Instrumento aplicavel

2

Click here to load reader

description

Busque na psicologia a orientação para fortalecer o discernimento vocacional

Transcript of Instrumento aplicavel

Page 1: Instrumento aplicavel

Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 78 www.revistaparoquias.com.br | março-abril 2010

PASTORAL

VOCACIONAL

A Igreja propõe que no processo de acompanhamento e avalia-ção dos candidatos ao sacerdó-cio, e aqui estendo a consagra-

ção à vida religiosa, sejam consideradas ao menos cinco dimensões: humana-afetiva; espiritual; intelectual; apostola-do pastoral e a dimensão missionária. Aliás, esta última é muito importante, pois ser discípulo é ser missionário, é uma mesma moeda de dois lados. A Igreja necessita de missionários entu-siastas e fervorosos, com capacidade de revestir-se de Cristo e de seu amor pela humanidade. Homens e mulheres de Deus, inteiros e capazes de viver a voca-ção e a missão na grande expansão des-ta nova cultura pós-moderna, pluralis-ta, urbana, relativista e secularizada. O desafio para a formação dos novos vo-cacionados, discípulos missionários de Jesus Cristo, é enorme nestes novos tempos em que estamos vivendo! As dimensões da formação tornam-se exi-gências indispensáveis, senão urgentes, nos seminários e casas religiosas. Assim como a formação do laicato em nossas paróquias. Neste ínterim, vale a pena ler e refletir o artigo da psicóloga e psicote-rapeuta, Dra. Graciosa Luza Wiggers, sob o título “O caminho do chamado vocacional” (cf. Revista Paróquias & Casas Religiosas, nº 21, p. 56).

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃOA vocação é, pois, uma escolha que

nasce do chamado divino, por isso, o

INSTRUMENTO

Busque na psicologia a orientação para fortalecer o discernimento vocacionalPOR PE. GERALDO TADEU FURTADO, RCJ

APLICÁVELAPLICÁVEL

Paróquias & CASAS RELIGIOSAS www.revistaparoquias.com.br | março-abril 201078

Page 2: Instrumento aplicavel

Assine: [email protected] Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 79

processo de acompanhamento voca-cional dos candidatos ao sacerdócio ou a consagração à vida religiosa são dife-renciados do processo da orientação vocacional psicológica. É salutar que ambos caminhem em sintonia, mas não devem ser comparados. O critério de avaliação psicológica diz respeito ao comportamento humano, sendo um dos elementos essenciais e importan-tes. O critério de avaliação da vocação, no seu sentido religioso é bem amplo e diz respeito à teologia da vocação, ao chamado de Deus como graça divina.

Por que os critérios de avaliação de uma vocação religiosa devem ser distintos da seleção de uma profissão? No caso de um profissional, por exemplo, seja ele psicólogo, motorista, engenheiro, jornalista, professor, mé-dico ou agricultor, todos exercem a profissão com esmero e dignidade. Porém, o que faz a diferença destas profissões é a vocação para exercê-las. Pode ter uma profissão e exercê-la sem vocação, e isto é bem perceptível. Vocação entendida no sentido de um chamado profundo que está em cada pessoa e que a motiva interiormente para exercer sua profissão de modo a contribuir para o bem coletivo. Pode-mos falar em mística da vocação pro-fissional. Não basta apenas ser sim-plesmente um profissional, ter um título ou um cargo de importância. É preciso ter vocação! Isso se aplica ple-namente aos que optaram pelo sacer-dócio e a vida religiosa. É preciso ter vocação, ter muita fé e contar com a graça de Deus! Viver em profundida-de a mística cristã da vocação e, em consequência, uma profunda espiritu-alidade, de modo que os tornem intei-ros para servir o Reino de Deus.

BUSCA POR RESPOSTASA psicologia tem um importante

papel na orientação vocacional e pode ajudar os vocacionados na formação de sua maturidade psicológica e afeti-va, de uma personalidade equilibrada como pressuposto fundamental para responder com liberdade e consciência ao chamado de Deus. Algumas per-guntas são essenciais, como: Quem sou

eu? O que estou fazendo aqui? De onde vim? Para onde vou? O que Deus, ao me colocar no mundo, quer da minha vida? O vocacionado, candidato ao sa-cerdócio ou à vida religiosa, é pessoa humana, muitas vezes fragilizada e ne-cessitada de orientação. Ele deve buscar respos-tas, ser ouvido e respei-tado em suas emoções e sentimentos.

Nesta busca por res-postas, os vocacionados devem ser acompanha-dos equilibradamente no âmbito psicológico e vo-cacional. O papel do psi-cólogo é contribuir no acompanhamen-to sem interferir e muito menos apresentar relatórios sobre os perfis psi-cológicos dos vocacionados. As deci-sões de acolher a continuidade dos vo-cacionados nos seminários e casas de formação cabem, exclusivamente, aos formadores, aos bispos e outros supe-riores. O psicólogo é parte da equipe multidisciplinar que auxilia no processo da formação intelectual e humana.

O psicólogo Gérson Abarca, dire-tor do Instituto Pensamento e com ex-periência no acompanhamento de se-minaristas, diz em seu blog que “a graça de Deus sobre uma vocação não pode ser substituída pela lógica psica-nalítica, e que entender o processo vo-cacional dos candidatos só com os olhos da ciência filosófica e do com-portamento humano (psicológico), é não entender os sinais de Deus na humanidade”(http://www.blog.cancao-nova.com/pensandobem/2008/03/29/vocacaopadre/).

CHAMADOS INAUDÍVEISO chamado de Deus é inaudível,

pois nasce do profundo de cada ser hu-mano. Sua fé, seu entusiasmo, sua con-vicção profunda, seu amor a Deus e ao próximo. Vocação é mistério divino inexplicável, e Deus nos surpreende com as mais variadas formas de chamar para segui-lo. Inúmeras pessoas, tantos Santos e Santas, foram chamados por Deus em circunstâncias diversas e de modos inexplicáveis para a psicologia.

Vemos, por exemplo, o chamado dirigi-do a um cobrador de impostos, Mateus, ao médico Lucas e aos pescadores, Pe-dro, João, Tiago e André. E de outras inúmeras pessoas, ao longo dos séculos: Agostinho, Francisco de Assis, Teresa

de Ávila, Dom Bosco, Afonso de Ligório, Aní-bal Maria Di Francia. Chamados inaudíveis, compreendidos só pela fé e pela graça de Deus. O bispo de Milão, Itália, Santo Ambrósio (340-397), nos escritos sobre “a humildade de um bis-po” manifesta com a de-

licadeza de sua fé e de seu coração: “É por tua graça que sou o que sou” (cf. Sur Ia Pénitence, II, 8, 67-73, SC, n. 179, pp. 177-181, trad. R. Gryson).

Por isso, a psicologia pode contri-buir na formação dos novos discípulos missionários, especialmente na forma-ção dos vocacionados à vida religiosa e ao ministério ordenado, para que pes-soas humanas, inteiras e equilibradas, possam se tornar cada vez mais divinos e imbuídos da graça de Deus. Sonha-mos com uma Igreja toda ministerial e vocacionalizada, mas desejamos arden-temente que aumente o número de vo-cações ao ministério ordenado e à vida religiosa, e que este aumento de voca-ções seja qualitativo, de uma verdadeira fidelidade a Cristo e a humanidade.

Pe. Geraldo Tadeu Furtado, RCJ é Diretor-secretário do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), responsável do setor de assessorias do Centro Rogate do Brasil e ministra cursos e reti-ros espirituais na ótica vocacional.Contato: [email protected]: www.rogate.org.br

“O papel do psicólogo é contribuir no acompanha-mento sem interferir e muito menos apresentar relatórios sobre os perfis psicológicos dos vocacionados”

Assine: [email protected]