INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

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INSTITUTO SUMARÉ DE EDUCAÇÃO SUPERIOR-ISE-Ltda FACULDADE SUMARÉ FABIANA MELLEO DA CONCEIÇÃO DE FRANÇA INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DAS INTERPRETAÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A PROBLEMÁTICA EM SUAS SALAS DE AULA SÃO PAULO

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INSTITUTO SUMARÉ DE EDUCAÇÃO SUPERIOR-ISE-Ltda

FACULDADE SUMARÉ

FABIANA MELLEO DA CONCEIÇÃO DE FRANÇA

INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DAS INTERPRETAÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A PROBLEMÁTICA EM SUAS

SALAS DE AULA

SÃO PAULO

2012

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FABIANA MELLO DA CONCEIÇÃO DE FRANÇA

INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DAS INTERPRETAÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A PROBLEMÁTICA EM SUAS

SALAS DE AULA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sumaré como requisito parcial a Obtenção da graduação em pedagogia.

Orientada pela Prof.ª Andréia Martins.

SÃO PAULO

2012

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FABIANA MELLO DA CONEIÇAO DE FRANÇA

INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DAS INTERPRETAÇÕES DOS PROFESSORES SOBRE A PROBLEMÁTICA EM SUAS

SALAS DE AULA

BANCA AVALIATÓRIA

Prof._______________________________________

Prof.________________________________________

Prof.________________________________________

Trabalho de conclusão de curso aprovado em

_____/_____/______

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DEDICATÓRIA

Este Trabalho é dedicado exclusivamente à Professora Doutora

Andréia Martins

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AGRADECEMIMENTOS

Este trabalho é dedicado primeiramente a Deus, por ter me dado forças

continuas para realização do curdo.

A minha querida família que sempre me apoiou me motivou a nunca

desistir do curso, apesar das grandes dificuldades já superadas.

Ao meu marido Robinson e Minha filha Maria Eduarda pelo carinho e

paciência.

A minha grande amiga Psicopedagoga Rosemary de Oliveira, que sempre

motivou a nunca a desistir do curso, apesar das grandes dificuldades.

Aos meus amigos de grupo de estudos: Celeste Lima, Daniele

Domingues, Samantha Visoto, Wanderley Sousa e Zilda Camilo.

Aos meus professores do Instituto Sumaré de Educação Superior, e, em

especial a professora coordenadora e orientadora do curso de pedagogia Andréia

Martins, que em todos os momentos se disponibilizou a nos ajudar e dedicar todas

nossas dúvidas e questionamentos.

A minha orientadora Prof.ª Andréia Martins Muito Obrigada.

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“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda”.

Paulo Freire.

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RESUMO

França, Fabiana C.França. Graduação em pedagogia. Indisciplina na educação

Infantil: Um estudo das interpretações dos professores sobre a

problemática em suas salas de aula no espaço urbano São Paulo.

2012/06. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) - Instituto Sumaré de Educação

Superior-ISES-Ltda, São Paulo, 2012.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa sobre a indisciplina na sala de aula O

objetivo é Identificar essa problemática nas interpretações dos professores.

Para isso, foi preciso saber a historicidade de todos envolvidos nesse

contexto educacional, nas ultimas décadas a nossa sociedade vem sofrendo

uma série de inovações sociais cientifica tecnológicas e econômicas, isso

acabou provocando grandes modificações nos seus valores. Alem de todas

as mudanças que vêm ocorrendo ao longo dos últimos anos, percebemos

também a inversão de valores morais, provocando mudanças no modo de

agir das pessoas. Essas mudanças comportamentais ocorrem devidas á crise

ética que estamos vivenciando nos últimos anos. Por esse ângulo o

problema colocado é: “a indisciplina escolar, essa problemática que tem

início já na primeira fase da educação, pode estar indicando o impacto do

ingresso de um novo sujeito histórico, com outras demandas e valores

numa ordem arcaica e despreparada. Este trabalho se justifica a contribuir

com debates sobre os motivos que geram a indisciplina em sala de aula,

levando em conta a dinâmica social e educacional. Essa temática merece

nossa reflexão e uma busca de alternativas que possam minimizar os

efeitos causados pela indisciplina dentro do contexto social. Segundo

Aquino em seu texto: indisciplina na escola, ”O conceito de indisciplina,

como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco

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universal. “Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que

variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma

sociedade”. (1996, p.). Para enfrentar o problema proposto, os

procedimentos adotados foram uma pesquisa investigativa em quatro

escolas sendo duas em bairro de periferia e duas em bairros nobres da

capital paulista, nas quais apliquei um questionário com dez questões, em

que buscava me apropriar do conceito dado pelas professoras a palavra

indisciplina, as entrevistadas foram doze professoras de instituições

privadas e públicas. Foi realizada uma pequena descrição das instituições as

quais foram feita a pesquisa: 1- Escola Municipal de educação Infantil EMEI

Elísio Teixeira Leite que está localizada na zona norte, SP, no bairro de

Jaraguá. 2- Escola municipal de Educação infantil EMEI Santos Dumont que

está localizada na oeste, no bairro de Perdizes. 3- Na escola particular de

Educação Infantil Fazendo Meu caminho localizado na zona Centro-Oeste -

Perdizes. 4 e ultima Escola de educação infantil, colégio Marcondes

localizada na zona oeste de SP de - Pirituba, São Paulo. Na análise dos

dados obtidos em campo, mostrou-se como a indisciplina em sala de aula

acontece por vários fatores e se constitui em um dos entreves enfrentados

pelos educadores. Foi abordado como ocorre à indisciplina no cotidiano

nessas instituições escolares e de que forma as mesmas estão lidando com

essa problemática na sala de aula, além disso, indicaremos alguns fatores

que podem aumentar a indisciplina Se por um lado ás discussão da “in-

disciplina acontecem nos espaços acadêmicos, compondo grandes debates

e produções, por outro nos espaços escolar o que temos são busca dos

“culpados” que podem ser os pais, os alunos, a organização curricular, essas

abordagens teóricas pretendem propor soluções e alternativas para sua

compreensão, analisando a indisciplina escolar sobre diferentes

abordagens. Concluiu-se que a indisciplina na educação infantil de um

modo geral, sugere inúmeras interpretações, e os resultados obtidos

dependerão muito do ato do professor, da sua postura disciplina a ser

assumida na sala de aula. Palavras- Chaves: Indisciplina na educação

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infantil- Um estudo das interpretações dos professores sobre a problemática

em suas salas de aula

ABSTRACT

France, Fabiana C.França. Undergraduate teaching. Child discipline in

education: A study of the interpretations on the issue of teachers in their

classrooms in urban Sao Paulo.

2012/06. CBT (Completion of Course Work) - Institute of Higher Education

Sumaré-ISES,Inc,New,York,2012.

This is a qualitative research on indiscipline in the classroom The goal is to

identify this problem in the interpretation of teachers. For this, we need to

know the historicity of all involved in this educational context, in recent

decades our society has undergone a series of social scientific technological

innovations and economic, that has caused major changes in their values.

Besides all the changes that have occurred over the past year, we also realize

the inversion of moral values, causing changes in the way people act. These

behavioral changes will occur due ethical crisis we are experiencing in

recent years. From this perspective the problem posed is: "indiscipline at

school, this problem that begins on the first stage of education, may indicate

the impact of entry of a new historical subject, with other demands and

values in order archaic and unprepared. This work is justified to contribute to

debates about the reasons that create indiscipline in the classroom, taking

into account the social and educational. This issue deserves our reflection

and a search for alternatives that might minimize the effects caused by

indiscipline within the social context. According to Aquinas in his text:

indiscipline in school, "The concept of discipline, like all cultural creation, is

not static, uniform nor universal. "It relates to the set of values and

expectations that vary throughout history, between different cultures and in

the same society." (1996, p.). To address the proposed problem, the

procedures adopted were an investigative research in four schools and two in

the neighborhood of the periphery and two in suburbs of São Paulo, where I

applied a questionnaire with ten questions in which I sought to appropriate

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the concept given by the teachers the word discipline, the interviewees were

twelve teachers from private and public institutions. We performed a brief

description of the institutions which were made for: 1 - Municipal School of

Education Child EMEI Elísio Teixeira Leite which is located in the north,

SP, in the neighborhood of Jaragua. 2 - Municipal Child Education School

EMEI Santos Dumont that is located in the west, in the neighborhood of

Partridges. 3 - In the private school kindergarten Making my way located in

the Midwest - Partridges. Fourth and last school of early childhood

education, college Marcondes located in West SP - Pirituba, Sao Paulo. In

analyzing the data obtained in the field, proved to be indiscipline in the

classroom happens by many factors and constitutes one of Entreves faced by

educators. It was addressed as it occurs in everyday indiscipline in these

schools and how they are dealing with this problem in the classroom, in

addition, indicate some factors that may increase indiscipline On the one

hand ace discussion of "in-place discipline spaces in academic debates and

writing big productions, on the other spaces in the school we are seeking the

"culprits" that can be parents, students, the curriculum, these theoretical

approaches intend to propose solutions and alternatives for your

understanding, analyzing school indiscipline on different approaches. It was

concluded that the discipline in early childhood education in general,

suggests many interpretations, and the results depend very much on the act

of the teacher, the discipline of your posture to be assumed in the classroom.

Key Words: Indiscipline in early childhood education-A study of the

interpretations on the issue of teachers in their classrooms

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….....10

I – A SAL DE AULA E A QUESTÃO DA INDISCIPLINA.....................................

1.1 - A disciplina na visão da escola

1.2 - A leitura e a questão indisciplina

II - LIMITES E DISCIPLINA: A IMPORTÂNCIA PARA FORMAÇÃO DO INDIVIDUO

2.1 – A discussão sobre moral

III- A INDISCIPLINA NA OPINIÃO DOS PROFESSORES

Considerações Finais

Anexo

Bibliografia

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Introdução

Este trabalho pretende contribuir com o debate sobre os motivos que geram

a indisciplina em sala de aula levando em conta a dinâmica social e educacional. Os

conflitos gerados por problemas indisciplinares, nesta última década têm se agravado

constantemente, problemática essa que tem inicio já na primeira fase da iniciação

escolar, ou seja, na pré-escola.

Segundo a teoria de Vygtsky, o desenvolvimento humano, a partir das

relações sociais que a pessoa estabelece no decorrer da vida, constitui-se na base a

psicológica do sujeito. Com essa referência, o processo de ensino – aprendizagem,

também se constitui dentro de interações que vão se nos dando diversos contextos

sociais e culturais.

A sala de aula deve ser considerada um lugar privilegiado de sistematização

do conhecimento, nesse ambiente o professor seria considerado um articulador na

construção desse saber e, ao mesmo tempo, do comportamento de cada aluno.

Muitos são os problemas apontados como causadores da indisciplina

escolar, mas teríamos uma única causa? Ou ainda, quem seria o culpado por essa

indisciplina na sala de aula?

- Os pais que não estabelecem limites?

- Problemas familiares e/ou psíquicos?

- Os professores, que pela falta de planejamento ou metodologia adequada

não desperta no aluno o interesse pela aula atividade?

- O aluno desmotivado ou sem interesse pelos estudos?

- A escola que não considera a indisciplina como uma problemática, e não

cria meios para resolver essa situação?

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Procurando respostas a essas indagações, é que me aventurei a uma pesquisa

investigativa em quatro escolas, nas quais apliquei um questionário com dez

questões, em que buscava me apropriar do conceito dado pelos os professores a

palavra indisciplina.

De acordo com a investiga cão efetuada nessas quatro escolas, sendo duas

públicas e duas particulares, notamos que a indisciplina em sala de aula acontece por

vários fatores e se constitui em um dos entreves enfrentados pelos educadores.

Neste contexto, vale à pena ressaltar que essa pesquisa sobre os problemas

de indisciplina nas salas de aula de educação infantil tem como importância,

investigar as possíveis causas que concorrerem para o acontecimento dessa

problemática.

Esta temática merece nossa reflexão e uma busca de alternativas que possam

minimizar os efeitos causados pela indisciplina dentro do contexto educacional,

problema esse que, afeta diretamente o ensino – aprendizagem, além do ser tema

central em qualquer conversa entre os profissionais da educação.

Esse trabalho será apresentado em três partes o I capitulo iremos abordar as

causas da indisciplina na sala de aula, focando nos referenciais teóricos, Guimarães,

Focault, Taille, Aquino, Araújo entre outros autores que serão citados no

desenvolvimento do trabalho, no Capitulo II falaremos sobre os limites e disciplina a

importância para formação do individuo e o Capitulo III análise dos dados da

pesquisa realizada

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CAPITULO I

A SALA DE AULA E A QUESTÃO DA INDISCIPLINA

O objetivo desse capítulo é abordar as causas da indisciplina na sala de

aula, focando na pré- escola, com os alunos de faixa etária 04 a 06 anos.

A pesquisa bibliografia focada em autores como MICHEL FOCAUT, ÀUREA

M. GUIMARÃES E YVES DE LA TEILLE, que discutem o tema se constitui em elemento

essencial para estabelecer os pressupostos teóricos que estão direcionados os mais

variados olhares sobre o tema.

A disciplina escolar é requisito básico para o aprendizado dos alunos na

sala de aula, porém, é a indisciplina que vem crescendo a cada ano, trazendo serias

conseqüências à dinâmica das aulas, constituindo-se no principal motivo de

discussão entre vários autores e pesquisadores sendo três deles citado acima.

De acordo com Guimarães em texto vigilância punição e depredação

escolar, a sua pesquisa é baseada na obra de Michel Focault “Vigiar e punir” e dos

estudos do IDAC, Instituto de Ação Cultural. Autora descreve a similaridade entre as

teses desses autores utilizando citações dos mesmos em sua pesquisa, a escola

como espaço onde há o reforço do sistema de vigilância e punição separando os

“bons” dos “maus” alunos. Autora descreve que a escola se preocupa

aparentemente na aprendizagem de conteúdos e habilidades intelectual que nada

mais é de controlar comportamentos, com essa burocracia escolar cria indivíduos

“normatizados” habilitados à obediência de ordens, regaras e hábitos. “Os escapam

da “normatização”, são resultados de “marginais”, “maloqueiros”, “índio”,

“selvagens”, ou a “tarefa monstro” que consiste em escrever 100 ou 200 vezes o que

não deve ser feito” (1985, p.11).

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GUIMARÃES (1985, p.28), ainda argumento em seu texto: Vigilância e

punição e depredação escolar: o sistema operante escolar é da gratificação - sanção

e o comportamento ficam no campo de boas maneiras e más notas, ou seja, os

bons e maus pontos a disciplina ao aprovar os atos, avalia os indivíduos “com

verdade” a penalidade que põe em execução se integra no ciclo de conhecimento

dos indivíduos. “métodos que permitem o controle minucioso das operações do

corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhe impõem uma relação

de docilidade-utilidade” é o que podemos chamar ‘as disciplinas. Autora faz cit.,

(FOCAUT, 1987, p.126). “Vigiar e Punir.

Autora também fala da escola e a realidade em seu texto vigilância e

punição e depredação escolar, a escola real que vivenciamos existem desigualdade

social e cultural, seja no o tipo de trabalho ou tipo de residência, o tempo que os

pais se dispõem em ocupar das crianças, ou seja, tratando - se de conhecimentos,

as crianças já trazem os seus conhecimentos prévios como experiências de vida,

como hábitos de linguagens valores que é rejeitada pela escola, esse histórico tão

importante pra construção do conhecimento. “Somente as crianças de classes altas

estão habituadas ás exigências da escola”. (1985, p. 46 e p. 47).

Segundo Guimarães, descreve que a escola é um mundo separado da vida

sendo que o aluno, cala, escuta,obedece é julgado; o professor sabe, ordena,

decide, anota e pune, a comunicação é artificial onde só se admite falar o bem.

“Um mundo desligado da realidade, que não tem qualquer significado, nem

qualquer utilidade imediata para os alunos”. Texto vigilância punição e depredação

escolar, (1985, p.48).

Será então por que hoje os alunos questionam, discordam, propõem

acabam sendo considerado indisciplinares?

Segundo Aurélio: falta de disciplina; desobediência, desordem; rebelião.

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1.1- “A disciplina na visão da escola”

Dando continuidade a sua pesquisa GUIMARÃES em seu texto (1985, p.53)

vigilância e punição e depredação escolar, ainda se tratando de intimidação na sala

de aula, os alunos não conseguem perceber o sentido e nem do trabalho que lhe é

imposto, os alunos acaba aceitando passivamente as obrigações escolares o medo

do castigo, ou seja, acaba dependente do professor para se auto avaliar. Autora cita

a entrevista de Suzane Mollo revela isso claramente.

“– Você estuda direitinho?

- Sim, muito bem.

-Como é que você sabe?

-Pela “professora, quando ela corrige meus cadernos e escreve ‘Bom’ ou

‘Muito Bom’”. (MOLLO, p. 49).

A escola não é democrática tanto quanto a sociedade, ou seja, ela reproduz

a divisão da sociedade, com seus mecanismos de seleção, reflete á lógica da divisão.

O resultado pode ser bastante frustrante para o aluno, quanto para o professor.

Na revista Nova Escola- edição junho/julho (2005) também traz como

matéria de capa, o tema disciplina, e para o professor de psicologia de Universidade

de São Paulo, “o comportamento dos alunos em sala de aula é algo que precisa ser

ensinado e varia de acordo com atividade”. (MACEDO, 2005, p.24). Papel da escola

é ampliar os horizontes dos alunos, os professores respeitando os conhecimentos

prévios tragos pelos os mesmos, as atividades devem ser envolvente, ou seja, ter

êxito no que não era impossível, compreender coisas inexistentes ou misteriosas

impor a própria individualidade, transpondo limites. Com professor despreparado

para receber essa diversidade cultural, impactada por série de inovações, não

conseguindo fazer uma aula diferenciada envolvente, a sala de aula torna-se

anarquia; as situações de aprendizagem são prejudicadas e, muitas vezes, o

professor recorre ao autoritarismo, impondo ordem de modo desrespeitador,

através de ameaças e punições.

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No Livro indisciplina na escola: alternativas teóricas e prática, Organizador

è Autor JULIO GROPPA AQUINO.

Nesse livro reúne vários autores renomados são ao todo, dez textos

inéditos, redigidos de forma concisa, mas substancial por docente, pesquisadores

da realidade brasileira, como Yves de La Taille, Leandro de Lajonquiére, Marlene

Guirado, Área Guimarães, Teresa Cristina R. Rego, Ulisses Ferreira de Araújo,

Laurezete Ferragut Passos, Jose Sergio F. de Carvalho, Sonia A. Moreira França.

Um dos textos é do autor Yves de La Taille, seu texto A indisciplina e o

sentimento de Vergonha.

O autor descreve que dessa forma, há um aumento das aptidões, da

atividade, da produtividade, e uma relação estabelecida entre a dominação e a

obediência. È o que nos mostra o psicólogo “A disciplina em sala de aula pode

equivaler á simples boa educação: possuir alguns modos de comportamento que

permitam o convívio pacífico. Pura aparência, portanto, da qual não se procuram os

motivos”. (Taille, 1996, p.10).

Para autor o aluno por medo ou conformismo, pouco importa se o mesmo

é disciplinado é desejável, a disciplina vai mais além do que citamos acima trata - se

de ensinar a criança a controlar os seus impulsos e afetos. È preciso dar autonomia

a criança para que a mesma se expresse, o professor deve criar combinados em sala

de aula para se viver bem socialmente respeitando valores e a diferenças entre si,a

educação é um problema social que não devemos tratar somente nas escolas, mas

também no cotidiano vivido pela criança, seja em seu meio social ou familiar.

Segundo Guimarães em seu livro vigilância punição e depredação escolar,

fala também dessa problemática que raiz do problema educativo está fora da

escola, à educação só será viável em larga escala, ou seja, a experiência cotidiana e

a interação social seja no trabalho, comportamento, ou na relação com outro. “Se

transformar em fonte de questionamento, de criatividade, de participação e de

conhecimento.” (1985 p 58). Mas com a sociedade sofrendo essas inovações,

inversos de valores, podemos perceber as mudanças, o comportamento dos pais se

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modificando, esses pais foram punidos pelos seus pais, hoje modificaram a sua

conduta ao lidarem com seus filhos.

Finalizando, Guimarães em seu texto: vigilância punição e depredação,

(1985 p.58), argumenta que os autores afirmam que a escola não é estética nem

intocável, a forma como ela assume cada momento é sempre um resultado precário

e provisório de um movimento permanente de transformação, impulsionado por

tensões, conflitos esperanças e alternativas. “A escola muda em função das

pressões dos grupos sociais, das inovações cientificas ou das próprias necessidades

da economia, adaptando-se sempre aos novos tempos”. Autora faz cit., da Equipe IDAC

(Ibid p. 107).

Agora autora irá descrever a similaridade entre os autores como Michel

Foucat e o IDAC Instituto de Ação Cultural, em seu texto vigilância punição e

depredação, (1985 p.63 a 70). Como é a escola para esses autores?

Segundo Guimarães Focaut, considera a escola um observatório político,

um local de observação, através dessa vigilância e do conhecimento que se pode ter

um comportamento dos alunos e tendo controle de todos os sujeitos, delimitando

todos os desvios todas as habilidades dos mesmos. Argumentado ainda que a escola

as técnicas disciplinares faça com que as pessoas aceitem o poder de punir e de

serem punidas, tornando essa prática natural e legítima.

Guimarães fala que o IDAC se aproxima de Focaut quando descreve que a

escola é um mundo fechado, cuidadosamente controlado, onde papéis já pré-

determinados e os pais na grande maioria, são fiadores das normas escolares e

sócias. Enquanto os aspectos de oposição desses autores, Guimarães fala que na

realidade é mais uma diferença do enfoque do que propriamente uma oposição,

enquanto para Equipe do IDAC a escola é formar a minoria, para Focaut, cada aluno,

nível, cada momento é utilizado, extraindo-se a máxima quantidade de forças de

cada um e combinando-as num ótimo resultado. Mas um detalhe apontado por

Focaut, Autora acredita ser de grande importância para poder atingir

transformações na sociedade, principalmente na área da educação. Segundo

Focaut, “nada mudará na sociedade se os mecanismos de poder que funcionam

fora, abaixo, ao lado dos aparelhos de Estado, a nível muito mais

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elementar,quotidiano, não forem modificados” MICHEL FOCAUT,(Microfísíca do

Poder,p. 131,150,160,161,181,186).

1-2 A leitura e a questão indisciplina

Considerando o que os autores como Michel Focaut, Guimarães dizem a

respeito da “disciplina”, agora podemos analisar o contrário dela, ou seja, a

indisciplina.

Dando continuidade a “disciplina”, podemos compreender outros meios

de alteração do comportamento, mas que antecedem a sua realização. Os métodos

disciplinares têm por objetivo prevenir as faltas, moldando os sujeitos e criando

técnicas que diminuam a possibilidade de ser a falta cometida. Dessa forma, há um

aumento das aptidões, da atividade. Da produtividade, e uma relação estabelecida

entre a dominação e a obediência. “Pelo contrário, significa “marcá-los”, pois dá ao

jovem a idéia de que todas as decisões têm conseqüências, só que essas serão, num

primeiro momento, analisadas não realmente sofridas”.

A instituição não sabendo impor os limites necessários, autor Araújo

(1996), em seu texto Moralidade e indisciplina: uma leitura possível a partir do

referencial piagetiano aponta uma divisão estrutural instalada em muitas

instituições escolares em relação ao enfrentamento do problema da indisciplina.

Por um lado, há a postura autoritária, em que os instrumentos de coação e de

repressão são utilizados para impor a disciplina, que atingem apenas aos alunos que

temem a autoridade, não funcionando com aqueles que não a respeitem:

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“Porque os sentimentos de medo ou de afeto não estão presentes em suas relações, ignoram as ordens impostas e, pelo contrário,

quanto mais o professor se irrita e grita, por exemplo, mas podem se satisfizer internamente. Parece claro que essa forma de lidar com a indisciplina, ao mesmo tempo

em que reforça aos estados de heteronomia (por não conseguir obrigar a consciência dos sujeitos a agir

autonomamente), não traz os resultados esperados.” (ARUJO, 1996: p.p 110-11). Livro indisciplina na escola.

No outro extremo, o autor cita as instituições que pretende romper com a

postura autoritária, confundindo liberdade com permissividade:

Ao deixarem os alunos ‘livres’ para decidir tudo e fazer só o que acreditam

ser correto, reforçam estados de anomia, em que os sujeitos não são solicitados a

levar os colegas, as normas, leis e regras da sociedade em consideração. Isso não

leva a autonomia da consciência, (ARAUJO, 1996: p.113). Livro indisciplina na escola.

Porém, não podemos afirmar que a indisciplina vem da família e as

escolas estão inseridas. Podemos sim, afirmar que a falta de limites estabelecida

pela família, constitui para a indisciplina.

Guimarães (1996), em seu texto indisciplina e violência: ambigüidade dos

conflitos na escola, alerta para indisciplina própria escola, apontando que esta está

planificada para que as pessoas sejam iguais: “A homogeneização é exercida através

de mecanismos disciplinares, ou seja, de atividades que esquadrilham o tempo, o

movimento, gestos e atitudes de submissão e docilidade”. (GUIMARÂES, 1996: p.

73). Livro indisciplina na escola. Portanto, poderíamos afirmar que alguns professores

imaginam que a sua posição está segura, assim como o espaço de aprendizagem

está garantindo, quando há manutenção de ordem? Porém, voltando ao significado

das palavras disciplina e indisciplina, uma ordem conduzida através do poder, não

pode ser chamada de disciplina.

No meu entender, disciplina na sala de aula é o envolvimento do aluno

com o tema que está sendo abordado, não necessariamente através de uma

postura tranqüila. Não podemos interpretar qualquer manifestação de inquietação,

questionamento, discordância, conversa ou desatenção por parte dos alunos como

indisciplina. Tratando - se dessa problemática nas salas Rego em seu texto

indisciplina e o processo educativo análise na perspectiva Vigtskiana, descreve que a

indisciplina mobilizam professores e pais de um modo geral, preocupação

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educacional, segundo autora o assunto é superficialmente debatido.Para

entendermos melhor a indisciplina e suas causas, autora nos remete a pensar não

só na complexidade sobre essa problemática, mas é marcante de ausência de

pesquisas que contribui apuro exclusivo da indisciplina e a veracidade de

interpretações que o tema encerra . “O próprio conceito de indisciplina, como toda

criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal”. (Rego p. 83 e

p. 84).

Rego argumentando ainda em seu texto descreve que essa problemática se

relaciona a conjunto de valores que variam ao longo da história entre as diferentes

culturas em uma mesma sociedade, nas ultimas décadas a nossa sociedade vêem

sofrendo uma série de inovações e com isso provocou grandes modificações nos

seus valores, percebemos também a inversões de valores morais provocando

mudanças no modo de agir das pessoas. Conforme Rego. “nas diversas classes

sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma mesma camada

social ou organismo.” (Rego, p. 84). Descrevendo ainda autora fala que escolas

entendem a disciplina como qualidade, uma virtude, um objeto a ser trabalhado e

alcançado pela escola: “Como decorrência, a disciplina, ao invés de ser

compreendida como pré- requisito para o aproveitamento escolar é encarada como

resultado (ainda que não exclusivo) da pratica educativa realizada na escola. (REGO,

4996: p. 87) Livro indisciplina na escola. Podemos notar então que a escola tem um

papel fundamental em aumentar ou diminuir essa problemática, pois se partirmos

do principio que o aluno vem indisciplinado de casa pela falta de limites

estabelecidos pelos pais, é a escola que tem que rever seus métodos e conceitos

mediante essa situação, priorizando a relação existente entre escola/aluno.

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Neste contexto, a temática indisciplina afeta, diariamente, os alunos, os

professores e o processo de ensino em sua totalidade, ficam perceptíveis que, para

nós, educadores atuais, o fenômeno da indisciplina apresenta-se como um novo

problema; tentamos buscar ainda que, de modo impreciso e pouco efetivo,

explicações para existência de tal manifestação. Ou seja, muitas explicações e

justificativas são eleitas por nós como verdadeiras, mas que na verdade, estamos

longe de desvendar esse mistério.

Outros professores ainda sentem a falta das práticas tirania e coercivas

da escola de outrora; outros vêem o motivo dessa problemática como reflexo da

pobreza e da violência presentes na escola, de um modo geral e outros ainda,

atribuem o comportamento sem limites do aluno, á educação recebida em casa, ou

seja, a família como principal causador dessa temática. Motivo pelo qual iremos

tratar no próximo capitulo.

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CAPITULO II

LIMITES E DISCIPLINA: A IMPORTANCIA PARA FORMAÇÃO

DO INDIVIDUO

No livro Limites: três dimensões educacionais: Autor Yves de La Taille irá

tratar de assuntos que contribuem a um desenvolvimento positivo ou negativo da

escola. A preocupação com a imposição de limites na educação das crianças é uma

questão na nossa sociedade atual. Este também é um fator freqüentemente

apontado pelos professores como causador de indisciplina na sala de aula, afetando

diretamente a relação aluno/professor/escola. Essa foi à maior questão apontada

na pesquisa anteriormente realizada, notando-se que, faz-se necessário realizar um

trabalho conjunto entre pais, professores e alunos, no sentindo de discutir os

limites necessários, para poder desenvolver um processo educativo mais coerente.

Embora este não seja um problema apenas da escola pública, como

podemos notar, mas adiante, a questão dos limites, no que se refere aos pais,

também aprece é conhecida pelos professores, a prática dos pais de delegar e

cobrar da escola a imposição de limites, que em casa não conseguem resolver. Em

minha pesquisa de campo para dar início ao trabalho de conclusão de curso foram

realizadas entrevistas nas escolas públicas, todas em de SP. Escola Municipal de

Educação Infantil Elísio Teixeira Leite pública 1, Escola Municipal de Educação

Infantil, Santos Dumont pública 2, Escola de Educação Infantil Marcondes1 e Escola

de Educação Infantil Fazendo o Meu Caminho 2, foi possível observar as respostas

das professoras entrevistadas, fica óbvio que os problemas de indisciplina têm

origem na própria família das crianças, que, dominam seus pais com quereres e

direitos. Os pais, por sua vez, intimidam-se em colocar limites, curvando-se ás

Page 24: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

vontades das crianças. Este é um quadro geral, restrito a algumas situações

observadas, nas respostas dos professores.

O psicólogo Taille (1996, p.13) em seu texto Limite: Três dimensões

educacionais. Faz uma reflexão sobre o conceito de limite. Ele aborda o tema de

três formas diferentes e complementares:

1. A primeira: pensar os limites como fronteiras a serem transpostas,

tanto para maturidade, quanto para a excelência, especialmente as virtudes morais.

2. A segunda: pensar como fronteiras a serem respeitadas, portanto, não

transpostas, questão central para moralidade.

3. A terceira os limites como fronteiras que a criança deve construir para

proteger sua intimidade e privacidade.

Nessas abordagens, o autor enfatiza tanto os aspectos de desenvolvimento

infantil, quanto á educação, mas o limite no sentido habitualmente empregado, que

interessa aos educadores em geral e que serve também para expressar uma queixa

em relação á geração infantil, é o enfatizado na segunda forma: a fronteira não

deve ser transposta, a demarcação de um domínio que não deve ser invadido.

Os “Limites” que Taille menciona acima irão tratar de transformações

pessoais, mas o autor fala que não devemos julgar-las as únicas mudanças

necessárias e nem tampouco suficientes.

Segundo Taille (1996, p 31 e p 32), em seu texto Limites: três dimensões

educacionais o como fronteiras a serem transpostas (primeira forma), na verdade

tem focado a maioria das crianças de hoje, pois elas são convidadas a permanecer

em seu mundo infantil, o que vem reforçar o seu egocentrismo, na minha visão.

“Felizmente, algumas crianças encontram dentro de si a força para seguir a sina que

é sua: crescer, ir além e até renovar o mundo com sua criatividade” O autor ainda

argumentando em seu texto citado acima (1996, 33) a escola deve adequar o ensino

aos interesses dos alunos, ou seja, uma aprendizagem significativa.

Page 25: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

O limite apontado na segunda forma o autor ainda relatando em seu

texto citado acima (1996, p.53), que é uma imposição física ou normativa, refere-se

á educação, ao processo civilizatório e, portanto, a ausência total dessa prática

pode gerar uma crise de valores entre os pequenos. É preciso ainda saber que ações

dos homens aceitam normatizar em nome da cultura.

O autor Taille ainda argumenta em seu texto: Limites: três dimensões

educacionais (1985, p.69), relata é melhor colocar limite e não deixar o filho ou a

filha correr o risco de não concluir estudos secundários, isso não quer dizer que as

crianças não terá espaços para busca de sua autonomia. “Caso não se imponha o

limite, a liberdade dada corre o sério risco de se tornar, em vez de um belo presente,

um fardo ser carregado no futuro.

Para compreender melhor os limites, o autor Taille, em seu texto Limites:

três dimensões educacionais (1985, p.72), descrevem que não devemos colocar

sobre a criança e o adolescente todo o peso da responsabilidade da escolha deve

dar condições e guarita que possibilitam de se arrepender e volta atrás é uma

espécie de “moratória”. “Tal “moratória” significa não só o respeito pelas escolhas

dos filhos, mas generosidade: dar lhe oportunidade e tempo para realmente

poderem assumir as responsabilidades decorrentes da liberdade”. Para os

professores muitos pais não impõem limites, não apresenta padrões de conduta

necessários para viver bem em sociedade. Anda argumentado Taille em seu texto

Limites; três dimensões educacionais (1985, p.73) pais devem dar aos seus filhos a

liberdade de experimentar, mas sempre deixando claro estou aqui para conversar

sobre a sua decisão, para ajudá-lo caso não dê certo ou mudar de idéia. “E tal

atitude não significa não colocar limites.

Page 26: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

O terceiro limite apontado por Taille, em seu texto: Limites: três dimensões

educacionais, como fronteiras que a criança deve construir para proteger sua

intimidade e privacidade, o auto nos relata que a fronteira da intimidade não pode

ser aberta mesmo que eles desejassem fazê-lo, nesse ponto, a noção de segredo,

justamente parece-me ocupar lugar de destaque no equilíbrio entre em proteger a

intimidade. “Em palavra, o segredo parece representar justamente a mobilidade

necessária à fronteira da intimidade; aquilo que afasta e aproxima aquilo que se

esconde de uns e se mostra aos os outros”. (TAILLE 185, p. 125 -126).

Page 27: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

2.1 A discussão sobre moral

A moral também é discutida por Taille (1996) em seu texto Limites: Três

Dimensões educacionais, em se tratando de limites, garantindo que moral é um

tema universal.

Argumentando ainda em seu texto acima, ele descreve que não se devem

discutir os valores da teoria, mas devemos notar dois aspectos.

I. O sentimento de obrigatoriedade é necessário à moralidade.

II. O “sentimento de obrigatoriedade não “nasce do nada”, não é inato,

mas conseqüência de uma educação moral que” “coloca” limites. (TAILLE, p.85).

Nesse momento, paro e reflito: será que a família, que a meu ver não

coloca regras suficientes para as crianças, seria mesmo uma grande vilã na falta de

noção de limites das crianças?O autor Taille aborda esse assunto em seu texto

Limites: três dimensões educacionais. “Pais que não os coloquem falharão na

educação moral de seus filhos, tanto na fase pré- moral quanto na próxima, que

corresponde à instauração do superego”. (1996, p.87). Na dimensão intelectual

relacionada á racionalidade, a moral direcionada uma ação; é um saber fazer

através de uma competência intelectual. A moral é um objeto cultural. Portanto, a

criança só se apropria dela a partir do contato com objeto. Assim, a moral deve ser

um objeto presente no dia- a- dia dos lares e das instituições educacionais; ao

contrário do que muitas vezes ocorre, não deve ser feito presente após o

aparecimento de problemas.

Page 28: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Taille descreve ainda que as regras são apresentadas ás crianças através

de formulação verbal precisa, sem ambigüidade, autor cita a tória de Durkhem,

(sociólogo acha que os professores são melhores educadores que os pais)Coloquem

limites.(1996, p. 88).

Portanto, aplica-se a número limitado de situações. Há muitas situações

para as quais não temos regras.

Já os princípios também apresentados através de formulação verbal,

dizem rumo, mas ainda não apontam o como, ou seja, não instrumentalizam. Um

exemplo de princípios seria respeitar o outro. Se pensarmos na regra como um

mapa, o principio seria bússola. Segundo Taille em seu texto Limites: três dimensões

educacionais nos afrontaram com um problema: muitas vezes a moral se restringe a

regras e controle, sem se ater aos princípios, que dão a racionalidade à regra, o que

as recebe, ou seja, muitas regras e poucos princípios geram problemas.

Ainda argumentando será que a grande vilã é a escola, como o excesso de

regras e pouca fundamentação, ou seja, poucos princípios? Taille descreve em seu

texto Limites: três dimensões educacionais. ”a escola nova”, em particular aqueles

que democratizaram radicalmente as relações entre professores e alunos. “Todavia,

mesmo esses críticos da velha educação moral não dispensaram referências a

limites restritivos e à necessidade de sua presença na educação”. (1996, p. 89 e 90)

De acordo com Taille em seu texto Limites: três dimensões educacionais

têm maiores resultados quando colocamos os princípios, pois muitas regras

reforçam a heteronomia. “A moral heterônoma basea-se no respeito unilateral, ou

seja, na simetria da relação entre “súdito” e “autoridade”. Ressalta ainda uma

colocação muito importante, em relação à criança de educação infantil, trouxe a

resposta a minha investigação acima mencionada. (1996, p. 91).

Page 29: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

O primeiro contato da criança pequena com princípios é através da regra,

ou seja, a apreensão intelectual se dá através da regra. A partir aproximadamente

da primeira série do ensino fundamental, é que a criança precisa mais dos

princípios. Assim, volto a crer que a escola de educação infantil faz seu papel

adequadamente.

Uma boa educação aponta na direção dos princípios. A boa educação é a

primeira mente de a criança ver que ela tem relações com outro, existe e merece

minha atenção, assim, digo bom dia, obrigado, desculpas, com licença....portanto,

na educação infantil é essencial.

Enquanto regras e princípios são relações de ação, os valores dizem a

respeito à relação afetiva com objeto. Valor é um investimento afetivo positivo. A

partir dos 07 anos de idade inicia-se o valor dos princípios, tornando-se

adolescência, de maior importância.

A dimensão afetiva diz respeito à vontade de agir, à motivação, ao

querer fazer. Com aproximadamente 04 anos, a criança já está desenvolvendo o

querer, não há, portanto, a necessidade do controle externo o tempo todo. Nesta

etapa, a dupla amor e mede se ligam com a questão da autoridade. A criança

respeita voluntariamente a regra, porque ela respeita a fonte de regra, ou seja, os

pais, os professores.

Segundo psicólogos Taille, em seu texto Limites: Três Dimensões

educacionais, a criança pequena precisa de figuras de autoridade, de proteção e

guia. Hoje em dia, muitos adultos não fazem o jogo da autoridade. “ Os pais

mudam de lugar: de “superiores”, para passarem a ser” iguais “. (1996, p 97).

Page 30: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

O autor ainda argumentando em seu citado acima, outro sentimento

essencial, além da noção de autoridade, é a simpatia ou empatia; é o perceber e

comover-se com o sentimento alheio, no inverso dos 04,05 anos de idade.

“Portanto, fazer a criança perceber que os sentimentos alheios devem ser levados

em conta no campo moral é prática coerente com dos objetivos essenciais da moral,

que é a humanização das relações pessoais”. (1996, p. 98).

Taille ainda nos rela que, é mais importante ser generoso do que justo. A

criança pequena é capaz da empatia que pode desenvolver- se, contando que seja

valorizado e incentivado, ou caso contrário, pode até acabar. Portanto, a criança

precisa confiar para submeter-se aos valores morais.

Uma advertência do psicólogo é com relação ao bom modelo do

professor/ educador. A criança é mais atenta ao comportamento e menos ao

discurso. O educador tem que ser exemplo vivo daquilo que fala.

Sayão, em seu texto como educar o seu filho? Quando discute a

responsabilidade da escola frente à colocação de limites, levanta um problema

muito comum: a escola transfere sua responsabilidade para os pais, informando

que o filho está se comportando mal na escola, cobrando desses, as providencias

cabíveis, ou seja, o estabelecimento de limites em casa.

Em primeiro lugar, é importante salientar que a escola, ao agir desse modo,

assina um atestado de incompetência no que se referem ao seu trabalho,

que é o educar seus alunos para serem cidadãos, para aprender a viver em

grupo respeitar as regras de convivência no espaço púbico. E, claro, isso

enfraquece a necessária autoridade. [...] A escola precisa, e deve dar conta

do que acontece no espaço da sua responsabilidade. Se for à sala de aula ou

no pátio que o aluno se comporta de modo agressivo, inadequado,

indisciplinado, é na escola que isso deve ser resolvido. Isso significa que ela

Page 31: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

deve ter seus princípios mecanismos de contenção dos comportamentos

que consideram indesejáveis. (SAYÂO, 2003: P 72).

Extrapolando as considerações de Sayão em seu texto como educar o seu

filho?(2003), acho necessário acrescentar que, quando se trata de crianças

pequenas, principalmente de educação infantil, a parceria família- escola é muito

importante, quando á formação moral da criança.

Portanto, quando a criança apresenta questões preocupantes de

comportamento, certamente a escola deve exercer a autoridade, estabelecendo os

limites necessários para resolver as questões, mas deve, também, informar aos pais

o que está ocorrendo no espaço escolar.

É direito de o pai saber o que se passa com seu filho na escola e, qualquer

alteração no comportamento da criança, deve ser considerada relevante; a escola e

família devem levantar juntas, as possíveis causas do desvio de comportamento da

criança.

A vida em sociedade, segundo Rego em seu texto: A indisciplina e o

processo educativo pressupõem a criação e o cumprimento de regras capazes de

nortear as relações, possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre membros

deste grupo social.

Page 32: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

A escola por sua vez, também precisa de regras e normas orientadas do seu funcionamento e da convivência entre os

diferentes elementos que nela atuam. Nesse sentido, as normas deixam de ser visitadas apenas como prescrições castradoras, e

passam a ser compreendidas como condição necessária ao convívio social. Mais do que bajulação, a internalização e a

obediência a determinadas regras pode levar o individuo a uma atitude autônoma e, como conseqüência, libertadora, já que

orienta e baliza suas relações sociais. Neste paradigma, o disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros e estabelece

limites. (REGO, 1996: p.83).

No capitulo final, após a análise das respostas das doze professoras

entrevistadas, notamos que a indisciplina acontece em todas as salas de aula de

educação infantil. Independente de instituição ser pública ou privada.

A maioria das respostas foi unânime em dizer que a indisciplina na sala de

aula acontece freqüentemente, e que, dos vários aspectos apresentados sobre esse

problema, o que realmente foi notado que essa problemática surge principalmente

pela falta de limites impostos pelos pais. A seguir mostraremos com mais exatidão

essas respostas, e ao final anexaremos uma cópia do questionário elaborado.

Page 33: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

CAPITULO III

A INDISCIPLINA NA OPINIÃO DOS PROFESSORES

Nesse último capitulo, foi feita uma pesquisa qualitativa: análises dos

resultados, os questionários aplicados em 12 entrevistadas a pesquisa foi focalizada

na indisciplina na sala de aula, essa problemática que está ocorrendo em suas

instituições escolares, e como já citamos anteriormente, motivo de preocupação

em toda nossa área escolar e sociedade.

A metodologia do trabalho científico deverá anunciar através dos

questionários aplicados as interpretações dos professores sobre a indisciplina,

foram elaboradas 10perguntas, sendo sete de múltiplas escolhas e apenas três de

forma dissertativas, onde cada professor que recebeu a referido questionário teve

um prazo estipulado de três dias, para devolução do mesmo, e a partir deste,

pudemos iniciar o processo de organização das respostas. Severino, “Metodologia do

trabalho científico”. 23 ed. São Paulo: Cortez Editora, 2007.

As professoras entrevistadas foram de duas escolas de rede pública

municipal e de duas escolas particulares que lecionam para educação infantil, e, que

por motivos éticos, deixaremos de citar os nomes delas, mas a seguir citaremos os

nomes de cada uma das escolas, além da localização de cada uma para enfatizar

ainda que, essa problemática acontece em todas as regiões escolhidas,

independente do poder aquisitivo dos bairros da capital de cidade São Paulo.

Page 34: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Faremos uma breve descrição das escolas a qual realizamos as entrevistas

com as professoras de cada uma delas.

Na escola Municipal de Educação Infantil EMEI Elísio Teixeira Leite que está

localizada na zona Norte, no bairro do Jaraguá, CEP: 02815-040 DRE: Diretoria

Regional de Educação Pirituba, foi entrevistada três professoras, onde cada uma

delas tem mais ou menos 30alunos em suas salas. (escola pública1).

Na escola municipal de Educação infantil EMEI Santos Dumont que está

localizada na oeste, na Rua Diana, 250 no bairro das perdizes, CEP: 05019-000 DRE:

Diretoria Regional de Educação Pirituba, três professoras também foram

entrevistas, onde cada uma tem em média, 30 alunos sem suas respectivas sala de

aula. (escola pública 2).

Na escola particular de Educação Infantil Fazendo Meu caminho localizado

na zona Centro-Oeste, no bairro de Perdizes, CEP05024-000, três professoras

entrevistadas, tem entre 07 e 12 alunos em suas salas de aulas. Escola particular

1.EGÍDIO FELINIMMMMMMN,

NNNNM: DRE JARAGUA

E por último, a Escola de educação infantil, colégio Marcondes localizada na zona

oeste de SP, no bairro de Pirituba, São Paulo, CEP: 02982-000, três professoras

entrevistadas tem entre 08 e 15 alunos em suas salas de aulas. (escola particular 2).

Nessa breve descrição foi possível perceber que as instituições a qual

realizamos as entrevistas eram de birros diferenciados uma em bairro nobre e a

outra me bairro de periferia de SP, Perdizes é considerado um bairro nobre foram

entrevistadas a escola Santos Dumont é uma instituição pública a outra é uma

instituição privada, escola fazendo Meu Caminho, já no bairro de periferia, Parada

de Taipas, foram mais duas sendo uma particular e outra pública.

Page 35: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Foi possível notar também a diferenciação na quantidade de alunos

distribuídos nas salas de aula, entre as escolas púbicas e particulares, que

apesar dessas diferenças, a indisciplina ocorre da mesma forma.

Na primeira pergunta elaborada no questionamento, foi perguntado

se o professor tem lidado com problemas de indisciplina na sala de aula:

QUDRO 01- PROBLEMAS DE INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

ESCOLAS Sim Não

Pública 1 03 _

Púbica 2 03 _

Particular 1 03 _

Particular 2 03 _

Fonte: autora

Como podemos verificar no 1 primeiro quadro, as

respostas das doze professoras foram unânimes, ou seja, todas

responderam que estão lidando com a os problemas de indisciplina

na sala de aula. Fato que torna a discussão sobre a indisciplina

escolar relevante nos espaços acadêmicos quanto no interior da

escola.

Se por um lado ás discussão da “in-disciplina acontecem nos

espaços acadêmicos, compondo grandes debates e produções, por outro

Page 36: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

nos espaços escolar o que temos são busca dos “culpados” que podem ser

os pais, os alunos, a organização curricular.

Podemos dizer que na ultimas décadas a nossa sociedade vem

sofrendo uma série de inovações sociais cientifica tecnológica econômicas,

isso acabou provocando grandes modificações nos seus valores. Conforme

Aquino em seu texto indisciplina na escola. “Há muitos distúrbios

disciplinares deixaram de ser evento esporádico e particular no cotidiano das

escolas Brasileiras para se tornarem, talvez, um dos maiores obstáculos

pedagógicos dos dias atuais”. (Aquino, p. 07). Mas podemos fazer uma

ressalva que essa problemática não é vivenciada somente nas escolas entre

professores e diretores, mas também os pais e os próprios alunos, com

tempo se tornaram reféns da indisciplina, vivenciada no cotidiano de cada

um.

No quadro a seguir iremos tratar da freqüência da indisciplina na

sala de aula:

Como podemos notar

Na segunda pergunta, citamos três itens para saber se a freqüência

da indisciplina é diária, semanal ou esporádica, e as respostas foram às

seguintes:

Page 37: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

QUDRO 02-FREQUENCIA DA INDISCIPLINA NA SALA DE AULA:

Escola Diariamente

Semanal Esporádica

Publica 1 02 01 __

Publica 2 ___ 01 02

Particular 1 03 __ __

Particular 2 03 __ __

Fonte: autora

Diante dessas respostas, podemos notar que, nas escolas públicas

a freqüência da indisciplina na sala de aula fica divida entre diária, semanal,

e esporádica, enquanto que nas particulares, a freqüência é diária, ou seja,

todos os dias as professoras enfrentam esse tipo de problema. Tais

respostas divergem e muito das questões colocadas no cotidiano das

escolas, pois temos por base que a indisciplina é coisa de escola pública.

Mas é importante fazermos uma ressalva ao que chamamos de

indisciplina na sala de aula, certos comportamentos dos alunos podem ser

condenados como indisciplinares, se não examinarmos adequadamente as suas

razões, também temos que pensarmos na idade dos alunos, principalmente quando

se trata de educação infantil, não se pode exigir que uma criança entre 04 á 05

anos, devem ficar sentados sem direito a se locomover na sala de aula.

Page 38: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Conforme Araújo, em seu texto Moralidade e indisciplina: uma leitura

possível a partir do referencial piagetiano aponta uma divisão estrutural instalada

em muitas instituições escolares em relação ao enfrentamento do problema da

indisciplina. Por um lado, há a postura autoritária, em que os instrumentos de

coação e de repressão são utilizados para impor a disciplina, que atingem apenas

aos alunos que temem a autoridade, não funcionando com aqueles que não a

respeitem.

“Porque os sentimentos de medo ou de afeto não estão presentes em suas relações, ignoram as ordens impostas e, pelo contrário, quanto mais

professor se irrita e grita, por exemplo, mas podem se satisfizer internamente. Parece claro que essa forma de lidar com a indisciplina, ao

mesmo tempo em que reforça aos estados de heteronomia (por não conseguir obrigar a consciência dos sujeitos a agir autonomamente), não

traz os resultados esperados.” (ARUJO, 1996: p.p 110-11). Livro indisciplina na escola.

Na terceira pergunta, questionamos se a indisciplina restringe - se a alguns

alunos ou classe toda, e as respostas também foram unânimes.

QUADRO 03- A INDISCIPLINA RESTRINGE-SE A ALGUNS ALUNOS OU A

CLASSE TODA:

Page 39: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Escolas: Alguns alunos Classe toda

Púbica 1 03 ___

Publica 2 03 ___

Particular 1 03 ___

Particular 2 03 ___

Fonte: autora

Mediante as estas respostas, notamos que a indisciplina de ser freqüente

na maioria das escolas, ela não restringe a sala de aula toda, e sim em alguns dos

alunos. Fato que pode ser confirmado na fala de uma das professoras entrevistadas

na escola pública 2: “ nem todos os alunos na sala de aula são indisciplinados,

porém quando esses passam dos limites, sou obrigada a aplicar o castigo a todos”.

A fala da professora acima explicita os métodos utilizados em grande parte

das escolas para a contenção de indisciplina existente nas salas de aula o que nos

remete a pensar em todas as micro penalidades existentes na escola em espaços

como a fabrica, no exército, nos hospitais que:

Guirado em seu texto Poder indisciplina: o surpreendente rumo da relação

de poder para tratar dessa problemática autora refere- se à Focaut no texto vigiar e

Punir, autora nos faz refletir a conduta da escola:

Funciona como repressora toda uma micropenalidade do tempo (atrasos ausência falta e zelo), da maneira de ser (grosseira, desobediência), dos

discursos (tagarelice insolência), do corpo (atitudes “incorretas”, gestos não conformes, sujeiras), da sexualidade (imodéstia, indecência). Ao mesmo

tempo é utilizada, a título de punição, toda uma série de processos sutis, que vão de castigo físico leve a privações ligeiras e a pequenas humilhações.

Trata-se ao mesmo tempo de tornar penalizável a fração mais tênue da conduta, e de dar uma função punitiva aos elementos aparentemente

indiferentes do aparelho disciplinar> levando ao extremo, que tudo possa servir para punir a mínima coisa; que cada indivíduo se encontre preso numa

universidade punível-punidora. (Focaut, p.65, p. 66).

Page 40: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

A autora ainda argumenta que a disciplinarização é dar ordem ao próprio

exercício, do próprio fazer, a escola da ordem as diferenças entre os “bons e

“maus”, os classifica , rotula e depois os revela-os.

Na quarta questão, perguntaremos se a disciplina na sala de aula tem

diminuído ou aumentado durante os últimos cinco anos, que estas professores

estão lecionado, e as respostas verificaremos a seguir no quadro 4.

QUADRO 4 A INDISCIPLINA TEM AUMENTADO OU DIMINUIDO NOS

ÚTIMOS 05 ANOS:

E Escolas: Aumentado Diminuído

Page 41: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

PPública 1 03 __

PPública 2 03 __

PParticular 1 03 __

PParticular 2 02 01

Fonte: autora

Mediante as respostas analisadas no quadro 4, podemos notar que o

problema de indisciplina tem aumentando gradativamente, nos útimos cinco anos,

em que as professoras entrevistadas estão lecionando.Fato esse que como vimos

tem afetado e muito o trabalho pedagógico ser realizado na sala de aula. Conforme

Rego em seu texto: indisciplina e o processo educativo, cada ser humano dentro de

seu contexto social e cultual pode ter um comportamento mais ou menos

indisciplinado, pois depende da sua história educativa do seu grupo social e da

época em que se insere.

Argumentando ainda Rego nos faz refletir em texto: indisciplina e o

processo educativo, como relacionar a indisciplina observada na escola à “natureza”

de cada aluno ou de cada faixa etária representa um grande equivoco. “Ninguém

“nasce” “rebelde ou indisciplinado”, já que estas características não são inatas e

nem”, todo adolescente será indisciplinado”, já que é impossível postular um

comportamento padrão e universal para estágio da vida humana”.( Rego p.96 e p.

99).A escola deve ser mediadora propor aos alunos mais do que obedecer e se

conformar com regras estabelecidas, devido ao receio de punição, a escola precisa

oportunizar aos alunos conhecer as intenções que originaram a in disciplina assim

como as conseqüências caso sejam infringidas.

Na quinta questão, acreditamos ser a mais importante, perguntamos quais

são as supostas causas da indisciplina na sala de aula, dando algumas situações tais

como:

Page 42: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

- problemas de origem familiar;

- problemas de origem psíquica;

- falta de limites estabelecidos pelos pais;

- falta de limites estabelecidos pela escola;

- dificuldades do professor em lidar com essa situação;

- entre outras...

No quadro a seguir, indicaremos quais foram às respostas das professoras

entrevistadas:

QUADRO 5 SUPOSTAS CAUSAS DA INDISCIPLINA NA SALA DE AULA:

Escolas Origem familiar

Falta de limite (pais)

Falda de limites (escolas)

Dificuldade do professor

Outros

Púbilca1 03 03 _ _ _

Page 43: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Púbica2 03 03 03 _ _

Partic.1 03 03 03 03 _

Partic.2 _ 03 _

Fonte: autora

Podemos perceber nas respostas acima relatadas, que a maioria das

professoras assinalaram mais de uma resposta em se tratando das possíveis causas

da indisciplina na sala de aula. Porém, fica explicita que a principal causa dessa

problemática, de acordo com as respostas analisadas, é a falta de limites

estabelecidos pelos pais, a principal culpada, e na seqüência os problemas de

origem familiar, também são causadores dessa indisciplina. Notamos então que, de

Page 44: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

ponto de vista da maioria dessas professoras, o fator gerador dessa temática são os

pais e a família, também em si. Ou seja, tudo que ocorre de diferente ou indiferente

na família da criança, interfere diretamente na conduta da mesma em sala de aula,

como por exemplo, se há muitas brigas em sua casa, a criança transporta

diretamente para sala, e sai brigando com os colegas da mesma forma que assiste

em casa. Diante disso, podemos citar a fala de uma das professoras da escola

particular 1.

Minha aluna Camila de 04 anos, sempre teve um comportamento normal,

porém em decorrência da separação de seus pais durante o final de

semana, transpôs para sala de aula, praticamente todas as falas da mãe na

discussão com pai, como por exemplo: ‘sai daqui’, sai de perto de mim’, ‘eu

te odeo’, ‘tira a mão de mim’,... Sem contar os inúmeros palavrões que ela

dizia, apesar de não estar acostumada a agir dessa forma

È notável que, essa problemática é freqüente em todos os níveis sociais, e,

se nas casas das famílias que moram em bairros nobres acontecem esses problemas

é obvio que nas casas das famílias de periferia a situação não é diferente, e tudo

que acontece em suas casas, principalmente na hora das brigas, as crianças levam

para sala de aula, tais como gritarias, os palavrões e as agressões. E isso interfere

principalmente no processo de ensino e aprendizagem, pois muitas vezes, o

professor não está habituado a lidar com esses problemas, e muitas vezes tomam a

decisão errada, ou seja, ao invés de ajudar esse aluno, faz com que a situação piore,

colocando-o de castigo ou até mesmo ridicularizando-o na frente de seus colegas de

sala. Segundo Rego em seu texto: A indisciplina e o processo educativo apontam

uma das possíveis causas da indisciplina: é comum a escola verem a indisciplina na

sala de aula como reflexa da pobreza e das violências presentes um modo geral na

sociedade, nos meios de comunicação especialmente na TV, se vê impotente diante

do aluno, principalmente dos que provêm de ambientes economicamente

desfavorecidos, a escola atribuem a culpa pelo “comportamento indisciplinado” do

aluno à educação recebida na família, assim o modo nuclear familiar. “Essa criança

tem uma criação familiar totalmente autoritária, está acostumada a apanhar e

Page 45: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

receber severos castigos, por razão não conseguem viver em ambientes

democráticos”. “Se os próprios pais não sabem dar limites eu é não vou dar!”.

Segundo ponto abordado, em seu texto: A indisciplina e o processo

educativo, a escola no cotidiano escolar está relacionada aos traços de

personalidade de cada aluno: “Fulano é terrível, não tem jeito! Sicrano nasceu

rebelde, o que posso fazer?” Autora ainda argumentando descreve que os traços

comportamentais de cada aluno não poderão ser modificados já são definidos

desde o nascimento, fazem parte da natureza de cada individuo”.

No terceiro ponto abordado pela autora para justificar a indisciplina na

sala, se refere à tentativa de associar o comportamento indisciplinado de alguns

alunos como “traços inerentes” à infância e à adolescente. “Os adolescente são

revoltados de um modo geral, revoltados e questionadores, não adianta querer lutar

contra isso”; “Criança é indisciplina e desobediente por natureza, precisa ser

domada”. A autora ainda descreve quando os profissionais da educação e muitos

pais são provocados analisar as possíveis causas dessa problemática nas escolas,

muitas vezes acaba por atribuir a responsabilidade ao professor.

Rego nos remete a uma reflexão, fala das complexas relações entre o

individuo, a escola, a família e a sociedade não parecem suficientes debatidas e

aprofundadas.

Na revista Nova Escola - edição marco/abril (2012) traz também como

capa, o tema o que é indisciplina? Para os educadores como Áurea de Oliveira, do

Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita

Filho" (UNESP), campus de Rio Claro. “Por trás desse problema - visto pelos

professores como um dos principais entraves da boa Educação -, há a falta de

conhecimento sobre o tema e de adequação das estratégias de ensino”. A escola

deve ser mediadora estabelecer uma relação professor e aluno, assim é possível

que as crianças conheçam os valores das regras e seus valores.

Na sexta questão, perguntamos qual atitude do professor mediante a essa

indisciplina, citamos alguns exemplos:

Page 46: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

- Encaminha o aluno à coordenação da escola;

- Chama os pais para um diálogo;

- Dá alguma espécie de castigo;

- Recorre a métodos estabelecidos pela instituição;

- Ignora a situação, e continua a dar aula;

-Tenta resolver a situação através do diálogo, dinâmicas e brincadeiras com

outros alunos;

- Entre outros.

QUADRO 6 ATITUDES TOMADAS MEDIANTE A SITUAÇÃO DE INDISCIPLINA NA SALA DE AULA:

Escolas

Encaminha para a coordenação

Chama os pais

Alguma espécie de castigos Recorre a

métodos Ignora a situação

Tenta resolver a

Outros

Page 47: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

da escola situação

Pública 1 02 02 _ _ _ 01 _

Pública 2 02

02

_

_

_ 01

01

Part.1 __ _ _ _ _ 03 _

Part.2 01 01 01 01 01 01 _

Fonte: autora

Podemos perceber nessas respostas que ainda, ainda está muito difícil lidar

com essa problemática, pois se um aluno está indisciplinado dentro de sala de aula,

não é apenas chamando os pais para um diálogo, que o problema vai ser resolvido,

com uma das professoras da escola particular 2 respondeu.

No capítulo I tratamos sobre o limite, qual o autor Taille nos remete a uma

reflexão: será que a família, que a meu ver não coloca regras suficientes para as

crianças, seria mesmo uma grande vilã na falta de noção de limites das crianças?O

autor Taille aborda esse assunto em seu texto Limites. “Pais que não os coloquem

falharão na educação moral de seus filhos, tanto na fase pré- moral quanto na

próxima, que corresponde à instauração do superego”. (1996, p.87).

O autor ainda argumentando fala que a moral é um objeto cultural,

portanto a escola não pode esperar que só a família que dê a formação moral, a

criança só irá se apropriar dela a partir do contato com objeto, sendo o mesmo

presente no dia-a-dia dos lares e das instituições educacionais.

Duas professoras, uma da rede pública e a outra particular, responderam

que a melhor situação é encaminhar o aluno indisciplinado para coordenação da

escola. Mas o que será que essa coordenação poderá contribuir para a melhoria

desse aluno? È um caso a se pensar, no capítulo II autora Guimarães em seu texto

vigilância punição e depredação escolar descreve alguns indicadores que aponta a

escola como vigilância: os efeitos do poder se multiplicam na rede de acordo com

Page 48: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

acumulação crescendo e a entrada de novos indivíduos no campo do saber, que se

organiza um poder múltiplo, automático, anônimo, que atua sobre o indivíduo,

descrevendo ainda autora cita outro indicador que a escola tem é a existência dos

exames, ou seja, atividade que faz com que cada individuo seja comparada uns com

outros, treinando, retreinado classificado, normatizado. “É um controle

normalzante, uma vigilância que permite classificar e punir”. (1985, p36, p.37).

Atuação inadequada da instituição é outra causa de indisciplina, os

docentes podem sim contribuir para melhoria desse aluno, por isso, o trabalho não

exige só uma auto-reflexão, mas também o esforço de toda equipe.

As demais entrevistadas responderam que a melhor maneira de lidar com

essa situação na sala de aula de aula é tentar resolver através de diálogo, dinâmicas

e brincadeiras com os alunos.

O mecanismo mais adequado para o professor poder criar espaços para

tais discussões é a roda, que possibilita a todos os participantes estarem em posição

de igualdade, podendo ver e serem vistos por todos. Esses momentos de roda

devem ser sempre mediados pelo o professor e devem considerar os pontos de

vistas de todas as crianças, ou seja, todos devem ter o direito de expor o que

pensam e sentem, pois os valores morais são construídos pelas crianças através da

interação com o meio ambiente e não internalizados de fora para dentro, como

muitos acreditam que seja. A roda, como espaço de expressão e respeito mútuo,

oferece, também, a oportunidade de conquistar, ou melhor, a auto-estima das

crianças envolvidas.

Conforme o artigo publicado, fala sobre a disciplina e qual é o papel do

professor na sala de aula: Na revista Nova Escola- edição junho/julho (2005), “o

comportamento dos alunos em sala de aula é algo que precisa ser ensinado e varia

de acordo com atividade”. (MACEDO, 2005, p.24). Analisadas respostas, notamos

que a maioria optou pelo diálogo, a dinâmica e a brincadeira, é claro que esse tipo

de comportamento dos professores é valido, porém, a nosso ver, essa situação

ainda é ineficiência, pois, é importante a comunicação com os pais para que os

mesmos fiquem cientes do que está ocorrendo com o seu filho, além de um

trabalho coletivo entre a coordenação da escola, o professor e das próprias

Page 49: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

crianças, pois esse trabalho em conjunto, será mais propicio para resolução dessa

problemática, que tanto está se falando hoje em dia.

Notaremos ainda na próxima pergunta que esse problema não está

ocorrendo apenas na sala de aula da professora entrevistada, mas em todas as salas

de aula da instituição onde ela trabalha.

QUADRO 7- A INDISCIPLINA ESTÁ ACONTECENDO EM TODAS AS SALAS DE

AULA:

Escolas: Sim Não

Público 103 __

Pública 203 __

Particular 1 03 __

Particular 2 03 __

Fonte: autora

Todas as professoras foram unânimes na respostas, ou seja, todas

conseguem perceber que essa problemática não está ocorrendo apenas na sua sala

de aula, mas em todas as salas, independente das séries. Guimarães em seu texto

Indisciplina e Violência a ambigüidade dos conflitos na escola, fala que o grande

problema talvez no fato de o professor se concentra apenas na sua posição e que

com isso, ele conseguirá eliminar os conflitos, mas a sala de aula é marcada pela as

Page 50: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

diferenças,pois os alunos buscam de modo espontâneo e não planejado o querer

viver que, isso impede a instalação de qualquer tipo de autoritarismo. “Quanto

maior a repressão, maior a violência dos alunos em tentar garantir as forças que

assegurem sua vitalidade enquanto grupo”. (Guimarães p. 79). Livro indisciplina na

escola.

Na oitava questão, pedimos para cada uma das professoras descrevem

uma situação de indisciplina vivida em sua prática de ensino, ou seja, uma situação

que chamou mais a sua atenção, com alunos indisciplinados

A seguir, citaremos a falta de cada uma delas, separadamente,

primeiramente das escolas pública 1 e 2:

Professora da escola pública 1: na hora e que estava fazendo a chamada,

um aluno brincou (satirizou) o nome do colega, onde este não se conteve (falta de

valores) e o agrediu.

Professora da escola pública 1: tenho um aluno que não consegue parar no

lugar e por várias vezes agrediu os colegas sem motivos, porque ele é que estava

perturbado.

Professora da escola pública 2:

eu estava com a turma no pátio e um dos alunos estava brincando de luta,

e um dos tapas machucou o colega,aí começou a briga.No outro dia, o pai de uma

dessas crianças que estava brigando foi até a escola dizer que o filho dele teria que

bater em quem bateu nele, se não, quando ele chegasse em casa, ele iria apanhar.

Professora da escola pública 2: todos os anos tenho problemas de

indisciplina na minha sal de aula, onde procuro logo resolve-los com ajuda da

direção da escola.O aluno não parava sentado,não fazia as atividades, batia nos

colegas, falava palavrões e fazia gestos inadequados.

Na seqüencia citaremos a fala das professoras entrevistadas nas escolas

particulares:

Page 51: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Professora da particular 1: há alguns anos, presenciei quando um aluno

pediu a seu colega um lápis emprestado e obteve uma resposta negativa, então ele

agrediu o colega com socos, chutes e xingamentos.

Particular 1: estávamos numa roda de conversa em que todos estavam

participando da história, e um dos alunos do nada, começou a socar o outro sem

motivo, dispersando toda a roda. Chamei-o de lado e conversei com ele, e melhorou

um pouco.

Professora da escola particular 2: já fui ofendida moralmente, verbalmente

e fisicamente várias vezes.

Professora da escola particular 2: sempre temos alunos que não

obedecem,nos ofendem e não conhece, ou melhor, não tem limites.

Percebemos que em cada situação acima descrita, há uma problematizarão

independente de a instituição ser pública ou privada, a indisciplina sempre está

presente, e é o professor que geralmente é a vítima desses desacatos, e precisa

estar preparado para mediar a cada situação que ocorre em sua sala de aula.

Notamos também que, apesar desses alunos serem apenas crianças com

idades entre 04 e 06 anos, já consegue ter atitudes adultas, comportamentos

inadequados, ações sem fundamentos, pela faixa etária deles.

Provavelmente essa atitude da criança, está espelhada na vivência

doméstica, ou seja, é no lar que elas aprendem a se comportarem dessa maneira.

São nas atitudes dos pais que elas se espelham, e acham que agir dessa forma é a

correta. E os pais nas muitas das vezes não percebem esse tipo de comportamento

de seus filhos, acreditando que na escola que eles aprendem a ter esse

comportamento.

Para Guimarães em texto vigilância punição e depredação escolar, autora

nos faz refletir no capítulo I qual é a preocupação da escola, se preocupa

aparentemente na aprendizagem de conteúdos e habilidades intelectual que nada

Page 52: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

mais é de controlar comportamentos, com essa burocracia escolar cria indivíduos

“normatizados” habilitados à obediência de ordens, regaras e hábitos. “Os escapam

da “normatização”, são resultados de “marginais”, “maloqueiros”, “índio”,

“selvagens”, ou a “tarefa monstro” que consiste em escrever 100 ou 200 vezes o que

não deve ser feito” (1985, p.11).

Na nona questão, é solicitado a cada professora que descreve em poucas

palavras, o que ela atende por aluno disciplinado, o qual passamos a transcrever

abaixo:

Para a primeira entrevistada na escola pública 1, o aluno disciplinado é

aquele que compreende e respeitas as regaras estabelecidas pelo grupo e pela

professora.Já a segunda professora entende que um aluno disciplinado é aquele

que consegue ter limites, sabe falar na hora, não perturba os colegas os colegas.é

uma criança que é capaz de expressar seus sentimentos sem gestos impiedosos,

que percebe a aceita as regras de convivência, seja ela individual ou em grupo.

Na escola pública 2.a primeira professora responde que um aluno

disciplinado é aquele que é participativo e respeita os colegas de escola. A segunda

nos informa que o aluno disciplinado não é aquele que fica sentadinho o tempo o

todo, fazendo tudo o que a professora manda, mas sabe a hora certa de brincar,

participar ativamente das às aulas, tem limites, e que traz de casa, uma estrutura

sólida. A última a responder, diz que o aluno disciplinado é o que apresenta

prontidão em entender o que é pedagogicamente proposto, e consegue assimilar as

situações que o desagrada, com educação, respeito e personalidade.

Partindo para as escolas particulares, a professora da escola particular 1,

nos informa que o aluno disciplinado é o que se socializa bem, brinca, tem

interesse, participa e desenvolve o que lhe é proposto.Para a segunda professora, o

aluno disciplinado é aquele que tem limites e que sabe quando é hora de parar. E,

para a última professora entrevistada, o aluno disciplinado é aquele que participa

das atividades propostas, que respeita os colegas, professores e funcionários, e que

aparentemente apresenta bom relacionamento com seus familiares.

Page 53: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Na escola particular 2, a primeira professora diz que alunos disciplinados

são e estão interessados em aprender, educados e respeitam a todos.Do ponto de

vista da segunda professora, aluno disciplinado é a criança que sabe se comportar

em sala, é obediente e respeita o trabalho do professor.Para última professora, o

aluno não precisa ser um aluno quieto, mas que tinha algum tipo de educação.

Ao analisarmos essas respostas podemos notar que a compreensão por um

aluno disciplinado no ponto de vista da maioria das professoras é que o aluno deve:

- seguir as regras de conduta e respeitar seu semelhante;

- mostrar - se disposto a aprender;

- ser participativo;

- corresponder às expectativas do professor;

e, principalmente

- ter limites.

A escola não é democrática quando diz os alunos disciplinados são todos

esses itens citados acima, os alunos acabam aceitando passivamente as obrigações

escolares o medo do castigo, ou seja, acaba dependente do professor para se auto

avaliar, essas crianças são submissas e quando passam a questionar com professor

passa ser interpretado no verso contrário, sendo que o papel da escola é ampliar os

horizontes dos alunos, os professores respeitando os conhecimentos prévios tragos

pelos os mesmos, as atividades devem ser envolvente.

Conforme Áurea em seu texto Indisciplina e Violência: a ambigüidade dos

conflitos na escola, fala que a escola como qualquer instituição quer que as pessoas

sejam todas iguais “quanto mais igual mais fácil de dirigir”.

Na décima e última pergunta, solicitamos as professoras entrevistadas na

escola pública 1:

Page 54: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

Para a primeira professora questionada, aluno indisciplinado é aquele que

não compreende e não respeita as regras estabelecidas, que geralmente é agitado e

agride verbalmente ou fisicamente. Para a segunda, o aluno indisciplinado é o que

não tem limites por diversos motivos, como, falta de limites em casa que transmite

para a escola, que tem problemas de origens psíquicas, etc. Para a terceira

professora, esse aluno indisciplinado é uma criança que representa um

comportamento social e individual contrário em relação ao meio a que se faz parte

sem limites, com atitudes incoerentes e não compatíveis aos padrões

convencionais, deixando claro, desvios de condutas, gerando conflitos e situações

muitas vezes co conseqüências desagradáveis.

Na escola pública 2, a primeira professora nos informa que, o aluno

indisciplinado é aquele que não tem visão de limites, não enxerga o outro e ao

mesmo tempo tem dificuldades de lidar consigo mesmo.Para a segunda professora,

indisciplinado é aluno que não tem limites, toda hora para ele é hora de bagunçar,

não apresenta uma sociabilidade, bate em todos, não envolve com as atividades

propostas. E, para a última professora, aluno indisciplinado é quando o aluno não

deixa os colegas em paz e não participa de nenhuma atividade.

Para a primeira professora entrevistada na escola particular 1, o aluno

indisciplinado é aquele que não tem limites, acha que pode fazer o que quer e

quando quer, não obedece as regras de boa convivência, aparentemente, não tem

diálogos com os pais e famílias. Para a segunda professora, indisciplinado, é um

aluno sem limites, por onde passa desorganiza o espaço. A última professora dessa

escola descreve o aluno indisciplinado como aluno rejeitado pelo grupo, que não tem

interesse, não participa do desenvolvimento do que é proposto.

Na escola particular 2, a primeira responde que normalmente esses alunos

indisciplinado não tem limites e que não tem intenção dos pais.

Para a segunda professora, aluno indisciplinado é uma criança que não

aceita limites, ordens, e em muitos casos, tem muito agressividade, e para a terceira

Page 55: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

professora, o aluno indisciplinado, não tem limites, não respeitam os funcionários da

escola e nem mesmo aos pais.

Quanto às respostas descritas acima, percebemos que é notório que a falta

de limites prevalece como vilão em todas as formas de indisciplina. Segundo Taille

em seu texto: Limites: três dimensões educacionais: aponta os limites o qual aborda

de forma com que refletimos sobre as nossas ações quanto professor e pais.

I. A primeira: pensar os limites como fronteiras a serem transpostas, tanto

para maturidade, quanto para a excelência, especialmente as virtudes morais.

II. A segunda: pensar como fronteiras a serem respeitadas, portanto, não

transpostas, questão central para moralidade.

III. A terceira os limites como fronteiras que a criança deve

construir para proteger sua intimidade

Taille já mencionou no capítulo I,em seu texto Limites: Três Dimensões

educacionais, a criança pequena precisa de figuras de autoridade, de proteção e guia.

Hoje em dia, muitos adultos não fazem o jogo da autoridade. ““ Os “pais mudam de

lugar: de “superiores”, para passarem a ser” “iguais”. (1996, p 97).

Ainda para essas professoras entrevistadas, o aluno indisciplinado é aquele

que vive em conflitos consigo mesmo, descontado suas frustrações nos colegas, nos

professores, nos funcionários. É aquele que não acata as ordens do professor, vive

em constantes brigas e agressões com colegas, e principalmente, voltamos a

repetir, é aquele que não tem limites. É essa falta de limites que está sendo a

principal causa da indisciplina nas salas de aula de educação infantil, conforme

podemos analisar pelas respostas das doze professoras entrevistadas.

O assunto tratado é bastante recorrente na prática diária dos professores,

pais e alunos, a indisciplina é uma problemática tanto teórica quanto prática os

autores nos remete a refletir sobre as nossas ações em quanto profissionais da

educação.

Segundo Rego em seu texto indisciplina e o processo educativo: uma

análise na perspectiva Vygostskiana, a família é entendida como o primeiro

Page 56: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

contexto de socialização exerce uma grande influencia sobre a criança e

adolescente, atitude dos pais e suas práticas de criação interferem no

desenvolvimento individual e, conseqüentemente influencia no comportamento da

criança na escola, autora cita no seu texto Moreno e Cubero (1995), identificaram

três estilos de práticas paternas, principalmente no que se refere à forma de lidar

com a disciplina, descrevendo ainda autora nos diz que a maior parte das famílias e

suas influencias sobre o comportamento da criança.

I. Pais autoritários

II. Pais permissivos

III. Pais democráticos.

Os pais autoritários são aqueles que são pouco comunicativos e afetuosos,

são bastante rígidos, controladores e restritivos quanto ao nível de exigência da

criança.

Os pais permissivos valorizam o diálogo as opiniões das crianças são

freqüentemente solicitadas e quase sempre aceitas, mas são pais que tem uma

enorme dificuldade de exercer algum tipo de controle sobre a criança.

Os pais democráticos percebem conseguir o maior equilíbrio entre a

necessidade de controlar e3 dirigir ações infantis, de exigir seu amadurecimento e

independência, e o respeito ás necessidades capacidades e sentimentos de seus

filhos, são pais que apresentam níveis alto de comunicação e afetividade e que

normalmente estimulam as crianças para que se expressem suas opiniões sobre

determinados aspectos que as afetem. As autoras Moreno e Cubero (1995), fala da

conseqüência de cada tipo destes estilos no comportamento da criança são

bastante significativas: As crianças que recebem uma educação autoritária tendem

a manifestar obediência e organização,mas tem maior timidez , são

Page 57: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

apreensivas,baixa estima., autora ainda argumentando fala que essa criança por

não entender as justificativas para as normas lhe impostas, tendem orientar suas

ações de modo que receberam gratificações ou evitam castigos.Já os pais

permissivos ,autora descreve que por mais alegres e dispostos por mais que

receberam uma educação autoritária, devido as poucas exigências e pouco

controle,tendem apresentar um comportamento impulsivo e imaturo, assim de

assumir responsabilidades. Os pais democráticos apresentam auto controle, auto –

estima,capacidade de iniciativa, autonomia,facilidade nos relacionamentos, tendem

mostrar os valores difundidos na sua família, parecem ser capazes de sumir

determinadas postura por seus valores fora de qualquer convenção.

Podemos dizer que a relação professor e aluno são baseados em controle

excessivo, na ameaça e na punição, ou na tolerância permissiva e espontaneísta,

provocando reações e uma dinâmica bem diferente daquela inspirada em princípios

democráticos. A escola nesse sentido, entendida como um local que possibilita uma

vivencia social diferente do grupo familiar, a escola deve oferecer universo amplo

de interações, com pessoas, ambientes, tem um relevante papel que não é suprir

carências, culturais, afetivas e sociais etc.

A instituição deve oferecer ao aluno oportunidades ele ter acesso as

informações e experiências e novos desafios que iniciam na zona desenvolvimento

proximais, ou seja, uma educação significativa, capazes de provocar transformações

e desencadear novos processos de desenvolvimento e comportamento. Para

Vygotsky, o papel do mediador do professor é de extrema importância, uma prática

baseada nestes princípios com certeza o efeito será educativo, ainda argumentando

se necessitar os alunos saberão avaliar e tomar decisões por si só:

“È necessário também que os educadores, alem de

refletirem constantemente sobre as regras presentes na escola,

(São coerentes? São justas? São necessárias? Podem ser

negociadas ou flexibilizadas?), busquem uma coerência entre a

conduta e aquela que espera dos alunos”.

Autora ainda argumentando, caso a indisciplina esteja instaurada em

determinadas praticas, suas causas, assim como possíveis soluções para esse

Page 58: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

fenômeno, devem ser buscadas também nos fatores intra- escolares envolvendo a

instituição como o todo:

Em outras palavras, mais do esperar a transformação das famílias ou de

lamentar os traços comportamentais que cada aluno apresenta ao ingressar

na escola, é necessário que os educadores concebam estes antecedentes

como ponto de partida e principalmente, façam uma análise aprofundada e

conseqüentemente dos fatores responsáveis pela ocorrência da indisciplina

na sala de aula.(Vygotsky,1984)Livro indisciplina na sala,p.97,98,99e 100).

Concluímos que essa pesquisa qualitativa ela foi baseada nos referenciais

teóricos, autores renomados como docente, pesquisadores da realidade brasileira,

sendo psicólogo, sociólogo, filosofo e pedagogos, os mesmos oferecem múltiplas

abordagens teóricas propondo soluções alternativas para sua compreensão e

manejo, analisando a indisciplina escolar sobre diferentes abordagens, focando-lhe

maiores densidades e ao mesmo tempo complexidade do ponto de vista teórico, os

autores não foram nem um pouco espontaneismo, como geralmente é trata no dia-

a-dia, os textos dos autores trabalhados nem sempre foram coincidente, mas a todo

o momento o efeito analítico está presente em todos eles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indisciplina escolar tem sido um dos maiores desafios, já enfrentados

pelos educadores nos dias de hoje, mas vista de maneiras diferentes pelos

profissionais da área, como certos comportamentos de alunos podem ser

condenados como indisciplinares, mas pode não ser para outro professor, ainda

Page 59: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

alguns estudiosos sobre o assunto acredita que são fatores que envolvem a conduta

do professor, sua prática pedagógica e até mesmos as práticas da própria escola

que podem ser excludentes. Diante da pesquisa realizada, observamos que o

conceito da indisciplina não é absolutamente claro, e não possui o mesmo sentido

par todos os professores, o que nos leva a acreditar que mais investimentos nos

estudos desde assunto se fazem necessário urgentemente, principalmente por

trazerem esta questão como um problema vivenciado em sala de aula, e por está

sendo motivo de ocorrências diárias nas instituições públicas e particulares,

iniciando-se na pré escola, e se aprofundando nas demais séries.

Notamos que, segundo as respostas da maioria das professoras

entrevistadas, a falta de limites estabelecidos pelos pais, está sendo um dos

maiores fatores para esse agravamento.

Quando algumas das professoras colocam como recurso para lidar com a

indisciplina, o diálogo com as crianças e também a participação dos pais talvez

esteja caindo no erro levantado por SAYÃO, da escola transferir a responsabilidade

á família, responsabilidade esta que cabe á escola, já que o problema está

ocorrendo no espaço social escolar. Ou seja, mesmo que essas crianças cheguem a

escola sem esses limites que tanto as professoras cobram,é na escola que elas

devem adquirir esses limites, e é o professor que tem que ser mediador desse

conceito, mas antes de impor o limite, ele tem que ensinar como ele pode ser

adquirido, pois estamos tirando de crianças de 04ª 06 anos, e principalmente nessa

faixa etária, a criança se baseia nas ações dos professores.

Assim tomando minhas primeiras indagações quanto a responsabilidade da

família na falta de noções de limites com as crianças, podemos concluir que no

espaço escolar, o responsável é o professor. No principio do ano, quando as

crianças ainda não conhecem o professor, talvez procurem reduzir a falta de limites

que vivem com a família, mas talvez estejam apenas descobrindo quais são as

regras deste novo espaço, devendo ser avaliadas e elaboradas no decorrer do ano

letivo.

Essas regras, assim como um contrato, ou seja, deverão ser registradas e

fazer parte do dia-a-dia da classe, comprometendo os próprios alunos com seu

Page 60: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

cumprimento, buscando coletivamente soluções para os próprios os problemas que

surgem no decorrer do ano letivo.

Paralelamente a isso, desenvolver nas crianças uma postura reflexiva

também do mundo que as cerca (não somente dos acontecimentos em sala de

aula), as ajudará a enxergar os problemas sociais, mas amplos e fazer uma leitura

crítica dos meios de comunicação da massa e o de outros grupos sociais, como a

família, por exemplo, podendo no futuro, selecionar o que é bom e o que não é

bom para si.

Então podemos concluir que, a questão da indisciplina na sala de aula, de

um modo geral, sugere inúmeras interpretações, e os resultados obtidos

dependerão muito do ato do professor, da sua postura disciplina a ser assumida na

sala de aula, já que não se tem uma metodologia adequada, uma forma

estabelecida, ou uma receita pronta para esse problema, porque, conforma

podemos constatar nas respostas acima analisadas, cada caso é um caso.

É o professor que tem que trazer essas crianças problemáticas para a

realidade, dando condições para que esses alunos conheçam, construa e interiorize

valores e desenvolvam mecanismos de controle que regulem sua conduta.

Page 61: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

ANEXOS

Questionário:

Nome:_______________________________________________________________

Escola:________________________________________________________________

Endereço da escola:______________________________________________________

Quantidade de alunos em sala de aula:_______________________________________

I. Você Tem lidado com problemas de indisciplina na sala de aula?

Page 62: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

( ) Sim ( )Não

II. Com freqüência?

( ) diária ( )semanal ( ) esporádica ( ) outras

III. As questões de indisciplina restringem-se a alguns alunos ou a classe toda?

( )aumentado ( )diminuído

IV. As questões de indisciplina têm aumentado ou diminuído nos últimos 05 anos?( )aumentado ( ) diminuído

V. No seu entender, quais são as causas dessa indisciplina na sala de aula?

( ) problemas familiar.

( )problemas de origem psíquica.

( )falta de limites estabelecidos pelos pais.

( )falta de limite estabelecido pela escola.

( )dificuldades do professor em lidar com essa situação

( )outros:______________________________________________________________

6)Como você lida com as situações de indisciplina no dia-a-dia,na sala de aula?

( )encaminha o aluno a coordenação da escola.

( )chama os pais para um diálogo.

( )dá uma espécie de castigo.

( )recorre a métodos estabelecidos pela própria instituição.

( )ignora a situação, e continua a aula.

( )tenta resolver a situação através de diálogos, dinâmicas e brincadeiras com alunos.

( ) outros:______________________________________________________________

7)Você consegue perceber se essa problemática acontece em todas as salas de aulas?

( )sim ( )não

Page 63: INSTITUTO SUMARÉ capa,resumo

8)Você poderia descrever uma situação de indisciplina, vivida em sua prática de ensino?

_______________________________________________________________________

9)Descreva em poucas palavras, o que é um aluno disciplinado

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

10) Descreva em poucas palavras, o que é um aluno indisciplinado:

BIBLIOGRAFIA:

GUIMARÃES,