figura 21 - Exemplo de praia com a presença de falésia ao longo da costa. Pria do Tupe. 47
2
Figura 22 - Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas. ..................................................... 54
Figura 23 - Detalhe de imagem apresentando uma área de praia (praia do Tupé) .............. 55
Figura 24 - Construção de moradia característica como segunda residência edificada em Reserva de Uso Sustentável Tupé – contrariando a legislação vigente............................... 56
Figura 25 - Mapa de localização das praias visitadas e outras localidades ......................... 57
Figura 26 - Imagem apresentando o trecho 01 iniciando no igarapé Tarumã-Açu ate praia do seu................................................................................................................................... 59
Figura 27 - Imagem apresentando o trecho 02, com inicio na praia do seu Zé finalizando na ponta do Tatuquara. ............................................................................................................. 60
Figura 28 - Imagem apresentando o trecho 03, da ponta do tatuquara ate a foz do Igarapé Tatu...................................................................................................................................... 61
Figura 29 - Imagem apresentando o trecho 04, compreendido entre a foz do Igarapé Tatu e a do Igarapé Caiaué. ............................................................................................................ 61
Figura 30 - Imagem apresentando o trecho 05 estendendo-se entre a foz do Igarapé Caiaué e a foz do igarapé Arara....................................................................................................... 62
Figura 31. Condições quanto aos níveis de desmatamento na margem esquerda do Baixo rio Negro.............................................................................................................................. 64
Figura 32. Embarcação regional denominada de recreio é a mais utilizado em passeios organizados, estas estão ancoradas na Praia do Tupé.......................................................... 67
Figura 33. Embarcação particular neste caso utilizada por famílias e/ou por pequenos grupos de visitantes, podem ser encontradas em praias movimentadas ou em locais isolados. ............................................................................................................................... 68
Figura 34 – Mapa da Freqüência de Uso das praias do Baixo rio Negro / setembro 2004 . 69
Figura 35- Exemplo de placa de orientação presente na entrada do centro de visitantes da RDS do tupé ........................................................................................................................ 71
Figura 36 - Vidro e plástico a maior contribuição em termos de lixo praia do Tupé / Setembro 2004..................................................................................................................... 74
Figura 37 - Copos e pratos descartáveis lixo abandonado pelas barracas “restaurantes” que exploram a praia do Tupé. Julho / 2004 .............................................................................. 75
Figura 38 - Lixo presente à beira d’água pela disposição linear provavelmente carregado pelo rio Praia do Tupé / setembro 2004............................................................................... 75
Figura 39 - Plantas (palmeiras) retiradas para servirem como elementos de decoração em festa realizada na praia costa Caiaué / Setembro 2004........................................................ 76
Figura 40 - Detalhe da festa organizada na praia onde se utilizaram plantas nativas como elementos de decoração costa do Caiaué / Setembro 2004 ................................................. 77
3
Figura 41 - Bosqueamento outra forma de impacto sobre a vegetação e sobre o solo. Praia costa do Arara / setembro de 2004. ..................................................................................... 78
Figura 42 - Restos de fogueira utilizada para queima de lixo, praia de Livramento / Setembro 2004..................................................................................................................... 79
Figura 43 - Restos de fogueira típica para o preparo de alimentos “churrascos”, praia do Arara / Setembro 2004......................................................................................................... 80
Figura 44 - Inscrições feitas sobre parede da falésia, local praia do Tupé / Março 2004 .. 81
Figura 45 - Inscrições feitas sobre parede da falésia, local praia do Tupé / Março 2004 ... 81
Figura 46 - Processos erosivo associados a retirada da cobertura vegetal em terrenos com declividade acentuada. Local praia do Tupé / Julho 2004................................................... 83
Figura 47 - Processo erosivo sobre faixa de areia. Local praia costa do Caiaué / Setembro 2004 ..................................................................................................................................... 84
Figura 48 - Tentativa de contenção de processo erosivo com o uso de sacos de areia. Local Praia do Tupé / julho 2004 .................................................................................................. 84
Figura 49 - Erosão de encosta de falésia local praia do Tupé / março 2004 ....................... 85
Figura 50 - Erosão sobre faixa de areia com a completa remoção do material. Local praia do Tupé / Março 2004 ......................................................................................................... 85
Figura 51 -Trilha ligando a área de praia a parte alta (roçados) local costa do Tatu / setembro 2004 ..................................................................................................................... 86
Figura 52 - Construção residencial improvisada utilizando-se restos de matérias de construção local costa do Tatu / setembro 2004.................................................................. 87
Figura 53 - Construção comercial observa-se os improviso de material na construção e a desorganização no uso do espaço. Local praia do Tupé / março 2004................................ 88
Figura 54 - Construção residencial de temporada (férias) construída em uma Unidade de Conservação de uso Direto. Local praia do Tupé / março 2004.......................................... 88
Figura 55 - Tipos de impactos e sua freqüência, para as praias do Baixo rio Negro / setembro 2004 ..................................................................................................................... 89
Figura 56 – Impactos e presença de habitação para as praias do Baixo rio Negro / setembro 2004 ..................................................................................................................................... 90
Figura 57– Mapa segundo níveis de impactos observados nas praias do Baixo rio Negro / setembro 2004 ..................................................................................................................... 92
Figura 58 - Mapa dos níveis de impactos ambientais observados por praia ou trechos do Baixo Rio Negro / setembro 2004 ....................................................................................... 94
Figura 59 - Relação entre o número de impactos e a beleza cênica por praia..................... 95
4
Índice de quadros e tabelas
Tabela 01 - Distâncias, forma de acesso, periodicidade de uso e existência de serviços nas praias visitadas............................................................................................................. 66
Tabela 02 – Características das praias do Baixo rio Negro quanto à presença de habitação, infra-estrutura e quantidade total de impactos............................................................. 70
Tabela 03 - Praias e impactos ambientais observados nas praias do Baixo rio Negro em setembro / 2004 ........................................................................................................... 72
Tabela 04 – Praias do Baixo Rio Negro e respectiva quantidade de lixo ordenado segundo a relação lixo pela extensão, setembro 2004. .............................................................. 74
Tabela 05 – praias do Baixo rio Negro com presença de restos de fogueira, setembro / 2004..................................................................................................................................... 79
Tabela 06 - Ocorrência de processos erosivos e habitação por praia do baixo rio Negro / setembro 2004 ............................................................................................................. 82
Tabela 07 – distribuição das quantidades de impactos por praia do Baixo rio Negro segundo a condição de habitada ou não. ..................................................................... 91
Tabela 08 – Resultados das avaliações de beleza cênica e quantidade de impactos por praia do baixo rio Negro / setembro 2004 ............................................................................ 96
Quadro 01. Proposta de questionário para avaliação simplificada de qualidade ambiental em áreas de uso recreativo ou turístico...................................................................... 103
Quadro 10 – Indicadores de qualidade ambiental segundo o método de avaliação simplificado ............................................................................................................... 104
5
Resumo:
O foco deste estudo foram as atividades de turismo e recreação desenvolvidas nas
praias da margem esquerda do baixo rio Negro, entre a comunidade Arara e a Foz do
Igarapé Tarumã Açu. Os objetivos principais foram de avaliar quanto estas atividades são
direta ou indiretamente responsáveis pelos impactos sobre o meio ambiente e descrever a
situação da qualidade ambiental deste trecho do rio Negro. Uma revisão bibliográfica sobre
os temas turismo e meio ambiente, e suas principais formas de interação e impacto -- sobre
o solo, a vegetação, a fauna e os recursos hídricos -- constituem o capítulo introdutório.
Foram também revisados trabalhos sobre o clima, geologia, geomorfologia e vegetação da
área de estudo. Este conjunto de informações ajudou a definir ações de campo que
possibilitaram a avaliação retrospectiva de impactos ambientais. O desmatamento para a
agricultura e para outras formas de uso da terra, bem como outras agressões sobre a
vegetação, constituem o maior impacto. São conseqüências do uso agrícola e outras formas
de uso do solo. Em segundo lugar o lixo aparece como importante forma de degradação
ambiental. Os moradores, os visitantes e a deposição pelo rio são as fontes de lixo, nesta
ordem de importância. O problema do lixo é agravado pela ausência de coletores e ações
de limpeza regulares e completas. Outras formas de impactos também foram observadas e
sua ocorrência pode ser atribuída tanto às ações dos moradores locais como dos visitantes.
Estes impactos são menores em freqüência e intensidade, mas no conjunto apresentam um
efeito importante na degradação da paisagem. As praias do baixo rio Negro, quando
observadas na sua totalidade, ainda são satisfatoriamente preservadas -- e, portanto ainda
atraentes, -- embora alguns pontos apresentem condições mais preocupantes, pois
apresentam quantidades significativas de impactos e pouca ou nenhuma infra-estrutura que
possibilite amenizar estes impactos. Nos capítulos finais, apresenta-se uma metodologia
para avaliação da qualidade ambiental de fácil aplicação em espaços naturais sujeitos a
atividades de recreação e turismo, organizada ou não. Seu uso poderá nortear ações de
manejo importantes para a conservação do ambiente e da atividade.
6
Abstract:
This study examined tourism and recreation on the beaches of the left margin of the
lower Rio Negro, between the mouth of the Tarumã-Açu and the village of Arara. The
main objectives were to examine the degree to which these activities are directly or
indirectly responsible for environmental impacts, and to describe the environmental quality
of this section of the Rio Negro is shores. The Introduction includes a review of tourism
and recreation with regards to their impacts on soil, vegetation, fauna and water resources.
Prior studies that describe the climate, geology, geomorphology and vegetation of the
study area were reviewed. This background information helped to define field data
collection procedures that led to a retrospective evaluation of environmental impacts.
Deforestation for the purposes of agriculture and other land uses, as well as alterations of
vegetation, were the most extensive type of impact. Litter and trash were the second most
important form of environmental impact on the beach areas. The sources of this detritus,
in order of importance, were local residents, visitors, and transport and deposition by the
river. The trash and litter problem was much aggravated by the absence of trash bins and
lack of regular and complete cleanup efforts. Other types of impact could also be
attributed to both residents and visitors. Though of lesser intensity and frequency, when
summed together, they constituted an important contribution to degradation of the
landscape. Overall, the beaches of the lower Rio Negro are still in a satisfactory state of
preservation – and therefore still able to attract visitors – but some individual sites are in a
worse state, with higher levels of impact and little or no mitigating infrastructures. The
final chapter presents a simplified and easily applied method for evaluating environmental
quality in natural spaces subjected to tourism and recreation, organized or otherwise. Its
use should allow wiser management of these activities and consequently improved
environmental conservation.
7
Apresentação:
O município de Manaus atualmente apresenta um representativo crescimento da
atividade turística, que tem na exploração dos atrativos naturais e culturais do município
seu principal potencial. Ao mesmo tempo, a população local explora os mesmos locais
para realizar suas atividades recreativas. Entre estes atrativos, as praias fluviais espalhadas
ao longo do baixo rio Negro tem sido um dos locais mais explorados.
O fato preocupante é saber se estas áreas estão realmente adequadamente
preparadas para receber o contingente populacional e as atividades econômicas associadas
que serão desenvolvidas. Deve-se avaliar também, se as formas como as atividades são
realizadas estariam gerando danos ao meio ambiente, que futuramente possam acarretar a
redução da qualidade ambiental e conseqüentemente da atratividade local, e assim a
supressão das praias fluviais como locais para a prática de turismo e recreação.
Uma avaliação de impacto ambiental de caráter retrospectivo nestas praias é
fundamental, tanto para identificar a situação atual das localidades, bem como para
identificar as áreas já degradadas e os elementos naturais mais danificados. Para isto,
propõe-se a utilização de um método de avaliação baseado em três elementos básicos: a)
caracterização do espaço explorado; b) descrição da forma de uso ou exploração; e c)
quantificação dos danos observados.
Os indicadores escolhidos para caracterizar os danos são: a presença e a quantidade
de lixo, a alteração da cobertura vegetal, a erosão das margens e encostas, o uso de fogo, as
pichações ou vandalismo, e a presença de construções irregulares ou em desarmonia com a
paisagem.
A relação existente entre a ecologia e o turismo fica evidente quando se define os
objetos de interesse dos dois ramos do conhecimento. Se, por um lado, a ecologia procura
o entendimento das relações existentes entre os seres vivos (inclusive o homem e suas
atividades econômicas) e os elementos ambientais, do outro o turismo tem nos elementos
ambientais um importante atrativo para o desenvolvimento da atividade. Como todo tipo
de atividade realizada pelo homem tem algum tipo de conseqüência para o meio ambiente,
pode-se concluir que conhecer as relações entre atividades econômica e meio ambiente é,
sem duvida, um componente importante dos estudos da ecologia.
8
Turismo Ecologia
utiliza estuda
Elementos naturais como atrativos
Relação entre seres vivos e o ambiente
gera
Degradação Mudanças ambiental no ambiente
identifica
Figura 01. Fluxograma representando a relação entre a exploração turística e
a ecologia
O fechamento deste estudo dá-se com a elaboração de propostas que visem garantir
a sustentabilidade da exploração turística e recreativa de praias fluviais, além de fornecer
subsídios para ações de planejamento pelas autoridades competentes. Resumidamente, este
estudo apresenta três grandes linhas de abordagem. A primeira corresponde à
caracterização dos ambientes de praia e das infra-estruturas, equipamentos e serviços
disponibilizados para os visitantes em cada praia; a segunda linha de trabalho constitui-se
na aplicação de um modelo de avaliação de impactos ambientais retrospectiva, procurando
quantificar o nível de danos ambientais que estão sendo ocasionados pelas atividades
turísticas e recreacionais nestes ambientes; o terceiro enfoque procura apresentar uma
proposta de manejo para reduzir os danos, proporcionando assim uma redução do impacto
ambiental.
9
1. Introdução
1.1. Turismo e Recreação
O turismo ocupa hoje papel relevante na economia mundial, situando-se entre os
três maiores produtos geradores de riqueza – 6% do PIB global – só perdendo para a
indústria do armamento e do petróleo (RODRIGUES, 1999 p 17). No Brasil, o turismo
como fenômeno social começou depois de 1920, surgindo vinculado ao lazer; nunca teve
cunho de aventura ou educativo como na Europa. A partir de 1950, grandes contingentes
passam a viajar. Apesar de ser principalmente um turismo de massa, não beneficia o total
da população. Acreditam os especialistas que apenas 30% da população brasileira pode
fazer turismo (BARRETO, 1995 p 56)
Duas colocações feitas pela autora são importantes. A primeira é o caráter de lazer
ou recreativo do turismo brasileiro, também típico de Manaus e de sua população. A
segunda é o quanto da população estaria apta para realizar a atividade turística ou
recreativa. Aplicando-se a proporção de 30%, para a população de Manaus, teríamos um
contingente de mais de 500.000 pessoas aptas para a prática do turismo ou de recreação. É
lógico que este contingente todo não freqüenta as praias fluviais habitualmente. Os
motivos são vários: opção por outros destinos, precariedade dos meios de acesso, ou as
condições de infra-estrutura e serviços oferecidos aos visitantes nas praias.
No entanto, estes números apontam para a existência de uma demanda significativa,
meio milhão de habitantes que poderiam constituir-se em usuários habituais das praias do
rio Negro, como destino turístico ou para o lazer diurno, em um nível bem maior do que é
observado hoje, desde que estes locais sejam preparados (infra-estrutura e serviços) e com
as condições ambientais preservadas. Se tal situação ocorrer, poderá representar um
expressivo acréscimo na geração de renda e emprego, tanto para a população residente nas
margens do rio como na cidade de Manaus.
Diante desta massa de usuários locais em potencial, é importante e necessário
avaliar os efeitos de turismo recreação sobre o meio ambiente, principalmente nas praias
do baixo rio Negro, e com isso assegurar a manutenção e sustentabilidade da atividade e do
ambiente. O número de definições quanto ao fenômeno turismo é grande, mas como o
objetivo aqui não se constitui numa revisão do termo, optei por apresentar apenas algumas
condições mínimas que aparecem na grande maioria dos entendimentos sobre o termo na
maioria dos autores consultados e também nas definições oficiais da Organização
10
Internacional do Turismo (OIT) e da EMBRATUR – Agencia Brasileira de Turismo, estes
elementos caracterizam a atividade, sem que venham a constituir um conceito.
Desta forma, o fato turístico ocorrerá sempre que: (1) houver um deslocamento para
fora do local habitual de residência, por um período de tempo superior a 24 horas; (2) gere
renda no local de destino, ou seja, que o dinheiro gasto tenha sido obtido no local de
residência do turista e não no local visitado; (3) que a motivação deste deslocamento
(viagem) seja espontânea, visando satisfazer as necessidades do viajante como
entretenimento, conhecimento, etc; e (4) que não gere relação de trabalho remunerado no
local da vista.
Para MATHIESON & WALL (1992, p 14), o turismo é composto de três elementos
básicos:
1- Um elemento dinâmico que envolve o deslocamento para o local / destino
selecionado;
2- Um elemento estático que envolve a permanência no destino;
3- Um elemento resultante da composição dos dois elementos anteriores, o qual
preocupa-se com os efeitos sobre os subsistemas econômico, social e ambiental que estão
em contato direto ou indireto com o turista.
A recreação pode ser entendida como atividades realizadas durante o período de
lazer1. Os elementos são os mesmos do turismo, mas sem deslocamentos grandes e nem
permanência por tempo prolongado. Normalmente é realizada dentro dos limites do
próprio município. Nada impede que uma mesma área seja utilizada simultaneamente,
tanto por turistas como por pessoas nativas que busca apenas satisfazer sua necessidade de
recreação, o que justifica a inclusão dos dois conceitos ou atividades neste estudo.
O turismo e a recreação ao ar livre têm outros dois aspectos básicos em comum.
Primeiro, ambos exigem a instalação de equipamentos para seu funcionamento; segundo,
fornecedores e demandantes interagem para produzir um padrão de consumo turístico ou
recreativo. Estes padrões geram impactos ambientais, sociais e econômicos, e necessitam
de ações de planejamento e administração (MATHIESON & WALL 1992, p 8).
Para satisfazer as necessidades diárias de recreação, os indivíduos usam instalações
próximas da sua casa ou do local de trabalho e por períodos pequenos, durante o dia. A
1 Lazer: é o tempo que resta depois de cumpridas as condições de trabalho e repouso, e após serem completadas as tarefas pessoais e domésticas necessárias. Pode também ser entendido como tempo livre. Normalmente é representado pelos finais de semana, feriados e períodos de férias (MATHIESON & WALL 1992, p 8).
11
recreação com duração de um dia (domingo ou feriado) pode exigir um deslocamento para
as franjas da área urbana ou para a zona rural, mas sempre dentro do alcance fácil de casa.
Este tipo de atividade não requer a permanência durante a noite (MATHIESON & WALL
1992, p 9).
CERRO (1993, p 15) afirma que o turismo não se distribui de forma homogênea ou
aleatória pelo espaço, mas, pelo contrário, sua localização é de caráter pontual ou zonal e
responde claramente a uma série de fatores. Este conjunto de fatores são o que pode ser
chamado de produto turístico, ou seja, o resultado obtido com a soma de atrativos
turísticos, equipamentos (serviços de alimentação e hospedagem) e infra-estrutura. Cada
um destes elementos contribui de forma própria tanto na formação do produto como
também na sua manutenção.
Os atrativos turísticos podem ser definidos como sendo a característica de uma
localidade que influencia na escolha do visitante por um destino, em detrimento de outro.
Este componente do produto turístico é sem duvida o mais importante, pois é em função
dele que são implantados os outros componentes (equipamentos de hospedagem e
alimentação e outras infra-estruturas). E vai ser esta adequação do local para o recebimento
do visitante2 que ira acarretar nas alterações espaciais mais importantes, como a
implantação de edificações e retirada da cobertura vegetal, entre outras.
Os atrativos turísticos, tanto os naturais quanto os culturais, constituem-se na
matéria prima ou no principal recurso explorado pelo turismo. Assim, o seu uso deve ser
orientado pelos mesmos princípios que são empregados para os demais recursos naturais,
podendo ser considerado até mesmo como um recurso natural não renovável, ou pelo
menos cuja recuperação é difícil e onerosa.
O potencial de uma área natural constituir-se em um atrativo turístico ou recreativo
depende de seu caráter paisagístico, ou seja, da beleza cênica local. Portanto, a manutenção
da atratividade requer a manutenção desta beleza. A preservação dos atrativos naturais
estará condicionada diretamente à forma e à intensidade com que este recurso é utilizado.
Desta forma, pode-se afirmar que todo e qualquer fator que altere as características naturais
do atrativo, e conseqüentemente prejudique a sua beleza natural, deva ser entendido como
dano ambiental.
Outro fator, que creio apresentar uma forte influência na distribuição e na
manutenção dos locais de uso turístico ou recreativo é a condição ambiental da área. Creio
2 Este termo será empregado doravante para representar tanto o turista como o morador local em recreação.
12
que esta condição ambiental seja diretamente afetada por dois fatores: um é a capacidade
que a área tem em suportar os impactos gerados pela atividade (resistência) e de retornar a
sua condição anterior após ter sofrido algum dano (resiliência). A segunda condição seria a
capacidade em sustentar a exploração (capacidade de suporte). Esta teria um caráter mais
administrativo, uma conseqüência da existência de um plano de uso turístico ou recreativo
para estas localidades. Em outras palavras, a qualidade ambiental destas áreas passa
obrigatoriamente pela necessidade de se estabelecer um programa de manutenção e
conservação.
A existência de infra-estrutura e serviços voltados para a manutenção destes locais
tem como resultado a redução dos impactos sobre o ambiente. Assim, a área passa a ter a
possibilidade de exploração mais intensa e prolongada. A importância dos equipamentos e
da infra-estrutura na conservação dos atrativos pode ser enfatizada como na colocação de
WAHAB & PIGRAM (1997, p 285), quando afirmam ser necessário proporcionar infra-
estrutura em áreas com potencial de turismo, a fim de encorajar a colonização e de outras
atividades econômicas para proporcionar um crescimento em harmonia com o turismo.
Um sistema de limpeza e coleta de lixo nas praias é fundamental para a conservação da
área.
As infra-estruturas e serviços avaliados neste estudo são aqueles que tem como
finalidade a preparação e adequação da área para o uso turístico ou recreacional. São
aquelas consideradas como mitigadoras de impactos, pois qualquer outro tipo de infra-
estrutura (estradas, rede de energia, etc) e oferta de serviços (hotel, restaurante, camping,
etc.), além do impacto gerado pela sua própria implantação, gera um fluxo maior de
visitantes resultando em maior impacto ambiental.
O turismo, muitas vezes, é apontado como uma alternativa econômica capaz de
conciliar desenvolvimento e conservação ambiental. Porém, isso só irá ocorrer se a
implantação da atividade for acompanhada por ações que amenizem os impactos
ambientais. Agindo-se desta forma o turismo pode ser considerado como uma forma de
apoio à conservação ambiental, pois, ao contrario das demais atividades econômicas, o
turismo depende exclusivamente da existência de um ambiente preservado para sua
existência. Quando a atividade desenvolve-se fora de controle ou com pouco apoio técnico
e científico, ocorrem impactos ao local explorado. Como conseqüência, teremos a perda da
atratividade turística ou recreativa e conseqüente abandono desta área por parte dos
visitantes.
13
1.2. Áreas de estudo e suas formas de uso.
A área de estudo compreende as praias formadas ao longo do baixo rio Negro,
dentro do município de Manaus. Estas áreas podem ser definidas como Praias de
Estiagem – ou seja, faixas de areia que aparecem em lugares ao longo da base das falésias
(encostas íngremes situadas ao longo da margem do rio) e ao longo das margens do
sistema de drenagem. São depósitos de sedimentos compostos por areia de quartzo,
derivada do retrabalhamento (erosão) da Formação Alter do Chão (FRANZINELLI &
IGREJA, 2002 p 265)
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 02. Praia do Tupé, um dos locais mais procurados nos finais de semana.
Os mesmos autores apontam a margem sul (ou margem direita) do baixo rio Negro
como a que apresenta os depósitos mais proeminentes. Segundo eles, isso ocorre devido,
principalmente, à ação dos ventos que são predominantemente de nordeste. Este mesmo
motivo fez com que a margem escolhida para a realização deste estudo fosse a margem
esquerda (norte) do rio Negro, diminuindo a possibilidade de encontrar detritos (lixo), que
não foram produzidos pelos visitantes, mas sim conduzidos pelo vento.
Muitas destas praias só são expostas durante o curto período de estiagem, entre os
meses de novembro e dezembro, quando o nível das águas do rio está baixo, já que os
14
meses de junho e julho correspondem aos meses de cheia, conforme gráfico a seguir
(Figura 03).
Fonte: CPRM/AM 2002 - in Geo Manaus (2002, p 113)
Figura 03. Picos de cheias no rio Negro no município de Manaus
Estas praias apresentam dimensões muito variáveis, tanto em largura como em
extensão, e estas medidas podem variar de um ano para o outro em função do próprio
regime de cheia e vazante do rio. Como exemplos destas dimensões, FRANZINELLI &
IGREJA (2002, p 264) relatam “a Praia da Ponta Negra situada na margem norte a
aproximadamente 15 km do centro de Manaus, apresenta cerca de 02 km de comprimento
e a Praia Grande, na margem sul, apresentando 12 km de extensão, 200m de largura e 16 m
de altura está situada a cerca de 70 km a montante de Manaus.”
15
Fonte: Franzinelli & Igreja (2002, p 266)
Figura 04 – Mapa do baixo rio Negro apresentando a localização dos perfis,
áreas de deposição e blocos neotectônicos.
16
Fonte: Franzinelli & Igreja (2002, p 265)
Figura 05 – Cortes transversais esquemáticas no baixo rio Negro.
A utilização dos ambientes de praias do rio Negro confunde-se com a própria
historia da cidade, “Em 1840, Araújo Amazonas em seu Dicionário Topográfico, Histórico
e Descritivo da Comarca do Alto Amazonas, descreve a vila como aprazível e salubre –
onde não se conhecem moléstias. As que aqui chegam degeneram... na vila que se
denominou Alfama do Rio Negro. A vida era rotineira e tranqüila: os locais,
principalmente os gentios, passavam a maior parte do tempo em banhos de rio – o asseio é
uma qualidade inata dos nativos – e as atividades da cidade concentravam-se nos bailes e
17
festas de igreja, durante o inverno (períodos de enchente dos rios) e em passeios nos lagos
e praias, durante o verão (períodos de vazante)” (GEO MANAUS 2002, p 25).
Esta prática sobrevive até os dias atuais somando-se aos moradores locais os
turistas que, embora em número bem menor, também procuram estes locais como um dos
principais atrativos turísticos da região. A grande diferença é que, no presente, estes locais
de banho encontram-se distantes do centro urbano, pois os principais cursos d’água que
cortam a cidade de Manaus encontram-se poluídos e suas margens habitadas.
A área urbana de Manaus abrange quatro bacias hidrográficas, todas contribuintes
da grande bacia do rio Negro. Duas bacias encontram-se integralmente dentro da cidade –
do igarapé de São Raimundo e do igarapé do Educandos – e duas parcialmente inseridas na
malha urbana – do igarapé do Tarumã-Açu e do rio Puraquequara (GEO MANAUS 2002,
p 68)
Fonte: IBAM / DUMA sobre dados da Prefeitura, extraído de GEOMANAUS (2002, p 69)
Figura 06 – Mapa da hidrografia da área urbana de Manaus.
A avaliação da balneabilidade vem sendo feita pela prefeitura de Manaus em
algumas praias dentro da área urbana do município. As principais praias do rio Negro sob
monitoramento em Manaus estão localizadas nos seguintes trechos: Ponta Negra; Porto de
São Raimundo no bairro de São Raimundo; Praia do Amarelinho no bairro do Educandos;
18
e Porto da Ceasa. (GEO MANAUS, 2002 p 79). Veja resultados do monitoramento da
Prefeitura, na figura 09.
Neste caso, é importante destacar que é a cidade, e não a atividade turística, a fonte
de contaminação; por esta razão as praias que irão compor este estudo localizam-se
predominantemente fora da área urbana. Somente assim será possível isolar o fator
“turismo e recreação” como elemento gerador de impactos.
Dos dados apresentados pelo estudo GEO MANAUS, cabe destacar os que foram
levantados na praia da Ponta Negra, pois esta praia encontra-se a montante da área urbana,
embora em área com relativa ocupação residencial. De acordo com os critérios da
CONAMA (Figura 07) e os dados no GEO MANAUS (Figura 08), dois dos cinco pontos
de coleta ao longo da Praia de Ponta Negra tiveram águas impróprias para banho durante o
ano 2001. As maiores concentrações foram encontradas no período de águas baixas e
perto do Hotel Tropical.
Limites de coliformes fecais por 100mL por categoriaCategoria Porcentagem do Tempo Limite de
Coliforme Fecal (NMP/100ml)
Limite de E. coli
(UCF/100ml) Própria
Excelente 250 200 Muito Boa 500 400 Satisfatória
Valor máximo em 80% ou
mais do tempo 1000 800 Imprópria
Superior ao valor indicado em 20% do tempo
1000 800
Superior ao valor indicado na última amostragem
2500 2000
Fonte: Resolução CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - nº 274/00 em www.cetesb.sp.gov.br/agua/praias/resolução274.htm (em dez/2003)
Figura 07 – Quadro demonstrativo dos limites de balneabilidade.
19
Janeiro Fevereiro Março
Abr
il
Maio Junho Julho Agosto
Sete
mbr
o
Outubro Novembro DezembroPontos de coleta
16 24 31 7 14 21 7 21 4 2 9 18 21 30 18 25 2 9 16 21 30 2 13 20 27 25 4 8 15 26 31 6 12 19 26 3 10 31
Ponta Negra / Tropical Hotel Ponta Negra Rampa Bar Itapoã Ponta Negra /escada do Anfiteatro Ponta Negra/ Anfiteatro Ponta Negra / Prainha Tarumã / Cachoeira Alta Educandos / Amarelinho Educandos / Ponta Branca Porto de São Raimundo Porto CEASA Parque Samauma 1 Parque Samauma 2
Coliformes fecais abaixo de 1.000 NMP/100ml Coliformes fecais acima de 1.000 NMP/100ml Dados não disponíveis Fonte: IBAM/DUMA, sobre dados da SEDEMA E COVISA, 2002, in GEOMANAUS (2002, p. 80)
Figura 08 – Quadro demonstrativo dos resultados de balneabilidade nas praias da área urbana de Manaus
20
Considerando que os pontos de coleta menos contaminados estão, no máximo, 2 km
a jusante do hotel, ao longo da praia da Ponta Negra, pode-se supor que as águas do rio
Negro apresentam uma boa capacidade de resistência a estes elementos poluentes e que a
fonte da contaminação esteja associada com o Hotel.
As características físico-químicas das águas do rio Negro com pH muito baixo, são
responsáveis pela rápida diminuição dos índices de coliformes; possivelmente o baixo pH
iniba o crescimento e proliferação de certas bactérias, permitindo que algumas de suas
praias apresentem condições satisfatórias de uso (GEO MANAUS 2002. p 79). Com uma
vazão media de 30.000 m³/seg (MEADE et al., 1991 apud FRANZINELLI & IGREJA,
2002, p 263), ocorrera também uma rápida diluição das fezes e também dos coliformes.
As áreas de estudo estão situadas a montante da área urbana do município. Se
considerarmos que estes fatores físicos, químicos e hidrológicos atuam em todo o curso do
rio, é possível afirmar que a contaminação por coliformes não seja (no caso do rio Negro)
uma fonte de impacto importante para as praias. Esta afirmação se baseia principalmente
no fato que estas localidades estão distantes do centro urbano e também por apresentarem
concentrações de pessoas em curtos períodos, como o compreendido por um final de
semana, em alguns casos com menos de 12 horas de duração.
Uma avaliação de balneabilidade em outros locais de uso recreativo deve
considerar a poluição da água, principalmente se a área apresentar um pequeno volume de
água, velocidade de renovação baixa e alguma fonte de contaminação (despejo de esgotos).
Pequenos lagos e rios que atravessem áreas povoadas são exemplos destes tipos de
ambientes.
21
1.3. Turismo e Impactos Ambientais
1.3.1 Avaliação de Impactos Ambientais
Segundo JAIN (1981) apud ALMEIDA (2002, p. 112) a “avaliação de impacto
ambiental é o estudo das prováveis mudanças nas características sócio-econômicas e
biofísicas do ambiente que possam resultar de uma ação proposta ou já em curso”.
Há uma boa quantidade de bibliografia referente às fontes de impacto sobre o
ambiente natural, gerada pela atividade de turismo e recreação. Porém, grande parte destes
estudos faz referência a formas e intensidades de uso distintos das que observamos nas
praias do rio Negro, ou estudaram ambientes ecologicamente diferentes.
O importante aqui é lembrar que toda ação humana com relação ao meio ambiente
tem efeitos negativos ou positivos – impactos ambientais. Deste modo, as atividades de
turismo e recreação também geram impactos. Logicamente, estes têm escalas de magnitude
bem menores do que as que podem ser observadas em grandes obras de engenharia. A
magnitude pode ser entendida como a medida de gravidade da alteração do valor de um
elemento ambiental. Desta forma, magnitude é a soma dos valores determinados para os
atributos extensão, periodicidade e intensidade dos impactos (ALMEIDA, 2002, p 116).
O mesmo autor define estes atributos da seguinte forma:
Por extensão entende-se como tamanho da área afetada pela atividade e que sofre
algum tipo de impacto. Neste caso, a unidade básica de referencia escolhida é a mesma
definida para o estudo (praias na margem esquerda do baixo rio Negro compreendido entre
o Igarapé Tarumã e Arara).
A periodicidade refere-se à duração do impacto em comparação com a duração do
fato gerador do impacto, por exemplo, impacto permanente quando este permanece mesmo
depois que o local não é mais utilizado.
A intensidade é definida pela quantificação da ação impactante.
Para CHRISTOFOLETTI (2002, p. 142) uma avaliação de impactos ambientais
deve seguir as seguintes etapas: a) delimitar a área a ser estudada e definir o problema; b)
identificar os efeitos ambientais mais prováveis; c) predizer a magnitude dos impactos
prováveis; d) avaliar a significância dos impactos ambientais prováveis para cada
22
alternativa de desenvolvimento; e e) comunicar os resultados da avaliação, incluindo
recomendações sobre as melhores alternativas.
Para que seja possível avaliar os impactos ambientais sobre cada elemento do
modelo apresentado acima, se faz necessário estabelecer um conjunto de indicadores de
impactos que melhor apontem os prováveis impactos, tanto diretos como indiretos, gerados
pela atividade de turismo e recreação nas praias do baixo rio Negro. Tendo em vista as
peculiaridades deste tipo de atividade (turismo e recreação), nem todos os indicadores que
normalmente são propostos pelos métodos já conhecidos de avaliação de impactos são
possíveis de serem medidos ou são pertinentes à atividade. Assim uma das tarefas deste
estudo será a de identificar quais os indicadores de impacto que melhor caracterizem os
efeitos sobre o meio ambiente.
MATHIESON & WALL (1992, p 93) afirmam que o crescimento do turismo
inevitavelmente acarreta modificações no meio ambiente. Destacam também as
dificuldades conceituais e metodológicas para a avaliação de impactos ambientais gerados
pela atividade turística. Citam como principais problemas:
• Pesquisas sobre impactos gerados pelo turismo geralmente concentram-se em
questões como: qualidade do solo, ar ou água.
• Muitos estudos referentes a efeitos do turismo sobre o meio ambiente levam em
consideração um único componente ambiental.
• Pesquisas feitas em vários ambientes como na América do Norte e Inglaterra tem
ênfase em aspectos regionais. Na África, o enfoque é sobre a vida selvagem, no
Mediterrâneo, o principal elemento estudado é a água e sua qualidade, o que
dificulta a comparação entre estes estudos, tendo em vista as particularidades dos
diferentes ambientes e da intensidade e duração da atividade turística.
Muitas das pesquisas sobre os impactos gerados pelo turismo são recentes e limitados a
uma análise dos fatos após a sua ocorrência e como tais, apresentam problemas
metodológicos para sua investigação. Tais problemas incluem:
• As dificuldades em se distinguir as mudanças geradas pelo turismo e aquelas
provocadas por outras atividades.
• A falta de informação relativa a condições antes do advento do turismo e,
conseqüentemente, a falta de uma base ou referencial contra as quais as mudanças
podem ser medidas.
23
• A escassez de informação referente aos números, aos tipos e aos níveis de
tolerância dos diferentes poluentes, e das espécies de flora e fauna. Concluem que
isto torna impossível reconstruir o ambiente em relação a vários níveis de uso, tanto
no passado como no presente.
• A concentração das pesquisas sobre os recursos primários, em particular as praias e
montanhas, como sendo ecologicamente sensíveis.
FFoonnttee:: aaddaappttaaddoo ddee MMAATTHHIIEESSOONN && WWAALLLL ((11999922,, pp 113311))
Figura 09 – Modelo resumido das inter-relações entre atividade turística e
impactos sobre os elementos ambientais
A figura 09 apresenta um modelo conceitual que mostra as interações propostas
entre o turismo e os elementos ambientais. Pode-se notar que todos os elementos são
afetados tanto de forma direta como indireta. Assim, quando da elaboração de estudos que
visem apontar impactos ambientais gerados pelo turismo, é fundamental que todos os
elementos sejam contemplados no estudo.
Em muitos casos, a intensidade dos impactos pode ser considerada pequena quando
o estudo é efetuado em uma escala local ou pontual. Porém, se somarmos todos os pontos
(praias) que são utilizadas ao longo do rio Negro, pode-se deduzir que a quantidade e
SOLO
VEGETAÇÂO
ATIVIDADE TURISTICA
FAUNA
AGUA
GEOLOGIA
AR
24
intensidade dos impactos ampliam-se proporcionalmente com a ampliação da área
estudada, tornando-se assim uma fonte de impacto bastante significativo e tendendo a
resistir enquanto não cessarem os causadores dos danos ou até que ocorra uma ação de
controle e manejo destas áreas.
Em outro trabalho CENDRERO (1989, p. 372) aponta os principais problemas
gerados pelo turismo observado em uma área do litoral espanhol.
• Desenvolvimento anárquico do turismo.
• Desenvolvimento urbano industrial desregulado, interferindo freqüentemente
entre si ou com o turismo, e ocupando até mesmo terra agrícola.
• Dano ou destruição de habitats e ou áreas de procriação de várias espécies (aves
aquáticas, peixes, moluscos, etc.).
• Interferência nos processos geomorfológicos costeiros, como o transporte de
sedimento.
• Destruição de ambientes valiosos, sensíveis e ou em extinção como: campos de
dunas e barreiras costeiras, falésias, por causa de construções ou por super
exploração; estuários, áreas de contato água terra firme (praia) e áreas alagadas
litorâneas que são afetadas por aterros, drenagem ou restauração; deltas, recifes,
mangues, campos de algas, e costas arenosas também são afetadas por várias
ações.
Salvo algumas diferenças pertinentes ao tipo de ambiente marítimo, estes exemplos
do litoral marinho são perfeitamente ajustáveis para as características dos ambientes
fluviais.
1.3.2 Impactos sobre o Solo
O modelo a seguir representa como a atividade turística atinge o solo em duas
principais formas de impactos uma sobre a matéria orgânica resultando na alteração da
quantidade de nutrientes disponíveis neste solo. Outro aspectos do solo afetado é o físicos
entre eles a compactação o que resulta em mudanças quanto a permeabilidade e
conseqüentemente um aumento na ação erosiva da água sobre este solo.
Estes fatos são observados principalmente nos locais onde ocorre um fluxo muito
grande de pessoas e veículos e com forte intervenção sobre a cobertura vegetal. Estes
25
impactos são relativamente fáceis de serem avaliados, pois seus efeitos, são bem visíveis,
principalmente os processos erosivos. Nos outros casos, como a compactação do solo ou a
redução da fertilidade, só é possível de ser avaliada com monitoramento e análises
laboratoriais.
Como o aumento da erosão do solo é uma conseqüência do uso turístico e
recreativo de uma área, representa o dano mais significativo, e os demais tipos de danos
estão associados com a erosão, a constatação de processos erosivos acentuados serve como
indicador dos demais impactos.
ATIVIDADE TURÍSTICA
FFoonnttee:: MMAATTHHIIEESSOONN && WWAALLLL ((11999922,, pp 113311))
Figura 10 – Modelo de interação entre a atividade turística e os impactos sobre
o solo.
Embora o modelo - figura 10 - proposto não identifica as ações humanas que
causam os impactos pode-se afirmar que o transito de pessoas, tanto a pé quanto com uso
Solo Relevo Geologia
Matéria orgânica Compactação do solo +
_
Porosidade Organismos Temperatura Umidade Run-off e Drenagem
+ +_
_
_
Nutrientes +
+
_
Erosão Possíveis impactos + Positivos - Negativos - - - Impacto questionável
26
de automóveis, é o principal causador de compactação. Com relação à perda de nutrientes
este pode ser relacionado com a retirada da camada superficial de liteira que cobre o solo.
1.3.3 Impactos sobre a vegetação
O uso de uma determinada área com a finalidade turística, dependendo da
intensidade e da forma com que é utilizada pode, acarretar em impactos sobre a vegetação
com alterações que podem variar desde o leve pisoteio de pequenas plantas à total remoção
da cobertura vegetal. Em cada caso este impacto pode ser avaliado também, levando-se em
consideração o tamanho da área afetada e o tipo de vegetação que esta sendo impactada,
considerando-se a sua resistência e capacidade de recuperação. O modelo a seguir
apresenta os impactos que a atividade turística pode ocasionar sobre a vegetação.
ATIVIDADE TURISTICA
VEGETAÇÃO _
FFoonnttee:: MMAATTHHIIEESSOONN && WWAALLLL ((11999922,, pp 113311)) Figura 11 – Modelo de interação entre as atividades turísticas e prováveis
impactos sobre a vegetação.
Porcentagem de cobertura
Taxa de crescimento
Composição das espécies
Estrutura de idades (regeneração)
+
+ _
Possíveis impactos + Positivos
- Negativos
27
COPPOCK (1982 p. 273); MATHIESON e WALL (1992 p. 101); LEUNG e
MARION (1997 p. 197); AL SAYED e AL LANGAWI (2003, p. 228) apresentam uma
série de problemas referentes a danos provocados pela atividade turística sobre a
vegetação, que podem variar de um simples galho quebrado ou uma árvore riscada, à total
remoção da vegetação. A utilização de imagens de satélite pode ser uma ferramenta útil
para identificar grandes áreas desmatadas, porém pequenas áreas e danos menores nas
árvores e / ou em pequenas plantas só podem ser observadas e quantificadas em campo.
Este tipo de dano pode ser atribuído ao número de visitantes e à falta de um trabalho de
conscientização do visitante. A retirada de plantas com valor ornamental, bem como a
inscrição de nomes e outros dizeres, são comuns em ambientes naturais. Constituem
impactos não apenas estéticos, pois podem por em risco a saúde da planta e alteram a
composição da comunidade vegetal.
1.3.4 Impactos sobre a fauna
Este tipo de impacto apresenta uma certa dificuldade em ser avaliado, (COPPOCK
1982, p. 273), pois necessita de um tempo de observação longo e da formação de uma
equipe de especialistas com múltiplas aptidões. Contudo, alguns destes impactos podem
ser estimados indiretamente. Indicadores como lixo e restos de comida, o grau de
preservação da vegetação, e tamanho da área utilizada podem ser empregados como
indicadores indiretos.
Os distúrbios sobre a fauna local têm um peso importante na avaliação dos
impactos ambientais gerados pela atividade turística em um ambiente natural. Entre estes
distúrbios segundo REYNOLDS & BRAITHWAITE (2001, p. 35), podem ser citados:
aprisionamento ou morte dos animais; destruição de hábitat; mudança na composição da
vegetação; reprodução de plantas diminuída; mudança na estrutura da vegetação; poluição;
emigração animal; reprodução animal reduzida: habituação; distorção na dieta animal;
comportamento estereotipado; comportamento social aberrante; depredação aumentada;
modificação de padrões de atividade; estrutura de comunidade alterada. Outro trabalho que
também aborda os efeitos da atividade turística sobre a fauna, principalmente sobre
pássaros, é o de IKUTA e BLUMSTEIN (2003), identificando impactos e propondo ações
de manejo para estas questões.
28
ATIVIDADE TURISTICA
FAUNA
_ _+
FFoonnttee:: MMAATTHHIIEESSOONN && WWAALLLL ((11999922,, pp 113311))
Figura 12 – Modelo de interação entre a atividade turística e os impactos sobre
a fauna.
1.3.5 Impactos sobre os recursos hídricos
O uso dos recursos hídricos para a recreação ocorre desde a Antiguidade, podendo
ser encontrado relatos em livros de historia, como o das famosas termas romanas ou em
balneários europeus famosos, principalmente no Mediterrâneo. Como já foi visto
anteriormente, a população de Manaus também tem no rio Negro sua principal área de
recreação aquática. A análise da balneabilidade das águas pode indicar não só a qualidade
da água como identificar o agente poluidor.
O modelo apresentado a seguir aponta os principais impactos que este ambiente
sofre pela ação do turismo.
Distúrbios Alteração do habitat Mortandade
Mudanças na população
Composição de Espécies
_
+
+ Possíveis impactos + Positivos
- Negativos
29
ATIVIDADE TURISTICA
Fonte: MATHIESON & WALL (1992, p 131)
Figura 13 – Modelo de interação entre a atividade turística e provável
impactos sobre os recursos hídricos e a fauna aquática.
1.4. Uso Turístico e Qualidade Ambiental
Para FARIAS e CARNEIRO (2001, p. 11), “o aspecto mais crítico para o
desenvolvimento do turismo é a estabilidade da atividade turística em altos padrões de
desempenho”. Ou seja, manter a atividade em funcionamento pleno sem que isso resulte
em danos ao meio ambiente. Em outras palavras, garantir a sustentabilidade econômica e
ambiental da atividade.
As autoras reforçam também a necessidade do planejamento como forma de reduzir
a possibilidade de danos ao ambiente e a do decréscimo da demanda naturalmente
observado após a implantação das atividades turísticas ou recreativas em uma localidade. ,
O freqüente decréscimo do turismo em determinado local - resultante ou não de um
modismo3 passageiro - pode ser minimizado se o processo tiver sido planejado e as
diversas variáveis (social, econômica e ambiental) incluídas no sistema, tiverem sido
analisadas e trabalhadas de modo a gerar condições melhores, mais estáveis e duradouras
de exploração.
3 O termo Modismo aplicado ao Turismo representa o fenômeno que se observa em certos locais, que por algum tempo atraem muitos visitantes e que sem motivo aparente é rapidamente abandonado e substituído por outro.
Nutrientes
AGUA
Outros poluentes
Patogênicos
Crescimento de Plantas aquáticas
Oxigênio dissolvido Fauna aquática
_ _ _
_
+ _ _ _
Possíveis impactos + Positivos
- Negativos
30
Fica claro que o fluxo turístico para uma localidade sofre grande variação como,
por exemplo, o modismo, destacado pelas autoras acima. Mas o fator que leva a uma
perda mais rápida de visitantes é, sem duvida, a queda na qualidade ambiental. O que é
mais preocupante é que esta queda na qualidade do meio ambiente é diretamente
proporcional ao aumento do fluxo de pessoas que utilizam a área. Ou seja, quanto maior o
número de visitantes em um determinado local, maior será o risco de geração de impactos
sobre o meio ambiente.
Rejuvenescimento
Fonte: BUTLER (1980), in RUSCHMANN (2003).
Figura 14 – Ciclo de vida das destinações turísticas
O ciclo de vida de uma destinação turística como está representado na figura 14
leva em conta as características tanto da localidade como do próprio visitante (perfil
comportamental e quantidade de visitantes).
1.4.1 Capacidade de Carga Turística
Muitas propostas para a manutenção da qualidade ambiental e da atratividade
turística de uma localidade enfatizam a adequação (estruturação) para o recebimento de
visitantes. Outras abordagens são (1) o completo isolamento ou interdição da área a ser
preservada, e (2) a limitação do número de usuários levando-se em consideração uma
relação com a área ocupada, o tempo de permanência e as condições mínimas de gestão e
manutenção, também conhecida como capacidade de carga turística. Esta ultima forma de
manejo de áreas naturais, que apresenta vantagens e desvantagens, pode ser uma opção
Tempo
Investimento
Exploração
Estagnação
Núm
ero
de tu
rista
s
Consolidação
Desenvolvimento Declínio
31
para a mitigação dos impactos nas áreas de praia, como as do baixo rio Negro. Daí a
importância de se determinar à capacidade de carga que estas praias podem suportar, e
quais as infra-estruturas e serviços que possibilitem a redução dos impactos e a
manutenção da atividade, evitando fases de estagnação e declínio.
Capacidade de suporte ou carga é um conceito intrínseco ao conceito de
sustentabilidade. Originalmente, em ecologia, capacidade de suporte significa o tamanho
máximo estável de uma população, determinado pela quantidade de recursos disponíveis e
pela demanda mínima individual (PRATO 2001, p. 322). Capacidade de carga turística é
definida convencionalmente como o número de visitas que uma área pode sustentar, sem a
degradação dos recursos naturais e das experiências dos visitantes. Definições mais novas
de capacidade de carga para áreas protegidas, tais como parques nacionais e áreas
desabitadas, estão centradas na acessibilidade ao recurso natural e nos impactos
decorrentes da visitação, e consideram características biofísicas da área (solos, topografia e
vegetação), fatores sociais (localização e modo de viagem, tempo de uso, tamanho de
grupo, e comportamento do visitante), e políticas administrativas (restrições de uso e
visitação) como mais importante para determinar a capacidade de carga e o número de
visitas (PRATO 2001, p. 322). Do ponto de vista de segurança e estabilidade em longo
prazo para o ecossistema, ou população, manter a capacidade de suporte em seu nível
máximo oferece poucas garantias frente às incertezas ambientais (FARIAS e CARNEIRO,
2001, p. 54).
No caso da atividade turística, utiliza-se o termo "capacidade de carga" em
substituição a capacidade de suporte, porém com o mesmo sentido, ficando evidente que a
capacidade de suporte é a quantidade de turistas que uma área pode receber sem causar
danos ambientais significativos. Desta forma, pode-se concluir que capacidade de carga é
um indicador importante para avaliação de impacto ambiental. A industria do turismo pode
beneficiar-se com o acesso prévio à informação quanto aos possíveis problemas
ambientais, como os que podem ocorrem quando a capacidade de carga é excedida.
Infelizmente, uma definição elementar de capacidade de carga, como um simples
número aproximado de visitantes, é inadequado em quase todos os casos, por que esta
capacidade é determinada por muitos fatores inter-relacionados. A determinação da
capacidade de carga turística e a avaliação da importância de diferentes recursos encontram
os seguintes obstáculos, aqui apresentados resumidamente (MANNING e DOUGHERTY
1995, p.31).
32
1- O turismo depende de muitos atributos ambientais;
2- Os impactos da atividade humana sobre o meio ambiente podem ser graduais e muitos
afetam várias partes do sistema com diferentes taxas;
3- A sensibilidade de um ambiente depende em parte das relações entre um ambiente e
outro; e
4- Diferentes tipos de uso criam diferentes impactos.
Fixar uma determinada capacidade de carga em um determinado local onde há a
exploração turística pode não funcionar, sem uma avaliação das ações de manejo e gestão
da área. Para tanto um trabalho efetivo de conscientização deve ser desenvolvido tanto com
os visitantes como com os responsáveis pela exploração da área.
Para muitos, a definição de um número limite de visitantes em um local (que não
esteja dentro de uma unidade de conservação) pode ser visto como uma interferência nos
negócios na visão dos empreendedores e como um cerceamento no direito de ir e vir na
ótica do visitante. A capacidade de carga, portanto, baseia-se na quantidade de visitantes
que a área recebe, e este número de visitantes esta diretamente ligado com a acessibilidade
do local e da sua distancia em relação ao centro emissor da demanda. Este indicador torna-
se importante, pois quanto maior o número de visitantes que uma localidade receber maior
será o risco da localidade apresentar algum tipo de dano ao meio ambiente, ou seja, quanto
mais próximo à praia estiver do centro emissor de visitantes, neste caso da Cidade de
Manaus, maior será o número de pessoas deslocando-se para lá. Desta forma acredita-se
que nestas praias haverá um maior impacto ambiental.
Além da quantidade de visitantes, é importante considerar que tipo de fluxo
turístico ocorre. HOLDER (1991, p. 280 apud RUSCHMANN 2003, p. 95) formulou a
“teoria da autodestruição do turismo” e, baseando-se nas características dos visitantes,
definiu as quatro fases do ciclo de desenvolvimento do turismo. (com se vê na já citada
figura 16)
1ª fase. Local distante e exótico que oferece descanso, sossego e relaxamento,
refugio para os ricos que lá vivem isolados da população local;
2ª fase. Atrai pessoas de classe média, que vem mais para imitar os ricos do que em
busca de descanso. Constroem-se mais equipamentos e facilidades para atrair mais turistas.
O local perde sua característica de refúgio paradisíaco e inicia-se uma série de
transformações com as seguintes conseqüências: a população local transforma-se em
empregados do turismo, abandonando a agricultura se o novo rendimento for maior que o
33
anterior; os turistas ricos vão embora; o aumento do número de turistas torna inevitável a
interação com os moradores locais, o que gera uma série de conseqüências na maioria das
vezes negativas; a maior oferta de serviços gera um aumento da oferta em relação à
demanda, o que acarreta na deterioração do produto e dos preços.
3ª fase. Os equipamentos para o turismo de massa atraem pessoas de poder
econômico e de padrões e comportamentos sociais inferiores, conduzindo à degradação
social do meio turístico.
4ª fase. Quando a localidade perde sua atratividade e decai social e
economicamente, os turistas “fogem”, deixando atrás de si equipamentos turísticos
abandonados, as praias e/ou local desordenado, e uma população residente que não
consegue mais voltar ao modo de vida anterior.
Provavelmente algumas praias do rio Negro já atingiram uma destas quatro fases,
principalmente as duas ou três primeiras. Em visitas a duas praias (Tupé e Paricatuba, as
duas mais procuradas) realizadas com o objetivo de proporcionar um conhecimento prévio
do ambiente a ser estudado, pude constar que ambas não oferecem alternativas de
hospedagem, mas concentram a oferta de alimentos e bebidas, consumidas em quantidade.
Grande número de visitantes estavam com elevado grau de embriagues, característica da
fase três na escala HOLDER de degradação de atratividade. Visitantes com este tipo de
comportamento tendem a dar pouca atenção a questões como qualidade ambiental do local.
Desde que este ofereça o mínimo dos serviços que necessitam (alimento e bebidas), o local
estará dentro dos seus padrões de qualidade.
Os fatores que levam a degradação não estão obrigatoriamente ligado a capacidade
de suporte, mas sim dependem da capacidade em manter um padrão de qualidade nos
serviços que resultem na manutenção de um rendimento e lucratividade sem que o mesmo
venha associado ao crescimento da demanda. Em outras palavras não deve-se estimular a
popularização do local. O principal fator de declínio em atrativos turísticos é a
massificação do local.
34
1.4.2 Lixo: problema estrutural ou cultural?
Os principais impactos que normalmente estão associados à quantidade e qualidade
dos visitantes é a abundância de lixo e outros dejetos gerados por estes, e a forma irregular
como alguns serviços são prestados ou ate mesmo a falta destes. Estes fatos foram
observados por WONG (1998 p. 93): “As conseqüências do desenvolvimento não
planejado no ambiente litorâneo são muitas: aumento do uso da faixa de terra frontal à
praia, degradação da cobertura natural de árvores, com sua remoção, áreas alagadas são
aterradas, água e praia são poluídas através de esgotos mal tratados, edificações mal
planejadas gerando erosão”.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 15. Erosão da margem, possivelmente provocada pela retirada da
vegetação para construção do centro de visitantes ao fundo – praia do Tupé -
Manaus. / setembro 2003
O autor aponta ainda a poluição no litoral como um problema crítico ocasionado
pela convergência de barcos de visitantes e a concentração de vendedores, que tendem a
gerar muito lixo na praia. Estas observações foram feitas estudando-se dois
empreendimentos turísticos em praias oceânicas no sudeste asiático.
35
Foto: Mauro do Nascimento
Foto: Mauro do Nascimento Figuras 16 e 17 - Lixo abandonado por visitantes (Cachoeira Dois de
Novembro, rio Machado, rio Juruazinho, respectivamente Machadinho do Oeste /
RO) (agosto / 2002)
No seu estudo de práticas de recreação relacionadas com água nos EUA
SMARDON (1988, p. 140) conclui: “Ao longo de rios recreativos e outras áreas de
36
recreação aquática e de áreas selvagens, a disposição de lixo é um problema sério e
crescente, e um perigo de saúde humana potencial”. Ele ressalta que a disposição
imprópria de lixo pode causar contaminação biológica ou enriquecimento de nutrientes de
rios e outros corpos de água. A severidade deste problema está em parte relacionada com
fatores ecológicos como clima, tipo de solo, vegetação e a freqüência de inundação.
A redução ou eliminação do impacto gerado pelo despejo inapropriado de detritos e
outros resíduos originam outro desafio para administradores do recurso e o público geral.
A origem deste desafio está vinculada a questões que vão de condições estruturais, como a
existência de coletores de lixo e ou serviços de limpeza, passando por questões que
envolvem a conduta do visitante. A ausência de estruturas de limpeza não justifica a
presença de lixo nos locais de visitação. Da mesma forma, a presença lixeiras não garante a
limpeza.
Além de esteticamente desagradável, o lixo e os outros resíduos sólidos constituem
um perigo potencial à saúde humana, porque criam uma provisão de comida e abrigo para
insetos e outros animais. O lixo pode também ocasionar um desequilíbrio quanto à
comunidade e populações da fauna local. Este desequilíbrio é ocasionado pelo
favorecimento ou prejuízo a uma determinada espécie ou grupo de espécies. Resguardando
as devidas diferenças ambientais quanto aos ambientes apresentados neste referencial e o
da área de estudo, é possível que, no caso das praias do rio Negro, alguns ou a totalidade
destes problemas também podem ser observados em níveis diferenciados de intensidades.
1.4.3 Carência de equipamento e a degradação visual
O impacto ocasionado pela atividade turística em ambientes naturais apresenta
também uma relação direta com a falta de infra-estrutura apropriada. Quando uma área é
utilizada por um grupo de pessoas, sem que esta área tenha sido preparada para isso, os
visitantes e as pessoas que explorem algum tipo de comercio ou serviços tendem a
improvisar as condições mínimas para satisfação das suas necessidades. Por exemplo, se
uma determinada área não apresenta um espaço apropriado para camping, a tendência é
que os visitantes improvisem este espaço. A mesma coisa se dá com relação à falta de
sanitários ou de locais para deposito de lixo. A figura 18 representa bem uma desta formas
de improvisação com a construção por parte dos freqüentadores de um abrigo, que além de
ocupar grande parte da área próxima ao rio ainda gera danos sobre a vegetação e ao solo.
37
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 18 – Abrigo para acampamento improvisado – Pimenta Bueno / (RO)
(julho / 2001)
A presença de uma estrutura mínima, contendo alguns equipamentos básicos como
sanitários, locais para preparo de alimentos e coleta de lixo entre outros, é fundamental
para o conforto dos visitantes e assim gerar menos riscos de impactos ambientais,
evitando-se os improvisos e garantindo-se o uso adequado do local.
SYME, FENTON e COAKES (2001) listam as condições mínimas necessárias para
promover a satisfação dos visitantes em diversos tipos de ambientes. Desta forma, torna-se
importante avaliar entre as praias do rio Negro quais apresentam as condições mínimas de
infra-estrutura e serviços para os visitantes e as condições em que são prestados. Os
elementos a serem avaliados incluem a coleta e o destino do lixo, as instalações sanitárias,
as áreas de camping e as estruturas de acesso (locais apropriados para atracação de
embarcações).
A forma como a atividade turística se organiza para explorar um atrativo, como foi
visto, apresenta uma série de impactos, principalmente sobre os elementos naturais.
Entretanto, existem outras formas de desfigurar a paisagem: a maneira como o espaço é
apropriado e as características das edificações para suprir a demanda de serviços
(principalmente bares e restaurantes, etc). A recomendação de que construções sejam
integradas ao ambiente natural nem sempre é observado, o que resulta em estruturas não
38
padronizados e aglomerados em determinados pontos, ocasionando um impacto visual
negativo para o ambiente.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 19 – Exemplos de construções que degradam a paisagem – praia de
Paricatuba, margem direita do rio Negro (setembro / 2003)
A foto apresentada na figura 19 é um exemplo do efeito indesejável da exploração
desordenada ou sem critérios de determinados locais, a quantidade exagerada de
comerciantes e a falta de padronização das construções poluem visualmente a praia o que
acaba resultando na freqüência de visitantes, pouco ou nada, preocupados com a qualidade
dos serviços ou do ambiente.
As mudanças na paisagem podem também estar associada com as mudanças na
forma de uso do solo, ou seja, alterações quanto à forma de uso tradicional, quer seja
agropecuária ou extrativista, para uma paisagem com aspectos urbanos, concentração de
residências e ate mesmo com o loteamento (fragmentação) da área em pequenas
propriedades, transformando o ambiente natural em um condomínio de veraneio. Segundo
MATHIESON e WALL (1992 p. 126), a construção de segundas residências para uso nos
períodos de férias ou finais de semana tem aumentado nos últimos anos, principalmente em
áreas do interior com fácil acesso aos grandes centros urbanos, nas áreas do litoral e
regiões com belezas cênicas expressivas e alta atratividade.
39
Este quadro que se aplica perfeitamente para as praias do rio Negro. Embora esta
ainda não seja uma realidade local, há potencial para que isto venha a ocorrer.
Os autores advertem para as possíveis conseqüências desta situação:
1- retirada da vegetação para implantação de acessos e para edificação de
residências, gerando distúrbios sobre a fauna e desestabilização do solo;
2- depósito de lixo e outros resíduos humanos em rios e lagos, reduzindo a
qualidade da água e as oportunidades de recreação;
3- quando localizada junto a um ambiente onde se desenvolvem atividades de
recreação, como margens de lagos, ilhas, orlas de rios, a extremidade de floresta ou de
ladeiras, pode diminuir a visibilidade destes atrativos e o valor estético daquela localidade
em particular, ficando evidente que houve pequena preocupação com desígnios
esteticamente harmoniosos na maioria dos processos de implantação de segunda
residência.
A transformação desta área em um espaço de segunda residência (área de veraneio)
é uma tendência para a região. Tal fato pode não ser uma realidade no momento, porém,
muitas áreas estão sendo exploradas por empreendimentos turísticos regulares, tais como
hotéis de selva, restaurantes ou outro tipo de atividade. A identificação e quantificação das
áreas com suas respectivas formas de uso -- residencial, de exploração turística ou como
unidade de conservação -- serão importantes para identificar quantas áreas encontram-se
livres e, portanto, passíveis de serem exploradas de forma ocasional, ou seja, sem nenhuma
ou com pouca orientação, assim sendo, sujeitas a danos e degradação ambiental.
1.4.5 Impacto ambiental gerado pela atividade turística e recreativa – definição
Na literatura existe uma quantidade grande de definições sobre impacto ambiental,
entretanto poucas são específicas para avaliar os efeitos da atividade turística e recreativa,
principalmente dentro dos moldes como se observa nas praias do rio Negro. No caso
observado, as atividades, principalmente recreativas, são desenvolvidas em ambientes
naturais sem que haja um projeto estabelecendo as estruturas necessárias para o seu
desenvolvimento, com isso possibilitando determinar as relações de causa e efeito nas
quais se baseia a maioria dos métodos de avaliação de impactos.
Da mesma forma, como há necessidade de se adequar um modelo de avaliação de
impacto mais específico para o uso turístico e recreativo, é preciso definir o significado de
40
“impacto ambiental”, quanto ao uso turístico e quanto à manutenção do patrimônio
turístico. Esta necessidade se dá devido às especificidades da atividade e também devido às
variações existentes quanto às condições ambientais de cada local explorado.
O que se encontrou nas áreas estudadas foi uma quantidade de situações que,
isoladamente ou em conjunto, alteram a qualidade do atrativo. Estas situações prejudicam
seu potencial para uso recreativo, quer pela existência de elementos que podem por em
risco a saúde ou a segurança do visitante -- tais como o lixo abandonado ou a
contaminação dos mananciais d’água -- ou por ocorrerem fatores que prejudiquem a beleza
cênica e que desta forma afastem os visitantes, que irão procurar locais mais conservados.
Partindo destas observações, é possível considerar como impactada pela atividade
turística e recreativa, toda localidade que apresente o total ou parte dos seus elementos
naturais (solo, água, fauna e vegetação), bem como as suas condições estéticas (beleza
cênica), afetadas direta ou indiretamente pela ação da atividade turística ou recreativa,
acarretando assim a redução ou perda da sua atratividade ou condição de uso. Os agentes
de impacto turístico podem ser caracterizados como sendo todas as ações que acarretem
em alterações ambientais e que tenham como causa ou conseqüência às formas de uso
turístico ou recreativo ou das adequações que o local passe para possibilitar o uso, por
exemplo, a retirada da vegetação para implantação de área de camping ou de
estabelecimento comercial à beira da praia.
41
2. Objetivo geral
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar como as atividades turísticas
e de recreação, realizadas em algumas praias do baixo rio Negro dentro do Município de
Manaus, afetam a qualidade ambiental, gerando a perda da atratividade turística. Também
pretende apresentar um conjunto de indicadores de impactos ambientais que possibilitem
(1) avaliar impactos de forma retrospectiva, (2) descrever os efeitos deste tipo de atividade
sobre o meio ambiente e (3) contribuir com a manutenção destas atividades em uma
relação sustentável com o meio ambiente.
2.1. Objetivos Específicos
Este objetivo maior pode ser desmembrado em outros objetivos mais específicos
que são:
Mapear os principais pontos (praias) utilizadas pela população da cidade de Manaus
na prática de turismo e recreação;
Caracterizar os ambientes naturais das praias, suas formas de uso recreativo e
turístico;
Avaliar a intensidade das intervenções no meio ambiente, buscando indicar ações
preventivas, corretivas ou que compensem os impactos negativos causados pela atividade
turística;
Identificar aspectos críticos nas praias que representem riscos potenciais à atividade
turística e ao meio ambiente;
Desenvolver modelo retrospectivo de avaliação de impactos ambientais, apropriado
para as situações típicas de turismo e recreação, oferecendo aos responsáveis pela atividade
um instrumento capaz de identificar os principais agentes causadores de danos ao meio
ambiente; e
Sugerir técnicas de manejo capazes de garantir a sustentabilidade da atividade.
42
2.2. Questões:
Com a concretização destes objetivos acredita-se que as seguintes questões serão
respondidas:
Qual a realidade das praias do rio Negro em relação a características de uso
recreativo, oferta de equipamentos, infra-estrutura e qualidade ambiental?
Quais as praias mais utilizadas e porquê?
Quais os fatores que mais geram danos ao ambiente, prejudicando a atratividade
turística e as condições de uso das praias?
Existe relação direta entre a forma de uso recreativo e a intensidade de danos
ambientais? A existência de infra-estruturas pode amenizar estes danos?
É possível avaliar a qualidade ambiental das praias com a aplicação de um método
de avaliação de impactos simplificado?
As respostas representam um conjunto de informações que constituirão um retrato
da real situação dos ambientes de praia, e também das condições de uso turístico e
recreativo destes locais.
43
3. Materiais e métodos
Resumindo o que foi exposto na introdução (referencial teórico), os fatores que
afetam o ambiente de praia podem ser subdivididos em três grupos: (1) forma e intensidade
de uso, (2) existência e condição da infra-estrutura e de ocupação da área e (3) quantidade
e tipos de danos observados. Para avaliar cada um destes grupos foram desenvolvidas
visitas de campo com a identificação, caracterização e avaliação de cada um dos grupos.
Formulários no formato de lista de checagem (“checklist”) foram empregados, conforme
modelo em anexo.
O período de coleta de dados ocorreu no mês de setembro de 2004, com a
finalidade de levantar aspectos estruturais, caracterizar as feições naturais das praias e
quantificar os danos gerados pela visitação.
O primeiro passo foi um mapeamento das praias existentes ao longo do rio Negro
dentro do Município de Manaus. Para isso foi utilizada uma imagem do satélite Landsat
TM no período das águas baixas (janeiro / 2003). A mesma imagem serviu de base para a
avaliação do nível de desmatamento. Uma carta topográfica (DSG/IBGE) na escala
1:100.000 foi utilizada em campo para localização dos pontos de coleta. Com uso de GPS,
plotou-se nestes mapas as praias do rio Negro com as dimensões de cada área
(comprimento). Utilizando os dados quanto ao uso e impactos elaborou-se o mapa de
áreas de risco ambiental.
A área escolhida para este estudo compreendeu-se por um trecho da margem
esquerda do Rio Negro a montante da cidade de Manaus, que se estende da foz do igarapé
Tarumã Açu até as proximidades do arquipélago das Anavilhanas (foz do Igarapé Arara),
conforme pode ser observado na Figura 20.
O segundo passo foi obter as informações necessárias para identificar quais praias
estão mais vulneráveis quanto à degradação ambiental e conseqüentemente a perda da sua
atratividade turística. Neste grupo foram levantados e quantificados os seguintes aspectos:
• Tempo de permanência de visitantes na área
• Tipos de atividades desenvolvidas na área
• Forma de acesso
• Presença de comércio ambulante ou fixo
44
fr
id
co
Fonte Imagem LANDSAT, Bandas 345, 10/2001
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Fonte PRODES/INPE ,2003
Figura 20 - Mapa de localização da área de estudo – área em destaque seta no
agmento de imagem
Os aspectos referentes à infra-estrutura e equipamentos existentes também foram
entificados na visita de campo. Neste caso foram identificados os seguintes aspectos
nsiderados como endógenos ou específicos de cada área.
Coletores de lixo
Sanitários
Porto ou atracadouro
Água
Energia
Acessos – trilhas
45
• Hotel
• Restaurante
• Sistemas de sinalização e informação
• Programas de manutenção e conservação
• Existência de moradores fixos
• Distancia de Manaus (centro emissor de visitantes)
Quanto aos danos observados em cada praia, foram avaliados na forma de presença
ou ausência, e quantificados dependendo do caso. Foram levantados os seguintes fatores de
impactos.
• Danos totais à vegetação (retirada da cobertura vegetal)
• Danos parciais à vegetação (pisoteio, retirada de plantas ornamentais, etc.)
• Lixo
• Lançamento de esgoto
• Restos de fogueira
• Inscrições ou pichações em árvores, rochas ou outros locais.
• Erosão de encostas e margens
• Construções irregulares
• Padrão das edificações (desarmonia com o ambiente)
• Presença de dejetos humanos
• Trilhas sociais (irregulares)
A coleta de dados quanto à quantidade de danos foi realizada por um
caminhamento ao longo da praia, segundo o modelo normalmente utilizado para
levantamento e avaliação utilizado em trilhas. Dependendo da morfologia de cada praia o
levantamento estendeu-se para as áreas além dos limites da praia, adentrando-se também
na área com cobertura vegetal. Por exemplo, nas praias com falésias (figura 21), foi
realizada a contagem dos impactos somente ao longo da extensão da praia, sendo que nas
áreas de terras altas foi avaliada apenas a condição quanto a desmatamento e uso do solo.
Nas praias com a topografia predominantemente plana, ou seja, onde ocorre o
contato direto da vegetação com a faixa de praia houve uma avaliação mais detalhada
46
estendendo-se além da faixa de areia. Ou seja foram avaliados também as condições nas
áreas ainda com vegetação ou com outro tipo de uso do solo.
Autor Mauro do Nascimento
Figura 21 - Exemplo de praia com a presença de falésia ao longo da costa. Pria
do Tupe
3.1. Formas de medição e avaliação dos impactos:
Quanto aos indicadores utilizados no levantamento de campo, os impactos foram
considerados da seguinte forma:
A) Impacto sobre a vegetação - Foi observado se ocorreu a retirada da
vegetação arbórea original, avaliada na forma de presença ou ausência
do impacto. Foram consideradas como retirada total da vegetação a área
que não apresentar mais nenhum indivíduo (árvore), e como retirada
parcial da vegetação quando for constatada a eliminação de apenas
alguns indivíduos. Indícios de retirada de plantas ornamentais (orquídeas
e bromélias), pisoteio e danos a plantas tais como galhos quebrados,
devem ser anotados também.
B) Impacto sobre o solo (erosão). Neste caso identificaram-se dois
indicadores: (1) a presença de processos erosivos de encostas e margens
47
do rio (faixa de areia), indicada pela ocorrência de canais de escoamento
d’água ou pelo aparecimento de desmoronamento de margens; e (2) a
ocorrência de afloramento de raízes ou a exposição do solo em função da
retirada da camada de matéria orgânica (liteira). Qualquer um destes
pode indicar a incidência de danos sobre o solo na área. 4
C) Lixo. A questão do lixo é importante quando se trata da perda da
atratividade e neste caso a quantidade de resíduos é tão importante
quanto o tipo de resíduos abandonados nas praias. Esta avaliação se dá
através da contabilização (soma) da quantidade de resíduos (latas,
garrafas, etc.) encontradas ao longo do trecho avaliado, em seguida este
valor é dividido pela distancia percorrida, o que possibilita a obtenção de
um valor relativo entre quantidade de lixo e a extensão de praia.
D) Lançamento de esgoto: pode ser avaliado pela presença e ausência deste
tipo de impacto, que se obtém caminhando ao longo do trecho avaliado.
E) Restos de fogueira: a presença de carvão, e estruturas que indiquem que
houve a utilização de fogo quer para o preparo de alimento para a
queima de lixo ou simplesmente para diversão. Neste caso deve-se
somar a quantidade de restos de fogueira que forem observadas.
F) Inscrições ou pichações em árvores, rochas ou outros locais. Com o
caminhamento ao longo do trecho a ser avaliado deve ser quantificado
(quando possível) o número de inscrições ou outros danos observados.
Caso a quantidade seja grande, pode-se avaliar apenas pela presença ou
ausência deste.
G) Construções irregulares e padrão das edificações (desarmonia com o
ambiente). Neste caso, consideram-se como construção irregular àquelas
que são edificadas em áreas inapropriadas, tais como encostas (risco de
erosão) próximas ou sobre cursos d’água, etc.. Quanto a desarmonia
com o ambiente, observa-se se a construção destaca-se demasiadamente
na paisagem quer pela localização ou pelos materiais e cores utilizadas.
4 A ocorrência de processos erosivos pode ser tanto um fator natural, o que normalmente tem uma
incidência e um efeito menor e pode ser observada áreas com ou sem ação humana, contudo a presença de erosão em locais com evidente ação humana, tais como trilhas e desmatamento evidencia claramente que tal fenômeno foi acelerado ou ocasionado por este tipo de ocupação
48
H) Presença de dejetos humanos. Procurar por excrementos de origem
humana ou por indicativos de sua presença. Deve ser procurado em
locais mais afastados tais como interior da vegetação ou em locais com
pedras.
I) Trilhas sociais (irregulares). Estas trilhas só são fáceis de serem
identificadas em locais onde existem trilhas devidamente demarcadas, e
as trilhas irregulares são originadas pela ação dos usuários na tentativa
de encurtar caminhos (atalhos) ou para acessar locais diferentes dos
planejados na construção da trilha. No caso de locais onde não existam
trilhas regulares, as trilhas sociais podem ser identificadas por
características como: são curtas, com dimensões irregulares, não tem
destinos claros ou definidos, tendem a serem retilíneas e não são
sinalizadas.
J) Impacto sobre a água. Foi considerado como indicador de impacto a
presença na área de algum tipo de lançamento de esgoto, quer
proveniente de sanitários instalados na praia ou pelo uso dos sanitários
das embarcações que estejam ancoradas no local. Caso seja possível a
identificação visual de algum outro tipo de impacto este deverá ser
anotado (por exemplo, manchas de óleo, lixo, etc.).
K) Fauna: Para avaliar as condições quanto a impactos sobre a fauna são
necessários períodos longos de observação, além do conhecimento
profundo da constituição da comunidade animal que habita a área a ser
estudada. Uma forma indireta de avaliar a existência de impactos sobre
a fauna utiliza indicadores indiretos: a presença de alguns elementos que
se sabe que podem afetar o comportamento ou a composição da fauna
local. Neste caso pode ser utilizado a presença de trilhas sociais as quais
permitem que os visitantes adentrem a floresta com isso ampliando os
efeitos da visitação para além da área de praia e assim contribuindo para
um maior contato com a fauna local.
Além das trilhas, outro indicador avaliado é a presença de restos de
alimentos. Consulta aos moradores locais quanto a mudanças observadas
também contribuem na avaliação e finalmente a observação direta da
presença visual de algumas espécies comuns à área.
49
L) O somatório de presenças dos indicadores acima representará a
quantidade de danos ambientais observados por uma determinada
extensão de praia. Em outras palavras, quantos tipos de danos são
observados para cada metro de praia.
O passo seguinte foi à elaboração de um quadro resumo onde estão representadas
todas as praias estudadas com as respectivas caracterizações e os valores obtidos para os
indicadores de impactos ambientais.
A partir desta matriz foi possível realizar comparações e cruzamentos de dados a
fim de identificar possíveis relações existentes entre os fatores (variáveis) estudados. Por
fim, com os dados disponíveis foi possível classificar as praias em uma de três categorias:
praias melhores estruturadas, praias mais utilizadas e praias mais preservadas ou menos
impactadas. Estes elementos também foram utilizados para elaboração dos mapas.
3.2. Beleza Cênica
Este é um indicador subjetivo, pois beleza é um critério particular. Para quebrar
esta condição, procurou-se transformar os critérios de avaliação em elementos
mensuráveis, preenchendo o quadro abaixo. Atribuem-se os valores de 10 pontos para
bom, cinco pontos para o conceito regular e para o conceito mau dois pontos e soma-se a
pontuação para obter o score de cada praia.
Item\ Nota Bom (10)∗ Regular (5)∗ Má (2)∗
Dimensão
Vegetação local
Conservação e limpeza
Conjunto paisagístico
Subtotais TOTAL
• Dimensão: mais de 300 m – Bom; 100 a 299 m – regular; menos de 100 m – má.
∗ Os valores entre parênteses correspondem a pontuação para cada uma das avaliações, assim cada praia terá uma nota final expressa em valores numéricos
50
• Vegetação local - mais de 70% da área preservada – bom; entre 50 a 70% - regular;
menos de 50% da vegetação preservada – má.
• Conservação e limpeza: sem presença de lixo ou imperceptível – bom; com pouco
lixo –regular; muito lixo visível – má.
• Conjunto paisagístico. Neste caso avaliar os seguintes fatores: quantidade de
construções, visibilidade da extensão de praia, quantidade de elementos naturais
visualmente significativos, cor da areia e granulometria da areia. Dependendo da
quantidade destes elementos a situação pode ser considerada como bom, regular ou
má.
3.3. A área de estudo 3.3.1. Aspectos naturais – condições gerais
O trecho do rio Negro que foi avaliado apresenta uma extensão aproximada de 38
km. Esta área apresenta características geomorfológicas variadas, com diferentes tipos de
margens. Dois principais tipos são observados. A) costas altas são constituídas por faixa
de areia com largura variável e em seguida um paredão constituído de arenitos, concreções
lateríticas e/ou solos de coloração avermelhada. B) outra feição de costa é formado por
uma faixa de areia e por terras baixas na seqüência, que podem ou ser cobertas por matas
alagadas (igapó).
A região do município de Manaus apresenta clima Equatorial Quente e Úmido,
enquadrado do tipo “Af” na classificação de Köppen. Apresenta-se praticamente sem
inverno, pois a temperatura média para o mês mais frio é sempre superior a 18ºC. Chove
durante todo o ano, com precipitação superior a 60mm nos meses mais secos, que em
Manaus corresponde ao mês de setembro. A amplitude térmica entre a média do mês mais
quente e o mais frio não excede 5oC, indicando isotermia. A temperatura média anual
observada na região de Manaus é de 26,7ºC, com extremos diurnos médias de 23,3ºC e
31,4ºC.
A região apresenta duas estações, marcadas pela variação na quantidade de chuvas:
A estação chuvosa, inverno na concepção local, ocorre entre os meses de novembro e
junho, período em que as temperaturas são mais amenas. A estação seca, denominada
regionalmente como verão, ocorre no período de julho a outubro, marcado também por
51
temperaturas mais altas, podendo atingir extremos de mais de 40ºC, no mês de setembro, o
mais quente do ano.
A precipitação média anual é 2.286mm. O período de maior precipitação vai de
dezembro a maio, mas o pico das cheias do rio ocorre em junho e julho, associado com o
regime pluviométrico de afluentes mais distantes do Negro e do Solimões. O período mais
seco, de vazante, corresponde aos meses de outubro a dezembro.
Para o rio Negro em Manaus a amplitude de variação anual é de aproximadamente
10m e a cota da média de máximas anuais é 27,74 m sobre o nível do mar. O nível da cheia
é bastante previsível, com desvio padrão de apenas 1,15m. A descarga média anual do rio
Negro é de 30.000 m3/seg (MEADE et al., 1991 apud FRANZINELLI e IGREJA, 2002).
A máxima variação do nível de cheia do rio Negro é de 14 m (TRISCIUZZI, 1979. apud
FRANZINELLI e IGREJA, 2002) atingindo uma altura de 28 m acima do nível do mar.
Quanto à cobertura vegetal podem-se identificar duas formações típicas do bioma
amazônico: as florestas de terra firme (aqui incluindo a campinarana) e a de igapó. As
florestas de terra firme observadas na área de estudo são caracterizadas por florestas
ombrófilas densas não aluviais, (Veloso et al, 1991 apud Nelson B.W. e Oliveira A. A.,
2001). Por outro lado às matas de igapó são as formações vegetais que cobrem as planícies
de alagamento ao longo dos rios de grande porte caracterizados por não apresentarem
sedimentos em suspensão. No sistema de classificação de VELOSO et al. (1991), os igapós
não são distinguidos das várzeas e são denominadas florestas ombrófila densa aluvial
(VELOSO et al, 1991 apud NELSON e OLIVEIRA, 2001). Contudo na literatura
científica, a denominação de várzea é empregada quando as florestas são inundadas por
águas barrentas e a de igapó quando são inundadas por águas pretas ou transparentes
(PIRES, 1974 e PRANCE, 1979 apud NELSON e OLIVEIRA, 2001).
As áreas de floresta de terra firme foram descritas em vários locais na proximidade
de Manaus. A composição e a estrutura desta vegetação sofre influência dos tipos de solo e
do relevo, sendo definidos quatro sub-tipos de florestas em toposseqüência: platô, vertente,
campinarana e baixio. Na floresta de platô, o solo é mais argiloso, bem drenado e o dossel
encontra-se a 35 – 40 m com muitas palmeiras no sub-bosque. Na vegetação de vertente
observa-se o dossel entre 25 e 35 m. Esta formação constitui-se em uma vegetação de
transição entre o platô e o baixio. Na formação de baixio há uma variação influenciada
pelo tempo e nível de encharcamento de igarapés, com árvores de dossel situadas entre 20
e 35 m, um dossel mais aberto e com poucas árvores emergentes. São comuns árvores com
52
raízes escoras e adventícias e as áreas encharcadas e abertas podem ser dominadas por
palmeiras. Na floresta de campinarana que pode estar situado entre a vertente e o baixio, o
solo é arenoso, há alta penetração de luz, e alta densidade de epífitas. Principalmente sobre
indivíduos de macucu (Aldina heterophylla), e grande acúmulo de serrapilheira. Apresenta
árvores com dossel de 15-25m e poucas de grande porte. O sub-bosque é denso de
arvoretas e arbustos. Quanto a vegetação de igapó, esta se constitui por uma vegetação
adaptada a longos períodos de alagamento, sendo algumas palmeiras (como Astrocaryum
jauari) as plantas mais características destes ambientes.
Hidrologicamente a área é banhada pelo rio Negro e alguns de seus afluentes, entre
eles os igarapés do Tarumã Açu, Tarumã Mirim, Tupé, Tatu, Caiaué e Arara. O nome
Negro é oriundo da coloração escura da água originada pela grande quantidade de acido
húmico dissolvido, com pH ácido, em torno de 4,2. Os ácidos húmicos se originam da
decomposição da matéria orgânica, como as raízes, folhas e madeira. Os tributários drenam
áreas de rochas acidas dos escudos das Guianas ou terrenos arenosos derivados destes tipos
de rochas. Para SIOLI (1991) a origem das águas pretas está associada com a ocorrência de
solos podzólicos. Neste tipo de solo, a matéria orgânica é rapidamente decomposta,
transformada em húmus de onde provem o ácido húmico que é facilmente dissolvido pela
água da chuva, circula pelo interior do solo e finalmente emergindo à superfície como
pequenas nascentes.
As quantidades de sedimentos transportadas pelo rio Negro é muito pequena. De
acordo com MARTINELLI et al. (1988, apud FRANZINELLI e IGREJA, 2002), o rio
Negro transporta 0,057 x 108 t anualmente de sedimentos enquanto que o rio Amazonas
transporta 2,46 x 108 t.
Como pode ser observado na figura 22, geologicamente a área estudada apresenta
um pacote sedimentar bem caracterizado formado por depósitos continentais do Cretáceo -
- constituídos por argilas avermelhadas, arenitos, siltitos, e argilitos da Formação Alter do
Chão – que são sobreposta por depósitos terciários da formação Solimões. Estas estruturas
cobrem outras rochas sedimentares da bacia. A Formação Solimões é responsável pela
presença de terraços de páleo-várzea de idade pleistocênica que ocorrem ao sul do rio
Negro, enquanto a margem norte dominada pela Formação Alter do Chão é formada por
interflúvios tabulares alternadas com colinas esculpidas. Mineralogicamente, os solos que
dão origem às praias sãos compostos de areia quartzosa, argila de caolim e concreções de
plintita e gipsita.
53
Fonte Boletim de geociências da
PETROBRÁS, nº 01, vol 08, 1994.
Figura 22 - Carta estratigráfica da Bacia do Amazonas.
A geomorfologia da área de estudo apresenta várias feições morfológicas que são
controladas pelo leito rochoso e pelas ações tectônicas, e da morfologia do canal fluvial.
As feições observadas e que tem interesse para o estudo são: barras de areia (praias), terra
firme e igapó. As praias são resultado da deposição recente de areias de quartzo ao longo
54
do curso do rio, estas praias são tipicamente situadas aos pés dos paredões (falésias) ou
isoladas ao longo da costa. Igapó são áreas planas que são periodicamente alagadas. Seus
solos são constituídos por depósitos de sedimentos finos como argila, silte e areias finas e
grande quantidade de matéria orgânica oriunda da queda de fragmentos da vegetação que
cobre estas áreas. As áreas de terras firmes podem ser caracterizadas como superfícies
planas à ligeiramente onduladas, seccionadas pelos canais de drenagem que cortam a área.
Estas áreas podem ser apontadas como os principais divisores d’águas da região.
3.3.2. As áreas de praia e o uso de imagens de satélite
Utilizando-se uma imagem de satélite de janeiro de 2003 (período de águas baixas),
figura 26, foi possível identificar e mapear os bancos de areia (praias) que aparecem na
área de estudo. Neste caso as praias aparecem nas imagens como faixas de cor branca ou
rosa claro, conforme pode ser observado no recorte de imagem (figura 23) onde é possível
ver um trecho da praia do Tupé.
Figura 23 - Detalhe de imagem apresentando uma área de praia (praia do Tupé)
As principais dificuldades encontradas com relação ao uso de imagens para o
mapeamento de áreas de praia são, principalmente, a resolução da imagem o que pode
resultar na subestimação da área e numero de praias, pois pode ocultar as praias com
dimensões pequenas ou com larguras reduzidas (menos de 30 m), e a possibilidade de se
55
superestimar as áreas e números de praias tendo em vista que áreas sem vegetação, mas
também sem depósitos de areia poderem ser considerados como praia.
Com o uso de imagens pode-se identificar ao longo do intervalo estudado 17
segmentos com características de praia, com extensão total de 26,9 km, e média de 1,6 km
para cada um. Entretanto na prática de campo foram levantadas 14 localidades (ver Mapa
figura 25) caracterizadas como praias somando-se a extensão destas obstem-se um total de
4.615 metros o que resulta em aproximadamente 330 metros de faixa de areia para cada
área avaliada, em cada uma procurou-se identificar características naturais e antrópicas
tanto as associadas com o uso recreativo bem com aquelas ligadas à ocupação e outras
atividades.
A área em estudo apresentou diversas formas de ocupação, e uso do solo. As
margens do rio Negro são ocupadas por pequenas propriedades agrícolas com destaques
para atividades pecuárias e pequenas áreas de agricultura de subsistência. Não são
observadas grandes propriedades ou atividades agrícolas comerciais perto das praias. A
existência de unidades de conservação como a RDS do Tupé ou o parque estadual do rio
Negro pouco interferem na forma de uso do solo, pois estas UC’s não contam ainda com
planos de manejo ou outras ações que controlem ou regulamentem as atividades na suas
zonas de influencia ou área de entorno.
Foto; Mauro do Nascimento.
Figura 24 - Construção de moradia característica como segunda residência edificada em Reserva de Uso Sustentável Tupé – contrariando a legislação vigente.
56
Figura 25 - Mapa de localização das praias visitadas e outras localidades
57
Algumas áreas que apresentaram características de praia encontram-se ainda sem
uso ou exploração. Podem apresentar alguma limitação de uso tal como: a existência ainda
de cobertura vegetal ou a presença de afloramentos rochosos que prejudicam ou impedem
o uso. Estas áreas não foram estudadas, embora tenham possibilidades de serem utilizadas
no futuro.
Considerando as condições ambientais e as combinações que podemos encontrar ao
longo deste trecho do rio Negro, ressalta-se a importância desta área como atrativo
turístico. A vegetação, o clima, as formações geológicas e geomorfológicas apresentam
variações que tornam esta área bem mais complexa e diversificada do que se pode supor.
Os ambientes de praia ou aqueles associados com água, são talvez os que apresentam um
apelo mais significativo quanto ao fluxo de visitantes e daqueles que desejam apenas
algumas horas de lazer ao ar livre. Contudo os mesmos constituem, junto aos demais
elementos ambientais, um conjunto de atrativos que podem constituir-se em produtos
muito mais complexos e com valores ambientais e antrópicas bem mais amplos e ricos.
58
4. Resultados e discussão
4.1. Uso do solo
Para melhor descrição do uso do solo, a área de estudo foi dividida em trechos
conforme a distância de Manaus. Neste caso procurou-se observar o nível de alteração que
cada um destes trechos, para tanto avaliou-se a quantidade e o tamanho das áreas com
desmatamento, definindo assim o nível de alteração empreendido em cada área.
Trecho 01- compreende a área entre o Igarapé Tarumã-Açu e o início da praia do
seu Zé. Neste trecho encontram-se as fozes dos dois maiores tributários do rio Negro
dentro da área estudada: os igarapés Tarumã-Açu e Tarumã-Mirim. Inclui as comunidades
populosas de Livramento e Nossa Senhora de Fátima (grandes manchas rosa), apresenta
desmatamento em grandes quantidades de propriedades e em áreas, acarretando em maior
alteração ambiental entre todos os trechos estudados. A praia da Lua é a área com maior
intensidade de visitação.
Tarumã-M
Livramento
Figura 26 - Imagem apresentando o t
praia do seu Zé
Fátima
irim
a
recho 01 iniciando no iga
Praia da Lu
u
Tarumã-AçPraia do Seu Zé
rapé Tarumã-Açu ate
59
Trecho 02 - Entre a praia do seu Zé e a ponta do Tatuquara. A praia do Tupé e a
comunidade são Jose do Tupé, são os pontos mais significativos tanto quanto a visitação
como pelo nível de povoamento. As praias do Arrombado, Paulo Jorge e do seu Zé são as
áreas que se destacam quanto ao uso recreativo, por serem consideradas áreas
“particulares” os donos procuram regular o acesso de visitantes. Neste trecho observa-se
que a quantidade de áreas desmatadas é grande porém o tamanho destas áreas é menor. O
que caracteriza uma ocupação predominantemente formada por pequenas propriedades.
a
Figura 27 - Imagemfinalizando na ponta do T
Trecho 03 - Da pon
habitada, porém apresenta
trechos. A apresentam dua
extensão de terrenos planos
Tatu. No passado houve um
em grande área desmatada
siderúrgica – SIDERAMA
cobertura vegetal, conforme
Praia do Tupé
apresentando o trecho 02, com inicioatuquara.
ta do Tatuquara até a foz do igarapé Ta
nível de desmatamento semelhante ao enc
s feições geomorfológicas: costa alta (fal
e alagados principalmente na área próxim
a tentativa de exploração e ocupação ma
, devido à extração de madeira para uso
– atualmente esta área está em process
pode ser observado na imagem.
Praia do Seu Zé
Ponta do Tatuquar
na praia do seu Zé
tu, esta área é pouco
ontrados nos demais
ésias) e uma grande
a da foz do igarapé
is intensa resultando
no projeto de usina
o de recuperação da
60
Foz do Igarapé Tatu
Área desmatada pela SIDERAMA
Ponta do Tatuquara
Figura 28 - Imagem apresentando o trecho 03, da ponta do tatuquara ate a foz do Igarapé Tatu.
Trecho 04. Entre a foz do Igarapé Tatu e a do Igarapé Caiaué; predominam costas
baixas com grande quantidade de praias com várias configurações ambientais e condições
de uso. Observam-se grandes áreas em processo de regeneração da cobertura vegetal, o que
pode indicar o abandono de áreas agrícolas ou de pastagens. É atualmente a porção com
menor nível de ocupação sendo esta limitada a pontos isolados ao longo da costa , a área
apresenta poucas áreas desmatada e com dimensões reduzidas.
Foz do Igarapé Caiaué
Figura 29 - Imagem apresentando o trecho 04, comp
Igarapé Tatu e a do Igarapé Caiaué.
Foz do igarapé Tatu
reendido entre a foz do
61
Trecho 05 - Entre a foz do Igarapé Caiaué e a foz do igarapé Arara. Há neste
trecho o predomínio de costas altas e considerável ocupação humana, incluindo a
comunidade do Arara. , Capoeiras resultante de antigos desmatamentos cobrem boa parte
da área. Esta porção apresenta ainda áreas desmatadas em grande quantidade, contudo
apresentando dimensões reduzidas, limitadas a margem do rio. Este trecho é o mais
distante de Manaus o que pode representar uma menor ocorrência de visitantes.
Foz do Igarapé Arara
Figura 30 - Imagem apresentando o trecho 05 esten
Igarapé Caiaué e a foz do igarapé Arara.
Foz do Igarapé Caiaué
dendo-se entre a foz do
62
4.1.1. O desmatamento
A avaliação do desmatamento foi feita sobre uma imagem de satélite do ano de
2003, utilizando-se o software Global Mapper. Somente o desmatamento dentro da área de
preservação permanente (APP) foi considerado, ou seja, na faixa de 500 metros da costa,
perfazendo uma área total de 19,0 km2. Desta área, 66,7% (12,7 km2) são desmatados ou
em recuperação (capoeira). A área desmatada representa 26 polígonos, com tamanho
médio de 0,56 km2.
O desmatamento ocorre predominantemente ao longo de toda a margem norte do
rio Negro e sobre todos os tipos de vegetação (igapó e preferencialmente sobre terra
firme). A fonte do desmatamento pode ser associado com atividade agrícola, pecuária e
outras formas de ocupação humana. Não foi possível separar o desmatamento atribuído ao
uso turístico e recreativo da área. Até porque a atividade turística e/ou recreativa só
ocorrem em locais de acesso fácil, praias desprovidas de vegetação e com pouco ou
nenhum afloramento rochoso.
A extensão do desmatamento ocorre predominantemente no sentido, paralelo com a
costa, tanto do rio Negro como de seus afluentes. Essa característica pode ser atribuída à
falta de vias terrestre que possibilitassem o acesso a áreas mais afastadas dos rios, este
fator deve ser considerado como positivo tendo em vista que dificulta a ocupação do
interior preservando a vegetação destes locais.
A figura 31, apresenta o comportamento do desmatamento na área estudada,
baseada em imagem LANDASAT de 2003, onde este foi classificado em três níveis assim
caracterizados: a) Nível elevado – representa áreas com desmatamentos em grandes
proporções e quantidades, com tendência à aumento, pois estão localizados em áreas com
elevada concentração populacional; b) Nível médio – nestas áreas observa-se uma menor
concentração quanto ao número de áreas desmatadas e também ao tamanho destas áreas;
c) Nível Baixo – áreas com pequenas manchas de desmatamento ou com áreas em estado
de recuperação (capoeiras), são áreas que mantém-se relativamente preservadas
principalmente devido a baixa concentração populacional.
63
Figura 31. Condições quanto aos níveis de desmatamento na margem esquerda do Baixo rio Negro.
64
4.1.2. Uso turístico e recreativo
Entre as 14 praias avaliadas no estudo apenas duas, Lua e Tupé, apresentaram uma
alta intensidade de uso. Tal fato deve ser atribuído à existência de serviços de alimentação
(bares e restaurantes), que atraem maior número de visitantes. A facilidade de acesso dos
visitantes difere de uma praia para outra. A praia da Lua está mais próxima da cidade, tem
meios de transporte freqüentes, regulares e de baixo custo todos os dias da semana e a
qualquer hora. O acesso à praia do Tupé é mais difícil. Seu uso recreativo é restrito aos
finais de semana, principalmente aos domingos quando são organizados passeios em
embarcações de maior porte.
As demais praias têm características quanto à visitação diferentes, pois como a
oferta de serviço é reduzida ou inexistente a principal forma de acesso é restrita a
embarcações particulares (de todos os tipos e tamanhos) ou a fretamento de embarcações
para grupos. Estes últimos podem ser apontados os mais prejudiciais ao ambiente pois
como as áreas não oferecem serviços e muitas delas são desabitadas, acabam por acumular
uma quantidade maior de danos ao ambiente.
O “acesso regular” é aquele fornecido por uma associação de barqueiros, com
horários e percursos pré-definidos. O “acesso particular” é caracterizado pela utilização de
embarcações de pequeno é médio porte conduzido pelo proprietário. O “fretamento”
constitui-se no aluguel ou arrendamento de uma embarcação que conduza visitantes em
grupos previamente organizados ou em grupos definidos no momento do embarque.
Quanto à periodicidade de uso, observou-se quatro categorias: 01) a diária quando
há presença de visitantes em todos os dias da semana, 02) semanal quando ocorre a
concentração dos visitantes em um período definido da semana, 03) ocasional, quando não
há uma freqüência regular, variando tanto na data quanto ao tempo entre uma visita e
outra, e 4) raro, correspondente a situações onde o aparecimento de visitantes é muito
pequeno.
A tabela 01 apresenta um resumo das condições de uso das praias, a praia da Lua --
muito próxima, dotada de uma estrutura de serviços e tendo acesso regular a um preço
acessível -- é a única que apresenta uma periodicidade diária quanto à visitação. Por outro
lado as praias da região do Caiaué apresenta uma freqüência de visitação rara, fato que
pode era atribuída a estas e as demais praias devido: a) distância b) pela carência na oferta
de serviços, c) dificuldades quanto a transporte, necessidade de linhas regulares. Mesmo
distantes praias como Tupé e ate mesmo Arara apresentaram uma periodicidade de
65
visitação semanal isso ocorre devido ao fato destas localidades contarem com pelo menos
uma oferta de serviços básica, baseada principalmente na oferta de passeios com barcos
fretados. O que se pode observar é que a freqüência de visitas não esta relacionada com a
forma de acesso ou com a distancia destas praias ao centro de Manaus, mas sim com a
existência de serviços, principalmente a oferta de alimentos e bebidas.
Os locais apresentaram uma enorme precariedade quanto à existência de infra-
estruturas e de qualquer outra forma de controle ambiental. Na realidade, as praias do
Baixo rio Negro não estão preparadas para receberem visitantes. Procurou-se quantificar a
presença de estruturas impactantes e as mitigantes. As primeiras levam ao aumento do
fluxo de visitantes e/ou à alteração do ambiente; as infra-estruturas mitigantes têm como
resultado a redução dos efeitos da visitação.
Tabela 01 - Distâncias, forma de acesso, periodicidade de uso e existência de serviços
nas praias visitadas.
Praia Distância de Manaus Km
Forma de acesso
Periodicidade de uso
Existência de Serviços
Lua 3 regular Diário Sim Livramento 9 regular Fim de Semana Não Seu Zé 12 particular Eventual Não Igarapé Almofada 13,5 particular Eventual Não Arrombado 14 particular Fim de Semana Sim Tupé jusante 15 fretamento Fim de Semana Sim Tupé montante 16 particular Eventual Não Costa Tatu I 18 particular Eventual Não Costa Tatu II 18 particular Eventual Não Costa Tatu III 22,5 particular Raro Não Costa Caiaué I 24 particular Raro Não Costa Caiaué II 26 particular Raro Não Caiaué 28,8 particular Raro Não Arara 32 particular Fim de semana Sim
4.2. Formas mais freqüentes de acesso às praias
No caso de Manaus - segundo informação colhida com proprietários de
embarcações que fazem o transporte entre a cidade e as praias - a área natural com maior
procura para recreação são as praias fluviais ao longo do baixo rio Negro. Existem também
os “banhos” ou “balneários”, áreas junto a pequenos cursos d’água que são preparados para
uso recreativo.
66
O principal meio de transporte às praias utilizado pela população, são barcos
regionais, denominados recreios (figura 32). Os passeios são organizados pelos
proprietários ou por arrendatários, tendo como destinos as localidades que apresentam
alguns serviços, principalmente de alimentação. Cabe ao visitante a escolha da
embarcação.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 32. Embarcação regional denominada de recreio é a mais utilizado em
passeios organizados, estas estão ancoradas na Praia do Tupé.
Os organizadores de passeio consultados informaram que escolhem seu destino
baseado nos seguintes critérios: a beleza cênica da praia, a facilidade de acesso (condição
para aportar a embarcação), distância da cidade e, principalmente, pela existência de algum
tipo de estrutura de serviços no local.
67
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 33. Embarcação particular neste caso utilizada por famílias e/ou por
pequenos grupos de visitantes, podem ser encontradas em praias movimentadas ou
em locais isolados.
Outra forma de acesso se da pelo uso de embarcações particulares (Figura 33).
Neste caso, os visitantes tanto podem procurar locais com alguma infra-estrutura como
locais ainda pouco visitados, pois cada embarcação tem condição para fornecer as
estruturas necessárias para o conforto dos visitantes.
Como o conjunto de condições procuradas pelos passeios organizados não é
encontrado em todos os locais, a exploração é concentrada em poucas praias,
potencialmente intensificando os danos ambientais. Esta distribuição pode ser observada
no mapa (figura 34) onde a intensidade de uso é classificada em quatro classes: diário, final
de semana, eventual e raro.
68
Figura 34 – Mapa da Freqüência de Uso das praias do Baixo rio Negro / setembro 2004
69 69
Tabela 02 – Características das praias do Baixo rio Negro quanto à presença de
habitação, infra-estrutura e quantidade total de impactos.
Habitada Praia Propriedade
rural Comunidade
Infra-estrutura mitigante
Infra-estrutura
impactante
Total de impactos
Lua Não Sim 2 3 4 Livramento Não Sim 0 0 3 Seu Zé Sim Não 0 0 4 Igar. Almofada Sim Não 0 0 5 Arrombado Sim Não 2 2 5 Tupé jusante Não Sim 4 3 6 Tupé montante Não Sim 0 0 5 Costa Tatu I Não Não 0 0 4 Costa Tatu II Não Não 0 0 7 Costa Tatu III Não Não 0 0 2 Costa Caiaué I Sim Não 0 0 4 Costa Caiaué II Sim Não 0 0 5 Caiaué Sim Não 0 0 4 Arara Não Sim 0 3 6
Conforme o quadro acima, os dois tipos de infra-estruturas só são encontrados em
quatro das 14 localidades avaliadas. Nas localidades com infra-estrutura mitigante
(sistemas de limpeza e saneamento, etc.), a quantidade de impactos observados não foi
menor do que nas localidades onde estas infra-estruturas são inexistentes. Este fato pode
ser atribuído a dois fatores: (1) a insuficiência destas infra-estruturas em atender as
necessidades, ou seja, estão sub-dimensionados ou mal distribuídos; e (2) comportamento
inadequado do próprio visitante ou do morador local quanto à manutenção da área.
70
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 35- Exemplo de placa de orientação presente na entrada do centro de
visitantes da RDS do tupé
A foto acima é um exemplo de placa de orientação para visitantes que foi bem
idealizada, contudo mal executada, pois a mesma está localizado em um ponto fora do
local de maior fluxo de visitantes, apresenta dimensões reduzidas alem de ser em
quantidade insignificante (apenas uma em toda a extensão da praia). Para cumprirem sua
função com eficiência placas deste tipo devem ser grandes, em linguagem clara,
localizadas em pontos de fácil visualização. Este exemplo (figura 35) pertence a uma
unidade de conservação, mas as restrições listadas deveriam ser validas para qualquer uma
das localidades (praias) porém o que se observou é que praticamente todas estas
recomendações não são respeitadas nas praias avaliadas. Nem mesmo no local onde ela
deveria estar orientando os visitantes (praia do Tupé). Além de um conjunto de estruturas
estas localidades carecem de um serviço de orientação e fiscalização apoiadas em um
programa de manutenção e manejo de visitação. O que com certeza amenizaria bastante os
impactos ambientais encontrados nas áreas de praia.
71
4.3. Os impactos
O formulário no estilo checklist aplicada na visita às localidades, procurou
identificar e quantificar os vários tipos de impactos diretos ou indiretos sobre um elemento
biótico (a vegetação), e um abiótico (o solo). A questão saneamento foi medida através da
quantificação do lixo abandonado. As inscrições ou pichações, juntamente com a
existência de construções indicaram a qualidade visual da área. A ocorrência de restos de
fogueiras além de contribuírem com a degradação visual, podem ser apontadas como riscos
indiretos à vegetação (incêndios florestais).
O quadro a seguir apresenta os resultados quanto à presença ou quantidade de
impactos observados em cada praia. O total de impactos representa a soma de presenças de
impactos encontrados para cada praia.
Tabela 03 - Praias e impactos ambientais observados nas praias do Baixo rio Negro
em setembro / 2004
Praia Lixo Danos a vegetação Fogo Inscrições Solo
Erosão Trilhas Construções Total impactos
Lua 33 Sim 0 Não Sim Não Sim 4 Livramento 18 Sim 7 Não Não Não Não 3 Seu Zé 15 Sim 0 Não Sim Sim Sim 4 Igar. Almofada 6 Sim 0 Não Sim Sim Sim 5 Arrombado 10 Sim 0 Não Sim Sim Sim 5 Tupé jusante 30 Sim 0 Sim Sim Sim Sim 6 Tupé montante 42 Sim 0 Não Sim Sim Sim 5 Costa Tatu I 11 Sim 0 Não Não Sim Não 4 Costa Tatu II 10 Sim 2 Sim Sim Sim Sim 7 Costa Tatu III 8 Sim 0 Não Não Não Não 2 Costa Caiaué I 39 Sim 6 Não Não Não Sim 4 Costa Caiaué II 5 Sim 0 Não Sim Sim Sim 5 Caiaué 0 Sim 0 Não Sim Sim Sim 4 Arara 23 Sim 3 Não Sim Sim Sim 6
Os danos à vegetação em qualquer das modalidades, temporário ou definitivo,
ocorreram em todas as praias avaliadas constituindo-se no mais significativo das formas de
impacto. Para melhor entendimento as forma diferentes de impacto serão apresentadas
separadamente:
72
4.3.1. Lixo
O lixo, principalmente garrafas plásticas, foi encontrado em todos os locais porém
com variação quanto à quantidade. Para retirar o efeito quanto a extensão da praia e a
quantidade de lixo estabeleceu-se a uma relação entre os dois elementos o que estabelece
um ranqueamento, ou seja, pode-se definir uma lista das praias mais poluídas levando-se
em consideração a quantidade de lixo por metro de praia (tabela 04).
A quantidade de lixo não foi muito grande; porém é evidente que o lixo é um
problema e que a quantidade pequena não significa a ausência da ameaça. A pequena
quantidade em algumas praias pode ser atribuída a:
(01) levantamento realizado pouco tempo depois da emersão das praias, portanto
não havendo tempo suficiente para uma acumulação maior;
02) em algumas localidades os moradores realizam limpezas periódicas, o que
evidencia que o fato de que sem este tipo de atitude as localidades seriam tão degradadas
quanto as outras. Tal comportamento pode ser observado nas praias de Caiaué, Costa
Caiaué II e Tupé;
03) alguns materiais, principalmente alumínio, são recolhidos para reciclagem,
portanto os plásticos, vidros e outros metais formam os principais elementos encontrados.
O quadro abaixo apresenta ainda uma segunda informação importante que é a
presença ou não de moradores nas praias, o que também pode ser apontado como gerador
de lixo. O lixo encontrado é a soma deixada pelo morador e pelo visitante.
Quanto a quantidade de lixo encontramos valores absolutos acima da media nas
praias do Arara, Costa Caiaué I, Tupé Montante, Livramento e Lua. Considerando a
densidade do lixo, devemos incluir: Costa Caiaué I, Tupé Montante, Livramento e Lua.
Considerando que o lixo não ira sair sozinho das praias, que não se constatou a
existência de programas ou campanhas de limpeza que atuem em todas as localidades e
bem como somente nos locais habitados ocorre algum tipo de manutenção quanto à
limpeza, conclui-se que a presença de moradores representa um fator positivo para a
manutenção da atratividade destas praias. Assim se excluirmos os locais com moradores e
os que também tenham algum tipo de infra-estrutura mitigadora, as praias em piores
condições quanto ao lixo, são Costa Caiaué I, Tupé Montante e Livramento. Esta última
localidade corresponde aos bancos de areia localizado na foz do Igarapé do Tarumã-Mirim
e que desaparecem durante o período de cheias os, portanto os efeitos são amenizados pela
73
cheia. Porém, nas demais localidades este fator não ocorre o que evidencia a acumulação
cada vez maior dos detritos.
Tabela 04 – Praias do Baixo Rio Negro e respectiva quantidade de lixo ordenado segundo a relação lixo pela extensão, setembro 2004.
Praia Extensão Lixo Lixo / extensão (Fragmentos por metro) Habitada
Infra-estrutura mitigante
Igarapé Almofada 30 6 0,20 sim 0 Costa Caiaué I 200 39 0,20 sim 0 Caiaué 200 0 0,00 sim 0 Lua 300 33 0,11 sim 2 Livramento 200 18 0,09 não 0 Costa Tatu III 100 8 0,08 não 0 Tupé montante 580 42 0,07 sim 0 Arara 355 23 0,06 sim 0 Arrombado 200 10 0,05 sim 2 Tupé jusante 600 30 0,05 sim 4 Costa Tatu I 350 11 0,03 não 0 Seu Zé 700 15 0,02 sim 0 Costa Tatu II 500 10 0,02 não 0 Costa Caiaué II 300 5 0,02 sim 0 Média 329,6 17,9 0,07
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 36 - Vidro e plástico a maior contribuição em termos de lixo praia do Tupé / Setembro 2004
74
Foto: Mauro do Nascimento Figura 37 - Copos e pratos descartáveis lixo abandonado pelas barracas
“restaurantes” que exploram a praia do Tupé. Julho / 2004
Autor: Mauro do Nascimento Figura 38 - Lixo presente à beira d’água pela disposição linear provavelmente
carregado pelo rio Praia do Tupé / setembro 2004
75
Respondendo a questão sobre o problema do lixo que foi exposta na introdução se o
lixo é uma questão cultural ou da falta de infra-estrutura a resposta é que tanto um como
outro fator são responsáveis pela quantidade de lixo encontrado nas localidades estudadas.
Para que possa fazer esta afirmação partiu-se do seguinte ponto de vista se fosse a
falta de infra estrutura (coletores de lixo, por exemplo) somente as praias que
apresentassem tais equipamentos seriam livres de lixo e aquelas sem coletores seriam as
mais sujas, contudo o que se observou na prática é que em todos os locais, independente da
existência ou não de infra estrutura, foi observado a presença de lixo, o enfoque cultural
segue uma interpretação parecida, onde se os visitantes tivessem um comportamento
adequado com relação ao lixo todos os locais seriam limpos.
4.3.2. Vegetação
Neste elemento, além do desmatamento que já foi comentado, procurou-se
identificar outros impactos gerados pelo visitante e pelos moradores locais sobre a
cobertura vegetal que circunda a área de praia. Todas as localidades apresentaram este tipo
de dano sendo a retirada de plantas ornamentais, o corte de plantas e a quebra de galhos os
danos mais significativos.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 39 - Plantas (palmeiras) retiradas para servirem como elementos de
decoração em festa realizada na praia costa Caiaué / Setembro 2004
76
A foto (figura 39) demonstra bem este tipo de impacto, onde plantas foram retiradas
da mata próxima da praia para servirem como decoração para uma festa “luau” (figura 40)
organizada por uma empresa de “eco” turismo.
Este tipo de atividade parece ser freqüente em muitos praias, fato que pode ser comprovado pela presença de restos de fogueiras e outras armações comuns nestes tipos de festas.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 40 - Detalhe da festa organizada na praia onde se utilizaram plantas nativas como elementos de decoração costa do Caiaué / Setembro 2004
Estes exemplos demonstram bem o quanto o ambiente como um todo é
negligenciado. Em depoimento prestado pelos responsáveis pela organização da festa, os
mesmos declararam que procuravam manter a limpeza da área com a retirada de “todo”
lixo. Porém a pratica não confere com o discurso, pois a preocupação com o ambiente não
deve ser limitada a recolhimento de lixo, mas a uma preocupação bem mais ampla e
respeitando-se todos os elementos.
Esta foto a seguir (figura 41) representa bem outro tipo de impacto gerado sobre a
vegetação. O bosqueamento é a retirada das plantas menores e a limpeza do solo com o
objetivo de se manter uma área sombreada, mas “limpa” ideal para o uso do visitante. Este
tipo de impacto reduz a capacidade de recuperação da floresta, pois elimina as plantas
juvenis e o banco de sementes que estariam estocadas no solo.
77
A retirada ou a alteração da cobertura vegetal afeta diretamente a fauna local, quer
pela remoção da sua fonte de alimentação, de seu abrigo, ou do local de nidificação, alem
de que a presença de visitantes altera o comportamento dos animais afugentando-os ou
atraindo-os com a disponibilidade de alimentos (lixo) deixados pelos visitantes os danos
sobre a vegetação portanto podem ser apontados como uma das principais ações do
turismo sobre a fauna.
Outro efeito da retirada da vegetação está relacionado com a relação existente entre
a cobertura vegetal e o solo. Esta relação torna-se bem mais importante em um ambiente
onde os solos são frágeis e susceptíveis à erosão e lixiviação. Estes fenômenos podem
acarretar no aumento dos processos erosivos e no empobrecimento de um solo já
naturalmente de baixa fertilidade.
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 41 - Bosqueamento outra forma de impacto sobre a vegetação e sobre o
solo. Praia costa do Arara / setembro de 2004.
78
4.3.3. Fogo
O fogo nas praias é utilizado para o preparo de alimento, queima de lixo ou como
forma de “diversão”. Houve restos de fogueiras em quatro localidades entre as 14 estudas.
Foi um dos impactos menos freqüentes, mas em duas localidades foram observados
números elevados com três ou mais fogueiras para cada 100 metros de praia. Além da
perda da beleza do local, estas fogueiras podem representar um risco de incêndio florestal.
Tabela 05 – praias do Baixo rio Negro com presença de restos de fogueira, setembro
/ 2004
Praia Restos de fogueiras Extensão Quantidade de fogueiras
para cada 100 m de praia Livramento 7 200 3,5 Costa Tatu II 2 500 0,4 Costa Caiaué I 6 200 3 Arara 3 355 0,8
As figuras 42 e 43 apresentam exemplos de restos de fogueiras encontradas pelas
praias onde estas fogueiras são mais comuns. Tem uma peculiaridade; são locais carentes
de qualquer infra-estrutura ou serviços, que garantam a satisfação das necessidades dos
visitantes, quanto à alimentação ou atividades de lazer.
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 42 - Restos de fogueira utilizada para queima de lixo, praia de
Livramento / Setembro 2004
79
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 43 - Restos de fogueira típica para o preparo de alimentos
“churrascos”, praia do Arara / Setembro 2004
As fogueiras apresentam três motivos de ocorrência que são: a queima de lixo, o
preparo de alimentos (assar carnes ou peixes) ou simplesmente sem fins específicos.
4.3.4. Inscrições
Neste caso procurou-se identificar algum tipo de inscrições, pichações ou outro tipo
de ato de vandalismo. Estas agressões à paisagem, embora não possam ser consideradas
como impacto ambiental, pois não alteram nem positiva nem negativamente qualquer
componente ambiental, são importantes quanto a manutenção da beleza cênica.
As inscrições feitas por visitantes foram encontradas em duas praias, Tupé jusante e
Costa do Tatu II. Esta pratica não é muito comum nas praias estudadas, mas o vandalismo
é encontrado em muitos locais com visitação, pois o fluxo de pessoas atrai o interesse
daqueles que querem passar algum tipo de mensagem. Nos locais onde se observou a
presença de inscrições estas foram feitas nas falésias (barrancos) situadas ao longo da
margem do rio e que em vários pontos estão bem próximos à praia, aproveitando-se da sua
constituição geológica, rochas areníticas, que possibilitam a confecção de entalhes, e como
são desprovidos de cobertura vegetal, constituem-se em verdadeiros painéis naturais.
Os exemplos encontrados estão em locais relativamente pouco movimentados, pois
assim como os pichadores que atuam na área urbana, estes também preferem os horários
80
sem movimento ou locais onde seja possível realizar suas atividades sem a presença de
espectadores. As fotos (figuras 44 e 45) apresentam exemplos destas inscrições e como
este tipo de atitude prejudica a beleza da paisagem.
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 44 - Inscrições feitas sobre parede da falésia, local praia do Tupé /
Março 2004
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 45 - Inscrições feitas sobre parede da falésia, local praia do Tupé /
Março 2004
81
4.3.5. Solo – Erosão
A erosão e outros impactos sobre o solo são comuns, observados em dez das 14
localidades estudadas. Foi possível detectar vários exemplos de situações erosivas e como
se pode observar na tabela 06 há uma relação entre a presença de processos erosivos e o
fato da localidade ser habitada, está ligação ocorre em decorrência da retirada total ou
parcial da cobertura vegetal, quer para uso agropecuário ou para instalação de construções
para uso residencial. A retirada da cobertura vegetal, quando ocorre sobre determinados
tipos de solos e formas de relevos podem favorece ao aumento da erosão. Ou seja, a erosão
é ampliada quando a vegetação é retirada em locais com solo arenosos e relevo
acidentados.
Como as atividades recreativas ocorrem preferencialmente em áreas já habitadas ou
que tenham sido alteradas anteriormente assim sendo não é possível afirmar que nas áreas
estudadas as ocorrências de processos erosivos tenham sido provocados pelas atividades
turísticas ou recreativas, isoladamente.
Tabela 06 - Ocorrência de processos erosivos e habitação por praia do baixo rio
Negro / setembro 2004
Praia
Solo - Erosão Habitada
Lua Sim Sim Livramento Não Não Seu Zé Sim Sim Igarapé Almofada Sim Sim Arrombado Sim Sim Tupé jusante Sim Sim Tupé montante Sim Sim Costa Tatu I Não Não Costa Tatu II Sim Não Costa Tatu III Não Não Costa Caiaué I Não Sim Costa Caiaué II Sim Sim Caiaué Sim Sim Arara Sim Sim
A erosão afeta o conjunto paisagístico -- fazendo com que a localidade perca a
atratividade, já que esta é dependente da beleza do local -- e também a estrutura ambiental,
pois com o desaparecimento de parte da camada do solo diminui a capacidade de
recuperação e manutenção da cobertura vegetal. O rio Negro próximo a Manaus tem baixa
capacidade de transportar e depositar de sedimentos arenosos, portanto baixa, capacidade
82
de formar novos bancos de areia. Assim um depósito de areia gravemente erodida levará
muito tempo para recuperar sua condição anterior. Se isso realmente irá acontecer também
é uma incógnita. Os efeitos da erosão podem ser observados predominantemente em dois
espaços: na faixa de areia (praia) e nas encosta ou barrancos. No caso dos barrancos, a
erosão é predominantemente de causa natural e é comumente observada em praticamente
todos os rios. Contudo, pode ser acelerada pela retirada da cobertura vegetal, tanto na base
da falésia com na sua parte superior – desmatamento da terra firme.
Além das terras firme argilosas, esculpidas em falésias, existem extensos depósitos
de areia localizados em terraços pouco acima do atual nível máximo dos rios e que podem
sofrer erosão quando a vegetação é retirada. Estes depósitos são ou páleo-praias
representando um antigo nível de rio mais alto, ou extensos podzóis que formavam na base
de vertentes. O outro local com forte atuação dos processos erosivos é a parte superior da
própria praia. Neste caso a remoção mecânica da cobertura sedimentar pelas chuvas, pode
ser tão acelerada que em alguns pontos onde o processo é mais atuante pode-se observar o
afloramento do substrato rochoso ou com conglomerados lateríticos (formação comum em
toda a região).
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 46 - Processos erosivo associados a retirada da cobertura vegetal em
terrenos com declividade acentuada. Local praia do Tupé / Julho 2004
83
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 47 - Processo erosivo sobre faixa de areia. Local praia costa do Caiaué /
Setembro 2004
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 48 - Tentativa de contenção de processo erosivo com o uso de sacos de
areia. Local Praia do Tupé / julho 2004
84
Figura 49 - Erosão de encosta de
falésia5 local praia do Tupé / março
2004
Foto: Mauro do Nascimento
Figura 50 - Erosão sobre faixa de
areia com a completa remoção do material.
Local praia do Tupé / Março 2004
Foto: Mauro do Nascimento
5 Embora possa ocorrer normalmente sua freqüência pode ser acelerada pela retirada da vegetação no topo
85
4.3.6. Trilhas
As trilhas que se procurou identificar neste estudo são aquelas que são implantadas
sem critérios, pois danificam a paisagem e suprimem uma parte da vegetação. Constituem
uma via de penetração do visitante ou do morador ao interior da mata assim estendendo a
interferência da atividade para o interior da floresta. Facilitam a dispersão de elementos
como o lixo, além de perturbação sobre elementos da fauna local.
A grande maioria das praias estudadas apresentou estas “trilhas sociais” e este fato
também pode ser associado com a existência de moradores nestas localidades. Autor: Mauro do Nascimento
Figura 51 -Trilha ligando a área de praia a parte alta (roçados) local costa do
Tatu / setembro 2004
86
A foto (figura 51) mostra como trilhas mal construídas geram impactos, pois a
configuração linear da trilha seguindo a declividade do terreno com certeza ampliarão o
potencial erosivo, canalizando o fluxo d’água.
4.3.7. Construções
As construções encontradas durante as avaliações de campo, foram divididas em
dois grupos. As construções de uso residencial representam a maior parcela dos exemplos
encontrados. Concentram-se ao longo do rio, principalmente nas áreas de terra firme, mas
em alguns casos foram erguidas sobre a faixa de areia. O outro grupo são as edificações de
caráter comercial. Estes foram encontrados em dois locais, praia do Tupé e da Lua. Estão
implantadas sobre a faixa de areia com um padrão arquitetônico não harmonizado com o
cenário natural. Assim constituem uma agressão à paisagem. Não apresentam estruturas
apropriadas para preparo de alimentos, armazenagem, ou para escoamento de seus dejetos,
que são lançados diretamente sobre a areia da praia. Desta forma, põem em risco a
manutenção da qualidade ambiental da área.
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 52 - Construção residencial improvisada utilizando-se restos de
matérias de construção local costa do Tatu / setembro 2004
87
Autor: Mauro do Nascimento
Figura 53 - Construção comercial observa-se os improviso de material na
construção e a desorganização no uso do espaço. Local praia do Tupé / março 2004
Autor: Mauro do Nascimento Figura 54 - Construção residencial de temporada (férias) construída em uma
Unidade de Conservação de uso Direto. Local praia do Tupé / março 2004
88
4.4. Fatores de geração de danos
Tipos de Impactos (freqüência por local estudado - em %)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
vege
taçã
o
lixo
cons
truço
es
trilh
as
eros
ão
fogo
pich
açõe
s Impactos
Freq
uenc
ia -
%
Figura 55 - Tipos de impactos e sua freqüência, para as praias do Baixo rio Negro / setembro 2004
Conforme representado no gráfico acima a retirada ou outra forma de intervenção
sobre a cobertura vegetal (100%) e o lixo abandonado pelos visitantes e moradores locais
(93%) são as principais formas de impactos sobre os ambientes das praias (figura 55).
Construções, trilhas e impactos sobre o solo formam um segundo grupo de elementos
impactantes, com mais de 70% de ocorrência entre os locais estudados. Os fatores menos
significativos em termos de ocorrência são uso do fogo e as inscrições ou pichações, com
29 e 14% respectivamente. O desmatamento em terra firme também afetou grande parte da
área estudada e pode representar um impacto ambiental irreversível ou de recuperação
demorada e onerosa, mas suas principais causas - agricultura e pecuária - não são
associadas diretamente com o uso recreativo.
Quanto aos outros elementos que impactam, o ambiente (tais como: caça, extração
de madeira, ocupação residencial) estes apresentam um resultado rápido quando se
estabelecem programas de educação ambiental, manutenção, estruturação e de
regulamentação do uso.
89
4.5. Relação entre a forma de uso recreativo e a intensidade de danos ambientais
Neste estudo não foi realizada uma medição quanto à intensidade de uso, ou seja,
definir-se o número de visitantes, pois para isso seria necessária uma estrutura de pessoal
muito grande espalhada por todo o trecho do rio Negro que foi estudado a fim de
quantificar em mesmo período a quantidade de visitantes. Contudo, mesmo nas praias que
apresentam maior movimento – Tupé Jusante e praia da Lua – a ocupação não atinge ainda
a totalidade de suas áreas, ficando boa parte da extensão da praia desocupada.
O espaço utilizado é concentrado nas proximidades dos bares na praia, levando a
crer que o nível de utilização é inferior à capacidade de receberem visitantes. Pode-se
deduzir que as principais causas de impactos são: a) a carência de infra-estrutura,
principalmente aquelas que podem amenizar impactos, tais como: sinalização, coletores de
lixo, locais apropriados para camping ou manutenção e limpeza e b) ao comportamento
inadequado dos visitantes e / ou dos operadores dos serviços que exploram a área, tais
como agências de turismo e donos de bares e embarcações.
Os dados coletados não apontam para uma relação entre presença moradores e a
soma de impactos. No entanto, apenas quatro das 14 praias estavam desabitadas, o que
dificulta a comparação das duas categorias.
NAO SIMHABITADO
1
2
3
4
5
6
7
8
IMPA
CTO
Figura 56 – Impactos e presença de habitação para as praias do Baixo rio
Negro / setembro 2004
90
O gráfico (figura 56) apresenta o comportamento quanto à quantidade de impactos
em relação ao fato do local ser ou não habitado, o que se pode perceber é que há uma
quantidade pequena de praias desabitadas e que nestas pode-se perceber uma variação
grande quanto a quantidade de impactos (o menor e maior índice), quanto as áreas
habitadas estas apresentam uma quantidade de impactos mais próximos a média com uma
concentração dos níveis de impactos não havendo uma diferença muito grande entre as
áreas avaliadas.
Tabela 07 – distribuição das quantidades de impactos por praia do Baixo rio Negro
segundo a condição de habitada ou não.
Praia HabitadaQuantidade
de Impactos
Lua Sim 4 Seu Zé Sim 4 Igarapé Almofada Sim 5 Arrombado Sim 5 Tupé jusante Sim 6 Tupé montante Sim 5 Costa Caiaué I Sim 4 Costa Caiaué II Sim 5 Caiaué Sim 4 Arara Sim 6 Livramento Não 3 Costa Tatu I Não 4 Costa Tatu II Não 7 Costa Tatu III Não 2
O mapa a seguir (figura 57) apresenta um resumo das condições de níveis de
impactos segundo a quantidade de impactos encontrados em cada praia estudada, estas
praias foram divididas em quatro categorias (Níveis). Assim temos as menos impactadas
com dois ou três impactos como nível 1; e as mais impactada nível 6 com 6 o 7 impactos
encontrados.
91
Figura 57– Mapa segundo níveis de impactos observados nas praias do Baixo rio Negro / setembro 2004
92
Esta situação pode ser atribuída ao fato de que nas praias onde existem moradores
estes atuam como agentes impactantes enquanto que nos locais desabitados a ocorrência de
impactos pode ou não ocorrer dependendo praticamente da intensidade de uso e neste caso
a oferta de infra-estrutura principalmente as que visem orientar o uso é fundamental para
manter a qualidade destes locais.
O mapa de Qualidade Ambiental apresentado a seguir baseou-se em quatro
condições para sua elaboração que são: a condição quanto a freqüência de uso recreativo, a
densidade demográfica (uso do solo), a quantidade de impactos e o nível de alteração da
paisagem (representado pelo desmatamento). Estes elementos primeiramente foram
representados em mapas que serviram de base para a elaboração do mapa final
denominado como mapa de qualidade ambiental.
Com base nestes critérios criaram-se três níveis diferentes de qualidade ambiental
que puderam ser plotado na forma de mapa, o uso deste mapa pode ser importante para
identificar as áreas onde há necessidade de uma intervenção visando a correção ou a
orientação dos moradores e usuários quanto a necessidade da preservação ambiental.
As regiões mais próximas do centro de Manaus são as que apresentam condições
ambientais piores (níveis 01 e 02). Estas áreas além, de terem maior intensidade de uso
recreativo, apresentam, devido a sua proximidade maior número de moradores fixos o que
acarreta em maior degradação na paisagem principalmente pelo desmatamento.
As áreas mais distantes apresentam melhor qualidade ambiental, porém cabe
destacar que em nenhuma das áreas pesquisadas pode-se observar a ausência de algum tipo
de impacto ou área que não tivesse sido alterada tanto no presente como no passado.
Nestas áreas (níveis 03) a exploração recreativa é menos freqüente e realizada por uma
quantidade menor de visitantes, a taxa de ocupação é menos densa e observam-se impactos
ambientais em menor intensidade.
93
Figura 58 - Mapa dos níveis de impactos ambientais observados por praia ou trechos do Baixo Rio Negro / setembro 2004
94
4.6. Beleza cênica e quantidades de impactos
Teoricamente espera-se que, quanto maior a atratividade (beleza natural) de um
lugar maior será o número de visitantes, o que, em teoria, acarretaria em maior número de
impactos observados. No entanto, não houve uma relação entre a variável “beleza cênica”
e “quantidade de impactos”. A relação entre estas duas variáveis apresenta r2 próximo de
zero (Figura 59). A hipótese de que a inclinação da reta não inclui zero é rejeitada (p
=0,85)
R2 = 0.0032
0
1
2
3
4
5
6
7
8
3 4 5 6 7 8 9 10 1
Beleza cênica
Impa
ctos
1
Figura 59 - Relação entre o número de impactos e a beleza cênica por praia
O mesmo teste de regressão foi aplicado para a relação entre o “total de impactos” e
outras variáveis tais como: distância de Manaus, forma de uso, e existência de infra-
estruturas, resultando em todos os casos valores de p não significativos (acima de 0,05) e
com intervalos de confiança para a inclinação apresentando amplitudes que variam de
números negativos até positivos, assim incluindo o valor zero.
Embora a teoria exposta anteriormente postule que haveria uma relação direta entre
cada uma destas variáveis e a variável “total de impactos” o mesmo não se observou nas
análises estatísticas. Isso pode ser atribuído à forma de coleta e tratamento dos dados, que
não foram estruturadas para serem estatisticamente avaliadas, pois não fora este o objetivo
do estudo. Esta situação reforça ainda mais o caráter de complexidade da atividade
95
turística, que não obedece a regras e a formatos pré-concebidos, tendo uma dinâmica
própria com ações e reações diferentes para cada ambientes e situações de uso.
Tabela 08 – Resultados das avaliações de beleza cênica e quantidade de impactos por
praia do baixo rio Negro / setembro 2004
Praia Avaliação
beleza cênica
Quantidade de impactos
Costa Tatu II 10 7 Arrombado 9 5 Costa Tatu I 9 4 Costa Tatu III 9 2 Lua 8 4 Seu Zé 8 4 Costa Caiaué I 8 4 Tupé jusante 7 6 Caiaué 7 4 Arara 7 6 Igarapé Almofada 5 5 Tupé montante 5 5 Livramento 4 3 Costa Caiaué II 4 5
4.7. Método de avaliação de impactos simplificado
A atividade turística e recreativa como a que se identificou neste estudo tem um
efeito sobre o meio ambiente que pode ser identificado com facilidade, mesmo que se leve
em conta a complexidade da atividade. Portanto não se vê dificuldade em identificar os
impactos gerados pelo turismo ou recreação, mesmo que a forma de avaliação seja feita de
forma simplificada.
Isto é possível devido ao fato de que a avaliação fundamentou-se em elementos que
são facilmente percebidos e que são possíveis de serem quantificados e que também podem
ser indicadores de impactos indiretos. O lixo e o desmatamento foram os dois elementos
que podem apresentar maior dificuldade em se identificar a sua origem, já que podem estar
associados ao uso turístico, como também ao próprio fato da área ser ocupada ou por ter
sido habitada no passado.
96
A avaliação que se pretende executar tem o objetivo de avaliar a condição
ambiental de todo a área. Neste caso é irrelevante o fato do desmatamento ou lixo ter uma
origem ou outra. O que é importante é que estes elementos estão presentes nas áreas
estudadas e estão gerando a redução da atratividade turística ou da qualidade ambiental. Os
demais fatores impactantes também podem ser facilmente identificados bastando para isso
uma caminhada pela área a ser avaliada, acompanhado por um formulário constituído de
uma lista dos impactos a serem identificados. Preenchido este formulário pode-se ter uma
noção da real situação, quanto à qualidade ambiental da área que está sendo utilizada ou
que irá ser utilizada. Com isso o interessado poderá identificar os principais elementos
ambientais que estão sendo degradados e assim definir ações que possibilitem a correção
ou recuperação do local.
97
5. Conclusões e recomendações
5.1 Quanto aos impactos
Tendo em vista os questionamentos e objetivos que nortearam este trabalho, os
resultados obtidos possibilitam que algumas conclusões sejam tomadas, tais como:
A) Deve-se ter em mente que as mesmas não representam um regulamento ou uma
definição quanto aos prováveis impactos ambientais que estejam associados ao turismo ou
a atividades de recreação, até mesmo por que neste estudo não foram avaliados os outros
tipos de ambientes ou as outras formas de turismo. Em segundo lugar na forma de uso que
se estudou, ou seja, aquela que ocorre de forma espontânea e com pouco ou nenhuma
orientação ou regulamentação, observa-se que os impactos são visíveis e que ocorrem
quase por toda a área, sem gradientes aparentes, mas também não espacialmente
homogênea.
B) As características quanto às formas de usos da área sobrepõem-se em usos
múltiplos, destacando-se os associados com a exploração econômica da terra (agricultura
ou pecuária). Estas atividades acarretam em processos de desmatamento que extrapolam os
limites da faixa de praia e avançam sobre a faixa destinada a proteção permanente. O
desmatamento é a principal forma de impacto, tanto pela extensão quanto pela
significância, pois este tipo de agressão esta sempre associado a outros tipos de impactos.
C) O desmatamento na forma que se encontra atualmente não pode ser considerado
como um fator de repulsa ou que reduza a quantidade de visitantes, pois os hábitos dos
freqüentadores -- e por que não dizer do brasileiro de modo geral --, é o de procurar as
praias em busca do sol e é claro que a vegetação e sua sombra não são elementos bem
vistos em uma praia, embora devessem ser considerados com extremamente necessárias.
D) Comparado ao desmatamento, os impactos gerados pela atividade turística e
recreativa sobre a vegetação podem ser considerados de pequena importância, porém estas
formas de impactos podem ser observadas em todos os locais estudados. Acabam
somando-se aos efeitos do desmatamento, pois ocorrem nos poucos fragmentos de
vegetação que ainda restam, prejudicando a sua manutenção e regeneração.
E) Quanto à ocupação existem três formas que se distinguem como: desabitada,
com moradores e com pequenas aglomerações (vilas). A presença de moradores em
algumas destas praias não pode ser apontada como fator de exclusão de visitantes. Nestas
98
áreas podem ser observados alguns serviços (alimentos e bebidas) ofertados aos visitantes.
Este fato normalmente ocorre nos locais onde existe uma maior concentração de
moradores, ou seja, os visitantes utilizam-se dos serviços que estão disponíveis para a
população local (como no caso da vila do Arara) ou de serviços implementados
especificamente para atender os visitantes (Praia do Tupé e da Lua). As áreas ocupadas por
moradores permanentes ou temporários (não se constituindo em aglomerações) também
podem e são utilizadas para recreação.
F) A falta de serviços não impede ou diminui a freqüência de visitantes, embora as
áreas desprovidas são as que apresentam menores possibilidades de receberem visitantes,
as praias com menor número de visitantes são aquelas onde os proprietários não permitem
ou impõem algum tipo de restrição à forma ou a permanência de visitantes.
G) O lixo representa o segundo maior problema encontrado nas praias, presente em
praticamente todos os locais. Sua origem é diversificada, pois pode estar ligada à
freqüência dos visitantes, aos moradores ou em menor escala aos detritos carregados e
depositados nas praias pelo rio. O lixo é uma questão séria e a sua solução envolve uma
soma de ações que vão desde a área estrutural, preparo da área para coleta e tratamento dos
dejetos, passando pela área cultural ou educacional, sensibilização e conscientização dos
moradores e visitantes quanto à importância da limpeza das áreas.
H) As praias estudadas encontram-se despreparadas para receber visitantes, no que
se refere a questões estruturais para amenizar o lixo. Não há coletores adequados e em
quantidade suficiente. Na grande maioria dos pontos eles sequer existem. Campanhas de
limpeza ou coleta não são executadas ou são limitadas a pontos isolados e com freqüências
irregulares. Ou ocorrem somente da faixa de areia, deixando o lixo acumular-se nas áreas
de vegetação, o que é prejudicial para a fauna local.
I) A presença de restos de fogueiras, encontradas ao longo da faixa de areia ou nas
bordas das áreas com vegetação, aponta para a ocorrência de acampamentos (camping
rústico), ou para a permanência de visitantes por um período de tempo mais prolongado do
que somente algumas horas. Nenhuma das praias está preparada para acomodar visitantes
por um tempo prolongado, exceção aos hotéis de selva que não correm na área de estudo.
Este despreparo demonstra o quanto estes ambientes estão sendo sub explorados ou
explorados de forma errônea como atrativo ou como produto para o turismo. A
implementação de áreas de camping, além de possibilitar o ordenamento do uso, pode
significar uma importante fonte de renda para os moradores das localidades envolvidas.
99
J) Uma quantidade significativa de locais com erosão do solo representa uma
indicação de que os locais estão sendo ocupados de forma incorreta, não havendo um
respeito às condições ambientais tais como: desmatamento de encostas, retirada da mata
ciliar, exposição do solo pela remoção da camada de liteira, etc. Nas áreas estudadas estes
fatos podem ser atribuídos mais à forma de ocupação e uso do solo pelos moradores locais
do que as condições ou efeitos do uso turístico e recreativo.
L) Outros impactos tiveram ocorrência menos significativa, como a presença de
trilhas irregulares, de inscrições e de construções irregulares. Uma freqüência menor não
signifique que seus efeitos sejam insignificantes ou que não representem um perigo
potencial para o ambiente. Estes problemas têm uma relação direta com o despreparo e
com o estado de abandono que estas áreas vem passando e indicam a falta de
acompanhamento ou fiscalização da área que está sendo explorada.
M) No caso das áreas estudadas, é necessária uma presença mais atuante dos órgãos
responsáveis pelo turismo e pelo meio ambiente (tanto do Município como do Estado),
através de ações de regularização, fiscalização e sensibilização dos visitantes, dos
moradores e dos empresários responsáveis pela exploração das atividades desenvolvidas
nas localidades. Isto poderá representar um importante passo para a sustentabilidade
ambiental e econômica. Por exemplo, nas áreas que já se consolidaram como principais
pontos de recepção (Tupé e Lua), a remodelação dos bares para padrões mais harmônicos
com a paisagem e a implementação de estruturas de saneamento podem revitalizar o
espaço impedindo que ocorra o fenômeno de estagnação e decadência do produto turístico,
acarretando posteriormente em um aumento do número de freqüentadores.
N) Toda a área que foi avaliada neste estudo apresenta-se impactada tanto pela ação
dos moradores como dos eventuais visitantes. Porém é bem claro que estes impactos ainda
não comprometeram as áreas a ponto de impedir sua utilização turística e recreativa e o
melhor de tudo é que os níveis de degradação ainda podem ser amenizados e as condições
ambientais retornarem a níveis bem próximos das condições ideais.
5.2 Quanto à forma de avaliação de impactos
Este estudo foi norteado pela busca de um processo de avaliação retrospectiva e que
possa auxiliar os responsáveis pela administração de locais que estejam submetidos ao uso
turístico ou recreativo, principalmente em espaços naturais e que tenha sofrido pouca ou
100
nenhuma adaptação para o desenvolvimento destas atividades. Vários indicadores foram
selecionados após a leitura de trabalhos realizados nos mais diversos tipos de ambientes,
submetidos a várias formas de uso turístico e recreativo em muitos países. Na continuação,
elaborou-se formulários para uso em campo. A meta foi observar quais dos indicadores
selecionados eram os mais simples de serem identificados e avaliados e passiveis de
monitoramento. Posteriormente os dados coletados em campo foram analisados, obtendo-
se uma descrição das condições dos ambientes de praia do Baixo rio Negro.
A avaliação das condições ambientais normalmente é fruto de um demorado e caro
processo de estudo envolvendo grupos de trabalho multidisciplinares. Esta opção não está
acessível à grande maioria dos empreendimentos turísticos, principalmente aqueles que são
implementados por pequenas comunidades ou por pequenos proprietários rurais. Tal fato
tem como resultado a implementação e a manutenção de empreendimentos fadados ao
fracasso e a gerarem uma série de problemas ambientais que nem sempre serão possíveis
de serem corrigidos.
Neste estudo selecionaram-se alguns indicadores quantitativos contínuos (lixo e
fogueiras) e outros que foram avaliados na forma de presença e ausência (danos à
vegetação, inscrições, erosão do solo, trilhas e construções irregulares). Na prática todos
esses indicadores selecionados foram facilmente identificados em campo, o que representa
uma vantagem, pois assim facilitam seu uso por pessoas menos habilitadas, com pequena
qualificação ou treinamento.
Desta forma pode-se afirmar que o objetivo de se criar um modelo que avalie as
condições ambientais em uma área natural que esteja submetida à exploração turística e
recreativa foi positiva. E assim é possível propor um modelo de avaliação de qualidade
ambiental (exposto no Quadro 01 na pagina 103), este modelo baseia-se nos mesmos
indicadores selecionados e usados em campo, portanto ele avalia as mesmas condições
observadas como potencialmente geradoras de impactos ambientais, associadas ao uso
turístico e recreativo.
101
5.2.1 – Modelo simplificado de avaliação
O conhecimento das condições ambientais de uma área submetida ao uso turístico
ou recreativo nem sempre é considerada com a mesma importância que se dá para o
conhecimento da suas condições econômicas ou financeiras. Ou seja, muitos
empreendedores não dão a mesma importância para a questão ambiental como dão para o
faturamento de seu estabelecimento, esquecendo-se que, para atividades como o turismo
ou recreação, a manutenção da qualidade ambiental representa a manutenção de seu
principal recurso (matéria-prima), sua principal fonte de renda. Sem ela não haveria
visitantes e conseqüentemente não haveria a geração de renda.
A proposta que se apresenta a seguir representa uma contribuição para amenizar
parcialmente este problema. Baseia-se nos resultados do trabalho de campo onde uma
série de variáveis foram utilizadas. Com base nestas informações foram determinadas
quais condições são mais importantes como geradoras de impactos e quais os elementos
mais importantes como mitigadores destes impactos. Assim surgiu uma proposta de
questionário que se expõe a seguir e na continuação a forma e os critérios para avaliação da
qualidade ambiental da área.
No quadro as respostas sim são codificadas como verde para ausência de um
impacto ou presença de elemento mitigador, ou não em vermelho para os impactos ou
ausência de elemento mitigador e amarelo assinalado quando não se aplica o
questionamento a área que se está avaliando.
102
Quadro 01. Proposta de questionário para avaliação simplificada de qualidade ambiental em áreas de uso recreativo ou turístico.
Lixo 1 Ao percorrer a área encontrou lixo? Sim Não Não se aplica2 A área tem lixeiras? Sim Não Não se aplica3 O lixo é coletado com freqüência regular? Sim Não Não se aplica4 O lixo coletado tem sempre o mesmo destino? Sim Não Não se aplica5 O lixo e selecionado e reciclado na própria área? Sim Não Não se aplica6 Há placas orientando os visitantes quanto ao lixo? Sim Não Não se aplicaFogueiras 7 Ao percorre a área encontrou restos de fogueira? Sim Não Não se aplica8 As fogueiras estão próximas de formações vegetais? Sim Não Não se aplica9 A área oferece locais apropriados para fogueiras? Sim Não Não se aplica10 Há placas orientando os visitantes quanto ao uso de fogo? Sim Não Não se aplicaDanos a vegetação 11 A área apresenta espaços desmatados? Sim Não Não se aplica12 As margens dos rios estão cobertas de vegetação? Sim Não Não se aplica13 Os visitantes costumam levar mudas, flores retiradas da área? Sim Não Não se aplica14 Foram observados galhos quebrados ou plantas pisoteadas com
freqüência? Sim Não Não se aplica
15 Há placas orientando os visitantes quanto ao cuidados com a vegetação?
Sim Não Não se aplica
Inscrições 16 Observou-se a presença de inscrições, pichações ou outras
formas de vandalismo na área? Sim Não Não se aplica
17 As inscrições ocorrem em todos os locais? Sim Não Não se aplica18 Há placas orientando os visitantes quanto importância da
manutenção da área? Sim Não Não se aplica
Erosão do solo 19 São observados sulcos ou outras formas de erosão na área? Sim Não Não se aplica20 Nos momentos de chuva as águas que escorrem carregam muitos
sedimentos? (tem coloração barrenta) Sim Não Não se aplica
21 Nas trilhas e outros locais é comum encontrarmos raízes expostas na superfície?
Sim Não Não se aplica
22 As camadas de liteira (folhiço, serrapilheira) são mantidas sobre o solo?
Sim Não Não se aplica
23 A vegetação das encostas e das margens dos cursos d’água foi preservada?
Sim Não Não se aplica
Trilhas irregulares 24 São encontradas trilhas não oficiais na área? Sim Não Não se aplica25 As trilhas oficiais estão bem identificadas e preservadas? Sim Não Não se aplica26 Há placas sinalizando os percursos das trilhas oficiais? Sim Não Não se aplica27 Há placas alertando os visitantes quanto à proibição de abrir
novas trilhas? Sim Não Não se aplica
Construções irregulares 28 As construções existentes estão harmonizadas com a paisagem? Sim Não Não se aplica29 Há construções que não sejam importantes para o funcionamento
da atividade? Sim Não Não se aplica
30 Há regras ou normas quanto a implantação de novas construções?
Sim Não Não se aplica
103
Para avaliar a qualidade da área que esta sendo explorado proceda ao seguinte
calculo:
01. Conte os quadros assinalados em
Vermelhos: _________
Verdes: __________
Amarelos: _________
02. Utilize a seguinte formula,
Qualidade Ambiental = ∑ quadros Vermelhos X 100 / (30 – ∑ quadros Amarelos)
Os valores encontrados representarão um indicador de qualidade ambiental baseado
nos indicadores observados em campo. Este valor servirá de referencia para a tomada de
decisão, quanto à necessidade ou não de uma intervenção mais profunda e principalmente
quanto à busca por uma orientação profissional.
Os resultados podem ser agrupados em cinco categorias, variando da mais
preservada ou com melhor qualidade ambiental (áreas ou locais com pequena ou nenhuma
necessidade de intervenção) até aquelas com valores mais elevados, as com péssima
qualidade ambiental (que necessitaram de uma intervenção com urgência).
Quadro 02 – Indicadores de qualidade ambiental segundo o método de avaliação
simplificado
Pontuação Classificação Diagnóstico
0 a 20 Ótimo Apresenta poucos indicadores de impactos e está bem estruturada para o recebimento de visitantes. Pode ser considerado como uma área modelo.
21 a 40 Bom A quantidade de impactos é pequena e as necessidades de infra-estruturas são baixas. Deve-se tomar cuidado com a manutenção e o monitoramento da área.
41 a 60 Regular
Já apresenta alguns impactos significativos e carece de algumas infra-estruturas há necessidade de intervenção e regulamentação quanto ao uso da área. A consulta a um especialista é recomendada, mas não obrigatória.
61 a 80 Ruim
As condições quanto a danos e infra-estruturas é critica, já se fazem necessário uma intervenção mais drástica na área, principalmente para regulamentação do uso e correção dos danos já observados.
81 a 100 Péssimo
Área com grande número de impactos e praticamente despreparada para o uso turístico ou recreativo. Neste caso recomenda-se a interdição da área ate que medidas de correção dos danos e a implementação de infra-estruturas seja concluida
104
Cabe destacar alguns pontos referentes ao preenchimento deste questionário por
parte do responsável:
01) as questões devem ser respondidas após percorrer toda a extensão da área
utilizada pelos visitantes;
02) o responsável pelo preenchimento do questionário deve ser imparcial na hora de
respondê-lo;
03) todas as questões devem ser respondidas assinalando-se um dos três quadros;
04) o quadro não se aplica deve ser assinalado somente quando o objeto do
questionamento não existir na área, por exemplo: se a questão fizer referência a cursos
d’água (rios) e não existem rios na área.
05) as somas e cálculos devem ser efetuados, pois a avaliação só termina após estes
passos.
Os parâmetros utilizados nesta avaliação são facilmente observáveis por uma
pessoa com pouca familiaridade com as questões ambientais e a veracidade desta forma de
avaliação vai depender do interesse que o responsável pelo empreendimento ou pelo
produto turístico tiver em manter a sustentabilidade do seu negócio.
A busca pela sustentabilidade deve ser uma prática constante. Sabe-se que é uma
luta difícil, pois envolve uma dose de esforço, criatividade, recursos e até mesmo de
renúncia ao lucro fácil e rápido. Seja ela ambiental ou econômica, a sustentabilidade
requer que se faça uma opção pela longevidade do empreendimento e não pela rápida
acumulação da riqueza. Aquele que opta pela exploração equilibrada e racional dos
recursos naturais descobre que a verdadeira riqueza não se acumula, mas se preserva.
105
6. Bibliografia:
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108
7. Anexos
Formulário 01. Utilizado para caracterização da área. Características Ambientais da Área.
Local: Distancia de Manaus: Km:
horas:
Coordenada (inicio)
Lat: _____°______’______’’
Long: _____°______’______’’
Coordenada (final):
Lat: _____°______’______’’
Long: _____°______’______’’
Orientação ________º ________ Extensão:
Cheia ( ) seca ( )
Tem praia:
Ano todo ( ) só na vazante ( )
Forma da praia:
linear/ aberta ( ) baia ( ) arco ( )
convexa ( )
Cobertura vegetal (predominante):
Tipo: floresta inundada (igapó) ( ) floresta terra firme ( ) igapó e terra firme ( )
Somente floresta ( ) Com floresta e área desmatada ( ) Somente área desmatada ( )
Capoeira ( )
Característica do desmatamento:
Somente em terra firme ( ) Em terra firme e na faixa de areia ( )
Somente na faixa de areia ( ) somente em Igapó ( ) totalmente desmatada ( )
Motivo: Agrícola ( ) recreação ( ) não identificado ( )
Topografia:
Plano ( ) plano e falésia ( ) falésia ( ) altura aproximada (_____ m)
Hidrografia: Presença de: lago ( ) igarapé ( )
Fauna: Avistamento:
Aves Na praia ( ) Na borda da floresta ( ) quanto ( ) nenhum ( )
Mamíferos Na praia ( ) Na borda da floresta ( ) quanto ( ) nenhum ( )
Répteis Na praia ( ) Na borda da floresta ( ) quanto ( ) nenhum ( )
Características da praia:
Cor da areia: branca ( ) cinza claro ( ) Cinza ( ) Amarelada ( )
avermelhada ( ) mista ( )
109
Granulometria da areia: média ( ) fina ( ) argilosa ( ) mista ( )
Moradores:
Desabitada ( ) habitada ( ) Vila ou comunidade ( ) Quantidade: _______
Ocupação / uso:
Segunda residência ( ) Propriedade rural ( ) Atividade: ______________
Unidade de conservação ( ) Tipo: __________________
Avaliação preliminar:
Dimensão - bom ( ) regular ( ) mau ( )
Beleza cênica - bom ( ) regular ( ) mau ( )
Conjunto paisagístico - bom ( ) regular ( ) mau ( )
Vegetação local - bom ( ) regular ( ) mau ( )
Conservação e limpeza - bom ( ) regular ( ) mau ( )
Observações: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Croqui
110
Formulário 02. Utilizados para identificação e quantificação dos impactos.
Presença e tipo de danos observados: Local _________________________ distância do inicio da praia ______m
Categoria Tipo Quantidade p b r q
Danos à vegetação (temporário)
o
dp Danos à vegetação (permanente) db pl v m Lixo
mo pa ql Restos de fogueira o pi e Inscrições ou pichações o
em ef rl
solo
re f Presença de dejetos humanos u
Trilhas sociais (irregulares) ts rs
Construções irregulares cm
h
rh Padrão das edificações
dh
A lista a seguir apresenta os significados de cada tipo de impacto observado Tipos: Vegetação Temporário = pisoteio (p), bosqueamento (b), retirada de plantas (r),
galhos quebrados (q), outros (o).
Vegetação Permanente = desmatamento praia (dp), desmatamento borda (db),
Lixo = plástico (pl), vidro (v), metais (m), matéria orgânica (mo)
111
Restos de fogueira = preparo alimento (pa), queima de lixo (ql), outros (o)
Inscrições = pinturas (pi), entalhes (e), outros (o)
Solo = Erosão margem (em), erosão falésia (ef), retirada da liteira (rl), raiz exposta (re)
Dejetos humanos = fezes (f), urina (u)
Trilhas sociais = trilha simples (ts)
Construções irregulares = residencial (rs), comercial (cm)
Padrão das edificações = harmonia (h), harmonia relativa (rh), desarmonia (dh)
112
Formulário 03. Utilizado para identificar as formas e intensidade de uso da área.
Forma e intensidade de uso da área: Local ________________
Tipo características
Tempo de permanência horas dias semanas
Freqüência Diária Fim de semana Esporádica
Período de maior uso Meses do ano
Nº
Inicio Fim
Esportes Descanso Pesca
Atividades praticadas Gastronomia Banho Outros:
Meio de acesso Próprio Coletivo Público
Eventos programados
Data: Tipo:
Origem dos visitantes Local: Outras localidades:
Uso de estruturas e serviços do local tipo Sim Não Alimentação Hospedagem Sanitários Outros
Observações: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
113
Formulário 04. Utilizado para identificar as infra-estruturas, equipamento e serviços em cada área.
Infra-estrutura, equipamentos e serviços: Local ________________________
Mitigadores:
Coletores de lixo
Sanitários
Sistemas de Sinalização e Informação
Limpeza pública
Programas institucionais
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) tipo____________
Periodicidade semanal ( ) mensal ( )
eventual (sem data fixa) ( )
sim ( ) não ( ) tipo____________
Órgão responsável: ____________________
Impactantes:
Comércio ambulante
Comércio fixo
Porto ou atracadouro
Água e Energia
Acessos – trilhas
Hotel / resort / lodge
Restaurante e bares
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
sim ( ) não ( ) quantidade ( )
Observações:
114